Baixados 2
Baixados 2
Baixados 2
1590/1808-1657v74p1752007
ARTIGO
Zoonoses causadas por parasitas DE REVISÃO
intestinais de cães e o problema do diagnóstico. 175
RESUMO
Os últimos 20 anos foram marcados por um intenso progresso tecnológico e por importantes
alterações culturais e sociais com reflexos tanto em saúde humana como animal. Entretanto, infe-
lizmente, as zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães não deixaram de ser um problema
permanente de saúde pública nos países em desenvolvimento, e uma preocupação crescente nos
países desenvolvidos. A eficácia e segurança dos novos produtos disponíveis para a prevenção
e controle não impediram que enfermidades parasitárias emergissem como um sério problema
em animais de companhia. Nesta revisão, foram consideradas as principais espécies de parasitas
intestinais de cães, responsáveis por zoonoses, e os aspectos relativos ao diagnóstico coproparasi-
tológico com o objetivo de contribuir para um maior comprometimento dos médicos veterinários
no importante papel de agentes promotores de saúde pública e de difusores do conhecimento.
ABSTRACT
Os cães foram a primeira espécie a ser domestica- A associação com o homem facilitou a dispersão
da e embora se desconheça o que motivou o homem desses animais por todos os continentes, assim, a
pré-histórico nessa empreitada, atualmente, nenhu- população atual de cães é estimada em mais de 500
ma outra espécie animal ocupa tantos e tão diversos milhões de animais (MacPherson et al., 2005). Da
papéis na sociedade humana, sendo inestimáveis mesma forma que os próprios hospedeiros, a maioria
os benefícios dessa convivência para a melhoria dos parasitas intestinais de cães têm distribuição
das condições fisiológicas, sociais e emocionais cosmopolita. No entanto, o elenco de espécies e suas
principalmente de crianças e idosos (Asano et al., respectivas prevalências são afetados por fatores
2004). Entretanto, por estarem envolvidos involun- climáticos, hábitos culturais, recursos diagnósticos
tariamente na transmissão de mais de 60 infecções e nível de notificação (McCarthy; Moore, 2000).
zoonóticas (MacPherson et al., 2005) e constituir uma Os parasitas intestinais estão entre os agentes
importante fonte de infecção por parasitas, bactérias, patogênicos mais comumente encontrados em ani-
fungos e vírus (Plant et al., 1996; Geffray, 1999), a mais de companhia e constituem uma das principais
manifestação de todos os benefícios dessa convivên- causas de transtornos intestinais em cães (Blagburn
cia pode ser perdida se a saúde desses animais não et al., 1996). Os cães são parasitados por cerca de
for objeto de maiores cuidados. 17 espécies de trematódeos, 17 de cestódeos, 20 de
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
176 S. Katagiri; T.C.G. Oliveira-Sequeira
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
Zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães e o problema do diagnóstico. 177
dade nesses hospedeiros, mas as larvas permanecem poucos locais, geralmente, sede de instituições de
vivas migrando erraticamente nos órgãos internos, pesquisa. Na Cidade de São Paulo, no período de
produzindo uma patologia denominada Larva Mi- 1980 a 1985 (Côrtes et al., 1988), as prevalências de
grans Visceral (LMV) (Parsons, 1987), ou invadindo 59,83% e 11,70% para ancilostomídeos e toxocarídeos
o globo ocular e causando a Larva Migrans Ocular respectivamente, foram mais elevadas que as regis-
(LMO). A infecção humana por T. canis é a mais tradas no período de 1991 a 1995 por Gennari et al.
comum zoonose parasitária transmitida por cães (1999); neste último período, as prevalências obtidas
nos Estados Unidos, onde anualmente a infecção é foram de 20,40% para Ancylostoma spp. e 8,49% para
causa de centenas de casos de cegueira unilateral e T. canis. Estes dados, à semelhança do que vem sendo
de outras formas inespecíficas de enfermidades em observado em países desenvolvidos sugerem uma
crianças (Robertson et al., 2000). Crianças entre 2 e 5 redução temporal nas prevalências desses vermes.
anos de idade são mais freqüentemente infectadas. No entanto essa informação não pode ser extrapolada
A convivência direta com cães não é indispensável para outras regiões do país, mesmo para as que se
para que ocorra a infecção, basta que se entre em encontram no mesmo nível de desenvolvimento. Em
contato com o solo contaminado com excremento Balneário Cassino, RS, Scaini et al. (2003) relataram
de cães parasitados (Rey, 1992). que 86,1% das amostras de fezes de cães coletadas
Entres aspectos interessantes em relação à LMV em vias públicas estavam contaminadas por ovos e
destacam-se a freqüência relativamente baixa de cães larvas de helmintos, das quais 71,3% por Ancylostoma
infectados com T. canis registrada nos diferentes es- spp. e 3% por T. canis.
tudos realizados no Brasil - 11,70 (Côrtes et al., 1988), Os principais cestódeos parasitas gastrintestinais
8,49 (Gennari et al., 1999), 5,54 (Oliveira-Sequeira et de cães pertencem às famílias Dilepididae (Dipyli-
al., 2002) - e as elevadas soroprevalências detectadas dium caninum) e Taeniidae (Taenia sp. e Echinococcus
em crianças (Moreira-Silva et al., 1998; Campos- sp.), e a maioria deles é bastante adaptada a esses
-Júnior et al., 2003). Vários aspectos relacionados à hospedeiros não lhes causando grandes transtornos
biologia e epidemiologia desse parasita concorrem (Georgi, 1987).
para produzir essa situação: a grande fecundidade Na família Dilepididae, Dipylidium caninum,
das fêmeas; a resistência dos ovos que permanecem espécie mais comumente encontrada no intestino
viáveis no ambiente por vários meses (Jordan et al., delgado de cães, tem importância para a saúde dos
1993) e o fato do parasitismo ser mais freqüente em cães e constitui uma zoonose (Molina et al., 2003).
animais jovens, porque os animais muito jovens Como o potencial de transmissão entre os cães é
são uma categoria freqüentemente minoritária nos função da densidade populacional de pulgas, que são
levantamentos epidemiológicos (Fontanarrosa et hospedeiras intermediárias do parasita, as prevalên-
al., 2005). cias são variáveis, podendo ser tão elevadas quanto
Dos nematódeos parasitas de cães, Ancylostoma 60%, conforme registrado em algumas localidades
spp. e T. canis certamente são os mais ubíquos e (Eguía-Aguilar et al., 2005).
prevalentes. A grande tolerância dos estágios de O parasitismo por D. caninum é considerado
vida livre às diferentes condições ambientais é a pouco patogênico; os cães podem tolerar centenas de
mais provável explicação para a ampla distribuição vermes adultos sem manifestarem sintomatologia.
geográ-fica desses parasitas. Por outro lado, as pre- A infecção humana resulta da ingestão acidental
valências freqüentemente elevadas desses parasitas de pulgas parasitadas. Em crianças o parasita pode
parecem estar relacionadas a diferentes estratégias. causar desconforto ou dores abdominais, diarréia,
No caso de Ancylostoma, como os animais per- prurido anal e irritabilidade nervosa (Rey, 1992).
manecem susceptíveis às infecções ao longo de toda Um aspecto que se destaca quando se examina
a vida (Kalkofen, 1987), tanto as larvas presentes a literatura relativa à prevalência de D. caninum é a
no ambiente como as retidas nos tecidos podem discrepância das prevalências registradas: extrema-
alcançar periodicamente o intestino recolonizando-o mente elevadas quando o diagnóstico é feito pelo
com vermes adultos. Com isso, teoricamente, toda a encontro dos vermes à necropsia (Eguía-Aguilar et al.,
população de cães contribui de forma contínua para 2005) e muito baixas quando detectada por exames
a contaminação ambiental. coproparasitológicos (Gennari et al., 1999; Oliveira-
No caso de T. canis, embora os animais adultos -Sequeira et al., 2002; Asano et al., 2004; Ramírez-
possam albergar vermes adultos no intestino e elimi- -Barrios et al., 2004). A constatação de discrepâncias
nar ovos nas fezes, a contaminação ambiental parece na prevalência desse parasita, em uma mesma região
ser, principalmente, devida a grande fecundidade geográfica, devida à metodologia diagnóstica, tem
das fêmeas (Habluetzel et al., 2003) e à elevada re- incentivado a pesquisa de métodos sorológicos para
sistência dos ovos no ambiente (Overgaauw, 1997). diagnóstico dessa parasitose (Shin; Liao, 2002).
No Brasil, os dados de prevalência dessas duas A maioria das espécies do gênero Echinococcus
parasitoses em cães são escassos e se restringem a tem por hospedeiro definitivo os canídeos domés-
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
178 S. Katagiri; T.C.G. Oliveira-Sequeira
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
Zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães e o problema do diagnóstico. 179
humanos como em cães, 20% dos cães parasitados al., 2000). A criptosporidiose foi diagnosticada pela
foram encontrados portando o genótipo zoonótico, primeira vez em cães em 1983 e tanto no cão como
principalmente o “assemblage” A (Thompson, 2004). em outros hospedeiros o parasitismo provoca atrofia
No Brasil, o grande número de indivíduos que vivem das vilosidades intestinais (Wilson, 1983).
em comunidades onde a precariedade de habitação Muitas infecções de cães com C. parvum são assin-
favorece a convivência promíscua, principalmente tomáticas, porém infecções simultâneas com o vírus
entre crianças e cães; a falta de saneamento básico da cinomose podem levar à doença clínica. Apesar
e as elevadas prevalências de Giardia nesses hospe- de poucos cães eliminarem oocistos, as elevadas
deiros fazem com que a transmissão zoonótica desse taxas de soropositividade encontradas sugerem um
protozoário seja uma possibilidade que não pode histórico de exposição prévia (Robertson et al., 2000).
ser negligenciada. Embora a maioria dos parasitas gastrintestinais
Quanto aos coccídios intestinais de cães, a ocor- de cães apresente distribuição cosmopolita, de modo
rência de um hospedeiro intermediário é obrigatória geral, são mais prevalentes em países tropicais e
no ciclo evolutivo das espécies de Sarcocystis, Neospora subtropicais (Cordero del Campillo; Rojo, 1999) e
e Hammondia, facultativa no caso de Isospora e ausente naqueles em que as condições sócio-econômicas da
no ciclo de Cryptosporidium (Bowman et al., 2002). As população são precárias (Gomes et al., 2004). Todavia,
características morfológicas de alguns oocistos de mesmo em países desenvolvidos as zoonoses para-
coccídios que têm o cão como hospedeiro definiti- sitárias caninas têm sido motivo de preocupação.
vo, não são suficientes sequer para a identificação As imunodeficiências de modo geral, e em especial
genérica desses parasitas, como é o caso de Neospora a aids; a inserção cada vez mais diversificada e
e Hammondia. ampla dos cães na sociedade e o desenvolvimento
Os cães são hospedeiros definitivos de um grande de tecnologias que melhoraram as condições de
número de espécies de Sarcocystis cujos hospedeiros diagnóstico e investigação puseram em evidência,
intermediários incluem mamíferos domésticos e especialmente nos últimos 20 anos, algumas parasi-
silvestres e também aves. As espécies de Sarcocystis toses, freqüentemente referidas como “emergentes”
que têm o cão por hospedeiro definitivo são consi- ou “reemergentes” (Ambroise-Thomas, 2000). Ao
deradas apatogênicas para este hospedeiro (Dubey analisar essa conjuntura Thompson (1999) ressaltou
et al., 2000). que compete aos médicos veterinários deste novo
Cryptosporidium spp. é um coccídio intestinal milênio o diagnóstico, a estruturação de um sistema
que afeta diversas espécies de animais domésticos de investigação e acompanhamento epidemiológico
e também o homem. São consideradas válidas 13 e a transferência de conhecimento através da edu-
espécies de Cryptosporidium parasitas de mamíferos, cação sanitária para que essas parasitoses possam
com mais de 30 genótipos distintos já descritos (Xiao; ser adequadamente controladas.
Ryan, 2004). De acordo com os estudos moleculares O grande desenvolvimento da quimioterapia
mais recentes, dois genótipos são mais comumente antiparasitária a partir do descobrimento dos
encontrados em humanos: o genótipo humano (ou benzimidazóis (Chan, 1997), tem sido destacado
tipo I; reconhecido como Cryptosporidium hominis) e o como uma das razões para se dispensar o exame
genótipo bovino (ou tipo II; Cryptosporidium parvum). coproparasitológico em clínica de pequenos animais.
Ao que tudo indica, o genótipo humano é restrito ao Além disso, é fácil constatar que a coproscopia é a
homem, mas o genótipo bovino, além de infectar o atividade de menor prestígio tanto em laboratório
homem, é infectante para outras espécies de mamí- clínico humano como veterinário, pois lida com
feros (Monis; Thompson, 2003). Conseqüentemente, material mal-cheiroso, de aspecto nauseabundo e
os cães infectados podem constituir uma fonte de para a qual houve muito pouco desenvolvimento
infecção para o homem, especialmente, para indi- tecnológico. No entanto, apesar da eficácia e segu-
víduos imunocomprometidos (Milsten; Goldsmid, rança dos produtos disponíveis para prevenção e
1995). Além disso, outras espécies de Cryptospori- controle das enteroparasitoses, em todo o mundo
dium, incluindo C. canis, têm sido encontradas em existem evidências de que as infecções por parasitas
amostras clínicas provenientes tanto de indivíduos emergentes ou reemergentes estão aumentando nos
imunocompetentes como de imunocomprometidos. animais de companhia (Fayer, 2000).
De acordo com Monis; Thompson (2003) a freqüência Atualmente, apesar da disponibilidade de técni-
dessas infecções é mais baixa e envolve indivíduos cas imunológicas e moleculares para o diagnóstico
com enfermidades concomitantes ou que vivem de algumas parasitoses intestinais humanas, dois
em condições que aumentam a susceptibilidade a aspectos restritivos à utilização dessas técnicas
essas infecções. devem ser observados. Em primeiro lugar, que a
Em cães, as infecções por Cryptosporidium são disponibilidade de muitas dessas técnicas ainda é
mais severas em animais jovens e podem ser exacer- limitada aos laboratórios de pesquisa; em segundo,
badas por estresse e imunossupressão (Robertson et que em muitos casos não se justifica a substituição
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
180 S. Katagiri; T.C.G. Oliveira-Sequeira
das técnicas coproparasitológicas convencionais, apresenta valor preditivo positivo igual a unidade
que em muitas situações continuam sendo as de (= 1), ou seja não detecta falso-positivos. Por outro
eleição pela simplicidade, sensibilidade e baixo custo lado, a sensibilidade analítica do exame depende da
(Thompson, 1999). Apesar da identificação de algumas técnica a que as amostras foram submetidas para
das parasitoses emergentes só ter sido possível gra- se obter as preparações microscópicas. Os métodos
ças ao emprego de métodos moleculares, a abolição mais comumente empregados no processamento de
dos eficazes métodos convencionais não se justifica amostras fecais incluem a diluição de uma pequena
(Thompson, 1999). O exame microscópico de fezes quantidade de fezes para o exame direto e os recursos
ainda é a base do diagnóstico de grande número de de flutuação e sedimentação para concentração dos
enfermidades parasitárias, pois possibilita a detecção elementos parasitários (Garcia, 2001). Considerando
das formas evolutivas de helmintos e protozoários a diversidade de parasitas que eliminam formas evo-
com 100% de especificidade. lutivas nas fezes, é fácil entender a razão pela qual
Como existem diferentes métodos para o proces- nenhum desses métodos, quando utilizado isolada-
samento de amostras fecais para o exame microscó- mente, é suficientemente sensível para detectar todos
pico, é necessário observar algumas características os possíveis parasitas que infectam um determinado
tais como sensibilidade, facilidade de execução e hospedeiro. Assim sendo, é importante conhecer as
custo (Foreyt, 1989). Além da sensibilidade intrín- utilidades e limitações dos métodos disponíveis.
seca do método, é necessário considerar os fatores O exame direto de fezes a fresco é realizado
extrínsecos que podem influenciar na eficiência de primariamente para detectar formas móveis de
um determinado método diagnóstico. O volume parasitas, tais como os trofozoítas de protozoários e
da amostra examinada, o tempo de coleta, o uso de larvas de helmintos. De acordo com Estevez; Levine
líquidos conservantes e as condições de envio ao (1985), trata-se de um método simples e rápido,
laboratório também podem influenciar os resultados cujos resultados positivos são tão válidos quanto
dos exames; amostras velhas ou precariamente pre- os obtidos com métodos de concentração. O exame
servadas são causas comuns de erros diagnósticos direto tem como principais limitações o fato de
(Ash; Orihel, 1987). avaliar uma quantidade muito pequena de fezes e
As características físicas das fezes são o primeiro a dificuldade de se examinar amostras acondiciona-
aspecto a ser observado, pois podem sugerir a presen- das com conservantes, pois os parasitas morrem e
ça de organismos patogênicos. No que diz respeito com isso perdem a motilidade (Bowman et al., 2003).
aos parasitas, pode-se dizer, de modo geral, que em Embora possibilite a detecção de ovos e/ou larvas
fezes diarréicas encontram-se predominantemente de helmintos, cistos ou oocistos de protozoários,
trofozoítas de protozoários, enquanto que em fezes estes são mais comumente encontrados quando se
formadas, predominam cistos; ovos e larvas de hel- utilizam técnicas de concentração. Por tudo isso, as
mintos podem ser encontrados em fezes de qualquer técnicas coproparasitológicas que empregam proce-
consistência (Ash; Orihel, 1987). No que se refere aos dimentos de concentração acabaram substituindo o
parasitas intestinais de cães, o exame macroscópico exame direto de fezes a fresco na rotina diagnóstica.
das fezes pode revelar a presença de nematódeos Os métodos de concentração por flutuação
adultos e, principalmente, proglotes de cestódeos. (gravitacional ou por centrifugação) se baseiam
A importância desse exame pode ser ilustrada pela na diferença de densidade específica (DE) entre as
constatação de que em Taiwan a prevalência da formas evolutivas dos parasitas, os detritos fecais e
dipilidiose em cães errantes, avaliada pelo exame a solução empregada para flutuação (Dryden et al.,
microscópico de fezes, foi de 0.35% e chegou a 63,3% 2005). De acordo com esses autores, as soluções mais
quando avaliada pelo exame macroscópico das fezes usadas para flutuação incluem as soluções de: cloreto
(Shin; Liao, 2002). de sódio (DE = 1,18); açúcar (solução de Sheather,
As amostras de fezes a serem processadas pelos DE = 1,27); nitrato de sódio (DE = 1,18); sulfato de
diferentes métodos coproparasitológicos podem ser magnésio (DE = 1,20) e sulfato de zinco (DE = 1,20).
utilizadas ainda frescas ou preservadas em substân- Como a densidade específica da maioria das
cias fixadoras. As diferentes classes de substâncias formas evolutivas dos parasitas situa-se entre 1,05 e
fixadoras disponíveis têm a função de preservar 1,23 (David; Lindquist, 1982), o emprego de soluções
as características morfológicas dos parasitas au- com alta densidade específica permite a separação
mentando a chance de que eles sejam detectados e de cistos de protozoários, oocistos de coccídios e
corretamente identificados (Garcia, 1995). de ovos e larvas de helmintos, fazendo com que
O exame microscópico de fezes consiste em re- possam ser recuperados na superfície enquanto os
conhecer as formas evolutivas típicas dos parasitas, detritos permanecem no fundo do tubo. Com isso, a
distinguindo-as dos demais constituintes do material preparação examinada em microscópio é mais limpa
fecal. Dessa forma, independentemente da técnica co- que a obtida pela concentração por sedimentação.
proparasitológica empregada, o exame microscópico As preparações obtidas com os métodos de flutu-
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
Zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães e o problema do diagnóstico. 181
ação devem ser examinadas prontamente porque zação dos métodos de concentração, dando maior
as soluções empregadas produzem distorções nas consistência à metodologia diagnóstica e com isso
formas parasitárias dificultando a sua identificação. melhorando a detecção de parasitas.
De acordo com Dryden et al. (2005) os métodos mais Outra vantagem é que muitos desses kits são
empregados para a detecção de ovos e cistos de sistemas fechados nos quais as amostras são proces-
parasitas em fezes de pequenos animais são os que sadas com um mínimo de manipulação, tornando
utilizam a flutuação como método de concentração. a atividade diagnóstica mais limpa, biologicamente
Além de exigir o pronto exame das preparações, segura e praticamente livre dos odores desagradáveis
outra limitação dos métodos de concentração por característicos (Garcia, 2001). Esses sistemas foram
flutuação é a baixa sensibilidade em detectar formas desenvolvidos originalmente para o diagnóstico de
evolutivas de parasitas que apresentam DE mais parasitoses intestinais humanas e embora introdu-
elevada que a das soluções saturadas empregadas. zam diferentes procedimentos para a concentração
Ovos de Physaloptera sp. e de Taenia spp., cujas densi- dos parasitas, a maioria emprega o método original
dades específicas são de 1,23761 e de 1,2251 (Dryden de sedimentação com algumas modificações (Perry
et al., 2005), podem não flutuar nessas preparações et al., 1990).
dando resultados falso-negativos. Nestes casos, as No Brasil, o conjunto comercial há mais tempo
técnicas de sedimentação podem ser mais indicadas. disponível é o Coprotest (NL Comércio Exterior
As técnicas que utilizam a sedimentação para Ltda) (Cerqueira, 1988; Amato-Neto et al., 1989),
concentração de formas evolutivas de parasitas desenvolvido para o diagnóstico coproparasitológico
são particularmente recomendadas para detectar humano utilizando uma única amostra de fezes.
infecções por helmintos que eliminam ovos pesados Atualmente é disponível sob uma nova denominação
(operculados ou muito densos), mas também permi- de ParatestÒ (Diagnostec - Comércio de Produtos
tem a recuperação de cistos e oocistos de protozoários Científicos), com modificações que possibilitam
e de larvas de helmintos (Garcia, 2001). a colheita de três amostras seriadas em um único
A sedimentação pode ser obtida de forma natu- frasco coletor.
ral (gravitacional), por centrifugação ou por meios Recentemente, um outro kit comercial denomi-
químicos (Truant et al., 1981). nado TF-TestÒ (Immunoassay Comércio e Indústria
A sedimentação por força gravitacional tem Ltda), delineado para coleta seriada de amostras
sido particularmente utilizada para detectar ovos em três tubos, tornou-se disponível no mercado
operculados e de trematódeos como Schistosoma nacional. As amostras são tratadas com acetato de
spp. (Rabello et al., 1992). Dentre as vantagens do etila e detergente e processadas por dupla filtragem
método destacam-se a simplicidade e o fato de não e centrifugação antes de serem examinadas ao mi-
alterar a viabilidade dos ovos. As limitações incluem croscópio óptico (Gomes et al., 2004).
a produção de uma preparação contendo grande A maioria dos estudos sobre a eficiência compara-
quantidade de detritos (que dificulta a identificação tiva das técnicas coproparasitológicas convencionais
dos parasitas) e o longo tempo requerido para a e dos kits comerciais demonstram haver uma certa
sedimentação espontânea. A sedimentação por cen- equivalência entre os métodos, entretanto estes estu-
trifugação abole apenas este último inconveniente. dos se restringem ao diagnóstico de parasitas huma-
A filtração prévia das amostras e a adição de nos. Os poucos dados disponíveis sobre a utilização
formol-éter ou de acetato de etila às amostras de fezes de kits comerciais no diagnóstico de parasitoses de
facilitam o exame microscópio do sedimento, pois cães tem revelado resultados comparáveis aos ob-
produzem uma preparação mais limpa. De acordo tidos no diagnóstico humano (Dryden et al., 2005).
com Truant et al. (1981) a adição de formol-éter Na Austrália, Irwin (2002) relatou que o envol-
não provoca distorção nos organismos permitindo, vimento dos médicos veterinários com as doenças
inclusive, a identificação de formas evolutivas de parasitárias nas clínicas veterinárias de pequenos
helmintos e protozoários. O acetato de etila tem animais se restringe à prescrição de drogas anti-
sido utilizado em substituição ao formol-éter com parasitárias de amplo espectro, refletindo com isso
a vantagem de ser menos inflamável e perigoso. a convicção equivocada desses clínicos de que o
O diagnóstico coproparasitológico tem sido uma controle das infecções parasitárias em animais de
das áreas da patologia clínica que tem evoluído companhia possa se restringir ao uso de drogas. O
mais lentamente, sendo uma das mais carentes de uso desnecessário de parasiticidas além de trazer
instrumentação, automação e desenvolvimento tec- conseqüências indesejáveis para a saúde dos animais
nológico (Perry et al., 1990). Entretanto, de acordo é considerado a principal causa responsável pelo
com estes autores, a partir de 1978, surgiram nos Es- desenvolvimento de resistência.
tados Unidos vários dispositivos para concentração Ao que tudo indica, no Brasil, o desinteresse em
de amostras fecais e kits diagnósticos tornaram-se solicitar e realizar exames coprológicos e a prescrição
comercialmente disponíveis auxiliando na padroni- indiscriminada de parasiticidas é também a regra.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
182 S. Katagiri; T.C.G. Oliveira-Sequeira
Entretanto, além das preocupações já apontadas é Western Austrália. The Veterinary Journal. v.157,
necessário ter ciência de que os custos dessa atitude p.295-301, 1999.
são muito mais elevados para a sociedade brasileira. Cabrera, M.; Canova, S.; Rosenzvit, M., Guarnera, E.
O pior deles, talvez seja a falsa sensação de segu- Identification of Echinococcus granulosus eggs. Diag-
nostic Microbiology and Infectious Disease, v.44, n.1,
rança que faz com que muitos médicos veterinários
p.29-34, 2002.
se desobriguem de conhecer o ciclo evolutivo dos
Campos-Júnior, D.; Elefant, G.R.; Silva, E.O.M.; Gandolf,
parasitas, sua epidemiologia e profilaxia e, sobretudo, L.; Jacob, C.M.A.; Tofeti, A.; Pratesi, R. Freqüência
que se abstenham do papel de agentes promotores de de soropositividade para antígenos de Toxocara canis
saúde pública responsáveis pela educação sanitária em crianças de classes sociais diferentes. Revista da
dos proprietários de animais. Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.36, n.4, 2003.
Cerqueira, F.L. Coprotest: metodologia confiável para
exame parasitológico de fezes. LAES/HAES, v.9, n.51,
Referências p.5-12, 1988.
Chan, M-S. The global burden of intestinal nematode
Amato-Neto, V.; Campos, R.; Pinto, P.L.S.L.; Matsubara, L.; infections – fifty years on. Parasitology Today, v.13,
Braz, L.M.A.; Miyamoto, A.; Foster, R.; Nascimento, n.11, p.438-443,1997.
S.A.B.; Souza, H.B.W.T.; Moreira, A.A.B. Avaliação Cordero del Campillo, M.; Rojo, V.F.A. Parasitologia Veteri-
da utilidade do coprotest para exame parasitológico nária. Madrid: McGraw-Hill Interamericana,1999. 968p.
de fezes. Revista do Hospital das Clínicas da Faculdade Côrtes, V.A.; Paim, G.V.; Filho, R.A.A. Infestação por
de Medicina da Universidade de São Paulo, v.44, n.4, ancilostomídeos e toxocarídeos em cães e gatos apre-
p.153-155, 1989. endidos em vias públicas, São Paulo (Brasil). Revista
Ambroise-Thomas, P. Emerging parasite zoonoses: the role de Saúde Pública, v.22, n.4, p.341-343, 1988.
of host-parasite relationship. International Journal for Costa, H.M.A.; GUIMARÃES, M.P.; LEITE, A.C.; LIMA,
Parasitology, v.30, n.12/13, p.1361-1367, 2000. W.S. Distribuição de helmintos parasitos de animais
Araújo, F.R.; Crocci, A.J.; Rodrigues, R.G.C.; Avalhaes, J.S.; domésticos no Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina
Miyoshi, M.I.; Salgado, F.P.; Silva, M.A.; Pereira, M.L. Veterinária e Zootecnia, v.38, n.4, p.465-579, 1986.
Contaminação de praças públicas de Campo Grande, Costa-Cruz, J.M.; Nunes, R.S.; Buso, A.G. Presença de
Mato Grosso do Sul, Brasil, por ovos de Toxocara e ovos de Toxocara spp. em praças públicas da cidade de
Ancylostoma em fezes de cães. Revista da Sociedade Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Revista do Instituto de
Brasileira de Medicina Tropical, v.32, n.5, p.581-583, 1999. Medicina Tropical de São Paulo, v.36, n.1, p.39-42, 1994.
Araújo, F.R.; Araújo, C.P.; Werneck, M.R.; Górski, A. Larva David, E.D.; Lindquist, W.D. Determination of the specific
migrans cutânea em crianças de uma escola em área gravity of certain helminth eggs using sucrose density
do Centro-Oeste do Brasil. Revista de Saúde Pública, gradient centrifugation. Journal of Parasitology, n.68,
v.34, n.1, p. 84-85, 2000. p.916-919, 1982.
Araújo, A.J.U.S.; Kanamura, H.Y.; Dias, L.C.S.; Gomes, J.F.; Dryden, M.W.; Payne, P.A.; Ridley, R.; Smith, V. Comparison
Araújo, S.M. Coprotest® quantitativo: quantificação of common fecal flotation techniques for the recovery
de ovos de helmintos em amostras fecais utilizando-se of parasite eggs and oocysts. Veterinary Therapeutics,
sistema de diagnóstico comercial. Jornal Brasileiro de v.6, n.1, p.15-28, 2005.
Patologia e Medicina Laboratorial, v.39, n.2, p.115-124, Dubey, J.P.; Speer, C.A.; Fayer, R. Sarcocystosis of animals
2003. and man. Boca Raton: CRC Press, 2000. 215p.
Asano, K.; Suzuki, K.; Matsumoto, T.; Sakai, T.; Asano, R. Eckert, J.; Deplazes, P. Biological, epidemiological, and
Prevalence of dogs with intestinal parasites in Tochigi, clinical aspects of echinococcosis, a zoonosis of in-
Japan in 1979, 1991 and 2002. Veterinary Parasitology, creasing concern, Clinical Microbiology Reviews, v.17,
v.120, p.243-248, 2004. n.1, p.107-135, 2004.
Ash, L.R.; Orihel, T.C. Parasites: a Guide to Laboratory Eguía-Aguilar, P.; Cruz-Reyes, A.; Martínez-Maya, J.J.
Procedures and Identification. Chigago: ASCP Press, Ecological analysis and description of the intestinal
1987. 328p. helminthes present in dogs in Mexico City. Veterinary
Blagburn, B.L.; LINDSAY, D.S.; VAUGHAN, J.L.; RIPPEY, Parasitology, v.127, p.139-146, 2005.
N.S.; WRIGHT, J.C.; LYNN, R.C.; KELEH, W.J.; Estevez, E.G.; LEVINE, J.A. Examination of preserved
RITCHIE, G.C.; HEPLER, D.I. Prevalence of canine stool specimens for parasites: lack of value of the
parasites based on fecal flotation. The Compendium direct wet mount. Journal of Clinical Microbiology, v.22,
on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, p.666-667, 1985.
v.18, n.5, p.483-509, 1996. Farias, L.N; Malgor, R.; Cassaravilla, C.; Bragança, C.;
Bowman, D.D.; Hendrix, C.M.; Lindsay, D.S.; Barr, S.C. de la Rue, M. L. Echinococcosis in southern Brazil:
Feline Clinical Parasitology. Iowa: Iowa State University efforts toward implementation of a control program
Press, 2002. 469p. in Santana do Livramento, Rio Grande do Sul. Revista
Bowman, D.D.; Lynn, R.C.; Eberhard, M.L. Georgi’s Para- do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.46, n.3,
sitology for Veterinarians. 8.ed. St. Louis: Saunders, p.153-156, 2004.
2003. 422p. Fayer, R. Presidential address. Global change and emer-
Bugg, R.J.; Robertson, I.D.; Elliot, A.D.; Thompson, R.S. ging infectious diseases. Journal of Parasitology, v.86,
Gastrointestinal parasites of urban dogs in Perth, n.6, p.1174-1181, 2000.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
Zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães e o problema do diagnóstico. 183
Foreyt, W.J. Diagnostic parasitology. Veterinary Clinics of McGlade, T.R.; Robertson, I.D.; Elliot, A.D.; Read, C.;
North America Small Animal Practice, v.19, p.979-1000, Thompson, R.C. Gastrointestinal parasites of domestic
1989. cats in Perth, Western Australia. Veterinary Parasitology,
Fontanarrosa, M.F.; Vezzani, D.; Basabe, J.; Eiras, D.F. An v.117, n.4, p.251-262, 2003.
epidemiological study of gastrointestinal parasites of MacPherson, C.N.L. Human behavior and the epidemio-
dogs from Southern Greater Buenos Aires (Argentina): logy of parasitic zoonoses. International Journal for
age, gender, breed, mixed infections, and seasonal Parasitology, v.35, p.319-1331, 2005.
and spatial patterns. Veterinary Parasitology, v.136, Milsten, T.C.; Goldsmid, J.M. The presence of Giardia and
p.283-295, 2005. other zoonotic parasites of urban dogs in Hobart,
Garcia, L.S. Pros and Cons of using preservatives for O Tasmania. Australian Veterinary Journal, v.72, p.154-
& P fecal specimens. Clinical Microbiology Newsletter, 155, 1995.
v.17, p.164-167, 1995. Molina, C.P.; Ogburn, J.; Adegboyega, P. Infection by Di-
Garcia, L.S. Diagnostic Medical Parasitology. 4 ed. Washing- pylidium caninum in an infant. Archives of Pathology &
ton: ASM Press, 2001. 1092p. Laboratory Medicine, v.127, p.157-159, 2003.
Geffray, L. Infections associated with pets. La Revue de Monis, P.T.; Andrews, R.H.; Mayrhofer, G.; Ey, P.L. Genetic
Médecine Interne, v.20, p.888-901, 1999. diversity within the morphological species Giardia
Gennari, S.M.; Kasai, N.; Pena, H.F.J.; Cortez, A. Ocorrência intestinalis and its relationship to host origin. Infection,
de protozoários e helmintos em amostras de fezes de Genetics and Evolution, v.3, p.29-38, 2003.
cães e gatos da cidade de São Paulo. Brazilian Journal Monis, P.T.; Thompson, R.C.A. Cryptosporidium and Giardia-
of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.2, -zoonoses: fact or fiction? Infection, Genetics and Evo-
p.87-91, 1999. lution, v.3, p.233-344, 2003.
Georgi, J.R. Tapeworms. Veterinary Clinics of North America Moore, D.P. Neosporosis in South America. Veterinary
Small Animal Practice, v. 17, n.6, p.1285-1306, 1987. Parasitology, v.127, p.87-97, 2005.
Georgi, J.R.; Georgi, M.E. Canine Clinical Parasitology. St. Moraes, M.A.P.; Sobreira, M.N.M.; Medeiros Filho, P.;
Louis: Lea & Febiger, 1992. 227p. Tavares, A.C.; Gomes, M.I. Hidatidose policística: cisto
Gomes, J.F.; Hoshino-Shimizu, S.; Dias, L.C.; Araujo, A.J.; hidático calcificado, simulando neoplasia mesentérica,
Castilho, V.L.; Neves, F.A. Evaluation of a novel kit descoberto acidentalmente. Revista da Sociedade Bra-
(TF-test) for the diagnosis of intestinal parasitic in- sileira de Medicina Tropical, v.4, n.36, p.519-521, 2003.
fections. Journal of Clinical Laboratory Analisys, v.18, Oliveira-Sequeira, T.C.G.; Amarante, A.F.; Ferrari, T.B.;
p.132-138, 2004. Nunes, L.C. Prevalence of intestinal parasites in dogs
Guimarães, A.M.; Alves, E.G.L.; Rezende, G.F.; Rodrigues, from São Paulo State, Brazil. Veterinary Parasitology,
M.C. Ovos de Toxocara sp. e larvas de Ancylostoma v.103, p.19-27, 2002.
sp. em praça pública de Lavras, MG.. Revista de Saúde Overgaauw, P.A.M. Aspects of Toxocara epidemiology:
Pública, v.39, n.2, p.293-295, 2005. toxocarosis in dogs and cats. Critical Reviews in Mi-
Habluetzel, A.; Traldi, G.; Ruggieri, S.; Attili, A.R.; crobiology, v.23, p.233-251, 1997.
Scuppa, P.; Marchetti, R.; Menghini, G.; Esposito, F. Parsons, J.C. Ascarid infections of cats and dogs. Veterinary
An estimation of Toxocara canis prevalence in dogs, Clinics of North America Small Animal Practice, v.17, n.6,
environmental egg contamination and risk of human p.1307-1340, 1987.
infection in the Marche region of Italy. Veterinary Perry, J.L.; Mathews, J.S.; Miller, G.R. Parasite detection
Parasitology, v.113, p.243-252, 2003. efficiencies of five stool concentration systems. Journal
Hoffmman, A.N. Prevalência de Echinococcus granulosus of Clinical Microbiology, v.28, n.6, p.1094-1097, 1990.
(Batsch, 1786) em cães urbanos errantes do município Ponce-Macotela, M.; Peralta-Abarca, G.E.; Martinez-
de Dom Pedrito (RS), Brasil. Ciência Rural, v.31, n.5, -Gordillo, M.N. Giardia intestinalis and other zoonotic
p.843-847, 2001. parasites: Prevalence in adult dogs from the southern
Ing, M.B.; Schantz, P.M.; Turner, J.A. Human coenurosis part of Mexico City. Veterinary Parasitology, v.131,
in North America: case reports and review. Clinical n.1-2, p.1-4, 2005.
Infectious Diseases, v.27, n.3, p.519-523, 1998. Plant, M.; Zimmerman, E.M.; Goldstein, R.A. Health hazar-
Irwin, P.J. Companion animal parasitology: a clinical ds to humans associated with domestic pets. Annual
perspective. International Journal for Parasitology, v.32, Review of Public Health, v.17, p.221-245, 1996.
p.581-593, 2002. Rabello, A.L.; ROCHA, R.S.; OLIVEIRA, J.P.M.; KATZ,
Jordan, H.E.; Mullins, S.T.; Stebbins, M.E. Endoparasi- N.; LAMBERTUCCI, J.R. Stool examination and rectal
tism in dogs: 21.583 cases (1981-1990). Journal of the biopsy in the diagnosis and evaluation of therapy of
American Veterinary Medical Association, v.203, n.4, schistosomiasis mansoni. Revista do Instituto de Me-
p.547-549, 1993. dicina Tropical de São Paulo, v.34, n.6, p.601-608, 1992.
Kalkofen, U.P. Hookworms of dogs and cats. Veterinary Raether, W.; Hänel, H. Epidemiology, clinical manifes-
Clinics of North America Small Animal Practice, v.17, tations and diagnosis of zoonotic cestode infections:
n.6, p.1341-1354, 1987. an update. Parasitology Research, v.91, p.412-438, 2003.
Landmann, J.K.; Prociv, P. Experimental human infection Ramírez-Barrios, R.A.; Barboza-Mena, G.; Munoz, J.;
with the dog hookworm, Ancylostoma caninum. The Angulo-Cubillan, F.; Hernandez, E.; Gonzalez, F.;
Medical Journal of Australia, v.178, p.69-71, 2003. Escalona, F. Prevalence of intestinal parasites in
McCarthy, J.; Moore, T.A. Emerging helminth zoonoses. In- dogs under veterinary care in Maracaibo, Venezuela.
ternational Journal for Parasitology, v.30, p.1351-1360, 2000. Veterinary Parasitology, v.121, p.11-20, 2004.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007
184 S. Katagiri; T.C.G. Oliveira-Sequeira
Rey, L. Bases da parasitologia médica. Rio de Janeiro: Gua- Thompson, R.C.A. The zoonotic significance and molecular
nabara Koogan, 1992. 349p. epidemiology of Giardia and giardiasis. Veterinary
Robertson, I.D.; Irwin, P.J.; Lymbery, A.J.; Thompson, R.C. Parasitology, v.126, n.1/2, p.15-35, 2004.
The role companion animals in the emergence of pa- Thompson, R.C.A.; Lymbery, A.J.; Hobbs, R.P. Teaching of
rasitic zoonoses. International Journal for Parasitology, parasitology to students of veterinary medicine and
v.30, p.1369-1377, 2000. biomedical sciences. Veterinary Parasitology, v.108,
Robertson, I.D.; Thompson, R.C. Enteric parasitic zoonoses n.4, p.283-290, 2002.
of domesticated dogs and cats. Microbes and Infection, Truant, A.L.; Elliot, S.H.; Kelly, M.T.; Smith, J.H. Compa-
v.4, p.867-873, 2002. rison of formalin-ethyl ether sedimentation, formalin-
Santarém, V.A.; Sartor, I.F.; Bergamo, F.M.M. Conta- -ethyl acetate sedimentation, and zinc sulfate flotation
minação, por ovos de Toxocara spp., de parques de techniques for detection of intestinal parasites. Journal
praças públicas de Botucatu, São Paulo, Brasil. Revista of Clinical Microbiology, v.13, n.5, p.882-884, 1981.
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.31, n.6, Urquhart, G.M.; Armour, J.; Duncan, J.L.; Dunn, A.M.;
p.529-532, 1998. Jennings, F.W. Parasitologia Veterinária. 2.ed. Rio de
Scaini, C.J.; Toledo, R.; Lovatel, R.; Dionello, M A.; Gatti, Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 273p.
F A.; Susin, L.; Signorini, V.R.M. Contaminação am- Velho, P.E.N.F.; Faria, A.V.; Cintra, M.L. Larva Migrans:
biental por ovos e larvas de helmintos em fezes de cães a case report and review. Revista da Sociedade Brasileira
na área central de Balneário Cassino, Rio Grande do de Medicina Tropical, v.45, n.3, p.167-171, 2003.
Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, WHO. The world health report 1996. Fighting Disease
v.36, n.5, p. 617-619, 2003. Fostering Development. Geneva: World Health Or-
Shin, J.W.; Liao, W.T. Humoral immune response to Di- ganization, 1996.
pylidium caninum infection of stray dogs in Taiwan. Wilson, R.B. Cryptosporidiosis in a pup. Journal of the
Veterinary Parasitology, v.104, p.351-356, 2002. American Veterinary Medical Association, v.183, n 9,
Moreira-Silva, S.F.; Leão, M.E.; Mendonça, H.F.S. Preva- p.1005-1006, 1983.
lence of anti-Toxocara antibodies in a random sample Xiao, L.; Ryan, U.M. Cryptosporidiosis: an update in
of inpatients at a children’s hospital in Vitória, Espírito molecular epidemiology. Current Opinion in Infectious
Santo, Brazil., Revista do Instituto de Medicina Tropical Diseases, v.17, n.5, p.483-490, 2004.
de São Paulo, v.40, n.4, p.263-264, 1998.
Thompson, R.C.A. Veterinary parasitology: looking to
the next millennium. Parasitology Today, v.15, n.8, Recebido em 10/4/06
p.320-325, 1999. Aceito em 15/3/07
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.175-184, abr./jun., 2007