Desenvolvimento, Construção e Testes de Um Picador para Coberturas Vegetais

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 204

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAlsíTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DESENVOLVIMENTO, CONSTRUÇÃO E TESTES DE UM


PICADOR PARA COBERTURAS VEGETAIS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UMVERSIDADE FEDERAL DE


SANTA CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM ENGENHARIA

EDUARDO CARDOSO CASTALDO

FLORIANÓPOLIS, MARÇO DE 1999


DESENVOLVIMENTO,CONSTRUÇÃO E TESTES DE UM
PICADOR PARA COBERTURAS VEGETAIS

EDUARDO CARDOSO CASTALDO

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA PARA OBTENÇÃO DO


TÍTULO DE
MESTRE EM ENGENHARU

ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECANICA, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PROJETO


MECÂNICO, APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Prof. Fernando A. Fõrceilini, Dr.£ng.


)ríentador

2
Júlio César Passos, Dr.
Coordenador
BANCA EXAMINADORA:

Presidente

Augusto Weiss, Dr. Eng.


Ill

Dedico este trabalho àqueles que me apoiaram e ajudaram,


em especial aos meus pais e irmãos, pelo exemplo de vida,
e à Leila, pelo carinho e incentivo.
IV

A g r a d e c im e n t o s

Finalmente, a página de agradecimentos. Creio que este foi o momento mais


esperado por mim quando da redação deste trabalho. Após vários meses de dedicação,
gostaria de passar um pouco da satisfação que sinto ao escrevê-la. Muitas são as pessoas que
eu gostaria de agradecer, quer seja pela colaboração direta neste, quer seja pela amizade e
companheirismo.
Assim, inicio meus agradecimentos pelo meu orientador, o professor Fernando
Antônio Forcellini, pois sem a sua paciência e entusiasmo este trabalho não teria se
concretizado.
Presto também minhas homenagens aos vários colegas do NeDIP (antigo
Laboratório de Projeto): Marcos Luciano, Alex Pizzatto, Sérgio da Veiga, Clóvis da Veiga,
Fred Amorim, Márcio Branco, Cristiano Ferreira, Marcelo Gitirana e Salete dos Santos. Sua
colaboração foi muito valiosa nesta obra.
Não posso deixar de agradecer ao professor Augusto Weiss, pois seus
conhecimentos em Engenharia Agrícola foram fundamentais, bem como suas valiosas
opiniões e idéias. E também, aos bolsistas Marcos Tottene e Rodrigo Fernandes, o meu muito
obrigado. Sem o bom entrosamento desta equipe de projeto, nosso trabalho teria sido apenas
uma mera proposta.
Agradeço também aos colegas técnicos Roberto Andrade e João Batista Duarte,
pois seus conhecimentos e habilidades foram fundamentais. Este agradecimento se estende a
outros colegas técnicos, dos Laboratórios de Soldagem, Usinagem e de Materiais.
E, os amigos Fabiano Zermiani, Valdir Cardoso e, mais recentemente Gerson
Lindner, o meu sincero muito obrigado pela convivência sob o mesmo teto, pelos momentos
de descontração, amizade e companheirismo.
Como não podia deixar de ser, sou grato também ao Departamento de Engenharia
Mecânica da UFSC pela oportunidade concedida, bem como ao CNPq pelo auxílio
financeiro.
Enfim, a todos aqueles que, de xmia maneira ou de outra contribuíram para a
realização deste, o meu muito obrigado.
“A idéia mais brilhante de nada vale
sem a ação sólida e objetiva
que a torne realidade. ”
(Anônimo)
VI

Su m á r io

Sumário....................................................................................................................................vi
Lista de Figuras.......................................................................................................................ix
Lista de Tabelas......................................................................................................................xii
Resumo....................................................................................... .......................................... xiii
Abstract..................................................................................................................................xiv

C a p ít u l o I - I n t r o d u ç ã o

1.1 Aspectos gerais....................................................................................................................1


1.2. Panorama Agrícola no Estado de Santa Catarina............................................................... 4
1.3. Adubação verde..................................................................................................................5
1.4. Fontes de potência utilizadas pelos pequenos agricultores................................................ 7
1.5 Problema Proposto............................................................................................................... 8

C a p ít u l o n - E s t a d o d a a r t e d o s e q u ip a m e n t o s e x is t e n t e s

2.1 Introdução...................................... ...................................... ............................................11


2.2 Rolo-facas..........................................................................................................................11
2.3 Rolo-discos........................................................................................................................13
2.4Roçadora.....;............................................................................ .........................................15
2.5. Trituradores de cobertura vegetal..................................................... ................................16
2.6 Manejo químico da cobertura vegetal...............................................................................21
2.7. Conclusões........................................................................................................................22

C a p ít u l o m - E s p e c if ic a ç õ e s de P r o je t o do Produto

3.1 Introdução..........................................................................................................................23
3.2. Descrição e caracterização dos potenciais consumidores................................................23
3.3. Parâmetros agronômicos...................................................................................................25
3.4. Parâmetros Mecânicos..................................................................................................... 27
3.5 Necessidades dos Consumidores.......................................................................................29
3.5.1. Os clientes e suas necessidades.................................................................................29
3.6. Desdobramento da Fimção Qualidade - QFD...................................................................31
vu

C a p ít u l o r v - P r o j e t o C o n c e it u a l

4.1. Introdução................................................................. ........................................................35


4.2. Desenvolvimento da estrutura de funções do produto...................................................... 36
4.3. Desenvolvimento dos princípios de solução........... ..........................................................43
4.4. Geração de concepções alternativas................................................................................. 44
4.5. Seleção da alternativa de concepção................................................................................ 46

C a p ít u l o V - P r o j e t o P r e l im in a r

5.1 Introdução..........................................................................................................................57
5.2 Sistema de corte e picagem...............................................................................................57
5.2.1 Geometria e disposição das facas oscilantes..............................................................58
5.2.2 Potência consumida pelo sistema de corte e picagem...............................................61
5.2.3 Balanceamento do sistema de corte e picagem..........................................................68
5.3 Sistema Estrutural............................................................................................................. 70
5.3.1 Pré-protótipo do sistema estrutural............................................................................ 72
5-3.2 Modelo gráfico...........................................................................................................73
5.4 Sistema de transmissão......................................................................................................73
5.4.1 Eixo principal............................................................................................................ 76
5.4.2 Eixo secundário..........................................................................................................77
5.4.3 Pontas de eixo........................................................................................................... 78
5.5 Sistema de suporte e regulagem da altura de corte............................................................ 79
5.6 Sistema de engate..............................................................................................................81
5.7 Proteções.............. ............................................................................................................. 82
5.8 Cálculo do centro de gravidade e da massa total...............................................................84
5.9 Aspecto final do picador para coberturas vegetais............................................................85

C a p ít u l o VI - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n s t r u ç ã o d o P r o t ó t ip o
6.1 Introdução....................... .................................................................................................. 86
6.2 Desenho de conj. do protótipo - Vistas gerais: Desenhos 1.00,1.01 e 1.02......................86
6.3 Desenho de conj. do sistema de corte e picagem - Desenho 2.00.....................................86
6.4 Desenho de conj. da estrutura - Desenho 3.00...................................................................87
6.5 Desenho de conj. do sistema de transmissão - Desenho 4.00............................................87
6.6 Desenho de conj. do sistema de suporte e regulagem da altura de corte - Desenho 5.00.. 88
VIU

6.7 Sistema de engate - Desenho de conjunto 6.00........... ..................... ................................ 89


6.8 Proteções - Desenho de conjunto 7.00............................................................................... 90
6.9 Construção do protótipo....... ............................................................................................ 90

C a p ít u l o vn - T e s t e s e a v a ll v ç õ es d o p r o t ó t ip o
7.1 Introdução..........................................................................................................................96
7.2 Testes preliminares............................................................................................................ 96
7.3 Testes de campo....................... ..........................................................................................98
1^ Teste de campo.......................................................................... ....................................99
Conclusões do 1° teste de campo................................................................................. . 103
2- Teste de campo.............................................................................................................104
7.4 Aspectos gerais................................................................................................................107
7.5 Inspeção final do picador de cobertura vegetal............................................................... 108

C a p ít u l o vm - C o n c l u s õ e s e R e c o m e n d a ç õ e s
8.1 Introdução........................................................................................................................110
8.2 Conclusões sobre o protótipo construído.........................................................................110
8.3 Sugestões para trabalhos futuros.....................................................................................111
8.4 Conclusões gerais............................................................................................................114

Referências Bibliográficas...................................................................................................115

ANEXO A - Construção da Casa da Qualidade


ANEXO B - Propriedades geométricas extraídas do modelo gráfico 3-D
ANEXO C - Desenhos do Picador de Cobertura Vegetal
IX

L is t a de F ig u r a s

Figura 1.1: Feijão cultivado no sistema de plantio direto.........................................................6


F ^ u ra 2.1: Equipamento rolo-facas, tração tratorizada....... ...............................................12
Figura 2.2; Rolo-facas modificado..........................................................................................13
Figura 2.3: Equipamento rolo-discos...................................................................................... 14
Figura 2.4: Rolo-discos modificado....................................................................................... 14
Figura 2.5: Modelo de roçadeira para tração tratorizada........................................................15
Figura 2.6: Arranjo das facas normalmente encontrado em roçadeiras................................. 15
Figura 2.7: Triturador nacional de grande porte.....................................................................16
Figura 2.8: Disposição e fixação das facas no cilindro metálico............................................17
Figura 2.9: Facas oscilantes em posição de trabalho.............................................................. 17
Figura 2.10: Acionamento lateral do triturador através de correias....................................... 18
Figura 2.11: Picador de restos culturais de pequeno porte..................................................... 19
Figura 2.12: Triturador de fabricação francesa...................................................................... 20
Figura 2.13: Triturador de fabricação norte americana.......................................................... 20
Figura 2.14: Adaptação feita com pulverizadores manuais....................................................21
Figura 3.4: Casa da Qualidade para o Picador de Cobertura Vegetal.................................... 32
Figura 4.1: Síntese da metodologia de estimativa de custos proposta....................................36
Figura 4.2: Função total do picador de cobertura vegetal.......................................................37
Figura 4.3: Subfiinções do picador de cobertura vegetal........................................................37
Figura 4.4: Primeira estrutura funcional proposta para o implemento................................... 38
Figura 4.5: Segunda estrutura fiincional proposta para o implemento................................... 38
Figura 4.6: Matriz Morfológica para o picador de cobertura vegetal.....................................44
Figura 4.7: Alternativas de concepção para o picador de cobertura vegetal.......................... 45
Figura 4.8: Concepção escolhida para o picador de cobertura vegetal.................................. 56
Figura 5.1: Alguns tipos de facas para picadores................................................................... 58
Figura 5.2: Geometria das facas de corte................................................................................59
Figura 5.3: Disposição das facas de corte no tubo do rotor....................................................59
Figura 5.4: Sobreposição na trajetória das facas.................................................................... 60
Figura 5.5: Detalhe da fixação das facas ao rotor.................................................................. 60
Figura 5.6: Forças atuantes no caule de uma planta em um corte por impacto......................62
Figura 5.7: Variação do consumo de potência de um picador............................................... 63
Figura 5.8: Fluxo do material cortado.................................................................................... 65
Figura 5.9: Elementos de corte utilizados por Bockhup e Bames (1955).............................. 65
Figura 5.10: Potência necessária ao corte e picagem das coberturas vegetais....................... 67
Figura 5.11: Distribuição das forças centrífugas provenientes de cada faca..........................69
Figura 5.12: Máquina balanceadora Subra-Zanrosso............................................................. 70
Figura 5.13: Desenho inicial da estmtura............................................................................... 71
Figura 5.14: Concepção final da estmtura..............................................................................71
Figura 5.15: Pré-protótipo para testes de manobrabilidade....................................................72
Figura 5.16: Representação esquemática do sistema de transmissão.....................................74
Figura 5.17: Distríbuição esquemática do sistema de transmissão-vista lateral.....................74
Figura 5.18: Distríbuição esquemática do sistema de transmissao-vista superior..................75
Figura 5.19: Modelo das forças envolvidas no eixo principal................................................76
Figura 5.20: Modelo das forças envolvidas no eixo secundário.............................................78
Figura 5.21: Modelo das forças envolvidas nas pontas de eixo do rotor................................78
Figura 5.22: Sistema de suporte e regulagem da atura de corte.............................. ...............79
Figura 5.23: Posição do sistema de suporte e regulagem de altura........................................ 80
Figura 5.24: Regulagem de altura permissivel em relação ao solo........................................ 81
Figura 5.25: Sistema de engate com o trator de rabiças......................................................... 82
Figura 5.26: Conjuntos de proteções para o implemento....................................................... 83
Figura 5.27: Posição do centro de gravidade para o picador..................................................84
Figura 5.28: Aspecto final do protótipo acoplado ao trator de rabiças.................................. 85
Figura 6.1: Estmtura do picador com os demais elementos a ela soldados........................... 91
Figura 6.2: Detalhe da fixação do suporte do esticador principal, dos mancais do eixo
principal e da chapa de proteção superior fixa............................................................... 91
Figura 6.3: Detalhe da fixação do suporte do esticador secundário e dos suportes
das rodas......................................................................................................................... 92
Figura 6.4: Detalhe do sistema de transmissão montado....................................................... 92
Figura 6.5: Detalhe do esticador principal............................................................................. 93
Figura 6.6: Detalhe do sistema de suporte e regulagem de altura.......................................... 93
Figura 6.7: Sistema de corte e picagem (rotor + facas de corte)............................................ 94
Figura 6.8: Vista geral do picador de cobertura vegetal.........................................................95
Figura 7.1: Modificação realizada na estmtura do protótipo, após testes preliminares......... 97
XI

Figura 7.2; Vista geral da área de testes................................................................................. 98


Figura 7.3: Espécies vegetais utilizadas nos testes................................................................. 99

Figura lA : Manejo da resteva de milho com a proteção frontal em posição normal............ 99


Figura 7.5; Resultado do manejo de resteva de milho com e sem a proteção frontal.......... 100
Figura 7.6; Manejo da espécie mucuna................................................................................ 101
Figura 7.7; Cobertura de mucuna após o manejo................................................................. 101
Figura 7.8: Manejo da espécie crotalária..............................................................................102
Figura 7.9: Manejo da espécie feijão guandu................................................ ...................... 102
Figura 7.10; Aspecto das espécies crotalária e feijão guandu antes e após o corte..............103
Figura 7.11: Modificação proposta para a chapa de proteção frontal.................................. 105
Figura 7.12; Proteção adicionada aos eixos do sistema de corte e picagem........................ 105
Figura 7.13: Altura remanescente da espécie crotalária, manejada com a proteção frontal
fechada..........................................................................................................................106
Figura 8.1: Giro relativo entre o picador e o trator de rabiças............................................. 112
Figura 8.2: Sistema de transmissão com o esticador de corrente na roda dentada menor.... 113
Xll

L is t a de T abelas

Tabela 1.1: Épocas críticas da erosão por estágio de desenvolvimento das lavouras...............2
Tabela 1.2: Quantidades de operações de limpeza nos três sistemas........................................3
Tabela 1.3: Distribuição das fontes de potência nas propriedades pesquisadas....................... 7
Tabela 3.1: Características botânicas das principais espécies de adubos verdes de inverno
cultivadas no estado de Santa Catarína...........................................................................26
Tabela 3.2: Características botânicas das príncipais espécies de adubos verdes de verão
cultivadas no estado de Santa Catarína...........................................................................27
Tabela 4.1: Requisitos de Projeto e seus pesos relativos................. .......................................40
Tabela 4.2: Especificações técnicas do produto......................................................................40
Tabela 4.3: Especificações de custos do produto....................................................................41
Tabela 4.4: Matriz de decisão de apoio ao processo de seleção da estrutura funcional......... 42
Tabela 4.5: Caracterização dos princípios de solução das concepções...................................47
Tabela 4.6: Custos de aquisição de componentes e materiais................................................ 48
Tabela 4.7: Estimativa do custo de fabricação para o sistema de acionamento..................... 49
Tabela 4.8: Estimativa do custo de produção do sistema de acionamento............................. 50
Tabela 4.9: Estimativa do custo de fabricação do sistema de transmissão............................. 51
Tabela 4.10: Estimativa do custo de produção do sistema de transmissão.............................51
Tabela 4.11: Estimativa do custo de produção do sistema estrutural............... ......................51
Tabela 4.12: Estimativa dos custos de fabricação dos sistemas de corte e picagem.............. 53
Tabela 4.13: Estimativa do custo de produção dos sistemas de corte e picagem................... 53
Tabela 4.14: Estimativa do custo de produção do sistema de distribuição dos fragmentos.... 53
Tabela 4.15: Estimativa do custo de produção das alternativas de concepção....................... 54
Tabela 4.16: Matriz de decisão para seleção da alternativa de concepção do produto.......... 55
Tabela 5.1: Estimativa do consumo de potência para o corte e picagem de algumas
espécies de cobertura vegetal..........................................................................................67
Tabela 7.1: Avaliação final do picador de cobertura vegetal................................................108
Xlll

R esu m o

Desenvolveu-se no presente trabalho o protótipo de um picador para coberturas


vegetais, que utiliza como fonte de potência um trator de rabiças. Este protótipo se caracteriza
por ser imi implemento de pequeno porte e baixo custo, voltado a atender as necessidades dos
pequenos produtores rurais, predominantes no Estado de Santa Catarina.
O picador de cobertura vegetal tem como função total, cortar, picar e espalhar a
cobertura vegetal sobre o solo. Além de proteger o solo contra a erosão pluvial, a cobertura
vegetal mantém sua umidade, e também lhe fomece nutrientes, colaborando para o aumento
da sua produtividade. Estes são alguns dos principais objetivos dos sistemas conservacionistas
de cultivo do solo {Plantio Direto e Cultivo Mínimo).
No desenvolvimento do referido protótipo, seguiu-se a Metodologia de Projeto
proposta por Pahl e Beitz (1995). Utilizou-se ferramentas de apoio a decisão, tais como; o
QFD {Quality Function Deployment), a Matriz Morfológica, a Análise Funcional, e a
Avaliação Baseada em Estimativa de Custos.
O protótipo foi construído na oficina do Núcleo de Desenvolvimento Integrado de
Produtos (NeDIP), contando também com a colaboração dos Laboratórios de Soldagem,
Usinagem e de Materiais, todos vinculados ao Departamento de Engenharia Mecânica da
UFSC. E, os testes de desempenho operacional foram realizados na Fazenda Experimental da
Ressacada - CCA - UFSC.
Concluiu-se por fim, que Os principais objetivos propostos para o trabalho foram
atingidos. Obteve-se um equipamento com grande potencial para comercialização, seja do
ponto de vista operacional, seja do ponto de vista econômico.
XIV

A bstr a c t

In the present work, a prototype of a vegetable cover mower, that uses a small
tractor as source of power, was developed. This prototype is a small size and low cost
implement, developed to satisfy the needs of the small rural farmers, predominant at the state
of Santa Catarina.
The vegetable cover mower has as its total function: to cut, to mow and to spread
the vegetable cover over the soil. Besides protecting the soil from pluvial erosion, the
vegetable cover preserves its moisture, and also supply nutrients, collaborating to the increase
of its productivity. Those are some of the main goals of the conservationists systems of soil
cultivation (No-Tilled Systems).
In developing the prototype, the Pahl and Beitz (1995) proposed design
methodology was followed. Decision support tools, such as QFD, morphological matrix,
function analysis and evaluation based in cost estimation, were used.
The prototype was built at the workshop of the Núcleo de Desenvolvimento
Integrado de Produtos (NeDIP), with the help of the Laboratório de Soldagem, the
Laboratório de Usinagem and the Laboratório de Materiais of the Mechanical Engineering
Department of the Federal University o f Santa Catarina (UFSC). The operational
performance tests were realised at the Experimental Farm of Ressacada - CCA - UFSC.
I
At last, it was concluded that the main goals proposed for the work were achieved.
An equipment with great commercial potential was developed; operationally and
economically speaking.
C a p ít u l o I

In t r o d u ç ã o

1.1 A s p e c t o s g e r a is

A grande maioria dos solos agrícolas mecanizados no Brasil é utilizada com


culturas anuais, sendo normalmente preparados pelo sistema chamado de convencional. Tal
sistema constitui-se de diversas operações de aragem do solo, seguidas de gradagens para
destorroamento e nivelamento do mesmo.
Em se tratando de pequenas propriedades rurais os solos também são preparados
em sua maioria, de maneira convencional, com o uso de arados de aiveca, grades de discos ou
grades de dentes à tração animal ou com micro-trator, sendo neste caso utilizada a enxada
rotativa, a qual acaba provocando alterações nas propriedades físicas do solo.
Tem-se, então, que o uso do sistema de preparo convencional, o qual envolve um
grande número de operações, resulta numa pulverização excessiva do solo a nível de
superfície, e é sem sombra de dúvida a principal causa da degradação dos solos e dos
mananciais de água. Isto porque a superfície do solo fíca descoberta, condição esta favorável
para que ocorra a erosão. Além do mais, o grande número de operações na preparação
convencional do solo acarreta compactação excessiva, maiores gastos com combustível e
mão-de-obra, e também num maior desgaste dos equipamentos utilizados.
A técnica do Plantio Direto, que consiste basicamente em dispensar as operações
convencionais de preparação do solo, como aração e gradagens, a semeadura é realizada
diretamente sobre os restos da cultura anterior ou em coberturas vegetais especificamente
formadas para este fim. Outra técnica de plantio não menos importante, é o Cultivo Mínimo.
Em tal técnica, as operações de preparo do solo limitam-se a uma pequena porção de área,
sendo que somente nas “linhas” onde são depositadas as sementes ou mudas é que o solo é
revolvido. O Cultivo Mínimo pode se caracterizar também pelo preparo de toda a área de
plantio, mas com a manutenção de pelo menos 30% de resíduos vegetais na superfície do
solo.
As principais vantagens advindas destas técnicas (Plantio Direto e Cultivo Mínimo)
são listadas na seqüência:
C a pít u l o I - In t r o d u ç ã o

=> Consegue-se uma grande redução da erosão: os restos da cultura anterior e/ou a
desenvolvida com o propósito de formar uma cobertura vegetal, atuam de forma a diminuir
o impacto das chuvas contra o solo e na contenção de enxurradas, aumentando a
infiltração das águas. A Tabela 1.1 traz um comparativo relativo às perdas de solo
causadas pela ação da erosão.

Tabela 1.1: Épocas críticas da erosão por estágio de desenvolvimento das lavouras.
PERDAS DE SOLO EM LATOSSOLO ROXO - QUILOS / HECTARE

Estágios da Cultura (d - dias)


0 a 30 d. 30 a 60 d. 60 a 90 d. 90 d, até colheita Total de perdas
1. Algodão Prep. Convencional 9,252 1,303 2,088 353 12,955
2. Soja Prep. Convencional 6.738 39 7 641 7,425
3. Trigo Prep. Convencional 2,216 1,755 6 691 4.668
4. Trigo Plantio Direto 970 1,334 189 467 3.260
5. Soja Plantio Direto 970 587 0 530 2.099

Fonte: lAPAR, (1981).

=> economia de energia (combustível), pois não há preparo prévio do solo;


=> conservação da umidade do solo, devido ao fato da cobertura vegetal existente proteger o
solo da ação direta dos raios solares;
=>taxa de germinação: observa-se melhores índices de germinação, comparado ao plantio
convencional, devido à melhor conservação da umidade do solo;
=> redução do tempo entre o cultivo de uma safra e outra, devido ao fato de não haver ações
de preparo do solo.
=> aumento da vida útil das máquinas, devido à sua menor utilização;
aumento de vida no solo, principalmente de minhocas;
=> menor quantidade de operações de limpeza, em comparação ao Sistema de Plantio
Convencional. A Tabela 1.2 ilustra esta afirmação.

E como desvantagens, pode-se citar:


=>uma maior quantidade de defensivos agrícolas faz-se necessária no combate às ervas
daninhas, ocasionando uma maior poluição do ambiente (solo, mananciais de água, ar,
entre outros), bem como prejudicando a fauna existente;
CAPITULOI - INTRODUÇÃO

Tabela 1.2; Quantidades de operações de limpeza nos três sistemas.


Numhíodi ()ph<a(,()i ni\)
Sistema Convencional Cultivo Minimo Plantio Direto
cebola 2a3 1 a2
feijão 1 a2 1 a2
milho la 3 1 a2
mandioca 2a3
Fonte; Weiss e Santos, (1996).

=> também devido ao maior uso destes defensivos, os riscos com intoxicações das pessoas
aumenta seriamente;
=> devido à maior umidade do solo, o ciclo vegetativo de certas espécies cultivadas pode se
prolongar, resultando em atrasos de até 30 dias na colheita;
=:>por se tratar de um sistema um tanto quanto complexo, exige um maior gerenciamento por
parte dos agricultores;
=> os equipamentos destinados aos sistemas de Plantio Direto e Cultivo Mínimo possuem um
custo relativamente maior em relação aos equipamentos de Plantio Convencional.
A história destas técnicas de semeadura direta no Brasil é relativamente recente. As
primeiras pesquisas datam do início da década de 70, realizadas no estado do Paraná pelo
extinto Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária Meridional do Ministério da
Agricultura - IPEAME / MA., nas cidades de Londrina e Ponta Grossa.
Nos anos que se seguiram, outras experiências práticas com estas técnicas de
semeadura direta, mais especificamente com o Plantio Direto, tiveram o seu lugar; em 1973,
no Rio Grande do Sul, e em 1976 no estado de São Paulo.
Apesar da rápida expansão do Sistema de Plantio Direto nos primeiros anos da
década de 70, a falta de máquinas apropriadas, as dificuldades para controle eficiente das
plantas daninhas e as dúvidas existentes acerca da nova tecnologia fizeram com que a área de
cultivo em Plantio Direto se estabilizasse por volta de 1977 / 78, havendo um reinicio de
expansão a partir de 1979 quando novos incentivos e conhecimentos foram incorporados,
MuziUi (1985).
A partir de 1980, com a entrada no mercado de herbicidas mais eficientes no
controle das ervas daninhas, a área plantada vem aumentando rapidamente. Estimativas
divulgadas no editorial do Jornal de Plantio Direto, edição de novembro / dezembro de 1995,
C a p ít u l o I - In t r o d u ç ã o

dão conta que foram plantados 6 milhões de hectares em 1995, com expectativas de se
alcançar 9 milhões de hectares em 1996, Weiss e Santos (1996).
Em se tratando agora dos equipamentos agrícolas disponíveis no mercado, a maior
utilização das técnicas do Plantio Direto e do Cultivo Mínimo como forma de promover o
cultivo do solo de maneira sustentada exigiu que adaptações ocorressem em tais
equipamentos. Tais mudanças se mostraram bastante satisfatórias no caso de grandes
implementos, onde se dispunha de grande potência de tração. No entanto, para pequenos
implementos que utilizam baixa potência, normalmente fornecida por tratores de rabiças e
tração animal, as modificações não se mostraram satisfatórias.
Assim, pode-se afirmar que as máquinas e implementos agrícolas existentes no
mercado nacional, para os Sistemas de Plantio Direto e Cultivo Mínimo, destinadas aos
pequenos produtores, na maioria das vezes não apresentam desempenho satisfatório, além de
terem um custo de aquisição por vezes elevado.
Desta forma, surgiu a necessidade do desenvolvimento de novos equipamentos
adequados à realidade dos pequenos produtores, tanto em termos de adaptação das pequenas
fontes de potência disponíveis, bem como os baixos custos que deveriam ter tais
equipamentos.

1.2. P a n o r a m a A g r íc o l a no E sta d o de S a n t a C a t a r in a

De acordo com Da Costa (1993), o estado de Santa Catarina ocupa o quinto lugar
na produção de alimentos do Brasil, representando apenas 1,13% do território nacional. Esta
posição de destaque é conseguida através da utilização intensiva dos recursos naturais. Entre
as características da exploração agrícola destaca-se o relevo acidentado (40% da área estadual
possui declividade superior à recomendada para culturas anuais) e o regime fundiário
composto predominantemente por pequenos estabelecimentos rurais (mais de 90% dos
estabelecimentos rurais de Santa Catarina tem área inferior a 50 hectares), fazendo com que o
agricultor tenha que cultivar todo o imóvel, sem muitas vezes respeitar a aptidão agrícola das
diferentes glebas. Estas características, aliadas a um manejo do solo que não tem levado em
consideração as necessárías práticas conservacionistas, vêm ocasionando uma acelerada
degradação dos solos das regiões produtoras.
A maioría dos solos cultivados em Santa Catarína, além de não possuírem elevada
fertilidade natural, situam-se, conforme já citado, em relevo ondulado a forte-ondulado. O uso
C a pítu l o I - I n t r o d u ç ã o

intensivo do solo com preparo inadequado e ausências de práticas conservacionistas tem


resultado em um processo de diminuição do teor de matéria orgânica, degradação das
características físicas, químicas e biológicas, acelerando a erosão e a queda da produtividade
agrícola.
Com o objetivo de controlar e corrigir estes problemas, a adubação verde vem
sendo adotada como uma técnica bastante antiga. Esta, inserida em sistemas de rotação de
culturas pode promover a cobertura e proteção do solo, diminuição da infestação de ervas
daninhas, fixação biológica de nitrogênio no solo e reciclagem de vários nutrientes, além de
controlar a erosão e contribuir para a estabilização do sistema produtivo.
Recentemente, de acordo com Santa Catarina (1994), com a generalização dos
problemas de degradação do solo nas principais regiões produtoras, a adubação verde passou
a ser difimdida como alternativa para recuperação das características inerentes ao solo. Em
muitas regiões a adubação verde que era utilizada principalmente com a finalidade de
incorporação ao solo passou a ser deixada na superfície, como cobertura morta, apresentando
excelente efíciência no controle da erosão.
A seguir, são apresentadas mais algumas características da adubação verde, suas
principais vantagens e funções, e também os tipos de plantas mais utilizadas no Estado de
Santa Catarina.

1.3. A d u b a ç ã o verde

Entende-se por adubação verde a incorporação ao solo de plantas não maduras,


especialmente plantadas para melhorar a produtividade do mesmo, podendo ser enterradas ou
deixadas na superfície, Derpsch e outros (1984).
Quando a adubação verde é plantada para cobrir o solo e protegê-lo da erosão,
também é chamada de cobertura verde. Uma das fimções principais desta adubação ou
cobertura é sintetizar nutrientes no solo, como é o caso das leguminosas que sintetizam
nitrogênio em nódulos nas raízes, o que acarreta em economia de adubo. Além disso, após o
período vegetativo desta cultura, ela é incorporada ao solo ou pode ser cortada e espalhada
uniformemente sobre o mesmo, sendo decomposta pela ação de microorganismos, fornecendo
assim outros nutríentes ao solo. Desta forma, tem-se que o objetivo principal da adubação
verde não é a eliminação do adubo mineral, mas sim a sua substituição parcial.
Pode-se citar outras fimções da cobertura vegetal, não menos importantes;
C a pít u l o I - I n t r o d u ç ã o

=> proteger o solo do impacto das gotas de chuva, evitando a sua desagregação e transporte
pela erosão;
aumentar a infiltração das águas das chuvas no solo, através do sistema radicular das
espécies vegetais;
=> aumentar a capacidade de retenção de umidade do solo;
=> produção de matéria orgânica, tanto pela parte aérea como pelas raízes, para ser
aproveitada;
=í> soltar camadas compactadas e fazer o chamado preparo biológico do solo;
=> diminuir a temperatura do solo, mantendo-a estável e favorecendo a vida de pequenos
seres vivos;
=> aumentar o rendimento das culturas posteriores pelo efeito residual da adubação verde,
que melhora a fertilidade e a capacidade produtiva do solo;
=> evitar o crescimento de plantas daninhas, abafando-as;
=> alguns adubos verdes podem ser utilizados na alimentação animal (aveia, ervilhaca e
guandu) e também na alimentação humana (tremoço e guandu).
Como exemplo ilustrativo, a Figura 1.1 mostra o plantio direto de feijão com
cobertura morta de aveia preta.

Figura 1.1: Feijão cultivado no sistema de plantio direto. Derpsch, 1984.

Dentre as espécies mais utilizadas pelos produtores catarinenses, citam-se: aveia


(vários tipos), nabo forrageiro, ervilhaca (vários tipos), tremoço (vários tipos), mucunas,
crotalárias, feijão de porco, gorga, entre outras.
C a p It u l o I - I n t r o d u ç ã o

Em sendo assim, a adubação verde pode ser considerada como uma excelente
alternativa para o controle da erosão, a julgar pelas condições intensas de utilização dos
recursos naturais disponíveis nas propriedades agrícolas, bem como o baixo custo, a
simplicidade de utilização e a efíciência que apresenta.
Apesar de todas as vantagens, a efetiva expansão da adubação verde no estado de
Santa Catarina está condicionada, entre outros fatores, a um esforço de introdução e
adaptação desta prática aos sistemas de produção dos agricultores, sendo que tal esforço
condiciona o desenvolvimento de equipamentos agrícolas aptos a realizar o manejo desta
adubação verde, de maneira racional e econômica.

1.4. F o n t e s d e p o t ê n c ia u t il iz a d a s p e l o s p e q u e n o s a g r ic u l t o r e s

As principais fontes de potência normalmente utilizadas pelos pequenos


agricultores catarinenses resumem-se a tratores de rabiças (bastante comuns) e a animais
(bovinos e eqüinos). Já tratores de médio e grande porte são encontrados em número
reduzido, principalmente em virtude das características de área das propriedades deste estado.
Para se ter uma noção do grau de utilização destes equipamentos, pode-se citar o
levantamento efetuado por Weiss e Santos (1996), o qual foi realizado na bacia hidrográfíca
do Tijucas / Da Madre (municípios de Águas Mornas, Angelina, Alfi-edo Wagner, Canelinha,
Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Santo Amaro da Imperatriz e São João Batista),
localizada na região leste do Estado de Santa Catarina, na qual foram constatados os
seguintes valores p>ercentuais com relação à distribuição das fontes de potência;

Tabela 1.3; Distribuição das fontes de potência nas propriedades pesquisadas.


FONTE DE PqiC^CIA .... í ;..:;-.,-.:; . V alor percentual encontrado
Tração animal 36%
Trator de rabiças + tração animal 33%
Trator de rabiças 19%
Trator 4 X 2 5%
Trator 4 X 2 + tração animal 5%
Trator 4 X 2 + Trator de rabiças 1%
Fonte; Weiss e Santos, (1996).
C a pít u l o I - In t r o d u ç ã o

Além das características de área das propríedades, há ainda o fator financeiro, haja
vista que um trator de médio ou grande porte possui um custo inviável para a maioria dos
pequenos e médios produtores.
Com relação á adequacidade dos tratores de rabiças e as condições em que são
usados, evidenciam-se alguns aspectos negativos que estes equipamentos apresentam, tais
como: custo inicial relativamente elevado, precariedade de manutenção, tanto preventiva
como corretiva, problemas de ergonomia e segurança em operação, entre outros.
Apesar do fato destes equipamentos apresentarem deficiências em suas
características técnicas e operacionais, ainda assim constituem-se da opção mais viável em
máquinas para esta faixa de potência requerída pelos pequenos produtores.
Desta forma, o desenvolvimento de equipamentos agrícolas aptos a realizar as
tarefas concernentes ao cultivo de maneira geral em pequenas propriedades (manejo da
cobertura vegetal, semeadura e adubação, transporte em geral, tratos culturais, entre outras),
fica restrito á disponibilidade de pequenas fontes de potência, sejam estas mecânicas ou não.

1.5. P r o b l e m a P r o p o s t o

O Laboratório de Projeto, atual NeDIP - Núcleo de Desenvolvimento Integrado de


Produtos, pertencente ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de
Santa Catarina, vem desde o inicio da década de 80 atuando em pesquisa, ensino e extensão
na área de projeto de máquinas e equipamentos, com ênfase no desenvolvimento de
protótipos de máquinas e implementos agrícolas voltados a pequenos e médios produtores.
Desta forma, e tendo em vista a importância das técnicas conservacionistas de
manejo do solo, apresenta-se como objetivo deste trabalho o desenvolvimento de um
equipamento de pequeno porte e baixo custo para realizar o manejo da cobertura vegetal em
Sistemas de Plantio Direto e de Cultivo Mínimo, com o qual procurar-se-á reduzir a mão-de-
obra, o tempo gasto e o esforço despendido em uma operação relativamente simples, mas de
fundamental importância para o sucesso dos sistemas de cultivo conservacionistas.
No que tange às pequenas propríedades, a inexistência de um trítiirador de restos
culturais é uma lacuna em termos de implemento alternativo, visto que os equipamentos
disponíveis aos pequenos produtores (rolo-facas e rolo-discos, mais comumente encontrados)
não apresentam boa eficácia em determinadas situações, tais como presença de pedras, solos
arenosos e restos culturais ou vegetações de difícil corte.
C A P m n.o 1 - In t r o d u ç ã o

Certamente, tal equipamento ajudará a viabilizar uma maior adoção dos Sistemas
de Plantio Direto e de Cultivo Mínimo, pelo fato de serem poucos os equipamentos
disponíveis no mercado aptos a realizar o manejo da cobertura vegetal a um custo acessível
para pequenos agricultores. Desta forma, sendo possível então realizar tal manejo de uma
forma correta e simples, as técnicas de plantio supracitadas tomar-se-ão mais difundidas.
Assim, com o intuito de alcançar tais objetivos, conta-se com o auxílio da
metodologia de projeto segundo Pahl e Beitz (1995), e de ferramentas tais como o QFD
(Quality Function Deployment), Estruturação Funcional, e Estimativas de Custos, as quais
indicam os passos corretos para se chegar ao produto desejado.
Embora a idéia de desenvolvimento deste equipamento tenha surgido de uma
necessidade detectada através da pesquisa realizada por Weiss e Santos (1996), entre
produtores catarinenses, certamente o presente desenvolvimento proposto beneficiará outras
regiões agrícolas, justificando plenamente investir em seu projeto.
Em linhas gerais, o equipamento em questão deverá satisfazer a determinados
requisitos, tais como;
=> ter baixo custo;
=> ser de pequeno porte;
=> ser acionado por trator de rabiça;
=> efetuar o corte, a picagem e o acamamento da cobertura vegetal de maneira uniforme e
com eficácia;
=> ser de fácil operação;
=> ser de fácil e barata manutenção.

E, com relação á estruturação deste trabalho, este está subdividido da maneira


como segue.
No Capítulo II, é apresentada uma coletânea de diferentes equipamentos destinados
ao manejo da cobertura vegetal, equipamentos estes existentes no Brasil e no exterior. Este
levantamento foi realizado tendo pwr base periódicos nacionais e internacionais, livros,
relatórios de pesquisa, catálogos de indústrias, entre outros.
O Capítulo III analisa os principais parâmetros que influenciam o desempenho de
equipamentos de manejo de cobertura vegetal, com vistas a uma definição mais detalhada dos
parâmetros e requisitos de projeto.
C a pít u l o I - iN rreopuçà o______________________________________________________________________________ 10

O Capítulo IV traz o desenvolvimento do Projeto Conceituai, no qual sào geradas e


analisadas, com o auxílio de ferramentas de projeto, várias alternativas de solução para o
problema apresentado.
O Capítulo V apresenta, a partir da solução conceituai escolhida no capítulo
anterior, um maior detalhamento do protótipo. Nesta etapa do processo de projeto, à solução
conceituai são agregadas maiores informações, tais como dimensões preliminares e definição
dos diversos subsistemas componentes do protótipo.
No capítulo seguinte, o Projeto Detalhado e Construção do ProtótipK), o implemento
em desenvolvimento ganha formas finais, sendo então detalhados todos os seus subsistemas.
Ademais, são confeccionados todos os documentos necessários à construção, tais como
desenhos e listas de materiais. Em seguida, faz-se a descrição das principais etapas da
construção do protótipo.
Em seguida, partiu-se para a etapa de testes e avaliações, descrita no Capítulo VII.
Neste, as especificações de projeto oriundas da Casa da Qualidade são inspecionadas, como
forma de avaliação final da máquina. E, no último capítulo, são apresentadas as conclusões e
recomendações do trabalho, bem como sugestões para testes futuros.
C a p ít u l o II

E s t a d o d a a r t e d o s e q u ip a m e n t o s e x is t e n t e s

2.1 I n t r o d u ç ã o

Neste capítulo serão apresentadas e analisadas as principais concepções de


equipamentos para o manejo da cobertura vegetal encontradas na literatura, em catálogos de
fabricantes, relatórios de pesquisa, entre outros. Para cada concepção apresentada, será
realizada uma análise detalhada do seu princípio de funcionamento, bem como dos principais
elementos constituintes. Será considerada também a viabilidade técnica e econômica para
cada equipamento. As informações aqui apresentadas servirão de base para a determinação
dos parâmetros de projeto, objetivando a construção de um protótipo e, evidentemente, a
escolha da concepção mais adequada.
Basicamente, o que se deseja de um equipamento deste tipo é o corte, a picagem e
a distribuição do material picado sobre a superfície do solo, formando assim uma camada
uniforme de resíduos vegetais, requisito fundamental para os sistemas de preparo reduzido do
solo.
No que tange aos pequenos produtores agrícolas, as opções de máquinas para
realizar o manejo da cobertura vegetal são bastante reduzidas. Como exemplos, pode-se citar
o rolo-facas e o rolo-discos. Estes equipamentos possuem alguns pontos fracos, tais como o
corte ineficiente da cobertura em determinadas situações (terrenos com pedras) e a pouca
eficiência no acamamento da mesma, no caso do rolo-discos.
Na seqüência listam-se os principais equipamentos disponíveis no mercado
destinados ao manejo da cobertura vegetal, onde para cada um destes serão tecidos alguns
comentários.

2.2 R o l o - f a ç a s

o rolo-facas constitui-se basicamente de imi ou mais rolos, de madeira ou metal,


com comprimento variável de 1 a 4 metros, com a fixação, na parte extema dos rolos, de
C a pít u l o II - E st a d o d a A r te 12

lâminas que, pela ação de impacto cortam ou maceram a cobertura vegetal, provocando a sua
morte. A Figura 2.1 ilustra um tipo de rolo-facas de grande porte com tração tratorizada.

Figura 2.1: Equipamento rolo-facas, tração tratorizada. (Fonte: Catálogo Imasa)

Dependendo do seu porte, o rolo-facas pode ser tracionado por tratores ou animais,
residindo ai sua grande vantagem de uso em pequenas propriedades rurais.
A efíciência de corte do rolo-facas depende de vários fatores, entre os quais pode-
se citar:
tipo, condição e quantidade da cobertura vegetal;
peso do equipamento;
=> condição de afíamento das facas;
=> resistência do solo em função do seu tipo, solos argilosos oferecem maior resistência à
penetração das facas, facilitando o corte da vegetação;
=> presença ou não de obstáculos (pedras, cascalho e tocos).

De uma maneira geral, pode-se dizer que o rolo-facas possui um bom desempenho
operacional, porém apresenta algumas deficiências com relação ao corte e picagem de certos
tipos de cobertura vegetal, principalmente em solos arenosos, onde a pouca resistência do
mesmo dificulta o corte adequado da vegetação. E, com relação á vida útil do mesmo,
constata-se o problema do rápido desgaste das facas de corte do implemento.
Visando suprir os pontos falhos supracitados, o rolo-facas foi reprojetado com o
intuito de melhorar o seu desempenho no manejo da cobertura vegetal. O trabalho foi
desenvolvido no NeDEP, como objeto da dissertação de mestrado de Santos (1997), sendo que
as principais modificações apresentadas dizem respeito ao tipo, posicionamento e afiação das
facas, bem como à estrutura do equipamento.
C a pítu l o II - E sta d o d a A r t e 13

A Figura 2.2 mostra o implemento na nova versão, na qual pode-se visualizar as


modificações implementadas.

Figura 2.2: Rolo-facas modificado. Santos (1997)

As facas de corte (3) foram secionadas, e desta forma, afixadas sobre o cilindro
metálico (5) através de “canaletas” (4), segundo uma disposição helicoidal. Tais facas foram
submetidas a tratamento térmico, visando aumentar sua resistência ao desgaste. E, a estrutura
(1) do implemento é composta por perfis de aço ABNT 1020, com formato em “U”. Também,
foi acrescida uma proteção em forma de capô (2), visando aumentar a segurança do operador.

2.3 R o l o - d is c o s

Assim como o rolo-facas, este implemento destina-se ao manejo da cobertura na


superfície do solo. Constitui-se basicamente por uma série de discos de bordas afíadas
perfilados lado a lado, sendo que tais discos não possuem concavidade. Tal equipamento
pode ser visualizado na Figura 2.3.
No que diz respeito à fimcionalidade do equipamento, devido ao seu baixo peso e a
falta de um sistema auxiliar de acamamento da vegetação, este não possui um bom
desempenho na realização da tarefa de corte da cobertura. O acamamento apresenta muitas
falhas, e também o corte da massa verde é mínimo.
Em algumas áreas onde é possível fazer a passagem cruzando os sentidos do
terreno, e também quando do manejo de coberturas compostas de vegetação rasteira (mucuna
e ervilhaca, por exemplo), o rolo-disco apresenta um desempenho melhor.
C a pít u l o II - E st a d o d a A r te 14

Figura 2.3: Equipamento rolo-discos. Weiss e Santos, (1996).

Tal como o rolo-facas, o rolo-discos também foi reprojetado visando melhorar seu
desempenho operacional, sendo este trabalho também desenvolvido por Santos (1997). A
Figura 2.4 mostra o rolo-discos em sua nova concepção.

Figura 2.4: Rolo-discos modificado. Santos (1997)

O reprojeto de tal equipamento apresenta como principais modificações a


colocação de um sistema auxiliar (1) para promover o acamamento da cobertura vegetal,
facilitando o corte desta pelos discos (2), e a padronização das dimensões da estrutura (3),
visando o seu uso tanto com o rolo-discos quanto com o rolo-facas.
C a p ítu lo n - E s ta d o d a A r te 15

2 .4 R o ç a d o r a

É um implemento utilizado de uma forma geral nos serviços de limpeza de áreas


com vegetação tipo capoeiras e na roçada de limpeza em áreas com pastagens naturais e ou
cultivadas. A Figura 2.5 apresenta um tipo de roçadeira para tração tratorizada.

Figura 2.5: Modelo de roçadora para tração tratorizada. (Fonte: Catálogo Jan).

Este implemento é constituído por facas fixas ou móveis articuladas, movimentadas


pela tomada de potência do trator. Na Figura 2.6 pode-se visualizar xmi tipo de arranjo das
facas bastante comum. Basicamente são duas hastes diametralmente opostas (1), em cujas
extremidades são afixadas lâminas de corte. Este conjunto opera em faixas de rotação
relativamente altas, entre 700 e 1000 rpm. E, a estrutura deste (2) é composta por chapas de
aço dobradas e soldadas.

Figura 2.6: Arranjo das facas normalmente encontrado em roçadoras. (Fonte: Catálogo Jan).
C a p í t u l o II - E s t a d o d a A r t e ______________________________ ___________________________________________ 16

No manejo da cobertiira vegetal, tem sido utilizada com pouco sucesso. O maior
problema do uso da roçadora está na má distribuição dos resíduos cortados, além de algum
problema de embuchamento com os resíduos vegetais na parte frontal do implemento.
Para o pequeno agricultor, existem modelos de roçadoras que podem ser acoplados
a tratores de rabiças. No entanto, tais implementos são normalmente utilizados para roçagem
de limpeza em pastagens, conforme já citado, limpeza de pomares, plantações de café, entre
outras.
E também, com relação á segurança, este equipamento apresenta certa preocupação
para o operador, devido ao arremesso de pedras e tocos quando em operação em virtude do
impacto destes objetos com as lâminas de corte.

2.5. T r it u r a d o r e s de cobertura vegetal

Estes trituradores, também conhecidos por picadores de cobertura vegetal,


constituem-se de uma alternativa para o manejo da cobertura vegetal quando se necessita de
fragmentos de menor tamanho e uniformemente distribuídos na superfície do solo. Tais
equipamentos foram desenvolvidos para tratores de médio e grande porte, e têm sido usados
com sucesso no manejo de coberturas vegetais, principalmente quando se necessita de uma
decomposição mais rápida de certos tipos de resíduos vegetais, tais como milho e cana-de-
açúcar. A Figura 2.7 mostra um modelo de triturador de grande porte de fabricação nacional.

Figura 2.7: Triturador nacional de grande porte. (Fonte: Catálogo Baldan).


C a p ítu lo n - E s ta d o d a A r te 17

Basicamente, estes equipamentos são constituídos por um cilindro metálico, no


qual são afixadas navalhas ou facas, as quais são articuladas e oscilantes. A Figura 2.8 mostra
a disposição e a fixação das facas no cilindro metálico.
Este conjimto (cilindro + facas), normalmente chamado de rotor, trabalha em
rotações relativamente altas, da ordem de 1700 rpm. Assim, pela ação da força centrífuga, as
facas oscilantes assumem a posição de trabalho, descrevendo uma circunferência conforme
mostrado na Figura 2.9. Normalmente, o rotor gira no sentido contrário ao deslocamento da
máquina. ________ cilindro metálico

facas de corte

Figura 2.8: Disposição e fixação das facas no cilindro metálico. (Fonte: Catálogo Baldan).

Facas oscilantes
Direção de
rotaçio
Direção de
deslocamento

Cobertura
vegetal

Figura 2.9: Facas oscilantes em posição de trabalho.

Quanto ao acionamento do implemento, este é feito pela tomada de potência do


trator através de um eixo cardan e de correias laterais, de acordo com a Figura 2.10. Alguns
modelos apresentam correntes no lugar das correias.
C a p í t u l o n - E s t a d o d a A r t e _________________________________________________________________________ 18

A potência necessária para o acionamento destes trituradores é bastante alta,


normalmente acima de 60 CV (de acordo com catálogos técnicos de fabricantes deste tipo de
produto), o que toma inviável seu uso para produtores mrais que dispõem apenas de pequenas
fontes de potência (tratores de rabiça).

Figura 2.10: Acionamento lateral do triturador através de correias. (Fonte: Catálogo Baldan).

No que diz respeito às pequenas propriedades, o picador constitui-se em uma


lacuna em termos de implemento altemativo, haja vista as pequenas fontes de potência
disponíveis em tais propriedades. Além disso, os modelos nacionais de grande porte possuem
um custo relativamente alto, o que também restringe seu uso em pequenas propriedades.
Tendo em vista o exposto acima, pode-se dizer que este tipo de equipamento tem
boas perspectivas de uso no manejo de coberturas vegetais, principalmente em situações de
solos arenosos, onde o rolo-facas ou o rolo-discos não cortam adequadamente a cobertura,
devido a pouca resistência do solo. Também encontram uso em situações em que se deseja
imia decomposição mais rápida da cobertura vegetal, e também com o intuito de facilitar o
trabalho das semeadoras-adubadoras para plantio direto de tração animal. Estas, por terem
peso reduzido, tem dificuldades de desempenho na presença de restos vegetais de maiores
dimensões, os quais provocam embuchamento e semeadura não uniforme.
Foram identificados também outros modelos de trituradores, de procedência
estrangeira, bastante similares aos trituradores nacionais. Tais máquinas não estão disponíveis
para comercialização no mercado nacional, portanto necessitariam de importação. O modo de
ação destas é bastante similar ao descrito anteriormente para os modelos nacionais.
C a p í t u l o II - E s t a d o d a A r t e _________________________________________________________________________ 19

Uma destas máquinas, de fabricação japonesa, mostra-se bastante adequada ao


trabalho em pequenas propriedades, devido principalmente ao seu pequeno porte. Tal
equipamento pode ser visualizado na Figura 2.11.
Além do seu tamanho reduzido, este equipamento apresenta ainda facas de corte
(1) em forma de “Y”, as quais são afixadas em um rotor que gira em rotação elevada,
efetuando assim o manejo da vegetação. Também, a facilidade de manejo é boa, em virtude
do seu peso reduzido e da presença das rodas de apoio frontais (2). Estas mesmas rodas
efetuam também a regulagem da altura de corte. E, tal equipamento possui como fonte de
potência um pequeno trator de rabiças (3).

Figura 2.11 : Picador de restos culturais de pequeno porte.


(Fonte: Catálogo Mametora Agric. Machinery).

Porém, como trata-se de um equipamento que precisa ser importado, seu custo toma-se
elevado, além das dificuldades burocráticas impostas por um processo desta natureza. Isto
toma tal equipamento inacessível para a grande maioria dos pequenos agricultores do estado.
Outro tipo, de fabricação fi'ancesa, é mostrado na Figura 2.12. Este equipamento,
bastante similar aos equipamentos nacionais, inclusive quanto ao princípio de fxmcionamento,
necessita ser acoplado a um trator de médio a grande porte, sendo desta forma inviável ao
pequeno agricultor. É portanto, um equipamento voltado para médios e grandes agricultores.
Além disso, seu custo de aquisição é bastante elevado.
C a pít u l o II - E sta d o d a Ar t e 20

Um terceiro modelo de triturador, de procedência norte-americana, é apresentado


na Figura 2.13. Seu principio de fimcionamento é idêntico aos outros trituradores mostrados
anteriormente. Mais uma vez, seu custo e porte são fatores limitantes.

Figura 2.12; Triturador de fabricação francesa. (Fonte; Catálogo Kuhn).

Consu 1<»r.n9 the dur*abi>ity of their long hte ces»gn


versatiie abiMy to operate efficient'y under a v^ide range
conditions pef^ormng many different mowing tasks and í^
inherent operational safety vyt>ii^;d'.y^g^v .
The Models £»0.62.7c. and Ha'fSSer Kn-tft Mowers

Figura 2.13; Triturador de fabricação norte americana. (Fonte; Catálogo Mott Corporation).
C a p ítu lo n - E s ta d o d a A r te 21

2.6 M a n e j o q u ím ic o d a c o b e r t u r a v e g e t a l

Uma forma bastante usual de manejo da cobertura vegetal é o dessecamento com


herbicidas, no qual utiliza-se os pulverizadores costais manuais e adaptações para tração
animal. Estes pulverizadores são constituídos basicamente de um pequeno depósito para o
herbicida líquido e uma bomba de pistão acionada manualmente. A Figura 2.14 mostra xmia
adaptação de pulverizadores costais para tração animal.

Figura 2.14: Adaptação feita com pulverizadores manuais. Santos (1997).

Apesar desta prática de manejo da cobertura vegetal ser bastante difimdida, seu uso
é muito contestado, principalmente por ocorrerem problemas de intoxicação do operador,
bem como devido aos danos causados à fauna nativa e ao meio ambiente. Além destes
problemas, há ainda o destino das embalagens. Estas, não podem ser queimadas nem usadas
para outros fins, e são normalmente feitas com materiais que apresentam longa durabilidade
no ambiente.
Assim, com o intuito de tentar solucionar estes problemas, deve-se buscar
alternativas ao uso destes produtos, controlando e até mesmo reduzindo sua utilização.
C a pít u l o II - E sta d o d a A r te _________________________________________________________________________ 22

2.7. C o n c l u s õ e s

Percebe-se que existem poucas opções de escolha em equipamentos para o manejo


da cobertura vegetal a nível de Brasil. Algumas alternativas apresentam grande simplicidade
técnica e são de baixo custo, outras mostram-se complexas tecnicamente e de custo mais
elevado.
Voltando-se agora para a realidade dos pequenos produtores do Estado de Santa
Catarina, as possibilidades de escolha de um equipamento deste tipo tomam-se muito
restritas, pois as opções são ainda menores e na maioria das vezes ineficientes. Neste
contexto, basicamente tem-se o rolo-facas, o rolo-discos e o manejo químico.
Referindo-se ao rolo-facas, conclui-se que se trata de uma boa opção de
equipamento para manejo da cobertura vegetal em pequenas propriedades, pois este alia
simplicidade técnica e baixo custo. Evidentemente, apresenta pontos falhos quanto à sua
utilização, principalmente em solos com obstáculos, e solos de pouca resistência à penetração
das facas (solos arenosos, por exemplo).
Quanto ao rolo-discos, este apresenta um desempenho operacional satisfatório
apenas em vegetações rasteiras, tais como a mucuna e a ervilhaca. Em outras espécies, tais
como a crotalária e a resteva de milho, este equipamento não possui um bom desempenho.
E, com relação ao manejo da cobertura vegetal com produtos químicos (herbicidas
dessecantes), estes devem ser minimizados e até eliminados, em virtude dos grandes danos
causados ao meio ambiente e ao homem.
Tendo em visto o exposto, conclui-se que há a necessidade do desenvolvimento de
um implemento que realize a operação de manejo da cobertura vegetal, adequado e adaptado
à realidade das pequenas propriedades rurais de Santa Catarina. Ademais, o projeto de um
implemento que faça o corte e firagmentação da vegetação em dimensões adequadas,
facilitando o posterior trabalho de outros implementos (semeadora-adubadora, por exemplo),
distribua o material uniformemente sobre o solo, e que além disso possua um baixo custo de
aquisição e de manutenção, favorecerá um aumento na produtividade dos pequenos
agricultores, e principalmente contribuirá para uma maior adoção das técnicas do Cultivo
Mínimo e Plantio Direto.
C a p ít u l o III

E s p e c if ic a ç õ e s d e P r o j e t o d o P r o d u t o

3 .1. In t r o d u ç ã o

Dando continuidade ao processo de projeto do produto, o presente capítulo traz o


levantamento dos aspectos e influências dos diversos parâmetros dimensionais e operacionais
relativos ao desenvolvimento do picador para coberturas vegetais.
Este estudo faz-se necessário antes do início da fase de concepção, pois permitirá
um melhor entendimento do problema de projeto, bem como do esclarecimento da tarefa, base
para o projeto da máquina.
Inicialmente são caracterizados os consumidores em potencial para o produto aqui
em desenvolvimento, no caso pequenos agricultores que necessitam de imi implemento capaz
de realizar o manejo da cobertura vegetal de maneira eficiente e eficaz, imprescindível em
práticas conservacionistas de manejo do solo, tais como o Plantio Direto e o Cultivo Mínimo.
Após, são apresentados os parâmetros agronômicos relativos ao tipo de cobertura,
suas características e manejo. Em seguida são levantados os principais parâmetros mecânicos
que influenciam no projeto do produto, tais como a potência necessária para o acionamento da
máquina e as dimensões mais adequadas. E, com relação às fontes de potência disponíveis,
são feitas as devidas considerações objetivando a escolha do melhor tipo de acionamento para
a máquina em questão.
Por fim, tendo em vista as informações levantadas acima, são descritas as
necessidades prioritárias dos consumidores em relação ao implemento proposto, as quais
culminam com as Especificações de Projeto, listadas no final deste capítulo. Aqui, foi
utilizada a ferramenta do QFD (Quality Function Deployment), a qual será descrita
posteriormente de forma resumida, no Anexo A.

3.2. D e s c r iç ã o e c a r a c t e r iz a ç ã o d o s p o t e n c ia is c o n s u m id o r e s

Conforme citado anteriormente no item 1.2, o regime fundiário predominante no


estado de Santa Catarina caracteriza-se pelo grande número de pequenas propriedades rurais
(mais de 90 % dos estabelecimentos possui área inferior a 50 hectares), e também pelo fato da
grande maioria destas propriedades serem exploradas pelas próprias famíhas dos agricultores
C a p ít u l o III - E spe c ific a ç õ e s de P r o je t o _____________________________________________________________ 24

(cerca de 80 % são proprietários, e o restante trabalha em regime de parceria ou


arrendamento).
Outra informação bastante relevante diz respeito à porcentagem de
estabelecimentos rurais do estado que utilizam práticas de conservação do solo, tais como o
Plantio Direto e o Cultivo Mínimo. De um total aproximado de 203.000 propriedades, cerca
de 50.000 (apenas 25 %) fazem uso de técnicas conservacionistas. (Censo Agropecuário /
S.C., 1996).
Assim, levando-se em conta também o fato de que praticamente já não existem
mais terras inexploradas em Santa Catarina, a manutenção da atual posição de destaque do
estado na agropecuária nacional só será possível mediante incrementos da produtividade. E,
tais incrementos podem ser conseguidos através de técnicas conservacionistas bastante
simples, tais como a adubação verde e/ou cultivo de coberturas vegetais.
Com relação aos diferentes tipos de cultiiras cultivadas no estado, as que
apresentam maior destaque são a cebola, o milho, o alho, a maçã, o fumo, o feijão, entre
outros, sendo que alguns destes produtos tais como o feijão, o milho e a cebola, por vezes são
plantados após o cultivo de determinadas espécies de adubação verde, visando a melhoria da
qualidade do solo e consequentemente, dos produtos.
Do exposto, conclui-se que as características mais marcantes em relação aos
potenciais consumidores do produto aqui em desenvolvimento são o restrito poder
aquisitivo e a carência de recursos técnicos e financeiros.
Outras peculiaridades, comuns a grande maioria das pequenas propriedades, podem
ser citadas;
=:> produção de subsistência (auto-abastecimento);
=> diversificação da produção;
=> baixo nível de escolaridade;
=> nítida e crescente migração de jovens para centros urbanos, com escassez generalizada de
mão-de-obra em muitas propriedades, especialmente em determinadas operações, como no
preparo do solo e na colheita;
=>utilização de algumas poucas tecnologias apropriadas, principalmente em adaptações de
equipamentos;
=> baixa remuneração, muito trabalho e sacrifício;
=> grande resistência a mudanças, principalmente pelo medo de correr riscos.
C a p ít u l o III - E spe c ific a ç õ e s de P r o je t o _____________________________________________________________ 25

Portanto, pode-se considerar a pequena propriedade como um universo à parte,


bastante complexo, com grande número de atividades e interações, que devem ser muito bem
conhecidas quando se tem por objetivo promover qualquer mudança ou transformação. Um
bom conhecimento do funcionamento destas propriedades é imprescindível para que a
tecnologia proposta não interfira negativamente nas práticas correntes utilizadas.

3 .3. P a r â m e t r o s a g r o n ô m ic o s

Outro conceito para adubação verde, semelhante ao do item 1.3, porém mais
completo, é dado por Calegari e outros (1992); “Adubação verde é a utilização de plantas em
rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na
superfície, visando-se a proteção superficial, bem como a manutenção e melhoria das
características fisicas, químicas e biológicas do solo, inclusive a profimdidades
significativas”.
Historicamente, a adubação verde é uma prática milenar que teve sua contribuição
na história de muitos povos. Chineses, gregos e romanos já a utilizavam com sucesso na
agricultura.
Por muito tempo, a adubação verde caracterizou-se pelo uso de leguminosas, tais
como o tremoço, visando-se a melhoria da produtividade das culturas pela adição de
nitrogênio, ciclagem mais eficiente de nutrientes e melhoria do solo. Atualmente, são
utilizadas como adubos verdes, além das leguminosas, plantas de outras famílias, em cultivo
exclusivo ou consorciado, isso porque normalmente as leguminosas decompõem-se mais
rapidamente que as gramíneas, apresentando por isso efeitos fisicos menos prolongados no
solo.
Especificamente no estado de Santa Catarina, a adubação verde é uma prática
utilizada há muito tempo nas regiões do Litoral e também no baixo Vale do Itajaí; a mucuna,
nessas regiões, é cultivada há mais de 50 anos, visando á melhoria da fertilidade do solo,
Calegari e outros (1992). De acordo com dados da ACARESC (Associação de Crédito e
Assistência Rural do Estado de Santa Catarina), referentes ao ano de 1987, a área plantada
com os principais adubos verdes no estado perfaziam um total de 245.053 hectares.
Estes valores tomam-se bastante pequenos se comparados com os mais de dois
milhões de hectares plantados com as principais culturas econômicas anuais, já citadas
anteriormente. E, com relação á distribuição geográfica dos adubos verdes no estado,
constata-se que a região Oeste é a que apresenta a maior área plantada, cerca de 73 % do total.
C a p ít u l o III - E spe c ific a ç õ e s de PROJEro_____________________________________________________________ 26

Evidentemente, para cada uma das quatro principais regiões do estado (Oeste,
Planalto, Vale do Itajaí e Litoral), as espécies de adubos verdes mais apropriados variam de
acordo com as diferentes condições de clima, solo e relevo. Assim, tem-se que a mucuna e a
crotalária concentram-se nas regiões do Litoral e Vale do Itajaí, enquanto no Oeste há
predominância da ervilhaca, chincho, gorga, ervilha do campo e serradela.
Outras espécies como a aveia, o azevém e o centeio distribuem-se no Planalto e no
Oeste, haja vista a bovinocultura ser uma atividade relevante nestas regiões, enquanto o
tremoço apresenta uma distribuição mais uniforme por todo o estado, Calegari e outros
(1992).
As principais características botânicas destas espécies de adubos verdes são
apresentadas a seguir, nas Tabelas 3.2 e 3.3.
Neste item, não cabe descrever aspectos detalhados sobre as plantas que podem ser
utilizadas como cobertura vegetal, mas sim apresentar os parâmetros agronômicos necessários
ao desenvolvimento de um picador para vários tipos de cobertura.
Sendo assim e, tendo em vista o exposto acima, pode-se listar algumas das
características desejáveis para o implemento:
capacidade de manejo para diversos tipos de cobertura vegetal, desde as espécies mais
tenras (mucuna, feijão de porco, p.ex.) até as mais resistentes (crotalária, guandu arbóreo,
p. ex.);

Tabela 3.1: Características botânicas das principais espécies de adubos verdes de inverno
cultivadas no estado de Santa Catarina

F amília A ltu r a DA QUANT. DE MAI ÉKIA QUANT. DEMATÉRL\ C iclo


N ome comum
botân ica pla n ta ( c m ) VERDE ( t/ h a )* sec a (T/HA)* (DIAS)

A veia preta graminea 80 a 150 21,5 4,1 210


Centeio graminea 80 a 150 16,6 4,5 190
A zevém graminea 40 a 70 19,5 4,8 250
Chincho leguminosa 45 a 60 10,9 2,2 190
Ervilha
legum inosa 50 a 80 16,4 2,4 160
forrageira
Tremoço legum inosa 80 a 120 18,0 3,4 210

Serradela legum inosa 40 a 60 25,6 3,9 210

Nabo forrageiro Crucífera 100 a 150 36,0 3,7 180

Gorga Cariofilácea 40 a 50 9,7 1,8 200

*valores aproximados
Fonte; Wildner e outros (1995).
C a pít u l o m - E s pe c ific a ç õ e s de P r o je t o 27

Tabela 3.2; Características botânicas das príncipais espécies de adubos verdes de verão
cultivadas no estado de Santa Catarina
F a m íl ia A l t i v a DA Q u a n t . d e m a t é r l <v Q u a n t , d e m a t é r ja D clo
N om e com um
b o t â n ic a pla n ta (c m ) v e r d e ( t / h a )* seca ( t/ h a )* (d l \ s )

planta
Mucuna-anã Leguminosa 23,4 4,1 180
trepadora
Feijão de porco Leguminosa 70 a 90 29,2 5,3 180
Crotalária Leguminosa 200 a 280 31,0 6,6 220
Guandu anão Leguminosa 70 a 160 21.5 4,8 210
planta
Lab-lab Leguminosa 32,0 4,0 180
trepadora

Guandu arbóreo Leguminosa 250 a 350 26 8,2 210


Leucena Leguminosa 150 a 200 19,2 6,3 180
planta
Mucuna-cinza Leguminosa 23 4,5 260
trepadora

*valores aproximados
Fonte: Wildner e outros (1995).

=> capacidade de manejo da resteva de milho, a qual apresenta uma grande resistência ao
corte;
=> o equipamento deverá ser capaz de triturar (cortar e picar) uniformemente as plantas de
cobertura vegetal, sendo que os fragmentos devem ser suficientemente pequenos para
evitar o embuchamento nas máquinas de preparo do solo e semeadura;
também, deverá ser possível fazer ajustes na altura de corte do equipamento, permitindo
variar a altura em que a cobertura será cortada e
operar em situações limitantes para outros implementos de manejo de coberturas vegetais
(solos arenosos e solos com cascalho e pedras).

3.4. P a r â m e t r o s M e c â n ic o s

No que diz respeito aos parâmetros mecânicos, os principais constituem-se da


potência necessária ao acionamento da máquina (corte e picagem da cobertura vegetal), as
dimensões construtivas mais adequadas, sendo que nas considerações de tais dimensões estão
envolvidos os esforços oriundos de rotações, cargas de impacto, o desgaste em peças móveis,
entre outros, e também o interfaceamento com a fonte de potência a ser utilizada e com o
operador.
C a pít u l o n i - E spec ific a ç õ es de P r o je t o _____________________________________________________________ 28

A julgar pelas informações até aqui levantadas com relação às fontes de potência
disponíveis aos pequenos agricultores (tratores de pequeno porte e tração animal), pode-se
concluir que a adequacidade dos tratores de rabiça é bastante grande para o problema
proposto, mesmo levando em conta alguns fatores desfavoráveis a estes, já citados no
Capítulo I.
A ocorrência deste tipo de máquina em pequenas propriedades é bastante grande, o
que toma viável o projeto do picador para coberturas vegetais voltado para o trator de rabiças.
E, com relação à faixa de potência disponível, estes situam-se entre 13 CV (mais antigos) e 16
CV (mais novos). Portanto, a máxima potência consumida pelo implemento deverá ficar em
tomo de 10 CV (7,46 kW).
Também, deseja-se um acoplamento rápido e de fácil execução do implemento com
o trator de rabiças, possivelmente na parte frontal deste. Esta disposição do implemento
também leva em conta o aspecto da segurança do operador, haja vista que poderá ocorrer o
arremesso de pedras e outros resíduos sólidos durante a operação de manejo da cobertura. E,
evidentemente, deverão ser previstos anteparos junto às peças móveis da máquina, mais uma
vez em função da segurança.
Em se tratando agora das dimensões mais apropriadas para o implemento, a largura
útil de trabalho constitui-se em uma das mais importantes. Isto porque tal dimensão está
relacionada diretamente com a quantidade de potência consumida. Apenas a título de
exemplificação, Kanafojski e outros (1972), em experimentos realizados com picadores do
tipo facas oscilantes (Figuras 2.7 e 2.8) trabalhando em cobertura de alfafa, os menores
consumos de potência foram observados quando a velocidade periférica das facas Vo, oscilava
entre 25 e 28 m/s e, dependendo da velocidade de deslocamento da máquina Vm, os valores
para tal potência, dada em unidades de potência por metro hnear de largura de trabalho
(HP/miinear ), oscílavam desde 5 HP até 18 HP. Assim, pode-se concluir que o consumo de
potência de um equipamento deste tipo é bastante alto, o que toma necessária uma análise
criteriosa para se determinar as dimensões ótimas da largura de trabalho.
Outras dimensões, tais como a largura total, a altura e o comprimento da máquina
devem ser estudados com cautela, pois tais dimensões influem não só na estabilidade do
conjunto implemento-trator de rabiças, como também na facilidade de operação e no conforto
do operador.
E, evidentemente, todo o dimensionamento mecânico relativo a peças giratórias
(polias, eixos, p.ex.), comprimento e espessura de lâminas, dimensões de elementos de
fixação, entre outros, será feito levando-se em conta as rotações de trabalho, os desgastes
C a p ít u l o i n - E spe c ific a ç õ e s de P r o je t o ____________________________________________________________ 29

envolvidos, os impactos com pedras e outros resíduos sólidos (o que possivelmente exigirá
algimi tipo de tratamento térmico nos elementos de corte), bem como a resistência ao corte
das diversas espécies vegetais utilizadas como cobertxu-a vegetal.

3,5 N e c e s s id a d e s dos C o n s u m id o r e s

Neste capítulo, até agora, foi apresentada uma caracterização dos potenciais
consumidores para o produto aqui em desenvolvimento, e também foram levantados os
principais parâmetros agronômicos e mecânicos que visam nortear o processo de projeto.
De posse dessas informações, parte-se agora para uma maior descrição e
caracterização da qualidade esperada para o produto, tendo por base as necessidades e desejos
dos consumidores. Tais necessidades foram então obtidas junto a especialistas, bem como em
outros projetos de máquinas agrícolas para pequenos agricultores, desenvolvidos no
Laboratório de Projeto, atual NeDEP.
E também, tendo por base artigos de revistas especializadas, periódicos e outras
referências bibliográficas, pôde-se ter uma visão mais abrangente sobre o problema da
mecanização agrícola em pequenas propriedades rurais, o que foi de grande auxílio na
listagem das reais necessidades dos consumidores.
Em sendo assim, na seqüência serão listadas tais necessidades numa forma
qualitativa, sendo então convertidas em requisitos de projeto (quantitativas) através da
ferramenta do QFD-Quality Fimction Deployment, originando assim as especificações de
projeto do produto. Também deve-se ressaltar que será utilizada apenas a 1- Matriz do QFD,
também conhecida como Casa da Qualidade, não sendo desenvolvidas as demais matrizes.

3.5.1. Os clientes e suas necessidades

Antes de se listar as necessidades dos clientes, é interessante que tais clientes sejam
agrupados e classificados de acordo com a relação que apresentam com o produto a ser
projetado. Assim, existem os clientes externos, os clientes intermediários e os clientes
internos.
Os clientes externos são as pessoas ou organizações que irão usar ou consimiir o
produto. Tais clientes desejam então que o produto apresente atributos como: qualidade, baixo
preço de aquisição e manutenção, segurança, eficiência, durabilidade, confiabilidade, fácil
C a p ít u l o III - E s pe c ific a ç õ e s de P r o je t o _____________________________________________________________ 30

operação, visual atrativo, entre outros. Os desejos destes clientes devem ser tratados com a
máxima prioridade, pois são estes que determinam o sucesso ou fracasso do produto.
Os clientes intermediários são os responsáveis pela distribuição, vendas e
marketing do produto. Normalmente, estes clientes esperam que o produto satisfaça a todos os
desejos e necessidades dos clientes externos, o que é um fator determinante para o sucesso de
vendas do produto.
E, os clientes internos são os fabricantes e o pessoal envolvido no projeto e na
produção do produto. O desejo destes clientes é que tal produto contenha operações de
fabricação e montagem fáceis e seguras, utilize recursos disponíveis, componentes
padronizados e também produza um mínimo de refugos e partes rejeitadas.
Assim, na listagem das necessidades dos clientes, estão envolvidos todos os três
tipos, alguns de forma mais explícita (clientes externos), outros de forma implícita (clientes
intermediários e internos).
As necessidades de desempenho funcional, aparência, custos, manutenção,
interfaceamento e fabricação do implemento, estão descritas na seqüência:
1. o produto deverá apresentar baixo custo de aquisição, bem como ter uma boa durabilidade;
2. deverá ser de fácil operação, não necessitando regulagens complexas, nem tão pouco
grandes esforços por parte do operador, quando da necessidade de manobras;
3. o acoplamento com o trator de rabiças deverá ser fácil e rápido e também tal conjunto
deverá apresentar boa estabilidade;
4. quaisquer partes móveis que representem risco ao operador deverão ser providas de
anteparos de proteção (correias, polias, acoplamentos, entre outras);
5. deverão ser previstas proteções contra o arremesso de pedras ou tocos, os quais podem ser
lançados pelos elementos ativos (de corte) da máquina;
6. a manutenção deverá ser fácil, rápida, barata e não deve necessitar de mão-de-obra
especializada, haja vista o fato dos poucos recursos de que dispõem os pequenos agricultores,
bem como o seu nível de conhecimento tecnológico;
7. o implemento deverá apresentar capacidade de manejo para diversas espécies de cobertura
vegetal, desde as mais tenras até as mais resistentes ao corte;
8. capacidade de trituração uniforme das espécies, resultando em fragmentos suficientemente
pequenos para evitar o seu acúmulo à frente dos elementos móveis das máquinas de preparo
do solo e semeadura;
9. deverá ser possível ajustar a altura de corte do implemento, permitindo variar a altura em
que a cobertura será cortada;
C a p ít u l o III - E s pe c ific a ç õ e s de P r o jeto ______________________________________________________________ 31

10. a potência consiunida deverá ser a menor possível, evidentemente combinada com a maior
largura de corte possível;
11. o implemento deverá ser suficientemente leve e compacto, facilitando seu transporte e
armazenamento (estima-se o valor da massa total através da análise de outros equipamentos
similares, acopláveis ao trator de rabiças, ou seja, em tomo de 120 kg);
12. ter boa aparência, ser robusto e possuir boas características ergonômicas;
13. a sua fabricação e montagem deverá ser a mais simplificada possível, o que contribui para
a diminuição dos custos de produção;
14. procurar-se-á utilizar para a fabricação do implemento materiais padronizados e de baixo
custo, bem como componentes de geometria simples.

3.6. D e s d o b r a m e n t o da F u n ç ã o Q u a l id a d e - Q F D

De posse das necessidades dos clientes, faz-se agora a transformação destas em


requisitos de projeto, fazendo uso da ferramenta do QFD. O Anexo A apresenta uma breve
descrição a respeito de tal ferramenta, bem como são mostrados os passos básicos para a
montagem da Casa da Qualidade.
A seguir, a Figura 3.4 apresenta a Casa da Qualidade para o picador de cobertura
vegetal. Posteriormente são listadas as Especificações de Projeto e, para cada uma destas,
associa-se um “valor meta” que se deseja atingir, um “sensor” que pode ser entendido como
um método ou um instrumento que verifica se os objetivos estão ou não sendo atingidos, e
também as “saídas indesejáveis” que representam o que se pretende evitar com a agregação de
determinada especificação.
C a p ít u l o n i - E sp E cm cA çõ E s de P r o je t o 32

P ic a d tr de co be rtura ve g e ta l

R tlicte CoBD> X CoiM»


F. PosítM) •¥
Pofitivo +
Neçüivo - ♦
F.HeeatiTO
R atM « 0 XOn««
+
Forte #
Médio &
Fnro O 2]S 2

m
■ã
o ■o ■8i-s:.s;-s ■Si 1 i
3 |
1 1 K
Í| 1
1 I I ! I 1 1 u I i I I 1 i l l I j l 1
1
T T T T T i" i i i | | T 'i j ~ Õ
1 1 j J i l l i _ L n i i i J - i
J it q u is lt o s d t Q u a lid a d t •8
' *1.
â
1 C la s s lf . d o s l ü iq . : c r t t á r l o c o m t a lh a à o ~ j ítá b jj > í j : ,b - b
S F :è ,is » | E h ,K 0 ÍÊ . i ' ; S
â . i s
r~^
ã ü r in ã ¥ rr~ 35
F a n d o n lid k d e • o o o ¥ 'Õ ¥ o i . ,
■ 1
fS c fl d e o p e ra r ¥ o ® • [® ® õ ¥ "o o o ¥ Q iO :«
s
R
j x B o q o d e ^ ^ á ria s c o b e r t u r a s ¥ • ® ¥ O O ¥ • o « • ® «
j—
^ p ic a g e m u B í f b m i c o ® ¥ • ! 0 o . ® 1® O <3
s i___
if ic f l E ju ste n a a ltu ta d e c o r te iO ® r ~ ® ¥ ¥ F ■' ¥ ® ® L® ® ® 'o O Õ !í5 '

| t^ o c o n s u m o d e p o tâ a c ia • • :Q jO « • ¥ o ® ® ® Q »
'S f . Ê . l Z
it a rg u ra d e c o r t e m a io r p o s s i v d > • • • ■ '0 • r ~ ® ® • o w
1® i^ -
b a ix a v ib r a ç ã o lO o • ¥ ò |,- :® O o ® o ' ® o • O !M
L ---
w S n O C O fT C r • iO ® ¥ o [® • ® ® ® ® • • \S 2
®
| b à o r u íd o o O ! o 1® o Õ ¥ o 0
o 10 ®
i“
ju t ã iz a ç ã o e m t e r r o i o s in c & ia d o s ® • o o Õ ¥ ¥ • o o o o ¥ Õ

la c io n a d o p o r t ra t o r d e ra b iç a s — Õ • ® Ù o o o O
__ j • • o i® ®
[c o n fiã v d • O ¥ ® 1 • • ® ®, • |44
i
M an ute nção \ m a n u t e n ^ o f f i c il e i ^ i i è b [ õ • o • ® i õ n õ ® õ i 3B

f rfY a t rt^ y rt g g o ® ® @ ® o 10
r -
jd is p e n s á v d m S o - d e - o b i a e s p e d s l i z ® o ® ¥ õ 23
5 L li l á
p e ç a s s im p le s e d e f ã c ü a q u is iç ã o ¥ o • o ® o U
1 o
a 4d
5 p o u c a n e c e s s id a d e d e r a a o u te n ç S a • i ® o o o ¥
Ü
— n
3 f& c ü s u b s t it u iç ã o d e p e ç a s Õ 7 W ® i ¥ • IS
Î
« C u sto s h a iy n c U S tO dC • ® <s> ô ; ¥ • 0 ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ • • õ O j ei
H
- i b e iz o c u s t o d e o p e rs ç S o & • ® ' é # i o o • 41
O i ■
h a i g n c U ? t O d s « « a w n i* * n ç j lii • :® ¥ o é ¥ õ Õ o \ la • ¥ 44
I ® — J
1 i
lo le r f t ic c a m c Q t o o p e ra ç ã o se g u ra o õ a ® ' ® ® Q i CO
® : o ___ 1¥ 1

1 i s e m p a r t e s m ó v e is e a tp o sta s ¥ • • õ ■ i é ¥ .4 ' '•


'1 ® IS
i — ! X
[ r ^ d o a c o p iã ín e n t o c o m t ra t o r • O ; õ ¥ i Q o ¥ õ \ j
■~1
b o a s c a r a c t e r ís t ic a s c r g o n 6o iic a s i • ® õ l ¥ ¥ O @ 14
B ®
õ ® • ¥ õ ¥ O ® : 34
1 ! ■
•~1
j ■ ■1 7
^ » rã ic ia a p a re n ta r ro b u ste z o ® ¥ O ¥
u
v is u a l a p a d í T d o • O j Q O i o o o 2
2 : & !
a c a b a m e n t o s im p le s õ o ® : o õ ® o 2
®
F a b r ic a ç ã o m a t e ria is d e b a ix o c u s t o a õ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ • • • ¥ [4 3
®
m a t e ria is d e b o a t r a b a lh a b ilid a d e õ ¥ ® ;i
G
fr> q tJ» riy « j e ^ n f i m A n * a ¥ ¥ • õ □ • õ 27

m a t e n a is r e c ic lã y e is ¥ ® u

p r o c e s s o s d e f e ln ic a ç io s in ç le s o ¥ o • ¥ □ o 91

c o n q ia a e D t e s d e g e o m e t r ia s i n ^ l a t ® o ¥ • ® □ ¥ ' 33
2
p o u c o s c o m p o n e n te s . õ o • õ ® o ® ¥ a

t o le r â n c ia s g r a n d e s ; o « õ õ õ õ ® • • • 76

S ID Ç lllf ic id f c . ' ' ' ® ® • • ® S2


® i®
I (—
!" ! !
o <N
ro to r: 2 ^ . p 2 i |h i
i !3
£ p i 1 § Ï R 8 1 w 1 » s
“ 1*
K R
« J_ , 1 . !

C t a s i t f . d o s í tm q . : e n t t r l o stm t t lh a d o V- ■b «3 ;
h . 5 ^ V 3 c3
à E à Ï à ÍL

Figura 3.4; Casa da Qualidade para o Picador de Cobertura Vegetal


C a pít u l o n i - E spe c ific a ç õ e s de P r o jet o 33


«s li o §•
« ’S S*õ
3 o> -^■S- cxttE o
O
2 | ^
v9
O o 00
c« o
o =* . •§«> . °Un ci ?C S S '5.
«2 o cd’ci ^
111
•ü-S " <n^'C 3 2 l7 ;l3l0-2Í2

3 o 6 ■a^ s .g e « 2 g.2 g-3 o o „'-g 3
o 2'53 õ S i CJu q/)‘ S 0) ^
«a o c 2C O.SS t-
S o
a ,« .S -ca
«"O p 55
4) N JJ 2

'P
wí p
ed C CO
O Cd O
3
CQ 4>
‘^'E.’Si I
2 c H.

■§ c 6 §
0-2
l l
<g o w â |s

cs Cd o «n
E ò C
— o «ü .
T3
o § ò
Cd-o Cd |S
3 o
f•o
.§•§
cd
op
•a.S
«S o O
s EÕ
f s ^2 ê -s ca
Cd o Eu-. C
íáS |S J 13 g s '§ s .is
Ss
3 a- li- •S S.
CO
<
II O crt
t/3
Jo u
•o o
E-S
c

'll
o
«u-o
Cd
< « Crt
i3
VO
-O-TD
<u o .
•o
O
s
OJ "
o
^T 3 í
E "‘ o
"2 g,
o g D
Q 0-0 •0.5
^s Cd o
g S '3
< u
3
00 g .§ k-c ^
^s
-n
3 'i i e<D5Ӑ "O G.
u
3 «
u D O
3
H ll s E

•S •O
o
ICO
t>

o*
Cd
0
I0>
Cd
3
e
'CO
Cd

a«<o
cA
Cd
.
o
B-ÍJ
2
Ao
<L) a>
.§■8“
o
S o^
CO

ê
3
•Ol§
o <>■
o. ca
T3 Q .
u u 0^3 ■" O
^2
O c/)
1
o
"i-g O
ícd ll Cd ü !•§ ‘ 2 'S
o .g
s •0-0 S,ü Õ)
STu C
"■õ'0
0 SS
-O
,s
•O C XJ li cí
o
«í :
s ^
o>5«
0 .5
'«•S, ca S O.
•o n - E .S o
s00° •o o
o
«3 C/5 IÜ ijHca <1>4> O
50-0 O
íá-e
O
D 3 D X s fe §
C j3j
CJ U 0> o
U 3 -8
I>*M
u >
-Cd
U
‘S
> 1
O a> o s>^ 0
•o -§ -o ^ T3
CO -§§ o
O « d E 2Se 1 o
■§ o C lU 5
o
o 3 •O i-a E U MS
p o' 3J T3 1>
íi o o E 00 o 3 |
e «r^ o . 0-5
o
j-'S. o
,0 •§S
O n
-«•i 1O 8 C s ■g.§"
o a>-w EÊ■ “
o ^ o- O O 00
'O s -«2
s u .s

€1^ E E
Pt: C< oí E E

0 O
•73
c
B Cd
ÍTi
1 03
u>
Cd
§ w

I
CO o KooH
o
•S-
c
0>
E
o
ai
•O
(d
E
<L>

I
B Cd 0> *cd N
-o O ■♦-*
3 0> "S
‘C C •S s
e c
3 Cd e
Q.^
E E
OO
<4H •s 0>
T3.0- 0> S
3 Q. •o
T3 T3
0:2 O '3
2 '§
3 ^
o & d
ts >

cn
3 di •§
o
tS
u
3
j
I T3
>
Cd
O
u
U
3

ON
C a pít u l o III - E spec ific a ç õ es de P r o jeto 34

CA h'
o"« .g ^ s .
0 'ã o o
•c.s E E
«>■53 « § qSui
ea C 01 62 S
c 0>w
« t s
CAQ
g
5>
l l » .2-2-S
8 ^ B«
'Í |- J S .
e0_O
4>0.■-53'.X
2G « S ^ 00 ■ 3 <S‘« £ e ’- S | I Í '3 '^ w 'c (i>
0-0 á o 05 >CO
S-oJ-í s S 7, i a § 8-g.|'§c
a |2 g §
SÃ" R.«a & Hõn° 8§
■o <U^T3
i m
? E S ** S j s S3
ÍHí
•o §*> I
C o </3U
irs
§ 8 | 3 .£ - o
0315 8.
Itll
O g.M
w ^ °S o •«
A « 8ía °ü

4>
S O ’^
'I
O T3 Cd
■§ O Ê
ed l'S
|- § d l i
ê S í l s Í .Í 3 12 d
c'*:, ,s ® s 6 '§ S
8 '" l i l |.§ l.
.2 -0
O
c
<4>
Egfe-«
|i ®
4>
a£'J
;a>
"S Z H
Oh

o
T3
o (ü
-T3
-8
i> o %
0>
O .
3*3. « .« S
õ" Í2
e -^ s t> g U õ ’| ã>S
.« a •o i3 c/i
« a .§ sfe-i •S c
o § S.
•S ^ E
4 )^ 1> I I If -

I
^ 2 :s
.“ S Õ . E5> 1 « ! o> c
u •0 4 )^
3 E - 1U § '§ '§ .8 « O E
< 3 P < S •c a._o>
Ê Ou
u tc:
'Cd 'õ í.g
U

ed
ò
c
o |^ 2§
S
'S.S 2 r-*' 3§ ? Í | | o
S“ « *T3 0>
1S«^ M 73
« c S 0^1
X
S 5>JS
>o
S <N fe.
o E -Cd

00 60
Dí ed
(m
O o
X

c c
0> o
i
3
c
ed
E
Cd
•T3
E *1
aX §
E
i2
*0,
o
s 4>

I 4>
•O
'o
c
S
c
8
ed
Sr
o -c
4>'^
T3 eo
4>
>
'O o
TS cx
a
'Õ E
:3 CA o
c
ed
S
ri
I
U|
s
Pu<
Tf
il
(J-O i
CL, H
00
o.
E
ti
Os
C a pít u l o m - E spec ific a ç õ es de P r o je t o 35

4> ^ o
P >IoO- o S8ÍI - t
«00
s g
o « «
'Õ o o o oP

:sS.8 ^ E « Ö : i i í
Cd SSÄ«Jí
-TD C«

i r
s - l i-s 3 . 2
<S2|-0o §0-


ed

■il
OO
28 t) "O'3
^ s

CA O
O -o

1*3 S
I o |l

II"
^v->1Xi -§
00^ %Ö
<U-b Ò
•o (U'Ç O -I
O’O.'S O •81
|^ § Ou

C<

» I
%
I
.2
Cd

14>
o
-§ o 4^
s4>
0)
•o c
o *S
o.
E
u
<s
o
acn
<s
C a p ít u l o IV

P r o j e t o C o n c e it u a l

4.1. I n t r o d u ç ã o

Dando continuidade ao processo de projeto do picador de cobertura vegetal, parte-


se agora para o desenvolvimento conceituai do referido implemento. Para tanto, toma-se
como ponto de partida as Especificações de Projeto estabelecidas no Capítulo 3, com o
objetivo de se alcançar um implemento que satisfaça aos anseios dos consumidores.
Inicialmente desenvolveu-se a estruturação flmcional do produto, na qual é criado
um modelo de funções bastante abstrato do produto a ser projetado. Assim, várias funções são
combinadas para formar uma estrutura funcional simples e lógica, facilitando a posterior
pesquisa de princípios de solução e alternativas de concepção para o produto.
Em seguida buscam-se, com o auxílio de métodos e ferramentas diversas,
princípios de solução para as várias subfunções estabelecidas na estruturação funcional. Estes
princípios de solução são então agrupados em uma matriz morfológica, a qual mostra-se uma
ferramenta particularmente útil na combinação de tais princípios. E por fim seleciona-se,
dentre as combinações formadas, a mais promissora.
Neste trabalho, aplica-se uma metodologia de estimativa de custos de produtos,
desenvolvida por Ferreira (1997). Em seu trabalho. Ferreira afirma que no processo de
desenvolvimento do produto, o custo deve ser um parâmetro ativo, como um parâmetro de
projeto qualquer, e não um fator resultante deste processo. Ainda, na etapa de projeto
conceituai, as tomadas de decisões são responsáveis pela fixação de aproximadamente 65%
do custo final do produto, uma vez que são levantadas as especificações do produto, definidos
os requisitos de operações, fatores de desempenho e eficiência, configuração do sistema,
entre outras características que definem o comportamento do produto durante seu ciclo de
vida.
Partindo desta premissa. Ferreira propôs uma sistemática para estimar e avaliar o
custo do produto de modo compatível com as informações disponíveis na fase de projeto
conceituai, com o intuito de fornecer suporte às tomadas de decisões relacionadas à seleção
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 36

da melhor estrutura funcional e melhor alternativa de concepção do produto, tomando este


processo menos subjetivo, mais sistemático e criterioso.
Em suma, a metodologia de estimativa de custos proposta por Ferreira (1997)
apresenta 9 passos para a sua aplicação, e pode ser sintetizada na Figura 4.1.

Figura 4,1: Síntese da metodologia de estimativa de custos proposta. Ferreira, (1997).

E, à medida que se desenvolve o projeto conceituai do picador de cobertura vegetal aqui


apresentado, os 9 passos propostos na metodologia são brevemente explanados e aplicados.

4.2. D e s e n v o l v im e n t o d a estr u tu r a de fu n ç õ es do pro du to

Conforme Pahl e Beitz (1995), a partir da análise e abstração dos requisitos de


projeto do produto (estabelecidos no capítulo anterior), pode-se identificar uma função total
que, baseada no fluxo de energia, material e sinal, e ainda com uso de um diagrama de
blocos, expressa a relação existente entre as entradas e as saídas do sistema, independente da
solução a ser escolhida para o sistema.
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 37

Partindo-se desta premissa, estabelece-se então a fimção total para o picador de


cobertura vegetal, mostrada na Figura 4.2 a seguir.

Função Total
Energia
Energia
(perdas mecflnicas)
Cobertura vegetal

>
Cobertura vegetal
picada e espattiada

Figura 4.2; Função total do picador de cobertura vegetal

Da maneira como se apresenta a função total, a busca por soluções para o problema
em questão toma-se bastante complexa, razão pela qual procura-se decompor esta função
total em subfunções de menor complexidade.
Desta forma, a função total “picar cobertura vegetal” pode ser decomposta da
forma mostrada na Figura 4.3.

Enargia
Em rgia - (perdai macánlcas)

C o im b ra vagaW Cortar 1 ^ Picar 1 Espalhar Cotwrturavagctal


n io cartada cooeraira I ^ cobaftura I fragmentos picada « «spathada

lnlbrmac<o ............ ► !

Figura 4.3: Subfunções do picador de cobertura vegetal.

Primeiramente, o implemento deverá cortar a cobertura vegetal, após deverá picar a


cobertura para posteriormente espalhá-la uniformemente sobre o solo. E, conforme definido
nas Especificações de Projeto, o comprimento dos fragmentos picados deverá estar entre 50 e
150 mm, o que facilita o trabalho posterior de semeadura.
Foram estabelecidas algumas notações para representar a estratura de funções do
implemento, a saber;
• uma linha pontilhada em preto representando a fironteira do sistema;
• as subfunções são descritas por um verbo + um substantivo;
C a pít u l o rv - P r o je t o C o n c e it u a l 38

• as entradas do sistema ficam agrupadas do lado esquerdo, e as saídas do lado direito da


fronteira;
• o fluxo de energia no sistema é representado em vermelho, o fluxo de material em verde e
o fluxo de informações em linha pontilhada azul.
Neste ponto, pode-se detalhar um pouco mais a estrutura funcional apresentada na
Figura 4.3, agregando-lhe outras subfunções, e detalhando os fluxos de energia e de
informação. E, mais de uma estrutura funcional pode ser gerada, variando-se a disposição das
subfunções com relação aos diversos fluxos envolvidos.
Assim, foram sintetizadas diferentes estruturas funcionais, porém foram analisadas
apenas duas possibilidades consideradas as mais promissoras, apresentadas respectivamente
nas Figuras 4.4 e 4.5.

Cnofgla 1 *

energia f
Trensmttir Tran«mltir 1 Transmttír
«rwign-picar 1 naro p

CeMrtuRv*8fCal , Cobtrturavagatal
niB cortada cob^ra I ^|fragnrientQS|— picada « «»palhad«

teolar Opêrador
Í opwador| Sftguro

VWooldadtd«
translado
Cnergta 2 '
EnM9*«2- ... - *
Mover
^

Imi^emento — 1
^ movimemo
1 Suportar -J
Implemento

Figura 4.4: Primeira estrutura funcional proposta para o implemento.

Figura 4.5: Segunda estrutura funcional proposta para o implemento.


C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l ________________________________ ___________________________________ 39

Basicamente, o que diferencia as duas estruturas é a ocorrência em paralelo das


subfiinções “cortar cobertura” e “picar cobertura” na segunda estrutura, ao passo que na
primeira estrutura tais subfunções ocorrem em série. Os diversos fluxos de energia, material e
informação permanecem inalterados.
Ambas as possibilidades apresentam viabilidade do ponto de vista técnico, porém
para se determinar qual a melhor solução para o problema, faz-se também uma análise das
duas estruturas do ponto de vista econômico.
Para tanto, aplica-se a partir deste ponto a metodologia de estimativa de custos, já
citada no item anterior. A seleção da melhor estrutura funcional do produto é realizada então
através do emprego de uma matriz de decisão, a qual analisa cada vima das estruturas frente
aos requisitos técnicos e de custos. Esta matriz de decisão compreende o passo 4 da
metodologia proposta.
Antes porém, de se analisar tal matriz, deve-se fazer um esclarecimento com
relação aos três passos anteriores da metodologia proposta.
No passo 1, faz-se o levantamento das necessidades dos clientes com relação ao
produto, sendo divididas em necessidades técnicas e necessidades de custo. Este
levantamento foi efetuado no Capítulo 3, sendo tais necessidades mostradas na Casa da
Qualidade, Figura 3.4.
No passo 2, são estabelecidos os requisitos técnicos e de custos necessários ao
desenvolvimento do produto. Após, tais requisitos são relacionados às necessidades dos
clientes, empregando a primeira matriz do QFD, a fim de se obter os requisitos técnicos e de
custos mais importantes.
A Tabela 4.1 lista os Requisitos de Projeto para o picador de cobertura vegetal,
com seus respectivos pesos relativos.
Na primeira coluna são mostrados os valores dos pesos calculados considerando
ambos os requisitos, técnicos e de custos (P R rp ). Na segunda coluna são apresentados os
valores dos pesos levando em conta apenas os requisitos de custo (PRrc ), e na terceira
coluna são mostrados os valores dos pesos levando em conta somente os requisitos técnicos
(PRrt).
Deve-se fazer uma pequena ressalva quanto ao requisito “custo do produto”. Este,
foi considerado como sendo a soma dos custos de fabricação, material e montagem do
equipamento. Assim, o custo do produto está implícito no cálculo dos pesos das
especificações de projeto, apresentado na Tabela 4.1.
C a p ít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 40

Tabela 4.1; Requisitos de Projeto e seus pesos relativos.


Or dem d e incortâncl ^ d o s r eq uisito s d e P rojeto P eso s R elativos
PR«p(% ) PR rc Í%) PR r t (%)
1. Custo de fabricação 8,21 2 6,04
2. Custo de manutenção 7,06 22,4
3. Cobertura uniforme 6,27 9,15
4. Custo de material 6,00 19,06
5. Tempo de fabricação 5,85 8,54
6. Largura de trabalho 5,83 8,52
7. Fragmentos adequados 5,81 8,48
8. Vida útil 5,52 8,07
9. Peças padronizadas 5,35 7,82
10. Custo de montagem 5,16 16,37
11. M assa total 4,98 7,27
12. Freqüência de manutenção 4,68 6 ,84
13. Potência consumida 4 ,4 2 6 ,46
14. Custo de operação 4,21 13,37
15. Núm ero de materiais diferentes 3,31 4,83
16. Partes m óveis expostas 3,28 4 ,7 9
17. Tempo de manutenção 3.24 4,73
18. Tem po para acoplamento 3,20 4 ,6 7
19. Núm ero de operadores 2,85 4 ,16
20. N ível de ruído 2,60 3,80
21. Componentes recicláveis 1,28 1,87
22. Custo de teste e avaliação 0,89 2,76
Sòfnaíôriò d ó s ^ ^ ; 100;% 100 % />vioo%'-|,?:í

No passo 3, a metodologia propõe que sejam estabelecidas as especificações


técnicas e de custos do produto. Resumidamente, as especificações técnicas do produto são
mostradas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2; Especificações técnicas do produto.


R equisitos T écnicos E specificações t Tícnicas
Cobertura uniforme 100 % do solo coberto
Tempo de fabricação M enor tempo possível
Largura de trabalho Em tom o de 1000 mm
Fragmentos de tamanho adequado Entre 50 e 150 mm de comprimento
Vida útil 5 anos
Peças padronizadas 100%
M assa total Em tom o de 120 kg
Freqüência de manutenção A cada 50 h de trabalho
Potência consumida Máximo de 7,46 IcW
Número de materiais diferentes M enor número possível
Partes m óveis expostas M enor número possível
Tempo de manutenção Mínimo tempo de manutenção
Tempo de acoplamento Máximo 30 min.
Número de operadores Somente um operador
N ível de ruído M áximo de 85 dB para 8 h diárias
Componentes recicláveis 100%
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l ____________________________________________________________ 41

E os valores relativos às especificações de custos foram determinados considerando


as características do implemento, bem como a experiência de especialistas no
desenvolvimento de máquinas agrícolas destinadas a pequenos e médios agricultores. Tem-se
em mente os seguintes valores: R$ 950,00 para o custo meta do protótipo, considerando-se
apenas os custos de fabricação, material e montagem, e R$ 1840,00 para o custo total do ciclo
de vida (estimativa).
A Tabela 4.3 apresenta as especificações de custo para o produto.

Tabela 4.3: Especificações de custos do produto.


C l M O S D O L IC I OIJI VJn^ F s P1(.1ITL \(,()IM )1 c i s i o
E C R „ ( % dos custos do ciclo de vida) ECA„
Custo de fabricação 15,5 % R $ 285,00
Custo de material 31% R $ 570,00
Custo de montagem dos subsistemas 5% R $ 95,00
Custo de manutenção (para 5 anos de vida útil) 10,5 % R $ 190,00*
Custo de operação do produto (para 5 anos de vida útil) 31 % R $ 570,00*
Custo de teste e avaliação 7% R $ 130,00
To im 100% R $ 1840,'00
* Estimativa

Neste ponto, pode-se aplicar o passo 4 da metodologia de estimativa de custos, no


qual desenvolve-se uma matriz de decisão para apoiar o processo de seleção da melhor
estrutura funcional do implemento. A Tabela 4.4 apresenta tal matriz.
Na avaliação técnica das estruturas, os símbolos utilizados apresentam a seguinte
correspondência numérica:
• =>desempenho excelente =>10
© =>desempenho satisfatório =>5
o =>desempenho fraco => 1
E na avaliação de custos das estruturas, os símbolos utilizados apresentam a
seguinte correspondência numérica:
=>custo alto =>10
- => custo médio =>5
=>custo baixo => 1
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 42

Tabela 4.4: Matriz de decisão de apoio ao processo de seleção da estrutura funcional.


M atriz d e D ecisão E sto utura s F u n c io n a is (EF, )
Requisitos T écnicos e E specificações d e C usto 1 2

Requisitos T écnico s PP-rtm(°/») AVALLAÇÃO TÉCNICA DAS ESTRUTURAS


Cobertura uniforme 9,15 • •
Tempo de fabricação 8,54 © •
Largura de trabalho 8,52 • •
Fragmentos adequados 8,48 • •
Vida útil 8,07 • ©
Peças padronizadas 7,82 • •
M assa total 7,27 © •
Freqüência de manutenção 6,84 © ©
Potência consumida 6,46 • ©
Núm ero de materiais diferentes 4,83 © •
Partes m óveis expostas 4,79 • •
Tempo de manutenção 4,73 © •
Tempo para acoplamento 4,67 © •
Núm ero de operadores 4,16 • •
N ível de ruído 3,80 © ©
Componentes recicláveis 1,87 © ©
Índice DE D esem penho TÉCNICO ( n > T ,) 7 87,25 : 864,8

E specificações DE C u sto s : e c r «(%) AVALL«lÇÃO DE CUSTOS DAS ESTRUTURAS


Custo de fabricação 15,5 t -

Custo de material 31 —

Custo de montagem 5 -

Custo de operação 31 >4^ -

Custo de manutenção 10,5 -


Custo de teste e avaliação 7 -

ÍNDICE DE D esem penho d e C usto s (IDC,) 661 : 500

RELAÇAOENTRE O IDT j EO IDC, 1.19 1,73 :

Como pode ser observado, as estruturas funcionais apresentam distintos índices de


avaliação com relação a alguns requisitos técnicos e de custos, isto devido à ocorrência em
paralelo das funções “cortar cobertura” e “picar cobertura” na segunda estrutura funcional
proposta, o que pode induzir ao uso de um único sistema, mais leve e compacto. E, da mesma
forma, com relação aos custos do ciclo de vida, a utilização de um único sistema que execute
as funções supracitadas simultaneamente, resulta em um menor número de componentes,
diminuindo assim o custo do implemento.
Avaliadas as estruturas funcionais frente aos requisitos técnicos e às especificações
de custos, faz-se agora a seleção da mais adequada estrutura funcional para o implemento.
Esta seleção corresponde ao passo 5 da metodologia de estimativa de custos. Assim, sob o
ponto de vista técnico, os pequenos agricultores consumidores deste tipo de produto buscam
um implemento que satisfaça as suas necessidades da melhor maneira possível. Portanto,
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c eitu a l 43

deve-se procurar selecionar a estrutura funcional que apresente um desempenho técnico


superior.
Com relação aos custos, sendo o implemento destinado a pequenos agricultores,
toma-se fundamental que os custos envolvidos sejam os mais baixos possíveis. Desta forma,
busca-se selecionar a estmtura funcional que apresente o custo mais baixo.
Em sendo assim, objetiva-se então xmia estmtura funcional que apresente um baixo
custo e elevado índice de desempenho técnico. E, tomando o resultado obtido com o
preenchimento da matriz de decisão mostrada na Tabela 4.4, conclui-se que a segunda
estmtura funcional é a mais adequada para o projeto do implemento.

4.3. D e s e n v o l v im e n t o d o s p r in c íp io s d e s o l u ç ã o

Partindo da estmtura funcional escolhida, desenvolve-se agora a busca por


princípios de solução visando atender às subfunções propostas. Em sendo assim, para cada
subsistema em que o implemento se divide, foram listados princípios de solução, o que
acabou por facilitar a análise final da solução conceitual do implemento.
Inicialmente, elaborou-se uma lista dos vários princípios e em seguida sua
organização em forma gráfica, mostrada na Figura 4.6.

Descrição dos elementos da Matriz Morfológica

Sistema de acionamento

A.1 - Acoplamento de atrito (embreagem Sistema estrutural


mecânica) C. 1 - Estmtura tubular
A.2 - Esticador de correias C.2 - Estmtura de chapas de aço
A. 3 - Acoplamento de atrito cônico C.3 - Estmtura de ferro fiindido
A.4 - Acoplamento por luva de engate
Sistema de corte
Sistema de transmissão de potência D.l - Corte com facas oscilantes
B. 1 - Transmissão por correias D.2 - Corte com facas helicoidais
B.2 - Transmissão por correntes D.3 - Corte com discos horizontais
B.3 - Transmissão por engrenagens D.4 - Corte com segadoras
B.4 - Transmissão por eixo cardã D. 5 - Corte com fios de aço
B.5 - Transmissão por rodas de atrito D .6 - Corte com correntes
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c eitu a l 44

Sistema de picagem F. 3 - Distribuir por sopro e direcionador tipo


E. 1 - Picar com facas oscilantes fixo
E.2 - Picar com facas rotativas múltiplas
E.3 - Picar com rolo “pente” Sistema de suporte e regulagem da altura
E.4 - Picar com rotor tipo cilíndrico de corte
E. 5 - Picar com facas rotativas duplas G. 1 - Patins com ajuste de altura discreto
E .6 - Picar com correntes G.2 - Rodas com ajuste de altura discreto
G.3 - Patins com ajuste de altura contínuo
Sistema de distribuição dos fragmentos G.4 - Rodas com ajuste de altura contínuo
F. 1 - Distribuir por direcionador tipo fixo
F.2 - Distribuir por espalhador rotativo

Figura 4.6; Matriz Morfológica para o picador de cobertura vegetal

4.4. G e r a ç ã o d e c o n c e p ç õ e s a l t e r n a t iv a s

A partir da Matriz Morfológica, foram geradas várias concepções para a solução da


tarefa de projeto, combinando-se os diversos princípios de solução para cada uma das
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 45

subfunções em que se divide o implemento. Durante o arranjo destes diversos elementos,


teve-se sempre em mente a compatibilização com os requisitos técnicos, bem como com as
especificações de custos.
Assim, foram estabelecidas quatro alternativas de concepção para o implemento,
apresentadas na Figura 4.7.

Figura 4.7: Alternativas de concepção para o picador de cobertura vegetal

A primeira concepção considera o uso de um mesmo sistema para a realização das


funções “cortar cobertura” e “picar cobertura”, o que induz a simplificações técnicas e
redução de custos. A estrutura é composta de chapas de aço recortadas e soldadas, conferindo
rigidez ao implemento. O sistema de transmissão de potência compõe-se de pares de
engrenagens, o que pode acarretar em maiores custos e dificuldades técnicas devido à relativa
precisão construtiva. Aqui, faz-se uma pequena observação: independente do sistema de
transmissão de potência escolhido nas concepções I, III e IV, o sentido de rotação do sistema
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l ______________________________________________ __________ 46

de corte e picagem deverá se inverter, fazendo com que os fragmentos picados sejam
arremessados na direção oposta ao operador, provendo segurança ao mesmo. Esta inversão é
necessária devido ao sentido de rotação da polia motora do trator de rabiças.
Quanto à distribuição dos firagmentos, é utilizado um direcionador fixo, e a
interface de potência com o trator de rabiças faz-se por correias em “V” . Por fim, a regulagem
da altura de corte apresenta ajuste discreto.
Já a segunda concepção difere da primeira principalmente pelos sistemas utilizados
para o corte e a picagem da cobertura. Nesta concepção tais funções são executadas
simultaneamente, porém por sistemas distintos, o que pode acarretar em custos maiores e
maior complexidade técnica. A transmissão de potência se dá por rodas dentadas e correntes,
e a estrutura compõe-se de tubos de aço dobrados e soldados, o que também garante boa
rigidez ao implemento. E, a regulagem da altura de corte é feita por ajuste contínuo.
A terceira concepção utiliza, tal como na primeira, um único sistema para cortar e
picar a cobertura. Porém, possui estrutura de tubos de aço dobrados e soldados, e a
transmissão de potência feita por rodas dentadas e correntes. Com exceção ao sistema de
suporte e regulagem da altura de corte, que é do tipo contínuo, os demais sistemas são
idênticos aos da primeira concepção.
E por último, a quarta concepção apresenta estrutura em ferro fundido, o que pode
acarretar em maiores custos de fabricação. O sistema de corte e picagem é idêntico ao das
concepções I e lU, e a transmissão de potência por correias em “V”. O sistema de
acionamento faz-se por um acoplamento de atrito, a distribuição dos fragmentos picados
também por um direcionador fixo e a regulagem da altura de corte apresenta ajuste discreto.
Do ponto de vista técnico, todas as quatro alternativas de concepção apresentam
viabilidade, sendo necessário portanto realizar uma análise de custos para se determinar qual
a melhor alternativa, tomando a escolha da concepção mais criteriosa e menos subjetiva.
Assim, são aplicados a seguir os passos 6 a 9 da metodologia de estimativa de
custos, buscando uma alternativa de concepção otimizada.

4.5. S eleçã o da a l t e r n a t iv a d e co nc epç ão

No 6^ passo da metodologia de estimativa de custos proposta, executa-se um “Firm-


up” dos princípios de solução, refinando, estmturando e incorporando mais informações aos
princípios gerados.
C a p ít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 47

São então levantadas características e informações relativas à classe de material


constituinte (se aço, plástico, alumínio, entre outros), processos de fabricação (usinagem,
fimdição, soldagem, entre outros), dimensões básicas dos componentes constituintes dos
princípios de solução, informações sobre propriedades e características mecânicas dos
princípios, tais como potência, velocidade de deslocamento, entre outras, e demais
informações que caracterizem os princípios funcionais.
Estas informações são organizadas conforme mostrado na Tabela 4.5.

Tabela 4.5: Caracterização dos princípios de solução das concepções


-PRINCtPIOS DE SOLUÇÃO M aterial Processo de fabricação Outras características

Polias alumínio - -

Correias borracha e lona - -

Acoplamento de atrito discos de atrito - -

R odas dentadas aço 1045 torneamento e frezamento -

Correntes aço - -

Engrenagens aço 1045 torneamento e frezamento -


corte, torneamento e -
Eixos aço 1020
frezamento
M ancais aço - mancais de rolamento

Estrutura em chapas de aço chapas de aço 1020 corte, dobramento e soldagem -

Estrutura em tubos de aço tubos de aço 1020 corte, dobramento e soldagem -

fundição, frezamento e furação


Estrutura em ferro fundido ferro flindido ■ _

R otor central aço 1020 corte, torneamento e soldagem balanceado dinamicamente


corte, dobramento, soldagem e tratamento térmico para
Facas de corte ferro chato
frezamento endurecimento

torneamento, frezamento e
Rotores verticais aço balanceado dinamicamente
furação

torneamento, corte, furação e tratamento térmico para


Picador tipo cilíndrico aço endurecimento dos
soldagem
elementos de corte
Defletor chapas de aço corte, dobramento e soldagem -
Espalhador rotativo tubos e arames de corte, torneamento e soldagem -
aço

Rodas de apoio aço e rodas de


- -
borracha

Suporte das rodas de apoio Tubos de aço corte, torneamento, soldagem


-
e furação

No passo 7, são então estimados os custos do ciclo de vida para cada uma das
alternativas de concepção. Antes porém, algumas considerações devem ser feitas em virtude
da natureza deste projeto.
C a p It u l o rv - P r o je t o C o n c eitu a l ____________________________________________________________________ 48

Conforme propõe Ferreira (1997), tal estimativa leva em conta todos os custos do
ciclo de vida do equipamento, englobando produção, manutenção, operação, descarte, testes e
avaliações, entre outros. Assim, com o intuito de simplificar o problema, serão considerados
aqui apenas os custos de produção e construção do protótipo, dado pela soma dos custos de
fabricação, material e montagem, desconsiderando os demais. Isto porque os custos do ciclo
de vida são de complexa determinação, principalmente por se tratar do desenvolvimento de
um protótipo.
O custo de fabricação será estimado multiplicando, respectivamente, para cada
processo de fabricação necessário à construção do implemento (torneamento, frezamento,
furação, corte, soldagem e montagem), o custo por hora de fabricação pelo tempo necessário
de fabricação.
Também, será considerado um custo médio por hora de torneamento, frezamento e
soldagem de R$ 15,00, valor obtido junto à empresas prestadoras deste tipo de serviço. Para
os processos de frezamento, montagem e fijração será considerado um custo médio por hora
de R$ 10,00, e por hora de corte de chapas, R$ 5,00. Nestes valores já estão inclusos os custos
de mão de obra, encargos sociais, depreciação de maquinário, ferramentas, lucros das
empresas, gabaritos, entre outros.
Os custos de material (chapas de aço, mancais, barras de aço, componentes
prontos, entre outros) obtidos junto ao mercado, são mostrados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Custos de aquisição de componentes e materiais.


D escrição do comtonentk / material Custo DE AQUISIÇÃO
chapa de aço SAE 1020, espessura de 6,35 mm R$ 45,00/m^
tubo de aço, 0im. nom. de 36 mm ( I ‘A”), 0ca. de 42,25 mm R$3,5G/m
tubo de aço, 0Ba de 115 mm e 0m, de 108 nim RS 40,00 / m
ferro fimdido R$ 1,50/kg
ferro chato 3/16” x 1” (barra) R $5,97/m
chapa de aço SAE 1020, espessura de 1,52 mm R$ 15,00/m^
rodas do sistema de suporte ( 0 de 160 mm) R$ 19,00 a unidade
barra de aço SAE 1020, 0,Km. 1” R $9,30/m
par de engrenagens do sistema de transmissão de potência R$ 60,00 a unidade
mancai de rolamento R$ 26,00 a unidade
corrente para o sistema de acionamento RS ll,0 0 /m
roda dentada para o sistema de acionamento R$ 15,00 a unidade
polia para o sist^ a de acionamento R$ 19,00 a unidade
correia para o sistema de acionamento R$ 13,00 a unidade
acoplamento de atrito (embreagem mecânica) R$ 80,00
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c eitu a l ____________________________________________________________________ 49

A) Estimativa do custo de produção do sistema de acionamento

A.1) Estimativa do custo de material


O sistema de acionamento das concepções I, II e III é composto de uma polia com
dois canais, duas correias em “V”, um sistema esticador de correias, um eixo e dois mancais
de rolamento com os devidos suportes. Estimando que o eixo do sistema terá
aproximadamente um diâmetro de 25 mm e um comprimento de 350 mm, o seu custo
estimado de material será de R$ 3,30. E, para o sistema esticador de correias, considerando
este formado por uma polia plana e uma alavanca, tem-se um custo estimado de material de
R$ 12,00. Portanto, considerando os custos apresentados na Tabela 4.6, tem-se um custo
estimado de material de R$ 120,00.
A concepção IV é composta de uma polia, duas correias em “V”, um acoplamento
de atrito (embreagem mecânica), quatro mancais de rolamento com os devidos suportes e
dois eixos. Estimando os eixos com diâmetro de 25 mm e comprimento de 150 mm, o seu
custo estimado de material será de R$ 2,80. Assim, o custo estimado de material desta
concepção é de aproximadamente R$ 230,00.

A.2) Estimativa do custo de fabricação


O custo de fabricação deste sistema pode ser sintetizado na Tabela 4.7.

Tabela 4.7; Estimativa do custo de fabricação para o sistema de acionamento.


Concepções I, II e ni Concepção IV 1
Tempo estimado de torneamento Ih 2h
Tempo estimado de frezamento Ih Ih
Tempo estimado de soldagem 0,25 h 0.25 h
Custo estimado de fabricação do sistema R$33,75 RS 48,75

A.3) Estimativa do custo de montagem


Para as concepções I, II e III, estima-se um tempo de montagem de 3h, o que
resulta em um custo de R$ 30,00. E para a concepção IV, estima-se um tempo de 4h, devido à
necessidade de maiores ajustes (embreagem mecânica). Isto resulta em um custo estimado de
montagem de R$ 40,00.
Assim, tem-se para o custo estimado de produção do sistema de acionamento os
valores mostrados na Tabela 4.8.
C A PtruLo rv - P r o j e t o CoNCErruAL 50

Tabela 4.8; Estimativa do custo de produção do sistema de acionamento.


Concepções I, II, e III Concepção IV
Esticador de CMieias Acoplamento de atrito
A. 1) Custo de material R$ 120,00 R$ 230,00
A.2) Custo de fabricação R$ 33,75 R$ 48,75
A.3) Custo de montagem RS 30,00 RS 40,00
Custo estimado de produção do sistema de acionamento R$ 183,75 RS 318,75

B) Estimativa do custo de produção do sistema de transmissão

B.l) Estimativa do custo de material


O sistema de transmissão da concepção I compõe-se de um par de engrenagens,
duas polias, duas correias em “V”, dois mancais de rolamento com os devidos suportes e um
eixo.
Considerando os valores apresentados na Tabela 4.6 e, para o eixo um diâmetro de
25mm e um comprimento de 280 mm, os custos com material são estimados em R$ 216,80.
Já a concepção II, é composta por cinco rodas dentadas, seis esticadores de
corrente, um eixo, duas polias, uma correia em “V”, cinco mancais de rolamento com os
devidos suportes e três correntes. Estimando-se usar um eixo com 25 mm de diâmetro e
comprimento 500 mm, este terá um custo de material de R$ 4,65. E para as correntes, estima-
se utilizar um total de cinco metros, o que resulta em R$ 55,00.
Assim, o custo estimado de material desta concepção é de R$ 293,65.
A concepção III apresenta duas rodas dentadas, uma corrente, duas correias, duas
polias, dois esticadores de corrente, dois eixos e dois mancais de rolamento com os devidos
suportes. Considerando uma corrente de 1200 nun de comprimento, seu custo é de R$ 13,20.
E para os eixos, um de 300 mm de comprimento e outro de 100 mm, ambos de 25 mm de
diâmetro, apresentam um custo estimado de R$ 2,80 e R$ 0,95 respectivamente. Portanto,
esta concepção apresenta um custo estimado de material de R$ 156,95.
E, para a concepção IV tem-se basicamente duas polias e duas correias em “V”, o
que resulta em um custo de material de R$ 64,00.

B.2) Estimativa do custo de fabricação


O custo de fabricação do sistema de transmissão pode ser sintetizado na Tabela 4.9.
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c eitu a l 51

Tabela 4.9: Estimativa do custo de fabricação do sistema de transmissão.


Concepção 1 Concepção n Concepção ni Concepção IV
Engrenagens Corraites Correntes Correias
Tempo estimado de torneamento 2h 3h 2h 2h
Tempo estimado de frezamento Ih Ih Ib Ih
Tempo estimado de friração 0,25 h Ih 0,25 h 0,5 h
Tempo estimado de soldagem - 0,25 h 0,25 h -

Custo estimado de fabricação do sistema R$ 62,50 R$ 95,00 R$ 67,50 R$65,00

B.3) Estimativa do custo de montagem


Para as concepções I, II e rv, estima-se um tempo de montagem de
aproximadamente 2h, o que resulta num custo de R$ 20,00. E para a concepção II estima-se
um tempo de montagem de 3,5 h, o que implica em R$ 35,00.
Portanto, o custo estimado de produção do sistema de transmissão pode ser
sintetizado na Tabela 4.10.

Tabela 4.10: Estimativa do custo de produção do sistema de transmissão


Concepção I Concepção II: Concepção in Concepção IV
B. 1) Custo de material R$ 216,80 R$ 293,65 R$ 156,95 R$ 64,00
B.2) Custo de fabricação R$ 62,50 R$ 95,00 R$ 67,50 R$ 65,00
B.3) Custo de montagem R$ 20,00 R$ 35,00 RS 20.00 R$ 20,00
Custo estimado de produção do sisteina de transmissão : ; R$ 299,30' R$ 423,65 ■: R$244,45 R$ 149,00

C) Estimativa do custo de produção do sistema estrutural

A mesma análise realizada para estimar os custos de material e fabricação dos


sistema anteriores é empregada na estimativa dos custos da estrutura do implemento, os quais
estão sintetizados na Tabela 4.11.

Tabela 4.11: Estimativa do custo de produção do sistema estrutural


Concepção I_____ Concepção II Concepção OI Concepção IV
Chapas de aço* Perfil tubular** Perfil tubular** Ferro fundido
Quantidade de material 0,9 m^ 6,5 m 5,5 m 95 kg
C. 1 Custo de material da estrutura R$ 40,50 R$ 23,00 RS 20,00 R$ 142,50
Tempo estimado de corte 1,5 h 1,5 h 1,5 h -

Tempo estimado de dobramento - Ih Ih -

Tempo estimado de soldagem Ih 1,5 h 1,5 h -

Tempo estimado de âiração Ih Ih Ih -

C.2 Custo estimado de fabricação da estrutura RS 32.50 R$ 50,00 RS 50,00 RS 10,00


Custo èstimado de produção dá eslrutuni R$73,00 R$73.00 R$70,00 R$152,50
*; chapa de aço SAE 1020, com 6,35 mm de espessura
**: tubo de aço, 0nom. ba. de 36 mm, 0 « . de 42,25 mm,.
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c eitu a l _______________________________ ____________________________________ 52

D) Estimativa do custo de produção dos sistemas de corte e picagem

D.l) Estimativa do custo de material


Nas concepções I, III e IV, as funções de cortar e de picar são desempenhadas pelo
mesmo mecanismo, ou seja, um tubo metálico (rotor) no qual são afixadas lâminas de corte.
Assim, tal mecanismo é composto por um tubo com diâmetro externo de aproximadamente
115 mm e diâmetro interno de 108 mm, e comprimento de 1000 mm. As lâminas de corte são
fabricadas a partir de uma barra de ferro chato de 4 mm x 25 mm e apresentam um
comprimento de 120 mm. Tais lâminas são em número de 20, aproximadamente.
Além destes materiais, utiliza-se ainda dois eixos e dois mancais de rolamento,
com os devidos suportes.
Desta forma, considerando os eixos com diâmetro de 25 mm e comprimento de 120
mm, e os valores da Tabela 4.6, tem-se para o custo de material destas concepções, o valor de
R$ 123,50.
Já para a concepção 11, as funções de cortar e picar são desempenhadas por
mecanismos distintos. O mecanismo de corte é composto por dois discos metálicos de 450
mm de diâmetro nos quais são afixadas lâminas de corte, dois eixos de 25 mm de diâmetro e
350 mm de comprimento e dois mancais de rolamento (os outros dois mancais de rolamento
já foram considerados no sistema de transmissão).
E o mecanismo de picagem é composto de um tubo metálico no qual são afixadas
facas oscilatórias, dois mancais de rolamento e dois eixos de 25 mm de diâmetro e 120 mm
de comprimento.
Assim, considerando também os valores da Tabela 4.6, tem-se para o custo de
material desta concepção, o valor de R$ 289,00.

D.2) Estimativa do custo de fabricação


A mesma análise realizada para estimar os custos de fabricação dos sistemas
anteriores é empregada aqui para estimar os custos de fabricação dos sistemas de corte e
picagem. Tais custos estão sintetizados na Tabela 4.12.
C a p ítu lo rv - P r o j e t o C o n c e itu a l 53

Tabela 4.12; Estimativa dos custos de fabricação dos sistemas de corte e picagem
Concepções I, III e IV Concepção n
Tempo estimado de corte 0,5 h 1h
Tempo estimado de tomeamenlo 2h 3h
Temíx) estimado de frezamento Ih 1,5 h
Tempo estimado de fiiração 2h 2,5 h
Tempo estimado de dobramento 0,3 h 0,5 h
Tempo estimado de soldagem 2,5 2,5 h
Custo estimado de fabricação dos sistemas R$ 108,00 R$ 140,00

D.3) Estimativa do custo de montagem


Para as concepções I, III e IV, estima-se um tempo de montagem de
aproximadamente 3h, o que implica em um custo estimado de R$ 30,00. E para a concepção
II, estima-se um tempo de montagem de 4h, resultando em um custo de R$ 40,00.
Assim, o custo estimado de produção dos sistemas de corte e picagem está
sintetizado na Tabela 4.13.

Tabela 4.13; Estimativa do custo de produção dos sistemas de corte e picagem.

D. I) Custo de material R$ 123,50 RS 289,00


D.2) Custo de fabricação R$ 108,00 RS 140,00
D.3) Custo de montagem R$ 30,00 RS 40,00
Custo estimado de produção dos sistemas de corte é picagem R$261,50 RS 469,00

E) Estimativa do custo de produção do sistema de distribuição dos fragmentos

O sistema de distribuição dos fragmentos é composto basicamente de um defletor


fixo, o qual direciona o material cortado para a parte posterior do implemento. Com a mesma
análise realizada para estimar os custos de material, fabricação e montagem dos sistemas
anteriores, estimam-se os custos dos sistema de distribuição, os quais estão mostrados na
Tabela 4.14.

Tabela 4.14; Estimativa do custo de produção do sistema de distribuição dos fragmentos.


Concepções I, IH e IV Con ãoU
Quantidade de material 0,8m^ Im^
E.] Custo estimado de material RS 12,00 R$ 15,00
Tempo estimado de corte 0,1 h 0,1 h
Tempo estimado de dobramento 0,25 h 0,25 h
Tempo estimado de soldagem 0,25 h 0,25 h
E.2 Custo estimado de febricação da estrutura RS 8,00 RS 8,00
Custo estimado de produção da estrutura R$20,00 : R$23,00
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 54

F) Estimativa do custo de produção do sistema de suporte e regulagem da altura de corte

O sistema de suporte e regulagem da altura de corte é composto por duas rodas de


giro livre, sendo que nas concepções I e IV o ajuste da altura é do tipo discreto. Já nas
concepções II e III, o ajuste da altura é do tipo contínuo.
Pela simplicidade apresentada, e levando-se em conta os valores da Tabela 4.6,
estima-se um custo de produção para as concepções I e IV de R$ 83,00, e para as concepções
n e III, R$ 115,00.
Ainda, na estimativa do custo de produção do implemento, deve-se considerar um
tempo necessário à montagem final das concepções. Assim, estimando que sejam necessárias
5h para a montagem das concepções, o seu custo estimado de montagem final é de R$ 50,00.
Resumindo, o custo estimado de produção das alternativas de concepção, obtido
através da soma dos custos estimados anteriormente, está sintetizado na Tabela 4.15.

Tabela 4.15; Estimativa do custo de produção das alternativas de concepção.


Concepção I Concepção n Concepção lH Concepção IV
Custo de produção
Sistema de acionamento R$ 183,75 R$ 183,75 RS 183,75 R$318,75
Sistema de transmissão R$ 299,30 RS 423,25 RS 244,45 R$ 149,00
Estrutura R$ 73,00 RS 73,00 RS 70,00 RS 152,50
Sistema de corte e picagem R$ 261,50 RS 469,00 R$261,50 R$ 261,50
Sistema de distribuição dos fragmentos RS 20,00 RS 23,00 RS 20,00 R$ 20,00
Sistema de suporte c regulagem da altura de corte RS 83,00 R$ 115,00 RS 115,00 R$ 83,00
Montagem fmal RS 50,00 R$ 50,00 RS 50,00 R$ 50,00
Custo estimado de produção do implemento R$970,55 RS 1337,40 R$944,70 RS 1034,75

A seguir, conforme propõe a metodologia no passo 8, deve-se desenvolver uma


matriz de decisão de apoio ao processo de seleção da alternativa de concepção do
implemento. Tal matriz traz uma avaliação de cada uma das concepções propostas, perante os
requisitos técnicos. Após esta análise, obtém-se um índice de Desempenho Técnico (IDT)
para cada concepção; este índice então é analisado conjuntamente com o valor do custo
estimado de produção de cada alternativa de concepção e, a partir daí, faz-se a escolha da
melhor alternativa de concepção para o implemento.
Na avaliação técnica das alternativas de concepção, os símbolos utilizados
apresentam a seguinte correspondência numérica;
• desempenho excelente =>10
© => desempenho satisfatório 5
C a p It u l o rv - P r o je t o C o n c eitu a l 55

O => desempenho fraco => 1

A Tabela 4.16 traz a matriz de decisão de auxílio à seleção da melhor concepção


para o produto.

Tabela 4.16; Matriz de decisão para seleção da alternativa de concepção do produto.


A lternatjvas de ConcepçAo
I n ÍV
Requisitos T écnicos PRrt A valiação das alternativas de concepção
cobertura uniforme 9,15 • ® • •
tempo de fabricação 8,54 o ®
largura de trabalho 8,52 • • • •
fragmentos adequados 8,48 • ® • •
vida útil 8,07 • • • •
peças padronizadas 7,82 ® ® ® O
massa total 7,27 o © o
freqüência de manutenção 6,84 • ® • ®
potência consumida 6,46 ® o © o
número de materiais diferentes 4,83 ® ® © o
partes móveis expostas 4,79 • • • •
tempo de manutenção 4,73 ® ® • ®
tempo para acoplamento 4,67 • ® • ®
número de operadores 4,16 • • • •
nivel de ruído 3,80 ® o ® •
componentes recicláveis 1,87 • • • •
índice de D esempenho T écnico ( ID T ) " ■ 782,75; 532,77 " i 806,4 638,68

CuSTÒ ESTIMADOde PRODUÇÃOdas ALTERNATIVASpE: ; R$970,55; ;:; . R$ 1337,40 R$944,70 R$ 1034,75


CONCEPÇÃO

De posse dos resultados apresentados na Tabela 4.16, percebe-se que a alternativa


de concepção II apresenta o menor índice de desempenho técnico e, o maior custo estimado
de produção. Isto porque tal concepção apresenta dois sistemas distintos para realizar o corte
e a picagem da cobertura vegetal, o que pode acarretar em maiores dificuldades técnicas e
maiores custos.
Já a concepção IV, com estrutura em ferro fundido e sistema de transmissão
composto por embreagem mecânica, apresenta uma massa total maior do que as outras
concepções, podendo ocasionar maior consumo de combustível e maior tempo para
acoplamento ao trator de rabiças. Soma-se a isto o fato da não padronização destes
componentes, o que acarreta em aumento de custos.
C a pít u l o IV - P r o je t o C o n c e it u a l 56

E, as concepções I e III apresentam índices de desempenho técnico e custos


estimados bastante próximos. Porém, no requisito técnico tempo de manutenção, a concepção
I apresenta valor um pouco inferior, devido ao sistema de transmissão, este composto por
engrenagens.
Assim, para se proceder à seleção da alternativa de concepção do produto, deve-se
procurar por uma solução que alie um desempenho técnico superior a um custo estimado
mais baixo. E, pela Tabela 4.16, obtém-se esta combinação na concepção IH. Assim, tal
concepção é apresentada na Figura 4.8, e foi escolhida como solução para o problema
apresentado.

Figura 4.8: Concepção escolhida para o picador de cobertura vegetal.

Concebida então a solução conceitual para o implemento, parte-se agora para um


maior detalhamento de projeto, definindo formas, dimensões e esforços, bem como os demais
valores que se fizerem necessários.
C a p ít u l o V

P r o j e t o P r e l im in a r

5.1 I n t r o d u ç ã o

Uma vez definida a solução conceitual, neste capítulo apresenta-se o


desenvolvimento preliminar do picador de cobertura vegetal. Determina-se aqui o leiaute dos
seus respectivos sistemas, bem como todo o dimensionamento que se fizer necessário.
Obedecendo a um encadeamento lógico, estabeleceu-se que os sistemas
primeiramente abordados seriam corte e picagem, estrutura, transmissão de potência e
acionamento, e suporte e regulagem da altura de corte. Os demais sistemas, tais como a
interface do implemento com o trator e as proteções que visam proporcionar segurança ao
operador, serão abordados na seqüência.
Por fim, determinou-se o centro de gravidade do implemento, bem como sua massa
total.

5.2 S ist e m a d e c o r t e e p ic a g e m

Numa primeira análise sobre tal sistema, faz-se necessário definir suas dimensões
principais, tais como a largura de corte, o diâmetro do tubo do rotor e o diâmetro total do
conjunto tubo do rotor com as facas de corte, em regime de trabalho.
Assim, a julgar pelas informações levantadas no Capítulo 3 relativas aos
parâmetros mecânicos, procurou-se definir tais dimensões, principalmente a largura de corte,
tendo por base a largura total do trator de rabiças (cerca de 870 mm). Ainda, segundo
Kanafojski et al (1972), já citado no Capítulo 3, picadores do tipo facas oscilantes podem
apresentar um consumo de potência bastante alto, dependendo da velocidade periférica das
facas, da velocidade de deslocamento da máquina e da largura de trabalho. Isto posto, adotou-
se preUminarmente a dimensão de 1000 mm para a largura de corte, 115 mm para o diâmetro
do tubo do rotor e 360 mm para o diâmetro total do conjunto tubo do rotor com as facas de
corte, em regime de trabalho.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 58

Num próximo passo, tendo em mente as dimensões supracitadas, foram estudadas e


definidas as facas de corte, sua geometria e forma de ação.

5.2.1 G e o m e t r ia e d is p o s iç ã o d a s f a c a s o s c il a n t e s

Quando do levantamento do estado da arte, foram identificados diferentes tipos de


ferramentas possíveis de serem utilizadas como facas oscilantes, sendo cada uma mais
apropriada para determinada situação ou terreno (corte de gramíneas, terrenos com pedras,
trituração de restos de culturas, trituração de galhos, etc.).
Algumas destas facas são mostradas na Figura 5.1.

Figura 5.1: Alguns tipos de facas para picadores - [a] padrão, [b] corte de arbustos, [c] corte
de gramíneas, [d] trituração de galhos.

No presente projeto optou-se pelo uso da faca padrão ou standard (tipo [a]), por ser
o tipo que melhor se adapta ao manejo de coberturas vegetais, segundo fabricantes de
picadores de grande porte. Assim, visando compatibilizar as dimensões preestabelecidas para
o rotor, adotou-se a geometria mostrada na Figura 5.2 para as facas de corte. E, o material a
se utilizar para sua confecção será aço ABNT 1020.
Evidentemente, com o uso continuado do equipamento, ocorrerá o desgaste do
gume de corte, sendo necessária a reafiação das facas. Assim, procurando otimizar esta
operação, as facas são providas de gumes cortantes em ambos os lados, tomando-as
reversíveis.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 59

,^.5

<Í>

/^ÍÇÍ-
j:./ 2 5 ,4

[b]
[a]
Figura 5.2; Geometria das facas de corte - [a] vista frontal, [b] vista lateral,
[c] vista em perspectiva (Dimensões em mm, s/ escala).

Levando em conta a largura das facas (60 mm), para uma largura de corte total da
ordem de 1000 mm, ter-se-ia em tomo de 17 facas, o que causaria certa dificuldade no que
diz respeito à fabricação (disposição das facas no tubo do rotor). Portanto, adotou-se um total
de 20 facas dispostas radialmente em 4 fileiras com 5 facas cada, conforme mostra a Figura
5.3.

ï ï I ï ï

[c]
Figura 5.3; Disposição das facas de corte no tubo do rotor - [a] vista frontal, [b] vista lateral,
[c] \ãsta em perspectiva.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 60

Ainda, cada fileira está defasada de 90° em relação à fileira adjacente e, para que
não ocorressem falhas no corte da cobertura, as facas foram dispostas em forma helicoidal ao
redor do tubo do rotor.
Esta disposição permitiu uma “varredura” completa ao longo de toda a largura de
corte sendo que, com tal arranjo conseguiu-se uma sobreposição em tomo de 12 mm na
trajetória de cada faca em relação à sua vizinha, conforme mostra a Figura 5.4.

A V

1*2 12.1
Af)
Figura 5.4; Sobreposição na trajetória das facas, decorrentes de seu posicionamento.

Quanto à fixação das facas no tubo do rotor, mostrada esquematicamente na Figura


5.5, esta foi feita por apoios (2) soldados ao tubo(5), sendo as facas seguras por um pino de
aço (3).

0 Faco de c o r t e
d) A p o io s s o ld Q d o s a o ■tubo d o
ro to r
(3) P ino d e o.ço

(?) C o n tr a p in o de f ix a ç ã o

(1) T u b ú d û rO tO r'

Figura 5.5: Detalhe da fixação das facas ao rotor


C a p ít u l o V - P r q je t q P r e l im in a r _____________________________________________________________________ 61

Com relação à necessidade de se realizar algum tipo de tratamento térmico nas


facas de corte, visando o aumento da dureza e conseqüentemente da resistência ao desgaste,
esta será avaliada quando da etapa de testes do protótipo. Assim, a principio nenhum
tratamento térmico será feito, o que evidentemente ajudará na redução dos custos de
construção do protótipo.
E, para finalizar a descrição deste subconjunto, em cada extremidade do tubo do
rotor foram soldadas pontas de eixo, nas quais foram montados mancais de rolamento rígidos
de uma carreira de esferas do tipo “unidade de rolamento tipo flange”. Tal mancai permite
um desalinhamento axial em tomo de 5° a 6° , o que acaba facilitando grandemente a
montagem do protótipo.

5.2.2 P o t ê n c i a c o n s u m id a p e l o s is t e m a d e c o r t e e p ic a g e m

Devido a falta de bibliografia a respeito, a determinação exata da potência


consumida pelo sistema de corte e picagem toma-se bastante dificil. De acordo com Persson
(1987), diversos são os fatores que influem na potência consumida quando do corte de
plantas;
t taxa de alimentação da máquina; * largura de corte;
• comprimento de corte; • geometria das facas de corte;
• umidade das plantas; • natureza do corte, se reto ou oblíquo;
• estádio de desenvolvimento das plantas; • distância entre a faca de corte e a contra-
• diferentes espécies de plantas; faca;
• altura do material a ser cortado; • geometria da contra-faca, entre outros.
• velocidade de corte;

Também de acordo com Persson (1987), o tipo de corte efetuado pelo implemento
aqui em desenvolvimento é chamado de “corte por impacto” ou “corte livre”. Isso devido ao
fato de não haver uma contra-faca que suporte o material a ser cortado, tal como ocorre em
máquinas forrageiras, por exemplo. Assim, a força de reação necessária ao corte é fornecida
pela inércia da planta e pela ancoragem desta ao solo.
De maneira bastante simplificada, pode-se representar as forças atuantes em uma
planta submetida a um corte por impacto, de acordo com a Figura 5.6.
C a pít u l o V - P r o je t o Pr e l im in a r 62

Figura 5.6; Forças atuantes no caule de uma planta em um corte por impacto.

Com base nesta representação, Wieneke (1972) citado por Persson (1987),
determinou a menor velocidade de corte necessária para que haja o cisalhamento do caule
da planta:

(5.1)

onde Fc é a força de corte (N), Fr a força resistente ao corte (N), hc a altura do corte em
relação ao solo (m), d o diâmetro do caule (mm), hco a altura do centro de gravidade da
planta em relação ao solo (m) e mp a massa da planta (kg).
Devido a grande variação das características das plantas, bem como a grande
variedade destas, a determinação de Fr toma-se complexa, devendo ser feita
experimentalmente. Porém, Persson (1987) apresenta algims resultados de testes realizados
por outros pesquisadores.
Chancellor (1987) observou que velocidades de corte da ordem de 10 m/s foram
suficientes, na maior parte dos casos, para realizar cortes por impacto, e que valores mínimos
de 20 a 25 m/s foram necessários em alguns casos. Concluiu também, que se a altura de corte
em relação ao solo diminuir, menores velocidades de corte podem ser aplicadas. Outro
pesquisador, Dobler (1972), observou que velocidades de corte v^ da ordem de 10 m/s foram
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 63

consideradas satisfatórias em plantas de caule espesso, tais como o girassol e “sudan grass”
(espécie de graminea semelhante ao capim elefante anão).
De acordo com Kanafojski (1972), já citado no Capítulo 3, em picadores do tipo
facas oscilantes, o valor da razão entre a velocidade de deslocamento da máquina Vm e a
velocidade de corte v^ é de grande importância. Testes mostraram que os melhores resultados
(menores consumos de potência) foram obtidos quando
1
vk 20
Ainda, o mesmo autor apresenta um exemplo das variações do consimio de
potência (HP/miinear de largiira de trabalho) para diferentes velocidades de deslocamento da
máquina, bem como para diferentes velocidades periféricas das facas. A Figura 5.7 apresenta
estes dados.

Vm- IJíniís

Figura 5.7: Variação do consumo de potência de um picador, dependendo de Vme v^.


Cobertura de alfafa, com 77% de umidade. Kanafojski (1972).

Da análise deste gráfico, conclui-se que o menor consimio de potência especifico é


conseguido quando Vk atinge cerca de 27 m/s. Substituindo este valor na equação 5.2, obtém-
se um valor de v^ da ordem de 1,35 m/s.
Tendo em mente a rotação inicialmente adotada para o sistema de corte e picagem
(1500 rpm) do picador de cobertura vegetal, bem como sua geometria, obtém-se a velocidade
de corte Vk em tomo de 25 m/s. Porém, para esta velocidade e aplicando a equação 5.2, o
valor correspondente de v^ chega a 1,25 m/s, o que acarreta um consumo maior de potência.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r _____________________________________________________________ 64

Assim, levando em conta a limitação da potência disponível (10,44 kW) devido ao


uso do trator de rabiças, procurou-se fixar para a velocidade de deslocamento da máquina o
valor de 0,58 m/s (2,08 km/h), que é a velocidade obtida na segunda marcha do trator.
A potência total requerida para o sistema de corte e picagem pode ser calculada
pela equação
Nj = Nc + Nv + Np, + Np + Np (5.3)

onde Nc é a potência necessária para cortar e picar o material, Ny a potência necessária para
vencer a resistência do ar ao movimento das facas, Np, a potência necessária para acelerar o
material, Np a potência necessária para vencer a fricção do material com as partes
estacionárias da máquina e Np a potência necessária para vencer o atrito entre as partes
móveis da máquina (perdas mecânicas).
De acordo com Persson (1987), a potência requerida para cortar e picar o material é
proporcional á energia de corte específica, bem como á quantidade de material a ser cortado.
Conforme já mencionado, a determinação exata da potência de corte é bastante complexa,
sendo por este motivo que alguns pesquisadores o fazem de maneira experimental.
Bockhop e Bames (1955) realizaram experimentos com colhedoras de forragens,
nas quais os elementos de corte atuavam como as facas oscilantes já aqui descritas.
Tais experimentos foram conduzidos com duas espécies de forragens, a saber: a
alfafa, cuja semelhança com a aveia é bastante grande e a “sudan grass”. E, como principal
objetivo destes testes procurou-se determinar as solicitações de potência impostas por tais
colhedoras.
Basicamente, foram analisados dois modelos de colhedoras de forragens; o modelo
“standard” (do original standard model) e o modelo “econômico” (do original economy
model). Na Figura 5.8, são mostrados os fluxos de material cortado, para cada um dos
modelos. E na Figura 5.9, são mostrados os elementos de corte para cada um dos modelos.
Assim, utilizando-se de técnicas de instrumentação, bem como de análise de
regressão linear, foram determinadas as solicitações de potência para cada um dos modelos
testados.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 65

D ireçíj do movimenfo
Psra 0 coletor/rarreta

Elemenio òe torle

« m i
a) b)

Figura 5.8; Fluxo do material cortado - a) modelo “standard”, b) modelo “econômico”.

Figura 5.9; Elementos de corte utilizados por Bockhup e Bames (1955) -


a) modelo “standard”, b) modelo “econômico”.

Para o modelo “standard”, cujo princípio de funcionamento apresenta grande


semelhança com o picador de cobertura aqui em desenvolvimento, a equação resultante para
o cálculo da potência de corte é:
Pc = 2,85 + 0,0389.Ai para alfafa (5.4)

Pc = 2,27 + 0,03. A, para “sudan grass’" (5.5)

onde Al é a taxa de alimentação, em Ib/min e Pc a potência de corte, em HP.


Segundo os citados autores, nas equações 5.4 e 5.5 estão inclusos os valores da
potência necessária ao corte das plantas, a potência necessária para picar o material cortado, a
potência necessária para acelerar o material e a potência gasta devido ao atrito do material em
contato com as partes estacionárias da máquina (proteções). Mencionam ainda, que não foi
possível separar cada um destes valores e determiná-los individualmente.
Desta forma, levando em conta as características das forragens trabalhadas, sua
semelhança com -a aveia e com o capim elefante anão, respectivamente, bem como o
princípio de funcionamento do modelo “standard” analisado, utilizou-se das equações
supracitadas para uma primeira aproximação da potência consumida no picador de cobertura
vegetal.
C a pítu l o V - P r o je t o P r e l im in a r _____________________________________________________________________ 66

Retomando à equação 5.3, com relação a potência requerida para ventilação


(resistência do ar ao movimento das facas), esta não será considerada no cálculo da potência
final para o implemento, pois para a sua determinação não foram encontrados dados na
bibliografia consultada.
E, com relação às perdas mecânicas, considerando os diversos elementos de
transmissão, adotou-se um rendimento mecânico de 94% (Niemann, 1971), o qual resulta em
aproximadamente 0,84 HP (0,62 kW) de potência. Corrigindo então as equações 5.4 e 5.5,
obteve-se para a potência total

Pc = 3,69 + 0,0389.Ai para alfafa e/ou aveia (5.6)


e
Pc = 3,11 + 0,03. Al para “Sudan grass” e/ou capim elefante anão (5.7)

Portanto, a determinação da potência consumida no corte e picagem da cobertura


vegetal fica dada em função somente da taxa de alimentação, ficando implícitas as variáveis
velocidade de deslocamento da máquina e largura total de corte.
A título de exemplificação, a aveia preta apresenta uma quantidade aproximada de
massa verde de 20 ton/ha; considerando a velocidade de deslocamento da máquina de 2,08
km/h e a largura de corte, já preestabelecida em 1000 mm, obtém-se uma taxa de alimentação
média da ordem de 1,155 kg/s, ou 152,38 Ib/min. Levando este valor na equação 5.6, chega-se
a um consumo de potência de 9,61 HP, ou 7,069 kW.
Porém, como pretende-se utilizar para os testes do picador as espécies de cobertura
vegetal crotalária (em média 35 ton/ha de massa verde), mucuna preta (23 ton/ha de massa
verde) e milho intercalado com vegetação de menor porte (o qual fomece cerca de 20 ton/ha
de massa verde), procurou-se estimar o consumo de potência que o picador apresentaria,
tendo por base então as equações 5.6 e 5.7.
A Tabela 5.1 traz os valores da taxa de alimentação, bem como de potência
consumida para algumas espécies vegetais, tendo por base a velocidade de deslocamento do
implemento (em 1^ e 2- marchas).
Deve-se salientar o fato de que, quando da estimativa do consumo de potência no
processamento de outros tipos de cobertura, que não as citadas por Bockhup e Bames (1955),
as equações 5.6 e 5.7 deveriam sofrer correções. Desta forma tais correções deveriam,
conforme já citado, ser feitas de maneira experimental o que exigiria um estudo máis
aprofundado, conseqüentemente fixgindo do objetivo principal deste trabalho.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 67

Tabela 5.1; Estimativa do consumo de potência para o corte e picagem de algumas espécies
de cobertura vegetal.

Pc = 3,69 + 0,0369.A1 Pc = 3 ,ll + 0,03.A1


F (Ib/min) Pc (HP) F (Ib/min) Pc (HP)
1- marcha: 1^31 ian/h
aveia preta (20 torimv/ha)* 96 7,42

milho com veget. de menor porte (20 ton„„ /ha) 96 5,99

mucuna preta (23 toUmv /ha) 110,4 6,42

capim elefante anão (25 ton„v /ha) 119,96 6,71

crotalária (35 ton^v/ha) 168 10,23

2- marcba: 2,08 km/h


aveia preta (20 toHmv /ha) 152,38 9,61

milho com veget. de menor porte (20 ton^v /ha) 152,38 7,68

mucuna preta (23 ton„v/ha) 175,31 8,37

capim elefante anão (25 ton^v /ha) 190,55 8,83


crotalária (35 ton„v/ha) 266,77 ■; ; 14,06 :
*: toneladas de massa verde por hectare

Graficamente, as equações acima apresentam-se como retas de diferentes


inclinações, conforme mostra a Figura 5.10.

\P c 3 ,6 9 • 0,0389» Al 3 J ! ♦ 0.03«A1
c.v\, N F<lb/n> Pc<HPJ F Pc

2 - n a r c h o : 2 .0 8 k n /h ao t/hu 152,38 9.6Î 152,38 7.08

23 t/Ho 175,3J 8,37


33 t/n o 266,77 14.06
20 t/h Q 96 7 .42 96 3 .9 9

l* norcha:L31 kn/h 23 t/h o 110.4 6 ,4 2

1 1 .0 2 5 .„1 5 ^ 3 5 tv h a I6 fi 10,33

3 .6 9 + 0 ,0 3 8 9 ,Al

11 + 0.03.At
7,350.

3 ,6 7 5 . 5

Figura 5.10; Potência necessária ao corte e picagem das coberturas vegetais “versus’'
taxa de alimentação.
C a pítu l o V - P r o je t o P r e l im in a r _______________________________________________________________ 68

Porém, o que levou ao uso das equações anteriores para estimar a potência
consumida quando do corte e picagem de outras coberturas foi o fato destas esp)écies
apresentarem alguma semelhança com as espécies trabalhadas pêlos referidos autores. Por
exemplo, o milho possui semelhança com o capim elefante anão, no que diz respeito ao seu
porte; já a crotalária, não apresenta semelhanças com as espécies manejadas pelos referidos
autores. Isto faz com que o uso das equações 5.6 e 5.7 para o cálculo da potência consumida
deve ser feito com cautela. Também, a mucuna não apresenta semelhanças com as outras
espécies; porém, em fase de maturação esta mostra-se bastante suscetível ao corte, podendo
ser manejada com relativa facilidade.
Conclui-se portanto, que trabalhando em baixas velocidades de deslocamento (em
1- e 2- marchas no trator de rabiças), a potência disponível ao picador (cerca de 10,44 kW) é
suficiente para se proceder ao manejo das coberturas vegetais. Ressalta-se apenas o fato de
que, para cada tipo de cobertura há uma marcha de trabalho mais apropriada, como pôde ser
visto no resultado da equação 5.6, manejo da espécie crotalária trabalhando em 2- marcha (o
consumo de potência extrapolou a disponível). A verificação e validação das equações 5.6 e
5.7 será feito quando da fase de testes do protótipo.

5.2.3 B a l a n c e a m e is t o d o s is t e m a d e c o r t e e p ic a g e m

Devido á distribuição das facas em tomo do tubo do rotor (distribuição helicoidal),


bem como á alta rotação de trabalho (em tomo de 1500 rpm), surgiu a necessidade de se
balancear o rotor, balanceamento este estático e dinâmico. A Figura 5.11 mostra as forças
centrífugas provenientes de cada xmia das facas, e sua distribuição ao longo do tubo do rotor.
De acordo com Mabie e Ocvirk (1980), para que o rotor esteja balanceado estática
e dinamicamente, as equações

=0 (5.8)

e
=0 (5.9)

devem ser satisfeitas.


Porém, como tem-se uma situação em que as massas desbalanceadas estão em
planos axiais diferentes, partiu-se direto para o balanceamento dinâmico, pois este estando
satisfeito, também o estará o balanceamento estático.
CAPÍTUI.O V - P r o je t o p r e l im in a r 69

( 1) massas de balanceamento
(2) anéis de aço

Figura 5.11: Distribuição das forças centrífugas provenientes de cada faca,


ao longo do tubo do rotor.

Assim, tal procedimento foi efetuado junto à Empresa Retifica Nereu Ltda., a qual
possui uma máquina balanceadora marca Subra-Zanrosso, modelo 217/MS 800, mostrada na
Figura 5.12. O equipamento então detectou a necessidade da colocação de duas massas (1) de
150 gramas cada nas extremidades do rotor, diametralmente opostas, conforme mostra a
Figura 5.11.
Além das massas balanceadoras, foram acrescentados dois anéis de aço (2) nas
extremidades do rotor (conforme mostra a Figura 5.11), com o intuito de proteger os eixos do
rotor, bem como auxiliar no balanceamento dinâmico do conjunto.
C a p ít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 70

Figura 5.12: Máquina balanceadora Subra-Zanrosso (Gentileza Retifica Nereu - Palhoça, SC.)

5.3 S is t e m a E s t r u t u r a l

Tendo em mente a solução conceituai escolhida no capítulo anterior, procurou-se


determinar quais as melhores formas para a estrutura do implemento, considerando também
todos os outros sistemas que a ele seriam agregados. Desta forma, como parâmetro principal
já preestabelecido, as dimensões do conjunto tubo do rotor com as facas de corte, em regime
de trabalho, deveriam estar inseridas nas dimensões da estrutura, o que resulta nas dimensões
básicas de 1100 mm de largura por 400 mm de diâmetro.
Partindo dessa premissa, estabeleceu-se que os tubos a serem usados na confecção
da estrutura seriam de aço, com 42,5 mm de diâmetro externo e 36 mm de diâmetro interno.
A utilização destes contribuiu grandemente para o aumento da rigidez e resistência mecânica
do conjunto. E, para as laterais da estrutura, foram utilizadas chapas de aço com 6,35 mm de
espessura. A primeira versão da estrutura pode ser vista na Figura 5.13.
Um dos problemas percebidos nesta primeira versão foi o possível acúmulo de
vegetação nos rasgos das chapas, previstos para a montagem do rotor. Isto poderia acarretar
embuchamento do sistema quando em funcionamento. Um outro aspecto levantado foi o
insuficiente espaço para a alocação dos componentes da transmissão, uma vez que esta é
dependente das dimensões do trator de rabiças.
Desta forma, buscou-se posicionar os elementos de transmissão ao mesmo tempo
em que se modificava a estrutura, objetivando melhorar os aspectos levantados anteriormente.
C a pít u l o V - P r o je t o P r elim in a r 71

Figura 5.13; Desenho inicial da estrutura - a) vista lateral, b) vista em perspectiva.

Neste momento do projeto, optou-se por construir um modelo gráfico em três


dimensões, de forma a ter-se uma visualização mais concreta da estrutura. A Figura 5.14
apresenta o desenho modificado da estrutura, na qual os rasgos frontais foram inclinados para
baixo, ficando protegidos contra embuchamentos, bem como previu-se espaço suficiente para
a transmissão.

a)

Figura 5.14; Concepção final da estrutura - a) vista lateral, b) vista em perspectiva.

Outro aspecto da concepção final é a exclusão de duas operações de dobramento de


tubos, em relação à concepção inicial. Os tubos inferiores passaram a ser retos, facilitando a
fabricação e a montagem.
Para as dobras a 90°, foram utilizados cotovelos de aço soldados e, na parte traseira
da estrutura, uma chapa de aço de 6,35 mm de espessura une os tubos superior e inferior.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r _____________________________________________________________________ 72

5.3.1 PRÉ-PROTÓTIPO d o s is t e m a ESTRUTURAL

Quando da fase do Projeto Conceituai, observou-se a possibilidade de haver


dificuldades na movimentação e manobrabilidade do conjunto trator de rabiças e implemento,
quando em operação. Isto devido ao fato do implemento estar acoplado na parte frontal do
trator, visto que algumas experiências anteriores com protótipos na mesma situação
apresentaram alguns problemas.
Assim, com o propósito de sanar tais dúvidas, construiu-se então um pré-protótipo
utilizando-se cantoneiras dobradas e soldadas, cujas dimensões se aproximavam das reais
dimensões do implemento. As cantoneiras possuíam abas iguais, com 6,35 mm de espessura
por 25,4 mm de largura. Na parte frontal desta estrutura, foram posicionadas duas rodas de
borracha, com diâmetro de 310 mm. E, chapas de madeira colocadas no fundo da estrutura
completam a descrição desta, a qual está mostrada na Figura 5.15.

Figura 5.15: Pré-protótipo para testes de manobrabilidade do trator de rabiças.

Tal estrutura foi então posicionada na parte frontal do trator de rabiças, de forma
semelhante à proposta para a fixação do implemento, e a ela foram agregados sacos de areia
como forma de lastro. A massa total deste conjimto atingiu 130 kg.
Em seguida, na Fazenda Experimental da Ressacada-CCA-UFSC, o pré-protótipo
foi testado e avaliado. Como principal constatação, observou-se a ótima manobrabilidade do
conjunto, não apresentando dificuldades para o operador.
C a p ít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r _____________________________________________________________________ 73

Outro ponto a se ressaltar foi o posicionamento das rodas. Estas foram colocadas na
parte frontal do pré-protótipo, o que acabou provocando grande esforço no engate com o
trator de rabiças. Assim, para o implemento, procurar-se-á posicionar as rodas sob o centro de
gravidade deste, diminuindo as solicitações sobre a estrutura.

5.3.2 M o d e l o g r á f ic o

Conforme já citado anteriormente, o modelo gráfico em três dimensões construído


utilizando-se o software AutoCad® - R13, possibilitou não apenas uma melhor visualização
da estrutura mas também do restante do protótipo, pois ao modelo computacional foram
sendo agregados todos os subconjuntos, à medida em que estes iam sendo detalhados.
Também, através dos recursos disponíveis do software, foi possível calcular as
principais propriedades de massa de cada subconjunto, tais como centro de gravidade,
momentos de inércia e a massa total. Estes dados foram importantes para os cálculos de
dimensionamento do protótipo, principalmente o sistema de corte e picagem. No Anexo B
encontram-se alguns dos principais dados calculados.

5.4 S is t e m a d e t r a n s m is s ã o

Conforme comentado anteriormente, à definição da estrutura do implemento, foi


realizada simultaneamente a definição dos elementos de transmissão. Este sistema deve,
basicamente, transmitir a potência do motor do trator de rabiças para o sistema de corte e
picagem.
Isto posto, esquematicamente tal sistema é mostrado na Figura 5.16, a qual
apresenta as rotações de entrada, intermediárias e de saída, bem como as relações de
transmissão e os torques envolvidos.
E, na Figura 5.17, tem-se a distribuição do sistema de transmissão, desde o trator de
rabiças até o sistema de corte e picagem.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 74

/ Trator de rabiças
Mt = 58Nm
n = 1700 rpm
Transmissão
1= 1.15 (correias em "V")
Primária

Mt = 66,4Nm
n = 1478 rpm Transmissão
1= 1 I (correntes)
Secundária
Roda dentada \

Mt = 66,4Nm ) Transmissão
n = 1478 rpm J i = i (correias em "V")
Terciária
^Sistema de cortèX
e picagem
Mt = 66,4 Nm
n = 1478 rpm /

Figura 5.16; Representação esquemática do sistema de transmissão.

Figura 5.17: Distribuição esquemática do sistema de transmissão - vista lateral


C a p ít u l o V - P r o je t o P r elim in a r 75

Figura 5.18: Distribuição esquemática do sistema de transmissão - vista superior

A polia de acionamento (1) do trator de rabiças transmite o movimento de rotação


para a polia acionada (2) do picador, montada sobre o eixo principal (3), através de um par de
correias “V” (4). Nesta mesma transmissão primária há um esticador para as correias,
formado por uma alavanca (5) a qual sustenta uma polia menor (6), e que serve também como
guia para as correias principais. Tal esticador funciona como uma embreagem, acionando e
desacionando o implemento.
A partir da polia (2), aciona-se a roda dentada (7) que, através da corrente de elos
simples ( 8) faz girar a roda dentada (9) montada sobre o eixo secundário (10), de mesmas
características que a anterior (7). Neste momento ocorre a inversão do movimento de rotação
dos eixos, em função da disposição da corrente. Tal inversão é necessária, pois o conjunto de
corte e picagem deverá girar em sentido oposto ao sentido de giro do motor do trator de
rabiças, em virtude do fator segurança durante a operação.
Esta transmissão secundária possui ainda outras duas rodas dentadas (11) cuja
função é apoiar a corrente ( 8). Completa a descrição deste subconjunto o esticador (12) para a
corrente ( 8), em cuja extremidade está posicionada uma roda dentada (13).
C a pítu l o V - P r o je t o P r e l m n a r 76

Solidária à roda dentada (9), gira uma polia menor (14), a qual aciona através de
um par de correias “V” (15), outra polia menor (16) de mesmas características que a polia
anterior (14). E esta, por sua vez, aciona o sistema de corte e picagem. Nesta transmissão
terciária há ainda um esticador (17) para tais correias.
Feita a descrição do sistema, partiu-se então para o dimensionamento dos eixos,
sendo que os valores obtidos aqui permitirão detalhar todos os componentes relacionados a
estas peças. Basicamente, três são os eixos a definir; o eixo principal, o eixo secundário e os
eixos dos sistema de corte e picagem (pontas de eixo).

5.4.1 E ix o PRINCIPAL

A Figura 5.19 mostra, esquematicamente, o arranjo dos elementos de transmissão


no eixo principal, as forças e os momentos aplicados e as distâncias relativas.

Figura 5.19; Modelo das forças envolvidas no eixo principal.

O momento torçor Mt = 66,5 Nm é obtido pela equação

A/. =9550.— (5.10)


n
onde N = 10,44 kW é a potência fornecida pelo trator de rabiças, e n = 1500 rpm é a rotação
estimada ao conjunto.
Com base nestes valores, foram calculadas as forças de tração nas correias e na
corrente; a partir daí, esboçou-se os diagramas de esforços cisalhantes, momentos fletores e
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r _____________________________________________________________________ 77

momentos torçores, sendo encontrados para as reações nos mancais Rxa = 1507 N, Ry« =
143N, Rxb = 235,5 N e Ryb = 1586 N. E, para os momentos fletores máximos Mp = 75,68 Nm
e Mb = 57,23 Nm.
Assim, calcula-se o diâmetro do eixo principal pelo critério da máxima tensão
cisalhante através da equação

(5.11)
ad m

onde Km = 2,0 e Kt = 1,5 são os coeficientes devido ao choque e à fadiga associados


respectivamente, ao momento fletor calculado e ao momento torçor calculado; ainda, para um
eixo com rasgo de chaveta, utiliza-se Xadm. c/rasgo 0,75. Xadm, ou seja, para um material com
Xadm ‘ 175x10^ n W , tem-se Xadm. c/rasgo = BlxlO*^ n W . Assim, com Mf = 75,68 Nm e Mt =
66,5 Nm, chega-se a do = 0,01922 m, ou do = 20 mm.
Como trata-se de um eixo relativamente longo, foi feita a verificação do diâmetro
pelo critério da máxima deformação transversal. Assim, admite-se uma deformação (flecha)
máxima da ordem de 0,2 mm/m, o que resulta para imi eixo com 410 nun, f^^x = 0,082 mm.
Após esboçar os diagramas das deformações verticais e horizontais, conclui-se que
a seção do eixo onde se encontra a polia principal apresenta a maior deformação, a qual
obedece à expressão
0,4267
y p = ~ ^ (5.12)

sendo d o diâmetro do eixo. Substituindo o valor da deformação máxima, encontra-se o valor


d = 26,8 mm.
Portanto, analisando os dois resultados, conclui-se que o diâmetro do eixo principal
deverá ser de 27 mm no mínimo.

5.4.2 E ix o s e c u n d á r io

A Figura 5.20 apresenta o modelo das forças atuantes no eixo secundário, bem
como as distâncias entre os componentes ligados ao eixo.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 78

Figura 5.20; Modelo das forças envolvidas no eixo secundário.

O momento torçor que chega a este eixo é o mesmo que sai do eixo principal,
devido à relação de transmissão i = 1, ou seja, Mt = 66,5 Nm.
Assim, utilizando-se da mesma seqüência que a usada para o dimensionamento do
eixo principal, foram encontrados para os valores das reações nos mancais Rxa = 3990 N, Rya
= 2800 N, Rxb = 5985 N e Ryb = 4200 N. E o momento fletor máximo encontrado Mb = 292,5
Nm.
Novamente, aplicando-se o critério da máxima tensão cisalhante, equação 5.11,
chega-se ao valor do diâmetro do eixo do = 30 mm.

5.4.3 P o n ta s DE EIXO

E, na Figura 5.21 mostra-se o modelo das forças atuando nas pontas de eixo do
rotor, com as distâncias respectivas, em milímetros.

Figura 5.21; Modelo das forças envolvidas nas pontas de eixo do rotor.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 79

Também devido à relação de transmissão i = 1, tem-se o mesmo momento torçor


que sai do eixo secundário, My = 66,5 Nm.
Assim, seguindo a mesma seqüência de cálculo já detalhada anteriormente,
encontra-se para as reações nos mancais Rya = Ryb = 130 N, Rxa = 217,64 N e Rxb = 2213 N.
Para os momentos fletores tem-se Mc = 71,5 Nm e Mb = 239,4 Nm, e o diâmetro calculado
para as pontas de eixo vale do = 30 mm.

5.5 S is t e m a d e suportte e r e g u l a g e m d a a l t u r a d e c o r t e

Partindo das especificações de projeto (Capítulo 3), buscou-se idealizar um sistema


construtivamente simples, com poucas peças e de fácil montagem. No entanto, como a
regulagem de altura deveria ser do tipo contínua, optou-se por utilizar fiisos de rosca
trapezoidal, como principais elementos do sistema. Isto acabou embutindo certa
complexidade à construção deste, porém tomou a regulagem de altura bastante simples de ser
executada. A Figura 5.22 mostra esquematicamente o conjunto formador do sistema, e a
Figura 5.23 apresenta o posicionamento deste com relação à estrutura.

Figura 5.22; Sistema de suporte e regulagem da atura de corte (lado esquerdo)


C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 80

Figura 5.23; Posição do sistema de suporte e regulagem de altura relativamente à estrutura -


a) vista frontal, b) vista lateral.

Reportando-se à Figura 5.22, tal sistema é constituído basicamente por um fuso de


rosca trapezoidal ( 1), o qual aloja-se em uma luva (2) também com rosca trapezoidal interna.
Quando o fuso (1) gira, acionado manualmente pelo manipulo (3), ocorre o deslocamento da
luva (2), a qual corre internamente ao tubo (4), fixo à estrutura. Desta forma faz-se o
posicionamento da roda (5), cujo apoio está rigidamente fixo à luva (2). A fixação do fuso (1)
ao tubo (4) se dá por meio dos batentes (6) e (7), e por uma porca (8) aparafusada ao tubo. E,
por meio de chapas de aço (9) devidamente cortadas e soldadas, faz-se a fixação deste
conjunto às chapas laterais ( 10) da estrutura do implemento.
Ainda, a Figura 5.22 mostra a ponta de eixo esquerda (11), o tubo do rotor (12) e a
polia (13) da ponta de eixo esquerda.
C a pit u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 81

Quanto ao posicionamento deste conjunto relativamente à estrutura, há de se fazer


algumas observações. Primeiramente, uma característica deste sistema é permitir o giro livre
de 360° das rodas, bem como a regulagem de sua altura, uma independente da outra.
Também, uma preocupação que surge é a possibilidade de uma excessiva solicitação
mecânica da estrutura, devido a um mau posicionamento do sistema de suporte. Tal
solicitação surge devido ao peso do implemento, e do próprio trator, este tendendo a se
inclinar para a frente.
Porém, quando dos testes com o pré-protótipo, já citado anteriormente, percebeu-se
que a alocação das rodas sobre o centro de gravidade do implemento reduziria
suficientemente os esforços na estrutura. Em sendo assim, fixou-se os apoios do sistema à
estrutura de tal forma que, com as rodas voltadas para trás. Figura 5.23 b), (posição comum
em regime de trabalho) o centro destas coincida com o centro de gravidade do implemento.
E, com relação á regulagem de altura permissível, esta é fimção direta do
comprimento do fiiso trapezoidal. Sua construção possibilitou então, uma variação de altura
em relação ao solo entre 90 mm e 180 mm, valores estes tomados a partir do ponto mais
baixo do sistema de corte e picagem (extremidade das facas), tal como mostra a Figura 5.24.

///////X \\\\\W /////A \\\\\\)(//////A \\\


a) b)

Figura 5.24: Regulagem de altura permissível em relação ao solo (vista frontal do protótipo
com a tampa de proteção aberta): a) altura mínima, b) altura máxima.

5.6 S is t e m a DE e n g a t e

O sistema de engate com o trator de rabiças foi projetado visando simplicidade,


robustez e rapidez na operação. Consiste basicamente, tal como mostra a Figura 5.25, de um
C a p It u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 82

pino de aço ( 1) soldado à estrutura do implemento, e de uma luva (2) a qual é soldada a uma
chapa de aço (3). Esta por sua vez é aparafusada na parte frontal do trator.

Figura 5.25; Sistema de engate com o trator de rabiças.

A operação de engate consiste de duas etapas distintas: inicialmente faz-se a


fixação da chapa (3) no trator, por meio de parafusos; em seguida, o pino de aço (1) é
direcionado e encaixado à luva (2). Para evitar o desencaixe destas peças, entre o pino e a
luva é introduzida uma trava (4).
Pelas características dos elementos de engate (pino e luva cilíndricos), surge aí um
movimento relativo entre o implemento e o trator. Este grau de liberdade permite rotação
entre o conjimto, o que por um lado representa vantagem quando do deslocamento do
implemento por terrenos com algum desnível e/ou obstáculos. Porém, pode ser prejudicial
para a transmissão primária, pois esta apresenta imi desempenho melhor quando o
implemento e o trator estão perfeitamente alinhados. Ou seja, uma grande inclinação pode
provocar o escape das correias de transmissão, bem como um desgaste acentuado das
mesmas.

5.7 P r o t e ç õ e s

As proteções do implemento são divididas em dois conjuntos, tal como mostrado


na Figura 5.26; as chapas de proteção para o sistema de corte e picagem (1) e (2) e as
proteções para o sistema de transmissão (3) e (4).
C a pítu l o V - P r o je t o P r e l im in a r 83

Figura 5.26;Conjuntos de proteções para o implemento.

O primeiro conjunto possui, como funções principais, proteger o operador de


eventuais arremessos de pedras ou outros objetos, bem como fazer a contenção do material
cortado e picado. E o segundo conjunto de proteções evita que vegetação e/ou objetos
estranhos se enrosquem nos elementos de transmissão, podendo até danificá-los. Também,
fornece proteção ao operador e outras pessoas próximas do equipamento.
Basicamente, a proteção superior divide-se em duas chapas; uma fixa (1) à
estrutura, sendo que esta chapa direciona o material cortado e picado para a parte posterior do
implemento, e a outra móvel (2), a qual se abre para proporcionar acesso aos elementos de
corte e picagem. Esta articulação é feita por meio de dobradiças, e a tampa é fixada à
estrutura por presilhas. Caso ocorra qualquer tipo de embuchamento, esta tampa móvel
permitirá um rápido acesso ao rotor.
E, a proteção do sistema de transmissão também se divide em duas partes, uma
frontal (3) que protege a polia do rotor e uma lateral (4) que protege os demais elementos da
transmissão, exceto os elementos da transmissão primária (esticador principal). Estas duas
são fixas à estrutura por meio de parafusos, e se constituem basicamente de chapas de aço de
pequena espessura e de telas de alumínio.
C a pít u l o V - P r o je t o P r e l im in a r 84

5.8 C á l c u l o d o cen tro de g ra v id a d e e d a m a ssa to t a l

Com base no modelo computacional 3D, foi feita a determinação do centro de


gravidade do implemento nos planos X-Y, X-Z e Y-Z. Como referência, tomou-se a
extremidade da ponta de eixo esquerda, tal como mostrado na Figura 5.27.

a)

Figura 5.27; Posição do centro de gravidade para o picador

Assim, o próprio software calcula e fornece a posição do C.G., sendo encontrados


os valores
Xco~ 153,60 mm
Ycg = -538,70 mm
ZcG = 50,12 mm

Conforme já citado anteriormente, com base nestes dados pôde-se fazer o


posicionamento adequado do sistema de suporte e regulagem de altura, reduzindo assim
solicitações mecânicas indesejáveis na estrutura do implemento.
A determinação da massa total do implemento também foi feita
computacionalmente. Inicialmente previa-se um valor em tomo de 120 kg; porém o valor
fomecido pelo modelo ficou em tomo de 110 kg. Esta diferença deve-se principalmente, ao
fato de que quando da primeira estimativa, muitos detalhes dos vários sistemas do
implemento eram desconhecidos.
C a p ít u l o V - P r o j e t o P r e l im in a r 85

5.9 A spe c t o fdsal do pic a d o r para c o b e r t u r a s ve g e t a is

Com base nas definições feitas nesta fase de projeto preliminar, pôde-se obter um
aspecto bem mais aproximado do formato final para o protótipo em questão.
Assim, a Figura 5.28 mostra o aspecto final do protótipo, base para o detalhamento
completo que virá em seguida.

Figura 5.28; Aspecto final do protótipo acoplado ao trator de rabiças -


Vista em perspectiva, com as proteções abertas.
C a p ít u l o V I

Pr o je t o D e t a l h a d o e

C o n s t r u ç ã o d o P r o t ó t ip o

6.1 I n t r o d u ç ã o

Neste capítulo são detalhados todos os subsistemas componentes do protótipo em


questão, sendo que a explanação que segue reporta-se aos desenhos contidos no Anexo C. A
codificação adotada para tais desenhos apresenta-se na forma X.YY, sendo o primeiro dígito
referente ao desenho de conjunto do subsistema, e os dois dígitos seguintes aos desenhos
detalhados que se fizerem necessários.
Em seguida à explanação detalhada dos conjuntos, faz-se a descrição da construção
do protótipo, na qual foram utilizados processos de fabricação os mais acessíveis possíveis,
possibilitando a construção do protótipo sem a necessidade de processos e operações
especiais.

6.2 D e s e n h o d e c o n j u n t o d o p r o t ó t ip o - V is t a s g e r a is : D e s e n h o s 1 .0 0 ,1 .0 1 e 1.02

Os desenhos 1.00 (modelo em perspectiva), 1.01 (vista lateral) e 1.02 (vista frontal)
apresentam o conjunto completo do picador de cobertura vegetal, com todos os subsistemas
integrados: estrutura, transmissão, corte e picagem, suporte e regulagem da altura de corte,
engate com o trator e proteções.

6.3 D e s e n h o d e c o n j u n t o d o s is t e m a d e c o r t e e p ic a g e m - D e s e n h o 2.00

Este sistema é composto basicamente pelo rotor, facas de corte, fixações das facas,
massas de balanceamento e pontas de eixo. O rotor é composto de um tubo de aço, com
costura, de 115 mm de diâmetro externo, 4 mm de espessura de parede e 1030 mm de
comprimento, sendo que nas extremidades deste foram feitos pequenos rebaixos para permitir
que as pontas de eixo pudessem ser embutidas (Desenho 2.01). Para formar cada faca de corte
(Desenho 2.02), foram justapostos dois perfis de aço (ferro chato), cada xim com dimensões
120x25,4x5 mm, sendo posteriormente soldados. Após, cada peça foi submetida a usinagem
C a p í t u l o V I - P r o j e t o D e t a l h a d o e C o n s t r u ç ã o _______________________________________________ __ 87

para formar os gumes de corte e os furos oblongos de fixação. Para as fixações das facas
(Desenho 2.03), foram utilizadas cantoneiras, de 25,4x25,4x20 mm com 5 mm de espessura
(duas para cada faca), soldadas ao rotor, e pinos de aço com 45 mm de comprimento e 10 mm
de diâmetro.
E, nas pontas de eixo, são montados mancais de rolamento fixos de uma carreira de
esferas do tipo “unidade de rolamento tipo fiange”, especificação SKF PFD 72-35 FJ. Na
ponta de eixo esquerda (Desenho 2.07), é montada uma polia de alumínio de 100 mm de
diâmetro, com dois canais tipo “B”, chavetada ao eixo. Esta polia recebe o movimento de
rotação do sistema de transmissão e o transmite para o sistema aqui descrito. E, cada um dos
mancais supracitados é fixado à respectiva chapa lateral por meio de três parafiisos MIO.

6.4 D e s e n h o d e c o n ju n to d a e st r u t u r a - D e s e n h o 3.00

A estrutura do implemento foi confeccionada com perfis tubulares de 42,5 mm de


diâmetro externo e 3,25 mm de espessura de parede, e chapas de aço ABNT 1020 com 6,35
mm de espessura (Desenhos 3.01 a 3.05). À esta estrutura, foram agregados os suportes das
rodas, o sistema de engate, os apoios dos esticadores principal e secundário, a chapa de
proteção superior fixa e os mancais do eixo principal. Cada um destes subconjuntos será
detalhado oportunamente.
As chapas laterais, por possuírem razoável espessura, permitiu o uso de furos
roscados, eliminando assim a necessidade de porcas para os parafusos de fixação dos
rolamentos. Porém, com a intenção de prover maior segurança ao conjunto, foram adicionadas
contra-porcas a tais parafusos.
A união dos tubos laterais (superiores e inferiores) com os tubos traseiros foi feita
com o auxílio de quatro cotovelos de aço de 90°, pois não seria possível dobrar tais tubos com
raios tão pequenos. E, a forma de união usada em todos os componentes deste sistema foi a
soldagem.

6.5 D e s e n h o d e c o n ju n t o d o s is t e m a d e t r a n s m is s ã o - D e s e n h o 4.00

O movimento de rotação advindo do trator de rabiças é transmitido para o eixo


principal através de duas correias “V” tipo B-68. A alavanca de acionamento, com 650 mm de
comprimento (Desenhos 4.10 a 4.14), sustenta uma polia de alumínio de 100 mm de diâmetro
com dois canais de perfil “B” (polia esticadora). Assim, a polia motriz do trator, a polia
C a pít u l o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n st r u ç ã o _____________________________________________________ 88

movida do protótipo e a polia esticadora apresentam-se alinhadas. E, a estrutura de


sustentação (Desenho 4.14) deste esticador principal encontra-se soldada na estrutura do
protótipo.
Para o eixo principal (Desenhos 4.02 a 4.04), o qual apresenta como dimensões
principais diâmetro de 32 mm e comprimento de 410 mm, são usados dois mancais de
rolamento fixos de uma carreira de esferas do tipo ‘\inidade de rolamento tipo flange”,
especificação SKF PFT 62-30 FJ. Neste eixo, é montada uma polia de alumínio de 176 mm de
diâmetro, com dois canais de perfil “B”, bem como uma roda dentada para corrente, com 98
mm de diâmetro primitivo e 23 dentes. Tais elementos são chavetados ao eixo e, os rolamentos
são fixados em mancais de aço (Desenhos 4.18 a 4.26) soldados na estrutura, com dois
parafijsos MIO cada.
O eixo secundário (Desenhos 4.05 a 4.07), de dimensões 212 mm de comprimento e
31 mm de diâmetro, também é suportado por dois mancais de rolamento idênticos aos
supracitados, os quais são fixados às chapas laterais (externa e interna esquerdas) por meio de
dois parafijsos MIO cada. Neste eixo monta-se outra roda dentada para corrente idêntica à
anterior, e uma polia de alumínio de 100 mm de diâmetro, com dois canais de perfil “B ”.
Ambos os elementos são chavetados neste eixo. E, uma corrente de elos simples com passo
12,7 mm e comprimento 1350 mm transmite o movimento de rotação da roda dentada
principal para a secundária. Os desenhos 4.27 e 4.28 mostram o esticador utilizado para
manter a corrente tencionada. Há ainda, duas rodas dentadas menores (Desenhos 4.08 e 4.09),
com 49 mm de diâmetro primitivo e 11 dentes cada, as quais servem de guia para a corrente.
A transmissão do movimento para o sistema de corte e picagem se dá através de
duas correias “V” tipo B-3 6, as quais são tencionadas pelo esticador secundário (Desenhos
4.15 a 4.17). Este por sua vez, fixa-se à chapa lateral da estrutura por meio de um pequeno
suporte soldado a esta.

6.6 D e s e n h o d e c o n j u n t o d o s is t e m a d e s u p o r t e e r e g u l a g e m d a a l t u r a d e c o r t e

- D esen h o 5.00

Este sistema possui sua estrutura de apoio, soldada às chapas laterais, formada de
chapas de aço de 6,35 mm de espessura (Desenhos 5.05 e 5.06); cada um dos conjuntos
laterais possui duas chapas maiores, posicionadas perpendicularmente às chapas laterais, e
reforçadas por chapas menores. Nesta estrutura de apoio, solda-se um tubo vertical de
C a pít u i ,o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n s t r u ç ã o ____________________________________ ________________ 89

reforçadas por chapas menores. Nesta estrutura de apoio, solda-se um tubo vertical de
dimensões 42,5 mm de diâmetro externo, 3,25 mm de espessura de parede e 180 mm de
comprimento; internamente a este tubo, corre uma luva com rosca trapezoidal interna de 22
mm de diâmetro e passo 4 mm (Desenhos 5.02 a 5.04). Tal luva apresenta ainda 160 mm de
comprimento e diâmetro externo de 36 mm. A esta luva, fixa-se por solda o apoio para as
rodas, sendo que tais rodas apresentam diâmetros de 200 mm. Faz-se uma ressalva; as rodas
utilizadas nos testes com o pré-protótipo (d=300 mm), foram substituídas por rodas menores
(d=200 mm), pois caso contrário o valor mínimo para a altura de corte em relação ao solo
ficaria comprometido.
Solidário á luva de rosca interna, corre um fuso de rosca trapezoidal de 200 mm de
comprimento, e em sua extremidade fixa-se, através de um parafuso MIO, um manipulo para
movimentação. Na extremidade superior do tubo vertical há xmia rosca M40, na qual aloja-se
uma porca que faz a fixação do fiiso supracitado. O desenho 5.01 mostra a posição dos
conjuntos de aíK)io esquerdo e direito, relativamente às laterais da estrutura.
Com exceção aos manipules, que são de ferro fundido, os demais componentes
deste sistema são de aço ABNT 1020.

6.7 S is t e m a d e engate - D esenh o d e c onjuinto 6.00

O sistema de engate é composto de um pino cilíndrico de aço, de 50 mm de


diâmetro e 77 mm de comprimento (Desenho 6.01). Possui também um rebaixo para realizar
o travamento do sistema quando do engate com o trator. Tal pino é, por sua vez, fixado por
meio de solda a uma chapa de 6,35 mm de espessura que une os tubos superior e inferior
traseiro.
A luva de engate (Desenho 6.01) possui 72 mm de comprimento, 72 mm de
diâmetro externo e 52 mm de diâmetro interno. É soldada a uma chapa de aço de 220x82x10
mm, a qual possui quatro furos passantes de 11 mm de diâmetro cada (Desenho 6.02). A
fixação desta chapa ao trator de rabiças se dá por meio de quatro parafiisos MIO.
E, a trava utilizada entre o pino e a luva possui 10 mm de espessura, sendo que tal
trava se prende à estrutura por meio de uma corrente simples.
Aqui também, utilizou-se como material para a confecção das peças o aço ABNT
10 2 0 .
C a pítu l o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n s t r u ç ã o _____________________________________________________ 90

6.8 P r o t e ç õ e s - D e s e n h o s 7.01 e 7.02

As proteções do picador dividem-se em dois subconjuntos, superiores e laterais. As


superiores (Desenho 7.01) são feitas em chapas de aço com 2 mm de espessura, sendo uma
fixa à estrutura por solda, e a outra móvel, a qual permite acesso ao sistema de corte e
picagem. A fixação desta chapa móvel à estrutura se dá por meio de quatro presilhas rebitadas
tipo fecho rápido, e a articulação entre as chapas faz-se através de três dobradiças, também
rebitadas.
As proteções laterais (Desenho 7.02) são compostas de chapas de aço de 1 mm de
espessura, conformadas para proteger o sistema de transmissão, e de telas de aluminio
rebitadas por sobre tais chapas. Este subconjunto é fixado à estrutura por meio de parafusos
M6, três na proteção anterior, e cinco na proteção posterior.

6.9 C o n s t r u ç ã o d o p r o t ó t ip o

Findo o detalhamento dos desenhos do protótipo, partiu-se para a construção deste,


a qual foi realizada no NeDIP - Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos, aiém de
se utilizar dos Laboratórios de Soldagem (LABSOLDA), Usinagem (USICON) e de Materiais
(LABMAT), todos vinculados ao Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC.
Também, buscou-se ajuda para algumas operações de usinagem junto ao
Laboratório de Máquinas Operatrizes da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (ETFSC).
Paralelamente à usinagem das peças, iniciou-se a construção da estrutura do
protótipo; com o corpo principal da estrutura pronto (laterais de chapas de aço e tubos
soldados), foi-se agregando a esta os outros elementos, tais como os suportes das rodas, os
suportes dos esticadores principal e secundário, o sistema de engate e os mancais do eixo
principal. Também foi soldada a chapa de proteção superior fixa. Nas Figuras 6.1, 6.2 e 6.3
tem-se uma visão mais completa destas montagens.
C a pítu l o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n st r u ç ã o 91

Figura 6.1: Estrutura do picador

Figura 6.2: Detalhe da fixação do suporte do esticador principal (1), dos mancais do eixo
principal (2) e da chapa de proteção superior fixa (3).
C a pít u l o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n st r u ç ã o 92

Figura 6.3: Detalhe da fixação do suporte do esticador secundário (1) e dos


suportes das rodas (2).

Após a soldagem destes suportes partiu-se para a montagem dos diversos


subsistemas, os quais podem ser visualizados nas Figuras 6.4,6.5 e 6.6.

Figura 6.4; Detalhe do sistema de transmissão montado. (1) Transmissão primária, (2)
transmissão secundária e (3) transmissão terciária.
C a pít u l o V I - P r o je t o D e t a l h a d o e C o n s t r u ç Ao 93

Figura 6.5; Detalhe do esticador principal. (1) Alavanca do esticador principal e


(2)polia principal.

Figura 6.6; Detalhe do sistema de suporte e regulagem de altura. (1) Roda, (2) mancai do
sistema de corte e picagem e (3) suporte e regulagem de altura - lado esquerdo.
C a pít u l o V I - P r o je t o D eta lh a d o e C o n s t r u ç ã o 94

O sistema de corte e picagem, após montado por completo, foi submetido a


balanceamento dinâmico, já explanado no capítulo anterior. A Figura 6.7 mostra tal sistema
pronto.
Devido à utilização de aço ABNT 1020 para a confecção das facas, estas não
puderam ser submetidas a tratamento de têmpera em virtude das características do material.
Porém, vislumbrou-se a necessidade de uma maior resistência ao desgaste para as facas, pois
estas seriam submetidas a condições de trabalho severas. Portanto, submeteu-se as facas a
operação de nitretação, tratamento superíEicial cujo objetivo é o aumento da dureza superficial
do material. Tal operação foi realizada junto ao Laboratório de Materiais (LABMAT).

Figura 6.7: Sistema de corte e picagem. (1) Ponta de eixo esquerda, (2) ponta de eixo direita,
(3) facas de corte e (4) tubo do rotor.

E, na Figura 6.8, tem-se uma visão geral do picador, sem a chapa de proteção
móvel, mostrando o rotor com as facas de corte.
C a pítu l o V I - P r o je t o D eta lh a d o e C o n st r u ç ã o 95

Figura 6.8: Vista geral do picador de cobertura vegetal.


C a p ít u l o V II

T e s t e s e a v a l ia ç õ e s d o p r o t ó t ip o

7.1 In t r o d u ç ã o

Findo o processo de construção, partiu-se para uma série de testes visando a


avaliação do protótipo. Estes, foram divididos em testes preliminares, realizados no próprio
NeDIP e em outros locais da UFSC, e testes de campo realizados na Fazenda Experimental da
Ressacada, vinculada ao Centro de Ciências Agrárias da UFSC.
Tais testes serviram para constatar o desempenho do protótipo em condições reais;
também, a partir dos resultados obtidos, pôde-se analisar o atendimento às especificações de
projeto definidas anteriormente.

7.2 T e s t e s p r e l im in a r e s

As primeiras avaliações foram realizadas a partir da montagem dos principais


componentes do protótipo. Assim, constatou-se em nível de laboratório, o bom
funcionamento de todos os subsistemas, principalmente da transmissão e do esticador
principal.
Isto feito, partiu-se para os testes fora do laboratório, cujos principais objetivos
foram testar a manobrabilidade do conjunto trator e implemento, bem como aspectos de
funcionamento geral. Estes primeiros testes foram realizados em terreno plano. E, o
desempenho obtido mostrou-se bastante satisfatório.
Num próximo passo, o protótipo foi conduzido para uma área interna ao campus da
UFSC, caracterizada por apresentar inclinação em tomo de 15 %, com cobertura de grama, a
qual apresentava altura entre 300 e 400 mm.
Com relação ao corte e picagem da vegetação testada, este apresentou grande
eficiência, principalmente por se tratar de uma espécie bastante suscetível ao corte. Porém, a
distribuição dos fragmentos picados ficou muito prejudicada devido à pouca altura do tubo
C a p í t u l o v n - T e s te s e A v a li a ç õ e s 97

inferior traseiro da estrutura, em relação ao solo. Isto fez com que a cobertura picada fosse
arrastada pelo implemento, não ocorrendo a distribuição uniforme desta sobre o solo.
Assim, como solução para este problema, o tubo supracitado foi elevado cerca de
150 mm em relação à posição inicial, permitindo assim a passagem do material cortado e
picado. A Figura 7.1 mostra a modificação feita na estrutura.

(1) - tubo inferior traseiro


(2) - tubo inferior lateral
(3) - curva a 90°

Figura 7.1: Modificação realizada na estrutura do protótipo, após testes preliminares.

Outra modificação proposta diz respeito ao esticador principal. A alavanca de


acionamento apresentou grande flexibilidade devido aos esforços oriundos das correias de
transmissão. Assim, substituiu-se a alavanca de acionamento por uma nova alavanca de perfil
retangular mais robusto, com 32 mm de largura por 9 mm de espessura. Isto reduziu a um
nível aceitável o problema da flexibilidade.
Feitas as modificações propostas, partiu-se para os testes de campo, nos quais
seriam encontradas condições mais críticas do que as evidenciadas pelos primeiros testes.
C a pít u l o V II - T e stes e A v a l ia ç õ e s 98

7.3 T e s t e s d e cam po

Os testes de campo foram realizados na Fazenda Experimental da Ressacada-CCA-


UFSC, no início do mês de fevereiro/1998. Basicamente, a área de testes caracterizava-se por
apresentar relevo plano e solo do tipo areia quartzosa hidromórfíca. As espécies vegetais
cultivadas exclusivamente para a realização dos testes deste protótipo, foram: crotalária em
fase de formação de sementes, apresentando cerca de 20 ton/ha de massa seca; mucuna em
fase de plena floração, com 8 ton/ha de massa seca e, resteva de milho intercalada com
vegetação expontânea de menor porte, resultando em cerca de 12 ton/ha de massa seca. Havia
também, Tmia pequena faixa de feijão guandu em floração, o qual apresentava cerca de 18
ton/ha de massa seca. As quantidades de massa seca para cada espécie vegetal foram
determinadas tendo por base medições realizadas em amostras, coletadas imediatamente
antes dos testes. As amostras foram coletadas em áreas de Im^, posteriormente foram secas e
tiveram suas massas determinadas. Destes valores, pôde-se determinar a quantidade de massa
seca por hectare (kg/lOOOOm^).
As Figuras 7.2 e 7.3 mostram vistas das áreas de testes.

Figura 7.2: Vista geral da área de testes: em primeiro plano tem-se resteva de milho, em
segundo plano mucima e ao fundo a crotalária.

Foram realizados dois testes de campo, em datas diferentes, sendo que entre um
teste e outro foram implementadas algumas modificações no protótipo.
C a pítu l o v n - T estes e A vall \ ç õ es 99

jKííS-;.

li.

-íí^íVaS

a) b) c)
Figura 7.3: Espécies utilizadas nos testes - a) resteva de milho, b) crotalária, c) mucuna.

12 T e s t e DE CAMPO

Os testes de campo tinham como objetivo avaliar o funcionamento global do


picador, em condições reais de utilização. Os principais aspectos abordados foram:
capacidade de manejo da cobertura vegetal (corte e picagem), manobrabilidade, rendimento,
bem como o desempenho de todos os subsistemas do equipamento.
Iniciahnente testou-se o picador na resteva de milho intercalada com vegetação de
menor porte, em primeira e segunda marchas no trator de rabiças (1,32 km/h e 2,08 km/h,
respectivamente). Evidentemente, a proteção fi-ontal estava em sua posição normal,
envolvendo o sistema de corte e picagem. Isto fez com que parte das plantas de milho fossem
dobradas rente ao solo e, ao invés de cortar e picar a cobertura, o protótipo amassou as
plantas, cortando pouco material, conforme mostrado na Figura 7.4.

Figura 7.4: Manejo da resteva de milho com a proteção frontal em posição normal.
C a pít u l o VII - T estes e A v a l ia ç õ e s 100

Tal fato ocorreu em todas as passadas da máquina por sobre a cultura. Assim,
resolveu-se abrir a proteção frontal e testar o corte da vegetação. Nesta condição, o corte
ocorreu sem problemas, como esperado inicialmente. A Figura 7.5 mostra estas duas
condições, sendo a faixa à direita manejada com a proteção frontal em posição normal, e a
faixa à esquerda com a proteção aberta. Percebe-se a grande diferença em termos de altura
fmal da cobertura vegetal.

a b
Figura 7.5: Resultado do manejo de resteva de milho sem (a) e
com (b) a proteção frontal.

Todavia, houve um certo espalhamento da cobertura pela ação dos elementos de


corte, pois assim que o material era cortado, ocorria seu arremesso para a frente do picador,
além de que o trabalho nesta condição (sem proteção frontal) toma-se relativamente perigoso
(risco de arremesso de pedras e outros objetos).
Partiu-se em seguida para o manejo com a espécie mucuna, também realizado em
primeira e segunda marchas do trator. Com esta espécie, praticamente não houve diferença de
manejo com a proteção frontal em posição normal ou aberta, isto devido á característica de
baixo porte da espécie. Porém, nos eixos do sistema de corte e picagem ocorreu o
enrolamento dos caules das plantas, o que contudo não chegou a afetar o frincionamento do
implemento nos testes; todavia, detectou-se a necessidade de proteções para tais eixos. As
Figuras 7.6 e 7.7 ilusfram respectivamente, o manejo da mucuna e o resultado pós-manejo.
CAPtruLO v n - T e stes e A v a l ia ç õ es 101

Figura 7.6; Manejo da espécie mucuna.

Figura 7.7; Cobertura de mucuna após o manejo.

Por fim, partiu-se para os testes em cobertura de crotalária e de feijão guandu. A


crotalária, por sua vez, apresentava-se em fase de formação de sementes, portanto já
ultrapassando a época de manejo. Assim, uma parte das plantas apresentava os caules
bastante lenhosos e de difícil corte.
No início do teste, com o operador utilizando toda a largura de corte da máquina,
como normalmente fez com as coberturas anteriores, ocorreu certo embuchamento no
sistema. Portanto, nas condições em que se encontrava esta cobertura, o manejo só foi
C a pítu l o v n - T estes e A v a l ia ç õ es 102

possível utilizando uma largura de corte menor do que a total, consequentemente processando
menor quantidade de material. Salienta-se aqui o fato de que isto ocorreu em apenas parte
desta cobertura, sendo que no restante da área o manejo foi realizado sem problemas.
E, com o feijão guandu, os testes não apresentaram problemas, visto que tal espécie
encontrava-se na época de manejo, portanto bastante suscetível ao corte. As Figuras 7.8 e 7.9
mostram, respectivamente, o corte da crotalária e do feijão guandu.

w.

Figura 7.8: Manejo da espécie crotalária.

Figura 7.9: Manejo da espécie feijão guandu.


C a pít u l o v n - T estes e A v a l ia ç õ e s 103

De acordo com o equacionamento apresentado no Capítulo 5 para o cálculo da


potência consumida pelo picador, viu-se que, devido à grande quantidade de massa verde
presente nas coberturas supracitadas, o manejo destas com o trator de rabiças operando em 2-
marcha não seria possível. Tal fato comprovou-se nos testes realizados e, portanto, tais
coberturas foram manejadas somente na 1- marcha do trator.
Analisando os resultados obtidos no corte da resteva de milho com relação à
posição da proteção frontal, percebeu-se que o manejo da crotalária e do feijão guandu não
apresentaria bons resultados com a proteção frontal em posição normal. Em sendo assim, o
corte destas espécies foi realizado com a proteção frontal aberta, sendo que neste caso a
vegetação cortada não era lançada para a frente do protótipo, pois as plantas à frente
f\mcionavam como anteparo.
E, na Figura 7.10 tem-se o aspecto destas coberturas antes e após o corte. Pode-se
perceber que o manejo das espécies foi uniforme, e que os restos vegetais ficaram igualmente
distribuídos sobre o solo.

Figura 7.10: Aspecto das espécies crotalária e feijão guandu antes e após o corte.

C o n c lusõ es do 1® t e s t e de cam po

A partir deste primeiro teste, pôde-se constatar o grande potencial para o manejo da
cobertura vegetal do picador, apesar deste apresentar alguns aspectos a serem melhorados.
C a p It u l o V II - T e stes e A v a l ia ç õ e s ___________________________________________________________________104

Inicialmente, percebeu-se a necessidade do redimensionamento da proteção frontal,


com o intuito de otimizar seu posicionamento, associando um manejo eficiente com a
proteção necessária.
Outro ponto levantado foi com relação à proteção para os eixos do sistema de corte
e picagem. Apesar da falta de tal proteção não afetar o fiincionamento do picador, conforme
já citado, os mancais de rolamento contidos em cada eixo poderão ser danificados devido a
um maior acúmulo de plantas.
Assim, para o segundo teste de campo, propôs-se realizar as mudanças
supracitadas, com o intuito de promover uma análise mais detalhada. Outros aspectos
importantes, tais como avaliação do grau de picagem da cobertura, robustez do protótipo,
interface com o trator de rabiças e facilidade de operação, serão abordados na seqüência.

2^ T e s t e de cam po

Para o segundo teste de campo, realizado após oito dias do primeiro teste e nas
mesmas condições (mesmo local e espécies vegetais), procurou-se reavaliar o desempenho
operacional já com as modificações propostas a partir dos resultados do primeiro teste de
campo.
Assim, as Figuras 7.11 e 7.12 mostram as mudanças feitas no protótipo,
respectivamente na proteção frontal e nos eixos do sistema de corte e picagem.
Basicamente, dividiu-se a proteção frontal em três partes iguais, sendo que a parte
mais baixa foi descartada, pois viu-se do primeiro teste que, com a proteção totalmente
fechada, o corte das coberturas não foi satisfatório. Com esta configuração, pôde-se testar o
picador com a proteção frontal em duas posições diferentes, tal como mostrado na Figura
7.11.
C a pítu l o VII - T e stes e A v all \ ç õ es 105

(1) - chapa de proteção frontal (3) - facas de corte


(2) - presilhas para fechamento da proteção
frontal
a) b)

Figura 7.11 : Modificação proposta para a chapa de proteção frontal


a) fechada, b) parcialmente aberta.

(1) - proteção para os mancais de rolamento


(2) - chapa lateral da estrutura (lado esquerdo)

Figura 7.12: Proteção adicionada aos eixos do sistema de corte e picagem.


C a pítu l o v n - T e stes e A v a l ia ç õ es 106

No teste com resteva de milho, percebeu-se que o corte foi bastante satisfatório
quando a proteção encontrava-se parcialmente aberta (Figura 7.11, b), sendo que na posição
fechada o corte não se mostrou adequado. Houve também um pequeno espalhamento da
cobertura picada pela parte frontal do protótipo, porém inferior ao ocorrido nos primeiros
testes com a proteção frontal totalmente aberta. E, para finalizar os testes com esta espécie,
avaliou-se o desempenho do conjunto com o trator de rabiças em 3- marcha (4,89 km/h). O
corte ocorreu sem problemas, com a proteção frontal parcialmente aberta; porém, nesta
velocidade tomou-se dificil manobrar o trator, principalmente em virtude das irregularidades
do terreno e da cobertura vegetal.
No manejo com mucuna, já no primeiro teste o desempenho do picador foi
considerado bastante satisfatório com a proteção frontal totalmente fechada. E no segimdo
teste, praticamente não foram detectadas diferenças visíveis quando da variação das posições
da proteção frontal. E, com relação ao enrolamento dos caules das plantas ocorrido nos eixos
do sistema de corte de picagem, as proteções colocadas para tais eixos solucionou o
problema.
E no manejo das espécies crotalária e feijão guandu, percebeu-se um
comportamento semelhante ao manejo com resteva de milho. Com a proteção frontal fechada
(Figura 7.11, a) ocorreu o tombamento das plantas, resultando em uma grande altura
remanescente, conforme se vê na Figura 7.13.

Figura 7.13: Altura remanescente da espécie crotalária, manejada


com a proteção frontal fechada.
C a pít u l o v n - T e stes e A v a l ia ç õ es ____________________________ ________ __________________ 107

Já com a proteção parcialmente aberta (Figura 7.11, b), o comportamento do


picador foi satisfatório. A altura de corte ficou em tomo de 100 mm, valor este adequado.
Finalmente, afora os aspectos já tratados, os demais sistemas do protótipo
mostraram-se eficientes. Ressalta-se apenas o fato das correias da transmissão primária terem
sofrido um certo esticamento, fato este devido ao uso.

7.4 A s p e c t ó s g e r a is

Na avaliação do grau de picagem da cobertura, constatou-se imia grande trituração


da vegetação, principalmente em virtude da elevada rotação de trabalho do picador, bem
como do modo de ação dos elementos de corte. Contudo, em todas as coberturas vegetais
testadas, o recobrimento do solo mostrou-se bastante uniforme.
Porém, para se proceder a uma avaliação mais detalhada do grau de picagem,
Peche Filho et al (1994) apresentam uma proposta de metodologia, a qual fundamenta-se na
avaliação detalhada do material antes e após a picagem.
Como o principal objetivo do presente trabalho foi o desenvolvimento de xrni
implemento capaz de manejar cobertura vegetal em determinadas situações, não foi realizada
uma análise mais detalhada do grau de picagem da cobertura, visto que tal aprofundamento
foge do contexto deste trabalho.
Com relação à robustez do protótipo, esta característica mostrou-se bastante
satisfatória, não sendo alvo de preocupações. Já a interface com o trator de rabiças, apesar da
facilidade de engate, apresentou como ponto fraco a falta de um subsistema limitador de giro,
pois como já citado na descrição do primeiro teste, ocorreu o escape das correias devido á
diferença de inclinação entre o implemento e o trator.
E, a facilidade de operação de maneira geral, foi constatada em todos os testes
realizados, tanto nos preliminares como nos de campo. Ressalta-se porém qué não se pôde,
evidentemente, abordar todos os aspectos relativos á operação do implemento, tais como
manobrabilidade em terrenos inclinados, desempenho em outros tipos de cobertura, bem
como operação em situações extremas (terrenos com pedras e/ou cascalho). Tais situações
poderão ser evidenciadas em testes futuros.
C a pít u l o v n - T e st e s e A v a l ia ç õ es 108

7.5 I n s p e ç ã o f in a l d o p ic a d o r d e c o b e r t u r a v e g e t a l

Finalizando este capítulo, faz-se a análise das especificações de projeto obtidas no


Capítulo 3, comparando-as aos resultados obtidos nos testes preliminares e de campo. Assim,
a Tabela 7.1 apresenta cada requisito de projeto com os valores inicialmente estimados e os
resultados obtidos.

Tabela 7.1: Avaliação final do picador de cobertura vegetal.


4
Requisito Unid Valoi mctj ^ ■ . Valor obtido ^'
1. Custo do produto R$ 950 0 custo final total (produção e construção) atmgiu R$
1116,50, valor este considerado satisfatório para o
protótipo.
2. Custo de R$ 30% do custo do Requisito não avaliado
fabricação produto
3. Custo de R$ 4% do custo do Requisito não avaliado
manutenção produto ao ano
4. Cobertura % 100% do solo Os testes de campo comprovaram a eficiência do
uniforme coberto protótipo com relação a este requisito (100% do solo
coberto).
5. Custo de material R$ 60% do custo do Este custo atingiu R$ 596,50, correspondendo a 54%
produto do custo do produto.
6. Tempo de horas mínimo tempo Requisito não avaliado
fabricação (h) possível
7. Largura de mm 1000 mm A largura de corte do protótipo mostrou-se bastante
trabalho adequada (1030 mm).
8. Fragmentos de mm fragmentos entre A picagem da cobertura mostrou-se demasiada
tamanho adequado 50 e 150 mm (comprimento dos fragmentos < 40 mm), o que pode
acarretar em rápida decomposição da cobertura.
9. Vida útil anos 5 anos Requisito não avaliado
10. Peças % 100% Todos os componentes e materiais utilizados foram
padronizadas conseguidos no mercado com facilidade, auxiliando na
redução de custos.
11. Custo de R$ 10% do custo do Requisito não avaliada
montagem produto
12. Massa total kg Emtorao<íe 120 A massa total final ^ protótipo atingiu 134 kg, valor
kg este considerado satisfatório.
13. Freqüência de N° Manutenção
manutenção preventiva a cada Requisito não avaliado
50 horas de
trabalho
14. Potência kW Máx. 7,46 kW A potência disponível no trator de rabiças foi suficiente
consumida para manejar as coberturas testadas.
15. Custo de R$ 12% do custo do Requisito não avaliado
operação produto ao ano
16. N°. de materiais N“ Menor número 0 protótipo foi fabricado com praticamente três tipos de
diferentes possivet materiais: aço, borracha (correias de transmissão e
rodas).e alumínio (polias).
C a pít u l o V ll - T e stes e A v a l ia ç õ es 109

Tabela 7.1; Continuação

Requisito Unid. Valor meta Valor obtido


17. Partes móveis N° Menor número Apenas a transmissão primária não possuía proteção.
expostas possível
18. Tempo de horas Mínimo tempo Requisito não avaliado
manutenção (h) possivel de
manutenção.
19. Tempo para horas Máx. 30 min. 0 tempo total de acoplamento ficou em tom o de 15
acoplamento (min) minutos, bastante satisfatório.
20. N°. de N° ] operador apenas A operação propriamente dita necessita de apenas um
operadores operador; porém na operação de engate, são necessárias
duas pessoas.
21. Nivel de ruido dB Máximo de 85 dB Requisito não avaliado
para 8 h de trabalho
diário
22. Componentes % 100% Com exceção às correias de transmissão e às rodas,
recicláveis praticamente todos os demais elementos são recicláveis
(aço e alumínio).
23, Custo de teste e R$ 14% do custo do Requisito não avaliado
avaliação produto
C a p ít u l o V I I I

C o nclusõ es e R ec o m en d a ç õ es

8.1 I n t r o d u ç ã o

Primeiramente, pode-se dizer que o desenvolvimento e construção deste protótipo


do picador para coberturas vegetais foi o passo fundamental para a obtenção de um
equipamento capaz de atender as necessidades dos pequenos produtores rurais do Estado de
Santa Catarina, no que tange aos sistemas de cultivo conservacionistas do solo.
Assim, na seqüência serão explanadas as conclusões a respeito do protótipo, com
relação às especificações de projeto e aos testes realizados. E, com base nas constatações
obtidas a partir dos testes e avaliações, serão listadas algumas sugestões de modificação para
este primeiro protótipo, objetivando melhorar seu desempenho geral.
Além destas, serão feitas outras sugestões de aspectos a se avaliar em testes futuros,
os quais complementarão os testes já realizados.

8.2 C o n c l u s õ e s s o b r e o p r o t ó t ip o coN S T R u too

No que diz respeito ao protótipo construído, este atingiu os principais objetivos


propostos com relação às especificações de projeto, sendo portanto um equipamento de
pequeno porte, baixo custo e de grande simplicidade técnica, o que o toma bastante atrativo
não apenas do ponto de vista operacional, mas também do ponto de vista comercial.
Cabe ressaltar aqui que o picador não deve ser encarado como um equipamento
concorrente a outros implementos de manejo da cobertura vegetal, tais como o rolo-facas e o
rolo-discos, e sim como um implemento alternativo à realização desta tarefa, pois as
condições em que se aplicam tais equipamentos são bastante diversas. Ou seja, em
determinadas situações, tais como terrenos arenosos e também com pedras e/ou cascalho, o
picador se aplica com vantagens sobre os outros equipamentos supracitados. Assim, este
equipamento vem preencher uma lacuna em termos de implementos adequados aos pequenos
produtores.
C a p ít u l o VIII - C o n c l u s õ e s e R e c o m e n d a ç õ e s ___________________________________________________________ 111

Com relação aos testes realizados, o picador de coberturas vegetais mostrou-se


bastante versátil quando do manejo de diferentes espécies de coberturas, correspondendo
plenamente às necessidades dos pequenos produtores rurais. O manuseio do equipamento
mostrou-se facilitado, não apresentando grandes dificuldades; o corte das coberturas foi
bastante satisfatório, e esta ficou uniformemente picada e espalhada sobre o solo; e, a
potência disponível ao equipamento (7,46 kW), foi suficiente para promover o manejo da
cobertura, mesmo em situações de maior solicitação.
E, com relação às especificações de custos do protótipo, estas forneceram
informações importantes no tocante às tomadas de decisão, principalmente no que diz
respeito aos custos de fabricação, material e montagem. Assim, o custo final total do
protótipo atingiu R$ 1116,50, ficando cerca de 15% acima do especificado. Em se tratando de
uma estimativa, este valor foi considerado satisfatório.

8.3 S u g e s t õ e s para tra balh o s futuro s

Inicialmente, sugere-se realizar em trabalhos futuros uma análise detalhada da


estrutura do protótipo, utilizando-se para tanto algum software de análise numérica, com
vistas a otimizar suas dimensões, bem como redimensionar seus elementos componentes
(chapas laterais e tubos). Com esta análise, pode-se conseguir uma redução no valor da massa
total do equipamento, inferior ao valor obtido (134 kg). Assim, além de diminuir os custos
com material, um equipamento mais leve apresentaria maior facilidade de operação, bem
como menor consumo de combustível.
Com relação ao conjunto de acionamento, apesar das modificações realizadas após
os testes preliminares, este ainda apresentou pontos a serem melhorados. Um destes diz
respeito à falta de um sistema que permita fazer a compensação do esticamento das correias.
Ocorreu que, com o uso, tais correias acabaram se alongando, o que permitiu o deslizamento
destas entre as polias principal e do trator de rabiças, quando em operação.
Ainda, sugere-se o uso de um braço de reforço para a polia esticadora. Com isto,
não ocorreria a flexão da alavanca de acionamento, tal como constatado nos testes
preliminares. E, sugere-se também, o posicionamento de uma alavanca auxiliar afixada na
rabiça do trator, o que permitiria o acionamento do protótipo com maior segurança.
Com relação às proteções do sistema de transmissão, estas mostraram-se
apropriadas no sentido de fornecer segurança ao operador. Porém, na transmissão primária
C a p ít u l o v n i - C o n c l u sõ e s e Re c o m e n d a ç õ e s 112

(entre a polia motora do trator de rabiças e a polia movida do picador), não foi colocada
nenhuma proteção devido ao posicionamento da alavanca de acionamento. Assim, sugere-se a
colocação desta proteção, em conjunto com uma alavanca auxiliar de acionamento, já citada
anteriormente.
Outra modificação proposta, diz respeito ao sistema de engate. Conforme descrito
no capítulo de Projeto Preliminar, tal engate permite o giro relativo entre o picador e o trator
de rabiças, conforme mostrado na Figura 8.1.

trator de rabiça

Figura 8.1 : Giro relativo entre o picador e o trator de rabiças.

Porém, se este giro for excessivo, ocorrerá o escape das correias da transmissão
primária, conforme relatado nos testes de campo. Assim, propõe-se a utilização de lim
sistema de engate com limitadores de giro, permitindo assim certo giro relativo entre o
picador e o trator de rabiças. Desta forma, com este giro limitado a um certo ângulo, o escape
das correias ficaria dificultado.
No que diz respeito ao sistema de transmissão, este poderia ser simplificado através
da eliminação do esticador de corrente (transmissão secundária, conforme mostrado na Figura
5.17). E, para promover o esticamento contínuo da corrente de transmissão, a roda dentada
menor deveria ser móvel, mantida tensionada por uma mola, conforme Figura 8.2.
C a pít u l o v n i - C o n c l u sõ e s e Re c o m en d a ç õ es 113

Figura 8.2; Sistema de transmissão com o esticador de corrente na roda dentada menor

E também, sugere-se que no sistema de corte e picagem o tubo utilizado como rotor
possua uma maior espessura de parede, da ordem de 6 mm. Isto facilitaria a operação de
usinagem a que esta peça é submetida.
Com relação aos testes de campo realizados, inicialmente outros tipos de
ferramentas de corte com diferentes geometrias poderiam ser testadas, bem como poderia-se
utilizar um maior ou menor número de ferramentas. Também, tais testes poderiam ser feitos
com diferentes espécies de cobertura vegetal. Assim, os resultados obtidos forneceriam o tipo
ideal de ferramenta para cada cobertura específica. Além disso, poderia-se testar o picador
em diferentes rotações de trabalho, com o intuito de verificar se ocorrem variações no
comprimento dos fragmentos picados.
Outro ponto diz respeito ao trabalho em terrenos com pedras e cascalho. Esta
situação pode ser considerada de grande solicitação para o sistema de corte e picagem; desta
forma, faz-se necessário avaliar o desempenho do picador neste caso. Também, para tal
situação pode-se sugerir o uso de correntes simples de elos como ferramenta de corte; porém,
o grau de picagem da vegetação deve ser analisado cuidadosamente.
Por fim, como os testes foram realizados no mês de fevereiro, não foi possível,
evidentemente, avaliar o desempenho do picador em espécies de coberturas vegetais
utilizadas nos meses de inverno, entre outras a aveia preta e o centeio. Assim, como estas
C a pít u l o v m - C o n c l u s õ e s e R ec o m e n d a ç õ e s _______________ ________________________________________ 114

espécies possuem grande importância como cobertura vegetal de inverno, sua avaliação faz-se
necessária.

8 .4 C o n c l u s õ e s g e r a is

Com relação às ferramentas de projeto, ressalta-se sua importância como


instrumentos balizadores de todo o processo, auxiliando as tomadas de decisão do projetista.
Segundo Back (1996), “...é imprescindível a utilização de um procedimento sistemático,
capaz de integrar e otimizar os diferentes aspectos envolvidos no projeto, se adequando a
várias tecnologias e possibilitando a interação entre o pessoal envolvido, de modo que o
processo todo seja lógico e compreensível”. Portanto, a metodologia de projeto segundo Pahl
e Beitz (1995) utilizada, mostrou-se fundamental no que diz respeito às orientações
fornecidas à equipe de projeto.
Com relação ao Desdobramento da Função Qualidade (QFD), esta ferramenta foi
de grande importância quando da determinação dos itens que deveriam ser priorizados
durante o planejamento e desenvolvimento do produto. Ressalta-se também que, a utilização
de um software para a construção da Casa da Qualidade facilitou grandemente esta atividade.
Também, o uso de uma nova ferramenta na fase de Projeto Conceituai para realizar
as estimativas de custos do produto, forneceu dados importantes para as tomadas de decisão,
auxiliando na escolha de uma concepção mais econômica e otimizada.
E, o modelo gráfico construído em três dimensões mostrou-se bastante útil na etapa
de dimensionamento do protótipo, bem como na visualização entre todos os subsistemas
componentes do picador.
Por fim, tem-se em mente que a necessidade de desenvolvimento de implementos
agrícolas para pequenos produtores é uma constante. Apesar de que o cenário agrícola no qual
baseou-se o desenvolvimento deste protótipo possui um número predominante de pequenas
propriedades, é certo que tal equipamento poderá beneficiar outras regiões do país, auxiliando
na conservação do solo, a conseqüente valorização da propriedade e na melhoria da qualidade
de vida dos pequenos produtores.
R e f e r ê n c ia s B ib l io g r á f ic a s

[1] AKAO, Yoji. Manual de Aplicação do Desdobramento da Função Qualidade. Escola


de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais; Fundação Cbristiano Ottoni.
V. 1 ,1990.

[2] BACK, Nelson. Metodologia de Projeto de Produtos Industriais. Rio de Janeiro.


Guanabara Dois, 1983. 389 p.

[3] BACK, Nelson. FORCELLINI, Fernando A .Notas de aula da Disciplina Projeto


Conceituai. Florianópolis; Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina, 1996. 137 p.

[4] BALASTREIRE, Luiz Antonio. Máquinas Agrícolas. São Paulo; Manole, 1987. 310 p.

[5] BALDAN IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS S. A . Catálogo técnico de produtos. São


Paulo.

[6] BOCKHOP, C. W. BARNES, Kenneth K. Power Distribution and Requirements of a


Flail-Type Forage Harvester. Agricultural Engineering, v. 36, n. 7, p. 453-457, july,
1955.

[7] BOLLER, Walter. KLEIN, Vilson A. HEISSLER, Luiz R. Avaliação do desempenho de


um picador de palha tratorizado. In; Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola,
20,21 a 26 de julho, 1991, Londrina. Anais... Londrina, 1991, p. 1276-1286.

[8] CALEGARI, A. e outros. Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro; AS-PTA-
Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, 1992. 346 p.

[9] COSTA, Baltazar B. (Coord) e outros, Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro;
AS-PTA- Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa., 1993. 2 ed.,
346 p.

[10] DERPSCH, R. Adubação Verde no Sul do Brasil. Campinas; Fundação Cargil, 1984.
362 p.

[11] EPAGRI. Recomendação de Cultivares para o Estado de Santa Catarina 1995-1996.


Florianópolis, 1995. 142 p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 72).
R e f e r ê n c ia s B ib lio g r á fica s __________________________________ _______________________________________ 116

[12] FERREIRA, Cristiano Vasconcellos. Estimativa de Custos de Produtos na Fase de


Projeto Conceituai: Uma Metodologia para Seleção da Estrutura Funcional e da
Alternativa de Solução. Florianópolis, 1997. 149 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica). Universidade Federal de Santa Catarina.

[13] FERREIRA, Marcelo G.G. Utilização de Modelos para a Representação de Produtos


no Projeto Conceituai. Florianópolis, 1997. 128 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica). Universidade Federal de Santa Catarina.

[14] FIBGE. Censo Agropecuário do Estado de Santa Catarina - 1985. Rio de Janeiro; IBGE -
Censos Econômicos, 1985. n. 23.

[15] FORCELLENI, Fernando Antônio. Desenvolvimento do Protótipo de Colhedora de


Forragens Acoplável a Tratores de Rabiça. Florianópolis, 1989. 119 p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Mecânica). Universidade Federal de Santa Catarina.

[16] GASSEN, Dirceu N. O Plantio Direto e o uso de Produtos Fitossanitários. Plantio


Direto, Passo Fundo, Edição Especial sobre o Cerrado, p. 36, mar. 1995.

[17] GENTIL, Luiz Vicente. Aspectos Econômicos do Plantio Direto. In; Seminário
Internacional do Sistema de Plantio Direto, 1, 7 a 10 de agosto, 1995, Passo Fundo,
RS.

[18] LVPAR. Plantio Direto no Estado do Paraná. Circidar Instituto Agronômico do Estado
do Paraná, ago, 1981.

[19] IMASA. Catálogo técnico de produtos.

[20] JAN S/A. Catálogo técnico de produtos. Não Me Toque, RS.

[21] KANAFOJSKI, Cz. KARWOWSKI, T. Agricultural Machines, Theory and


Construction. Tradução por Waldemar Bartoszewski e Halina Markiewicz.
Washington, D.C.; U.S. Departament of Agriculture and National Science Foundation.
1976. V. 2, 1047 p.

[22] KEPNER, R.A. BAINER, Roy. BARGER, E.L. Principies of Farm Machinery.
Westport, Connecticut; The Avi Publishing Company, Inc., 1972, 486 p.

[23] KUBOTA-TEKKO DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Catálogo técnico


de produtos. Diadema, SP.
R e f e r ê n c ia s B ib lio g r á fica s __________________________________ _______________________________________ 117

[24] KUHN S. A . Catálogo técnico de produtos. Saveme, France.

[25] MABIE, H. H. e OCKVIRK, F. W. Mecanismos e Dinâmica das Máquinas. Rio de


Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, Editora S. A .1980. 2 ed.

[26] MAMETORA AGRIC. MACHINERY CO. , LTD. Catálogo técnico de produtos.


Okegawa-City, Saitama-Pref, Japan.

[27] MOTT CORPORATION. Catálogo técnico de produtos. Illinois, USA.

[28] MONEGAT, Claudino. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em


pequenas propriedades. Chapecó: 1991. 336 p.

[29] MUZILLI, Osmar. FANCELLI, Luiz Antonio. Atualização em Plantio Direto.


Campinas, 1985,343 p.

[30] NIEMANN, G. Elementos de Máquinas. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1976. 3 v.

[31]0GLIARI, A.; BACK, N.; PRADO, I.J.E.; KOMOSINSCKI, L.. “Implementação


computacional do processo de concepção de produtos utilizando análise orientada
à objetos e sistemas especialistas”. In: Xíll Congresso Brasileiro e II Congresso Ibero
Americano de Engenharia Mecânica - COBEM-CIDIM/95, UFMG. Anais... (em CD-
ROM). Belo Horizonte, 1995.

[32] PAHL, G. BEITZ, W. Engineering Design: a Systematic Approach. 2. ed. Tradução


por Ken Wallace, Luciene Blessing e Frank Bauert. London: Spring Verlag, 1995. 544
p. Original em alemão.

[33] PECHE Filho, A. e outros. Avaliação do grau de picagem de material orgânico: uma
proposta de metodologia. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 23, 18 a
23 de julho, 1994, Campinas. Anais... Campinas, 1994.

[34] PERSSON, Sverker. Basic Force, Stress and Energy Concepts. In: Mechanics of
Cutting Plant Material. Michigan: American Society of Agricultural Engineers, 1987.
p. 125-217.

[35] SAAD, Odilon. Máquinas e Técnicas de Preparo Inicial do Solo. São Paulo: Livraria
Nobel S.A, 1979.

[36] SANTA CATARINA. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento Manual de Uso,


Manejo e Conservação do Solo e da Água: Projeto de Recuperação e Manejo dos
R e f e r ê n c ia s B ib lio g r á fica s _____________________________ ____________________________________________118

Recursos Naturais em Microbacias Hidrográficas. Florianópolis: EPAGRI, 1994. 2


ed , 384 p.

[37] SANTOS, Salete dos. Avaliação e Melhoramento de Equipamentos para Manejo


Mecânico de Cobertura Vegetal. Florianópolis, 1997. 111 p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina.

[38] SKF - Catálogo Geral de Rolamentos 4000 PB. Torino: Stamperia Artistica Nazionale,
1989. 976 p.
[39] STANGE, Plínio. PEREIRA, Maria da Graça. Notas de aula da Disciplina Engenharia
da Qualidade. Florianópolis: Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina, 1996. 25 p.

[40] WEISS, A . SANTOS, S. Diagnóstico da Mecanização Agrícola Existente nas


Microbacias da Região do Tijucas / da Madre. Relatório Final do Convênio 054/91
EPAGRI / FEESC, 1996. 114 p.

[41] WEISS, Augusto. Desenvolvimento e adequação de implementos para a mecanização


agrícola nos sistemas conservacionistas em pequenas propriedades. Florianópolis,
SC: Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - CTC - EPS - UFSC.
200p. 1998. (Tese de Doutorado).
ANEXO A
A-1

A-1 O b j e t iv o s d a M e t o d o l o g ia do QFD

Historicamente, as primeiras noticias sobre a utilização do QFD datam da década


de 70, quando o Professor Dr. Yoji Akao (1990) introduziu, em 1966, o conceito de QFD no
Japão. Em 1972, com a ajuda dos Drs. Mizuno e Furukawa, os estaleiros da Mitsubishi Heavy
Industries desenvolveram uma matriz das necessidades do consimiidor e características da
Qualidade. No ocidente, os primeiros contatos com o QFD ocorreram na década de 80, sendo
que o primeiro estudo de caso ocorreu nos Estados Unidos em 1986, na Ford Motors Co..
A nível de Brasil, os estudos do QFD iniciaram-se no final dos anos 80 e início dos
anos 90. Porém, sua utilização nas empresas brasileiras é ainda relativamente pequena, no
entanto já existem algumas empresas de grande porte utilizando tal ferramenta,
principalmente na indústria automobilística.
Dentre os principais objetivos do QFD, pode-se citar:
=> Manter uma boa interpretação dos objetivos em relação ao produto, baseados nas
necessidades dos clientes, ao longo de todas as etapas do ciclo de vida do produto;
^ Fazer o desenvolvimento do produto em um ciclo menor, reduzindo o tempo para o seu
lançamento no mercado;
Reduzir as mudanças de engenharia;
Obter custos menores e maior produtividade, com ênfase no planejamento e na prevenção
de problemas;
=> Fornecer uma visão geral de todo o projeto;
=:> Permitir cruzamento de parâmetros, mostrando interferências, inter-relações e influências
positivas e negativas;
=> Potencializar a criatividade de todos os elementos da equipe de projeto nas oportunidades
de melhoria;
O QFD auxilia então na obtenção do produto com a qualidade definida pelo cliente,
pela clara definição dos objetivos das tarefas necessárias para alcançá-la.
Muito embora o emprego do QFD não seja garantia de sucesso, sem dúvida é
grande a probabilidade de se atingir o sucesso, pois a aplicação do QFD possibilita uma nova
e melhor abordagem para o planejamento do produto.
A-2

A -2 P a s s o s b á s ic o s p a r a a c o n s t r u ç ã o d a Ca sa da Q u a l id a d e

A Casa da Qualidade (T Matriz do QFD) pode ser entendida como um mapa


conceituai que permite um planejamento inter-funcional e comunicativo entre todos os
responsáveis pelo desenvolvimento do produto, em todas as suas etapas.
Esquematicamente, as principais partes que compõem a Casa da Qualidade são
mostradas na figura abaixo:

Campo I: Necessidades dos clientes (NC’s)


Campo ÍI: Requisitos de projeto (RQ’s)
II
Campo III: Matriz de relacionamentos
Campo rV: Valoração das necessidades
dos clientes
III IV Campo V: Relacionamento entre os
requisitos de projeto
Campo VI: Classificação por importância
VI dos RQ’s

Figura A l: Representação esquemática da Casa da Qualidade

Neste trabalho foi utilizado o software “QFD” no auxílio à construção da Casa da


Qualidade, haja visto a facilidade proporcionada pelo mesmo, na editoração dos vários
campos componentes da Casa, nos relacionamentos e também na apresentação dos resultados
(cálculos matemáticos e plotagem).
Num primeiro passo, realiza-se o preenchimento do Campo I com as necessidades
dos clientes levantadas a partir de dados de pesquisas e enquetes junto aos mesmos, bem
como de consultas a especialistas. Tais necessidades foram subdivididas em dois tipos, as dos
clientes externos, e as dos clientes intermediários e/ou internos. Assim, as NC’s “fácil de
operar”, “baixo custo de aquisição” e “operação segura”, por exemplo, dizem respeito aos
clientes externos, ou seja, aquelas pessoas que efetivamente irão utilizar o equipamento. E, as
NC’s “utilizar processos comuns de fabricação” e “componentes de geometria simples”, por
exemplo, são relativas aos clientes intermediários e internos, ou seja, as pessoas envolvidas
na fabricação e na distribuição do equipamento.
A-3

Feito o preenchimento deste primeiro campo, parte-se agora para o Campo E.


Neste, as NC’s são transformadas em linguagem de engenharia, os Requisitos da Qualidade
(RQ’s). Estes, são características técnicas que podem então ser mensuradas através de algum
tipo de sensor, e que o produto necessita ter para atender as necessidades dos clientes. Assim,
“peso total” (medido em kg), “vida útil” (medida em anos) e “potência requerida” (medida
em CV), são alguns exemplos de características técnicas que devem ser levadas em conta
quando do desenvolvimento do produto. Os sinais ( t) e ( i) mostrados na firente de cada RQ
representam o que se espera para cada requisito. Por exemplo, o sinal ( i) do requisito
“potência requerida” reflete o desejo de redução do consumo de potência pelo equipamento,
ou seja, quanto menos potência consumir a máquina, melhor. E, o sinal ( t) para o requisito
“vida útil” significa que quanto mais tempo a máquina durar, melhor.
O próximo passo consiste em estabelecer de forma qualitativa o quanto cada
requisito da qualidade afeta cada necessidade do consumidor. Desta forma, faz-se o
preenchimento da “matriz de relacionamentos” (Campo III) entre RQ’s e NC’s, a qual será
usada posteriormente na quantificação dos RQ’s.
O inter-relacionamento entre as NC’s e os RQ’s pode ser representado por
símbolos ou números, conforme critério da equipe responsável pelo projeto. Neste trabalho,
optou-se por trabalhar com símbolos, pois o software utilizado na construção da Casa da
Qualidade faz as conversões necessárias. Como exemplo destes relacionamentos, pode-se
citar o forte relacionamento entre a NC “fácil substituição de peças” e o RQ “peças
padronizadas”, tendo o valor numérico 5. Outro exemplo é o nulo relacionamento entre a NC
“visual agradável” e o RQ “vida útil”, representado por zero.
A seguir deve-se estabelecer os valores de cada uma das NC’s perante os próprios
consumidores. Para tanto, com o objetivo de se determinar valores mais próximos da
realidade, haja visto que não foram realizadas enquetes junto com os agricultores
principalmente devido ao pouco tempo disponível, fez-se uso do Diagrama de Mudge, o qual
relaciona todas as necessidades duas a duas, e estabelece qual é a mais importante através da
atribuição de pesos de importância. Assim, para o projeto em questão, foram construídos dois
diagramas, o primeiro relacionando as necessidades dos clientes externos (os agricultores), e
o segundo relacionando as necessidades dos clientes internos (fabricantes e distribuidores).
Isto foi realizado devido ao fato da postura que teve de ser adotada para se fazer os
relacionamentos, ou seja, quando da análise do primeiro diagrama, este foi preenchido sob o
A-4

ponto de vista dos clientes externos. E, quando do preenchimento do segundo diagrama


adotou-se a ótica dos clientes internos. Se fossem relacionadas as necessidades destes dois
tipos de clientes, a equipe deveria optar por um ponto de vista, em detrimento do outro.
Os respectivos diagramas são mostrados nas Figuras A.2 e A.3.

%
A1 A l 1A1 A 3 ( A 3 ÍA 3 A 3 IA 1 I A3 A l A l A l A3 A3 A3 A3 A3 A3 T5 A l A l X3 A3 A5 A3 A3 Ab Aò A5 76 5.5
lA
B 031 Dl B lj B1 G3 B3 B1 B5| K5 L3 M l B3 B5 B3 B3 B1 B3 T5 U1 VI X3 B5 B3 B1 ! S3 B5 B5 B5 59 4.3
C 101 C3 C3! C1 1C3 C3 C5 K1 L3 M1 C5 C5 C5 C5 C3 C5 C l C l C3 C l C5 C3 C3| C3 C5 C5 C5 90 6.5

■ E F1 G3 £3 13 E3 K3 L3 Ml E1 £3 E1 £1 R1 £1 T5 U3 VI X3 £3 21 £1 £1 £5 E5 £5 34 2.5
F G3 F3 13 F3 K3 LI Ml F3 F5 F3 F3 F1 F3 T5 F3 V3 X3 F3 F1 F3 F3 F5 F5 F5 54 3.9
"o G5 13 G5 K3 G1 M? G3 G5 G1 G3 G1 G3 T3 G1 VI XI G3 G1 G3 G3 G3 G5 G5 63 4.6
A-dutáv«l H 11 H3 K3 L3 M3 N3 H1 PI Q3 R5 H1 T5 U3 U3 X5 H1 Z5 H3 ABI H3 H3 H1 19 1.4
B - léáf de operar 1 J5 11 J1 15 15 n »3 RI J3 T5 11 Î3 15 )5 13 13 » 15 15 15 71 5.2
C - manejo de várias coberturas 16 1.2
D - picasBm uniforrre 1Ü L L I 1Kl K3 K5' K3! K1 R3! K3! T3 Kl K l 1X I 1K3 K3! K3| K l 1 K5 K5 K5 69 5
E - fádl ajuste na altura de corte L3 LI L5 LI 1 L1 R I ! L3 ! t T L1 LI ! x i! T T L3I L3| LI 1 L3 L5 L5 62 4.5
F - baixo consumo de potência
G - largura de corte maior possível 1L ü N5l P3 N3 R3 S I T3 U1 NI X1 N1 1NI 1N3| N1 1N5 N5 N5 391 2.8
H • baixa vibraçSo O P5 0 5 R5 S3 T5 U5 V5 X5 01 ! Z1 ]|AA1|AB3| 03 0 3 03 14 1
1- nâo ocorrer embuchamento P P3 R3j PI T5 U3 V5 X3, P3 PI AA1 ABI] P3 P3 P I 32 2.3
J - baixo oiído Q RI s i! T5 U3 V3 X3 Q1 21 Q l![ABIi Q3 Q l Q3 2l| 1.5
K - utilização em terrenos inclinados R R3 TI R3 R3I X I 1 R I « 3 ' R3 R3 RS R5 R5 681 4.9
L ' acionado por trator de rabiças S T5 U3 V3 X5 S 3 ' S I S I ABI S3 S 3 S 5 25 1,8
M - confiável T T5 T5 X3 T5 T5! T3 T3 15 T5 T5 112| 8.1
N - manutenção «cil e rápida "tíl V3 X3i (J5i U3i U1 U1 U5 U5 U5 571 4,1
X 3 ' V5 V3 V1 V1 V5 V5 V5 60 4,4
O - ferramentas padronizadas 1V
P - dispensável mã0.^e'0bra especializada X X5 X3 X I X3 X5 X5 X5 83 6
Q - peças simples e de fácil aquisição Y 21 Y3 ABI AC1 A03 Y3 6j 0.4
R - pouca necessidade de manutenção Z 23 AB3 Z3 Z5 23 27 2
S - fâcil subtituiçSo de peças AA ABsl AA5 AA5 AA5 19 1.4
T - baixo preço de aquisição Z - rápido acoplamento o/ mhrotrator AB5 AB5 AB5 33 1 2.4
U - baixo custo de operação A A- boas características ergonômicas ] AC AC3 AC5 9 0.7
V - baixo custo de manutenção A B - lácil movinnentação AD AE3 3| 0.2
X - operação segura p l operador A C - aparôntar robustez 1Ã Il 3 0.2
Y - sem partes móveis expostas AD- visual agradável t Total 1 137ô' 100
A E ' acabamento simples

Figura A.2; Diagrama de Mudge para as necessidades dos clientes externos

1 NC*s A G AH Al AJ AK AL AM AN S o m a % VC
1 AF AG3 AF3 AF5 AJ3 AF1 AL1 AM 3 AN1 9 10,8 4,2
AG AG3 AG3 AJ3 AG3 AG 3 AM1 AN1 15 18,1 7,1
AH AH3 AJ3 AK1 AH3 AM1 AN3 6 7,2 2,7
Al AJ5 AJ1 AI3 AM5 AN5 3 3,6 1.2
AJ AJ1 AJ1 AM1 AJ1 17 20,6 8,1
AK AK3 AM1 AK1 5 6 2,2
AL AM3 AN1 1 1.2 0,2
AM AM1 16 19,3 7,6
AN 11 13,3 5,2
1 Total 83 100
1
AF - usar materiais de baixo custo
A G - usar materiais de boa trabalhabiiidade
AH - usar materiais padronizados
Ai - usar materiais recicláveis
AJ - usar processos corriqueiros
AK - componentes de geometria simples
AL - reduzido número de componentes
A M - tolerâncias grandes
AN - montagem simplificada

Figura A. 3: Diagrama de Mudge para as necessidades dos clientes internos


A-5

Em ambos os diagramas foram adotados, para os pesos de importância, os


seguintes valores: 5, quando uma das necessidades era muito mais importante do que a outra,
3 quando era de média importância e 1 para pouca importância.
Como resultado destes relacionamentos, obtém-se todas as necessidades
classificadas por ordem de importância, sendo então estes valores transferidos para a Casa da
Qualidade. Ressalta-se aqui apenas a necessidade de ajustes nos valores do segundo
diagrama, sendo que a última coluna (VC - Valor Correspondente) representa valores os quais
foram interpolados linearmente com os valores obtidos no primeiro diagrama. Isto foi feito
com o objetivo de equalizar os valores de ambos os diagramas de Mudge.
Após a determinação do Valor do Consumidor (Campo IV), pode-se fazer agora os
relacionamentos entre os diversos Requisitos da Qualidade (RQ’s), representados pelo Campo
V. O “telhado” da Casa da Qualidade é uma forma de visualizar como uma mudança em
determinada característica do produto pode influenciar em outra. Ou seja, o “telhado”
identifica o grau de dependência entre os RQ’s.
Os relacionamentos entre os RQ’s podem ser de quatro tipos, a saber: fortemente
positivo, positivo, negativo e fortemente negativo. Assim, a relação entre “custo de aquisição”
e “peças padronizadas” é fortemente positiva, pois quanto maior o número de peças
padronizadas utilizadas no equipamento, menor será o custo de aquisição. Já o
relacionamento entre os RQ’s “vida útil” e “amplitude de vibração” é do tipo fortemente
negativo, pois se existir uma amplitude de vibração demasiado alta, a vida útil do
equipamento com certeza ficará comprometida.
Desta forma, pode-se fazer um monitoramento entre os diversos Requisitos da
Qualidade quando de alterações destes, com especial atenção sendo dispensada aos requisitos
conflitantes.
O próximo passo constitui-se do preenchimento do Campo VI da Casa da
Qualidade, com o cálculo dos valores de importância para cada um dos RQ’s. Para tanto,
multiplica-se o Valor do Consumidor de cada uma das NC’s pelos respectivos valores
correspondentes de cada RQ, e somam-se os resultados (o software utilizado realiza
automaticamente estes cálculos). A determinação do Valor de Importância de cada RQ
possibilita então classificá-los, podendo desta forma serem priorizadas as atitudes de
melhoramento.
Após a realização destas várias etapas, chega-se à construção de uma Casa da
Qualidade que visa atender às necessidades estabelecidas pela equipe de projeto. Poderia-se,
A-6

inclusive, realizar os desdobramentos necessários à construção das outras matrizes do QFD,


assegurando por exemplo, a escolha dos melhores processos de fabricação e produção, e a
escolha dos melhores materiais construtivos. A Figura 3.4, Capítulo Dl, apresenta a Casa da
Qualidade para o picador de cobertura vegetal.
ANEXO B
B-1

B-1 C a r a c t e r í s t i c a s d a s f a c a s d e c o r t e , em r e l a ç ã o a o c e n t r o d o r o t o r

SOLIDS

Mass: 28212.3879

Volume: 28212.3879

Bounding box; X; 29.5944 - 90.4056


Y: -16.0000 - 16.0000
Z: 63.3620 - 175.9392

Centroid: X: 60.0000
Y: 0.0000
Z: 127.2522

Moments of inertia: X: 487354196.1845


Y: 589450644.9409
Z: 107120135.9604

Products of inertia: XY: 0.0000


YZ: 0.0000
ZX: 215405362.4788

Radii of gyration: X: 131.4324


Y: 144.5452
Z: 61.6191

Principal moments and X-Y-Z directions about centroid:


I: 30507305.0253 along [1.0000 0.0000 0.0000]
J: 31039157.2340 along [0.0000 1.0000 0.0000]
K: 5555539.4128 along [0.0000 0.0000 1.0000]
B-2

B -2 C a r a c t e r ís t ic a s d o s is t e m a d e c o r t e e p ic a g e m (r o t o r + facas d e c o r te )

SOLIDS

Mass; 3555978.6729

Volume; 3555978.6729

Bounding box; X ;-1.0010 - 1311.0000


Y; -175.9392 ~ 175.9392
Z; -175.9392 ~ 175.9392

Centroid; X; 652.0926
Y; 0.0000
Z; -0.0139

Moments of inertia; X; 17706651387.8917


Y; 1.9756E+12
Z; 1.9756E+12

Products of inertia; XY; 2199591961.1352


YZ; 0.0000
ZX; 2197947377.8993

Radii of gyration; X; 70.5649


Y; 745.3610
Z; 745.3611

Principal moments and X-Y-Z directions about centroid;


I; 17684641504.9703 along [1.0000 0.0049 0.0050]
J; 4.6348E+11 along [-0.0001 0.7253 -0.6885]
K; 4.6350E+11 along [-0.0070 0.6884 0.7253]
B-3

B-3 C a r a c t e r í s t i c a s d o p r o t ó t ip o c o m p l e t o

SOLIDS

Mass: 14027427.0578

Volume; 14027427.0578

Bounding box: X: -876.7457 - 230.8321


Y :-1485.7321 - 83.4021
Z: -258.3500 ~ 833.3243

Centroid: X: -153.6040
Y: -538.6995
Z: 50.1162

Moments of inertia: X:6.9109E+12


Y: 1.2967E+12
Z: 7.5007E+12

Products of inertia: XY: 9.6796E+11


YZ:-2.8205E+11
ZX:-2.0918E+11

Radii of gyration: X: 701.9055


Y: 304.0351
Z: 731.2426

Principal moments and X-Y-Z directions about centroid:


I: 2.7977E+12 along [0.9523 0.1130 -0.2836]
J: 9.0567E+11 along [-0.1034 0.9935 0.0486]
K: 3.131 lE+12 along [0.2872 -0.0169 0.9577]
ANEXO C
04 Ponta de eixo esquerda 01 açoABNTIOZO des. 2.07
03 Ponta de eixo direita 01 aço ABNT 1020 das. 2.06
02 Anel do Rotor 02 aço ABNT 1020 des. 2.05
01 Rotor 01 açoABNT1020 des. 2.04
PEÇA DEN O M IN AÇÃO QUANT. M ATERIAL O B SE R V A Ç Ã O
T T -rpop ENGENHARIA MECÂNICA Detalhe fixação pontas de eixo
^ ^ ^ LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo F. D E SN * Z01
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL TnWfcv-i«« rtZrtraprrifmtÁlMr
ESCALA APROV.
L p mo
1:4
9 .,5

fresûolD
3,a /
Peçû confornoicla (quant. 20)
9 \v

Unha cie dobra

PeçQ desenvolvida Cquant. 40)

faca de corta indicada aço ABNT 1020


PEÇA DENO M iNAÇAO QUANT. M ATERIAL O B SE R V A Ç A O
ENGENHARIA MECÂNICA
UFSC LABORATORIO DE PROJETO
NOME Ca^aldo D E SN * Z02
DATA 04Æ8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL ESCALA APROV.
1:1^ mo
01

torneado

02
25

1 /

n
/ \

'Ç/
02 Perfil "L- 40 aço ABNT 1020
01 Pino 20 aço ABNT 1020 •
PEÇA . DENO M iNAÇAO QUANT. M ATERIAL O B SE R V A Ç Ã O
TTT?QP ENGENHARIA MECÂNICA
U r o U LABORATORIO DE PROJETO
NOME RodrfgoF. D E SN * 2.03
DATA 0M 8 UNIDAOE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
lí> ESCALA
1:1
APROV. TnlwOnfM» ngf» Aypf-râfiraHiw
mo
torneado

.
Rotor 01 aço ABNT 1020
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL O BSERVAÇÃO
T T -n op ENGENHARIA MECÂNICA
^ L A B O R A T O R I O DE PROJETO
NOME Castaldo DESN* 2.04
DATA 04Æ8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL Ttdecflndas nSo espedficadaK
ESCALA APROV.
L ? mo
1:2
E sp essu ra 6 v3 5 rnn

Anel do rotor 02 aço ABNT 1020 •

PEÇA DENOMINAÇAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO


T T -pop ENGENHARIA MECÂNICA
U -T O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME R od r^ D ESN * 2.05
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
Lp FSCALA
1:2
APROV. TnlwAtiraiB» iJbi
mo
rjfifüiAw
to r n e a d o / îo m e a d o '
25.

Ponta de eixo direita 01 Bço ABNT 1020


PEÇA DENOMINAÇAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTTQP ENGENHARIA MECÂNICA
'J-T O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME R o d r^ D ESN ’ 2.06
DATA 04Æ8 UNIDAOE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Toteânciag nSo etpecifiwulM:
1:1 mo
D etû lh e
AA'
. 35,011

25

-
Ponta de eixo esquerda 01 açoABNT1020
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTT?QP ENGENHARIA MECÂNICA
'-'■T LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo D ESN * Z07
QATA 04/M UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. ToloAiieias nSo eqwdficBdas:
Ip mo
_
Polia do rotor 01 alumínk)
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T T r iQ p ENGENHARIA MECANICA
U r O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Cssteldo D E SN * Z08
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL TnlfWhuriiig T\gri
ESCALA APROV.
í p mo
1:1^
I N I « »
'SJIII
ii l i |
ta

§§i
n i k ii

\ IO
l.t 111
Î
’ i’ IM
03 04

02

04 TUx) fm pflriorlm eiiD 01 ■goABNT 1020 *

03 T id » in& dor tiH etiD 01 ■ça ABNT 1020 .

02 T id » m enor tEBsetiD 02 aço ABNT 1000 .

01 Tabo Ttrferior 02 ■poABNT 1020 •

PEÇA DENOMINAjCÍXO QUANT. AfATERIAL OBSERVAÇÃO


TTTTQr* ENGENHARIA MECÂNICA
U r O U LABORATORIO DE PROJETO
NQMB cœsN* 3j01
DATA ovn UNIDADE mm
HCADORDE COBERTURA VECffiTAL
BSCALA AR0V . TokilDdM nlo flipaoi&idH:
13 IT 10
pla««g HifwH» 01 ■poABNT 1000
FBÇA DENOIiálNAidÀO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T -riop ENGENHARIA MECÂNICA
U r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOUB CMddo DBSir ija
DATA 0M8 mm
HCADOR DE COBERTURA VBC^TAL
AISO V. TUoElndHdo evedfiodM :
1:4 irio
cr«
Ln
ro

Esp, 6,35 mm

PbcalataalintetiiB 01 ■çoABNT 1020


PEÇA DENOMINAP^ QUANT. MATERIAL q b se r v a ç XcT

ENGENHARIA MECANICA
UFSC LABORATORIO DE PROJETO
NQMB ISSM* 3j05
D A IA 04M ÜNIDADB
HCADORDE COBERTURA VEGETAL
BSCAIA AXS0V.
la IT 10
13 PdiB do trator de nbàcu . • _
12 Pdia do ratar 01 dn.ZOS
11 Conda c n 'V -B 6 8 02 honaeliaeloni cocBPOPOutoadoiiicMp
10 Caaeiaem"V” -B36 01 ]io(bh1me looB
09 01 ^ ABNT 1020 átê.40»
08 MmcálfliaaBBdo 01 ■90ABNT 1020 dtai.421
07 01 . dBi.<15
06 PdUasrtiGadaiB 01 ■Iiiminfc« t e . 4.13
OS A liw n ea ito iiftitMiMnewln 01 ■ço ABNT 1020 da. 4.11
04 ArmtnAm trmtmr 02 ago ABNT 1045 te.4j09
03 Pidiaseciiiidária 01 dBi.4M
02 PhÜBpnmiiia 01 dea.4in
01 Rodft deotedÍA 01 ■go ABNT 1045 ácm.4Ja
FBÇA DENOMINA/CÍÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T -pop ENGENHARIA MECÂNICA nlali »A» Jlm«»■«■niadfa
LABORATORIO DE PROJETO
NOME B odviF . OB8M- 4M
DATA 04« CNmADB BBt
HCADOR DE COBERTURA VEGETAL A n o v . ToiHÍnBÍMiifawpiMWraihr
1:8 irio
16 Fültt do tnlor de tabicas . - _
15 Coada o u ”V” -B68 02 booidiBekaB ■ApiiiMn
14 Conda e m -V -B 3 6 02 bomdBekoB
13 Eftkadar da ooEnsnte 01 - ÒBt.Ajn
12 'n]b0deaD0Í0Q2 01 Í9OAHNT1Q20 dML42S
11 TabodeBDaioOl 01 ■poAHNTlQSO d0L4M
10 lAmcaleMuendo 01 - dca.401
09 Kbneal diidlo 01 -
deiw4wl8
08 Estieadar Becmidário 01 - deiL4J5
07 H*— I il^II■i1IIwm 01 pliuirfnift d0L4.13
06 •R«ti<«ilnr nrineiniJ 01 - dBL4wlO
OS 01 ipo ABNT 1045 doL4il6
04 Pdiaieciiiidária 01 dci.4j06
03 Eízn ^ tnmmM lo principBl 01 AÇOABNT 1Q20 ltaL4yO«
02 PqHb.fKÍiDéda 01 dML4iB
01 01 aço ABNT 1045 dBt.4j03
PEÇA. DENQMINAjtíÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTT’ Q P ENGENHARIA MKCÂNICA An MtMtMi An fafM m i—Bn
LABORATORIO DE PROJETO ViltBaçenar
NOME BodESiB ISSM * 4J01
DATA 0MB mm
FICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA A IS 0 V . *MtrtiWMatoc^MeHleMlw:
1Í7 IT 10
04 RoiarmrriD SK F PFT 82-30 FJ 02 . oofnpofwnlo édhwJ^Mo
03 01 ■COABNT 1020 daa.4iM
02 01 riunMo 0m.4Xa
01 lii,S.iti
KOQ& O niBQ lira
a nrf
Pnm ilrln
—1B nB 01 ■COABNT 1046 ám.AXa
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL O BSERVA ÇÃ O
T T iriq p ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO ConJ. E ixo Pirlinidpal
NOME IHIUHIO □E8N* 4j02
DATA 04 « UmiADE nvn
PIGADOR DE COBERTURA VEGETAL E8CALA APROV. T\JirtnriMalp niBcHIrMlM-
ia IT 10
01 02

PûSSQ = 12.7 n fi
Môdula = 4^0 ."ir^
Ûiûn. prim. = 9a^3 nh

/ ^>rmaBje nofmeio \

02 Roda dentada prtmária 01 •COABNTKaO


01 PoOawfmária 01 riuiMo «

PEÇA DENOMINAQÂiO QUANT. MATBRIAL OBSERVAQÂb


ttttiqP engenharia mecS nica
u r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOME RadUBB DESN* 4ja
DATA OMS UMDADE fTHfl
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. ‘RJwOnriwafciipBdWnMt«
láW IT 10
D eta lh e
BB'

D eta lh e
AA'

D e ta lh e
CC'
30,011
30,002

D e ta lh e
DD'

torneado / tom9ado\


cDOD00 iTBrwnnao onncim 01 acoABNmOZO «

PEÇ A DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL O BSERVAÇÃO


TTpop ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOIIE Rodrtgo DESN* 4M
DATA 0M8 imCM3E nvfi
PICAOOR DE COBEfm jRA VEGETAL XtalBrtadHolo opedflcidK
ESCAIA APROV.
12 irio
04 Rolamento SKF PFT 62-30 FJ 02 - comporentB adouiritks
03 Eixo secundário 01 ago ABNT 1020 das. 4.07
02 Polia secundária 01 alumfnio des. 4.06
01 Roda dentada secundária 01 aco ABNT 1045 das. 4.06
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
t t t t i q p e n g e n h a r ia MECÂNICA
'-'-T oL / LABORATORIO DE PROJETO Conj. Eixo Secundário
NOME Rodrigo D ESN * 4.0S
DATA 04A8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. TolaâiiciM nto especaficiKlM:
ÍP 1:2 mo
02

01

PO.SSO = 12..'? rn
KûdulD = 4,0 nn
DIaM, PrÍM, = 92,3 nn

/ torneado tomeedo

02 Roda dentada secundária 01 açoABNT1020


01 Poiía secundária 01 alumínio
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T -r io p ENGENHARIA MECÂNICA
O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo D ESN ‘ 4.06
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL APROV. Totoâncias nfo capecificadM:
ESCALA
í p mo
1:i;25
D e ta lh e
AA'

D e ta lh e
BB'

30,011
30.002

D e ta lh e
CC'

D eta lh e

torneado/ tarrveado

_
Eb(0 de transm issão secundário 01 eçoA BtfTIO X
PEÇA D E N O M IN A Ç Ã O Q U ANT. M A T E R IA L O BSER V A Ç Ã O

TTTTi q p engenharia MECÂNICA


U r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo D ESN * 4.07
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL APROV. Tolertiidas nSo eqiedficadas:
ESCALA
12
m o
04 Rolamento NSK 608 ZZ 02 .
componenta adquirido
03 Anel elástico DAr 08mm 02 - componente adquMdo
02 Roda dentada 02 açoABhfT1020 des. 4.10
01 Eixo das rodas dentadas menores 02 açoABNTIOZO des. 4.09
PEÇA DENOMINAÇAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TT-rnop -ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo D ESN * 4.08
DATA (VWB8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL Tolotadas nSo eqteeificadas:
ESCALA APROV.
L p mo
1:1
02

07 \

\
01
í«B,Q15

Passo = 12,7 tnn


Méduio = 4 nn
Bian. Prin. = 44>5 nn

tomeaóo > ioniasdo %

02 Roda dentada menor 02 açoABhfT1045


01 Eixo das rodas dentadas menores 02 ago ABNT 1020 .

PEÇA DENOMiNAÇAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO


TTTTQr' ENGENHARIA MECANICA
U -T O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo D E SN * 4.09
DATA 04Æ8 UNIDADE mw
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Tdlaflncãg nto egierific«!»:
1 :1 ^
mo
06 Anel elástico DAr 015 mm 01 - adquirido
05 Anel elástico DAi 032 mm 01 -
adquirido
04 la m e n to NSK 6002 ZZ 02 -
adquirido
03 Bucha espacadora 01 a(X> ABNT 1020 das. 4.13
02 Eixo da polia esticadora 01 aço ABNT 1020 des. 4.13
01 Polia esticadora 01 alumínio des. 4.13
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTFQr' ENGENHARIA MECÂNICA ConJ. polia e s t ic a d o r a
U-T LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D E SN * 4.12
DATA 04A8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV.
L p mo
1:1
01
02

0 3

—1—
fU

i -tw-fiieaiío tomeactoX

03 Bucha espacadora 01 SCO ABNT 1020


02 Eixo da polia esticadora 01 aço ABNT 1020
01 Polia esticadora 01 aiumírtio .
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇAO
TTTTQP ENGENHARIA MECÂNICA
^ ^ LABORATORIO DE PROJETO
NOME Ro(Mgo D E SN * 4.13
DATA 04/B8 UNIDADE fnm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ÍP ESCALA
12
APROV.
mo
01

03

03 Reforço da alavanca 01 aço ABNT 1020 .


02 SuDOite da mola 01 aço ABNT 1020 _
01 Reforço 01 aço ABNT 1020
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTTQ P ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo DESN“ 4.14
DATA 04/98 UNIDADE TTWW

PICADOR DE COBERTURA VEGETAL TòlaSiidas nio eqwcãficadas;


ESCALA APROV.
ÍP 1:2 mo
11 chapa lateral esquerda 01 aço ABKTT 1020 des. 3.04
10 anel elástico DAr 09mm 01 - componente adquirido
09 anel elástico DAr 08mm 03 . componenta adquirido
08 rolamento NSK 609 ZZ 01 - convonenta adquirido
07 rolamento NSK 60S ZZ 01 - convonanlB adquirido
06 apoio inferior 02 acoABNT1020 dee.4.16
05 apoio superior 01 aço ABNT 1020 des. 4.16
04 oorcaM12x1.75 04 . componenta adquMdo
03 parafuso M12 x 1,75, l=120mm 01 -

02 eixo do esticador 01 açoABhrri020 des. 4.17


01 cilindro 01 aço ABNT 1020 des. 4.17
PEÇA DENOIWINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T TTTQ r ENGENHARIA MECÂNICA Conj. Esticador Secundário
U r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo I£ S N * 4.15
DATA 04/98 U N ID A l^ mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
Lp ESCALA
1:1^5
APROV. Tcdertndaii n8o especificadas:
mo
01 02

Espessu ra 6,35 m m Esp e ssitra6 ,3 5 m m

02 Aooio superior 01 aço ABNT 1020 .


01 Apoio inferior 02 aço ABNT 1020
PEÇA DENOMINA,CAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
t t t t iq p e n g e n h a r ia m e c S n ic a
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodii^ DESN" 4.16
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Toleiâiicia8 nSo especificadas:
ÍP 1:1 mo
01

çh 1x45“

Obs. i: cbanírar iodos os cantos a 0,5x45®

02 Cílizidro esticad«' 01 aço ABNT 1020 .

01 Eixo do esticador 01 aço ABNT 1020


PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TT -rriop ENGENHARIA XfRCÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo DESN" 4.17
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. T n lg r ttie iii«

1:1 mo
03 base do mancai direito 01 acoABm-1020 des. 4.20
02 reforoo mancai direito 02 açoABNT1020 des. 4.20
01 mancai direito 01 aço ABNT 1020 des. 4.19
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TT-rnop ENGENHARIA MECÂNICA C onj. M ancoil D ireito
oU LABORATORIO DE PROJETO
NOME raalalttn D E SN * 4.18

PICADOR DE COBERTURA VEGETAL


DATA owa UNIDADE mm

Ip ESCALA
1:2
APROV. Tolafincias n2o especificadas:
mo
mancai direito 01 ago ABNT 1020 •

P EÇ A DEN O M IN AÇÃ O QUANT. M ATERIAL O B SE R V A Ç Ã O

T T T ?Q P - ENGENHARIA MECÂNICA
U r O Ü LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D E SN * 4.19
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
Lp ESCALA
1:1
APROV. ToleritnciM alo espeáSeaàaa:
mo
01

02

02 base mancai direito 01 aço ABM T1020 *

01 rafbrco do mancai d l r ^ 02 aço ABNT 1020 *

PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇAO


T T -p o p ENGENHARIA MECÂNICA
O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castakto D E SN * 4.20
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Tolertndas nfo e^KicifiraMfa»:
1:1 mo
C o rte MT

03 naforoo direito 01 aço ABNT 1020 des. 422


02 nsforco esquerdo 01 aço ABNT 1020 des. 4.22
01 mancai esquerdo 01 aço ABNT 1020 des. 4.22
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇAO
T T pcjp ENGENHARIA MECÂNICA C on j. Mancai E s q u e rd o
'-'■T o U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D E SN * 4.21
DATA (m e UNIDAOE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV.
L ? mo
1-St
03 refcvco dinaito 01 açoABNTIQZO
02 refofco esquerdo 01 aço ABNT 1020
01 mancai esquerdo 01 aço ABNT 1020 «

PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO


T T -rio p ENGENHARIA MECÂNICA
U r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D E SN * 4.22
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Tokrtncãas nflo egierifirmias:
1:1 mo
Tubo s u p e r io r

^ \T u b o in fe r io r

T ubo s u p e r io r

Chapa tra seira 01 Aço AHWT 1020 Des. 6.02


Conjunto m ancai direito 01 A ço ABNT 1020 Des. 4.18
Tubo de apoio 03 01 A ço ABNT 1020 Des. 4 .2 6
Tubo de apoio 02 01 Aço ABNT 1020 Des. 4 .25
Tubo de apoio 01 01 Aço ABNT 1020 Des. 4 .2 4
"EÇA DENOMINA&ÃÕ' QUANT. MATERIAL OBSERVACA0~
ENGENHARIA MECÂNICA VISTA DE MONTAGEM DO
UFSC LABORATORIO DE PROJETO MANCAL DO EDCO PRINCIPAL
NOME ICABCOS DES N“ 4.23
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL DATA 0 4 /0 8 UNIDADE T riT T l

ESCALA APBOV. lU a r to e ia a n ã o a ip u g h a id a c

1:2
rr 10
Peça confonnada

Peça não confonnada

tubo de apoio 02 01 açoABNTlQ20


PEÇA DEN0M INAtí\0 QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TT-rpop ENGENHARIA MECÂNICA
O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Mincas DESN“ 405
DATA 04/98 UNIDAiœ flll»
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Tcdafineàas aSo eqwcificadas;
íp mo
P e ça con fo n n aíia

' .............. ........

Î80

Peçã aão oocform ada

tubo de aooio 03 01 ^ ABNT 1020 _


PEÇA DENOMINACÍÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTP^r* ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Marcos DESN” 4ÚÍ6
DATA 04/98 UNIDADE Ttitn
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
Ip BSCALA
1:3
APROV. ToIertiidasnSo e^Mcificadas:
mo
07 Anel elástico DAr 08mm 01 _
06 Mola helicoidal 01 - rra n p tm m tK aAqmriAn

05 Parafuso M6 02 -

04 ParafiisoMlO 01 -
oompaneate adquirido
03 Eixo da roda doitada 01 aço ABNT 1020 des.4J28
02 Haste de fixação 01 aço ABNT 1020 dea.4.28
01 01 aço ABNT 1045 de&4JÍ8
PEÇA DENOMINACÍAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTTQP ENGENHARIA MECÂNICA
U r OU LABORATORIO DE PROJETO Conj. S ist Esticador de Corrente
NOME Rodrigo F. DESN» 4.27
DATA 04/98 UNIDADE im n
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL n S n raprriíiraAaa-
ESCALA APROV.
L p mo
1:1
01 07 \ 02 to r n e a d o

■-il .J
/
N, y

■tar-rwAét^ 'tarrm&aiA
/ '
[ ‘r - )

03

03 Haste de fixação 01 aço ABNT 1020


02 Roda dentada 01 aço ABNT 1045 _
01 Eixo da ioda dentsda 01 aço ABNT 1020
PEÇA DENOMINAjCÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T -r ^ o p ENGEfiHARIA MECÂNICA
U r O U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Rodrigo F. DESN" 408
DATA 04^ UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV. Tòloftuâas oSo eqwõficsdas:
L p mo
1 :1 ^
11 Apoio ■uperior da roda 02 Aço AHMT 1020 Ds l 5.08
10 SetoTço aupeziar 04 Aço ABNT 1020 Dm . 6.08
Reforço Inferior 04 Aço AHNT 1020 Dm . 5.08
Braigo d e reforgc 04 Aço AHNT 1020 D es. S.OB
Mantpulo 02 A dqubldo
Boda 02 Adquirido
Porea d e fliBC&o 02 Aço ABNT 1020 DeL S .04
Conjunto tubo roac ado 02 Aço ABNT 1020 Daa. 5.02
Tgfrww Ati rmlm 02 Aço ABNT 1020 Dea. 6.05
Apoio la tera l da roda 04 Aço ABNT 1020 Dca. S.0S
Chapa de suporta 02 Aço ABNT 1020 Dea. S.OS
PECA DEKOlgNApïb QUANT. MATERIAL 0BSEBVAC3b
ENGENHARIA MECÂNICA SIST. DE EBCllLAGElí DE ALTOBA
UFSC LABORATORIO DE PROJETO VISTA E li PEBSFECnVA

NOME HABCOS DES N* 6-00


DATA 0 4 /a a UNIDADE nun
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA AFSOV. TblflvftxkfiiBS sAo flspootflondnB
IT 10
1:5
01

02 Podcão do coniunto de aooio direito - -


01 PosicSo do coniunto de spoio esouetdo . - .
PEÇA DENOMINACÍÃO QUANT. MATEMAL OBSERVAÇÃO
T T -pop ENGENHARIA MECANICA
U ^ ^ LABORATORIO DE PROJETO
NOME riMhiiií« DESN” 5.01

DATA 04/98 UNIDADE mtn


PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ÍP ESCALA
1:6
AFROV. TolaÉiicias nlo apedficadas:
mo
06 Arruela de encosto superior 02 aço ABNT 1020 des. 5.03
05 Arruela de encosto interior 02 aço ABNT 1020 des. 5.04
04 Luva 02 aço ABNT 1020 des. 5.03
03 PcMnca defbcacão 02 aço ABNT 1020 des. 5.04
02 Tubo de montaflem 02 aço ABNT 1020 des. 54)4
01 Fuso 02 açoABNT1Q20 des. 5.03
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T T jio p ENGENHARIA MECÂNICA Corte total do conjiinto
U r oU LABORATORIO DE PROJETO tubo roscado
NOME M«oos D E SN * 5.02
DATA Qwa UNIDADE mm
P(CADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA APROV.
L p mo
1 :1 ^
01 14,5
Trap lgjC'1-

„.13.^
c h 0.5x45*

to r n e a d o
/

03
ao8

0Ín

T
a-
to r n e a d o

: i

lY ap 18x4

to r n e a d o tom eãd o N ,
■ÍO« /
/
03 Amiela de encosto superior 02 aço ASm* 1020
02 Luva 02 aço ABNT 1020
01 Fuso 02 açoASNT1020
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTT^P ENGENHARIA MECÂNICA
^ ^ LABORATORIO DE PROJETO
NOME Marcos D E SN * 5.03
DATA 04/98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ESCALA /VPWJV.
L p mo
1:1^
01

013,5

ío m e a d o sa
«

i M4Û s 1.5

035
w|

.013

to r n e a d o fre sa d o to rn e a dX

a a /^ )
V
01 Tubo de montaasm 02 açoABhíT 1020
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T ttpqi ^ ENGENHARIA MECANICA
U r OU LABORATORIO DE PROJETO
NOME Maicos D E SN * 5.04
DATA 0«98 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL APROV. Toletfincias nSo eqsedficadas:
ESCALA
L ? mo
1:1^
02

o
CO

Esp. 8,35 inin.

4Õ ■ y

03

torneado
CO
7N~

03 Eixo da roda 02 aço ABNT 1020 _

02 Chaoa de suporte da roda 02 aço ABNT 1020 _


01 Aodo latéral da roda 04 aço ABNT 1020 _
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
TTTr^r ENGENHARIA MECÂNICA
U -T O U LABORATOraO DE PROJETO
^K>ME Manx» DKN* 5.05

PICADOR DE COBERTURA VEGETAL


DATA 04m UNIDADE mm

íp ESCALA
1:1
APROV. Tcdafinciag nSo esped&adas;
mo
02
A5&.

ZsTk mm
01

03

04

9^'
04 Braco de reforço 04 açoABNT1020
03 Refbrco suoerior 04 açoABNT1020
02 Reforço Inferior 04 acoAB^f^1020
01 Aooio ffijperlor/infeflor da roda 04 aço ABMT1020 .

PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO


Tt p q p ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Marcos D E SN * 5.06
DATA 04A8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ÍP ESCALA
12
APROV. Tdertacias oSo eapedficadas:
mo
v is ta superior

(Detalhe de fixaçOo olo pino & chapa,


-tpasrlraj r da luva & chapa su p o rte)

V ista l a t e r a l

05 Chapa suDorte 01 açoABNT1020 de6.e.(»


04 Chapa traseira 01 aco ABNT 1020 de8.B.02
03 Luva 01 aço ABNT 1020 das. 6.01
02 Pirw de enoate 01 aço ABNT 1020 des. 6.01
01 Trava 01 eco ABNT 1(»0 das. 6.01
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇAO
T T -rn o p ENGENHARIA MECÂNICA
U r o U LABORATORIO DE PROJETO
Conj. sistema de engate
N (M E Rodrigo D E SN * 6.00
DATA 04A8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL Tolertncias nSo c^pecificmfag;
ESCALA APROV.
íp 1:2^
mo
01
Corte AA‘
fresado

02 03

piw.i

45
-5Z.
77

Obs. 1: chanfrar cantos a 1x45“

03 Trava 01 aço ABNT 1020


02 Pino de enaate 01 aço ABNT 1020
01 Luva de enaate 01 aço ABNT 1020
PEÇA . DENOIWiNAÇÃO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇÃO
T T-rnop ENGENHARIA MECXn ICA
' - ’ -T o U LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D E SN * 6.01
DATA 04A8 UNIDADE mm
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
íp ESCALA
1:1^
APROV.
IT IO
lir-ha s ü e da b rii

P e ç a d e s e n v o lv id a ------- 1
•H ----------!
.................................. 37JL ....... . .......................

02
4funosiíSn

</
02 Chaoa suporta 01 açoABNT1020
01 Chapa traseira 01 aço ABNT 1020 _
PEÇA DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL O BSERVAÇAO
T T -pop ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATORIO DE PROJETO
NOME Castaldo D ESN * 6.02

ip PICADOR DE COBERTURA VEGETAL □ATA


ESCALA
1:2,5
0408
APROV.
UNIDADE mm
T<dexAndas b S o eqwdficadas:
mo
J il.

-S ll_

Chapa de sço: 276 x 150 x l mir.

01

Chapa de aço: 1296 x ISO x 1 mm

02

02 Cbam lateral amor 01 aço ABNT 1020 _


01 Chsoa lateral tsssor 01 açoABNT1020 _
PEÇA DENOMINA.CAO QUANT. MATERIAL OBSERVAÇAO
T T -pop ENGENHARIA MECÂNICA
^ ^ ^ LABORATORIO DE PROJETO
NOME Marcos DESN" 7.02
DATA 04/98 UNIDADE tn m
PICADOR DE COBERTURA VEGETAL
ip ESCALA APROV.
mo

Você também pode gostar