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06/08/2024 14:26 Inteiro Teor - HTML.

PODER JUDICIÁRIO
----------RS----------

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
10ª Câmara Cível
Avenida Borges de Medeiros, 1565 - Porto Alegre/RS - CEP 90110-906

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5000016-32.2020.8.21.0154/RS


TIPO DE AÇÃO: Indenização por Dano Material
RELATOR: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
APELANTE: MARCIO FLAVIO KEMMERICH (AUTOR)
APELADO: RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. (RÉU)

RELATÓRIO

A princípio, reporto-me ao relatório da sentença


(97.1):

Trata-se de ação indenizatória ajuizada por MARCIO FLAVIO


KEMMERICH contra RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA
S.A., ambos já qualificados nos autos, objetivando a condenação
da demandada ao pagamento de indenização por danos materiais
no valor de R$11.839,34 (perecimento do fumo), e danos morais
no valor de R$ 5.000,00, em virtude de suposta suspensão do
fornecimento de energia elétrica no dia 15 (por volta das 15
horas) a 19 de dezembro de 2019 (por volta das 11 horas) —
totalizando 92 horas.

Em suas considerações iniciais, narrou ser responsável pelos


cuidados de sua genitora, que faz uso de bolsa de estomia, a qual
necessita do fornecimento de água para a higienização da bolsa.
Aduziu que por conta da falta de energia, houve
consequentemente, a falta de água, sendo que a higienização
tinha de ser feita por meio de baldes ou bacias, situação que
gerou transtorno e abalo à família. Ainda, sustentou que teve
prejuízos com a secagem de fumo. Informou que tentou resolver o
problema administrativamente; todavia, sem êxito. Discorreu
acerca do direito aplicável à espécie, sobre a responsabilidade da
concessionária ré e o dever de indenizar. Ao final, postulou a
procedência dos pedidos e a concessão de justiça gratuita. Juntou
documentos (evento 1, DOC1).

Indeferido o benefício da gratuidade de justiça (evento 3,


DOC1), foram recolhidas as custas processuais (evento 13,
DOC1).

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Citada (evento 16, DOC1), a parte ré apresentou


contestação. Argumentou, inicialmente, que a suspensão do
fornecimento de energia elétrica ocorreu em virtude da
ocorrência de eventos climáticos significativos que assolaram o
Estado. Discorreu que a suspensão do fornecimento de energia
não pode ser considerado falha na prestação de serviços, uma vez
que decorrente de caso fortuito ou de força maior. Arguiu ser
obrigação do autor providenciar um meio de abastecimento
secundário de energia, como, por exemplo, um gerador próprio.
Insurgiu-se quanto ao pedido Indenização por danos materiais.
Sustentou a inexistência de nexo causal. Arguiu a ausência de
comprovação dos danos alegados. Refutou o pedido de inversão
do ônus da prova. No final, postulou pela improcedêncla dos
pedidos da inicial. Juntou documentos (evento 19, DOC1).

O autor replicou (evento 22, DOC1).

Em decisão de saneamento, foi afastada a preliminar arguida em


sede de contestação, bem como determinada a intimação das
partes para declínio da pretensão probatória (evento 27,
DOC1).

Foi realizada audiência de Instrução e Julgamento e encerrada a


instrução processual (evento 91, DOC1).

Anexadas as mídias audiovisuais da audiência (evento 92).

Vieram os autos conclusos para sentença (evento 96).

A Dra. Juíza de Direito decidiu:

Ante o exposto, com fulcro no art. 487, inciso I, do Código de


Processo Civil, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado
por MARCIO FLAVIO KEMMERICH em face de RGE SUL
DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

Considerando a sucumbência, condeno o autor ao pagamento das


custas e despesas processuais e honorários advocatícios
sucumbenciais, arbitrados em 10% do valor atribuído à causa,
nos termos do art. 85, §2º e 8º, do CPC

Sentença publicada e registrada eletronicamente.

Intimações eletrônicas agendadas.

Sobrevindo apelação (artigo 1.009, CPC), intime-se o recorrido


para que apresente contrarrazões, no prazo de 15 dias e, caso
haja apresentação de recurso adesivo, deve a parte recorrida (na
apelação adesiva) ser intimada para apresentar suas
contrarrazões, no mesmo prazo. Após, remetam-se os autos ao
Tribunal de Justiça, conforme o art. 1.010, § 3º, CPC.

A parte autora apela (103.1). Em suas razões, afirma


que a interrupção do fornecimento de energia elétrica pela ré
ocasionou prejuízos em sua operação de secagem de fumo. Diz que
se utilizou de gerador elétrico para tentar minimizar os danos.

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Sustenta que a apelada foi negligente, mantendo fiação precária na


região. Clama pela reforma na sentença, asseverando ser a situação
passível de indenização por danos morais. Postula condenação da ré
ao pagamento das despesas processuais e honorários de sucumbência.
Pugna pelo provimento do recurso.

Houve contrarrazões (107.1).

Subiram os autos.

É o relatório.

VOTO

Colegas.

Entendo que a improcedência do pedido inicial merece


ser mantida.

Pretende a parte autora a condenação da concessionária


requerida por prejuízo causado a sua produção de fumo, em
decorrência de suspensão no fornecimento de energia elétrica,
durante o processo de secagem do fumo, na data de 19/12/2019.

De pronto, assinalo que se aplicam, na espécie, os


ditames do Código de Defesa do Consumidor, valendo-me, para
tanto, a título de fundamentação, do que dito pelo douto Des. PAULO
ROBERTO LESSA FRANZ quando do julgamento da Apelação
Cível n.º 70065662595, in verbis:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA. DANOS À PRODUÇÃO
DE FUMO. APLICAÇÃO DO CDC. TEORIA FINALISTA
APROFUNDADA. VULNERABILIDADE DO AUTOR. A
expressão destinatário final, de que trata o art. 2º, caput, do
Código de Defesa do Consumidor, abrange quem adquire
produtos e serviços para fins não econômicos, e também aqueles
que, destinando-os a fins econômicos, enfrentam o mercado de
consumo em condições de vulnerabilidade. A vulnerabilidade
referida no CDC abrange aspectos econômicos, sociais e técnicos.
Aplicação da teoria finalista aprofundada. Lições doutrinárias e
precedentes do Col. STJ. Hipótese em que o autor, pequeno
agricultor, embora utilize indiretamente o serviço
de energia elétrica para a realização de sua atividade lucrativa,
não figurando como destinatário final, é evidentemente vulnerável
frente à requerida, sendo caso de aplicação do CDC à espécie.
(...). APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº
70065662595, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 30/07/2015)

Em reforço, sobre a aplicabilidade da mitigação da


Teoria Finalista, trago julgado do Superior Tribunal de Justiça:
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PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL. RELAÇÃO DE CONSUMO.
EXISTÊNCIA. APLICABILIDADE DO CDC. TEORIA
FINALISTA. MITIGAÇÃO. POSSIBILIDADE.
VULNERABILIDADE VERIFICADA. REVISÃO. ANÁLISE DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. ÓBICE DA
SÚMULA N. 7⁄STJ. DECISÃO MANTIDA.

1. A Segunda Seção desta Corte consolidou a aplicação da teoria


subjetiva (ou finalista) para a interpretação do conceito de
consumidor. No entanto, em situações excepcionais, esta Corte
tem mitigado os rigores da teoria finalista para
autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que
a parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja
propriamente a destinatária final do produto ou do
serviço, apresenta-se em situação de
vulnerabilidade ou submetida a prática abusiva.

(...)

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AREsp 415244/SC. Relator: Min. ANTONIO CARLOS


FERREIRA. Órgão Julgador: QUARTA TURMA. Data do
Julgamento: 07/05/2015. DJe: 19/05/2015) – grifei.

Concernente ao regime jurídico legal, é de se ter que a


responsabilidade da requerida ao presente caso é objetiva, à luz do
disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não sendo
necessária a comprovação da culpa para configurar a
responsabilidade civil, independentemente de se tratar de um agir
comissivo ou omissivo pela empresa concessionária de serviços
públicos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

...

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.

Inobstante, cumpre estabelecer que o serviço


de energia elétrica não pode ser compreendido como ininterrupto, na
medida em que a continuidade estabelecida pela lei consumerista
deve ser analisada sob a ótica de que os serviços essenciais “não
podem deixar de ser ofertados a todos os usuários,
vale dizer, prestados no interesse coletivo”.

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Ou seja, há casos em que poderá ocorrer a interrupção


no fornecimento de energia elétrica, circunstância que se dá pela
própria natureza do serviço, o qual, como é notório, pode ser afetado
por diversos fatores não ligados à ineficácia da prestação
(vandalismo, temporais etc.).

Aqui, embora o Código de Defesa do Consumidor


silencie a respeito, entendo que tanto o caso fortuito quanto a força
maior atuam como excludentes da responsabilidade civil também no
microssistema consumerista, não se afastando o disposto no artigo
393 do Código Civil:

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de


caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por
eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no


fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Neste sentido é o precedente do Superior Tribunal de


Justiça:

CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. Nas relações de


consumo, a ocorrência de força maior ou de caso fortuito exclui a
responsabilidade do fornecedor de serviços. Recurso especial
conhecido e provido.

(REsp 996833/SP. Relator: Min. ARI PARGENDLER. Órgão


Julgador: TERCEIRA TURMA. Data do Julgamento: 04/12/2007.
DJ: 01/02/2008 p. 1)

Com efeito, tenho que intempéries climáticas


configuram-se como excludentes de responsabilidade das
fornecedoras de energia elétrica.

Sobre o tema, magistério de CAVALIERI FILHO:

Com efeito, a teoria do risco administrativo, embora dispense a


prova da culpa da administração, permite ao Estado afastar a sua
responsabilidade nos casos de exclusão do nexo causal – fato
exclusivo da vítima, caso fortuito, força maior e fato exclusivo de
terceiro. O risco administrativo, repita-se, torna o Estado
responsável pelos riscos da sua atividade administrativa, e não
pela atividade administrativa de terceiros ou da própria vítima, e
nem, ainda, por fenômenos da natureza, estranhos à sua
atividade. Não significa, portanto, que a Administração deva
indenizar sempre e em qualquer caso o dano suportado pelo
particular. Se o Estado, por seus agentes, não deu causa a
esse dano, se inexiste relação de causa e efeito entre a atividade
administrativa e a lesão, não terá lugar a aplicação da teoria do

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risco administrativo e, por via de consequência, o Poder público


não poderá ser responsabilizado. (Programa de Responsabilidade
Civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 257)

Prossegue o autor:

As causas que excluem o nexo causal (força maior, caso fortuito,


fato exclusivo da vítima e de terceiro) excluirão também a
responsabilidade objetiva do Estado, com o temperamento acima
exposto. Não responde o Estado objetivamente por fenômenos da
natureza – chuvas torrenciais, tempestades, inundações (força
maior) -, porque tais eventos não são causados por sua atividade;
(Op. Cit. p. 263-264).

Dito isto, tenho que a concessionária de energia elétrica


requerida evidenciou a ocorrência de evento de força maior –
temporal - na data de 16/12/2019, próxima a relatada pelo autor, o
que configura excludente da responsabilidade civil.

Sobre o tema, lição de HUMBERTO THEODORO


JÚNIOR:

“Quando, todavia, o réu se defende através de defesa indireta,


invocando fato capaz de alterar ou eliminar as consequências
jurídicas daquele outro fato invocado pelo autor, a regra inverte-
se. É que, ao se basear em fato modificativo, extintivo ou
impeditivo do direito do autor, o réu implicitamente admitiu como
verídico o fato básico da petição inicial, ou seja, aquele que
causou o aparecimento do direito que, posteriormente, veio a
sofrer as conseqüências do evento que alude a contestação.

(...)

Ao réu, segundo a melhor percepção do espírito da


lei consumerista, competirá provar, por força de
regra sub examine, não o fato constitutivo do direito do
consumidor, mas aquilo que possa excluir o fato da
esfera de sua responsabilidade, diante do quadro
evidenciado no processo, como, v.g., o caso fortuito, a
culpa exclusiva da vítima, a falta de nexo entre o resultado danoso
e o produto consumido, etc. (...).” (Curso de Direito
Processual Civil, Volume I – Teoria Geral do Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. 51 ed.
Rio de Janeiro: Editora Forense, 2010. pp. 430-434) – grifos
meus.

A tanto, a concessionária de energia elétrica evidenciou


que a interrupção do serviço e o lapso para o seu restabelecimento
deram-se por conta de violentas chuvas torrenciais e intensas rajadas
de vento ocorridas no Estado ao tempo do fato descrito na inicial

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desta ação, conforme se evidencia pelo relatório meteorológico e


pelas imagens acostados em sede de contestação (Laudo Evento 19 -
19.2, 19.3, 19.4, 19.5, 19.6).

Foram anexados inúmeros protocolos de atendimentos


para o período de 16/12/2019, bem como descrição de evento
climático extraordinário para a data indicada.

Ainda, ressalto que a demandada acostou diversas


matérias jornalísticas que corroboram os danos causados pelos
temporais na data referida no Estado, bem assim evidenciando um
alto número de casos de interrupção dos serviços na área
administrada pela requerida e, ainda, em Agudo, região em que reside
a parte autora (evento 19, DOC2):

O aprofundamento de um sistema de baixa pressão sobre o sul do


Brasil favoreceu a formação de uma linha de instabilidade que
avançou pelo Rio Grande do Sul no dia 15 de dezembro de 2019.
Entre as 04h00 e 22h30 do dia 15 de dezembro foram detectadas
19.998 raios nuvem-solo e 183.654 descargas atmosféricas
nuvem-nuvem sobre a área de concessão da RGE. A estação de
Erechim, operada pelo INMET, registrou 42,2 mm de chuva entre
as 09h00 do dia 15 e as 09h00 do dia 16 de dezembro de 2019.
Esse valor corresponde a aproximadamente 28% da média
climatológica para o mês de dezembro na região.

De qualquer sorte, mesmo que a região específica de


residência do demandante não tivesse sido atingida por fortes chuvas
ou rajadas de vento, considerando que o número elevado de
ocorrências deu-se em razão da intempérie climática, devendo a
companhia requerida disponibilizar unidades de atendimento para

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aquelas regiões de maior necessidade, como, por exemplo, em


regiões próximas a hospitais e áreas urbanas das cidades, onde há
maior concentração de número de habitantes.

Necessário reconhecer que a forte tempestade que então


assombrou os gaúchos teve dimensão e intensidade acima do
previsível, de maneira que não se poderia exigir da ré a plena e
instantânea reparação na rede de distribuição de energia, devendo a
ação ser progressiva e paulatina para se restabelecer de modo efetivo
o serviço à coletividade.

Assim, é coerente crer que, na realidade, o agente


causador da suspensão no fornecimento de energia fora a forte
intempérie da qual restou acometido o Rio Grande do Sul à época –
repiso –, sendo a delonga no restabelecimento do serviço causada
pelo número excepcional de incidentes registrados, bem como pelo
tamanho da área de abrangência da RGE.

No ponto, assevero que não se está a desconhecer os


danos sofridos pela parte, ou a se admitir uma prestação de serviço
adequada pela concessionária de demandada, mas sim a se assumir
que a interrupção no fornecimento de energia elétrica se deu, de fato,
por fatores externos e inevitáveis, especificamente, friso, a indicação
de excepcionais tormentas que atingiram a região.

Assim, resta caracterizado o caso fortuito, causa


excludente do nexo de causalidade, não existindo, portanto, o dever
de indenizar.

Em casos de semelhante colorido fático, esta Câmara


assim já decidiu:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS.
SECAGEM DE FUMO. INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO DE
FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. DEZEMBRO DE 2019. COMARCA DE
CAMAQUÃ. DEMORA NO RESTABELECIMENTO. FORTES
CHUVAS OCORRIDAS NO
ESTADO. FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE CIVIL. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA MANTIDA POR FUNDAMENTAÇÃO
DIVERSA. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível, Nº
50024297120208210007, Décima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Thais Coutinho de Oliveira, Julgado em:
29-03-2022)

Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. FORNECIMENTO


DE ENERGIA ELÉTRICA. TEMPORAL. 15 A 16
DE DEZEMBRO DE 2019. AGUDO/RS. SECAGEM DE
FUMO. DANO MATERIAL. FORÇA MAIOR. A responsabilidade
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da distribuidora de energia elétrica não depende da


demonstração de culpa. A presença de defeito na prestação do
serviço induz à reparação do dano causado ao consumidor. O
nexo de causalidade entre o defeito do serviço e o prejuízo deve
estar presente. O caso fortuito e força maior podem excluir a
responsabilidade do agente, de acordo com o art. 393 do CC. O
caso fortuito tem origem nas forças da natureza. A força maior
decorre de atos humanos. Na hipótese em exame, a demora no
restabelecimento da energia elétrica decorreu de caso fortuito
(fortes temporais), devendo ser reconhecida a excludente de
responsabilidade civil da concessionária de serviço público.
Improcedência do pedido. Precedentes envolvendo o mesmo
evento climático. Apelação da ré provida. Prejudicado o apelo
do autor. (Apelação Cível, Nº 50000691320208210154, Décima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo Cezar
Muller, Julgado em: 15-12-2023)

Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL.


INTERRUPÇÃO NO FORNECIMENTO
DE ENERGIA ELÉTRICA. FORÇA MAIOR. COMARCA DE
SOBRADINHO. 31/12/2019 A 02/01/2020. IMPROCEDÊNCIA. A
concessionária de energia elétrica é obrigada a fornecer o
serviço de caráter essencial, sob pena de responder pelos danos
causados aos usuários, na forma do art. 22 do CDC. Aplicação ao
caso do Código de Defesa do Consumidor, com base na teoria
finalista mitigada. Conforme o preceito do duty mitigate the loss,
quem tem condições para tanto, deve adotar as medidas
necessárias a mitigar suas próprias perdas. Estudo de causa que
revelou ser mais econômico ao empresário adquirir um gerador
com sistema no-break do que suportar as perdas ocasionadas pela
paralisação da atividade. Considerando que as pequenas
interrupções na energia elétrica são previsíveis , quando a falta
de luz durar período inferior a 24 horas, as partes repartirão os
prejuízos. Caso, porém, em que a ré demonstrou a ocorrência de
força maior, pois na data de 31 de dezembro de 2019, forte
temporal atingiu todo o Estado do Rio Grande do Sul,
dificultando o trabalho dos técnicos da ré para restabelecimento
do serviço. Demanda julgada improcedente. Sucumbência
invertida. RECURSO DA RÉ PROVIDO. RECURSO DO AUTOR
PREJUDICADO. (Apelação Cível, Nº 50000766520208210134,
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio
de Oliveira Martins, Julgado em: 28-06-2022)

(grifos meus)

A decisão de improcedência é de ser mantida.

Dispositivo.

Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO


à Apelação. Por fim, em observância aos parâmetros de orientação
estabelecidos pelo Superior Tribunal de Justiça no EDcl no AgInt no

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REsp. n.º 1.573.573, atinente à verba prevista no art. 85, § 11 do


CPC, acresço em 2% sobre o percentual estabelecido em sentença os
honorários recursais ao patrono da apelada.

Documento assinado eletronicamente por JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA,


Desembargador, em 29/2/2024, às 23:3:6, conforme art. 1º, III, "b", da Lei
11.419/2006. A autenticidade do documento pode ser conferida no site
https://eproc2g.tjrs.jus.br/eproc/externo_controlador.php?
acao=consulta_autenticidade_documentos, informando o código verificador
20005072068v21 e o código CRC 23007ec8.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
Data e Hora: 29/2/2024, às 23:3:6

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
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Avenida Borges de Medeiros, 1565 - Porto Alegre/RS - CEP 90110-906

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5000016-32.2020.8.21.0154/RS


TIPO DE AÇÃO: Indenização por Dano Material
RELATOR: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
APELANTE: MARCIO FLAVIO KEMMERICH (AUTOR)
APELADO: RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. (RÉU)

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE


CIVIL. SECAGEM DE FUMO. DEMORA NO
RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO
DE ENERGIA ELÉTRICA. DEZEMBRO DE 2019.
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
AUSENTE DEVER DE INDENIZAR.

Interrupção no fornecimento de energia elétrica pela


empresa requerida consequência de temporais que
atingiram a região da residência do autor em dezembro
de 2019. A responsabilidade civil da concessionária de
energia elétrica, ainda que objetiva, é excluída quando
demonstrada a ocorrência de caso fortuito e
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de força maior. Nexo causal afastado.


Responsabilidade pelos prejuízos não reconhecida.
Precedentes desta Câmara.

NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO.


UNÂNIME.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as


acima indicadas, a Egrégia 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do Sul decidiu, por unanimidade, NEGAR
PROVIMENTO à Apelação, nos termos do relatório, votos e notas de
julgamento que integram o presente julgado.

Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2024.

Documento assinado eletronicamente por JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA,


Desembargador, em 29/2/2024, às 23:3:6, conforme art. 1º, III, "b", da Lei
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Poder Judiciário
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL

EXTRATO DE ATA DA SESSÃO VIRTUAL DE


27/02/2024

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5000016-32.2020.8.21.0154/RS


RELATOR: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
PRESIDENTE: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
PROCURADOR(A): ANDRE FELIPE DE CAMARGO ALVES
APELANTE: MARCIO FLAVIO KEMMERICH (AUTOR)

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ADVOGADO(A): LAURA DRESCHER (OAB RS060857)


ADVOGADO(A): JANIZE DRESCHER (OAB RS067580)
APELADO: RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. (RÉU)
ADVOGADO(A): MÁRCIO LOUZADA CARPENA (OAB RS046582)

Certifico que este processo foi incluído na Pauta da Sessão


Virtual do dia 27/02/2024, na sequência 2, disponibilizada
no DE de 16/02/2024.

Certifico que a 10ª Câmara Cível, ao apreciar os autos do


processo em epígrafe, proferiu a seguinte decisão:
A 10ª CÂMARA CÍVEL DECIDIU, POR UNANIMIDADE, NEGAR
PROVIMENTO À APELAÇÃO.

RELATOR DO ACÓRDÃO: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER


PESTANA
VOTANTE: DESEMBARGADOR JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
VOTANTE: DESEMBARGADOR TULIO DE OLIVEIRA MARTINS
VOTANTE: DESEMBARGADOR JORGE ANDRE PEREIRA GAILHARD
ANTONIO AUGUSTO DE ASSUMPCAO MAZZINI
Secretário

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