Apostila Orcamento

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ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Do ponto de vista empresarial, é importante a visualização de todos os custos envolvidos com um


empreendimento. O interesse do empresário é atingir o menor custo possível sobre todos os custos
envolvidos no projeto, sendo igualmente importante estimar todos os custos, seja de capital ou
aqueles correspondentes à operação e a manutenção a ocorrer no ciclo de vida do projeto. A
magnitude destes custos depende da natureza, tamanho e localização do empreendimento bem
como da qualidade da organização gerencial que o executa, entre outra considerações.
Estimativas de custo
O conhecimento do custo de um empreendimento se faz necessário já na fase inicial de concepção,
mesmo antes de se Ter concluído o projeto ou anteprojeto. Ë o ponto de partida para a tomada de
decisão da continuidade do processo de realização, ou não, de um empreendimento. Portanto, à
medida que as características do produto ou do projeto vão sendo definidas, várias estimativas de
custos são necessárias, para os diversos níveis de decisão a serem tomadas.
Na fase inicial, estimativas de custos tem por objetivo nortear as decisões sobre o volume de
recursos a serem aplicados a um determinado empreendimento e permitir avaliar o seu retorno.
Limitações de recursos, empreendimentos alternativos, riscos e margem de lucros são parâmetros
que orientam o empresário na tomada de decisão.
Custos associados ao empreendimento
O custo de um empreendimento, para o proprietário inclui inicialmente o custo de implantação e,
posteriormente, os de operação e manutenção. Cada categoria destes custos é composta de vários
outros elementos.
O custo de implantação para os projetos de construção inclui despesas com as seguintes
atividades:
• Aquisição do terreno, incluindo despesas com formação de condomínios, sociedades e outras
formas de organizações;
• Planejamento e estudos de viabilidade;
• Elaboração de projetos de arquitetura e engenharia;
• Construção, incluindo materiais, mão de obra e equipamentos;
• Gerenciamento da construção;
• Financiamento da construção;
• Seguros, taxas e impostos durante a construção;
• Equipamentos e instalações não incluídas no orçamento da obra;
• Escritório central;
• Análises, testes e inspeções de controle de qualidade.
Os custos de operação e manutenção para o período do ciclo de vida do projeto incluem despesas
com:
• A estrutura operacional;
• Materiais, mão de obra e equipamentos para manutenção;
• Renovações periódicas;
• Taxas, impostos e seguros;
• Custos de financiamento;

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• Móveis e utensílios;

• Outros.

A grandeza e o peso de cada componente destes custos dependem do tipo de obra, tamanho,
localização bem como da capacidade produtiva e empreendedora de uma organização.
A estimativa de custo é uma das mais importantes etapas no gerenciamento de um projeto. Uma
estimativa de custo estabelece a base de custo para os diferentes estágios de desenvolvimento do
projeto. É a tentativa de traduzir os custos de execução de um projeto. A sua qualidade é medida
em termos de precisão em comparação aos custos reais praticados futuramente na execução da
obra.
Uma estimativa de custo para um dado estágio de desenvolvimento do projeto representa a
previsão do valor da obra tendo-se como base os dados disponíveis neste estágio
Pode-se verificar os seguintes estágios:
1) Valor global ou ordem de magnitude estimada: neste estágio obtem-se a idéia inicial do valor
necessário para execução do empreendimento;
2) Estimativa preliminar: é a estimativa de custo obtida quando se conhece apenas a forma
arquitetônica, mas não se conhece as especificações técnicas;
3) Estimativa detalhada: é realizada quando a totalidade do projeto é claramente definida, os
projetos complementares forem sendo executados e as técnicas construtivas identificadas;
4) Estimativa baseada em projeto arquitetônico e complementares e em especificações técnicas: é
a estimativa que o empresário utiliza para a realização de contratos de execução, de compra de
materiais, equipamentos e serviços ou obras complementares.

Um orçamento pode ser definido como a determinação dos gastos necessários para a realização de
um projeto, de acordo com um planejamento pré definido.
Um orçamento deve satisfazer os seguintes objetivos:
• Definir o custo de execução de cada atividade ou serviço;
• Constituir-se em um documento contratual, servindo de base para planejamento e controle
financeiro da empresa executora e dirimir dúvidas quanto a pagamentos;
• Servir para análise de viabilidade econômica dos recursos a serem empregados;
• Fornecer informações para o desenvolvimento de um banco de dados próprio e confiável para a
empresa executora do projeto.
O orçamento de um projeto baseia-se na previsão de ocorrência de atividades futuras que geram
custos. Em geral são expressos em termos monetários, mas podem ser utilizados outros padrões,
como por exemplo, homens-horas reais de trabalho.
Alguns fatores que influenciam positivamente a elaboração de um orçamento são:
• Projetos bem detalhados;
• Qualidade de informações extraídas dos projetos;
• Confiabilidade das constantes utilizadas, tanto aquelas relativas ao consumo de mão-de-obra
(produtividade) como as que dizem respeito a materiais e equipamentos;
• Clareza na decomposição dos serviços;
• Acompanhamento constante da evolução dos preços dos insumos envolvidos.

1. Classificação dos Custos


Os custos podem ser classificados quanto a facilidade de atribuição ou de identificação com o
produto, ao grau de média e em função do volume de produção ou da quantidade produzida.

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1.1. Classificação Quanto ao Grau de Média
Quanto ao grau de média o custo pode ser classificado em custo total e custo unitário.
Custo Total é o valor consumido para fabricar/executar um conjunto de unidades do produto.
Exemplos: custo de um edifício com 16 unidades residenciais e custo de um conjunto de habitações
de interesse social.
Custo Unitário é o valor consumido para fabricar/executar uma unidade do produto. Ë obtido pela
divisão do custo total pelo número de unidades do produto.
Exemplo: custo de um apartamento ou custo de uma unidade residencial.

1.2. Classificação Quanto ao Volume de Produção


Quanto ao volume de produção os custos podem ser fixos, variáveis ou semivariáveis.
Custos Fixos são custos que tendem a manter-se constantes para uma dada faixa de volume de
produção. Se a variação de volume de produção for significativa. Tais custos podem sofrer
variações. Em termos unitários, ele diminui à medida que o volume de produção aumenta.

Custo

Quantidade
Faixa de volume

Figura 1 – Custos fixos

Custos Variáveis são custos e despesas cujo montante em unidades monetárias variam na
proporção direta das variações do nível de atividades. Este custo é constante por unidade, mas
flutua no seu total em forma proporcional às variações no volume de atividades.
Custo

Quantidade

Figura 2 – Custos variáveis

Custos Semivariáveis são custos que variam com a alteração do volume de produção, mas não de
forma proporcional. (Ex: energia elétrica)

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Custos
Contínuo

Em patamares

Quantidade

Figura 3 – Custos semivariáveis


1.3 Classificação Quanto a Facilidade de Atribuição ou Identificação com o Produto
Quanto a facilidade de atribuição ou identificação com o produto os custos podem ser classificados
em custos diretos e indiretos.
Custo Direto é aquele facilmente atribuível a um determinado produto. Relacionado com o produto
final os custos diretos são os gastos que podem ser alocados direta e objetivamente aos produtos.
Custo Indireto é aquele que apresenta algum grau de dificuldade para ser atribuído aos produtos,
ou seja, são gastos que não podem ser alocados de forma direta ou objetiva ao produto ou os
gastos com elementos auxiliares necessários à correta execução do projeto, sendo, por isso,
diluídos por certo grupo de atividades, pelo projeto todo ou pelas várias obras da empresa.
1.3.1. Custos diretos
No caso da construção civil os custos diretos seriam aqueles com insumos como mão-de-obra,
materiais e equipamentos incorporados a obra e equipamento de construção.
Por exemplo, para o caso do concreto simples os insumos diretos são as horas empregadas de
pedreiro, servente, betoneira e vibrador de imersão e dos materiais em função do traço exigido (m3
de areia, m3 de brita, kg de cimento e, eventualmente, algum aditivo).
1.3.1.1. Custo direto de materiais e equipamentos incorporados à obra
É o somatório dos produtos das quantidades de materiais, componentes e equipamentos pelos
respectivos preços postos no local de utilização.
Os materiais representam mais de 50% do custo da construção e o seu custo está ligado à
quantidade consumida e ao preço.
O consumo de materiais depende fundamentalmente das especificações dos projetos, das
condições de gerenciamento do projeto, das condições de administração de materiais, das
condições de canteiro (estocagem e manuseio), das técnicas construtivas empregadas na
construção, do grau de treinamento e do grau de qualidade da mão-de-obra que o aplica.
A quantidade de materiais é obtida a partir da quantificação de serviços e atividades baseada nos
projetos e em seus respectivos memoriais descritivos ou através de métodos estimativos quando
os projetos não existirem. Tais quantitativos são aplicados a composições unitárias de consumo de
insumos, disponíveis na literatura ou desenvolvidas pela própria empresa a partir do controle de
seus processos de execução (controle de consumo de mão de obra, materiais e equipamentos),
resultando na quantidade de materiais a serem utilizados.
Em geral a própria composição unitária do serviço já considera um índice de perda, o qual varia
para cada tipo de material. Cada classe de material, devido as suas próprias características, tem
um intervalo típico de perdas:
Classe de Perda típica
Materiais simples t i l 5% a 20%
Elementos semiterminados 2% a 5%
Elementos simples 5% a 10%
Elementos compostos 0%
Elementos funcionais 0%

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Segundo a NBR5706/77 tem-se as seguintes definições:
Material simples: é o material que não possui forma geométrica definida. Exemplos: areia, brita,
cimento, cal, tintas, entre outros.
Elemento semiterminado: é o material de construção que possui seção definida e comprimento
variável. Exemplos: eletrodutos, fiação elétrica, tubos de PVC, vergalhões de aço, perfis em geral
entre outros.
Elemento simples: é o elemento de construção que possui forma e dimensões determinadas.
Exemplos: tijolos, blocos, telhas, pisos cerâmicos, azulejos, entre outros.
Elemento composto: é o produto que, constituído por materiais simples, ou destes combinados com
materiais simples, tem forma, tamanho e características funcionais definidas. Exemplos: ferragens,
aparelhos sanitários, interruptores elétricos, entre outros.
Elemento funcional: é constituído por um conjunto de elementos semiterminados, simples,
compostos ou suas combinações e tem uma função específica na edificação. Exemplos: Esquadrias,
balcões, elevadores, entre outros.
No entanto a escolha do índice a ser considerado deve se dar em função do tipo de controle que a
empresa exerce sobre a execução dos trabalhos, sendo que as fases mais sujeitas a desperdícios
são (Tabela 1):
Tabela 1 – Etapa construtiva x desperdícios

Desperdícios (%) sobre


Etapa Construtiva Desperdícios possíveis cada etapa/controle
Ruim Bom Rigoroso
Infra-estrutura Por motivo de má execução
(abertura de formas, desnevela- 8 5 3
mento, corte do aço, etc.).
Vedação Por motivo de má qualidade
tanto do material como da 30 20 10
mão-de-obra.
Forros Devido a diferenças entre vãos
20 10 5
e módulos dos materiais.
Revestimentos de Esta etapa tende a absorver a
tetos e paredes má execução da etapa de 31,5 21 10,5
vedação.
Pisos internos Reparação de problemas relati-
26,3 17,5 8,8
vos a etapas anteriores
Fonte: SindusconSP

O preço dos materiais a ser considerado no orçamento depende:


• das condições de mercado;
• das condições de comercialização específica de cada produto;
• da capacidade utilizada de produção de cada fabricante;
• da quantidade a ser adquirida, do conceito comercial da empresa construtora junto aos
fornecedores, do grau de especialização do fornecedor e da distância de transporte do local de
embarque do material à obra, entre outros.

1.3.1.2. Custo direto de mão-de-obra


É o produto da carga total de trabalho, em homens-horas, pelo salário médio ponderado de mão-
de-obra, acrescido de encargos sociais e trabalhistas.

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O custo com mão-de-obra gira em torno de 40% do custo da construção, representando desta
forma uma parcela significativa do custo.
O consumo da mão de obra (CMO)pode ser estimado a partir do seu custo por unidade de tempo
(CUT), da sua produtividade (PMO) e da quantidade de um determinado tipo de serviço (QS) ou
seja:

QS
CMO = × CUT
PMO
A quantidade de serviço (QS) pode ser obtida através de levantamentos nos projetos e em seus
respectivos memoriais descritivos, ou utilizando-se um método de estimativas quando tais projetos
não existirem.
A produtividade da mão-de-obra (PMO) pode ser obtida em revistas e publicações especializadas
ou, então, a partir de informações do banco de dados da própria empresa construtora. Este fator
pode variar muito de empresa para empresa, pois depende de fatores como cultura local, preparo
da mão-de-obra (treinamento), supervisão e motivação pessoal.
O custo por unidade de tempo (CUT) é o salário horário do trabalhador, o qual varia em função do
tipo, mercado e do grau de especialização do trabalhador, acrescido de encargos sociais e
trabalhistas especificados em Lei.
O salário-hora ou salário mensal pode ser obtido através de consulta aos sindicatos da categoria e
patronal atuantes na região geográfica onde se localiza a obra.

Composição de Leis Sociais


Cada empresa tem uma composição de encargos sociais própria, variando conforme a atividade da
empresa, com o local ou periculosidade do trabalho dos empregados, com a rotatividade da mão de
obra, etc.
A empresa de engenharia de construção, como tem empregados que trabalham no escritório e no
campo, deve analisar como deverá recolher seus encargos sociais, pois a incidência de seguros, a
periculosidade ou a rotatividade não é a mesma nos dois casos.
Isto faz com que haja a necessidade de um perfeito conhecimento do índice de encargos sociais a
ser utilizado pela empresa, fator este com impacto direto a sua competitividade.
É importante alertar que, ao ser calculado o preço de algum serviço, os encargos sociais devem
incidir apenas sobre a mão de obra. Com este procedimento é evitada a introdução de custos
inexistentes na composição de preços unitários, situação que também pode prejudicar a
competitividade da empresa.
Os encargos sociais são divididos em dois grupos:
a) aqueles a serem recolhidos aos orgãos governamentais e,
b) os a serem pagos diretamente ao empregado.
Como os encargos a serem recolhidos são calculados sobre a importância devida aos empregados,
deve-se ter cuidado ao se definir os encargos do segundo grupo, já que estes são os que podem
ser controlados e gerenciados pela empresa.
Para tanto, recomenda-se analisar cada um dos encargos, isoladamente, visando verificar se o
mesmo é realmente devido e estabelecer a política da empresa para a respectiva obra. Como
exemplo desta afirmação, podem ser citados o adicional noturno – que, se a empresa não paga ao
empregado, não há exigibilidade de recolhimento, logo, pode ser reduzida percentualmente a
importância deste encargo.
A taxa de leis sociais deve ser calculada em função da forma de contratação dos profissionais, fato
que pode ser atestado por meio da carteira profissional, ou seja:

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Mensalistas: os valores do salário já incorporam alguns itens de encargos sociais, ou seja, repouso
semanal remunerado e os feriados. Neste caso considera-se um total de 176 horas de trabalho por
mês (20 dias úteis por mês x 8,8 horas de trabalho diárias)
Horistas: não existe nenhum encargo embutido no salário hora, portanto deve ser considerado no
percentual de encargos sociais tanto o repouso semanal remunerado quanto os feriados que são
pagos aos trabalhadores.
Encargos sobre hora normal: é função das horas efetivamente trabalhadas, uma vez que o salário é
determinado pelas horas apropriadas mês a mês.
Encargos sobre salário mensal: não tem relação com as horas trabalhadas, já que o salário
independe destas, sendo fixo e igual nos doze meses do ano.
Encargos sobre horas extras: conforme o tipo de hora extra, dia normal, noturna, sábado,
domingo, feriado, etc. vários aspectos devem ser observados. Os percentuais a serem aplicadas
sobre o salário hora deverão ser estabelecidos por dissídio coletivo das categorias profissionais.
Os encargos sociais e trabalhistas do empregador é composto por cinco grupos: Grupo A –
Encargos sociais básicos, Grupo B – Encargos sociais que recebem a incidência do grupo A, Grupo
C – Encargos sociais que não recebem incidências globais de A, Grupo D – Taxas das reincidências
de encargos e Grupo E – Encargos inter-sindicais e vale transporte.
A tabela apresentada a seguir, como exemplo, é destinada a trabalhadores contratados em regime
horista.
Tabela 1 – Encargos Sociais para trabalhadores horistas
Descrição Encargos %
GRUPO - A: Encargos Sociais Básicos
1. INSS 20.00
2. FGTS 8.00
3. Salário educação 2.50
4. SESI 1.80
5. SENAI 1.30
6. INCRA 0.20
7. Seguro Acidente 3.00
Total do Grupo A 36.80
GRUPO – B: Encargos que recebem a incidência de “A”
1. Repouso semanal remunerado 18.07
2. Feriados 4.18
3. Férias 15.09
4. Aviso prévio trabalhado 1.64
5. Auxílio enfermidade 2.67
6. Acidente de trabalho – empregador 1.41
7. Faltas justificadas 0.06
8. 13º Salário 11.32
9. Licença Paternidade 0.11
10. Adicional Noturno 2.20
Total do Grupo B 56.75
GRUPO – C: Encargos sociais que não incidem em “A”
1. Aviso Prévio Indenizado 28.87
2. indenização dispensa sem justa causa 5.01
Total do Grupo C 33.88
GRUPO – D: Reincidência de encargos
Incidência de “A” sobre “B” 20.88
Total do Grupo D 20.88
Total dos Encargos: A + B + C + D 148.31

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Alguns encargos poderão integrar o BDI ou ser considerados na composição de preços
como integrantes das Leis Sociais. Esta decisão é de responsabilidade da empresa. Por este motivo,
foram tratados separadamente e relacionados na tabela a seguir.

Tabela 2 – Outros encargos


Descrição Encargos %
GRUPO – E: Encargos Inter-sindicais e vale transporte
1. Equipamentos de Segurança do Trabalho 6.27
2. Depreciação de Ferramentas 1.25
3. Auxílio Educação 1.51
4. Vale Transporte 18.23
Total do Grupo E 27.26
TOTAL GERAL DOS ENCARGOS 175.57

A taxa de encargos apresentada anteriormente é referente a trabalhadores horistas. Os


trabalhadores que atuam diretamente na execução de serviços são, geralmente, horistas
(pedreiros, serventes, carpinteiros, armadores, entre outros). Os trabalhadores que participam de
atividades indiretas (mestres, encarregados, almoxarife, vigias, entre outros) são mensalistas,
neste caso, a taxa percentual que incide sobre a folha mensal de pagamento destes funcionários é
de aproximadamente 95%.

O Índice de Encargos Sociais a ser utilizado por uma empresa é definido como:

IES = Total dos encargos sociais / Total folha de pagamento

1.3.1.3. Custo direto de equipamentos de construção


A ato de comprar um equipamento é uma ação de investimento de capital.
O equipamento comprado será útil por um determinado período de tempo, denominado de vida
útil, período no qual ele tem plena capacidade para prestar serviços. Após este período este
equipamento deverá ser substituído devido a diversos fatores, entre os quais estão: perda de
eficiência, obsolescência, danos e desgastes decorrentes do uso, uma vez que não compensa
economicamente executar reparações.
Após o transcurso da sua vida útil, um equipamento, ou o que tenha restado dele, pode ser
vendido como equipamento usado, desmontado em peças ou como sucata. O valor resultante da
venda, naturalmente bem inferior ao valor de aquisição, é denominado valor residual do
equipamento.
A1) Custo de Propriedade
É o custo resultante da aquisição e depreciação do equipamento. Este custo independe, até certo
ponto, do equipamento ser ou não utilizado, ou seja, mesmo um equipamento parado possui custo
de propriedade.
Existem vários métodos para o cálculo da depreciação de um equipamento, sendo os mais
difundidos o Método Linear de Depreciação, o Método do Fundo de Reserva e o Método do Serviço
executado.

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1) Método Linear de Depreciação
Valor

Vo

0 n

Tempo

Figura 4 – Depreciação linear de um equipamento

É baseado na hipótese que a depreciação varie de forma uniforme ao longo da vida útil do
equipamento. A aplicação deste método resulta em valores de depreciação pequenos nos primeiros
anos e muito elevados nos últimos anos de vida útil, comparando-se com o que ocorre na
realidade. No início da vida útil de um equipamento a depreciação é maior, diminuindo rapidamente
à medida que o equipamento pede valor com a idade.

O custo de propriedade (depreciação) horária do equipamento Dh é:


V0 − R
Dh =
n ⋅h
Onde: V0 é o valor de aquisição do equipamento;
R é o valor residual – 15 a 20% do V0;
n é o número de anos de vida útil do equipamento;
h é o número de horas estimadas de trabalho por ano.
2) Método do Fundo de Reserva
Este método consiste em reservar-se anualmente uma quantia que, acumulada a juros compostos,
resultará, ao final da vida útil do equipamento, no valor de aquisição de um novo equipamento.
A cota anual de depreciação (DA) é obtida por: (Sendo i a taxa anual de juros.)

DA =
(V0 − R ) ⋅ i
(1 + i)n − 1
Para obtenção da depreciação horária deve-se dividir DA pelo número de horas estimadas de
trabalho (h) a serem executadas pelo equipamento em um determinado ano.
Para conhecer-se o valor acumulado do fundo de reserva (VFR) em um determinado ano T, utiliza-
se a seguinte expressão:

VFR = D A ⋅
(1 + i)T − 1
i
Onde T ≤ n.
3) Método do Serviço Executado
Este é também um método linear. Por meio dele calcula-se a depreciação em função das horas a
serem efetivamente trabalhadas (hET) pelo equipamento durante a sua vida útil e não em função
das horas estimadas de trabalho (h):

V0 − R
DET =
hET
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O fator complicador neste método é a fixação correta do numero de horas efetivas em que o
equipamento trabalhará em determinado serviço. Para minimizar os erros deve-se recorrer a um
banco de dados de registros de utilização do equipamento em outros serviços do mesmo tipo.

A2). Juros do Capital Investido


O capital investido no equipamento deve ser remunerado como qualquer outro tipo de
investimento. Caso não seja considerado os juros, ao fim de sua vida útil, o proprietário terá
apenas o seu capital inicial sem qualquer rendimento.
O custo horário de juros (CJ) de investimento, considerando as variáveis anteriormente já
definidas, é dado por:

n +1
V0 ⋅
CJ = 2⋅n ⋅J
h
Onde: J é a taxa de juros reais.
A3) Seguros
O custo do seguro de equipamento, geralmente, é calculado em função do valor a assegurar. A
melhor maneira de estimar o custo horário de seguro (Cs) é consultar uma empresa corretora de
seguros quanto ao valor anual de seguro (Vs) a ser pago e distribuí-lo pelas horas trabalhadas no
ano.

C S = VS ÷ h
A4) Armazenamento
O custo de armazenamento refere-se ao custo de aluguel de um galpão, depósito ou garagem
(varia conforme o tipo do equipamento) reservado para a guarda do equipamento. Este custo
existe mesmo quando o equipamento estiver em uso.
Calcula-se o custo horário de armazenagem (CA) dividindo o valor do aluguel mensal do local pelo
número de horas trabalháveis por mês. Caso um mesmo local armazene vários equipamentos, uma
parcela do valor do aluguel é atribuído a cada equipamento em função da área que tal equipamento
ocupa.

A5) Manutenção
Os custos com manutenção são os gastos com materiais, como peças de reposição e acessórios, e
com mão-de-obra necessária para as operações de manutenção, incluindo-se os encargos sociais.
Para obter-se o custo de manutenção aplica-se sobre o valor inicial de aquisição um fator (K) que
varia de 0,8 a 1,0, em função do tipo de equipamento. O custo horário de manutenção (CM) de um
equipamento e dado por:

V0
CM = ⋅K
n⋅h
A6) Energia
Relativo ao custo horário com combustível, energia elétrica, lubrificantes e outros itens, como
filtros de ar, filtros de combustível, etc.
O consumo de combustível, para motores a gasolina, diesel ou álcool depende da potência do
motor, da fração da potência utilizada e do ciclo de utilização.

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A potência de serviço de motores a explosão gira em torno de 60% da potência utilizada para dar
partida.
A7) Operação
Os custos com pessoal de operação devem ser estimados, considerando-se a incidência de
encargos sociais sobre a mão-de-obra, relacionando-se aqueles que necessitam de um operador
específico, como gruas, guindastes, betoneiras, veículos de transporte e outros. No caso de
equipamentos que não necessitam de operadores especializados, tais como serra circular,
vibradores, máquina de corte e dobragem de ferro entre outros, o custo da mão-de-obra de
operação é contemplada nas composições unitárias dos serviços.
A8) Índice de aproveitamento
O custo horário de um equipamento é função direta de seu índice de aproveitamento (IA), tal
índice é definido como sendo a relação percentual entre o número de horas realmente trabalhadas
(hR) em um ano e o número de horas trabalháveis neste mesmo ano(h):
A estimativa de horas que o equipamento realmente trabalhará é difícil de ser feita. Para obter-se

IA = hR ÷ h
um dado mais próximo do real deve-se estima-la tomando como base registros históricos.

1.3.2 Custos indiretos


O custo indireto é representado pelos itens de custo que não são facilmente mensuráveis nas
unidades de medição dos serviços, isto é, engenheiro, mestre de obra, outras categorias
profissionais, veículos de passeio e de carga de apoio, contas das concessionárias (energia, água
correio, telefone e etc) e outros, que são normalmente considerados por mês ou aqueles calculados
sobre o custo total ou sobre o preço final (faturamento), ou seja, administração central, impostos
(ISS, COFINS, PIS, CPMF, CSLL e IR) ou juros sobre capital investido.
Em outras palavras, todos os custos não decorrentes diretamente dos insumos dos serviços, ou
seja, que não dependem da quantidade dos serviços, mas são necessários para que eles sejam
executados.
Esses custos variam muito, principalmente, em função do local de execução dos serviços, do tipo
de obra, impostos incidentes, e ainda com as exigências do edital ou contrato. Devem ser
distribuídos pelos custos unitários diretos totais dos serviços na forma de percentual destes.
Os custos indiretos que mais afetam a construção estão a seguir identificados, entretanto, o
engenheiro de custos deve analisar em cada caso sua validade.

a) Mobilização e desmobilização dos equipamentos


Este custo deverá ser calculado em função da localização da obra, isto é, de posse de mapa com as
rodovias existentes, será traçada a rota a ser percorrida pelo transporte, e identificada a distância
de transporte, considerando-se as dificuldades encontradas por cada máquina no transporte.
Pode-se determinar o custo da mobilização de equipamento, através da seguinte fórmula:
Custo de Mob/Desmobilização de Equipamentos = Custo horário de transporte em carreta
própria x quantidade de horas necessárias ao transporte das máquinas
b) Mobilização e desmobilização do pessoal
Seguirá sistemática semelhante a de equipamentos, porém consistindo do deslocamento de
pessoal, isto é, corresponde a somatória do transporte, alimentação durante a viagem e outros
itens cabíveis, e pode ser expressa pela seguinte fórmula:
Custo da Mob/Desmbilização de Pessoal = quantidade de funcionários x preço do deslocamento
de cada funcionário

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c) Mobilização e desmobilização de ferramentas e utensílios
Consiste dos custos referentes a manuseio no depósito da construtora, embalagem, carga,
transporte até a obra, descarga e manuseio na obra (retirada de embalagem e guarda em
almoxarifado) de itens, tais como, container ou casa pré-fabricada para canteiro, EPI –
equipamentos de proteção individual (capacetes, uniformes e etc), ferramentas manuais (pá,
enxada e etc) e etc.
Custo da Mob/desmobilização de Utensílios = Custo horário de transporte em veículo
próprio x quantidade de horas necessárias ao transporte dos utensílios
d) Administração local
O custo da administração local deve considerar o vulto da obra a fim de dimensionar a estrutura
administrativa de apoio necessária a sua perfeita execução, e deverá constar pelo menos de:
9 dimensionamento do canteiro de obras, indicando, quando for o caso, as instalações de:
- escritório;
- depósito;
- oficinas, etc.
9 dimensionamento da mão-de-obra da administração direta local, composta, principalmente, por:
- engenheiros (residente, qualidade, segurança, planejamento e etc);
- médico ou enfermeiro;
- topógrafos, etc.
9 dimensionamento dos veículos de apoio à administração local;
9 dimensionamento das despesas gerais de manutenção do escritório da obra, que pode englobar
os seguintes itens:
- despesas de comunicação, telefone, malote ou correios, rádio, etc;
- despesas com material de escritório e de limpeza;
- despesas com alimentação, uniforme e EPI (equipamentos proteção individual) de
operários.
Uma vez concluída a definição da estrutura administrativa da obra, proceder-se-á ao orçamento de
seu custo, o que será possível com a soma dos itens apresentados.
e) Administração Central
Estes custos relacionam-se com os custos das atividades de funcionamento da empresa como um
todo, os quais deverão ser rateados entre todas as obras da empresa. Podem ser subdivididos em
quatro grandes grupos: custos administrativos, custos comerciais, tributários e financeiros.
1. custos administrativos
São relacionados às atividades de administração da empresa, compostos por:
ƒ salários da direção da empresa, do pessoal técnico e do pessoal administrativo;
ƒ despesas de representação;
ƒ amortização na compra ou aluguel do imóvel sede da empresa;
ƒ material de consumo do escritório;
ƒ energia elétrica e comunicações;
ƒ auditores e assessoria de consultores;

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ƒ despesas com manutenção do escritório, oficinas de reparos e manutenção de equipamentos
e depósitos para guarda de materiais e equipamentos.
2. custos comerciais
É relativo ao montante financeiro gasto na comercialização dos produtos da empresa. A empresa
de engenharia vende seus produtos diretamente ao cliente ou os obtém através de participação em
licitações promovidas por entidades públicas ou privadas e imobiliárias. Tais custos compreendem:
ƒ promoção e propaganda comerciais, salários e comissões de vendedores;
ƒ assessoria técnica para vendas ou licitações (honorários, viagens e estadias) e despesas com
apoio à fiscalização;
ƒ material de consumo de escritório;
ƒ comunicações;
ƒ assessoria jurídica e contratos;
ƒ elaboração de propostas e de estudos técnicos;
ƒ direitos de propriedade ou patente e royalties.
3. custos tributários
São custos decorrentes de disposições legais, compreendendo tributos, impostos, taxas,
emolumentos e tarifas.
4. Custos financeiros
São custos advindos de juros de capital financeiros tomados por empréstimo para financiar o
capital de giro da empresa ou a aquisição de bens duráveis, como equipamentos.
Os custos indiretos podem ser obtidos a partir da elaboração de mapas mensais de custos
administrativos central da empresa. Com dados de um trimestre, pode-se estimar o custo anual. O
percentual de despesas indiretas resultará da divisão do valor da estimativa anual de custos
administrativos pelo custo de produção correspondente ao volume anual das obras previstas para
serem realizadas naquele ano.
Os custos com a administração da empresa será rateado entre as suas diversas obras, a partir do
próprio valor da obra.
f) Impostos
Neste estudo, os impostos que consideraremos incidentes sobre o faturamento das pessoas
jurídicas são:
- ISS – Imposto Sobre Serviço
- COFINS
- PIS
- CPMF
- IRPJ – Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica
- CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
ISS – Imposto Sobre Serviço
O ISS é um imposto municipal devido no local de prestação dos serviços. A alíquota varia de 1 a
5%.
Para projetos pode-se recolher o tributo no local de execução do mesmo, isto é, município da sede
da empresa, quando o serviço for realizado aí. A alíquota varia de 0,5 a 5%.

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COFINS
É um imposto federal, Lei 9.718, devido sobre a Receita Operacional (faturamento + demais
Receitas Operacionais (financeiras e etc)). A Alíquota neste momento é de 3% sobre o valor da
nota fiscal.
PIS
É um imposto federal devido sobre a Receita Operacional (faturamento + demais Receitas
Operacionais (financeiras e etc)). A Alíquota neste momento é de 0,65% sobre o valor da nota
fiscal.
CPMF
É um imposto federal devido na emissão de cheques bancários. Por facilidade de cálculo pode-se
adotar sua aplicação sobre montante de custos da obra.
IRPJ – Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica
O Imposto de Renda e a Contribuição Social podem ser aplicados sobre a nota fiscal das obras
(lucro presumido ou arbitrado) ou sobre o balanço mensal da empresa (lucro real) de acordo com o
regime tributário escolhido pela empresa.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
A base de cálculo da Contribuição Social sobre o lucro das pessoas jurídicas com fins lucrativos é:
- tributados pelo Lucro Presumido ou Arbitrado é de 12% sobre a Recita Bruta e de 100%
sobre as demais receitas Operacionais (financeiras e etc);
- tributados pelo Lucro Real é de 9% sobre o lucro, de acordo com a MP 1858-10 de
26/10/99, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido não pode mais ser deduzida do
COFINS.

g) Benefício
É admitido um percentual a ser aplicado sobre o valor final do orçamento a título de resultado
projetado ou lucro bruto do contrato. Cabe a direção da empresa determinar este valor em cada
contrato.
É comum a adoção de percentuais na faixa entre 5 e 12% do valor global do orçamento da obra.

h) Risco ou Eventuais
É muito comum verificar-se que os manuais de custos e algumas construtoras incluem no BDI uma
taxa denominada risco, que corresponde aos imprevistos normais de obra e ainda a determinados
pontos falhos existentes nos editais e projetos de engenharia tomados por base para a elaboração
do orçamento. Entretanto, cabe salientar, que nos dias de hoje, onde a competitividade é enorme,
admitir tal acréscimo é inviabilizar a obtenção de um custo mínimo.
Assim, é fundamental analisar-se pormenorizadamente o material disponível, calcular o custo
efetivo do serviço sem aplicar qualquer taxa de desconhecimento do projeto, devendo, sempre que
necessário, e anteriormente frisado, recorrer ao órgão ou cliente, para resolver as dúvidas.
Eventuais são normalmente adotados em estimativas de custo quando não estão disponíveis as
informações necessárias ao cálculo detalhado do orçamento ou para a formação do BDI para
determinação do preço básico de orçamentos de órgãos contratantes ou projetistas, visando cobrir
a parcela de custo desconhecida em função da precariedade das informações.
É aceitável aos contratantes, quando não totalmente definido o projeto a ser realizado, adotar um
percentual de Risco ou Eventuais sobre o custo estimado da construção.

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Dominar os custos relativos às despesas indiretas é tarefa fundamental no planejamento
financeiro. Esses custos são diferentes das despesas diretas de produção. Pode ser que as
empresas estejam assumindo como custos indiretos itens que se encaixam nos custos diretos. O
lado prático desse problema é que a definição dos custos pode representar, em alguns casos,
ganho ou perda de competitividade, isso porque é cada vez mais comum os clientes solicitarem
informações sobre os custos diretos e indiretos, como maneira de avaliar as proposições.
Em geral, as empresas conseguem detalhar bem os custos diretos ou indiretos que se relacionam
com a execução da obra. No entanto, as falhas se concentram na apropriação dos custos
relacionados ao escritório central, ou das chamadas despesas fixas. As empresas procuram ratear
esses custos dentre os diversos contratos que detêm. Mas, em geral, elas vêm adotando um
percentual fixo para esse tipo de despesa sem aprofundar mais detalhadamente esses custos. E,
em alguns casos, o percentual empregado já não condiz com a realidade, tendo em vista as
inúmeras transformações que se processaram no campo administrativo.
Atualmente as empresas estão empenhadas em reduzir seus custos indiretos. Três alterações
nesse campo foram significativas.
A primeira delas foi a informatização de etapas e áreas de serviço – projetos, área financeira,
administrativa, contabilidade – que levou à redução do número de funcionários, encargos sociais e
custos de transporte.
Outro item que contribuiu bastante para a redução dos custos foi a terceirização de serviços,
fórmula que as empresas de todos os setores adotaram para reduzir os encargos sociais. Entre as
áreas normalmente terceirizadas pode-se citar serviços de manutenção, operação de canteiros e
segurança. Hoje, as equipes de segurança em canteiro já começam a ser substituídas por sistemas
eletrônicos e apólices de seguros. Ou seja, o processo de otimização dos custos é interminável.
O terceiro grupo de mudanças, talvez o mais importante, diz respeito à tecnologia de construção. A
adoção de sistemas industrializados – estruturas metálicas ou de concreto pré-moldado, painéis de
fechamento externo e interno, caixilhos, portas, paredes de gesso acartonado, pisos elevados,
banheiros prontos – reduziu a necessidade de mão-de-obra direta e, por conseqüência, o número
da equipe de supervisão em obra. Essa modificação reflete-se ainda em prazos de execução mais
curtos gerando uma grande economia de escala. Mas como conseqüência aumentou os custos com
a mobilização de equipamentos de maior porte.

2. Formação do BDI
O BDI – Benefícios e Despesas Indiretas, como o próprio nome diz, é um valor monetário (ou
índice) que engloba o lucro bruto desejado sobre um empreendimento, o somatório das despesas
indiretas e impostos incidentes sobre o mesmo.
O objetivo do conhecimento do BDI é, a partir dos custos diretos incidentes sobre uma obra ou
serviço, expeditamente, calcular preço do mesmo.
Por definição, então, o preço é obtido por:
Preço = CD + BDI(valor) ou,
Preço = CD x BDI(%)
Geralmente cada empresa tem o seu BDI e ele pode ser distinto de obra para obra ou, também,
segundo a variedade da carteira de obras em serviço.
É importante notar que, quanto maior o número de obras e/ou serviços, o valor do BDI pode ser
reduzido, permitindo aumentar, deste modo, a competitividade da empresa.
A todo aquele que participa seguidamente de processos licitatórios, recomenda-se um bom
conhecimento do seu próprio BDI e do custo direto de cada obra/serviço pois, mantida a mesma
tecnologia e atuando na mesma região, não há grande variação no custo direto das empresas que

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16
nela atuam. Deste modo, pode-se fazer uma análise com bastante aproximação do BDI das
empresas concorrentes.
Toda empresa que conhece perfeitamente o seu BDI, tem condições de acompanhar
realisticamente o seu desempenho financeiro e conseqüentemente ter condições de elaborar um
bom Plano Orçamentário.
O BDI é formado por:
BDI = CI + MR + ML + IMP1
Sendo:
- CI = Custo Indireto;
- MR = Margem de Risco;
- ML = Margem de Lucro;
- IMP1 = Impostos (lucro, faturamento)

a) O custo Indireto, por sua vez, é composto de:


CI = CGP + CGA + CFI + +CMR + CMV + IMP2
Em que:
- CGP = Custos gerais de administração do processo;
- CGA = Custos gerais de administração da empresa;
- CFI = Custos financeiros vinculados ao capital de giro necessário a realização de
despesas operacionais;
- CMR = Custos de manutenção, depreciação, operação e reposição da estrutura física
implantada para a produção;
- CMV = Custos de comercialização, propaganda e promoção de vendas;
- IMP2 = Impostos e seguros que incidem diretamente sobre o produto.
b) A Margem de Risco – MR pode ser expressa como o valor monetário de um seguro efetuado
para garantir perdas com eventuais acidentes ou, também, o custo direto previsto para
cobrir perdas com danos em propriedades vizinhas.
c) Margem de Lucro – ML consiste no valor monetário a ser auferido com o empreendimento,
incidindo sobre os custos diretos, os custos indiretos e a margem de risco avaliada para o
empreendimento.
ML = µ (Σ CI + Σ CD + MR)

Em que µ é a margem de risco expressa em porcentagem.

2.1 BDI – Markup


O BDI, também pode ser definido como um índice a ser utilizado na definição do preço de uma
obra ou serviço, quando se dispõe dos Custos Diretos dos mesmos.
Assim:

Preço = Custo Direto + (Custos Indireto + M. Lucro + M. Risco) + Impostos


ou

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Preço = Custo Direto + BDI
Fazendo, BDI = k x CD ∴ k= BDI/CD ⇒ k = MARUP
Preço = CD + k CD ∴ Preço = (1+k) CD,
Em que : (1+k) ⇒ BDI em %

2.2 Influência dos impostos


Os principais impostos a serem considerados na definição do BDI, sob a pena de, havendo uma
avaliação deficiente de suas incidências, frustar a realização de lucro desejado, são:
- Imposto incidente sobre o lucro;
- Impostos incidentes sobre o faturamento.
a) Imposto incidente sobre o lucro – Imposto de Renda
O Imposto de Renda incide sobre o lucro bruto obtido ou sobre a margem de lucro (%) desejada.
Se:
µ= margem de lucro desejada em %;
αIR= alíquota do Imposto de Renda;
LL = Lucro Líquido;
LB = Lucro Bruto,
Então, a equação da Margem de Lucro, é:

ML = (µL. líquido/ (1-αIR)) x (CI + CD + MR)

b) Impostos incidentes sobre o faturamento


Estes impostos incidem sobre o total da Nota Fiscal, isto é, do montante do serviços a serem
cobrados.
Sendo:
- VR = Valor a ser recebido após desconto do ISS;
- PC = Valor Calculado;
- αISS = alíquota do Imposto Sobre Serviços.

VR = PC – ISS

VR = PC - αISS PC ∴ VR = (1-αISS) PC

PC = VR / (1-αISS)

Tem-se, da fórmula do preço: Preço = CD x IBDI.


Como o objetivo é receber ao Valor Calculado integralmente, isto é, sem o desconto do ISS, faz-se,
VR = Preço
Assim:
Preço = CD x [(IBDI/(1-αISS)) +1]

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3. Composição de Preços
Definições
a) Custo é o valor da soma dos insumos e da mão de obra necessários à realização de cada
obra ou serviço. Em outras palavras, é o somatório dos custos diretos e indiretos, também
denominado custo de produção.
b) Preço é a expressão do valor monetário de uma obra ou serviço. Preço, então é o valor a ser
cobrado do cliente.
3.1 Relação Preço/Custo
PREÇO = BDI + ∑ CUSTOS DIRETOS
Composição de Custos Diretos
CD = pi x Qi
CD = ∑ Qi (µi + Ei + Moi)
sendo:
- pi = preço unitário de um serviço ou atividade
- Qi = quantidade de trabalho vinculado a atividade “i”
- µi = custo do material vinculado a atividade “i”
- Ei = taxa de custo unitário de equipamentos utilizados para a realização da atividade “i”
- Moi = custo da mão de obra requerida para a realização da atividade “i”.

4. Métodos de Orçamentação
Existem basicamente dois métodos de orçamentação: orçamentos expeditos e os orçamentos
detalhados. A diferença básica entre eles reside na margem de erro do resultado final.
A orçamentação expedita é realizada anteriormente a definição dos projetos, ou seja é feito uma
estimativa e a margem de erro no resultado final pode ser significativa pela ausência de definições
do empreendimento.
A orçamentação detalhada é realizada após o desenvolvimento dos projetos sendo, deste modo,
mais próxima a realidade, ou seja sujeita a uma margem de erro menor.

4.1 Orçamentos expeditos


São os orçamentos realizados com o objetivo de se analisar a viabilidade do empreendimento.
Nesta ocasião dispõe-se somente de informações incipientes por não se possuir os projetos
detalhados, fato que gera uma margem de incerteza no resultado final.
4.1.1 Cálculo simplificado segundo a NBR 12721/1992
A NBR 12.721 (Avaliação de custos unitários e preparo de orçamentos de construção para
incorporação de edifício em condomínio), anteriormente chamada de NB140, define os critérios
para orçamentos de obras em condomínio. Emprega o CUB para determinar o custo da obra,
através de ponderações, de acordo com as características do prédio. Utiliza-se para construções em
condomínio, residencial ou comercial, vertical ou horizontal.

A Norma define os critérios de cálculo do CUB (Custo Unitário Básico), que é um indicador do custo
de construção, utilizado como instrumento de reajuste para os valores monetários calculados nos
Quadros da própria NBR 12.721. Além disto, o CUB serve como parâmetro para orçamentos
simplificados (paramétricos) e para reajuste em contratos de obras comuns.

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Valor estimado resultante das seguintes parcelas: produto da área de construção global pelo
custo unitário básico (CUB) relativo ao projeto padrão que mais se aproxima da tipologia do edifício
em questão; parcelas adicionais relativo aos itens não considerados no projeto-padrão; outras
despesas indiretas; impostos e taxas; custo de projetos e remuneração do construtor e
incorporador.
4.1.2 Orçamento por estimativas ou processo de correlação múltipla
Neste orçamento leva-se em conta os principais serviços de construção, o projeto é decomposto
em partes (itens), por exemplo: fundações, estrutura, alvenaria, etc. de modo que o custo total
seja a soma de cada uma das partes. Calculam-se os custos das partes de maneira simplificada e
rápida, baseada em um banco de informações.
4.1.3 Por tipo de compartimento
Obtido por meio da multiplicação da área média dos compartimentos pelo custo por m2 de cada
tipo de compartimento. Este tipo de orçamento fornece, além do orçamento expedito, a
possibilidade de análise da variação de custo em função de alterações e/ou acréscimos de áreas em
determinado compartimento.
4.1.4 Por informações paramétricas
Obtido através de informações paramétricas de quantidade de materiais e mão-de-obra por m2 de
construção. Por exemplo: 2 sacos de cimento por m2 de construção, 0,90 m2 de alvenaria externa
por m2 de construção, 1,20 m2 de alvenaria interna por m2 de construção, 12 Kg de aço por m2 de
construção, etc.
4.1.5 Processo de correlação simples
Considera-se neste tipo de orçamentação que produtos semelhantes e de um mesmo tipo, porém
de dimensões diferentes, possuem um custo proporcional à sua dimensão característica, que pode
ser considerada como sua variável livre ou característica. Assim dois produtos semelhantes de
dimensões DP (dimensão projetada) e DE (dimensão existente) têm custos CP (custo projetado) e CE
(custo existente) numa relação do tipo: CP / CE = (DP / DE)α, onde α<1 indica que os custos
crescem menos que a as dimensões, o índice P refere-se a instalação projetada e o índice E refere-
se a existente. O problema deste tipo de orçamentação reside no fato da determinação do
coeficiente α, o qual varia entre 0,6 e 0.95.

4.2 Orçamento Detalhado


O orçamento detalhado possui menor margem de erro embutido no processo em relação ao
orçamento expedito, uma vez que para este ser executado são necessários que os projetos
arquitetônico, estrutural, de instalações e o memorial descritivo da obra estejam prontos.
Os orçamentos detalhados são obtidos pelo uso de composições unitárias.
Baseia-se na decomposição do projeto a ser executado em serviços a serem executados. A
composição do custo unitário é feita a partir de coeficientes técnicos de consumo extraídos de
publicações especializadas ou compilados pela empresa, através do processo de experiência e erro,
em função do planejamento e do controle de projetos por ela executados.
Para se ter o custo de cada serviço é necessário ter a quantificação deste serviço dentro da unidade
em que foi feita a composição unitária, o preço dos materiais, custo da hora de trabalho dos
operários que executam tal serviço e a taxa de incidência de leis sociais e trabalhistas. Este seria o
custo direto para a realização do serviço.
O preço do serviço será obtido a partir do acréscimo do BDI (Bonificação e Despesas Indiretas) aos
custos diretos da atividade.

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20
Projeto arquitetônico, complementares
e memorial descritivo

Quantificação
de serviços

Preço de Composições
insumos unitárias

Custo Direto

BDI

Preço de venda

Figura 4 – Orçamento detalhado


4.2.1
4.2.2 Quantificação de serviços

O quantitativo de materiais e de serviços é determinado por meio de dados encontrados em


projetos e memoriais descritivos e, às vezes na própria obra. Portanto, quanto mais detalhados e
completos forem os projetos, tanto melhores serão as informações extraídas destes e,
consequentemente, maior será o grau de confiabilidade e qualidade do orçamento.
A seguir apresenta-se alguns procedimentos para cálculo de quantidades dos serviços mais usuais
para o processo construtivo convencional, obedecendo a ordem cronológica de execução,
apresentando-se também uma proposta para sistematização e documentação das informações,
uma vez que tal procedimento minimiza a ocorrência de erros.

1. SERVIÇOS INICIAIS

1.1 Serviços Técnicos

1.2. Serviços Preliminares

1.2.1 Demolições:
O quantitativo deve ser levantado conforme as composições de serviço disponíveis, ou seja, em
unidade (m), área (m2) ou volume(m3).

1.2.2 Limpeza e regularização do terreno:


Em geral utiliza-se levantamento da área (m2) a ser limpa quando esta compreende a remoção da
vegetação e de detritos. No caso da limpeza envolver a retirada de entulho, deve-se calcular o
volume (m3) a ser retirado. A regularização ou acerto do terreno, quando envolver pequena
movimentação de terra (desaterro ou aterro com altura de 20 a 30 cm ou até 50 cm em pequenas
áreas) pode ser calculada por m2.

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1.3. Instalações Provisórias

1.3.1 Tapumes:
O cálculo da área de tapume (m2) é obtida pela multiplicação do perímetro pela altura, quando é
executado com chapas compensadas, em geral utiliza-se para a altura a maior altura da chapa.

1.3.2 Barracões e depósitos:


Área projetada (m2).

1.3.3 Instalação de proteções:


Bandejas salva-vidas em metro linear (m.l.), encaixotamento e entelamento de prédios em área
(m2).

1.3.4 Andaimes:
Para elevação de alvenaria a quantidade (m2) é obtida pelo perímetro da alvenaria multiplicado
pela altura da mesma, descontando-se 1,50 m que não necessitam de andaime. Para revestimento
interno de forros a área de andaime é igual a área a ser revestida. Todas as composições de
andaimes em madeira consideram um reaproveitamento, seja seis ou dez vezes.

1.3.5 Instalações provisórias de água, luz, força, esgoto, telefone, sinalização, entre outras:
Por unidade.

1.3.6 Locação da obra:


Pela área em projeção da edificação (m2).

1.4. Limpeza da obra

1.5 Trabalhos em terra:


Quantitativo de aterro ou corte em volume (m3). Calcula-se a partir do perfil do terreno, extraído
do levantamento topográfico ou do perfil do terreno constante no projeto arquitetônico.

2. INFRA ESTRUTURA E OBRAS COMPLEMENTARES

2.1. Escoramento de vizinhos e do terreno

2.2 Drenagem:
O sistema de drenagem a ser utilizado é extraído de projeto específico. Em geral são compostos
por serviços de escavação manual (m3), apiloamento de valas (m2), lastro de brita (m3),
manilhamento (m), reaterro apiloado (m3), e geotéxtil não tecido (m2).

2.3 Fundações profundas:


As informações são obtidas em projeto específico, as quais são basicamente volume de escavação
(m3), volume de concreto (m3) e massa de aço (kg).

Caso tal projeto ainda não exista o orçamentista deve obter informação sobre que tipo de
contenção ou fundação é mais adequado à futura obra, utilizando-se de estatísticas tais como:
volume de escavação, volume de concreto e peso das armaduras.

Dados estatísticos para de pequenas obras:


a) execução de brocas com profundidade de 3,00 a cada 3,00 m de perímetro de paredes mais os
cruzamentos delas;
b) execução de um metro linear de broca φ 30cm para cada 1,20m2 de construção ou um metro
linear de broca φ 25cm para cada m2 de construção;

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c) Para muros pode-se considerar uma broca de φ 25cm a cada 5,00 m de muro, com
profundidade de 1,50 m.

Para demais obras: pode-se utilizar parâmetros indicados pela TCPO.

2.4 Fundações superficiais (blocos, sapatas, radiers, ...) e baldrames:


Para o levantamento destes serviços, leva-se em consideração o projeto de infra-estrutura,
calculando-se o volume de escavação ou aterro (m3), volume de lastros de brita (m3), área de
apiloamento da base das baldrames e blocos (fundo de valas) (m2), área de fôrmas (m2), volume
de concreto (m3) e massa de aço (Kg).

Metodologia para cálculo:


a) Volume de concreto: Serão utilizadas as próprias dimensões da peça constante do projeto
estrutural: largura, comprimento, altura e quantidade de peças iguais;
b) Área de fôrma: A unidade desta composição é m2 . A área de fôrma será igual a duas vezes a
altura da peça multiplicada pelo comprimento da mesma e pelo número de peças iguais;
c) Armadura: A quantidade de aço a ser utilizada pode ser calculada por duas maneiras. Ou
extraindo do resumo de aço do projeto ou efetuando o levantamento ferro a ferro no projeto de
infra-estrutura.

Na falta de tal projeto pode-se estimar as quantidades de serviços utilizando dados estatísticos
apresentados em publicações técnicas, como por exemplo a TCPO.

Dados estatísticos:
a) volume de concreto (m3): 2% da área construída;
b) massa das armaduras (Kg): 80 kg de aço por m3 de concreto;
c) área de fôrmas (m2): 12 vezes o volume de concreto;
d) serviços de escavação (m3): 1,5 vezes o volume de concreto;
e) serviço de reaterro das valas (m3): diferença entre o volume escavação e de concreto (caso em
que as vigas baldrames e blocos sejam executados abaixo do nível do terreno);
f) serviços de aterro (m3): altura média estimada multiplicada pela área do pavimento térreo
(caso em que as vigas baldrames e os blocos sejam executados acima do nível do terreno);
g) volume de lastros de brita (m3): largura da vala multiplicado pelo comprimento total de paredes
e pela altura do lastro de brita a ser utilizada;
h) área de apiloamento da base das vigas baldrames e blocos (m2): largura da vala multiplicado
pelo comprimento total de paredes.

Largura: 20cm + espessura da viga


Altura da peça Altura: Altura da peça mais a
espessura do lastro

Espessura do lastro

10cm L 10cm
L = espessura da viga

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MODELO DE PLANILHA PARA INFRA-ESTRUTURA
Empreendim. Pavto Prancha: Folha
Orçamentista Supervisão:

Data: Rubric. Data: Rubric.

Volume de concreto Volume de fôrma Volume de escavação Lastros e apiloamentos


Peça Larg. Altur. Comp. Qtde. Total Altur. Comp. Qtde. Total Larg. Altur. Comp. Qtde. Total Larg. Comp. Qtde Área Espes. Vol.

Total desta folha

3. SUPRA ESTRUTURA

3.1 Concreto Armado

3.1.1 Vigas, pilares e lajes:


Para o levantamento destes serviços, leva-se em consideração o projeto estrutural, calculando-se o
volume de concreto(m3), área de forma (m2) e a quantidade de aço (Kg).

a) Volume de concreto (m3): serão utilizadas as próprias dimensões da peça constante do projeto
estrutural: largura, comprimento, altura e quantidade de peças iguais;
b) Área de fôrma(m2): para vigas as áreas de fôrma são obtidas do seguinte modo: duas vezes a
altura da peça multiplicada pelo comprimento da mesma, pela sua espessura e pela quantidade
de peças iguais; para lajes a área de forma é igual a área da laje; para pilares será igual ao
perímetro do pilar multiplicado pela sua altura e pela quantidade de peças iguais;
c) Armadura: a quantidade de aço a ser utilizada pode ser calculada por duas maneiras: extraindo
do resumo de aço do projeto; efetuando o levantamento ferro a ferro do projeto de supra-
estrutura.

Quando se tratar de laje pré fabricada, deve-se calcular somente a área da laje (considerando as
áreas de superposição sobre as vigas – áreas de apoio). O volume da capa de concreto para
recobrimento, em geral, está incluso na composição unitária deste serviço.

Na falta de tal projeto pode-se estimar as quantidades de serviços utilizando dados estatísticos
apresentados em publicações técnicas, como por exemplo a TCPO.

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MODELO DE PLANILHA PARA SUPRA-ESTRUTURA
Empreendim. Prancha Pavto. Folha
Orçamentista: Supervisor:
Data: Data:
Rubrica Rubrica
Volume de concreto Área de forma
Peça Largura Altura Comp. Qtde Total Altura Comp. Qtde Total

Total desta folha

4. PAREDES E PAINÉIS

4.1. Paredes ou elementos divisórios

4.1.1 Alvenaria
a) Cálculo segundo critérios da TCPO: deve-se levar em consideração o comprimento e o pé-
direito de cada um dos painéis, descontando-se somente os vãos livres com área igual ou
superior a 2,00 m2. Por exemplo: se houver um vão livre com área de 1,68 m2, esta área não
deve ser descontada da área de alvenaria. Caso o vão fosse de 3,50 m2, a área a ser
descontada seria de (3,50 – 2,00)= 1,50 m2.
Tal critério é justificado pela diminuição de produtividade no requadro das paredes. Este critério de
cálculo aumenta a quantidade de serviço real e as quantidades de insumos que compõem o serviço
alvenaria, elevando-se o custo unitário deste item, podendo provocar erros na quantidade de
compra de materiais.

Para documentar os cálculos das quantidades de alvenaria que compõe a obra, sugere-se
preencher uma planilha, conforme modelo proposto a seguir. Este procedimento visa diminuir a
incidência de erros, facilitar a conferência, consultas e alterações futuras de projeto.

Recomendações para o preenchimento da planilha:


Descrever que tipo de alvenaria que está sendo calculada: 1/2 vez, 1 vez, etc., podendo ser
através da largura sem acabamento da mesma (10cm, 15cm ou 20cm), como por exemplo:
alvenaria interna 10 cm, com tijolo cerâmico de 6 furos.
O número (n°) da parede que constar da planilha, deve ser o mesmo numerado no projeto.
Para cada vão a ser descontado, deve-se incluir uma nova linha na planilha de cálculo, repetindo o
resultado do cálculo na coluna Total Líquido, com o sinal negativo.
Ao final de cada folha da planilha, deve-se fazer um somatório parcial, para transportar ao resumo
final.
O resumo deve ser descriminado por pavimento e pelo somatório de todos os pavimentos.
Estes procedimentos devem ser repetidos, para todos os tipos de alvenaria, elementos vazados e
painéis.

O critério de separar as quantidades calculadas por pavimento, é útil para emissão de ordens de
serviço, elaboração do planejamento da obra e programação de compras.

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ALVENARIA ( )
Empreendim.: Prancha: Folha:
Descrição: Pavimento:
Obs.: Orçamentista: Supervisão:
Data: Rubrica Data: Rubrica
Cálculo das áreas Cálculo dos vãos Total
Nº Comp. Altura Área Qtde Total Largura Altura Área Qtde Total líquido

Total desta folha

4.1.2 Encunhamento, vergas, contravergas e requadro de paredes


Devem ser considerados pela medida linear, quando dispõe-se de composição de serviço adequada.

4.2. Esquadrias, peitoris, ferragens

4.2.1 Esquadrias tipo porta:


a) Quantidade de esquadrias internas em unidades, com as respectivas dimensões;
b) Quantidade de esquadrias externas em unidades, com as respectivas dimensões;
c) Área e tipo de tratamento da esquadria;
d) Área e tipo de vidro nos casos em que houver.

4.2.2 Outras esquadrias:


a) Quantidade de esquadrias em metro quadrado;
b) Área e tipo de tratamento da esquadria;

Tipo de tratamento das esquadrias:


a) Esquadrias de madeira: A área de tratamento (cera, verniz, esmalte,...) a ser considerada será
o produto da largura pela altura, multiplicado pelo coeficiente 3, para contemplar a aplicação de
revestimento do caixilho e das duas faces da porta, nos casos em que o caixilho for de outro
material (ex.: caixilho metálico), o coeficiente será 2. No caso de revestimento ser pintura estes
quantitativos deverão ser incluídos no orçamento dentro do item Pintura.
b) Esquadrias metálicas: A área de tratamento a ser considerada, será o produto da largura pela
altura, multiplicado pelo coeficiente 2 (tratamento das duas faces).
c) Esquadrias de alumínio: É necessário indicar o tipo de anodização dos perfis de alumínio e o
padrão da esquadria: alto, médio ou baixo.

E SQ U A D R IA S D E M A D E IR A
E m preendim . Folha LE G E N D A
O bs.: O rçam entista: Supervisão 1
D ata: R ubrica D ata: R ubrica 2
Pavim ento Prancha 3
C álculo das áreas T ipo T ratam ento O utros
T ipo Larg. A ltura Á rea Q tde T o tal Inter. E xter. C o ef. C êra E sm . V ern. 1 2 3

T o tal desta folha

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ESQUADRIAS METÁLICAS
Empreendimento Obs.:
Descrição:
Orçam Superv.:
Data: Rubrica Data: Rubrica
Pavimento Prancha
Cálculo das áreas Acabamento Corta-fogo Vidros
Tipo Larg. Altura Área Qtde Total Coef. Esm. Óleo Total Tipo Espes. Total

Total desta folha

ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO
Empreendimento Prancha: Obs.: Indicar o tipo de anodização e
Descrição Pavimento padrão de acabamento.
Orçamentista: Superv.
Data: Rubrica Data: Rubr.
Cálculo das áreas Peso ou Área Vidros
Tipo Larg. Alt. Área Qtde Total Coef. Baixo Méd. Alto Ven.

Total desta folha

4.2.3 Vidros e Plásticos


Área de vidros, com as respectivas discriminações, conforme o Memorial Descritivo.
Exemplo: vidro cristal comum 4 mm, vidro comum fantasia 3mm ou vidro cristal laminado 10 mm.
Neste item, usam-se as composições que consideram a aquisição dos vidros mais os custos de
colocação.

Recomendações para o preenchimento da planilha:


No item local, deve ser preenchido o tipo de esquadria (J1, P1, P2, ...); discrimina-se as portas
internas das externas em unidades;
Nas colunas de tratamento (cera, verniz, esmalte,...), repete-se a área calculada, multiplicada pelo
coeficiente utilizado (coef.);
Nos casos de esquadrias com vidros, repete-se apenas a área calculada para cada tipo de vidro.
Para cada pavimento, deve-se fazer uma somatória parcial, para transportar ao resumo final.

5. COBERTURAS E PROTEÇÕES

5.1. Coberturas

5.1.1. Estrutura para telhado:


O cálculo deste item no orçamento deve ser feito pela área de projeção do telhado, especificado o
tipo de telha e o vão médio.
Exemplo: Estrutura de madeira para telhas de fibrocimento, com vãos de até 7,00 m.

5.1.2 Telhas:
O cálculo dos serviços referentes a execução das telhas, deve ser efetuado pela área em projeção
da cobertura, uma vez que a maioria das composições considera, na quantidade de itens
consumidos por m2, o grau de inclinação do referido tipo de telha.

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5.1.3 Cumeeiras:
São os divisores de águas do telhado. Normalmente são do mesmo tipo das telhas e são calculadas
em metros lineares.
5.1.4 Calhas:
São os coletores de águas do telhado. São quantificados em metros lineares, considerando-se seu
desenvolvimento e material utilizado.

5.1.5 Rufos:
Utilizados para evitar infiltrações, são utilizados normalmente em contato com platibandas ou
bordas de edificações. São quantificados em metros lineares, considerando-se seu desenvolvimento
e material utilizado.

5.2. Impermeabilizações

Devem ser calculadas em metros quadrados e especificados os locais de aplicação, pois são de
diferentes finalidades e seus custos bem específicos.
Devem ser separadas as impermeabilizações conforme constarem das Especificações Técnicas ou
normalmente utiliza-se:
a) De fundações;
b) De vigas baldrames;
c) De contenções;
d) De terraços e lajes de cobertura abertos;
e) De floreiras;
f) De reservatórios;
g) De piscinas;
h) De rebaixos de cozinha, áreas de serviço e banheiros.
i) De juntas

5.3. Tratamentos especiais

5.3.1 Proteção térmica:


Seu quantitativo deve ser calculado conforme as composições unitárias de serviço disponíveis.

Normalmente os itens de impermeabilização e proteção térmica, são serviços contratados e as


composições devem ser claras a este respeito.

6. REVESTIMENTOS, FORROS E ELEMENTOS DECORATIVOS, MARCENARIA E


SERRALHERIA, TRATAMENTOS ESPECIAIS

6.1. Revestimento (interno e externo)

6.1.1 Revestimento Argamassado de paredes internas

Para o levantamento quantitativo dos serviços referentes a execução de revestimento de paredes


internas, deve-se levar em consideração o perímetro do local (ex.: sala), o pé direito, os vãos livres
da mesma, a Especificação Técnica e Memoriais Descritivos da obra.
As quantidades serão fornecidas em m2.

6.1.1.1 Chapisco:
É a base para outros revestimentos. A área considerada será o produto do perímetro das paredes
do local pela altura das mesmas, descontando-se todos os vãos livres. Apenas a área do chapisco é
calculada descontando todos os vãos livres.

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6.1.1.2 Emboço:
É a camada de regularização da superfície, que prepara o recebimento de outros revestimentos.
Cálculo das áreas pelos critérios da TCPO: A área considerada será o produto do perímetro das
paredes do local pela altura das mesmas, descontando-se apenas as áreas que exceder, em cada
vão, a 2,50m2 (ex.: vão com 5,00m2, descontar apenas 2,5m2). Superfícies salientes acima de 5
cm (beirais, vigas, pilares, espaletas, entre outras) são medidas em desenvolvimento. Para
medição de pérgolas, multiplica-se por 3 a área desenvolvida. Pilares redondos multiplica-se por 3
a sua área.

Quando houver forro especial (gesso, madeira e outros), desconta-se da altura da parede a
distância da laje até o forro menos 5 cm de traspasse do emboço.

6.1.1.3 Reboco ou cal fino:


São as camadas de acabamento da superfície. Quando se tratar de reboco ou cal fino deve-se
utilizar os mesmos critérios prescritos para o emboço.

6.1.2 Azulejos e outros revestimentos para paredes internas:


A área a ser considerada para azulejo, pastilhas, granito, mármore ou outro tipo de revestimento
especial é a área realmente revestida, desenvolvendo-se as áreas de saliências, faixas entre
outras.

Recomendações para o preenchimento da planilha:


No item local, será preenchido o nome do ambiente da edificação a que se refere o cálculo dos
serviços de revestimento.
Para cada vão a ser descontado, deve-se incluir uma nova linha na planilha de cálculo, repetindo o
resultado do cálculo na coluna Total Líquido, com o sinal negativo.
Nas colunas legendadas , repete-se o valor líquido obtido, conforme Especificação Técnica ou
Memorial Descritivo.
Itens relativos a pintura, devem ser alocados em seus grupos respectivos.

REVESTIMENTOS DE PAREDES INTERNAS


Empreendimento: Pavimento: Pran.: Folha:
Orçamentista: Supervisão: Obs.: Separar as cerâmicas por ambiente de utilização.
Data: Rubrica Data: Rubrica Incluir os rodapés, indicando o comprimento linear e o tipo
Cálculo das áreas Descontos Total Paredes e Pinturas
Local Perím Qtde Total Larg Comp Qtde Total Líquid Chap. Emb. Reb. Azul.

Total desta folha

6.1.3. Revestimento de paredes externas

Para o levantamento quantitativo dos serviços referentes a execução de revestimento paredes


externas, deve-se levar em consideração a largura de cada parede e a altura da mesma, os vãos
livres da mesma e Memoriais Descritivos da obra. As quantidades serão fornecidas em m2.

O cálculo dos quantitativos deve ser feitos observando-se as mesmas condições prescritas para
revestimento de paredes internas.

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REVESTIMENTO DE PAREDES EXTERNAS
Empreendimento: Prancha: Folha: Obs: indicar os tipos de pastilhas
Descrição: Pavimento cerâmicas por cor. Incluir nesta
Orçamentista: Supervisão: planilha as pinturas
Data: Rubrica Data: Rubrica
Cálculo das áreas Cálculo dos vãos Total
Chap Emb. Reb.
Local Larg Comp Área Qtde Total Larg Altura Área Qtde Total Líquid

Total desta folha

6.2. Forros e elementos decorativos

6.2.1 Tetos:
Para computar os serviços relativos a acabamento de tetos internos, leva-se em consideração, a
mesma área calculada para revestimento de pisos, exceção nos casos onde o projeto indicar áreas
diferentes, como por exemplo, tetos inclinados, vazio no piso ou teto com iluminação zenital.
Para revestimentos argamassados deve-se considerar os serviços de chapisco (mesmo nos casos
onde está determinado forro especial (gesso, madeira, etc.)), emboço e reboco (caso este não seja
substituído por massa corrida na etapa de pintura).
a) Chapisco;
b) Emboço e reboco ou massa corrida.

Recomendações para o preenchimento da planilha:


No item local, será preenchido o nome do ambiente da edificação a que se refere o cálculo dos
serviços de revestimento.
Para cada vão a ser descontado, deve-se incluir uma nova linha na planilha de cálculo, repetindo o
resultado do cálculo na coluna Total Líquido, com o sinal negativo.
Nas colunas legendadas, repete-se o valor líquido obtido, conforme indicado no Memorial
Descritivo.

6.3. Marcenaria e Serralheria (portões, grades,...)

6.4. Pintura

Nesta etapa da quantificação dos serviços, não precisa de uma planilha específica para os itens de
pintura, pois estes são calculados nas seguintes planilhas:
Planilhas de Revestimento de Pisos e Tetos;
Planilhas de Revestimento de Paredes Internas;
Planilhas de Revestimento de Paredes Externas;
Planilhas de Esquadrias de Madeira;
Planilhas de Esquadrias Metálicas.

6.5. Tratamentos especiais

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7. PAVIMENTAÇÃO

7.1. Pavimentações:
Para o levantamento quantitativo dos serviços referentes a execução de revestimento de pisos
internos, deve-se levar em consideração a área de cada local (ex.: sala, quartos, etc. ) e Memoriais
Descritivos da obra.
As quantidades serão fornecidas em m2, considerando a área líquida calculada.

Metodologia de cálculo:
a) Cálculo das áreas efetivas: A área considerada será a área da figura geométrica do local
descontando-se as áreas de todos os vão livres que por ventura integrem tais áreas;
b) Pisos em contato com solo: Para os pisos que estão em contato com o solo, devem-se
considerar 5 serviços fundamentais. Serviços referentes a regularização, apiloamento e lastros
(brita e lastro de concreto);
b.1) Regularização;
b.2) Apiloamento;
b.3) Lastro de brita;
b.4) Lastro de concreto;
c) Regularização de base (contrapiso): Utilizados para regularizar desníveis de concretagem.

Somente não se deve considerar a regularização de base quando ficar explícito que a técnica de
concretagem utilizada será a do contrapiso zero. Neste caso, deve-se considerar como serviço
substituto da regularização, um tratamento da laje acabada.

A sistematização das atividades de levantamentos quantitativos é essencial para aumentar a


produtividade do orçamentista. Partindo deste princípio, quando se efetua os levantamentos para
cálculo dos revestimentos de pisos, praticamente já efetua-se os cálculos para revestimento de
tetos, por isso pode-se utilizar uma planilha de Pisos e Tetos Internos.

7.2. Rodapés e soleiras:


O item rodapé pertence ao grupo revestimento de pisos, mas para facilitar os levantamentos
quantitativos deste item, é incluído na planilha de revestimento de paredes internas. São
quantificados em metros lineares, considerando-se seu desenvolvimento e material utilizado.

REVESTIMENTOS DE PISOS E TETOS INTERNOS


Empreendimento: Pavimento: Pran.: Folha:
Orçamentista: Supervisão:
Data: Rubrica Data: Rubrica Obs.: Separe as cerâmicas por tipo de utilização (Cozinha, BWC, Sacadas, etc.).
Cálculo das áreas Descontos Total Pisos
Local Área Qtde Total Larg Comp Qtde Total Líquido Apiloamento Lastro contra-piso

Total desta folha


Cálculo das áreas Descontos Total Tetos e Pinturas de acabamento
Local Área Qtde Total Larg Comp Qtde Total Líquido Chapisco Emboço Reboco Pintura

Total desta folha

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8. INSTALAÇÕES E APARELHOS

8.1. Instalações hidráulicas, sanitárias e de gás

Considerando-se que tais projetos estejam disponíveis e estes serviços são geralmente
empreitados, o orçamentista deve tomar as seguintes providências:
a) Solicitar proposta para execução da mão-de-obra para empreiteiro que normalmente executa
este tipo de serviço para a construtora;
b) Cotar os materiais de hidráulica, especificados no Memorial Descritivo do projeto hidro-sanitário
.

Pode-se quantificar os serviços para este item considerando as seguintes composições:


a) Entrada de água;
b) Prumadas e distribuição de água fria;
c) Prumadas e distribuição de água quente;
d) Prumadas e distribuição de esgoto e águas pluviais;
e) Prumadas e distribuição de proteção contra incêndio;
f) Prumadas e distribuição de gás;
g) Central de gás;
h) Equipamentos de proteção contra incêndio;
i) Louças, metais sanitários e acessórios.

8.2. Instalações elétricas

Considerando-se que tais projetos estejam disponíveis e estes serviços são geralmente
empreitados, o orçamentista deve tomar as seguintes providências:
a) Solicitar proposta para execução da mão-de-obra para empreiteiro que normalmente executa
este tipo de serviço para a construtora;
b) Cotar os materiais elétricos, especificados no Memorial Descritivo do projeto elétrico e
telefônico .

Pode-se quantificar os serviços para este item considerando as seguintes composições:


a) Entrada de serviço;
b) Quadros e caixas;
c) Eletrodutos em lajes;
d) Eletrodutos em paredes;
e) Enfiação;
f) Equipamentos e acessórios;
g) Pára -Raios.

Observações quanto as instalações:


Esta quantificação, segundo os itens propostos anteriormente, facilita a elaboração do cronograma
da obra e o controle da execução dos serviços.
Quando os projetos das instalações ainda não estiverem disponíveis, pode-se considerar, com base
em obras anteriores, um percentual sobre o custo final da obra para estes serviços, que variam
conforme o porte da obra.

8.3. Instalações Mecânicas

Neste item considera-se todos os equipamentos utilizados na obra:


a) Elevadores;
b) Monta-cargas;
c) Escadas rolantes;
d) Planos inclinados;
e) De ar comprimido;

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f) De oxigênio
g) De lixo
h) Outros.

Os equipamentos utilizados na obra devem ser cotados no mercado, porém, no caso dos
elevadores e assemelhados, deve-se orientar por compras anteriores, pois os preços praticados na
venda efetiva são menor do que o preço normalmente cotado nestas ocasiões.

9. COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA

9.1. Calafate e limpeza

9.1.1 Limpeza de vidros:


Esta quantidade é calculada multiplicando-se por 2 as áreas de vidros.

9.1.2 Limpeza de revestimentos cerâmicos:


Nestes itens deve-se considerar as áreas dos revestimentos cerâmicos de paredes internas e
externas e pisos cerâmicos.

9.1.3 Limpeza final:


Área de todo o terreno e empreendimento.

9.2 Complementação artística e paisagismo:

a) Paisagismo (indispensável);
b) Painéis artísticos;
c) Quadra de esportes;
d) Play-ground;
e) Outros.

Para as quantidades dos serviços acima se deve utilizar as unidades conforme as composições
disponíveis.

9.3. Ligações Definitivas e Certidões

Deve-se orçar os valores para a ligações definitivas de água, energia, telefone, gás, esgoto e
incêndio.

9.4. Recebimento da Obra

Deve-se levantar os custos dos ensaios gerais das instalações, arremates e do habite-se.
4.2.3 Preço dos insumos
A partir do levantamento completo dos insumos básicos do orçamento, proceder-se-á a pesquisa
de preços e condições de fornecimento dos diferentes itens de custo da obra.
Condições de fornecimento é o conhecimento sobre os impostos (IPI e ICMS) a serem acrescidos
no preço do insumo, custos do frete, custos adicionais com embalagens entre outros fatores.

4.2.4 Composições unitárias


Para se obter o custo direto da obra é necessário obter-se os custos unitários dos serviços
quantificados anteriormente. Estes custos são obtidos através das composições unitárias de custo.

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A composição unitária é a relação de todos os insumos utilizados (materiais, mão de obra e
equipamentos) para a execução da atividade, na qual se apresenta um índice de consumo para
cada um dos insumos necessários por unidade de serviço.
As composições permitem, deste modo, calcular a quantidade e o custo de cada um dos insumos
que compõe uma atividade. A confiabilidade dos índices é o fator essencial para a que o orçamento
seja correto (custo planejado igual custo orçado).
Portanto, o ideal é que índices de consumo a ser considerados sejam obtidos a partir do controle do
uso de materiais, mão de obra e equipamentos que a empresa utiliza para realiza cada uma das
atividades componentes do processo de produção, representando assim a realidade da empresa.

Exemplo de composição unitária:


Alvenaria de elevação com tijolos furados, dimensões 9x15x20 cm, assentados com argamassa
mista de cimento, cal hidratada e areia no traço 1:2:8. Espessura da junta 12 mm, espessura da
parede sem revestimento: 10 cm.
Quantidade: 150 m2

Componentes Consumo Consumo Preço unit. Custo total Custo total Custo total
total R$ MAT MO R$
Cimento 2.548 Kg 382.2 Kg 0.29 110.84
Cal hidratada 2.548 Kg 382.2 Kg 0.14 53.51
Areia úmida 0.017 m3 2.55 m3 28.00 71.4
Tijolo 31 unid. 4650unid 0.10 465.00 700.75
.
Pedreiro 1,60 h 240 h 2.40 576.00
Servente 1,74 h 261 h 1.60 417.6
Enc. Sociais 124,3 % 1235.04 2929.39
B.D.I. 40 1171.76
Total 4101.15

4.2.4 Orçamento baseado em ante-projetos (com falta de informações)

No caso da falta de projetos, desejando-se mesmo realizar o orçamento, pode-se considerar


medidas estimativas, indicando este fato explicitamente no orçamento.

Para as estruturas, pode-se adotar os seguintes parâmetros médios:

a) Fundações: estimar concreto a 0.2m3/m2 pavimento térreo, armadura a 50kg/m3 concreto e


formas a 9m2/m3 de concreto;

b) Estrutura: estimar concreto a 0.2m3/m2 pavimento, armadura a 60kg/m3 concreto e formas a


12m2/m3 de concreto.

Outra forma de orçamento aproximado é pela consideração da participação percentual média dos
grandes itens no custo total. A falta de alguns projetos ou dados é compensada calculando-se o
que já está definido e estimando o restante.

Apresenta-se a seguir uma tabela que indica os índices percentuais médios de custos dos serviços
para execução de obras pelo processo construtivo convencional.

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Tabela 3 – Participação percentual em orçamento

Descrição do serviço Percentual de custo (%)


Projetos 1,60 a 2,70
Instalação da obra 2,20 a 4,40
Serviços gerais 8,00 a 13,00
Trabalhos em terra 0,5 a 1,00
Fundação 4,50 a 6,50
Estrutura 14,00 a 19,00
Instalações 12,00 a 17,00
Alvenaria 3,30 a 6,50
Cobertura 0,60 a 1,10
Tratamentos 1,00 a 2,70
Esquadrias 5,50 a 7,50
Revestimentos 8,50 a 14,00
Pisos 4,05 a 7,50
Rodapé, soleira e peitoril 0,80 a 1,60
Ferragens 0,80 a 1,50
Pintura 2,20 a 4,40
Vidros 1,00 a 2,20
Aparelhos 2,70 a 5,50
Complementação 0,50 a 0,90
Limpeza 0,15 a 0,45
Fonte: Goldman (1997)

Exemplo de utilização dos percentuais:

Caso não existam ainda os projetos de instalações elétricas ou hidráulicas, pode-se determinar
aproximadamente os valores correspondentes utilizando um valor percentual.

Por exemplo, se o valor orçado (com base nos outros projetos, disponíveis) foi de R$ 840.000,00, e
as instalações elétricas e hidráulicas são previstas como normais, pode-se complementar o
orçamento da seguinte forma:

a) Define-se a participação: Instalações elétricas e hidráulicas = 16% do prédio;

b) O orçamento básico representa (100% - 16%)= 84%, portanto;

c) As instalações podem ser estimadas em R$ 160.000,00;

d) Conclui-se que o orçamento total será de R$ 1.000.000,00.

A elaboração de um orçamento é, em geral, uma tarefa complexa e, algumas vezes, esta tarefa
torna-se ainda mais complexa devido aos seguintes fatores:
• Baixa especialização da mão-de-obra, dificultando a obtenção de níveis uniformes de
produtividade;

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• Falhas e omissões no detalhamento de projetos, gerando freqüentes alterações no
planejamento de sua execução, nos tipos e quantitativos de materiais e na especialidade de
mão-de-obra;
• Grande número de atividades a serem executadas, gerando diferentes tipos de trabalhos de
difícil quantificação;
• Variação contínua de preços de insumos, fator que se dá em função da demanda de mercado e
da inflação.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1. Uma construtora gastou com custos indiretos no primeiro semestre do ano um valor mensal de
R$ 137.250,00. Qual deveria ser o custo direto mensal gasto em todas as obras gerenciadas
pela empresa para que os custos indiretos mensais da empresa não ultrapassassem 3,2%?
(137.250,00 / X) = 0,032
X = 137.250,00 / 0,032 = 4.289.062,50
Deveria ser de no mínimo R$ 4.289.062,50

2. Uma construtora foi convidada para participar de uma licitação para construção de uma
indústria. A partir do projeto e do edital recebido orçou os custos diretos da obra em R$
1.254.670,00. Qual deve ser o BDI e qual deve ser o preço a ser proposto na licitação,
considerando-se que a construtora que entrar nesta licitação com os seguintes índices sobre o
preço final: 8% para lucro, 11% para impostos e 6% para despesas indiretas.
Preço= 1.254.670,00 / (1-0,08 – 0,11 – 0,06) = 1.672.893,33
BDI = 1.672.893,33 / 1.254.670,00 = 1,333 = 33%

3. Para a mesma licitação do exercício anterior o cliente solicitou que a construtora refizesse o
preço e o BDI, considerando que o ele irá reembolsar os impostos. Qual deve ser o BDI para
esta nova condição e qual deve ser o preço revisado?
Preço= 1.254.670,00 / (1-0,08– 0,06) = 1.458.918,60
BDI = 1. 458.918,60 / 1.254.670,00 = 1,163 = 16,3%
O BDI deverá ser de 16,3% e o novo preço de R$ 1.458.918,60.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Uma construtora entrou em uma licitação com um preço de R$ 3.250.465,00. O corpo técnico da
empresa adotou os seguintes índices para formação de tal preço: 8% para lucro, 12,4% para
impostos e 4,5% pagamento de despesas indiretas. Com esta proposta a empresa foi
classificada em 3o lugar..
A empresa vencedora apresentou proposta no valor de R$ 3.032.128,00. Considerando que a
construtora orçou corretamente os custos diretos do projeto e que estes não poderiam ser
reduzidos.
Pergunta-se qual deveria ser os índices adotados para que a empresa fosse classificada em 1o
lugar?

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2. Sua empresa irá participar de um processo licitatório e coube a você a responsabilidade de
montagem do índice de BDI a ser utilizado na definição do preço da proposta. Para tanto você
dispõe das seguintes informações:

Custos R$
Custo direto do empreendimento 125.000.000,00
Custos administrativos do empreendimento 25.000.000,00
Custos médios de administração da empresa 108.000.000,00
Carteira de obras da empresa, excluído este 580.000.000,00
empreendimento

Lucro/encargos/impostos %
Encargos sociais 162
Lucro líquido desejado 15
Imposto sobre serviços (ISS) 10
Imposto de renda 35
Encargos financeiros sobre o capital de giro necessário a 4
construção

Leitura complementar
GOLDMAN, Pedrinho Introdução ao planejamento e controle de custos na construção civil
brasileira. 3 ed. São Paulo: Pini, 1997
LIMMER, Carl V. Planejamento, Orçamentação e Controle de projetos e Obras. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1997
DIAS, Paulo R. V. Engenharia de custos: uma metodologia de orçamentação para obras civis.
Paulo R. V. Dias: Rio de Janeiro:, 2001
PARGA, Pedro Cálculo do preço de venda na construção civil. Pini: São Paulo, 1995.
FORMOSO, Carlos Torres; HIROTA, Ercília Hitomi; SAFFARO, Fernanda Aranha; SILVA, Maria
Angélica Covelo. Estimativa de custos de obras de edificação. Caderno de engenharia n.9. Porto
Alegre: UFRGS/CPGEC, 1986.

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II
Profa. MSc. Luci Mercedes Demori e Prof. Dr. João Adriano Rossignolo

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