955-Texto Do Artigo-2619-1-10-20201213

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CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS: PROJETOS INOVADORES DE


ESPAÇOS MAIS HUMANOS, INCLUSIVOS, SEGUROS E RESILIENTES

SUSTAINABLE CITIES AND COMMUNITIES: INNOVATIVE PROJECTS FOR


MORE HUMAN, INCLUSIVE, SAFE AND RESILIENT SPACES

Ana Luiza de Oliveira Foreston1


Jaqueline Costa de Araújo2
João Paulo Leonardo de Oliveira3

RESUMO

É possível que, até 2050, três em cada quatro pessoas viverão nas cidades. Os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas mostram a importância
de que essas cidades sejam seguras e sustentáveis para todos. Verifica-se que por
todo o mundo, as cidades estão inovando de forma a enfrentar desafios diversos,
como as mudanças climáticas, por exemplo. Os projetos incluem desde pequenas
florestas urbanas até as chamadas cidades "esponjosas" que absorvem a água de
enchentes, além de iniciativas diversas de florestas verticais. Assim, o objetivo deste
estudo é levantar e analisar alguns casos de projetos de sustentabilidade
considerados inovadores.
Palavras-chave: Cidades Sustentáveis; Projetos Inovadores; Cidades inteligentes.

ABSTRACT

It is possible that, by 2050, three out of four people will live in cities. The United Nations
Sustainable Development Goals show the importance of making these cities safe and

1
Graduanda em Administração, Universidade Estadual de Minas Gerais/Frutal, MG. E-mail:
[email protected].
2
Graduanda em Administração, Universidade Estadual de Minas Gerais/Frutal, MG. E-mail:
[email protected].
3
Professor Doutor na Universidade Estadual de Minas Gerais/Frutal, MG. E-mail:
[email protected].

Revista Fafibe On-Line, Bebedouro SP, 13 (1): 71-85, 2020. ISSN 1808-6993
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sustainable for all. It appears that all over the world, cities are innovating in order to
face different challenges, such as climate change, for example. The projects range
from small urban forests to so-called "spongy" cities that absorb flood water, in addition
to various vertical forest initiatives. Thus, the objective of this study is to survey and
analyze some cases of sustainability projects considered innovative.
Keywords: Sustainable Cities; Innovative projects; Smart cities.

1 INTRODUÇÃO

Para DUNN (2020), com uma população global cada vez maior e a crescente
urbanização, a criação de cidades seguras, resilientes e sustentáveis está no topo da
agenda verde. As Nações Unidas incluíram esta missão entre seus 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, que juntos formam um projeto para abordar
coletivamente os desafios que o mundo enfrenta.
Mais de 50% da população global vive em cidades. Eles também são
responsáveis por cerca de 70% das emissões globais relacionadas à energia. Eles
estão na linha de frente dos impactos climáticos e da transição para um futuro
sustentável para todos. Por outro lado, as preocupações e ações nesse sentido são
crescentes. Espera-se, mais do que nunca, pavimentar esse caminho para a
construção de uma economia cada vez mais sustentável.
Nesse sentido, este estudo busca levantar e analisar alguns casos de projetos
de sustentabilidade considerados inovadores que possam servir de exemplo e
inspiração para iniciativas locais e regionais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Definição de Desenvolvimento Sustentável

Sustentabilidade é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do


presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras, garantindo o
equilíbrio entre o crescimento econômico, o cuidado com o meio ambiente e o bem-
estar social.

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Desenvolvimento sustentável é um conceito que surgiu pela primeira vez em


1987 com a publicação do Relatório Brundtland, alertando para as consequências
ambientais negativas do crescimento econômico e da globalização, que buscava
encontrar possíveis soluções para os problemas causados pela industrialização e pelo
crescimento populacional.
Entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que consegue atender às
necessidades da geração atual sem comprometer a existência das gerações futuras
(PLAN, 2017).
O termo desenvolvimento sustentável “reflete uma solução à escassez de
recursos naturais desde a antiguidade, consolidando-se ao longo do tempo na cultura
humana, em busca da utilização desses recursos de forma contínua e perpétua”
(GROBER 2007 apud FEIL; SCHREIBER, 2017, p. 673).
Nota-se que a ideia de desenvolvimento sustentável não denota apenas um
movimento ambientalista, mas sim uma maneira de agir nas culturas de uma
sociedade moderna que vem amadurecendo ao longo dos séculos.
As propriedades da sustentabilidade englobam o crescimento econômico sem
agressão ambiental humana, possui visão de longo prazo em relação às gerações
futuras, abrange o ambiental, o econômico e o social em equilíbrio mútuo, propõe
mudança no comportamento da humanidade e é materializado por meio de estratégias
que envolvem processos e práticas (FEIL; SCHREIBER, 2017).
Já o processo de desenvolvimento sustentável possui suporte em ações
vinculadas às habilidades técnicas, gerenciais, financeiras e nas estratégicas para
alcançar a sustentabilidade. Ações essas que podem alterar a trajetória da qualidade
do sistema, além de permitirem intervenções intensivas na sustentabilidade, uma vez
que os principais resultados revelam que a sustentabilidade é responsável pela
geração de uma solução em relação à deterioração constatada nas inter-relações do
sistema global ambiental humano (FEIL; SCHREIBER, 2017).

2.2 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são o modelo para alcançar um


futuro melhor e mais sustentável para todos. Eles abordam os desafios globais

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enfrentados atualmente, incluindo aqueles relacionados à pobreza, desigualdade,


mudança climática, degradação ambiental, paz e justiça. As 17 Metas são todos inter-
relacionados, devendo ser alcançados até 2030.
Como evidenciado, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável compõem
um conjunto de 17 objetivos por meio de um amplo diálogo sem precedentes entre os
Estados membros da ONU, autoridades, sociedade civil, setor privado e outras partes
interessadas (FILHO, 2016). Assim apresentados:

Figura 1 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: (FILHO, 2016)

1 - Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas,


em todos os lugares;
2 - Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a
segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;
3 - Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos e todas, em todas as idades;

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4 - Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de


qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos e
todas;
5 - Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas;
6 - Água potável e saneamento: assegurar a disponibilidade e a gestão
sustentável da água e saneamento para todos;
7 - Energia limpa e acessível: assegurar o acesso confiável, sustentável,
moderno e a preço acessível à energia para todos;
8 - Trabalho descente e crescimento econômico: promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho
decente para todos e todas;
9 - Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestruturas resilientes,
promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;
10 - Redução das desigualdades: reduzir a desigualdade dentro dos países e
entre eles;
11 - Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
12 - Consumo e produção responsável: assegurar padrões de produção e
consumo sustentáveis;
13 - Ação contra a mudança global do clima: tomar medidas urgentes para
combater a mudança do clima e seus impactos;
14 - Vida na água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e
dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
15 - Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de
biodiversidade;
16 - Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e
inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para
todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;

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17 - Parcerias e meios de implementações: fortalecer os meios de


implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
(MACHADO FILHO, 2016).

3 METODOLOGIA

Este trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica, realizada por meio de


informações encontradas em livros, reportagens e artigos. Tal modelo de pesquisa é
tido como qualitativo documental, isto é, com base em estudo de livros, embasando-
se em concepção de autores. O método utilizado neste estudo compreende, em sua
essência, o levantamento de informações relativas à temática deste estudo e dados
sobre projetos inovadores de cidades sustentáveis pelo mundo, realizado a partir de
pesquisas documentais, onde são analisados conceitos e exemplos sobre "Projetos
Inovadores", "Cidades Sustentáveis", "Cidades Inteligentes", dados econômicos e
demográficos das regiões analisadas, dentre outros. Somente a partir de todas as
informações levantadas é que são realizados os entendimentos e análises pertinentes
aos projetos de cidades sustentáveis encontrados durante a pesquisa.

4 RESULTADOS

As ações para atingir a Meta 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis)


incluem reduzir os efeitos adversos dos desastres naturais, garantir que todos tenham
acesso a espaços verdes e abordar o impacto ambiental das cidades.
Assim, a seguir, são apresentados e analisados alguns casos de cidades
desenvolvendo projetos inovadores dentro deste contexto.

4.1 Cidades Esponjas

Uma cidade de esponja é aquela que pode reter, limpar e drenar água de
forma natural usando uma abordagem ecológica. Tradicionalmente, as cidades
chinesas lidam bem com a água. Mas na China moderna, foram destruídos esses
sistemas naturais de lagoas, rios e pântanos, que foram substituídos por represas,

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diques e túneis, e potencializaram as inundações. A China começou a experimentar


ideias de projetos urbanos relacionados a esponjas há mais de uma década (O'Meara,
2015).
No final de 2013, Shanzhai City, uma incubadora de desenvolvimento social,
estava envolvida no comissionamento de projetos para uma nova cidade. Foram
avaliadas muitas inscrições perceberam-se que havia uma grande tendência para as
pessoas usarem o termo 'cidade esponja'.
Até recentemente, muitos dos tomadores de decisão e especialistas na
indústria de drenagem apoiavam uma abordagem de engenharia civil maior e de
infraestrutura cinza para a gestão da água. Mas a maioria desses sistemas está
sobrecarregada e as inundações urbanas acontecem mesmo durante chuvas
moderadas e sustentadas.
O governo está tentando encontrar modelos de parceria público-privada que
possam ser aplicados a projetos de construção da “esponja verde”. Uma ideia poderia
ser uma cidade comprar serviços ecológicos de uma empresa privada. Mas, como
medir esses serviços ecológicos é um grande desafio. Até agora, o governo central
conseguiu comunicar seu desejo de mudança. Mas não está claro se as autoridades
provinciais têm as ferramentas para cumprir a retórica.
Nesse mesmo sentido, de acordo com KOLCZAK (2017), Cingapura lançou
uma paisagem de arquitetura imponente na compacta cidade-estado. Conforme a
metrópole continua a crescer, os planejadores urbanos estão evidenciando a natureza
por toda parte, e até mesmo nos pontos mais elevados.
Novos desenvolvimentos devem incluir plantas, na forma de telhados verdes,
jardins verticais em cascata e paredes verdejantes. O impulso para o verde se estende
também à construção (a construção verde é obrigatória desde 2008).
Na figura 1, pode-se observar o símbolo de Cingapura quanto a seus esforços
para promover espaços verdes.

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Figura 1: Super Árvores de Singapura

Fonte: Google Maps

Na figura 2, pode-se observar o premiado telhado verde da casa de bombas da


Marina Bay, um empreendimento criado a partir da recuperação de terras para aliviar
a pressão de crescimento em Cingapura

Figura 2: Telhado Verde da Casa de Bombas da Barragem de Marina Barrage

Fonte: Google Maps

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Dadas as limitações de terra, resta a Cingapura adotar o desenvolvimento de


alta densidade. Densidade habitável está relacionada a elevação da qualidade de
vida, apesar dessa densidade. É uma questão de oportunidade, variedade e
conveniência, com mais empregos resultando das sinergias oriundas proximidade a
lojas, escolas, entretenimento, saúde e redes ferroviárias públicas acessíveis, com
redução do congestionamento do tráfego, sempre priorizando parques e instalações
recreativas.

4.2 Florestas Verticais

Com pouco espaço, as pessoas nas cidades costumam olhar para cima em
busca de lugares para se expandir. Em Milão, Itália, os arquitetos fizeram o mesmo
com a cobertura de árvores - criando uma " floresta vertical" (Figura 3) em dois blocos
de torres residenciais. Com 800 árvores, 4.500 arbustos e 15.000 plantas, a "floresta"
cobre uma área do tamanho de três campos e meio de futebol. Projetos semelhantes
estão em andamento em cidades da Suíça, Holanda e China (MCKENNA, 2017).

Figura 3: A Floresta Vertical no coração de Milão

Fonte: www.weforum.org/agenda/2017/10/milan-s-tree-covered-skyscrapers-are-inspiring-the-world/

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Já a proposta de Liuzhou Forest City (Figura 4) representa um projeto mais


ambicioso: uma nova cidade com casas para 30.000 pessoas, onde os edifícios serão
cobertos por 40.000 árvores e 1 milhão de plantas.

Figura 4: Liuzhou Forest City, na China, abrigará 1 milhão de plantas

Fonte: designwanted.com/architecture/liuzhou-forest-city

Espera-se que a cada ano, as árvores absorvam 10.000 toneladas de CO2 e


57 toneladas de poluentes. Eles também devem produzir cerca de 900 toneladas de
oxigênio. As plantas também diminuirão a temperatura média do ar, criarão barreiras
acústicas e aumentarão a biodiversidade ao criar um habitat para pássaros, insetos e
pequenos animais.

4.3 Vizinhança de 20 minutos

Algumas cidades estão se replanejando de forma que o morador de uma


cidade possa encontrar tudo o que precisa a 20 minutos de transporte público, um
passeio de bicicleta, ou a pé, de sua casa (REID, 2020). Em Paris, o prefeito está
usando a Rue de Rivoli como protótipo de uma futura metrópole na qual nenhum
parisiense precisaria viajar mais de 15 minutos a pé ou de bicicleta para trabalhar,
fazer compras ou procurar por um serviço público.

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Quem lidera atualmente iniciativas nesse sentido é Melbourne (STANLEY;


HANSEN, 2020). O plano desenvolvido para a cidade australiana pretende que os
residentes estejam sempre perto de coisas como lojas, serviços comerciais,
instalações de educação ou lazer.
As pessoas geralmente aprovam a ideia de que a maioria das coisas
necessárias às suas vidas possam estar a alguns minutos de transporte público, de
bicicleta ou a pé de casa. Atividades como compras, serviços comerciais, educação,
instalações comunitárias, recursos recreativos e esportivos e alguns empregos, dentre
outros.
A criação de uma cidade com bairros de 20 minutos é uma orientação política
fundamental do Plano Melbourne 2017-2050. Conforme afirma o plano, o bairro de 20
minutos tem tudo a ver com “viver localmente”, dando às pessoas a capacidade de
atender à maioria de suas necessidades diárias em uma caminhada de 20 minutos,
bicicleta ou viagem de transporte público local de sua casa.

4.4 Florestas Urbanas em Miniatura

Florestas em miniatura estão surgindo em pedaços de terra em áreas urbanas


ao redor do mundo usando um método inspirado nos templos japoneses
(THORNTON, 2020). Um botânico descobriu que as áreas protegidas ao redor dos
templos, santuários e cemitérios continham uma enorme variedade de vegetação
nativa que coexistia para produzir ecossistemas diversos e resilientes. As pequenas
florestas são vistas como tendo potencial para ajudar a combater as mudanças
climáticas.
Conhecidas como florestas “Miyawaki”, as árvores crescem mais rapidamente
e absorvem mais CO2 do que as plantações para produção de madeira.
Essas florestas em miniatura estão surgindo em pedaços de terra em áreas
urbanas ao redor do mundo, muitas vezes plantadas por grupos da comunidade local
usando um método inspirado nos templos japoneses. O resultado, segundo os
proponentes do método, são ecossistemas complexos perfeitamente adequados às
condições locais que melhoram a biodiversidade, crescem rapidamente e absorvem
mais CO2.

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As florestas urbanas trazem muitos benefícios às comunidades, além de seu


impacto sobre a biodiversidade. Os espaços verdes podem ajudar a melhorar a saúde
mental das pessoas, reduzir os efeitos nocivos da poluição do ar e até mesmo
combater o fenômeno das ilhas de calor nas cidades, onde extensões de concreto e
asfalto elevam as temperaturas anormalmente.

4.5 Linha Verde do Trem

Os projetos de regeneração também estão na vanguarda das iniciativas de


cidades sustentáveis e certamente estão no caminho certo em Bangcoc, onde a
escassez de espaços verdes está sendo investigada. Agora, uma antiga linha
ferroviária elevada foi transformada em um parque da cidade. Pode não ser
considerável, mas tem uma importância significativa como catalisador da regeneração
urbana e pode mudar a maneira como as pessoas olham para os espaços públicos
(CHANDRAN, 2020).
Uma velha linha ferroviária em Bangkok foi transformada em um novo parque.
Espera-se que o projeto seja um precedente para transformar espaços urbanos não
utilizados em áreas verdes, para aumentar o bem-estar e mitigar os efeitos das
mudanças climáticas.
O Phra Pok Klao Sky Park conecta bairros em ambos os lados do rio Chao
Phraya e foi construído em uma linha férrea elevada que ficou sem uso por mais de
três décadas. É um exemplo de como reaproveitar uma estrutura abandonada e
aumentar os espaços verdes em Bangcoc por meio de um design econômico.

Figura 8: Renderização do Phra Pok Klao Sky Park

Fonte: landprocessdesign.wixsite.com/landprocess/phra-pok-klao-sky-park

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4.6 Transportes mais inteligentes

Em Israel, os usuários inserem sua localização e destino, e um algoritmo


calcula a jornada mais eficiente. O transporte público é então redirecionado de acordo.
O sistema foi introduzido para ajudar a combater o COVID-19, mas se implementado
de forma permanente, acredita-se que poderá economizar 25 milhões de dólares por
ano. Até 2050, estima-se que quase 70% da população mundial viverá em cidades,
tornando o conceito de comunidades sustentáveis uma solução eficiente para o
crescimento populacional.
O “deslocamento inteligente” de Israel mostra como o transporte público
poderia ser após o COVID-19. Tecnologias inovadoras podem mudar a maneira como
as pessoas se deslocam, oferecendo maneiras mais rápidas, limpas e convenientes
de viajar. Porém, muitos sistemas de transporte estão ficando para trás em relação a
essas possibilidades (BEM DROR, 2020).
O desafio é implementar essas soluções em longo prazo para criar um sistema
de transporte que gire em torno das necessidades e prioridades humanas, como
segurança, saúde, acessibilidade e melhor vida. Governos e empresas em todo o
mundo podem aprender com este exemplo, vendo a mudança revolucionária que pode
ser alcançada quando a inovação privada ajuda a resolver os desafios das políticas
públicas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o processo de levantamento e análise dos casos discutidos nesse


artigo, alguns questionamentos surgiram. Eles são elencados a seguir e podem
embasar trabalhos futuros dentro da temática abordada. São eles:
a) Os planejadores precisam esperar que a política se alinhe para que possam
implementar um plano com sucesso? Tudo tem um pano de fundo cultural e político,
e é importante que os planejadores reconheçam os pontos de oportunidade para
atingir objetivos importantes. Deve-se esperar por mudanças culturais e janelas de

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oportunidade para agir, ou o planejamento pode ser estrategicamente diferente para


se criarem as próprias janelas de oportunidade conforme necessário?
b) Como reagir se o aquecimento global realmente acontecer a um nível
catastrófico? Foi feito o suficiente para planejar os efeitos das mudanças climáticas
além de simplesmente planejar para mitigar ainda mais o aquecimento global? Como
ajudar as cidades a se adaptarem a um clima futuro diferente?
c) Como captar a imaginação de uma cidade para impulsionar a implementação
de um plano? Uma estratégia de mídia forte é eficaz?
d) Pode-se abordar a sustentabilidade como um sistema mais abrangente e
holístico?
e) O aquecimento global é um problema em grande escala. Como lidar com
esses problemas de grande escala como apenas uma pequena parte do todo? Como
os esforços de uma cidade individual se encaixam na comunidade internacional mais
ampla?
Enfim, espera-se que este estudo possa guiar o aprofundamento em cada uma
desses apontamentos de forma que cidades cada vez mais sustentáveis possam ser
encontradas pelas próximas gerações.

REFERÊNCIAS

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like after COVID-19. World Economic Forum. 24 juL. 2020. Disponível
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CHANDRAN, R. On the right track: How Bangkok turned an old unused train line
into a park. World Economic Forum. 19 jun. 2020. Disponível
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