Direito Do Consumidor

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INTRODUÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR

A noção de consumo e seu impacto histórico


→ Revolucao Industrial
→ Artesão, Camponês > Maquinário em larga escala
→ Crescimento populacional > Aumento da demanda > Aumento da oferta (aumento de
fornecedores > Estandardização, Produção em série de um mesmo modelo de produto ou de
um serviço
→ Massificação dos Produtos e Massificação dos Contratos por consequência disso
(contratos de adesão)
→ Bilateralidade da Produção (possibilidade de ambas as partes negociarem, que ambas
possuem autonomia da vontade) > Unilateralidade da Produção (em regra, nos contratos de
adesão não há bilateralidade, são redigidos pensando no fornecedor e não podem ser
discutidos)
→ Estados Unidos:
- Sherman Act de 1890: Lei Antitruste Norte Americana (Contradições - Liberalismo e
Capitalismo x Intervenção Estatal)
Inicialmente visando combater os monopólios, coibir as condutas anti-competitivas
- Associações de Consumidores em 1960
- Discurso do Presidente John F. Kennedy em 1962
- Federal Trade Comission Act e as Leis de Crédito ao Consumidor e de Produtos
Seguros
→ Europa:
- Genebra - Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas - 1973 - Documento
Formal estabelecendo 5 garantias fundamentais do consumidor
- França - Code de la Consummattion
- Espanha - Lei Geral para a Defesa dos Consumidores - Lei 26 de 1984
- Portugal- Lei 29 de 1981

O Direito do Consumidor Brasileiro


→ Lei de Economia Popular (Lei 1221 de 1951)
→ Lei Delegada 4 de 1962
→ Emenda Constitucional 1 de 1969
→ Com a consolidação no art. 5, XXXII, da CRFB 1988, como direito fundamental, foi
oficializado um novo tratamento jurídico para as relações de consumo
→ Lei 8.078 de 1990 - Código do Consumidor

A Autonomia do Direito do Consumidor


Com princípios e regras próprias, um ramo do direito ganha autonomia. Todavia, o
reconhecimento da autonomia não significa que o ramo está isolado, uma vez que o Direito
do Consumidor ainda dialoga com outros ramos.

Relações do Direito do Consumidor com os demais ramos do direito positivo brasileiro


→ Direito Civil em rompimento com o Direito Civil Clássico
• Autonomia da Vontade > Normas de Ordem Pública e Interesse Social
O legislador reconhece que as relações de consumo não devem ser
completamente embasadas na autonomia da vontade.
• Pacta Sunt Servanda (o contrato faz lei entre as partes) > Intervenção Estatal
Possibilidade do Estado reconhecer que determinada cláusula contratual é
abusiva e estabelecer a revisão do contrato.
• Responsabilidade Subjetiva > Responsabilidade Objetiva
Conduta - Nexo Causal - Dano. Desnecessário o fator “culpa”, bastando que o
consumidor demonstre o nexo causal entre a conduta do consumidor e o dano sofrido.
“A jurisprudência do STJ se posiciona firme no sentido que a revisão
das cláusulas contratuais pelo Poder Judiciário é permitida, mormente
diante dos princípios da boa-fé objetiva, da função social dos
contratos e do dirigismo contratual, devendo ser mitigada a força
exorbitante que se atribuía ao princípio do pacta sunt servanda.
Precedentes” (STJ – 4ª Turma – AgRg no Ag 1383974/SC – Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO – j. 13/12/2011, DJe 01/02/2012).

→ Direito Constitucional: Ordem Econômica Constitucional. Conflito Aparentemente


Ideológico de Princípios. Constitucionalização do Direito do Consumidor.
Art 5, inciso 32, art. 170, inciso 5 e art. 48 do ADCT.
→ Direito Econômico: CADE, Repressão ao Abuso de Poder Econômico, Práticas
Anticompetitivas com Redução do Bem-estar do Consumidor (Cartéis, Preços Predatórios).

Características do Direito do Consumidor


→ Recenticidade: Apesar de existirem diplomas anteriores, efetivamente, a proteção jurídica
aos consumidores brasileiros somente se corporifica a partir da CRFB/88 e da Lei 8.078/90
(CDC). Aplicação quase secular desde o Código Civil de 1916 às relações jurídicas de
consumo.
→ Lei Principiológica: Consagra um conjunto de princípios específicos aplicáveis nas
relações de consumo.
• Princípios Gerais: Art. 4 do CDC
• Direitos Básicos dos Consumidores: Art. 6 do CDC
• Princípios Específicos do CDC: Exemplo Vinculação à Oferta Publicitária
→ Normas de Ordem Pública e Interesse Social (Cogentes, Imperativas - obrigatórias,
de direção)
• Seu alcance é macro e pode comungar na formação de precedentes. Efeito
pedagógico.
• Impossibilidade de derrogação dos direitos do consumidor pelas partes.
• Reconhecimento ex officio pelo magistrado dos direitos do consumidor (pode
entender que outras cláusulas, que não as requeridas, são abusivas, por exemplo), com
exceção dos litígios envolvendo Contratos Bancários. (Súmula n. 381 do STJ: Nos
contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas).
O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CONCEITOS LEGAIS. A RELAÇÃO
JURÍDICA DE CONSUMO (ELEMENTOS SUBJETIVO E OBJETIVO). O
CONCEITO DE CONSUMIDOR. O CONCEITO DE FORNECEDOR. O OBJETO
DAS RELAÇÕES DE CONSUMO: PRODUTOS E SERVIÇOS.

A Relação Jurídica de Consumo


→ Elementos Subjetivos
a) Consumidor
b) Fornecedor

→ Elementos Objetivos
a) Produto
b) Serviço

O Consumidor como Sujeito da Relação de Consumo


Mais restrito (Art. 2º, caput) > Art. 2º P. Único > Art. 17 (Bystanders) > Mais amplo (Art. 29)

1) CONSUMIDOR DESTINATÁRIO FINAL - Art. 2º, caput do CDC – Conceito


Econômico segundo José Geraldo Brito Filomeno
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatária final.”
a) Teoria Finalista (Subjetiva): Destinatário Fático + Econômico
Obs: Importa indagar qual a destinação do produto ou do serviço.
Visão Extrema da Teoria: Pessoa Jurídica não pode ser consumidora (Interpretação
Contralegem).
Rizzato Nunes:
Não basta que este consumidor esteja usando para gozo próprio, ele precisa ser
o destinatário econômico (final), encerrar a cadeia produtiva.
- Bem de Consumo: Adquirido para Consumo Final
- Bem de Produção: Adquirido para Integrar Outra Cadeia Produtiva
Ex. Apple compra matéria prima, insumos, para produzir IPhones.
b) Teoria Maximalista: Destinatário Fático
Obs: Não importa indagar a destinação do produto ou do serviço, basta que tenha
ocorrido a contratação.
Se fez a compra, é consumidor.
Crítica de Cláudia Lima Marques → não exigir a destinação do bem atrai a incidência
de todos os contratos para o código, uma aberração jurídica.
c) Teoria Finalista Mitigada/Aprofundada/Atenuada no STJ: Destinatário Fático +
Econômico e a Possibilidade da Pessoa Jurídica ser Consumidora (Vulnerabilidade).
Obs: Importa indagar qual a destinação do produto ou do serviço e no caso de
pessoas jurídicas perquirir sua vulnerabilidade.
→ Vulnerabilidade:
- Técnica: Em face de o consumidor não ser detentor das informações ou o
“Know how” da cadeia produtiva. Isso dá ao fabricante uma posição favorável
na relação contratual.
- Jurídica/Científica: Desconhecimento de direitos e garantias do consumidor.
- O consumidor ostenta poder econômico inferior em comparação ao
fornecedor.
- Informacional: Assimetria de informações que faz com que o consumidor se
posicione de forma inferiorizada na relação de consumo.
Assimetria de Informações – Falhas de Mercado – Conceito de Direito
Econômico/Concorrencial: Assimetria de informações entre Consumidor e
Fornecedor
Obs. A vulnerabilidade da pessoa física é presumida, enquanto a da pessoa
jurídica obrigatoriamente deve ser provada.

2) CONSUMIDOR / INTERESSES COLETIVIZADOS - Art. 2. p. único do CDC:


Deve-se considerar como consumidor a coletividade de pessoas que haja intervindo nas
relações de consumo, não apenas os que tenham realizado atos de consumo (adquirido
produto ou serviço), mas sim a todos que estejam expostos às práticas dos fornecedores no
mercado de consumo (perspectiva coletivizada).
a) Ato de Consumo / Simples Exposição à Prática - dois cenários unidos diante da
mesma situação de consumidor.
b) Pessoa Jurídica / Profissional pode ser enquadrado nessa categoria? Sérgio Cavalieri
Filho, diz que não há problema, desde que configurada sua vulnerabilidade nos termos
da Jurisprudência do STJ.
a) Entidades Não Personalizadas: Rizzato Nunes, diz que não há objeção nenhuma do
enquadramento como consumidora, a exemplo do condomínio que contrata serviços.
b) Finalidade Instrumental e Racionalização do Uso do Aparato Judiciário: Uma única
ação, para o acesso a justiça de todas as pessoas que foram lesadas ao mesmo tempo,
garantindo segurança jurídica (uma única sentença)
c) INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Art.
81, I, II e III do CDC;

3) CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO (BYSTANDERS) – Art. 17 do CDC:


Equiparam-se a consumidores, todas as vítimas do evento danoso. Equiparadas à figura do
consumidor por serem vítimas, mas que não realizaram o ato de contratação com o
fornecedor.
a) Previsão do Art. 17 na Seção da Responsabilidade pelo Fato do Produto ou Serviço –
Vítimas do Acidente de Consumo.
b) Não necessária a presença da vítima no local do acidente de consumo
c) Prescindibilidade de Contrato ou Aquisição de Produto ou Serviço

4) CONSUMIDOR EXPOSTO – Art. 29 do CDC: Equiparam-se aos consumidores todas as


pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
a) Alcance: Pré-Contratual; Contratual; Pós-Contratual.
b) Complemento do Art. 2 do CDC – Herman Benjamin.
c) Art. 2 – Concretamente / Art. 29 – Abstratamente.
d) Prescindibilidade de Contrato ou Aquisição de Produto ou Serviço
e) Mera exposição às práticas comerciais e contratuais.
f) Pessoa Jurídica Consumidor Equiparado – Vulnerabilidade.
OBS: Esses últimos três conceitos de consumidor, os consumidores não precisam
necessariamente adquirir um produto ou serviço para serem considerados como tais. Há uma
DESNECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DE UM ATO DE CONSUMO.

O FORNECEDOR COMO SUJEITO DA RELAÇÃO JURÍDICA


- Previsão Normativa: Art. 3 do CDC
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação
de serviços.”
→ Amplitude Conceitual
→ Pessoa Física ou Jurídica / Pública ou Privada / Nacional ou Estrangeira / Entes
Despersonalizados (Pessoas Jurídicas de Fato)
→ Partícipes da Cadeia de Fornecimento (Cláudia Lima Marques)
→ Fornecedor é Gênero (Rizzato Nunes)
→ Não exigência do Profissionalismo pelo CDC
→ Profissionalismo como Plu

1) PESSOA FÍSICA FORNECEDORA


a) Requisito: Habitualidade (mesmo que seja um produto ou serviço ofertado de forma
sazonal)
b) Profissionais Liberais
- Tratamento jurídico diferenciado na apuração da Responsabilidade Civil, que
será apurada na forma subjetiva (necessidade do elemento culpa - imperícia,
negligência ou imprudência)
Exemplos: Encanador, Eletricista, Médico.
- Exceção: Advogado (Jurisprudência não pacificada do STJ)
→ Correntes na Doutrina e na Jurisprudência:
a) Não Incidência do CDC: Lei Específica (Estatuto da Advocacia) / Não
é atividade fornecida no mercado de consumo (REsp 914.104 – “As
normas protetivas dos direitos do consumidor não se prestam a regular
as relações derivadas de contrato de prestação de serviços de
advocacia, regidas por legislação própria”), uma vez que não seria um
serviço massificado.
b) Incidência do CDC: Exercício de Atividade Especializada / Prestada
por Pessoa Física / Habitualidade / Remuneração.
2) PESSOA JURÍDICA FORNECEDORA
→ Pessoas Jurídicas: Privada/Pública; Nacional/Estrangeira;
a) Requisito: Habitualidade

3) ENTES DESPERSONALIZADOS: Pessoas Jurídicas de Fato, Sociedades de Fato,


também são fornecedores.

4) FORNECEDOR EQUIPARADO (LEONARDO ROSCOE BESSA E CLAÚDIA LIMA


MARQUES)
→ Relação Indireta com o Consumidor: Banco de Dados de Consumidores (SPC e SERASA)
- Órgãos de Proteção ao Crédito
Em caso de danos oriundos dessa relação, apesar de ser indireta, existe possibilidade
de se perquirir a sua responsabilização civil com base no arcabouço do CPC.
→ Relação Direta com o Consumidor: Fornecedor Equiparado no Estatuto do Torcedor (Lei
nº 10.671/2003 – Art. 3): “Para todos efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos
do CDC, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de
prática desportiva detentora do mando de jogo”.

O PRODUTO COMO OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA


→ Previsão Normativa: Art. 3º, §1º do CDC
“Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.
→ Sentido Econômico: Resultado de Processo de Produção ou Fabricação (Sérgio Cavalieri
Filho)
→ Críticas à utilização do termo Produto (Bem Móvel/Imóvel; Material/Imaterial)
→ “Produto” deve ser entendido como “Bem”
→ Observações: Bem Imaterial, Bens Duráveis e Não Duráveis e Amostra Grátis (Finalidade
Lucrativa, Estratégia de Marketing, Conquista do Consumidor).
→ Amostra Grátis: é produto para o código, então, em caso de dano, o nível de proteção
jurídica é o mesmo.

O SERVIÇO COMO OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO


- Previsão Normativa: Art.3, §2º do CDC. “Qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
→ Aspectos Importantes:
a) Exigência de Remuneração: Direta/Indireta - A exigência de remuneração também
pode estar diluída nos fatores de produção, de forma que aparece de forma indireta.
b) Exclusão das Relações Trabalhistas – Razões:
- Existência de Lei Específica (CLT)
- Posição Constitucional dos Direitos Trabalhistas arts. 6 e 7 da CF - Autonomia
do Direito do Trabalho em relação a essas modalidades contratuais.
- Existência de uma Justiça Especializada (Justiça do Trabalho)
c) Rol exemplificativo de serviço, com destaque aos serviços bancários:
- Ano 2001. STJ. REsp 106.888 – “O CDC é aplicável aos contratos firmados
entre instituições financeiras e seus clientes referentes à caderneta de
poupança.
- Doutrina e Jurisprudência convergiram neste sentido. Nelson Nery Jr. motiva a
aplicabilidade pelos seguintes fundamentos: Serviço Remunerado; Oferecido
de modo Amplo e Geral; Vulnerabilidade dos seus Tomadores; Habitualidade
e Profissionalismo.
- Ano 2004. Súmula 297 do STJ. “O CDC é aplicável às instituições
financeiras”.
- Ano 2006. ADIN 2591 proposta pela Confederação Nacional do Sistema
Financeiro (CONSIF).
Fundamentos: Não haveria relação de consumo; Vício de
Inconstitucionalidade por causa do Art. 192 da CF que assegura que a
regulação do Sistema Financeiro Nacional seria matéria de lei complementar
(Lei 4595/64) e não do CDC (lei ordinária).
Resultado: Ação declarada improcedente por maioria de votos. A exigência de
lei complementar do art. 192 da CF abrange exclusivamente a regulamentação
do Sistema Financeiro Nacional.
Não delimitação de juros aplicados aos contratos bancários. Súmula 382/STJ: “A
estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade.” X Súmula 379/STJ: “Os juros moratórios poderão ser convencionados
até o limite de 1% ao mês”.
→ Outras Súmulas Importantes do STJ: 322, 381, 388 e 479.
322: para a repetição de cobrança indevida, o consumidor deve ser restituído em
dobro essa quantia indevidamente cobrada.
381: nos contratos bancários, o juiz não poderá reconhecer a abusividade de
ofício!!!!
388: a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral
479: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados
por fortuito interno (é o fato imprevisível ou inesperado que pode atingir as
obrigações assumidas entre o consumidor e o fornecedor e que guarda relação com a
atividade fim deste fornecedor) relativo a fraudes e delitos praticado por terceiros
no âmbito de operações bancárias
Caso Fortuito Externo: é o fato imprevisível ou inesperado que pode atingir as
obrigações assumidas entre o consumidor e o fornecedor e que NÃO guarda relação
com a atividade fim deste fornecedor.

SERVIÇO PÚBLICO
Previsão Normativa: Art. 22 do CDC.
a) Serviço Próprio: Contribuinte. Exemplo: Taxa, Custas Judiciais, Impostos, SUS
NÃO ATRAEM A INCIDÊNCIA DO CDC, pois não existe a figura do consumidor,
somente a do contribuinte (taxas, impostos)
b) Serviço Impróprio (Concessionárias de Serviço de Público): Exemplo: Tarifa, Preço
Público.
→ Característica da Voluntariedade: opção de pagar ou não
→ Princípio da Continuidade do Serviço Público – Serviços Essenciais: devem ser
prestados de maneira contínua desde que haja uma contraprestação pecuniária por
parte de seus usuários (consumidores de serviço público impróprio).
ADMINISTRATIVO - CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA - PRÉVIA NOTIFICAÇÃO - POSSIBILIDADE. A Primeira
Seção desta Corte, no julgamento do REsp 363.943/MG, Rel. Min. Humberto
Gomes de Barros, DJ 1.3.2004, pacificou entendimento no sentido de que é
lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica se, após
aviso prévio, o usuário permanecer inadimplente, a teor do disposto no artigo
6º, § 3º, II, da Lei n. 8.987/95. Precedentes. Agravo regimental improvido.
(STJ - AgRg no Ag: 794072 RJ 2006/0131273-4, Relator: Ministro
HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 04/11/2008, T2 - SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: <!-- DTPB: 20081121</br> --> DJe 21/11/2008
<!-- DTPB: 20081121</br> --> DJe 21/11/2008)
→ Regra: É legítima a interrupção.
→ Exceções:
1) Se afetar unidades públicas essenciais
2) Se afetar interesses inadiáveis da coletividade
3) Se referir a fraude no medidor
4) Se referir a dívidas pretéritas
5) Situações excepcionais com fundamento na dignidade da pessoa humana.

RELAÇÃO DE CONSUMO INTERNACIONAL:


a) Bem ou Serviço adquirido no Exterior.
b) Responsabilidade da Filial Nacional?
DIREITO DO CONSUMIDOR. FILMADORA ADQUIRIDA NO
EXTERIOR. DEFEITO DA MERCADORIA. RESPONSABILIDADE DA
EMPRESA NACIONAL DA MESMA MARCA ("PANASONIC").
ECONOMIA GLOBALIZADA. PROPAGANDA. PROTEÇÃO AO
CONSUMIDOR. PECULIARIDADES DA ESPÉCIE. SITUAÇÕES A
PONDERAR NOS CASOS CONCRETOS. NULIDADE DO ACÓRDÃO
ESTADUAL REJEITADA, PORQUE SUFICIENTEMENTE
FUNDAMENTADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO NO MÉRITO,
POR MAIORIA. I - SE A ECONOMIA GLOBALIZADA NÃO MAIS TEM
FRONTEIRAS RÍGIDAS E ESTIMULA E FAVORECE A LIVRE
CONCORRÊNCIA, IMPRESCINDÍVEL QUE AS LEIS DE PROTEÇÃO
AO CONSUMIDOR GANHEM MAIOR EXPRESSÃO EM SUA EXEGESE,
NA BUSCA DO EQUILÍBRIO QUE DEVE REGER AS RELAÇÕES
JURÍDICAS, DIMENSIONANDO-SE, INCLUSIVE, O FATOR RISCO,
INERENTE À COMPETITIVIDADE DO COMÉRCIO E DOS NEGÓCIOS
MERCANTIS,SOBRETUDO QUANDO EM ESCALA INTERNACIONAL,
EM QUE PRESENTES EMPRESAS PODEROSAS, MULTINACIONAIS,
COM FILIAIS EM VÁRIOS PAÍSES, SEM FALAR NAS VENDAS HOJE
EFETUADAS PELO PROCESSO TECNOLÓGICO DA INFORMÁTICA E
NO FORTE MERCADO CONSUMIDOR QUE REPRESENTA O NOSSO
PAÍS. II - O MERCADO CONSUMIDOR, NÃO HÁ COMO NEGAR,
VÊ-SE HOJE "BOMBARDEADO" DIUTURNAMENTE POR INTENSA E
HÁBIL PROPAGANDA, A INDUZIR A AQUISIÇÃO DE PRODUTOS,
NOTADAMENTE OS SOFISTICADOS DE PROCEDÊNCIA
ESTRANGEIRA, LEVANDO EM LINHA DE CONTA DIVERSOS
FATORES, DENTRE OS QUAIS, E COM RELEVO, A
RESPEITABILIDADE DA MARCA. III - SE EMPRESAS NACIONAIS SE
BENEFICIAM DE MARCAS MUNDIALMENTE CONHECIDAS,
INCUMBE-LHES RESPONDER TAMBÉM PELAS DEFICIÊNCIAS DOS
PRODUTOS QUE ANUNCIAM E COMERCIALIZAM, NÃO SENDO
RAZOÁVEL DESTINAR-SE AO CONSUMIDOR AS CONSEQÜÊNCIAS
NEGATIVAS DOS NEGÓCIOS ENVOLVENDO OBJETOS
DEFEITUOSOS. IV - IMPÕE-SE, NO ENTANTO, NOS CASOS
CONCRETOS, PONDERAR AS SITUAÇÕES EXISTENTES. V -
REJEITA-SE A NULIDADE ARGÜIDA QUANDO SEM LASTRO NA LEI
OU NOS AUTOS. (STJ - REsp: 63981 SP 1995/0018349-8, Relator: Ministro
ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de Julgamento: 11/04/2000, T4
-QUARTA TURMA, Data de Publicação: <!-- DTPB: 20001120</br> --> DJ
20/11/2000 p. 296</br> JBCC vol. 186 p. 307</br> LEXSTJ vol. 139 p.
59</br> RSTJ vol. 137 p. 389)

RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO – CASOS ESPECIAIS

INCIDÊNCIA DO CDC
a) RELAÇÃO ENTRE PREVIDÊNCIA PRIVADA E SEUS PARTICIPANTES:
Atividade Securitária. Súmula 321 STJ > Alterada com nova redação para Súmula
563/STJ.
↳ CDC é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incluindo
os contratos previpo seleto)denciários celebrados por entidades fechadas (somente
para gru
b) RELAÇÃO O CLUBE QUE PROMOVE UM JOGO E OS TORCEDORES: Art. 3º
da Lei 10.671/2003. “Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos
termos do CDC, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a
entidade de prática desportiva detentora de mando de jogo.

NÃO INCIDÊNCIA DO CDC


a) RELAÇÃO ENTRE ASSOCIAÇÕES DESPORTIVAS E CONDOMÍNIOS COM OS
RESPECTIVOS ASSOCIADOS E CONDÔMINOS
b) RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE BANCÁRIA E OS BENEFICIÁRIOS DO
CRÉDITO EDUCATIVO (FIES)
Fundamentos: Programa Governamental, Benefício do Aluno que busca formação
superior. Não há conotação de serviço bancário puro.
c) RELAÇÃO ENTRE ADVOGADO E CLIENTE:
Divergência Doutrinária e Jurisprudencial: Uma parte entende que a relação se rege
pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94) outra Parte entende que o Advogado é
Prestador de Serviço e se aplica o CDC.

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR

1) PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR – Art. 4, I do CDC


a) Técnica, Jurídica, Econômica e Informacional
Para que o sujeito seja reconhecido como consumidor, basta que uma faceta de
vulnerabilidade esteja presente.
b) Hipossuficiência – Art. 6, VIII - se manifesta numa perspectiva processual (diz
respeito à experiência de litigar), não se confunde com a vulnerabilidade, que está
atrelada a um aspecto de direito material.
“todo o consumidor é vulnerável, mas nem todo o consumidor é hipossuficiente”
- Inferioridade Técnica ou Jurídica
- Inversão do Ônus da Prova: Requisitos
→a hipossuficiência ou a verossimilhança das alegações são requisitos
alternativos para que o juiz decida pela inversão do ônus probante (inversão
ope judicis), de forma que vai caber ao réu produzir determinada prova
específica.
→ facilitar a defesa dos interesses do consumidor e juízo.
→ O melhor momento para determinar a inversão do ônus probante será no
despacho saneador (que organiza o processo para a instrução).
→ A inversão da prova não garante ao consumidor de forma automática a
inversão do ônus financeiro para produzir tal prova (juízes costumam decidir
pelo rateio).

2) PRINCÍPIO DA HARMONIA DOS INTERESSES E EQUILÍBRIO – Art. 4, III


do CDC
- Igualdade Substancial das Partes (Relação Desigual entre Fornecedor e
Consumidor)
- Exemplos: SAC’s; Convenção Coletiva de Consumo – Art. 107 do CDC.

3) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA


- Art. 51, IV do CDC
- Art. 422 do CC/2002;
- Objetiva (Regras de Conduta) X Subjetiva (Aspecto Psicológico)
- Dever de Conduta / Honestidade / Lealdade
No Direito do Consumidor é incorporada a Boa Fé Objetiva que, a
grosso modo, pode ser definida como regra de conduta. Assim, é dever das
partes agir conforme certos parâmetros de honestidade, lealdade, a fim de que
seja estabelecido um equilíbrio nas relações de consumo.
- Caveat Vendictor X Caveat Emptor
- Deveres Anexos:
a) Informação: Art. 6, III do CDC;
b) Cooperação/Renegociação;
c) Proteção: Saúde e Segurança
- Art. 6º, I, 8º e 9º do CDC
- Recall – Art. 10º do CDC. Caso VW Fox

4) PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
- Art. 5º, XIV/CF; Arts. 4, II e IV e 6, III do CDC.
- Lei 12.291/2010: Exemplar do CDC nos Estabelecimentos Comerciais
- Art. 31 do CDC.
- REsp 586316/MG

5) PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA


- Art. 4, IX e X; Art. 6, XI e XII do CDC;
- ENEF: Dec. 7397/2010. Maiores informações no site institucional:
http://vidaedinheiro.gov.br/

6) PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO


SUPERENDIVIDAMENTO
→ Forma de evitar a exclusão social do consumidor.
- Art. 54-A – Art. 54-G do CDC;
- Da Conciliação no Superendividamento: Processo de Repactuação de Dívidas. Art.
104-A;
- Do Processo por Superendividamento: Plano Judicial Compulsório. Art. 104-B;
- Parcerias dos Órgãos Públicos Integrantes do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor
(SNDC). Art. 104-C;

7) PRINCÍPIO DA AMPLA E EFETIVA REPARAÇÃO DE DANOS


- Tabelamento do Dano Moral (STJ) – Vinculação do Juiz da Causa
- Art. 6, V, VI e VII
A indenização precisa ser ampla, abarcar a inteireza dos danos provocados e,
ao mesmo tempo, ser efetiva, atribuindo algum grau de perspectiva pedagógica.
O tabelamento do dano indenizatório fere o princípio da ampla reparação de
danos, na medida em que existe a necessidade de analisar caso a caso.

8) PRINCÍPIO DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO AO ABUSO DE PODER


ECONÔMICO
- Art. 6, IV
Reprimir o abuso de poder econômico por parte das empresas.
- Práticas Abusivas – rol do Art. 39
Assédio de Consumo - assediar o consumidor à contratação (ligações
ostensivas a consumidor que já demonstrou desinteresse na contratação do serviço ou
produto, preços sexistas, taxas para cancelamento…).
- Cláusulas Abusivas – rol do Art. 51
Cláusulas abusivas nulas de pleno direito.
- Infrações à Ordem Econômica (Cartel)
+eficiente a presença repressiva do Estado diante das condutas anti
competitivas, +autonomia e bem estar ao consumidor

9) PRINCÍPIO DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS


PÚBLICOS
- Art. 4, VII, 6º X.
- Princípio da Eficiência – Art. 37/CF.
Este princípio objetiva fornecer, no mercado de consumo, a prestação de
serviços públicos da melhor forma possível e com o menor custo ao usuário. Quanto
aos essenciais, que sejam oferecidos de forma contínua.

10) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA


- Requisito: Agentes que Colocaram no Mercado de Consumo Determinado
Bem/Serviço
A regra é que a Responsabilidade Civil, no âmbito da relação de consumo,
deve ser apurada de forma objetiva e solidária.
- Art. 7, p.único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
- Art. 18, caput.
- Art. 19, caput.
- Art. 25, §1º e 2º (Concessionária Reparo em Veículo).
- Art. 28, §3º. (Construtoras)
- Art. 34. (Representante Modulados)

RESPONSABILIDADE CIVIL CONSUMERISTA

● CLASSIFICAÇÕES:

HERMAN BATEMAN RISATO NUNES CDC

VÍCIO DE QUALIDADE DEFEITO Arts. 12 e 14


POR INSEGURANÇA

VÍCIO DE QUALIDADE VÍCIO Arts. 18, 19 e 20


POR INADEQUAÇÃO

→ Pergunta chave:
Houve abalo à integridade física ou psíquica do consumidor?
Se não, estamos diante de um vício. Agora, se abala a saúde e a segurança do
consumidor, se trata de um defeito.

● Teoria do Risco Integral


Não admite exceção, de forma que a responsabilização sempre seria do fornecedor

● Teoria do Risco da Atividade


Abarcada pelo Código de Defesa do Consumidor, admite exceções: Excludentes de
Responsabilidade.

1. DEFEITO DE PRODUTOS (ART. 12, 13)


- Conceito: Art. 12. §1º, I, II e III

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro,


e o importador respondem, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele


legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Ex. Um fusquinha dos anos 1970 não possui 2 airbags, porque na época em que foi
colocado em circulação não era uma exigência

- Produtos Inseguros / Perigosos – Periculosidade Inerente/Adquirida/Exagerada


(Vedado art. 10)
O produto pode ser considerado defeituoso quando sua periculosidade inerente
não for devidamente informada ao consumidor.
- Inovação Técnica / Tecnológica – Art. 12. §2º
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado.
O Direito de Inovação não se confunde com a Obsolescência Programada,
que é quando o fornecedor deliberadamente fabrica um produto visando reduzir sua
expectativa de vida útil, fazendo com que o consumidor o descarte mais rapidamente.
Assim, a Obsolescência Programada pode ser considerada uma prática
abusiva.
- Excludentes de Responsabilidade – Art. 12, §3º*

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:

a) Não colocação do produto no mercado;


Em caso de, por exemplo, o produto for pirateado, falsificado.
b) Embora colocado no mercado, inexiste defeito no produto
Casos de “mau uso” do consumidor.
c) Culpa exclusiva do consumidor ou terceiro.
O terceiro está fora da cadeia de fornecimento de produto ou serviço.
Por exemplo, a bateria do celular parou de funcionar, então o
consumidor leva a uma assistência técnica não autorizada para instalar
uma bateria não original por ser mais barata.
d) Caso Fortuito (Interno e Externo) – Sérgio Cavalhieri Filho
Caso Fortuito Interno não afasta a responsabilidade, mas o Caso
Fortuito Externo, se for provado, afasta.

- Responsabilidade do Comerciante – Art. 13


a) Solidária (Rizatto Nunes) VÍCIO X Subsidiária (Herman Benjamin) –
Majoritária (Somente em DEFEITO)
b) Hipóteses: Art. 13, I, II e III

Art. 13. O comerciante é igualmente (subsidiariamente ou


solidariamente) responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem


ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante,


produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

- Direito de Regresso do Comerciante – Art. 13, p. único.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado


poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis,
segundo sua participação na causação do evento danoso.

2. DEFEITO DE SERVIÇOS (ART. 14)


- Conceito: Art. 14. §1º, I, II e III
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

- Inovação Técnica/Tecnológica – Art. 14. §2º


§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas
técnicas.
- Excludentes de Responsabilidade – Art. 14, §3º
a) Prestado o serviço, o defeito inexiste;
b) Culpa exclusiva do consumidor ou terceiro.
c) Caso Fortuito (Interno e Externo) – Sérgio Cavalhieri Filho
- Responsabilidade dos Profissionais Liberais – Art. 14, §4º
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa.
a) Regra: Responsabilidade Subjetiva
b) Exceção: Responsabilidade Objetiva – Obrigação de Resultado
c) Fundamentos: Natureza Intuitu personae da atividade / Atividade de Meio /
Serviço Diferenciado em relação ao disponível no mercado massificado.

RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR POR VÍCIO DE


PRODUTOS/SERVIÇOS (ART. 18 –25/CDC)

1. VÍCIO DE PRODUTOS (ART. 18)


- Conceito: Art. 18, caput
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.
OBS: Variações decorrentes de sua natureza sem que isso importe em vício
(esperadas do produto) – Limão muito amargo no supermercado.
- Escolhas do Consumidor: Art. 18, parágrafo 1º - Escolha livre.
- Prazo: 30 dias corridos (Podendo ser suspenso até a finalização/saneamento do
vício).

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,


sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

- Possibilidade de Redução/Ampliação – Mínimo de 7, máximo de 180 dias +


manifestação expressa em separado do consumidor em contratos de adesão).
As partes poderão convencionar o prazo em cláusula específica no contrato de
adesão.

- Instrumentos Processuais do CDC: Art. 84 (ação de obrigação de fazer), caput e


parágrafo 3º, 4º e 5º.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a
tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais
como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de
obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força
policial.

- Uso Imediato das Prerrogativas do Art. 18, parágrafo, 3º.


§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1°
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição
das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características
do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

- Substituição por bem de maior ou menor valor. Art. 18, parágrafo, 4º.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1°
deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver
substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante
complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II e III (restituição e abatimento
proporcional) do § 1° deste artigo.

- Produtos In Natura – Art. 18, parágrafo 5º.


§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável
perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando
identificado claramente seu produtor.

- Produtos Impróprios para o Consumo. Art. 18, parágrafo 6º.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos (caso


concreto irá responder se é vício ou defeito);

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,


falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde,
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao


fim a que se destinam.

→ Um vício pode se tornar um defeito a depender do caso concreto e de como as


coisas são gerenciadas pelo fornecedor. Tratamento discriminatório, desrespeitoso,
omisso podem transformar um vício em defeito, na esfera da incolumidade psíquica.

VÍCIO DE QUANTIDADE NOS PRODUTOS

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de


quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente
e à sua escolha.

OBS: Respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, em face das possíveis


alterações de peso como produtos congelados. Variações que decorrem da própria
natureza do produto, como o Botijão de Gás e o Gelo, não podem ser consideradas
vício de quantidade.

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou


modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,


sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem


ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os
padrões oficiais.

2. VÍCIO DE QUALIDADE POR INADEQUAÇÃO – SERVIÇO (ART. 20)


- Conceito: Art. 20, caput.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade
que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

- Escolhas do Consumidor: Art. 20, I, II e III.

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,


sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

- Reexecução dos Serviços por Terceiros: Art. 20, parágrafo 1º.


§1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros
devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.

- Serviços Impróprios: Art. 20, parágrafo 2º.


§2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os
fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não
atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
- Reparação de Produtos e Emprego de Peças Originais: Art. 21.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a
reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do
fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados
e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante,
salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

- Serviços Públicos: Art. 22.


Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.

DISPOSIÇÕES GERAIS: Art. 23, 24 e 25 do CDC.

RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA DIANTE DA FALHA NA ATUAÇÃO DO


PROFISSIONAL LIBERAL
EMENTA
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR ERRO MÉDICO E POR
DEFEITO NO SERVIÇO. SÚMULA 7 DO STJ. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 334 E 335 DO
CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NAO DEMONSTRADO.
REDIMENSIONAMENTO DO VALOR FIXADO PARA PENSÃO.SÚMULA 7 DO STJ.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DA
CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA DECISÃO QUE FIXOU O VALOR DA
INDENIZAÇÃO.
1. A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-
consumidor pode ser assim sintetizada:

(i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento


de recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à
supervisão do paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato
próprio) exsurge somente em decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do
CDC);
(ii) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com
o hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de
qualquer responsabilidade (art. 14, 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano;
(iii) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde
vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e
o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é
responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela
vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de natureza absoluta (arts.
932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente,
determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC).

A GARANTIA LEGAL E CONTRATUAL NO CDC.


A DECADÊNCIA E A PRESCRIÇÃO NA ORDEM CONSUMERISTA

O REGIME DA GARANTIA NO CDC


1) GARANTIA LEGAL
a) Fundamento: Art. 26 do CDC
b) Características: Obrigatória/ Independe de Termo Expresso / Vedada Exoneração do
Fornecedor
- É Obrigatória porque para qualquer produto ou serviço ofertado no mercado, de forma
que as partes não podem derrogá-la como quiserem;
- Independe de Termo Expresso, uma vez que já consta na legislação;
- É vedada a sua exoneração do fornecedor, pois o CDC é norma de Ordem Pública e
Interesse Social.

2) GARANTIA CONTRATUAL
a) Fundamento: Art. 50 do CDC, é a garantia ofertada como condição contratual pelo próprio
fornecedor.
b) Características: Não Obrigatória / Depende de Termo Expresso / Complementar à Garantia
Legal
Obs: Complementaridade? Sérgio Cavalieri Filho, Rizzato Nunes e Bruno Miragem
entendem que sim, no sentido de que tais prazos devem ser somados.

A DECADÊNCIA NO CDC (perda da pretensão de se exigir da outra parte determinado


comportamento)
a) Fundamento: Art. 26, I e II
b) Características: Vícios Aparentes / Fácil Constatação
c) Prazos:
- Produtos e Serviços Não Duráveis (perecíveis, em regra se esgotam no primeiro ato
de consumo): 30 dias
- Produtos e Serviços Duráveis: 90 dias
d) Vício Oculto: Art. 26, §3º (Ler o RESP 1.123.004/DF)
Tratando-se de vício oculto, o prazo é iniciado a partir do momento em que é identificado o
DEFEITO.
e) Causas Obstativas da Decadência: Art. 26, §2º (Segundo a Doutrina majoritária é causa de
suspensão do prazo decadencial).

A PRESCRIÇÃO NO CDC (perda da possibilidade de reclamar judicialmente)


a) Fundamento: Art. 27
b) Características: Defeito, Fato ou Vício de Qualidade por Insegurança
c) Prazo: 5 anos
RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. VÍCIO OCULTO. PRODUTO
DURÁVEL.RECLAMAÇÃO. TERMO INICIAL.
1. Na origem, a ora recorrente ajuizou ação anulatória em face do PROCON/DF - Instituto de
Defesa do Consumidor do Distrito Federal, com o fim de anular a penalidade administrativa
imposta em razão de reclamação formulada por consumidor por vício de produto durável.
2. O tribunal de origem reformou a sentença, reconheceu a decadência do direito de o
consumidor reclamar pelo vício e concluiu que a aplicação de multa por parte do
PROCON/DF se mostrou indevida.
3. De fato, conforme premissa de fato fixada pela corte de origem, o vício do produto era
oculto. Nesse sentido, o dies a quo do prazo decadencial de que trata o art. 26, § 3º, do
Código de Defesa do Consumidor é a data em ficar evidenciado o aludido vício, ainda que
haja uma garantia contratual, sem abandonar, contudo, o critério da vida útil do bem durável,
a fim de que o fornecedor não fique responsável por solucionar o vício eternamente. A
propósito, esta Corte já apontou nesse sentido.
4. Recurso especial conhecido e provido.
(STJ - REsp: 1123004 DF 2009/0026188-1, Relator: Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 01/12/2011, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/12/2011)

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CDC


- Conceito: Ficção jurídica na qual se ignora temporariamente os efeitos da aquisição da
personalidade jurídica, tendo em vista em busca do patrimônio pessoal dos sócios.
- Teoria Maior (Subjetiva) e Teoria Menor (Objetiva) da Desconsideração
1. Teoria Maior (Desvio de Finalidade ou Confusão Patrimonial)
2. Teoria Menor (Mera Prova da Insolvência)
- Art. 50 do CC/02: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou
do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica.
- Art. 34 da Lei Antitruste: A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem
econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso
de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Parágrafo único. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.
- Art. 28 do CDC: O juiz poderá (deverá – Rizzato Nunes – Lei de Ordem Pública e Interesse
Social) desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração
§2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
§4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores.

O CONTROLE DAS PRÁTICAS COMERCIAIS NO CDC

A OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


→ Art. 30 do CDC: Oferta. Segundo Herman Benjamin a oferta é sinônimo de marketing,
significando todos os métodos, técnicas e instrumentos que aproximam o consumidor dos
produtos e serviços colocados à sua disposição no mercado pelos fornecedores.
→ Princípio da Vinculação à Oferta: Art. 30, caput.
- Obrigatoriedade X Revogabilidade
A regra é que o cumprimento da oferta é obrigatório, enquanto que a exceção
é quando o erro for grosseiro e apareça de forma eventual (periódica). Quando a
oferta fugir, de forma muito evidente, daquilo que é posto em prática no mercado.
Com base no Princípio da Boa-Fé (STJ), para não estimular este tipo de
conduta, se o erro grosseiro não for eventual, o fornecedor não estaria vinculado
à oferta.
- Dolus Bunus (Atração do Público Consumidor por meio desse artifício) = Prática
Abusiva.
- STJ – Impossibilidade de Alegação de Erro.

→ Características da Oferta no CDC. Art. 31 e parágrafo único.


- Informação Correta = Verdadeira
- Informação Clara = Entendida de Imediato e com Facilidade
- Informação Precisa = Exata = Ligada ao Produto ou ao Serviço
- Informação Ostensiva = De Fácil Percepção
- Informação deve ser propagada em Língua Portuguesa
- Informação Indelével = Não se Apaga
- Informação Legível = Visível e Indelével

→ Consequências da Violação ao Dever de Informar:


- Art. 46 – Ineficácia Contratual
Ausência de vínculo obrigacional entre as partes quando fornecedor viola o
dever de informação
- Art. 51, IV – Nulidade Contratual, incompatível com a boa-fé.
Um dos deveres anexos da boa-fé objetiva é o dever da informação.

→ Oferta de Peças de Reposição (Art 32 do CDC).


Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de
componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou
importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta
deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei

- Critério: Vida Útil do Bem.


STJ atribuiu a vida útil do bem como critério para determinar o “período
razoável de tempo”

→ Recusa no Cumprimento da Oferta. Art. 35, incisos I, II e III.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento


à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,


apresentação ou publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia


eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.

- Instrumentos Processuais Hábeis: Art. 84, caput, §3º, 4º e 5º → Ação de Obrigação de


Fazer ou Não Fazer.

A PUBLICIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


A publicidade é um instrumento de exteriorização da oferta e tem como objetivo
promover, alavancar ou ainda, aumentar a visibilidade do comerciante/fornecedor a respeito
de determinado produto ou a respeito de determinada prestação de serviço.

→ Publicidade X Propaganda : Sinônimos ou Divergentes?


- Herman Benjamin: Aduz que a publicidade tem sempre uma finalidade comercial,
enquanto a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, filosófico, político,
econômico ou social.
- Rizzato Nunes: Aduz que são expressões sinônimas e se destinam a uma mesma
finalidade: exteriorizar a oferta.
- CDC e STJ: não fazem diferenciação.

→ Controle da Publicidade no Brasil: Sistema Misto


Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário) e Setor Privado (Autorregulamentação
Publicitária - CONAR)
→ Instrumentos da Publicidade:
- Teaser: Anúncio do Anúncio. Art. 9, §2º do CBAP.
- Puffing: Exagero Publicitário. “Chocolate mais gostoso do mundo”;
- Tapete Voador.
- Chamariz: Descontos ou formas específicas de atrair clientela.
- Comparativo: Realizada com produtos ou serviços de concorrentes, porém deverá
observar limites. Art. 32 do CBAP.
- Spam: Mensagem comercial não desejada, porém enviada ao consumidor
eletronicamente. (Por si só, o spam não é capaz de ocasionar a caracterização de dano
moral segundo o STJ).

→ Art. 36, caput e parágrafo único do CDC


Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus
produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos
legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão
sustentação à mensagem.

→ Espécies de Publicidade: Art. 37, §1º, 2º e 3º do CDC.


- Publicidade Enganosa: Enganosa qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer
outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
- Publicidade Enganosa por Omissão: Para os efeitos deste código, a publicidade é
enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou
serviço.
- Publicidade Abusiva: É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de
qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

→ Ônus da Prova na Publicidade (Ope Legis): Art. 38 do CDC.


Verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência do consumidor autorizam a
inversão do ônus da prova. O juiz avaliará a possibilidade se estiverem satisfeitos pelo menos
1 destes requisitos legais (Ope Judicis)
Diante da alegação de publicidade enganosa ou abusiva, o ônus da prova da
veracidade cabe a quem as patrocina, ou seja, do próprio anunciante (Ope Legis).

→ Dever de Contrapropaganda: Art. 60 do CDC.


Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o
fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva,
nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do
infrator.
§1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma
forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo,
local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da
publicidade enganosa ou abusiva.

O ORÇAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


→ Mecanismo de externalização da oferta (princípio da informação) voltado ao fornecedor
de serviços.
- O orçamento é sempre obrigatório
- O orçamento deve ser realizado de forma prévia à execução do serviço. Portanto, se
materializa no momento pré-contratual.
→ Fundamento: Art. 40 do CDC
→ Características:
a) Obrigatoriedade (Art. 40, §2º).
b) Discriminação do Valor da Mão-de-Obra, Materiais e Equipamentos
c) Condições de Pagamento
d) Data de Execução do Serviço (Início e Fim)
→ Validade: 10 dias, salvo estipulação em contrário, contado do recebimento pelo
consumidor.
→ Responsabilidade do Consumidor por Acréscimos ou Ônus: Art. 40, §3º. Pode haver
acréscimo decorrente da continuidade do serviço por terceiro?
Sim, desde que presente a informação no orçamento prévio. Se não estiver previsto, o
consumidor não deve ser responsabilizado por este encargo.

→ Tabelamento de Preços: Art. 41. (Em desuso)

DA COBRANÇA DE DÍVIDAS NO CDC


→ Fundamento: Art. 42 e 71 do CDC
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será
exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça.

- Exposição ao ridículo: quando o fornecedor externaliza a terceiros a situação de


inadimplência
- A cobrança de dívidas, obrigatoriamente, deve ser feita na pessoa do consumidor, ou
seja, é personalíssima.

→ Vedações:
a) Exposição ao Ridículo
b) Qualquer tipo de Ameaça ou Constrangimento (Conceito mais amplo que no C.
Penal).
→ Exercício Regular do Direito X Comportamento Abusivo/Ilícito.
a) Ligações para a o trabalho do consumidor (Vedada a indicação de
cobrança/inadimplência)
b) Alarme em Loja de Departamento (Dependerá da forma em que o consumidor será
abordado)
c) Ligações em momentos de Lazer do Consumidor (fins de semana)

→ Repetição do Indébito: Art. 42, parágrafo único.


- Responsabilização do fornecedor quando realiza cobrança indevida (em dobro)
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida
tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável.

- Cobrança Indevida + Dolo (Má-fé) ou Culpa? Divergência doutrinária e no STJ.


STJ exige a necessidade do dolo do fornecedor para que haja a repetição do
indébito.

→ Art. 42-A: Informações Obrigatórias nos Documentos de Cobrança: Nome, Endereço e


CPF ou CNPJ.

→ Fundamento: Art. 43 do CDC


- Características: Cadastros, Fichas, Registros, Banco de Dados. (Art. 43 §1º do CDC).

→ Direito de Correção da Inexatidão de Dados (Art. 43, §3º do CDC)


a) Prazo: 5 dias úteis
b) Ônus da Baixa do Registro: Credor

→ A Natureza dos Bancos de Dados e Cadastro de Inadimplentes (Art. 43, §4º)


- Entidades de Caráter Público: Possibilita a impetração de Habeas Data com
fundamento no art. 5, inciso LXXII da CF.

→ Prazo Máximo de Negativação (Prescrição): Art. 43, §1º do CDC.


a) Prazo: 5 anos
b) Súmula 323. Exemplo do Cheque 6 meses.

→ Comunicação Prévia ao Consumidor: Art. 43, §2º do CDC.


a) Responsável pela informação: Súmula 359 do STJ. Credor / Mantenedor do Cadastro.
b) Aviso de Recebimento (AR) dos Correios: Súmula 404 do STJ. Dispensa do AR.
c) Ausência de Comunicação do Consumidor X Danos Morais – Dano In Re Ipsa. STJ.
d) Devedor Contumaz: Não há direito, pois não há surpresa do consumidor. Súmula 385
do STJ.
- Cadastro Positivo (Lei 12.414/11): Finalidades
Art. 7o As informações disponibilizadas nos bancos de
dados somente poderão ser utilizadas para:
I - realização de análise de risco de crédito do cadastrado; ou
II - subsidiar a concessão ou extensão de crédito e a realização
de venda a prazo ou outras transações comerciais e
empresariais que impliquem risco financeiro ao consulente.
Parágrafo único. Cabe ao gestor manter sistemas seguros, por
telefone ou por meio eletrônico, de consulta para informar aos
consulentes as informações de adimplemento do cadastrado.

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