Barroso 2021
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Conselho Editorial
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Faculdade Sagrada Família Faculdade Sagrada Família
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Faculdade Santana Instituto Federal de Santa Catarina
Inclui biografia
Inclui índice
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DOI 10.47573/aya.88580.2.42
CDD: 370.7
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Bruna Cristina Bonini - CRB 9/1347
01
História e legislação da educação
especial no Brasil................................. 15
Laísa Ortiz
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.1
02
Questões do “outro” e a educação
comparada............................................ 22
Bárbara Macedo
Adolfo Ramos Lamar
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.2
03
É preciso desconstruir ........................ 28
Bárbara Macedo
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.3
04
Reflexão sobre a competência digital com
estudantes de ensino fundamental ....... 38
Edgar Gomes Viana Filho
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.4
05
A personalidade transformada pelo
Espírito Santo ...................................... 47
Guilherme Afonso Pereira Palacios
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.5
06
Ensino Médio: mudanças e perspectivas
futuras frente à Lei 13.415/ 2017........ 61
Acleverson José dos Santos
Carine Ferreira Lopes
Mariana Machado dos Santos Pereira
Emerson Gomes De Oliveira
Lívia Santana Barbosa
Heliamar Vieira Bino
Thays Peres Brandão
Juliana Sobreira da Cruz
Lídia Fernandes Felix
Júnia Eustáquio Marins
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.6
07
A educação ambiental e a degradação do
bioma amazônico: concepções e práticas
docentes na educação básica do município
de Vera - MT......................................... 71
Marisa Regina Kohler
Aumeri Carlos Bampi
Solange Kimie Ikeda Castrillon
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.7
08
Uma cota de oportunidades................... 94
Vinícius Reis de Figueirêdo
Roselin Angelita Dantas Reis
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.8
09
Estratégias didáticas inovadoras no
ensino-aprendizagem através das TIC’S na
educação de jovens e adultos (EJA).... 105
Rodrigo Andrade Dias
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.9
10
Xeque-mate: aprendizagens a partir
do jogo de xadrez sob a perspectiva
digital.................................................. 116
Bárbara Macedo
Angela Maria da Paz Molinari
Daniela De Souza Oliveira
Antonio José Müller
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.10
11
Mídias tecnológicas: educação, conceito e
história............................................... 125
Marcela Gomes Soares Guedes
Rosiclér Gomes Soares
Perla Alves
Cristiane Vieira de Souza
Rosa Almeida da Silva
Marli Santos Souza
Patrícia Costa Munhoz
Eliane Regina Arenas
Solange da Silva Ribeiro Izepe
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.11
12
Inclusão x exclusão: a problemática do
uso dos conceitos............................... 132
Ivanildo Sachinski
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.12
13
A docência no ensino secundário em
Dourados - MT, de 1951 a 1961, na
vigência da Reforma Capanema........... 141
Pâmilla Nataly Miguelão Hellmann
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.13
14
Reflexões sobre pesquisas na área da
história da educação: perspectiva da
nova história cultural ........................ 151
Pâmilla Nataly Miguelão Hellmann
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.14
15
Mitos e verdades sobre a pediculose
para os alunos do sexto ano na Escola
Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque,
Amapá, Brasil..................................... 160
Laís Débora Ferreira Barroso
Jandinaia Araujo Pinheiro Marciel
Emerson Monteiro dos Santos
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.15
16
Contribuição do estágio supervisionado
em ciências biológicas no processo de
ensino-aprendizagem em duas escolas
públicas no município de Oiapoque...... 177
Jadison Monteiro dos Santos
Joakelis de Oliveira
Jandinaia Araujo Pinheiro Marciel
Emerson Monteiro dos Santos
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.16
17
A importância de práticas lúdicas para a
educação especial.............................. 195
Ana Paula da Silva Queiroz
Thays Peres Brandão
Elaine Gomes do Amaral
Bruna Domingos Peres
Cáritas Nogueira Rosa
Mariana Machado dos Santos Pereira
Júlio Cézar Caixeta
Carina Vaz da Costa
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.17
18
Estilos de aprendizagem e sua aplicação
no atendimento psicopedagógico......... 203
Roselin Angelita Dantas Reis
Vinícius Reis de Figueirêdo
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.18
19
Desafios do ensino e aprendizagem de
história no período pandêmico............ 212
Roberto da Silva Renner
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.19
20
Crianças com Síndrome do X Frágil e as
práticas relacionais inclusivas........... 224
Sherida Nayara Alves da Silva
Silvia Leticia Martins de Abreu
Synara Maria Lobo da Silva
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.20
21
O contexto e a formação do texto....... 235
Victor Augusto de Lima Truccolo
Anna Carolyna Melo Ferrer Costa
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.21
22
Matemática: um ensaio filosófico-
especulativo....................................... 243
Sandoval Amui
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.22
23
A inclusão de alunos na rede regular de
ensino................................................. 260
Fernanda dos Santos Silva
Diane Alves Costa de Lima
Maria Cristiane Alves Costa
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.23
24
A importância da leitura em diversas
etapas de ensino................................. 262
Elisângela Vicente Pereira
Mariana Neves Pereira de Souza
Marta Pereira Rodrigues
Maria Aparecida Moreira
Luiza de Matos Veron
Maria Joceli de Aquino Coelho
Perla Alves
Rosana Costa de Souza Rolim
Claudineia Alves dos Santos Amorim
Daniela Gomes da Silva
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.24
25
Do analógico ao virtu@l: notas teórico-
práticas sobre tecnologias digitais na
escola da vida e na educação escolar no
contexto do “novo normal”................. 268
Marcos Pereira dos Santos
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.25
26
Análise da abordagem do conteúdo de
equações do 2° grau no livro didático
de matemática do 9º ano do ensino
fundamental adotado nas escolas
municipais de Belo Jardim – PE........... 281
Silvana Maria da Silva
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.26
Organizador........................................ 291
Índice Remissivo................................. 292
Apresentação
Nobres leitores e leitoras; nobres leitoras e leitores:
Não! Trata-se, outrossim, de ênfase, destaque, enaltecimento, no que tange a estes dois
vocábulos indicativos de desinência de gênero. Afinal de contas, é com satisfação e contenta-
mento duplicados que apresento a obra científica intitulada Métodos e práticas pedagógicas:
estudos, reflexões e perspectivas, volume II, da qual estou fazendo parte nas condições de
organizador e autor de um dos vinte e seis (26) primorosos capítulos textuais que a engendram.
Graças a tudo isto, o que outrora parecia ser apenas um sonho, agora se transforma em
realidade. Engajamento grupal! Compartilhamento de ideias e ideais! Vitória coletiva! Diz respei-
to, pois, a uma conquista de todas as pessoas envolvidas neste importante projeto editorial cien-
tífico: diretor editorial (editor-chefe), diretora executiva de negócios, conselheiros(as) editoriais,
diagramador(a), bibliotecária, organizador, autores(as) e coautores(as).
Neste sentido, os vinte e seis capítulos textuais contidos nesta obra científica estão, de
forma não hierárquica, elencados segundo a sequência temática assim estruturada:
De forma subsequente, os outros cinco capítulos tratam de: Ensino médio: mudanças
e perspectivas futuras frente à lei 13.415/2017 (Capítulo 06); A educação ambiental e a degra-
dação do bioma amazônico: concepções e práticas docentes na educação básica do município
de Vera – MT (Capítulo 07); Uma cota de oportunidades (Capítulo 08); Estratégias didáticas ino-
vadoras no ensino-aprendizagem através das TIC’s na alfabetização de jovens e adultos (EJA)
(Capítulo 09); e Xeque-mate: aprendizagens a partir do jogo de xadrez sob a perspectiva digital
(Capítulo 10).
A posteriori, outros cinco capítulos endossam a coletânea científica, os quais estão as-
sim intitulados: Contribuição do estágio supervisionado em ciências biológicas no processo de
ensino-aprendizagem em duas escolas públicas no município de Oiapoque (Capítulo 16); A im-
portância de práticas lúdicas para a educação especial (Capítulo 17); Estilos de aprendizagem e
sua aplicação no atendimento psicopedagógico (Capítulo 18); Desafios do ensino e aprendiza-
gem de história no período pandêmico (Capítulo 19); e Crianças com Síndrome do X-Frágil e as
práticas relacionais inclusivas (Capítulo 20).
Com base nestas breves palavras preliminares, almejo sinceramente que cada capítulo
textual autoral/coautoral possa, de maneira direta ou indireta, contribuir para a ampliação do
arcabouço teórico-prático e democratização de conhecimentos acadêmico-científicos existentes
no campo educacional em suas diversas áreas e subáreas.
Sem mais delongas, aproveito o ensejo para expressar e registrar minha eterna gratidão
a cada autor(a) e coautor(a) pela grande adesão à proposta editorial e altíssima qualidade epis-
temológico-científica dos capítulos textuais publicados nesta bela coletânea.
Organizador
01
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.1
Abstract
In search of a historical-social approach to special education in Brazil, going from the distant past
to the present day, and presenting the development of this modality of teaching, visions and inter-
pretations. It is also a matter of considering the legal part that protects people with special needs,
both in the educational field and from the perspective of social inclusion, respect for differences
and what the documents that manage our education system offer us. Thus, in order to indicate a
quality education for all, an ideological reconstruction that provides and presents solutions in this
educational process that revises concepts and patterns with the scope of reorganization of the
Brazilian education system is extremely necessary.
Dessa forma, a presente pesquisa justifica-se pelo fato de discutir a inclusão de alunos
com deficiência, a função da gestão escolar, o papel do professor nesse processo de inclusão.
Pois sabemos que a realidade desse processo inclusivo ainda é bem diferente do que se pro-
põe na legislação vigente no País e requer ainda muitas discussões acerca do assunto, frente
aos desafios da igualdade de direito a uma educação de qualidade para todos os alunos com
deficiência. O objetivo desse trabalho é auxiliar os envolvidos com a educação a refletir sobre os
pontos positivos e negativos da inclusão. Definir a educação e os processos de ensino e apren-
dizagem no contexto atual do ensino superior analisando criticamente o mesmo e suas funções?
Não há como negar que os sistemas educacionais têm de muda para poder responder as neces-
sidades. As atividades de educação inclusiva não serão os mesmos para uma educação comum,
esse aprendizado e eficiente possibilita a maior poder de comunicação, integração, indepen-
dência, qualidade de vida e inclusão. O presente trabalho está organizado em seis momentos
distintos. No primeiro, temos a introdução do nosso trabalho, contendo, introdução, justificativa e
a importância, questões de pesquisa, objetivo geral e objetivo específico, relevância da pesqui-
sa. No segundo, contém levantamento bibliográfico com a fundamentação teórica. No terceiro, a
metodologia, por fim, apresentamos as considerações finais, e as referências.
Muitos termos foram usados para identificar pessoas com deficiência e atravessaram
décadas buscando assumir um sentido de 3 inovação na busca pela superação de preconceitos.
Nos Estados Unidos, até aproximadamente 1800, a grande maioria dos alunos com deficiência
não eram considerados dignos de educação formal, embora esses fossem percebidos como
irmãos participantes da comunidade. Para a maioria dos alunos pobres dos Estados Unidos de-
ficientes ou não, a primeira dificuldade era simplesmente ter acesso à educação.
CAPÍTULO 01 17
instituições. Alguns líderes, da educação especial da época fizeram notáveis esforços para pro-
mover a ideia de que todas as crianças, incluindo as deficientes, deveriam ter direito ao ensino
(STAINBACK, 1999, p. 37). Um dos representantes desse movimento foi Benjamim Rush, médi-
co do final da década de 1700, que foi um dos primeiros norte-americanos a introduzir o conceito
da educação de pessoas com deficiência.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liber-
dade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
Além disso, a Constituição Federal garante em seu Artigo 205 que a educação é direito
de todos e dever do Estado e da família. Em seguida, no Artigo 206, estabelece a igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola. O Atendimento Educacional Especializado,
CAPÍTULO 01 18
oferecido preferencialmente na rede regular de ensino, também é garantido na Constituição Fe-
deral (Artigo 208, Inciso III).
Já Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) foi aprovada em Jomitien, Tai-
lândia, em 1990. Essa declaração tem como objetivo garantir o atendimento as necessidades
básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos.
É importante destacar que a LDBEN garante, em seu Artigo 59, que os sistemas de en-
sino assegurarão aos alunos com necessidades especiais:
- Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir
em menor tempo o programa escolar para os superdotados.
Muitas vezes não sabemos nos comportar quando nos deparamos com alguém com
alguma deficiência. Talvez a falta de formação adequada nos coloque em algumas situações
desconfortáveis no nosso dia a dia e o nosso trabalho tem como objetivo mostrar o desenvolvi-
mento do professor dentro da sala de aula para alunos com deficiências. Trazendo para nossa
realidade a questão da inclusão dentro da escola levantando quais são as nossas expectativas
como professor e quais são as expectativas dos alunos com deficiência e da comunidade como
CAPÍTULO 01 19
expectadores do trabalho desenvolvido.
A escola juntamente com o professor, precisam repensar nas suas estratégias de ensino
para não ficar preso ao espaço delimitado da sala de aula, faz se necessário repensar nas práti-
cas pedagógicas até mesmo numa nova gestão de classe, porque ainda é muito forte a ideia de
controle, principalmente quando se fala em delimitação de espaço.
A partir da segunda metade do século XX, começa a viver – não sem contradições e
conflitos – um momento de maior consolidação de algumas demandas dos movimentos sociais
e da sua luta pelo direito à diferença.
Na última década houve vários avanços nas políticas de inclusão. Propostas de educa-
ção inclusiva começam a acontecer nas redes de educação e nas escolas.
A Educação Inclusiva tem por objetivo entender as diferenças, mantendo-as ativas, en-
corajando o seu aparecimento e expressão, enfim tornando-as presentes e utilizáveis para o pro-
cesso educativo de todos os alunos. Incluir uma criança na escola regular significa proporcionar
a todos os alunos o aprendizado de conviver com a diversidade, sem anulá-la. Embora todos
sabemos que a inclusão como imaginamos e idealizamos não é a mesma que vemos na prática.
Incluir não é simplesmente levar uma criança com deficiência a frequentar o ensino re-
gular. A inclusão é uma conquista diária para a escola, para a criança e para seus pais. Todo dia
é um dia novo na inclusão (FACION, 2008, p. 203).
Adotar uma filosofia inclusiva consiste em entender para si e para os outros os direitos
CAPÍTULO 01 20
democráticos e igualitários da inclusão.
A inclusão não tem um fim, pois ela representa, em sua essência, mais um processo do
que um destino. A inclusão representa, de fato, uma mudança conceitual e nos valores culturais
para as escolas e para a sociedade como um todo.
E que a escola seja realmente um lugar onde não são observadas diferenças, tais como,
cor, credo, raça, potencialidades, limites, etc., é preciso que realmente a escola seja um local de
aprendizagem da cidadania.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.
D.O.U. de dezembro de 1996. Florianópolis: Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina,
1996.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna.
CAPÍTULO 01 21
02
Questões do “outro” e a
educação comparada
Bárbara Macedo
Mestranda em Educação pela Universidade Regional de Blumenau.
Adolfo Ramos Lamar
Doutor em Educação e Professor/Pesquisador da Universidade Regional de Blumenau.
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.2
A Educação Comparada por muito tempo não deu ênfase na questão do outro e suas
problemáticas, neutralizando situações e tornando os processos de comparação homogêneos.
Corroborando com a temática, pode-se citar Gomes (2015, p. 244) quando coloca que “A edu-
cação comparada implica basicamente abrir portas e janelas da sua casa (oikos) para conhecer
outras”.
O presente trabalho faz parte do andamento de uma dissertação de mestrado que tem
como lócus a Educação Comparada de maneira não homogeneizante, voltada a questões do ou-
tro e da diversidade, que reconheça a pluralidade e a inclusão, e, portanto, subsidie Políticas que
possuam tais metas. O mesmo encontra-se vinculado ao grupo de pesquisa Filosofia e Educa-
ção (EDUCOGITANS), do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Fundação Universida-
de Regional de Blumenau (FURB) e ao Observatório Iberoamericano de Estudos Comparativos
em Educação (OIECE).
O objetivo da pesquisa visa discutir como alguns autores abordam os diferentes eixos da
diversidade dentro da Educação Comparada, demandando assim, ferramentas tanto conceituais
como metodológicas que permitam uma leitura para além da mera comparação dos contextos e
sujeitos, pautando-se que a Educação Comparada deve levar em conta a diversidade cultural.
DESENVOLVIMENTO
Um dos primeiros autores que pode-se citar, utilizando-se o marco temporal é Brian Hol-
mes (1986), do qual é considerado o autor principal na abordagem de resolução de problemas
dentro da fase da Educação Comparada Complexa. Tal abordagem parte de problemas educa-
tivos específicos que existem nas diversas sociedades procurando encontrar as melhores solu-
ções para as suas possíveis resoluções. Holmes, dava ênfase no contexto no qual o problema
encontrava-se. O mesmo autor, há duas décadas, estabeleceu que o fracasso em analisar um
problema com uma profundidade mínima, é de uma forma, que o mesmo não pode ser continu-
ado diretamente ou replicado por outros pesquisadores, constituindo assim, uma das fraquezas
mais sérias da pesquisa tradicional em Educação Comparada.
CAPÍTULO 02 24
tensão generalizada do modernismo e pós-modernismo.
Rust (1991), foi um dos primeiros autores a iniciar os debates na abordagem pós-mo-
derna. O mesmo afirma que o movimento pós-moderno existe nos campos científico, filosófico,
literário e da arquitetura e das artes desde a década de 1950, mas que essa discussão dificilmen-
te foi refletida ou integrada pela comunidade formada por estudiosos da Educação Comparada.
Houve uma entrada tardia da participação de comparatistas no debate pós-moderno.
Continuando o fio condutor da pesquisa, outros autores podem ser citados, como: Robert
Cowen, Michael Crossley e Keith Watson.
CAPÍTULO 02 25
raça/etnia, gênero e classe.
Seguindo a linha do Global e Local, o autor Wallerstein faz uma crítica aos processos
de globalização com a teoria do sistema mundo, em que a mesma coloca como os diversos
países se desenvolveram de forma dual principalmente os países da América Latina (OLMOS;
TORRES, 2012). Wallerstein explicou a teoria do sistema mundo: “Quanto mais duradouro for o
contato entre o centro e a periferia em uma troca desigual de bens, ou até mesmo em uma rela-
ção colonialista de exploração, maior será a probabilidade de subdesenvolvimento do país ou da
região em questão” (ARNOVE, 2012, p. 135).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 02 26
GARCÍA RUIZ, M. J. Impacto de la globalización y el postmodernismo en la epistemologia de la
educación comparada. Revista Española de Educación Comparada, 20, p. 41-80, 2012.
JACKSON, L. Comparação entre etnias, classes e gêneros. In BRAY, M.; ADAMSON, B.; MASON,
M. (Orgs.). Pesquisa em educação comparada: abordagens e métodos. Tradução de Martin Charles
Nicholl. Brasília: Liber Livro, p. 97-137, 2015.
RUST, V. D. Postmodernism and its comparative education implications. Comparative Education Review,
v. 35, n. 4, p. 610-626, 1991.
SOBE, N.; KOWALCZYK, J. The Problem of Context in Comparative Education Research. In: Journal of
Educational, Cultural and Psychological Studies (ECPS), Milano, n. 6, p. 55-74, 2012.
CAPÍTULO 02 27
03
É preciso desconstruir
It is necessary to deconstruct
Bárbara Macedo
Mestranda em Educação pela Universidade Regional de Blumenau.
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.3
Abstract
Even with claims that there is no more prejudice and gender inequality, we see cases of femici-
de, rape, and domestic violence against women daily. Thus, the objective of the present work is
to analyze such imbalance in our society and in what ways prejudices are experienced. It is a
qualitative research that considers a relationship between the objective world and the subject's
subjectivity; in addition, the study is bibliographic and uses the dialectical method, which provides
a dynamic and totalizing interpretation of the facts analyzed in a social, political, and economic
context. In addition to suffering physical violence, the woman is a constant target of moral judg-
ment concerning her acts and body. Therefore, for an effective female liberation, it is necessary
deconstruct old values and promote respect, equal conditions of positions, and salaries — that it,
equity in all social spheres.
Em uma sociedade que se diz igual, o que seria a igualdade? Seria ela o mesmo que
equidade? Qual a diferença entre esses conceitos?
Inúmeros preconceitos implícitos em uma sociedade podem construir valores nem sem-
pre corretos em cidadãos que se dizem de bem. Um dos principais problemas sociais é a de-
sigualdade de gênero. Há uma falsa libertação da mulher; as amarras foram desatadas, mas
ainda existe muita disparidade dentro e fora de casa. Podemos citar, como exemplo, a enorme
quantidade de tarefas que a mulher executa. A tripla ou até mesmo a quádrupla jornada das
mulheres, como donas de casa, mães e estudantes, as sobrecarregam e, por vezes, tais tare-
fas não são reconhecidas economicamente. É fulcral abordar, também, as diversas formas de
agressão a que são submetidas ao longo da vida.
Muitas perguntas com poucas respostas, este é o cenário em que o feminino se encon-
tra. Mesmo com afirmações de que não há mais preconceito e desigualdade entre gêneros,
assistimos, diariamente, a casos absurdos de feminicídios, estupros (muitos deles coletivos),
espancamento feminino por companheiros etc. Se a tese está correta, a retórica se contradiz, em
números e fatos; observamos de perto a desigualdade, a crueldade e a falta de respeito em que
as mulheres são submetidas.
Sendo assim:
METODOLOGIA
CAPÍTULO 03 30
REFERENCIAL TEÓRICO
“A vida não precisa ser fácil; o que importa é que não seja vazia” (LISA MEITNER apud
MAGGS, 2017, p. 12). Segundo Solnit (2017), a árvore genealógica de uma família constitui-se
somente por parentes do sexo masculino; isto acontece pelo fato de apenas o sexo masculino
ser considerado provedor e a mulher considerada somente uma incubadora dos filhos, realizan-
do um “papel secundário” desta evolução.
Por muito tempo, este foi o cenário encontrado pela mulher: ela era considerada um ser
secundário e o homem, primário — responsável, na maioria dos lares, pelo sustento familiar e
pela principal fonte de renda; a mulher era responsável por uma renda secundária e responsável
pelos afazeres domésticos. Assim, ela tomava conta dos filhos e dos anciões da família, papel
não remunerado e quase escravizado. Considerar o trabalho feminino como secundário talvez
seja um dos fatores para a diferença salarial entre homens e mulheres atualmente; a remune-
ração feminina ainda é inferior, mesmo que as mulheres ocupem cargos importantes, principal-
mente em empresas multinacionais.
A compulsão das mulheres no sentido de tudo curar, tudo consertar, é uma importante
armadilha. Formada pelas exigências a nós impostas pelas nossas próprias culturas, es-
pecialmente as pressões no sentido de que provemos que não estamos por aí sem fazer
nada, ocupando espaço e nos divertindo, mas, sim, que temos um valor resgatável. Em
algumas partes do mundo, pode-se dizer que o exigido é uma prova de que temos o valor
e, portanto, deveria ser permitido que vivêssemos. Essas expressões são inseridas na
nossa psique quando somos muitos jovens e incapazes de ter uma opinião sobre elas ou
oferecer resistência. Elas se tornam a lei para nós, a não ser que, ou até que, as desafia-
mos (ESTES, 1999, p. 211).
A palavra care (cuidado) do inglês, originalmente, tem uma acepção de carga; ou seja,
cuidar é assumir uma carga; assim, quando uma pessoa pretende ou precisa cuidar de outra,
é difícil preocupar-se consigo. Na sociedade contemporânea, o ato de cuidar é dividido em
duas instâncias: pública e privada. Na esfera pública, o cuidado é generalizado e se vincula ao
imaginário masculino (por exemplo, o ato de "cuidar" das mulheres, do "sexo frágil"). No âmbito
privado, fala-se em "cuidar de" e essa ideia vincula-se ao mundo feminino e ao ato de "cuidar"
dos filhos.
CAPÍTULO 03 31
nas de variadas posturas. ” (JAGGAR; BORDO, 1997, p. 8). As nomenclaturas e vertentes do fe-
minismo ao longo dos tempos são inúmeras, mas o objetivo principal é um só: o empoderamento
e a visibilidade da mulher na sociedade. De acordo com Lamb (2014), o feminismo ocidental é
muito diferente do feminismo oriental; no oriente, a luta é para que as mulheres tenham o direito
mínimo de andar nas ruas e frequentar a escola, sem o perigo de serem mortas ou chicoteadas
em praça pública.
Morais (1985), relata em sua obra Olga, sobre a vida de Olga Benário e a invisibilidade
da trajetória pessoal dela, mesmo com toda a sua luta, bravura e determinismo ideológico e
partidário; Olga era simplesmente retratada como mulher de Prestes, algo secundário, sem dar
muita ênfase ao seu envolvimento com a revolução comunista. No entanto, o caso de Olga não
é isolado, na obra Luta, substantivo feminino, Vannuchi (2010) destaca a história de diversas
mulheres que lutaram bravamente durante a ditadura militar e que por muito tempo foram invisi-
bilizadas; poucas foram reconhecidas por suas causas e bravuras.
Indaga-se, então, o seguinte: Qual é a maneira específica pela qual o feminino é repre-
sentado como um objeto na maioria dos casos? (JAGGAR; BORDO, 1997).
Para Solnit (2017), o casamento homossexual é uma instância mais evoluída, pois não
há luta hierárquica entre os sexos; não só por serem do mesmo sexo, mas por atribuírem afaze-
res iguais, sendo uma verdadeira libertação, comparado ao casamento heterossexual. A citação
reflete a divisão sexual no relacionamento, pois o casamento em muitos casos é visto como uma
submissão feminina, com uma jornada dupla, tripla e até quádrupla da mulher — incumbida pelo
bem-estar de todos e a responsabilização pela paz matrimonial. Cisne (2015) descreve em sua
obra Feminismo e consciência de classe no Brasil que o matrimônio apenas legaliza e confirma
a apropriação legal das mulheres por parte dos homens, tornando-a tutelada ao homem, como
se a mesma fosse eternamente infantilizada e dependente.
“O que é uma mulher? É uma matriz? ” (BEAUVOIR, 1970, p. 7). Para Beauvoir, o tor-
nar-se mulher não se relaciona apenas com uma genitália (masculina ou feminina), mas, sim,
com os pré-determinismos sociais em que a maioria das mulheres é exposta. Para a autora, se
não há mais feminilidade hoje, é porque nunca se houve, sendo apenas imposições sociais às
mulheres, através de rótulos pré-estabelecidos. Mulheres cuja exploração é fundamental para
manter o status quo.
Os corpos femininos são considerados dóceis, nas quais as energias estão habituadas
ao controle externo, à sujeição, à transformação e ao aperfeiçoamento (JAGGAR; BORDO,
1997). Temos memorizado corporalmente o conceito de ligação, na qual nos fazem de maneira
mais amorosa, harmoniosa, representando elos familiares e o bem-estar social, enquanto no
homem se distingue a individualização, na qual o mesmo se faz onipresente, poderoso, dono de
si e do mundo, não podendo render-se a ser amável e afetuoso como a mulher. As mulheres,
em quase sua totalidade, estão acostumados a tais disciplinas e têm memória do seu corpo o
sentimento da carência e da insuficiência (JAGGAR; BORDO, 1997).
A maioria das síndromes e histerias são atribuídas às mulheres, sinônimo de sexo frágil;
o sexo feminino carrega consigo o estereótipo de inferior, de histérico, que não controla suas
CAPÍTULO 03 32
emoções e não saber ser racional.
Percebe-se que o raciocínio moral pode abranger não apenas uma abordagem singular
para a resolução de problemas e conflitos, mas um conjunto de métodos que origina princípios e
condutas, justificadas por cada indivíduo e por suas vivências. Para Woolf (1929), o preconceito
contra a mulher é pouco diferenciado das outras formas manifestadas, pois, geralmente, quando
há preconceito, há repulsa. Um exemplo é o preconceito contra afrodescendentes, porém há
revolta por parte destes contra os autores de tais atos. No entanto, em relação às mulheres, não
se pode afirmar que há total revolta contra seus agressores. Claro que já existiram revoltas por
parte do gênero feminino, mas na maioria dos casos elas estavam ligadas a outras lutas sociais
como o preconceito racial, de classe ou a própria revolução industrial.
Como cita Beauvoir (2002), as mulheres não se rebelam totalmente contra seu agressor
devido à construção social imposta, às vezes julgando-a como um ser superior, quase inalcan-
çável e outras como natureza mãe (devastadora), deixando-a a par da adultização, infantilizan-
do-a a tal modo que tenha que ser tutelada por seu pai ou companheiro para o resto de sua vida.
Mulheres são socializadas para cuidar e amar, não havendo independências em seus atos. A
dominação exercida pelo homem é praticamente um princípio simbólico dominante, como exem-
plo, determinando a maneira da mulher falar, o estilo de vida, a maneira de pensar e de agir; a
mulher vira propriedade. Na família o preconceito é simbólico; desde pequeno, o menino brinca
de bola, soltar pipa e videogame com seus amigos, e um mundo de possibilidades ao seu redor;
já a menina, encarrega-se de brincadeiras estereotipadas, relacionadas ao ato de cuidar e de
fazer cuidar-se, como brincar de boneca, cozinhar, varrer e maquiar-se, o que naturaliza tais
CAPÍTULO 03 33
comportamentos estereotipados.
Segundo Beauvoir (2002, p. 15), “A divisão entre os sexos parece estar “na ordem das
coisas”, como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável. ” As
próprias cores são auto determinantes como cita Solnit (2017); o rosa lembra a fragilidade, a in-
fantilidade, o cuidado, afeto e carinho, já o azul lembra energia, aventura, força, enfim liberdade.
Formas de violência
A virilidade, como postula Beauvoir (2002), tem seu aspecto ético. É uma questão de
honra para os homens; mantém-se ligada à habilidade física, através de, por exemplo, potência
sexual. Um bom exemplo de demonstração de virilidade é o estupro, em que o homem se mostra
viril e onipresente e a mulher passiva, frágil e infantil. O sexo masculino, durante um estupro,
desqualifica a mulher, deixando-a sem defesa e submetendo-a à dominação.
O tema do estupro, por exemplo, quase nunca é tratado do ponto de vista da vítima, nem
tão pouco do ponto de vista da angústia de uma mulher obrigada a servir sexualmente ou
do sofrimento de uma mulher aprisionada sexual e emocionalmente por seu próprio senso
interno de desamparo (JAGGAR; BORDO, 1997, p. 90).
O mesmo ocorre com a agressão física, em que o homem se sobrepõe sobre a mulher
como sexo superior, em força e virilidade, com o intuito de demonstrar a fraqueza física femini-
na. “A mulher tem sido associada com a natureza, aquela que deve ser subjugada, dominada,
lavrada ou foi utilizada por meio do poder físico, da tecnologia ou da potência sexual masculina. ”
(JAGGAR; BORDO, 1997, p. 88). Além das agressões físicas a que são acometidas, também há
agressões verbais e psicológicas, em que são reprimidas, ameaçadas, subestimadas; ademais,
elas têm o seu potencial reduzido e a autoestima diminuída, pois: “quando uma vida é excessi-
vamente controlada, cada vez há menos vida a controlar”. (ESTES, 1999, p. 115). Galke, (1988
apud JAGGAR; BORDO, 1997) descreve que: “Este é o nosso corpo: sábio, poderoso, perigoso,
apaixonado, divino. Através da atuação enquanto corpo e não por sua anulação, a mulher é ca-
paz de experiências transcendentes”.
CAPÍTULO 03 34
A dupla, tripla ou até quádrupla jornada da mulher perante a sociedade e as
correntes feministas
A mulher, atualmente, tem tantos afazeres que não consegue lidar com todas as circuns-
tâncias do seu dia a dia, pois entende-se como elo de ligação, conforme anteriormente descrito.
Assim, a mulher está em constante estado de alerta e níveis de estresse elevados. Na maioria
dos lares, a responsabilidade dos filhos acaba sendo sua, mesmo quando ambos (marido e mu-
lher) trabalham; ela se obrigada a cuidar do (s) filho (s), ter uma renda fixa, pois na contempora-
neidade a mulher é vista como usurpadora caso não possua sua própria renda, não que trabalhar
fora de casa seja um fator negativo para a mulher, mas o trabalho interno (da casa) ainda é sua
responsabilidade.
Além dos itens supracitados, o sexo feminino ainda enfrenta a ditadura da beleza, em
que padrões sociais são determinados; por vezes, diversas síndromes são desenvolvidas por
tais cobranças, como, por exemplo: anorexia, bulimia e síndrome do pânico (JAGGAR; BORDO,
1997).
A emancipação da mulher não pode ser vista como algo negativo; a classe lutou muito
para ser reconhecida e conseguir sua independência em diversos âmbitos; contudo, a indepen-
dência veio com uma carga muito grande. Como já citado, a dupla, tripla ou até mesmo a quá-
drupla jornada (casa, filhos, estudo e trabalho) traz diversos transtornos, as quais sempre foram
tratadas como histeria. Tal doença era relacionada somente às mulheres, por ser considerada
uma alteração nervosa referente ao sexo frágil, à falta de racionalidade e à aproximação da ani-
malidade em que as mulheres se encontram (JAGGAR; BORDO, 1997).
Tal animalidade é citada desde os tempos de Aristóteles, em que julgava a mulher como
um ser totalmente passional, sem poder de decisão, chegando a ficar mais perto dos animais do
que da própria humanidade; ademais, São Tomás de Aquino e Nietzsche trataram o sexo femini-
no como desprovido da razão, formadas somente pelos impulsos e pela emoção. Segundo Jag-
gar e Bordo (1997), o feminismo tenta entender e explicar o porquê as mulheres são representa-
das mais próximos da natureza do que o homem. A primeira “onda feminista” que tenta explicar
tal fato foi o Feminismo Liberal, em que houve a tentativa de liberação da dominação da nature-
za sobre a mulher, sustentando que ninguém é naturalmente destinada a exercer domínio sobre
outra pessoa nem homens e nem mulheres. Este conjunto era formado por mulheres de classe
média e brancas, mais preocupadas com a extensão do poder e privilégios masculinos sobre a
sua própria classe do que com o restante das mulheres. Elas se consideram ambientalistas ao
invés de ecologistas, significando que os ambientalistas têm uma visão mais antropocêntrica da
natureza, visando que a mesma unicamente existe para servir aos propósitos da humanidade.
Como descreve: As feministas radicais acreditam que a subordinação das mulheres na so-
ciedade está na raiz da opressão humana intimamente ligada a associação das mulheres
com a natureza daí surge a palavra radical, elas localizam a opressão das mulheres na
própria diferença biológica e consideram que o patriarcado, ou seja, a dominância siste-
mática dos homens na sociedade, precede e fornece os fundamentos para outras formas
de opressão e exploração humana (JAGGAR; BORDO, 1997, p. 133).
CAPÍTULO 03 35
essa ligação natureza x mulher; a outra vertente são as feministas radicais racionalistas, que
adotam a posição de repudiar esta ligação, sendo que a liberdade está em se libertar do reino
primordial das mulheres e da natureza que consideram seu um aprisionamento. Beauvoir, em
seu livro O segundo sexo, também reitera essa posição de feministas radicais, na qual a mulher
é subjugada e fica mais próxima da natureza por ser de fácil dominação, enquanto o homem é
possuidor da virilidade e detentor do poder. Já o feminismo cultural, origina-se do feminismo ra-
dical, enfatizando as diferenças ao invés das similaridades entre homens e mulheres e celebram
a experiência de vida do gueto feminino que vem como fonte de liberdade e libertação feminina,
ao invés da subordinação. As feministas culturais afirmam, segundo Virginia Woolf, que não
desejam ingressar no mundo masculino com sua procissão de profissões (JAGGAR; BORDO,
1997). O feminismo socialista é um tipo de feminismo considerado híbrido, uma tentativa de
síntese do feminismo racionalista radical liberal e do materialismo histórico da tradição marxista.
Tanto o Marxismo quanto o feminismo racionalista são a favor da dominação da natureza. Sendo
que a teoria feminista socialista acredita que exista um corpo reprodutor socialmente construído
em um discurso público, e ambos visam a liberdade reprodutiva.
Uma das correntes mais atuais é o Ecofeminismo, que procura desenvolver um pensa-
mento autenticamente ético, em que o intuito é reconciliar a humanidade com a natureza. O Eco-
feminismo é um feminismo ecológico e social. Assim, a mulher corporificada como agente histó-
rico e social e não como produto da lei natural é o objeto do Ecofeminismo (JAGGAR; BORDO,
1997). No Ecofeminismo, a mulher é parte da natureza, mas não significa que ela seja entre si
intrinsecamente boa ou má, livre ou não livre, não tendo nenhuma ordem natural representando
a sua liberdade, pois, como ser humano essa liberdade deve ser criada. É o momento em que
nós mulheres nos reconhecemos como agentes da história e até mesmo, agentes singulares, e
sabiamente construímos pontes para ligar os clássicos do dualismo entre o espírito e matéria,
arte e política (JAGGAR; BORDO, 1997, p. 148).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das constatações bibliográficas expostas, constata-se que existe a falsa liberta-
ção da mulher pela sociedade e que ela está implicada em uma dupla, tripla ou até mesmo quá-
drupla jornada, como dona de casa, mãe, estudante; tais jornadas ainda não são reconhecidas
economicamente e com condições igualitárias de trabalho.
CAPÍTULO 03 36
REFERÊNCIAS
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. 4. ed. São Paulo: Paris, 1970. BOURDIEU, Pierre. A Dominação
Masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2002.
ESTES, C. P. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Arcos do tempo, 1999.
JAGGAR, A. M.; BORDO, S. R. Gênero, Corpo, Conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos,
1997.
LAMB, C. Eu sou Malala. São Paulo: Companhia especial das letras, 2014.
MERLINO, T.; OJEDA, I. (Orgs.) Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino. São Paulo:
Caros Amigos; Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretaria
Especial de Políticas para Mulheres, 2010.
SOLNIT, R. Os homens explicam tudo para mim. São Paulo: Saraiva, 2017.
CAPÍTULO 03 37
04
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.4
Abstract
The present study is part of a research for a professional master's degree in Education that pre-
sents a reflection on the pedagogical possibilities with the use of media-education in Physical
Education at school. The main objective of this article is to show data from the diagnosis of stu-
dents' digital competence and its analysis. A questionnaire was used with students in which the
use of digital competence was investigated and soon after the analysis of these indicators, when
observing the results obtained through the questionnaire, it was found that students have access
to media and technological resources, and that they use them with great often and point to the
smartphone as the main device used to connect to the internet.
A partir da rápida evolução e da expansão da mídia e das tecnologias nas últimas dé-
cadas, é cada vez mais difícil prescindir do uso desses aparatos nas mais variadas esferas da
vida social. Sobre esse fenômeno, Pretto (2011), ressalta que as descobertas e os avanços no
campo tecnológico e comunicacional alteraram a percepção e forma de agir dos seres humanos
e consequentemente, a cultura contemporânea, gerando uma cultura digital. Para o autor, o sur-
gimento de novas tecnologias e sua assimilação acontecem de forma muito acelerada, sendo
que “uma única geração é capaz de ver nascer e desaparecer uma dessas tecnologias, especial-
mente as digitais de informação e comunicação” (PRETTO, 2011, p. 98).
Hoje em dia, é possível perceber que o uso de recursos tecnológicos e midiáticos está
presente em praticamente tudo o que realizamos. Trabalhar, estudar, comunicar, produzir, distri-
buir, comprar e buscar informação são tarefas rotineiras, que se vincularam ao uso dos recursos
da mídia e das tecnologias, a constatação da onipresença da mídia e das tecnologias em todos
os âmbitos da vida humana, inclusive na escola.
Nesse contexto esse recorte da pesquisa traz dados do diagnóstico da competência digi-
tal dos estudantes e sua análise. Os participantes do estudo são os estudantes matriculados na
turma do 9º ano do Ensino Fundamental, da E.M.E.F. Pres. João Goulart no Município de Arroio
Grande –RS, composta por 14 alunos, sendo quatro meninos e dez meninas, dados do ano leti-
vo de 2020. Esse artigo se fixou em verificar a competência digital dos estudantes participantes,
fator esse importante para o desenvolvimento do trabalho, quanto o uso sociais que os estudan-
tes fazem das mídias e tecnologias em seu dia a dia. Para isso, utilizou-se um questionário que
será correlacionados com produtos das ações, para fins de uma análise reflexiva e avaliativa da
pesquisa.
CAPÍTULO 04 40
São exemplos disso como a cultura digital vem alterando as formas de divertimento das popula-
ções por meio da oferta de uma grande variedade de jogos eletrônicos/digitais e o crescimento
das transmissões midiáticas de eventos esportivos em todo o mundo, gerando e fortalecendo o
que Betti (2001) identificou como esporte telespetáculo.
Essa relação vem se mostrando propícia e tem colaborado para que a Educação Física
na escola possa se sobrepor aos desafios da contemporaneidade, “sem abrir mão do seu com-
promisso de intervenção social e pedagógica, situando-se em dia com a cultura do seu tempo”
(PIRES, LAZZAROTTI FILHO e LISBÔA, 2012, p. 74). No entanto, ainda são poucas as inter-
venções na Educação Física escolar envolvendo a mídia e as tecnologias (SANTOS et al, 2014).
CAPÍTULO 04 41
Figura 2 - Se sim, qual suporte midiático indicado abaixo é utilizado por você?
Figura 3 - Com que frequência você utiliza os recursos midiáticos (celular, smartphone,
computador, televisão, tablet, internet, jogos eletrônicos)?
CAPÍTULO 04 42
Figura 5 - Que atividades realiza na internet?
Figura 7 - Quando assiste televisão ou navega na internet, você está sozinho ou na companhia
de outras pessoas?
CAPÍTULO 04 43
Figura 8 - Você costuma assistir programas ou notícias relacionadas aos conteúdos da
Educação na mídia e na internet?
CAPÍTULO 04 44
Figura 13 - Se sim, em qual disciplina?
Quanto ao uso da internet, 85% dos estudantes utilizam para ver séries e filmes e 45%
utilizam para as atividades escolares e o uso das redes sociais. Em relação a carga horaria diária
dedicada ao consumo de conteúdos na internet, 60% dos alunos ficam mais de 5 horas diárias
na rede e 70% estão sozinhos quando navegam.
Ao perguntar sobre o trato pedagógico das tecnologias e da mídia por parte dos profes-
sores, 75% afirmaram que sim, que os docentes abordam assuntos relacionados a mídia. 70%
dos estudantes respondentes disseram que já participaram de atividades escolares envolvendo
a mídia e as tecnologias em disciplinas como, por exemplo, Matemática, Português, Ciências e
Educação Física.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise desses indicadores, percebeu-se que os alunos estão utilizando o uso
das tecnologias e tem apresso por essas ferramentas, relacionando para as atividades escola-
res, na qual é direcionado esse estudo, notou-se que a utilização da competência digital volta-
da para as atividades da escola ficou como a segunda opção juntamente com o uso das redes
sócias perdendo apenas para series e filmes, deixando um adento para professores explorar
essa área da mídia educação para introduzir seus conteúdos e atividades, pois o estudo mostra
afirmação dos estudantes pelo o uso das competências digitais.
Fazendo uma análise do estudo voltando para a disciplina de Educação Física, que en-
volve uma gama muito ampla a ser trabalhado na escola, fica evidente que a utilização das mí-
dias e tecnologias, pode ser mais uma ferramenta de trabalho, claro que devidamente aplicada
CAPÍTULO 04 45
com um suporte e plano pedagógico, diversificando as aulas motivando os alunos a realizarem
atividades que despertem interesse em participar, sendo importante também para seu desenvol-
vimento e formação escolar.
REFERÊNCIAS
BETTI, Mauro. Mídias: Aliadas ou Inimigas da Educação Física Escolar? Motriz, n. 2, p. 125-129, jul/
dez, 2001
BÉVORT, Evelyne; BELLONI, Maria Luiza. Mídia-educação: conceitos, história e perspectivas. Revista
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www.cedes.unicamp.br/publicacoes/edicao/81. Acesso em: 17 de novembro de 2020.
FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. (Orgs.). Cultura Digital e Escola: pesquisa e formação de
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MENDES, Diego de Sousa; PIRES, Giovani de Lorenzi. Desvendando a janela de vidro: relato de uma
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Curitiba, v. 30, n. 3, p. 79-94, maio 2009.
PIRES, Giovani de Lorenzi; LAZZAROTTI FILHO, Ary; LISBÔA, Mariana Mendonça. Educação Física,
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PRETTO, Nelson de Luca. O desafio de educar na era digital: educações. Revista Portuguesa de
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RIVOLTELLA, Pier Cesare. Falta cultura digital na sala de aula. [Entrevista concedia a Débora Didonê].
Nova Escola, ed. 200, mar. 2007. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/908/pier-cesare-
rivoltella-falta-cultura-digital-na-sala-de-aula. Acesso em: 13 de janeiro de 2021.
SANTOS, Silvan Menezes dos. et al. Estudo da produção científica sobre educação física e mídia/tics
em periódicos nacionais (2006-2012). In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v.
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download/2122/1080. Acesso em fevereiro de 2021.
CAPÍTULO 04 46
05
A personalidade transformada
pelo Espírito Santo
Guilherme Afonso Pereira Palacios
Curso Superior de Especialização Lato Sensu em Teologia do Grupo Educacional IBRA
Especialista em Teologia
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.5
Há uma indagação sobre quem poderá compreender a dinâmica das relações humanas
que pertencem a um plano transcendente ao mundo concreto para podermos ter outra perspecti-
va, a qual poderá ser inquietante sobre a personalidade e ação do Espírito Santo. Compreender
quais são os processos humanos da formação da personalidade e seus traços característicos
que podemos identificar como fio condutor da formação subjetiva do indivíduo como sujeito em
sociedade.
A metodologia utilizada neste artigo visa analisar qual a lógica que será capaz de com-
preender tanto de forma científica, filosófica ou teológica e que não se perca em um pensamento
doutrinário, dogmático ou racional. Ou ainda que seja aceitável como fundamento para que pos-
samos identificar quais os traços da personalidade que são impactantes na pessoa e suficientes
para a compreensão do Espírito Santo. E, finalmente, respondermos se o Espírito Santo é uma
pessoa.
Enfim, ter uma determinada personalidade implica ter condutas e formas de pensar pró-
prias para interagir com o outro e desenvolver atividades para a sua inserção na sociedade. Ao
atuar e agir conforme uma ideologia dominante, o sujeito pertence a uma cultura para se enqua-
drar como parte da sociedade. E, encontrar um sentido de vida em uma concepção de mundo
construída por processos psicológicos de formação de sua individuação. Um processo dialético
de aproximação do Espírito Santo como promotor de aprendizagem por acrescentar ao indivíduo
a religação com a centelha divina que nos motiva as transformações da subjetividade e da per-
sonalidade, na superação dos desafios da vida para se religar como parte corroborativa da obra
CAPÍTULO 05 50
de Deus.
DESENVOLVIMENTO
Leontiev (1978) afirma que as riquezas culturais herdadas historicamente precisam ser
apropriadas pelos indivíduos para que as gerações seguintes continuem a desenvolvê-las, num
processo de humanização do próprio homem diante da complexificação das relações objetais de
sua atividade reprodutora ou atividade criadora de transformação da concepção de mundo por
uma dada sociedade contida histórico-culturalmente. Pela apropriação e objetivação das aquisi-
ções culturais que o indivíduo torna-se humano e se insere na sociedade ao interagir em grupos
sociais.
CAPÍTULO 05 51
ampliam as potencialidades cognitivas para a formação de um pensamento em conceitos. Tam-
bém, a aprendizagem ocorre quando prestamos atenção nas explicações, ao realizar uma ativi-
dade manual, uma avaliação, na preparação de um seminário, nos debates, e em outras práticas
que envolvam relação de estudo como atividade.
Assim, não tem sentido, de acordo com este referencial teórico, compreender os proces-
sos de aprendizagem como uma linearidade sequencial de conteúdos, fragmentada em partes
do conhecimento para que depois de um tempo de exercício essas partes de habilidades adqui-
ridas sejam juntadas e coladas para compor um processo de ensino que requer uma sequencia
didática fragmentada em seus conteúdos e habilidades que se quer ou espera alcançar. Na apro-
priação e na objetivação dos significados os conceitos são adquiridos e acontece a produção de
conhecimentos científicos integrais ou complexos, filosóficos ou artísticos expressos como uma
produção cultural desde que o aluno participe da realização deste processo como parte dele e
não como um espectador que assiste o professor em sala de aula.
Mas o pensamento no cotidiano opera de modo caótico e a ordem pode não seguir uma
linha sequencial para a sua formação – a ordem nessa dinâmica de natureza do pensamento
depende da formação e do desenvolvimento psicológico singular de cada indivíduo, o impor-
tante é termos a concepção de que os processos de aprendizagem não seguem a linearidade
dos pré-requisitos de forma fragmentária, o desenvolvimento da capacidade intelectual acontece
integralmente para compor um pensamento teórico e prático capaz de responder cientifica e or-
ganizadamente na práxis científica. Quando acontecem os pontos de viragem, de uma atividade
educativa de imitação ou reprodução à transformação para uma atividade de produção, e pela
plasticidade do cérebro, ocorrem as neoformações das suas próprias funções superiores, origi-
nando outras configurações das funções psicológicas superiores. (DAVIDOV, 1988; LEONTIEV,
1978; VYGOTSKI, 2012a, 2012b, 2013).
CAPÍTULO 05 52
passar por muitas situações ou fenômenos durante a sua vida. Experimenta sensações do mun-
do exterior de tal maneira que o seu mundo interior estabelece a subjetivação empírica para
prevalecer mecanicamente como uma relação de objetivação do fenômeno. Na experimentação
psicológica, há um excitante que estimula o sistema de reflexos condicionados, seguindo o prin-
cípio estímulo-resposta, a ação se constitui para formar o conhecimento empírico ao estabelecer
relações de causas (genéticas) e efeitos de um determinado fenômeno, condiciona um padrão
automatizado e cristalizado em um processo de reação psicológica.
Portanto, o Espírito Santo é a comunhão por ser a unidade entre o homem e Deus,
uma unidade comunicante e reunificante em um mistério desvelado para aqueles que aceitam
a comunhão e a sua aliança com Deus “como mistério de plenitude de Amor transbordante; no
homem, como apelo de transcendência e como êxtase para o Espírito do Amor e da Verdade.”
(FARIAS, 2019, p.503)
CAPÍTULO 05 53
Sobre o método do materialismo dialético
No método do materialismo dialético, o concreto já foi estabelecido como tese, pela sua
transformação em outra tese ou teses distintas da inicial, o que indica uma chave para a supera-
ção ao compreender os procedimentos metodológicos de pesquisa. “Em todo procedimento me-
todológico deve haver sempre um elemento de contradição, de superação interna [...]” (Vygotski,
2012a, p. 309, tradução nossa).
A superação ao marxismo
A matéria é o ponto de partida para a compreensão de nossa existência como ser huma-
no histórico, cultural e social. Kornilov (1931) alerta que não podemos confundir o materialismo
histórico-dialético com as concepções da metafísica que é chamada de materialismo metafísico
do século XVIII. Na concepção do materialismo metafísico, a matéria é algo pronto e acabado,
absoluto por ser um reflexo da perfeição, imutável por sempre existir desta forma por uma deter-
minação sobrenatural, em posição de equilíbrio e imutável.
CAPÍTULO 05 54
isso, a matéria não pode ser algo pronto, acabado, nem pode ser reduzida a uma particularidade
matemática que a determina como modelo quantitativo, ou seja, determinada de forma empírica
quantitativa. “Na verdade, a matéria tem diferentes formatos e formas que são conhecidos ape-
nas em movimento, porque o movimento é a principal forma de existência.” (PAVLOV; SCHNIER-
MANN; KORNILOV, 1963, p. 85, tradução nossa).
Simplificando, os fatos da vida criam uma conduta do homem em relação ao seu gasto
energético, e a sua atividade mental atua como uma atividade reguladora que reflete no organis-
mo o balanço energético do sistema fisiológico e sistema nervoso central para o surgimento das
funções psicológicas em atividade. “Este argumento também antecipa o principal ponto de vista
da chamada ‘teoria da atividade’ (p.ex., Leontiev, 1975), que se tornou um lema na psicologia
soviética muito mais tarde”. (VAN DER VEER; VALSINER, 1998, p. 131).
CAPÍTULO 05 55
com os objetos como parte da vida humana para as transformações de determinada sociedade.
Entretanto, para a aquisição desta bagagem cultural e superar o que chamamos de homem da
caverna, o processo depende da inserção do homem na sociedade por meio dos estudos e de
sua formação intelectual apropriada na academia ou no trabalho. Não ocorre de maneira imedia-
ta ou espontânea o desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
Além disso, a ação do Espírito não está atrelada as fronteiras do templo e suas reuniões
e nem aos limites geográficos. A ação do Espírito é para todos os povos, nações, tribos
e línguas e é na integralidade do ser humano, em todas as suas esferas, que a presença
do Espírito quer atuar. Vidas repletas de necessidades, com suas trevas, ruínas e cisões
e que pelo agir do Espírito são levadas à uma vida harmoniosa em comunidade. (SOUZA;
PEREIRA, 2018, p.188)
Assim, a cultura assume uma dimensão que engloba vários campos dos saberes e co-
nhecimentos para se tornar uma totalidade complexa de valores, costumes e crenças próprias
de determinados povos em seu tempo histórico. A cada tempo essa cultura assume um conjunto
próprio de interpretação e de modos de se viver no mundo em uma relação amigável ou de po-
der com outras culturas diferentes. No caso do Brasil a nossa cultura é um complexo cultural por
termos uma história de formação cultural que envolveu diversas culturas para a constituição da
formação do povo brasileiro, entre as matrizes culturais as principais são as de origem indígenas,
africanas e europeias.
CAPÍTULO 05 56
corpo e espírito deixa de existir, em nosso íntimo descobrimos caminhos que nos levam a um
processo de espiritualização que transcende a condição material humana de pertencimento a
um grupo social humano, em comunhão espiritual passamos a agregar outros valores que são
suficientes para transformar a personalidade e superar o que éramos no passado e termos outra
roupagem por assumirmos um compromisso com a ação do Espírito Santo em nossas vidas.
Ao receber o paráclito, “o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois
não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.”
(BÍBLIA, João, 16,13).
Por consequência, o Espirito Santo assumiu um papel de pessoa, ao estar de nosso lado
como paraclito, a nossa relação de proximidade estabelece vínculos espirituais e interpessoais
aos quais as características e os traços humanos sobressaem na nossa interpretação e compre-
ensão sobre o Espirito Santo como pessoa. Na verdade o Espirito Santo esta em outra dimen-
são, na dimensão espiritual em uma realidade supra-humana que não percebemos com precisão
as suas qualidades e que podemos qualificar como divinas em relação as qualidades humanas.
Na concepção da doutrina crista o Espirito Santo assume o papel de pessoa na Trindade, interli-
ga o Pai (Deus) ao filho pela Trindade em um só corpo espiritual, também, pela ação do Espirito
Santo há a realização da obra divina no mundo humano por ser a manifestação espiritual como
fator de movimento para a concretude da onipotência, onisciência e onipresença de Deus.
METODOLOGIA
Ainda pelo próprio método do materialismo dialético, buscamos respostas para nossas
indagações centrais e objetivas sobre o conceito de personalidade e suas relações com a cultura
CAPÍTULO 05 57
na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural.
Assim, concluímos que a revisão bibliográfica teve como objetivo o de apontar os apor-
tes conceituais para subsidiar a compreensão do conceito de personalidade, na perspectiva da
Teoria Histórico-Cultural, fundamentais para a produção das sínteses teóricas a partir de parte
da obra de Vigotski como contraponto para a compreensão do Espirito Santo. Consultamos ou-
tras fontes de artigos sobre o Espírito Santo, denominados de pneumatologia ou paracletologia,
entretanto encontramos artigos de cunho dogmáticos ou doutrinários de determinadas religiões
cristãs, pentecostais ou carismáticas, que propagam os seus pontos de vista para compreender
o Espírito Santo. Nossas vivências e experiências teológicas conduziram a pesquisa bibliográfica
para a produção desta síntese teórica sobre a compreensão da formação da personalidade no
mundo concreto para o mundo espiritual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mas pensar sobre cultura é pensar em múltiplas manifestações espirituais que surgem
ao longo da história humana, subjetivas ao agregar valores e modos de viver para formar parte
de uma superestrutura social. Suas raízes estão presas a ideologias dominantes de cada mo-
mento histórico, da tomada de poder por determinados grupos, da articulação política para man-
ter a ordem e o bem-estar social. Assim, a cultura é consequência de regras e normas para uma
conduta social, e está de acordo com as conquistas que cada grupo conseguiu desenvolver na
CAPÍTULO 05 58
sociedade por meio do poder econômico, político e religioso.
REFERÊNCIAS
DUARTE, N. A Escola de Vigotski e a educação escolar: algumas hipóteses para uma leitura
pedagógica da Psicologia Histórico-Cultural. Psicologia USP, Brasil, v. 7, n. 1-2, p. 17-50, jan. 1996.
FARIAS, J. J. F. DE. Pneumatologia e antropologia. Didaskalia, v. 25, n. 1-2, p. 469-503, 11 out. 2019.
KORNILOV, K. N. Psychology in the Light of Dialectic Materialism. In: MURCHINSON, Carl (Ed.).
Psychologies of 1930. 2. ed. Worcester, Massachusetts: Clark University Press, 1931. p. 243-278.
CAPÍTULO 05 59
Editorial Paidós, 1963.
VALSINER, J.; VAN DER VEER, R. Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola, 1998.
______. Obras escogidas. Problemas del desarrollo de la psique. Madrid: Machado Libros,
2012a. (v. 2, tomo III)
______. Obras escogidas. Paidología del adolescente. Problemas de la psicología infantil. Ma-
drid: Machado Libros, 2012b. (v. 2, tomo IV)
CAPÍTULO 05 60
06
Ensino Médio: mudanças e
perspectivas futuras frente à Lei
13.415/ 2017
High School: changes and future
perspectives in view of Law 13.415/
2017
Acleverson José dos Santos
Faculdade do Trabalho - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/6812151246885278
Carine Ferreira Lopes
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/7559649922521325
Mariana Machado dos Santos Pereira
Proadi/ SUS - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/2555822000588949
Emerson Gomes De Oliveira
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
https://lattes.cnpq.br/7936908631599298
Lívia Santana Barbosa
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
https://lattes.cnpq.br/7918252506805132
Heliamar Vieira Bino
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia – MG
http://lattes.cnpq.br/2093761335770221
Thays Peres Brandão
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/0857704143417847
Juliana Sobreira da Cruz
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/7727046250554466
Lídia Fernandes Felix
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/2746733841557325
Júnia Eustáquio Marins
Universidade Federal de Uberlândia - Uberlândia - MG
http://lattes.cnpq.br/1066196918695360
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.6
Palavras-chave: ensino médio. Lei 13.415. educação básica. teoria histórico crítica.
Abstract
The student's evolution includes ethical training, the development of intellectual autonomy and
understanding of scientific and technological principles that are part of today's society. High Scho-
ol is a unique way to expand these opportunities. It currently comprises 13 compulsory subjects.
With the aim of making this step more attractive, changes were implemented through Law No.
13.415/2017, which are being gradually inserted. Considering that adolescents are part of an
important range for the future and that their education is essential, this study aimed to describe
the main changes with the new high school and outline future perspectives. This is a narrative
literature review that used laws, ordinances, decrees and articles published in the last ten years in
the databases of Portal da Capes and Google Academic. As a result, a historical contextualization
was carried out, approaching the main changes of the new high school and the future perspecti-
ves, in which the categories emerged – Fundamentals for the new high school; Counterpoints to
the justifications for the change in secondary education; From rhetoric to reality. It is concluded
that the reform represents a setback for Brazilian education, since the model of diversified trai-
ning itineraries segments, differentiates and hierarchizes knowledge, because young students
are limited to the possibilities offered by educational networks, especially state networks. Thus,
prospectively, we will have young people with low access to graduation and a high rate of techni-
cal labor but with low qualifications.
Keywords: high school. Law 13.415. basic education. critical historical theory.
INTRODUÇÃO
A educação é inegavelmente uma das formas mais eficientes de constituirmos uma so-
ciedade mais justa, na qual o cidadão se torna mais crítico e tem mais oportunidades de me-
lhorar sua qualidade de vida. A evolução do aluno abarca a formação ética, a desenvolução da
autonomia intelectual e entendimento dos princípios científicos e tecnológicos que são parte da
sociedade atual, isso posto, associando a teoria com a prática.
O Ensino Médio se mostra como uma forma ímpar de ampliar essas oportunidades, pois
é nessa etapa que ocorre o acolhimento da geração que em pouco tempo irá formar o mercado
de trabalho. Ele deve ser considerado um ambiente aforado, no qual as oportunidades tendem a
se equilibrar para estudantes de diferentes classes sociais (MELO; SILVA, 2017).
Assim, esse ciclo antes denominado de segundo grau, é a última etapa da educação
básica, e sua finalidade é o estreitamento das disciplinas aplicadas no ensino fundamental, bem
como a direção para a próxima etapa, que em teoria é a escolha do caminho profissional a ser
seguido (FERREIRA; RAMOS; RAMOS, 2020).
Dessa forma, o ensino médio que ainda vigora na maioria das escolas é composto por 13
matérias fixas: língua portuguesa, matemática, biologia, física, química, filosofia, inglês, geogra-
fia, história, sociologia, educação física, educação artística e literatura, oferecidas em 25 horas
de aula semanais, somando 2.400 horas nos três anos (BRASIL, 2018).
Porém, com o cunho de tornar o currículo mais flexível, e, na ânsia de torná-lo mais
atrativo aos alunos e melhor atender seus interesses, visando reduzir os índices de abandono e
de reprovação, bem como na expectativa de aumentar a qualidade do ensino ofertado no país,
foram implementadas alterações através da Lei nº13.415/2017, que estão sendo inseridas gra-
dativamente. E, a meta é que a partir de 2022 todas as escolas de ensino médio já tenham se
adequado (BRASIL, 2017; FURTADO, 2020).
Esta lei trouxe uma alteração no formato do ensino médio, na qual foram instituídas
implementações como ampliação da carga horária das aulas de 800 para 1.000 horas anuais
totalizando 3.000 horas de aulas, das quais 1.200 serão destinadas aos chamados itinerários for-
mativos: “que é uma formação, à parte da obrigatória, em que o estudante pode escolher a área
de conhecimento ou formação técnica para aprofundar os estudos a partir de suas preferências
e intenções de carreira.” (BRASIL, 2017, s.p). As escolas deverão ofertar pelo menos uma opção
de itinerário, que deverão ser disponibilizados por meio conciliações curriculares com foco em:
linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tec-
nologias; ciências humanas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional (BRASIL, 2017).
Posto isso, considerando que os adolescentes fazem parte de uma gama importante
para o futuro, sua formação é fundamental. Sabendo disso, este estudo objetiva descrever as
principais mudanças com o novo ensino médio e traçar perspectivas futuras.
CAPÍTULO 06 63
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura. Para isso, realizou-se uma busca bi-
bliográfica com atualizações sobre a temática, utilizando métodos mais livre (CORDEIRO et al.,
2007).
Para seu desenvolvimento foram utilizados leis, portarias, decretos e artigos publicados
nos últimos dez anos que abordassem o ensino médio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ensino médio vem recebendo, no decorrer dos anos, vários questionamentos e críti-
cas no que tange aos seus objetivos, assim como sucessos e insucessos de sua existência. Em
virtude disso, passou por várias reformas, na qual, a mais recente sugeriu uma vasta mudança,
que prevê alterações desde os padrões organizacionais, às questões de composição curricular
e suas finalidades (FERREIRA, 2018).
No entanto, o momento histórico em que se deu esse fato, foi no mínimo contestável.
Foi em 2016, quando ocorreu o impeachment da presidenta Dilma Roussef e, com a entrada do
seu sucessor, um presidente com baixa legitimidade social, que mesmo ocupando o cargo em
caráter de urgência, propôs uma medida provisória, que em seguida foi aprovada na Lei 13.415
de 2017, fazendo valer várias propostas feitas anteriormente, e incluindo novas, muito pouco
debatidas (BRASIL, 2018; LOTTA, 2021).
Por isso, com intuito de chegar a uma conclusão sobre as beneficies dessa Lei, esse
tópico irá discorrer sobre os fundamentos levantados pelo governo para justificar tais mudanças.
Desta forma, um dos pontos que foram questionados é o fato de no modelo atual, o cur-
rículo ser extenso, superficial e fragmentado. Este fato não condiz com a juventude, tão menos
com o mercado de trabalho e com as demandas do século XXI, que direcionam tudo para o es-
pecífico e especializado (FERREIRA, 2018).
CAPÍTULO 06 64
Reflexo de um modelo prejudicial que não favorece a aprendizagem e induz os estudantes
a não desenvolverem suas habilidades e competências, pois são forçados a cursar, no mí-
nimo, treze disciplinas obrigatórias que não são alinhadas ao mundo do trabalho (BRASIL,
2016, s.p).
Além da falta de objetividade do ensino médio, os jovens não estão com bom desempe-
nho educacional, tomando como referência as metas do Índice de Desenvolvimento da Educa-
ção Básica (IDEB), que desde 2013 não são alcançadas, quando o assunto é ensino médio, se
mantendo numa média de 3,7 (BRASIL, 2020).
Nesses impasses, outro motivo importante que ajudou a impulsionar as mudanças, foi a
evasão escolar. Esta pode ocorrer por vários motivos, mas dentre eles estão, o fato de o curso
não suprir a necessidade dos alunos quanto à pedagogia ou à preferência pessoal. E, as dificul-
dades pedagógicas geradas a partir disso, ocasionam um estudo pouco atrativo e até mesmo
sem significado (SILVEIRA; MARASCHIN, 2018)
Outro ponto abordado são os impactos que a não intervenção no ensino médio, poderá
trazer para o desenvolvimento nacional no futuro, visto que, as condições de escolarização são
decisivas para a inserção dos jovens no mercado de trabalho.
Articulando os pontos e contrapontos do ensino médio, baseando seu acesso, suas de-
ficiências na qualidade verificada por meio dos resultados dos alunos e a consequência dessa
realidade para o desenvolvimento do país pode-se verificar que os argumentos apresentados
justificam a urgência da “reforma do ensino médio” (FERREIRA, 2018).
Dessa forma, baseado nas circunstâncias citadas acima, algumas das principais altera-
ções implementadas foram: majoração da carga horária; diversificações na estrutura curricular;
mudança nas regras para formação de docentes; modificações na oferta de educação pro-
fissional e técnica; subvenções à oferta de educação em tempo integral (LOTTA, 2021).
Inicialmente, é importante citar que se edita uma medida provisória quando a matéria
é relevante e urgente. Paradoxalmente, neste caso, considerando a amplitude da reforma e
ausência de uma discussão democrática com profissionais competentes e envolvidos na área,
fica claro um interesse na não discussão pelo poder público. Segundo Ivo Dantas, a medida
provisória no Brasil se tornou a forma de o Poder Executivo Federal legislar. Atende, na
verdade, à "manifestação da vontade imperial do Poder Executivo” , ou seja, ato meramente
político (DANTAS, 2008, p. 15).
Sabendo que a escola fundamental de nível médio tem a função de identificar o vínculo
entre conhecimento e prática é fundamental exibir como as ciências, a química e a física, apli-
cam-se na produção material e cotidiana (SAVIANI, 2007).
CAPÍTULO 06 65
Ademais, fica evidente que, analisar o histórico dos cidadãos bem como dos profissio-
nais que estão no mercado ativamente, proporciona o aprimoramento das funções psíquicas
superiores para a instrução e formação de conceitos complexos. (MARTINS, 2013)
Ainda na esteira dos contrapontos da reforma, vale salientar que a justificativa de que
os índices educacionais são insatisfatórios, considera-se que as metas são instituídas baseadas
nos resultados dos 20 países que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimen-
to Econômico (OCDE), países esses que contam com um elevado Produto Interno Bruto per ca-
pita e um alto Índice de Desenvolvimento Humano, cujos investimentos no campo da educação
são bem elevados, realidade que destoa completamente no Brasil (BRASIL, 2020). Por isso, o
argumento já se coloca frágil e não contribui efetivamente a proposta, pois não é razoável falar
de metas sem considerar criticamente as condições de sua oferta, principalmente tomar como
referência parâmetros instituídos conforme realidade nos países desenvolvidos (HERNANDES,
2019).
Diante do exposto, fica evidente a forma leviana em que foi tratada a reforma. A qual foi
aprovada e estabelecida por um governo não legitimado e por uma parcela pequena da socie-
dade que não considerou debates e profissionais diretamente envolvidos. Fato esse que deixou
claro que o que está em pauta não é melhorar a qualidade e condições da última etapa da
educação básica, mas sim, uma luta política e disputa por hegemonia (LOTTA, 2021).
Da retórica à realidade
A lei 13.415/2017 foi criada com intuito de ‘atualizar’ o modelo do ensino médio, tornan-
do-o mais prático, eficiente e atrativo diante das mudanças de conceitos e exigências do merca-
do de trabalho e do estilo de vida dos jovens cidadãos (BRASIL, 2017).
Porém, a lei abre uma prerrogativa legal de empobrecimento dos currículos e déficit em
CAPÍTULO 06 66
conhecimentos amplos e gerais. Tendo em vista que a flexibilização sobre quantas e quais áreas
do conhecimento e conteúdos escolares serão oferecidas aos alunos, excetuando-se português,
matemática e inglês, deixam a cargo do Estado oferecer os arranjos que quiser, puder ou preten-
der, de acordo com a conveniência (HERNANDES, 2019).
Neste contexto fica evidente que essa medida trará importantes desigualdades nas es-
colas, e no ingresso ao ensino superior. Isto consequentemente impactará na desigualdade so-
cial, principalmente para alunos que dependam do ensino público, pois escolas com maior poder
aquisitivo, notadamente as particulares, tem o poder e a intenção de ofertar os quatro arranjos
curriculares, enquanto o Estado suprirá essa necessidade apenas quando convier. Consideran-
do que a base curricular para os processos seletivos de universidades não foram alterados fica
claro que somente os alunos com acesso a escolas mais abastadas terão suporte intelectual
para formação em nível superior em faculdades públicas (HERNANDES, 2019).
Ademais, um dos aspectos que pode ser apontado como um dos mais polêmicos prevê
a possibilidade de os jovens cursarem concomitantemente com o ensino médio um curso pro-
fissionalizante, não de maneira complementar, mas sim, dentro da carga horária mínima exigida
para formação básica. Dessa forma, o jovem que tenha necessidade de ter acesso ao mercado
de trabalho mais rapidamente poderá fazer essa opção, e esse movimento pode gerar, a longo
prazo, ampliação de profissionais com nível médio e formação técnica, justificando uma baixa
remuneração e mão de obra desqualificada (FERREIRA, 2018).
Diante dessa realidade, considerando que a maioria das escolas não são capacitadas
para oferecer esses cursos profissionalizantes, será necessário que os estados formem parce-
rias público privadas, visando comércio de cursos, com empresas de educação presencial ou à
distância, não deixando de ser uma forma de privatizar a educação (MOTTA; FRIGOTTO, 2017
Outra alteração que negligencia as ações tomadas pela sociedade brasileira para a me-
lhoria da formação do professor, é considerar profissionais da educação aqueles com notório
saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos de áreas afins
à sua formação. Ignoram totalmente o fato de que a graduação, em nível superior, para o ensino
tem o objetivo de preparar esse profissional para dominar maneiras e métodos de transmissão
de conhecimentos complexos para serem assimilados pelos alunos. A reforma, amparada na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Art. 61, IV (1996), por permitir a contratação de supostos
especialistas, porém não licenciados, tem-se uma consequência paralela: a desobrigação dos
estados de realizar concursos públicos para contratação de professores, abrindo uma lacuna
para os sistemas de ensino se ajustarem às políticas neoliberais de ajustes fiscais à custa do
abandono das obrigações sociais (MOTTA; FRIGOTTO, 2017).
Como se pode depreender, a reforma põe em xeque os interesses dos jovens e da popu-
lação em geral, não só desrespeitando várias normas já instituídas no que cerne a profissionali-
CAPÍTULO 06 67
zação como visa naturalizar as desigualdades (ARAÚJO, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora seja claro que as reformas nos sistemas de ensino são fruto de antigos conflitos
ideológicos em torno das disputas por diferentes projetos de sociedade, e, que o currículo orga-
nizado com base em disciplinas isoladas, ordenadas em razão de uma complexidade linear dos
saberes, muitas vezes sem significado para os alunos, de fato precisa ser superado, seu caráter
antidemocrático e autoritário fica evidente, uma vez que desconsidera todo o debate acumulado
por diferentes setores e movimentos.
Além disso tal reforma representa um retrocesso para educação brasileira, posto que o
modelo de itinerários formativos diversificados segmenta, diferencia e hierarquiza o conhecimen-
to, porque jovens estudantes ficam limitados às possibilidades de ofertas das redes de ensino,
em especial as redes estaduais.
Considerando a formação geral com doses insignificantes de saber no que tange a co-
nhecimentos científicos e noções elementares técnicas, além de dificultar o ingresso ao ensino
superior, o novo Ensino Médio proporcionará à classe trabalhadora uma formação intelectual
melindrosa, limitando a formação da classe trabalhadora para cargos precários.
Diante do estudo, ficou claro que as mudanças impostas pela Lei nº13.415/2017 tem o
viés de uma produção capitalista, atendendo os interesses da classe empresarial, que pretende
diminuir gastos públicos diretos, aumentado introdução de dinheiro público em instituições pri-
vadas, o que em nosso país claramente significa favorecer esquemas de corrupção e desvio, e
ainda aumentar a oferta de mão de obra com formação superficial, técnica e consequentemente
com baixo custo. Com discurso frágil e fantasioso de que a reforma atende o interesse de todos
na realidade concreta, pretende favorecer a lógica do capital.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.145 de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 19
jun. 2021.
BRASIL. Cartilha sobre o novo ensino médio é lançada no Senado: publicação explica mudanças.
CAPÍTULO 06 68
Brasília, DF: Ministério da educação, 2018. Disponível em: https://www.google.com/url?q=http://portal.
mec.gov.br/component/tags/tag/novo-ensino-medio&sa=D&source=editors&ust=1630934483546000&us
g=AOvVaw0fvDJX_O8_ngduWJY5INGM. Acesso em: 19 jun. 2021.
BRASIL. Resultados e Metas. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica -IDEB. Brasília, DF:
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ideb.inep.gov.br/resultado/. Acesso em: 10 jun. 2021.
CORDEIRO, A. M. et al. Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Revista do Colégio Brasileiro
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69912007000600012.
DANTAS, I. Medida provisória: uma manifestação de vontade imperial do Poder Executivo à luz de uma
análise crítica da EC nº 32. In: VIEIRA, José. Ribas. (org.). 20 anos da Constituição cidadã de 1988:
efetivação ou impasse institucional? Rio de Janeiro: Forense, 2008.
FERREIRA, R. A.; RAMOS, L. O. L.; RAMOS, R. L. Ensino Médio em tempo integral: perspectivas para
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e204631, 2020. Doi: https://doi.org/10.1590/S0104-40362018002601295
MOTTA, V. C.; FRIGOTTO, G. Por que a urgência da Reforma do Ensino Médio? Medida Provisória nº
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http://dx/doi.org/10.1590/ES0101-73302017176606.
CAPÍTULO 06 69
Educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 34, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/
a12v1234.pdf. Acesso em 25/04/2017.
CAPÍTULO 06 70
07
A educação ambiental e a degradação
do bioma amazônico: concepções
e práticas docentes na educação
básica do município de Vera - MT
Environmental education and the
degradation of the amazon biome:
conceptions and teaching practices in
basic education in the municipality of
Vera - MT
Marisa Regina Kohler
Bióloga, Especialista em Bioética (UFLA).
Mestre e Doutoranda em Ciências Ambientais-
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Docente da Educação Básica-SEDUC-MT.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2183-8673
Aumeri Carlos Bampi
Filósofo, Doutor em Filosofia e Ciências da Educação - Universidade de Santiago de Compostela (USC), Espanha.
Pós-doutorado em Psicologia Social - Universidade de São Paulo (USP).
Docente da Faculdade de Educação e Linguagem e dos
Programas de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) e Geografia (PPGEO)
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3410-9376
Solange Kimie Ikeda Castrillon
Bióloga, Mestre em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Doutora - Universidade Federal de São Carlos em Ciências, enfoque em Ecologia e Recursos Naturais.
Docente da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Cáceres.
Credenciada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais em nível de mestrado e doutorado e no
Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (UNEMAT).
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1862-4615
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.7
Abstract
The study exposes the educational concepts, trends, and practices of Basic Education teachers
in the municipality of Vera, Mato Grosso, regarding Environmental Education (EE), and the rela-
tion between the environmental crisis and the degradation of the Amazon. This is an exploratory,
descriptive research with a qualitative approach. The methodological theoretical framework used
sought subsidies in Critical Environmental Education. The research procedure was a bibliogra-
phic review and semi-structured interviews, with the participation of thirty permanent teachers
from the municipality. The data obtained list the difficulties found in the school context by teachers
when developing their pedagogical practices in EE. Teacher education is fragile and, even though
the professional staff presents important analytical insights, it is still qualitatively poor in terms of
pedagogical interpretations and practices, as it only develops in punctual and dispersed actions.
The research results show that Environmental Education has a great challenge, which makes
teachers uncomfortable, who now have the responsibility to expand discussions on this topic in
their classes, since the student and the educator are social agents who work in the process of
social transformations; therefore, teaching is theory and practice, that is, it is praxis.
Desde a década de 1970 o município, igualmente a diversos outros da região, foi inserido
no processo de expansão da fronteira agrícola capitalista contemporânea e tem origem nesse
processo. O locus passou por imensas transformações da paisagem. De área tida como espaço
vazio, passou pela inserção da migração camponesa, em sua grande maioria, vindos da região
Sul do país. Os migrantes foram em busca de terra, trabalho e renda, tentando, em um primeiro
CAPÍTULO 07 73
momento, a agricultura familiar, que nos primeiros anos passou por grandes dificuldades. Pos-
teriormente, houve a exploração florestal (extração de madeira) que depois de duas décadas,
com o intenso desmatamento para implantação de atividades agropecuárias diminuiu a oferta
de matéria-prima. Em seguida, dentro do contexto econômico regional, o município foi inserido
na cadeia de negócios, com a intensificação do plantio das monoculturas de grãos (soja e milho)
como resultado do avanço da fronteira agrícola no bioma amazônico (BAMPI, 2010), conforme
mostram dados da Tabela 1.
Tabela 1 - Uso e cobertura do solo: floresta, pastagens e agricultura do município de Vera/MT,
1985 e 2016.
Município Unidade 1985 1985 1985 2016 2016 2016
/Ano/ha Territorial Floresta Pastagem Agrícola Floresta Pastagem Agrícola
VERA 300.512,00 275.240,82 14.341,59 5.004,64 128.568,81 9.673,16 156.182,52
A relação dos camponeses com a terra foi alterada poucos anos após o estabelecimento
na região, pois seu conhecimento passou a ser desqualificado pelo saber técnico-científico do
mundo corporativo do agronegócio que se apropriou do território, resultando em uma relação
baseada na racionalidade e instrumentalidade (KOHLER, BAMPI, SILVA, 2017). Essas modifi-
cações consolidam um modelo produtivo voltado ao comércio exterior, promovido pelas grandes
corporações do agronegócio que se baseiam na concentração da gestão das terras e da produ-
ção de commodities (em especial grãos, soja e milho), conforme pode ser analisado nos dados
da Tabela 2.
Tabela 2 - Estrutura fundiária do município de Vera/ MT, 2014
Estrutura Fundiária Total - Número de Imóveis Área Total (hectares)
2003/2014
Minifúndios 107 3.986,08
Pequena propriedade total 159 29.384,78
Média propriedade total 75 50.076,29
Grande propriedade total 11 44.921,62
Não classificada 11 10.408,90
Não classificada no Art. 07 Lei nº -9 -19.343,80
8629/931
TOTAL 354 119.433,87
CAPÍTULO 07 74
cimento e desenvolvimento sem limites e normativas de cuidados com a natureza, com a finali-
dade de se estabelecer princípios, acordos e tratados, várias atividades foram realizadas mun-
dialmente com a perspectiva de se trazerem à tona os desafios, marcando a história da relação
dos humanos com a natureza, em suas diversas formas.
CAPÍTULO 07 75
Figura 2 - Abertura da área para construção da cidade de Vera em 1970 (esquerda), em 2016
(direita) a cidade em meio a áreas de plantação de soja
Foi a partir desse cenário que inserimos a investigação junto aos docentes da Educação
Básica, pois ao desenvolver suas atividades pedagógicas precisam exercer a capacidade de
análise contextualizada de seu meio, juntamente com as crianças e jovens, de modo que pos-
sam perceber criticamente a adulteração do bioma e da produção de um território corporativo
que funciona em favor do externo, constituindo-se como um território alienado e desconfigurado
em sua paisagem natural e social, do qual poucos usufruem e que, no seu processo de estabele-
cimento dizimou a imensa riqueza da biodiversidade. Além disso é preciso considerar a questão
relacional entre a floresta Amazônica e o clima no Brasil, bem como em escala planetária.
CAPÍTULO 07 76
como política pública essencial na educação e formação, pois sua importância como tema inter
e transdisciplinar tanto na formação do docente, quanto das crianças e jovens discentes é um
desafio a ser superado, mas que pode proporcionar a abertura à participação democrática nas
discussões sobre o próprio meio do habitar humano, de produzir, de gerar sua sobrevivência e
existência (SORRENTINO et al., 2005).
Sorrentino et al. (2005) afirmam que a EA deve ser política pública2 e, ao mesmo tempo,
pode contribuir muito com o desenvolvimento de políticas públicas locais e nacionais que se pre-
ocupem com a preservação dos bens naturais (terra, água, solo, florestas, biodiversidade), pois
sua degradação implicará diretamente na qualidade de vida das comunidades humanas em sua
diversidade socioeconômica e cultural.
CAPÍTULO 07 77
ção-consumo, causou profundas transformações nos sistemas vitais, além de ter gerado grande
abismo de desigualdade socioambiental, bem como produzido implicações a sociedades que
nem sequer participavam do modo de ser do mundo moderno (TIEZZI, 1988).
Para serem mediadores desse conhecimento, devem dar relevo aos debates e às ações
sobre os temas a respeito da responsabilidade que é delegada a cada um com o meio em que
vive, bem como as mudanças sociopolíticas que visem ao não comprometimento dos sistemas
ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. A EA crítica precisa ser uma atividade
intencional da prática social, imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua
relação com a natureza e com os outros seres humanos, objetivando potencializar essa atividade
humana, tornando-a um processo de humanização, que é histórico, concreto e dialético (TOZO-
NI-REIS, 2003).
O universo da pesquisa
CAPÍTULO 07 78
assentamento rural Alto Celeste foram selecionados dois docentes. A Escola Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, pertencente à rede de educação pública estadual, conta com um quadro de
45 professores atuantes e atende 947 alunos, distribuídos entre os ensinos fundamental e mé-
dio. Nessa unidade foram entrevistados 15 profissionais.
A pesquisa ocorreu após esclarecimentos dos seus objetivos aos profissionais. Para a
participação dos docentes, foi solicitada a sua autorização por meio do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE)3, os quais tiveram suas identidades preservadas. A pesquisa foi exe-
cutada durante os anos de 2016 e 2017.
Foi possível verificar, ainda, que em grande proporção, os docentes são oriundos dos
Estados do Paraná (47%), Rio Grande do Sul (13%) e Santa Catarina (13%), perfazendo um
percentual de 73% de pessoas provindas dos Estados que compõem a região Sul do Brasil, o
restante do percentual se dividiu entre os estados de Mato Grosso (10%), São Paulo (7%), Mi-
nas Gerais (7%) e Mato Grosso do Sul (3%). Em relação ao tempo que os professores residem
no município, sete (07) professores residem há quase 10 anos, quinze (15) de dez a dezenove
anos, representando a maioria, quatro (04) de vinte a vinte e nove anos, acima de trinta anos,
quatro (04) professores, portanto, totalizando vinte e três professores que residem há mais de 15
anos, praticamente seguidores da onda migratória do Sul do país à região norte de Mato Grosso.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CAPÍTULO 07 79
Conforme Reigota (2001), pelo fato de não haver um consenso sobre o significado de
meio ambiente na comunidade científica e, em geral, tal termo não seria uma definição científica,
uma vez que são termos compreendidos e utilizados universalmente como tais. Devido à sua ca-
racterística difusa e variada, assim, a noção de meio ambiente é considerada uma representação
social. As representações sociais mais comuns de meio ambiente em três grupos: naturalista,
globalizante e antropocêntrica.
Na pesquisa, foi possível identificar, na fala dos professores entrevistados, os três gru-
pos de construtos a respeito do meio ambiente. A concepção naturalista que evidencia os ele-
mentos naturais, englobando aspectos físico-químicos: o ar, os outros seres vivos (fauna e flora),
ou seja, possuem uma visão idealizada do ambiente natural, considerando-o como elemento
intocável foi a mais representada nas respostas dadas. Como exemplo, citamos as falas dos
seguintes docentes:
Meio ambiente seria o espaço que nós estamos inseridos, principalmente na questão da
natureza, lagos e lagoas, matas e entre outras (PE 05).
Quando se fala em meio ambiente, eu penso como um todo, animais, plantas, riachos,
todo ambiente, onde você está, acho que toda essa região onde você está é o meio am-
biente, o lugar que você vive (PE 06).
Meio ambiente é tudo que cerca a gente, todo nosso entorno de vida, o movimento da
cidade, a própria casa, tudo é meio ambiente e que torna o ser humano um ser vivo, os
seres em seu entorno (PE 03).
Meio ambiente é o que está à nossa volta, ao nosso redor, tanto a nossa vegetação, o
ambiente que habitamos (PE 26).
Olha! Meio ambiente é o meio em que nós vivemos, que nós desenvolvemos nosso dia a
dia, é a nossa casa maior. Somos a nossa casa, nosso bairro, nossa cidade é o ambiente
todo, o conjunto em que vivemos e já vem com toda uma formação natural que é alterada
pelos humanos. A vegetação, a fauna, a flora, a parte hidrográfica, aliás o que a natureza
deixou para nós vivermos aqui, para nossa saúde (PE 04).
Zart (2004) traz ainda outra conceitualização, a concepção idílica, que percebe o meio
ambiente como natureza intocada. O espaço natural simboliza a pureza, a não presença do ho-
mem, por isso a não destruição, a não poluição; visão que se associa à perspectiva de que a na-
tureza e o mundo foram criados por Deus, devendo ser preservados. A fala do (PE28) demonstra
essa concepção.
CAPÍTULO 07 80
Meio ambiente envolve tudo, meio ambiente é aquele bioma, os seres vivos, de todas as
espécies, de todos os gêneros. E quando pensamos no meio ambiente, em minha mente,
é muito complexo. Meio ambiente envolve tudo, envolve o mundo, uma complexidade, é a
relação entre os seres, entre eu e você, entre o aluno e o meio ambiente que está aí, essa
árvore que está secando, morrendo é preciso cuidar dessa natureza, dessa floresta que é
um presente de Deus (PE 28).
Alguns dos entrevistados dispõem de conceitos pouco claros acerca do que seja meio
ambiente, evidenciando concepções reducionistas sobre o tema, apresentando também dificul-
dades em se expressar. Alegam não ser da área e enfatizam o meio ambiente como sendo a
“natureza”, o “local onde se vive”, “seu entorno”; enfim, “tudo”.
Foram poucos os que mencionaram ser o espaço onde os seres vivem e se desenvol-
vem, interagindo, sendo transformados e transformando o meio ambiente. Não mencionaram as
relações entre os elementos naturais e sociais, especialmente a ação humana, que transforma
o ambiente e modifica também sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive
(concepção globalizante).
Para a Educação Ambiental ser instituída como um processo transformador dos reducio-
nismos do pensamento moderno, é necessário incorporar metodologias, teorias e práticas que
estejam organizadas com base em organizações e relações dos relevantes instituintes da totali-
dade das interações entre a agregação dos fenômenos naturais e culturais. A Educação Ambien-
tal não deve cair em leituras mecanicistas e lineares. Assim, deve compreender os fenômenos
de modo que estejam constituídos em contextos históricos dialéticos, como promovidos pelos
componentes da sociedade em seus diversos campos de força sociais, econômicos e políticos
(ZART, 2004).
CAPÍTULO 07 81
O modelo de desenvolvimento foi bastante predatório dos recursos naturais da região. O
município deveria trabalhar com alternativas sustentáveis, com projetos com sustentabi-
lidade, mas o modelo de desenvolvimento aqui foi de depredação da mata em função da
exploração da madeira que tínhamos na região (PE 04).
Foi desordenado e irregular, vieram, arrancaram a floresta, extraíram as riquezas sem ter
projetos ambientais. O mundo capitalista visa isso (PE 06).
Outro questionamento indagou dos professores: Você considera que houve degrada-
ção ambiental? Em que sentido?
Houve sim a degradação ambiental. Aqui no município os rios não estão protegidos pelas
matas ciliares e temos grandes extensões de pecuária e agricultura. A pastagem é fraca
por mais que já tenha avançado a agricultura, tem extensões de terras que são territórios
para criação de gado com baixa produção que não têm pastagem então são áreas degra-
dadas que foram utilizadas indevidamente (PE 04).
CAPÍTULO 07 82
Nas minhas aulas eu procuro trazer para a nossa realidade. Eu falo sobre a Amazônia e
que estamos dentro da região amazônica, falar do nosso local, o que está acontecendo
aqui? Como era o local antes? Sobre a expansão agrícola, os alunos foram fazer entre-
vistas com os moradores, como era antigamente, como está a região, as mudanças que
foram ocorrendo (PE 01).
Faço sim. Eu observo que, muitas vezes, principalmente os alunos que são filhos de lati-
fundiários, eles defendem, que a nossa região não pertence a Amazônia, porque depen-
dendo do bioma, tem uma porcentagem que pode desmatar, para não cumprir a lei, o
código florestal. Eu observo como é muito diferente o discurso de um filho de latifundiário,
para um filho de pequeno agricultor, ao fazer um debate em sala de aula. Sobre a reforma
agrária, por exemplo, são dois lados diferentes, não concordam de forma alguma (PE 16).
Muitos professores não encaram a realidade local como se fosse pertencente à Amazônia.
E vivem e ensinam como se estivessem no Sul do país, que a realidade local fosse sulista,
mas não é (PE 23).
A Educação Ambiental vem sendo proposta desde a década de 1970 em várias partes do
mundo como uma maneira de se alterarem as atitudes e a conduta da sociedade com o objetivo
de ultrapassar as situações produtoras de crise ambiental ressaltam Reis e Bellini (2011). Foi
justamente nessa década que teve início o processo de ocupação via assentamentos de coloni-
zação na região norte mato-grossense, conjuntamente o município de Vera, o qual foi marcado
por intenso devassamento do bioma amazônico, no qual o território-ambiente do município está
inserido. A degradação do bioma Amazônia é um fato inegável nesse locus. Os docentes, em
sua maioria, atuam há mais de dez anos nas escolas, e parte tem como local de origem a região
Sul do país.
Crise ambiental são os problemas que o meio ambiente está sofrendo hoje em dia, desde
a questão do aquecimento global, a alteração do clima, poluição do meio ambiente em
geral como a poluição dos rios, solo, água, a escassez dos recursos hídricos, enfim, toda
essa degradação que está sendo causada ao meio ambiente pelo homem (PE 01).
Crise ambiental é, para mim, a partir do momento em que o ser humano passou a querer
muito mais do que é necessário pro seu bem estar, acabou havendo a consequência da
crise ambiental, mais desmatamento, exploração de recursos naturais, porque para se
produzir precisa tirar o minério da terra, precisa extrair a água, precisa derrubar uma ár-
vore, a partir da hora que o ser humano passou a pensar que a necessidade dele e bem
estar não é só vestir e comer o básico, passou-se a viver de maneira insustentável, não
tem mais sustentabilidade, o meio ambiente e a natureza não conseguem mais se manter
(PE 16).
CAPÍTULO 07 83
Em continuidade, buscou-se saber dos entrevistados: Como professor (a), você ana-
lisa que esse conceito (crise ambiental) possui relação com o local (município) e com a
região? Qual seu ponto de vista sobre isso?
Eu acredito que nós estamos bem no centro da degradação do nosso país. Ela come-
çou pela região costeira e vem avançando para região centro-oeste com o aumento das
fronteiras agrícolas e estamos nessa última fronteira. E em relação ao desmatamento da
Amazônia, convivemos no nosso município, que faz parte dessa região (PE 01).
Eu diria que existe essa crise principalmente porque vivemos e estamos no bioma amazô-
nico. Passamos por uma transformação muito grande na nossa cidade que foi a questão
da saída da madeireira para agricultura comercial de larga escala. Para eu que saí do Rio
Grande do Sul para vir ao Mato Grosso se torna algo muito complicado de se falar, porque,
como acusar os madeireiros, se era da maneira que eles viviam? Se era a sustentabilida-
de da cidade, era essa a economia local (PE 10).
É possível notar que a percepção das transformações está inserida, mas o que lhes
falta, talvez, seja a possibilidade de uma análise mais apurada e profunda, com elementos sub-
sidiários ao entendimento das forças de transformação que operam globalmente e que se fazem
notar localmente (ZART, 2004). Tais forças operam sobre o território e a população, tornando-o
alienado a uma realidade externa e por consequência um espaço social no qual ações políticas-
-econômicas exercem influência em favor de um modelo produtivo, em detrimento da sociedade
local. Outra questão evidenciada é uma dificuldade conceitual, pois há confusão na sustentação
econômica com a ideia de sustentabilidade, que seria algo muito mais abrangente em termos
socioambientais.
A crise ambiental que o planeta vive, pela exploração indevida, e pelos impactos a que
estamos sujeitos mobilizou vários setores da sociedade como autoridades civis, instituições go-
vernamentais e não governamentais (SILVA, 2007), visto que o modelo de desenvolvimento
adotado pela forma agrícola-urbano-industrial segue um padrão que causou enormes prejuízos
à biodiversidade, à questão climática em escala planetária, à questão ecológica dos habitats não
humanos, ao solo e água, situações que se trouxeram consequências a todas as formas de vida
e também diretamente aos humanos.
CAPÍTULO 07 84
representa um novo desafio para a qualidade de vida da humanidade, muito embora seja preciso
refletir e expor que os humanos não estão em iguais condições dentro desse tempo histórico-
-ambiental produzido, uma vez que ocorre a apropriação desigual dos bens naturais, bem como
as externalidades ou consequências do processo podem atingir as comunidades e parcelas das
sociedades (classes sociais) de modo distinto, produzindo desigualdade ambiental, vulnerabili-
dade e injustiça ambiental.
Educação Ambiental é levarmos para a sala de aula noções de como trabalhar com atitu-
des e práticas as questões ambientais relacionadas ao estado e município, para as pesso-
as perceberem que podem ser agentes de transformação, não apenas com pessoas em
idade escolar, mas com a população em geral (PE 04).
Vejo a Educação Ambiental como cuidar da natureza, das árvores, do lixo, da água, pre-
servar, mas não vejo algo com algum sentido, coisas pontuais a respeito dessa educação.
Mas acredito que ela possa ir mais além do que eu tenho por definição (PE 10).
Nas falas foi revelada a tendência denominada de natural, por Tozoni-Reis (2002). Nessa
corrente, as relações entre os homens e o ambiente são naturalizadas, não havendo atenção à
interferência da cultura e da sociedade. De acordo com a tendência acima citada, a crise ambien-
tal surge de um afastamento relativo do ser humano do ambiente, sendo resultado da arrogância
do homem em não se submeter à natureza.
Educação Ambiental é você orientar, transmitir o que sabe, porque não tem um professor
que pode dizer, eu sou leigo na Educação Ambiental. Todo professor tem conhecimentos,
nem sempre ele transmite esse conhecimento, mas ele tem, tem noção, a não ser que seja
um professor que chegou ontem na cidade. Mas a maioria de nós somos professores há
mais de dez anos, vimos a transformação (PE 30).
A terceira tendência, denominada pela autora como histórica, traz a perspectiva histórica
e social, permeando a relação entre humanos e natureza, que passa a ser entre sociedade-natu-
reza. E é essa visão que possibilita um entendimento mais profundo da crise ambiental, pois, na
tendência histórica, os aspectos desconsiderados pelas outras tendências são contextualizados.
A educação busca o desenvolvimento de sujeitos históricos e sociais plenos e não é mais com-
preendida de forma isolada de outras práticas sociais (TOZONI-REIS, 2002).
CAPÍTULO 07 85
Educação Ambiental seria você ter cuidado com a natureza, com o ser humano, mas você
tem que se preocupar com o avanço do sistema capitalista, a globalização e muito mais.
É entender que é preciso que haja desenvolvimento do município, mas não destruir a na-
tureza, trabalhar o meio ambiente, digamos na mesma hora que devo me preocupar com
o crescimento e desenvolvimento da cidade, também me preocupar em proteger o meio
ambiente, não destruir as matas, tentar fazer o replantio das áreas de entorno dos rios e
nas nascentes, é uma ação que deve acontecer (PE 09).
A tendência natural e a racional, com seus argumentos ecológicos podem gerar questio-
namentos, mas, se manifestam insuficientes, posto que, tornam os aspectos sociais e históricos
da problemática ambiental minimizados, ao mesmo tempo em que maximizam os aspectos físi-
cos e biológicos segundo Tozoni-Reis (2002).
Desnudar como está sendo tratado o processo de formação dos professores é rele-
vante. Deve-se saber o que se passa com a Educação Ambiental nas práticas formativas na
Educação superior (universidades e faculdades) em termos da construção da consciência so-
cial, ética e ecológica. É necessário, por intermédio de estudos, pesquisas e debates sobre as
questões socioambientais cruciais da atualidade, almejar concepções e visões que colaborem
com a construção de alternativas que contemplem os aspectos da sustentabilidade: ecológico,
social, econômico, político e cultural, demonstrando também que a sociedade está estruturada
em classes e, portanto, os próprios indivíduos e grupos encontram-se em posições e condições
distintas frente à realidade ambiental (BAMPI, 2010).
Por esse motivo, foi indagado o seguinte questionamento: Sua formação (graduação,
pós-graduação, formação continuada) contemplou de que maneira a Educação Ambien-
tal? Que abordagens foram feitas?
Nós trabalhamos bastante a questão ambiental, até porque a área de história ela se en-
trelaça com a Geografia e Ciências, na área de humanas. Na minha área foi trabalhado
sobre Educação Ambiental. Eu acredito que o meu curso contemplou de forma bem eficaz
a questão da Educação Ambiental. Na minha Pós-graduação acho que bem mais que na
minha graduação pois, é sobre história de Mato Grosso, então, trabalhou a expansão da
agricultura no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e de que forma o governo incentivou essa
expansão (PE 06).
Sim, principalmente na parte de Biologia. Como o meu curso estava voltado para Biologia
foram feitos vários trabalhos na área de meio ambiente e Educação Ambiental. Foram vá-
rios projetos na época da minha formação, projetos como reciclagem de lixo que poderia
ser feito com a comunidade (PE 09).
As falas dos professores evidenciam que, em suas formações, a Educação Ambiental foi
discutida, embora de modo distinto entre uns cursos e outros e de modo superficial. Os docentes
das áreas de Geografia (PE 02), História (PE 06) e Biologia (PE 09) explicitam uma discussão
com maior intensidade. O que se pode observar é que a deficiência/debilidade formativa pode vir
a comprometer a aplicabilidade da Educação Ambiental nas escolas, pois sem formação qualifi-
cada não há ação pedagógica satisfatória.
CAPÍTULO 07 86
temos de levar em conta que a formação de professores no Brasil é considerada insatisfatória,
e, quando consideramos a Educação Ambiental, o quadro ainda é pior, adverte Longo (2016).
Nesse caso, ocorre uma priorização da formação teórica sobre a prática, além de não haver uma
ecologização do conteúdo e, por vezes, uma não sintonização com a realidade encontrada, além
de se concentrar numa espécie de reprodução alienada de atividades expressas em “manuais”
de Educação Ambiental.
Faz sentido sim, na realidade tem que ser obrigatório, não necessariamente como uma
disciplina no meu entender, mas também não necessariamente com Geografia, Ciências
ou Biologia, pois todas as disciplinas devem trabalhar. Mesmo a Matemática, ao meu en-
tender, tem que trabalhar com as questões ambientais. É o papel que a escola possui. Faz
sentido o desenvolvimento na escola, eu acredito que a escola é o agente de transmissão
do conhecimento (PE 02).
Foi possível verificar, por meio dos relatos dos professores, a percepção da importância
da Educação Ambiental como tema a ser trabalhado de forma interdisciplinar. Quando discorrem
sobre o papel da Educação Ambiental, no entanto, demonstram a percepção naturalista e de
racionalidade instrumental, associando-a à proteção e à preservação da natureza, com concei-
tos reducionistas quanto à sua aplicabilidade no processo de ensino-aprendizagem, excluindo a
sociedade desse processo.
CAPÍTULO 07 87
Os processos, por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 1999).
Eu não tenho certeza disso, se tem uma legislação, ou se é uma matéria que faz parte da
grade curricular. Eu fui diretor da escola por quatro anos e pouco se ouve falar nisso. Os
professores não falam e não vejo professores trabalhando isso (PE 05).
Conheço bem superficialmente. Sei que nós temos que trabalhar essa Educação Ambien-
tal de forma transversal, precisamos aprofundar isso. Não tem como analisar realmente o
que não se conhece com profundidade, a não ser pontualmente. Poderia ser trabalhada
na formação continuada, mas não acho que seja um assunto com prioridade dentro da
educação por parte do governo do Estado (PE 10).
Com o questionamento: Qual o envolvimento da escola que você atua com a Educa-
ção Ambiental? Tal questionamento objetivou verificar se as escolas participam e incentivam o
professor nas ações que envolviam a EA.
Somente em sala de aula, já houve alguns trabalhos esporádicos. Uma época fizemos.
Participei com um outro colega na horta, utilizamos semente de árvores, plantamos e no
dia dos pais, fizemos a doação dessas mudas de árvores (Ipê, pata de vaca e outras). Há
outro projeto para arborizar ao redor da escola. Infelizmente, só sala de aula, teoria (PE
02).
Muito pouco envolvimento. A escola, na verdade, poucas vezes se mobiliza para ações de
E.A. (PE 10).
Raras vezes ocorre alguma atividade extra classe de E.A. A gestão escolar não se envolve
com isso (PE 22).
4 A pesquisa traz a referida Lei no texto por se tratar da Lei que estava vigente nos anos da pesquisa (2016 / 2017). Cabe informar
que a lei nº 10.903, de 7 de junho de 2019, é a Lei vigente atualmente, a Lei nº 7.888, de 9 de janeiro de 2003 foi revogada.
Publicado no DOE - MT em 10 junho de 2019 (LEGISWEB, 2019).
CAPÍTULO 07 88
Com relação ao envolvimento da escola, ficou evidenciado, mediante as falas dos entre-
vistados, que as gestões das unidades não se envolvem, deixando aos professores a responsa-
bilidade de desenvolver o assunto de forma individual, ou por meio de projetos. Quando as insti-
tuições (gestões escolares) participam, é no sentido de providenciar materiais para a realização
das práticas e o local (instalações ou equipamentos presentes na escola).
Usando o tema da Educação Ambiental, pode ser trabalhada uma diversidade de te-
mas; entretanto, os enfoques mais abordados são o “lixo” e o “plantio de árvores”, nos diversos
trabalhos descritos pelos professores. Segundo Sauvé (2005), a EA é realizada a partir da con-
cepção que se tem de meio ambiente. Os temas como lixo e reciclagem acabam simplesmente
envolvendo ações pontuais, não permitindo uma discussão ampla do ambiente e suas relações
sociais, pois tais práticas não produzem alterações no padrão de consumo e na maneira de viver.
Apenas se essas atividades forem realizadas com uma metodologia problematizadora, que esti-
mule a reflexão crítica, ou na forma de projetos multi e interdisciplinares, é que pode se dar uma
mudança qualitativa da percepção (CARVALHO, 2004; TOZONI-REIS, 2002).
CAPÍTULO 07 89
ração da documentação escolar (DIAS, 2001).
Como o sistema se encontra informatizado, cabe aos professores inserirem dados dos
diários de classe; no entanto, o que dificulta e onera o tempo que é dispensado a esse trabalho é
o fato das escolas, na maioria dos casos, não possuírem um sistema de internet que contemple
qualidade e velocidade necessárias para inserir as informações, assim como os intermináveis
reparos no sistema. O acesso ao mundo digital ainda é precário nas escolas estudadas (baixa
qualidade de conexão, lentidão, instabilidade ou mesmo inexistência de conexão, além de equi-
pamentos ultrapassados).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo propôs a reflexão sobre a condição de sujeitos docentes inseridos na rea-
lidade socioambiental amazônica em profunda transformação e degradação. Observa-se que o
desenvolvimento da Educação Ambiental nas escolas de Educação Básica do município ainda
apresenta muita fragilidade por serem adotadas ações fragmentadas e sem problematização
adequada.
Além disso, muitas vezes as gestões escolares não a veem como importante, não a
incentivam. Muitas vezes é delegada a projetos que se distanciam dos princípios da EA crítica
que tenham como perspectiva a transformação socioambiental, de modo que tanto docentes
quanto discentes exerçam cidadania a partir da EA na comunidade que os envolve em busca
dos valores componentes da sustentabilidade em suas diversas dimensões. Trata-se de ações
realizadas que não alcançam em profundidade o debate sobre a intensa degradação ocorrida no
território local e regional, bem como da exclusão da maioria da população das benesses oriun-
das da abertura territorial de uma parcela da Amazônia, dando a percepção que está sem proble-
matização e sem questionamento o modelo de desenvolvimento constituído de que a Amazônia
é apenas uma fronteira de recursos e um território das corporações transnacionais, empresas e
grandes produtores rurais.
CAPÍTULO 07 90
vidade se manifesta no processo que continua a predação ecológica e a apropriação dos bens
naturais por poucos, com queimadas, supressão florestal, dizimação da biodiversidade, explora-
ção madeireira ilegal, atividades de agricultura e pecuária que se realizam sem cuidado com a
terra, ar e água, inserindo insumos tóxicos e dilapidando a riqueza ambiental e os bens comuns
naturais. No que se refere às populações, movendo-as ao ritmo da financeirização do território e
do descarte de mão de obra.
CAPÍTULO 07 91
vida das espécies e bens naturais.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
BRASIL. Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002. Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999,
que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.
CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2004.
DIAS, G. F. A situação da Educação Ambiental no Brasil é fractal. In: Panorama da Educação Ambiental
no ensino fundamental / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC, SEF, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Vera, Mato Grosso, MT. Rio de
Janeiro, 2016.
LEGISWEB. Lei Nº 10.903 DE 07/06/2019. Dispõe sobre a Política Estadual de Educação Ambiental e
revoga a Lei nº 7.888, de 09 de janeiro de 2003. Publicado no DOE - MT em 10 junho de 2019.
CAPÍTULO 07 92
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CAPÍTULO 07 93
08
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.8
Abstract
Considered one of the most diversified countries in the world due to the cultural background of its
people, Brazil is also an ethnic mosaic that needs to reflect on historical social inequalities impo-
sed on minority groups placed in the margins of a society whose social spheres reproduce some
patterns of historical behaviors, such as racial prejudices. In this scenario, it is necessary to pro-
pose reparation actions for these peoples, especially by facilitating access to continuing formal
education up to the university. Fostering and enriching the debate on quotas is urgent, because
quotas are the way to place subjects in minimal conditions of opportunity, since Brazilian higher
education is a scenario that keeps persistent inequalities for accessing and completing school
levels. The Quota Law, among other actions, is one of the ways to reduce inequalities, as can
be seen when we analyze that between the years 2012 and 2016, the participation of students
from high school in public schools in the Federal Institutions of Higher Education went from 55.4
to 63.6%. Quotas are opportunities to observe changes in the composition of the student body in
educational institutions, so that they can be constituted by a greater cultural, social and economic
diversity in line with the characteristics of the subjects that make up Brazilian society.
O Brasil é um grande mosaico cultural, uma vez que a sua composição étnica é formada
por uma matriz étnica indígena, dos brancos europeus e a matriz dos negros africanos. A etnia
significa um grupo humano que se identifica por uma mesma base cultural e genética, com mes-
ma tradição e cultura, ou seja, a identidade, sendo necessário esse reconhecimento para que
possamos cultivar o respeito à diversidade cultural e tradicional no país.
Por outro lado, embora o país tenha seu desenvolvimento histórico forjado com essa
bagagem cultural que proporcionou a mistura étnica presente nos dias atuais da sociedade brasi-
leira, é comum relatos de atos de preconceitos e racismos contra grupos considerados minorias
em nossa sociedade.
No Brasil se diz que o racismo é estrutural, ou seja, está presente em muitas esferas so-
ciais sendo reproduzido por padrões de comportamento históricos. É fundamental compreender
que o racismo é a ideia, manifestada ou não, de que uma etnia é inferior a outra, em habilidades
ou possibilidades. Ele gera discriminação, marginalização e desigualdade social e econômica.
Assim, o racismo deixa marcas estruturais nas biografias das vítimas, cerceando suas possibili-
dades emancipatórias e de mobilidade social.
As minorias sociais são compostas por todos aqueles que por quaisquer motivos não se
encaixam no “padrão”, ou seja, as mulheres, os negros, os indígenas, os homossexuais, aqueles
que possuem outras religiões, as pessoas com deficiência, os pobres, etc. De modo contradi-
tório, em grande parte dos casos, esses grupos apresentam-se quantitativamente maiores que
aqueles que servem de referência, considerados minoritários devido à sua falta de força e de
poder nas relações sociais.
CAPÍTULO 08 96
vado com a composição das comunidades que residem nas periferias, favelas e comunidades
carentes, pois, a maior parte da população é negra, ainda que composta também por pessoas de
diferentes etnias. Sem trabalho e expulsa das senzalas que abriam espaço para as colônias, a
população negra passou a viver à margem da sociedade, formando comunidades distantes dos
centros das cidades e vilas.
Por isso, no Brasil, o racismo tem ainda um recorte de classe. Decorre daí a necessidade
de reparação, especialmente por meio da facilitação do acesso à educação formal continuada
até a universidade. Esse é um dos únicos dispositivos que oferecem a possibilidade de rompi-
mento do ciclo da pobreza para esse grupo social. Simplesmente excluir a história dos povos
negros nas aulas é racismo, bem como ignorar a presença e a produção de escritores, historia-
dores e cientistas negros é racismo.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Educadores comprometidos com o potencial intrínseco que o labor de educar possui são
comprometidos em contribuir com a transformação da realidade da sociedade, uma vez que a
educação possibilita transformar a estrutura social modificando-a de triângulo para losango com
uma classe média presente. Naturalmente quando as classes populares emergem, as elites
tendem a fazer silenciar as massas, pois, a educação que emancipa e é criticizadora é capaz de
reconhecer o que é privilégio e o que é direito (FREIRE, 2019).
Estratégias políticas que adotam o sistema de dividir para governar são reconhecidas,
onde temos de um lado o homem simples, esmagado, diminuído, convertido em espectador pelo
poder dos que estão do outro lado: os mitos. Mitos que os fazem duvidar de suas possibilidades
(SILVA, 2000).
CAPÍTULO 08 97
dominou no Brasil, ou seja, do predomínio do homem eurocêntrico, fez com que a exclusão de
grande parte da sociedade do ensino superior fosse naturalizada, como um fenômeno que podia
ser explicado na (equivocada e frágil) visão meritocrática de mundo. Assim, permitir o acesso
desse grupo, até então excluído, por via de políticas públicas, é naturalmente romper com a bur-
guesia e com um sistema “lógico” simbólico (LIMA et al, 2020).
A lei 12.711 de 29 de agosto de 2012, conhecida como Lei de Cotas, legitima as políticas
com ações afirmativas no Brasil (BRASIL, 2012). Por outro lado, essas ações precisam estar
combinadas a outras estratégias de permanência e êxito, pois, apenas permitir o acesso às ins-
tituições de ensino não será garantia de sucesso. Araújo et al (2020), por exemplo, constataram
que em média, o discente cotista apresenta desempenho abaixo do não cotista no Exame Nacio-
nal de Desempenho de Estudantes (ENADE).
Os sujeitos são o resultado das histórias pessoais e coletivas que nos colocam na con-
dição de protagonistas sociais e transformadores e em transformação. Deste modo, é imperativo
lembrar que esses sujeitos são produto de uma história individual e coletiva (BOURDIEU; CHAR-
TIER, 2011).
No espaço escolar, uma instituição que reproduz a cultura dominante, verifica-se a pos-
sibilidade de contribuir para reproduzir a estrutura das relações de força, numa formação social
onde o sistema de ensino dominante tende a assegurar-se do monopólio da violência simbólica
(BOURDIEU; PASSERON, 1992).
CAPÍTULO 08 98
capital cultural. O discente vai incorporar esse capital cultural filosófico e acadêmico a partir das
práticas sociais próprias dos espaços de aprendizagem (MELO; CAMPOS; ZARIAS, 2015).
É urgente e necessário pensar alternativas viáveis que rompam o ideal de mérito como
a única forma de acesso à educação. Propor mudanças na ordem social para enfrentar as histó-
ricas desigualdades sociais dos grupos excluídos considerados minorias, é literalmente romper
com o imaginário colonial constituído a partir do processo de colonização do Brasil (MELO; CAM-
POS; ZARIAS, 2015).
Portanto, a dominação dos colonizadores não ocorreu apenas econômica, política e mi-
litarmente. O processo foi mais profundo, ocorreu pela dominação dos modos de conhecer, de
produzir conhecimento e por naturalizar a cultura europeia como a única forma de se relacionar,
eliminando as muitas outras formas de conhecimento dos povos colonizados. Para os coloniza-
dores, os não europeus eram vistos como constituintes de uma cultura subjugada, desprovidos
de herança intelectual e, iletrados (QUIJANO, 2005). Essa relação definia as formas de controle
da subjetividade, da cultura, e da produção do conhecimento, estabelecendo a colonialidade do
poder.
CAPÍTULO 08 99
Conforme afirmado por Bourdieu (1999), a bagagem do indivíduo acumulada durante
sua trajetória e incorporada ao seu capital cultural favorece seu desempenho escolar, facilitan-
do a aprendizagem dos conteúdos e códigos escolares. Assim, oportunizar e principalmente
oferecer condições de igualdade irá proporcionar desestabilização da lógica excludente que foi
imposta pela colonialidade (SOUZA, 2020).
Em um país que o cenário é de desigualdade, não é difícil perceber que a política das
cotas é também uma “oportunidade” de burlar o sistema, como os casos de fraudes nas cotas
raciais. Apesar da legislação entrar em vigor em 2012 (Lei nº 12.711, aprovada em 2012), desde
2002 algumas instituições públicas de ensino superior iniciaram a implementação de ações afir-
mativas: cotas, bônus, reserva de “sobrevagas”, entre outros. Tais ações tinham como alvo os
estudantes de escola pública, pessoas negras (pretas e pardas), quilombolas, indígenas, pesso-
as de baixa renda e deficientes físicos (FERES JÚNIOR et al., 2013).
De acordo com Taylor (1998), o modo como uma pessoa se autodeclara tem relação com
a exigência do reconhecimento dessa definição. Logo, a identidade étnico-racial não está exclu-
sivamente restrita ao olhar do indivíduo, mas, parte do contato e diálogo com outros sujeitos.
Portanto, a identidade é definida:
sempre em diálogo sobre, e, por vezes, contra, as coisas que os nossos outros-importan-
tes querem ver assumidas em nós. (...) A minha própria identidade depende, decisivamen-
te, das minhas reações dialógicas com os outros. (TAYLOR, 1998, p. 53-54).
É enriquecedor o debate sobre a política de cotas, pois, as reflexões ainda são incipien-
tes sobre fraudes nas cotas, tanto no campo do impacto desse tipo de comportamento infrator,
quanto como os noticiários televisivos e/ou na internet tratam as ocorrências de fraudes. Por
outro lado, enquanto vivermos em um país desigual, acabar com as cotas não parece ser uma
medida justa. Pelo contrário, as cotas são o caminho para colocar os sujeitos em condições mí-
nimas de oportunidades visto que o ensino superior brasileiro é um cenário de persistentes desi-
gualdades de acesso e conclusão analisados por indicadores sociais (ARTES; RICOLDI, 2015;
RIBEIRO; SCHLEGEL, 2015).
CAPÍTULO 08 100
Perfil discente pós Lei de Cotas nas Instituições Federais de Ensino
Passados quase nove anos desde a entrada em vigor da Lei de Cotas, muitos desafios
ainda persistem quanto ao acompanhamento dos impactos dessa política, inclusive no que diz
respeito aos resultados dos indicadores sociais. Assim, é elementar contrastar dados que nos
permitam refletir sobre o perfil discente antes e depois da política de reserva de vagas (SENKE-
VICS; MELO, 2019).
Grupos de pretos, pardos e indígenas de baixa renda (≤1,5 salário mínimo per capita) era
substancialmente sub-representado em 2012 (ano anterior à implementação da Lei de Cotas).
Por outro lado, em 2016, a participação desse mesmo grupo de sujeitos de baixa renda cresceu
8,8%. Comparativamente, enquanto a proporção desse grupo demográfico cresceu 8% na po-
pulação total, o crescimento na população de ingressantes das Instituições Federais de Ensino
Superior foi de 26%. Adicionalmente, verifica-se maior aumento absoluto da participação de par-
dos e indígenas de baixa renda (11,3%) no Nordeste (INEP, 2017).
Dados extraídos da Plataforma Nilo Peçanha (2020), nos permitem analisar dados dos
Institutos Federais de Ensino (incluindo o CEFET-MG, CEFET-RJ e Colégio Dom Pedro II), ano
base 2019, verificar que o total de matrículas está representado majoritariamente por pretos,
pardos e indígenas (60,3%) e, em seguida por brancos e amarelos (39,7%). Considerando a
renda familiar declarada dos discentes matriculados, observamos que 30,1% recebem entre 0 e
0,5 salário mínimo; 25,9% recebem entre 0,5 e 1 salário mínimo; 18,2% recebem entre 1 e 1,5
salário mínimo; 18,9% recebem entre 1,5 e 3,5 salário mínimo; 7% têm vencimentos acima de
3,5 salário mínimo.
Por fim, quando observamos a classificação racial versus renda familiar declarada com-
provamos que 10,14% de brancos possuem renda acima de 3,5 salários mínimos, enquanto que
o percentual, nesse aspecto, para pretos é de 4,63%. Assim, evidencia-se o papel social que
os institutos federais de educação têm de incluir as classes menos favorecidas, justificando a
necessidade de manutenção e até mesmo ampliação das políticas afirmativas de classes histori-
camente negligenciadas cultural e socialmente (PLATAFORMA NILO PEÇANHA, 2020).
CAPÍTULO 08 101
do Ensino Médio, até a diplomação, através de programas de assistência, permanência e êxito
estudantis são necessárias.
As cotas são oportunidades para que possamos observar uma mudança na composição
do corpo discente nas instituições de ensino, de modo que as mesmas possam ser constituídas
por uma maior diversidade cultural, social e econômica, pois, embora possamos verificar algu-
mas dificuldades escolares e de adaptação ao meio universitário, em seguida no decorrer do
curso, os estudantes podem apresentar desempenho acadêmico similar ao dos estudantes da
ampla concorrência (PENA et al., 2020).
Diferente da África do Sul, no Brasil não é necessário termos uma legislação de apar-
theid visto que o mesmo já ocorre naturalmente, pois, por exemplo, apesar de não possuirmos
nenhum impedimento legal para a eleição de um presidente negro, isso jamais ocorreu (KAR-
NAL, 2017). O Brasil não precisa de salvadores ou mitos, necessita de políticas de inclusão, de
projetos sociais, abrindo mão de preconceitos e interdições ideológicas para de fato aplicar uma
racionalidade no debate sobre meritocracia quando as condições forem iguais (GOMES, 2020).
É só uma questão de oportunizar!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dar condições de igualdades para todas as camadas sociais não é privilégio, é ter cons-
ciência de que o Brasil é um país desigual que necessita refletir sobre as políticas afirmativas e,
nesse sentido a Lei de Cotas é um artefato com um potencial indescritível de propor mudanças
estruturais no ambiente escolar/universitário que requer zelo no debate para não banalizar a dis-
cussão sobre racismo ou meritocracia. Enquanto houver desigualdade social no Brasil precisare-
mos abordar estratégias de inclusão. Portanto, a cota de oportunidade que precisam os negros,
mulheres, indígenas e todos os sujeitos considerados minorias em nossa sociedade, consiste na
oportunidade de competir em condições de igualdade.
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CAPÍTULO 08 104
09
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.9
Abstract
This study aims to analyze the Education of Youth and Adults in the municipal network of the city
of Bom Jesus do Itabapoana – Rio de Janeiro. Considering that EJA requires pedagogical and
structural reformulations, we discuss the role of teachers and the school on innovative didactic
strategies to teach literacy through Information Technology and Communication at the school in
that city. To carry out such research, we had an apparatus of theorists such as: Maccafani (2017),
Silva Junior (2019), Valente (2014) and others scholars who defend a technological education
along the same lines addressed in this investigation. The issue was based on analyzing whether
the school is prepared to provide an education in accordance with modernity in order to provide
a meaningful learning. For this purpose, with the intention of evaluating and obtaining results, we
used a qualitative approach with a descriptive focus, as this type of research allows an interpreti-
ve basis for the data, applying qualitative techniques and instruments that allow to respond to the
objectives and the research problem. The participants were: a professor at EJA and the coordi-
nator of the institution. The final result of the research made it possible to note that the Education
of Youth and Adults in the municipal school Dr. Francisco Baptista de Oliveira in Bom Jesus do
Itabapoana does not have a physical and pedagogical structure that meets the needs of the stu-
dents who attend it, and the teachers are insecure in using technologies in the classroom, as they
do not have training that includes such thematic.
Keywords: youth and adult education. didactic strategies. teacher training. information and
communication technology.
Resumen
Este estudio tiene como objetivo analizar la Educación de Jóvenes y Adultos en la red municipal
de la ciudad de Bom Jesus do Itabapoana - Río de Janeiro. Considerando que EJA requiere
reformulaciones pedagógicas y estructurales, discutimos el rol de los docentes y la escuela en
estrategias didácticas innovadoras para enseñar alfabetización a través de las Tecnologías de
la Información y la Comunicación en la escuela de esa ciudad. Para realizar dicha investigaci-
ón, contamos con un aparato de teóricos como: Maccafani (2017), Silva Junior (2019), Valente
(2014) y otros académicos que defienden una educación tecnológica en la misma línea aborda-
da en esta investigación. El tema se basó en analizar si la escuela está preparada para brindar
una educación acorde con la modernidad con el fin de brindar un aprendizaje significativo. Por
ello, con la intención de evaluar y obtener resultados, se utilizó un enfoque cualitativo con enfo-
que descriptivo, ya que este tipo de investigación permite una base interpretativa de los datos,
aplicando técnicas e instrumentos cualitativos que permitan dar respuesta a los objetivos y a la
investigación. problema. Los participantes fueron: el docente de EJA y el coordinador de la ins-
titución. El resultado final de la investigación permitió constatar que la Educación de Jóvenes y
Adultos en la escuela municipal Dr. Francisco Baptista de Oliveira en Bom Jesus do Itabapoana
no cuenta con una estructura física y pedagógica que satisfaga las necesidades de los estudian-
tes que asisten. ello, y los docentes demuestran que si se sienten inseguros en el uso de tecno-
logías en el aula, ya que no cuentan con una formación que aborde este tema.
No Brasil existe legislação vigente que aborda a temática de jovens e adultos, em dife-
rentes linhas cronológicas de tipos de governos, sendo uma justificativa para saber se as esferas
governamentais estão subsidiando financeiramente a oferta de ensino, visto que, a EJA exige
mudanças, sendo governamentais e educacionais.
Nessa linha de raciocínio, acredita-se que tais problemáticas apresentam uma configura-
ção específica quanto o que seria: as práxis dos tempos antigos até os dias atuais; o significado
da EJA e sua relevância diante as TIC’s; a preparação dos professores para atuação na EJA.
Mediante à relevância desse estudo, optou-se por realizar essa pesquisa por intermé-
dio da análise da realidade educacional na Dr. Francisco Baptista de Oliveira em Bom jesus do
Itabapoana utilizando várias fontes de informações com intuito de compreender e responder à
pergunta dessa investigação, que é: Quais as principais estratégias didáticas no ensino aprendi-
zagem para alfabetização de jovens e adultos como uso das tecnologias da informação e comu-
nicação no município de Bom Jesus do Itabapoana no Estado do Rio de Janeiro?
CAPÍTULO 09 108
OBJETIVO GERAL
Como forma de responder à pergunta central dessa investigação, bem como responder
aos questionamentos elencados acima, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar as principais
estratégias didáticas no ensino-aprendizagem para alfabetização de jovens e adultos com o uso
das tecnologias da informação e comunicação no município de Bom jesus do Itabapoana no Es-
tado do Rio de Janeiro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar o grau de formação docente para manejar TIC’s em sala de aula. - Descrever
as dificuldades que os professores encontram no dia-a-dia de sala de aula para a inovação da
estratégia didática na educação de jovens e adultos.
- Verificar possíveis situações na escola que podem ser elencadas como causa de inefi-
ciência escolar na educação de jovens e adultos numa visão docente.
METODOLOGIA
A abordagem utilizada foi via qualitativa, que possibilitou analisar os fenômenos corres-
pondentes ao processo educativo no que tange à EJA. O enfoque da pesquisa é descritivo, pois
elencamos situações reais da escola em seu contexto educacional no município de Bom Jesus
do Itabapoana. A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Bom Jesus do
Itabapoana: Dr. Francisco Baptista de Oliveira, no qual participaram dessa investigação: uma
professora e uma coordenadora.
CAPÍTULO 09 109
RESULTADOS
Após análise e interpretação dos dados, obtivemos respostas satisfatórias ante os obje-
tivos da pesquisa ora posta, bem como a pergunta problema norteadora da pesquisa. Ainda per-
mitiu que obtivéssemos outras informações sobre o processo de ensino-aprendizagem na EJA
na cidade de Bom jesus do Itabapoana que possibilitará como orientação para futuras melhorias
na escola investigada, bem como base propícia para realização de outros estudos sobre essa
temática.
Outro fator importante dessa investigação foi perceber que até a presente não foi dada
importância a utilização de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, visto que a escola
possui uma sala de informática trancada, pouco utilizada e sem expectativa de fluir um ensino
didático tecnológico inovador.
Como anteriormente abordado no Marco Teórico, vários autores discorrem sobre as ins-
talações das instituições quanto os materiais tecnológicos, onde as salas ficam trancadas como
se fosse proibido uma aproximação.
De tal forma, conclui-se que o sistema de ensino para jovens e adultos na escola de
Bom Jesus do Itabapoana necessita passar mudanças, tanto na parte estrutural quanto na parte
pedagógica, visto que a escola possui instalações inadequados para atender as necessidades
educacionais, bem como não possuem materiais pedagógicos tecnológicos que contribuam com
o trabalho do professor.
A realização dessa investigação foi com o intuito de observar se os jovens e adultos es-
tão recebendo uma educação condizente com a modernidade, sendo valorizadas o máximo de
informações com os envolvidos nesse processo.
Em relação ao objetivo número 01 que foi analisar as estratégias didáticas e\ou projetos
na escola por TIC como medida de alfabetização, percebemos um vasto conteúdo tecnológico
que os docentes podem utilizar como estratégia para alfabetizar. Percebemos avanço no que
tange às TIC’s, contudo, esses avanços não condizem com a realidade encontrada na escola.
CAPÍTULO 09 110
Assim, em relação ao objetivo 02 que foi descrever a formação docente para utilizar as
TIC’s, percebemos uma evolução histórica da profissão docente, desde a época grega, pas-
sando pelos momentos humanistas e renascentistas até o século XXI ao analisarmos as práxis
docentes de cada época. Percebemos que houve avanço no que diz respeito as práticas peda-
gógicas, porém, esses avanços não correspondem com a realidade na escola investigada.
No que tange ao objetivo 03, que foi identificar as dificuldades encontradas pelos profes-
sores para utilização das TIC’s no ensino-aprendizagem inovador, mais uma vez obtivemos êxito
quanto aos objetivos da investigação. Nesse sentido, os dados confirmaram que os professores
encontram dificuldades para utilizar as TIC’s, visto a falta de preparo na formação para lidar com
as TIC’s.
Nessa seara, as conclusões foram de que os professores necessitam estar melhor qua-
lificados para prover uma educação de qualidade por intermédio das TIC’s, sendo que por inter-
médio de uma formação continuada propiciaria condições para dirimir angústias e fortificar as
motivações educacionais.
Em relação ao objetivo 04, que foi identificar situações na escolas causadoras de inefici-
ência estratégica na EJA, foram atingidos os objetivos da investigação. Nesse sentido, os dados
confirmam que a causa de ineficiência passa pela não compreensão das TIC’s como ferramenta
didática por não possuir uma diretriz do MEC para tal. Contamos com a participação professora
e da coordenadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por intermédio dos resultados atingidos com a realização da pesquisa, bem como em
virtude de situações que necessitam de um maior apreço da escola quanto do poder público mu-
nicipal, recomenda-se para estudos futuros que a Secretaria de Educação Municipal invista na
capacitação dos profissionais da educação por intermédio da formação continuada ou por cursos
oferecidos pela administração pública municipal, bem como invista no aparato tecnológico das
escolas, adaptando-as a realidade do século XXI para que os alunos e professores desfrutem de
um espaço que atenda as expectativas.
CAPÍTULO 09 111
Ainda poderemos recomendar uma divisão por faixa etária na turma da EJA, oferecendo
um atendimento mais individualizado, bem como propiciando uma maior utilização os recursos
multimídias e a sala de informática, onde com o auxílio de profissionais capacitados, poderiam
atender os alunos EJA e oferecer-lhes oportunidades de aprendizado via recurso tecnológico.
Por fim, podemos sugerir que a escola crie projetos lúdicos digitais, de modo a favorecer o apren-
dizado via TIC.
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CAPÍTULO 09 115
10
Xeque-mate: aprendizagens a
partir do jogo de xadrez sob a
perspectiva digital
Bárbara Macedo
Universidade Regional de Blumenau - FURB
Angela Maria da Paz Molinari
Universidade Regional de Blumenau - FURB
Daniela De Souza Oliveira
Universidade Regional de Blumenau - FURB
Antonio José Müller
Universidade Regional de Blumenau - FURB
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.10
Segundo Lévy (1999) a partir da internet foram estabelecidas formas diferentes de co-
municação e, quando isso ocorre, muda o modo como as pessoas se comunicam. Schlemmer
(2005) expõe que a Internet vem revolucionando as formas de ensinar e de aprender. Obser-
va-se então, o potencial do processo tecnológico fundamentado na interatividade provocando
mudanças significativas e contextualizadas em novas formas de agir, pensar, estabelecer trocas
e verificar possibilidades entre tantas outras dinâmicas estabelecidas em um novo universo do
aprender.
Mattar (2010), explicita como característica central do jogo a interatividade. O mesmo au-
tor, Mattar (2010), salienta que o jogo é uma maneira de estabelecer uma relação do ser humano
com as máquinas eletrônicas e/ou digital, e a distingue da interação (social) ou até mesmo de
outro tipo de interatividade, desde analógico/mecânica que caracterizou as mídias mais antigas.
Existem várias modalidades de jogos, porém o enfoque neste trabalho será dado ao
Jogo de Xadrez no formato on-line, que pode ser inserido aos diversos contextos de aprendiza-
gem assumindo o seu papel como ferramenta educativa. Diante dessa perspectiva pode-se olhar
os Jogos de Xadrez no formato digital como uma ferramenta versátil com propostas e objetivos
diferenciados, utilizados para ampliação da conectividade entre estudantes.
Diante das considerações apontadas acima, tem-se como problemática principal: como
o Jogo de Xadrez no formato digital/online pode vir a contribuir como ferramenta de motivação
acadêmica?
CAPÍTULO 10 118
educacional, assim como sua utilização como ferramenta educacional.
Estamos no ano de 2021 e mesmo assim, quando entramos em uma sala de aula no
status de aluno ou professor, conseguimos identificar uma realidade que parece atemporal (RA-
MINELLI; FILHO, 2015). Nesse sentido, é possível citar alunos, professores, livros, disciplinas e
conteúdos entre tantas dinâmicas que coexistem e de onde se espera um trabalho integrado e
contextualizado, então pergunta-se o porquê do desinteresse, do desânimo e da passividade?
Interessante salientar, que neste espaço também se observa o uso da tecnologia, mas será que
está de fato conectada com a tecnologia exigida, vista e usada pelos estudantes? Observa-se
que em muitas escolas existem computadores, notebooks e tablets disponíveis para os estudan-
tes, mas às vezes, não são explorados de forma adequada, são pouco utilizados, são escassos,
ultrapassados, que entre outras razões se somatizam formando e caracterizando a escola que
conhecemos.
A escola vista e percebida como local onde se realiza o ensino aprendizagem, como
resultado dos conteúdos mediados pela relação do professor com o aluno pautados nas falhas
e necessidade de um mecanismo que a modernize de verdade e a traga a uma interação entre
o atual e real para a vida do estudante. Os apontamentos aqui registrados nos remetem a uma
escola do passado que maquiada atua e serve ao presente (GERALD, 2018).
Ainda, de acordo com Almeida e Franco (2014), o século XXI conta com muitas novas
tecnologias e que naturalmente já fazem parte da sociedade, disseminadas no ambiente familiar,
nas relações afetivas, na política, no âmbito social, no modo de produção, entre outros contex-
tos. No entanto, salientam que a função e a forma como a tecnologia será utilizada estabelecerá
para onde a sociedade será conduzida. O uso crítico e consciente das tecnologias de informação
e da comunicação irá potenciar o desenvolvimento e o conhecimento de uma sociedade.
Alves (2009, p. 123) afirma que “a inserção das TICs no ensino muda o papel do educa-
CAPÍTULO 10 119
dor de ‘transmissor de informação’ para ‘mediador na construção do conhecimento’, provocador
de situações, respeitando os diversos saberes.” O autor afirma que, “ainda que não se goste da
tecnologia, não há como negá-la”, já que a “sua função social primeira é garantir espaço para
inovações que permitam aprendizagem de qualidade”, direcionada em função de processos me-
todológicos possibilitados por formas inovadoras da prática pedagógica.
Gerald (2018) retrata que o início do século XXI vem sendo marcado pelo grande avanço
tecnológico digital, um mundo conectado, interligado, dinâmico e rápido. Momento que registra
a sociedade contemporânea de modo altamente tecnológico e fomenta a existência de uma ge-
ração com aptidões diferentes de gerações passadas. É uma realidade social contemporânea
estruturada e composta por uma população dependente da tecnologia, onde especialmente os
mais jovens, destacando-se os estudantes tornam-se muito próximos e ligados às inovações que
ela oferece.
Silva (2002), afirmam que as TDICs apresentam jogos digitais (JD), gamificação, con-
soles de nova geração modernizados e preparados para lidar com a lógica de rede. Expressam
que a educação tem através dos jogos potencial e que pode tomar posse desses equipamentos
para diversas atividades científicas dentro do âmbito escolar e acadêmico. Apresentam ainda
as plataformas computacionais livres com a computação aberta para incentivar o educando a
desenvolver seus próprios sistemas, um apoio ao empreendedorismo e dessa forma estimular a
expansão da distribuição do conhecimento de forma gratuita.
Neste contexto, segundo Antunes (1998), os jogos digitais (JD) e os jogos digitais edu-
cativos (JDE) abrem um espaço como ferramenta de ensino propiciando inteligências múltiplas
para crianças em pleno desenvolvimento.
Para resolver uma questão, diferentes habilidades são requeridas e trabalhadas no sen-
tido de solucionar o que foi solicitado. Para esse fim, os alunos precisam compreender o proble-
ma, elaborar uma solução e aplicar o plano que traçou mentalmente. O jogo de xadrez evidencia
esse processo por ser um jogo de estratégia e como JDE é de grande valia pedagógica, uma
ferramenta facilitadora e eficaz.
CAPÍTULO 10 120
O jogo de xadrez e seus possíveis benefícios
Para Oliveira e Carvalho (2011), o xadrez pode ser praticado a partir de três anos de ida-
de, tanto no formato físico como digital. Para crianças na primeira infância o jogo deve ser mais
lúdico; para crianças na segunda infância, lúdico e competitivo; para adolescentes e adultos,
mais competitivos; e na terceira idade, lúdico, competitivo e servindo também como um auxílio
para o retardo do envelhecimento cerebral.
Silva (2002), descreve que a prática do xadrez tem implicações educativas. Contextu-
alizando uma de suas regras: ao tocar em uma peça o jogador deverá usá-la, cabe ao jogador
analisar o que irá fazer, ou seja, irá pensar nas consequências de sua ação. Ao ponderar que
o jogador ao longo da partida é levado a analisar os lances antes de movimentar suas peças,
podendo vir a contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades do pensar com
abrangência e profundidade. O autor complementa que o jogo de xadrez ao ser apresentado ao
aluno de forma lúdica, deve considerar a realização de exercícios que impliquem no desenvol-
vimento da concentração, voltados a instigar o educando a pensar suas ações e dessa maneira
favorecer a aprendizagem dos diversos conteúdos do xadrez.
Grillo (2007) relaciona a tomada de decisões com a resolução de problemas, ele afirma
que os problemas no xadrez são resolvidos com tomada de decisões e mesmo que não tenha
sido a melhor, não deixa de ser uma tomada de decisão. No xadrez, tomadas de decisões ocor-
rem a todo momento considerando que a cada jogada surge um novo problema, seja em uma
partida ou nos diversos jogos pré-enxadrísticos.
CAPÍTULO 10 121
pela análise do contexto geral.
Em consonância com a era digital, diversos jogos de tabuleiros foram adaptados para
as plataformas digitais off-line e on-line, ganhando o xadrez destaque por ser um dos jogos mais
acessados na atualidade. O xadrez é apoiado por empresas que liberam sua prática em plata-
formas de forma gratuita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com vários autores citados neste trabalho, o jogo de xadrez apresenta-se
como uma ferramenta para o processo de ensino aprendizagem escolar, instigando, aprimo-
rando e rompendo com algumas barreiras sociais, econômicas e culturais, abrindo assim novas
possibilidades educacionais.
Os autores relatam que o jogo pode ser um mediador entre o processo ensino-aprendi-
zagem, fazendo parte de um rol de processo mentais em que a criança em sua fase de desen-
volvimento pode vir a ser estimulada pela concentração, interesses, memória e criatividade. Os
jogos podem servir como ponte para o divertimento e o aprendizado.
Desse modo, ao agregar a utilização do xadrez como um jogo digital há uma ampliação
de informações, podendo vir a reforçar e estimular o estudante a aprender. Atitude primordial
para o processo de ensino aprendizagem para questões escolares e na vida. Os métodos que
CAPÍTULO 10 122
conduzem o saber pensar são a base do raciocínio.
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CAPÍTULO 10 124
11
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.11
Abstract
Reflections on the subject of technological media have been deepened for years, given the evi-
dence of its influence on the formation of the contemporary subject and the need to explore the
subject in light of the rapid development of new technologies. The work was carried out through
experiments in a technology room and bibliographic research. The objective is to present some
current trends in Technological Media in the world, its historical elements, concepts and actions
that seek to contribute to its development in Brazil. Digital resources are important because we
live in a world where media are present, and it is necessary to consider their importance in social
life, particularly with regard to students. At the end of the work, the need to adapt the use of media
resources in the planning was found, in order to expand the sharing of knowledge.
O referido trabalho trata-se de uma atividade que tenta contribuir para a discussão do
Uso das Tecnologias no processo de Ensino e Aprendizagem, cooperar para a reflexão sobre a
mídia-educação e sobre a formação de profissionais da educação tendo como base os conceitos
bibliográficos e as experiências acumuladas ao longo da docência. Tendo como parâmetro de
estudo a expansão das tecnologias atualmente e sua adequação em sala de aula bem como o
currículo escolar.
Diante da evolução Tecnológica, ainda nos deparamos na educação com uma dificulda-
de de envolver os recursos tecnológicos e midiáticos no processo de Ensino e Aprendizagem
dos estudantes, as Salas de tecnologias são hoje uma realidade na maioria das escolas. Para
isso faz-se necessário à formação de futuros professores tendo as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs) como base comum no currículo de graduação, tornando-o um profissional
qualificado para pôr em prática o que aprendeu através de aulas voltadas para a pesquisa, utili-
zando as ferramentas tecnológicas disponibilizadas nas escolas públicas e privadas. Pierre Lévy
deixa claro essa questão quando diz:
O papel da informática e das técnicas de comunicação com base digital não seria “substi-
tuir o homem”, nem se aproximar de uma hipotética “inteligência artificial”, mas promover
a construção de coletivos inteligentes, nos quais as potencialidades sociais e cognitivas de
cada um poderão desenvolver-se e ampliar-se de maneira recíproca. (LÉVY, 1993, p.25)
Os usos das tecnologias proliferaram nas últimas décadas os avanços científicos e tec-
nológicos, nossa sociedade se tornou primeiro de tudo informatizada e globalizada.
Entende-se que currículo escolar deve ser algo resistente ao tempo irreversível inalte-
rado onde a escola deverá cumpri-lo ao longo do ano letivo. No entanto, hoje a concepção de
currículo deve estar acrescida de um universo escolar mais dinâmico e extenso. Na era do avan-
ço das tecnologias em que vivemos atualmente essa concepção deve ser mudada no sentido de
adequar o currículo a nova realidade da escola e do estudante. Dessa forma podemos entender
o currículo como sendo algo inerente ao que o aluno vivencia dentro e fora da escola em seu
cotidiano e suas relações sociais, Grundy (1987) diz que:
O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um
conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência
humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas. (GRUNDY,
1987; p. 5).
Nas palavras de Grundy (1987), o currículo não pode estar aquém das experiências
humanas e não ser apenas um documento didático, sua abrangência é bem maior no sentido
de educação e sociedade, e uma organização das práticas do estudante relacionando-as com a
prática educativa. A prática do currículo escolar deve corresponder ao que é necessário e atrativo
para o sistema educacional atual, visto que as mudanças ocorridas são muitas e as escolas têm
dificuldade de acompanham essa evolução.
Vivemos numa era tecnológica e globalizada, dessa forma o Sistema Educacional deve
repensar essa ideia de que a escola é a única fonte de conhecimento como se pensava ante-
CAPÍTULO 11 127
riormente, pois na sociedade globalizada estamos rodeados de informações atualizadas sobre o
mundo real suas modificações políticas sociais, estruturais, bem como a aprendizagem não pode
estar dissociadas da aprendizagem experiencial dos estudantes.
Para Sacristan (2000) “Esse distanciamento se deve à própria seleção de conteúdo den-
tro do currículo e a ritualização dos procedimentos escolares, esclerosados na atualidade”. Não
podemos esquecer que o estudante, ao chegar à escola, traz consigo uma bagagem de influ-
ências adquiridas de fora do ambiente escolar com um comportamento individual oriundo da
sociedade em que está inserido, devendo esses aspectos ser considerados importantes para
auxiliar na formação do currículo escolar. Sacristan, (2000; p 109) traz a luz essa discussão ao
afirmar que:
Sendo o nosso estudante advindo de uma sociedade onde está rodeada de novas TICs,
a escola deve tentar encontrar um meio de aproveitar essa bagagem para adequar o ensino a
essa nova realidade aproveitando-se desse conhecimento prévio, para adequar os planos de
aula às novas tecnologias que os rodeiam e contribuindo para tornar as aulas mais agradá-
veis. Em suma a escola tem como uma de suas principais funções a de preparar o aluno para
atuar na sociedade que se encontra moderna e informatizada contribuindo para torná-lo cidadão
críticos participativos atuantes no mercado de trabalho.
Desta forma, os aparelhos tecnológicos dirigem suas atividades e condicionam seu pen-
sar, seu agir, seu sentir, seu raciocínio e sua relação com as pessoas. Diante dessa realidade,
delineiam os desafios da escola sobre esse tema na tentativa de responder como ela poderá
contribuir para que crianças e jovens se tornem usuários criativos e críticos dessas ferramentas,
evitando que se tornem meros consumidores compulsivos de representações novas de velhos
clichês (BELLONI, 2005, p.8).
Contanto que essa atuação ocorresse no sentido de amenizar ou até mesmo eliminar as
desigualdades sociais que o acesso desigual a essas máquinas estão gerando, tal fato poderia
se tornar um dos principais objetivos da educação. No tocante ao ensino, uma das formas a se
contemplar, dentre muito sugeridas para a educação para as mídias, seria estudar, aprender e
ensinar a história, a criação, a utilização e a avaliação das mídias como artes plásticas e téc-
nicas, analisando como estão situados na sociedade, seu impacto social, suas implicações, a
participação e a modificação do modo de percepção que elas condicionam o papel do trabalho
criador e o acesso às mídias.
CAPÍTULO 11 128
Para aplicação dessa forma de ensino/aprendizagem abordando a mídia, é necessário
evitar o deslumbramento, assumir a criticidade, abandonar práticas meramente instrumentais,
excluir a visão apocalíptica que favorece o conformismo e não a reflexão.
Mediante o que foi exposto, reflexões acerca do assunto devem ser implementadas,
contudo, o potencial educacional que as TIC oferecem não pode ser negado, mas precisa ser
integrado efetivamente na escola, principalmente na rede pública de escolarização, já que pode
servir como mais uma possibilidade para a construção da cidadania plena. Para tanto, faz-se
necessário estabelecer como propósito a utilização da produção multimídia para desenvolver
o potencial crítico sem negar o papel de consumidores que somos, mas sob forma consciente,
salientar a nossa função de emissores e receptores do saber e da informação.
ENSINO E TECNOLOGIA
CAPÍTULO 11 129
Devemos inferir, portanto que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola
promove, para todos. O domínio do conhecimento e o desenvolvimento de capacidades
cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais
dos alunos. (LIBÂNEO, 2005; p. 117)
Fica claro que a escola deve ter alvos bem definidos com a finalidade de desempenhar
bem o seu papel social, cujo objetivo deve sempre estar pautado no desenvolvimento intelectual
do estudante, para isso tal instituição precisa ter definido com clareza os seus objetivos, daí a im-
portância do currículo escolar bem como o uso adequado das tecnologias educativas, buscando
suas fontes de inspiração na sociedade globalizada e informatizada em que está inserida.
O ALUNO E A MÍDIA
Ao final do trabalho foi constatado a necessidade de inserir recursos midiáticos aos pla-
nejamentos. Conforme os autores estudados, ambos deixam claras questões relacionadas ao
currículo ou que o mesmo deve estar relacionado às experiências humanas. Outros como Lí-
baneo, atribuem à educação de qualidade como sendo aquela em que promova para todos os
desenvolvimentos de capacidades cognitivas e afetivas como indispensáveis às necessidades
individuais e sociais dos alunos. Há autor como Libâneo que defende o currículo desarticulado
das práticas políticas promovendo uma educação de qualidade com acesso para todos. Com
relação às tecnologias autores como Pierre Lévy deixa claro que a informática não existe para
substituir o homem e sim em consonância com a escola formar indivíduos capacitados para
uma tecnologia que está à frente de nosso tempo o currículo deve concordar com o seu tempo
adequando escola/realidade, é nesse contexto que podemos pensar às tecnologias de forma
sistematizada no currículo escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPÍTULO 11 130
aos recursos metodológicos que propiciam a aprendizagem.
Para que tal procedimento ocorra de maneira ordenada faz-se necessário que órgãos
competentes criem softwares educacionais cada vez mais atualizados e que os professores es-
tejam devidamente capacitados para o referido trabalho para que a escola caminhe no mesmo
passo da sociedade globalizada em que está inserida. Visando uma maior qualificação do aluno
e com isso um maior preparo, para atuação do mesmo no mercado de trabalho.
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CAPÍTULO 11 131
12
Inclusão x exclusão: a
problemática do uso dos
conceitos
Ivanildo Sachinski
Professor Colaborador do Colegiado de Pedagogia UNESPAR/União da Vitória.
Mestre em Educação da UFSC
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.12
CAPÍTULO 12 134
Cristovam Buarque que mesmo antes do termo excluído estar evidente no cenário político já o
apontavam. Oliveira (2004) assinala que Gilberto Duppas associa o surgimento das discussões
sobre exclusão social à conjuntura internacional, em que se evidencia o contexto da globalização
e a alteração do papel do Estado.
Num terceiro grupo, Oliveira (2004) apresenta as discussões do autor Ferraro, que se-
cundariza o aparecimento do termo, afirmando que os fatos novos são a frequência do termo ex-
clusão e sua ambiguidade de conteúdo. Procurando explicações afiram que este termo já podia
ser observado na obra de Marx nas áreas do trabalho e do poder. Importante destacarmos que
entendemos que Marx não se utiliza termo “exclusão” e sim “expropriação” e “exploração”.
Shiroma (2001) apresenta as ideias de Ruth Levitas que identifica três “tipos ideais” de
discursos associados com exclusão e inclusão social: o redistribucionista, o integracionista e o
da “subclasse”. O redistribucionista preocupa-se com a pobreza e propõe sua redução por meio
de redistribuição da riqueza. Criticando as desigualdades contrapõe a exclusão a uma visão de
cidadania. O integracionista atribui a exclusão principalmente ao desemprego e, por conseguin-
te, vê a inclusão como encaminhamento de pessoas ao trabalho pago. Aqueles da “subclasse”
centram-se nos aspectos da moral e do comportamento dos excluídos, alegando haver “deficiên-
cias” em sua cultura. Nesta visão, a inclusão social depende de mudanças culturais nos valores,
na ética.
Ainda nessa análise é possível identificar a tentativa por vários programas de projetar
uma possibilidade de igualdade entre os chamados excluídos e os incluídos. Para a autora a
ideia de todos incluídos na comunidade global, sujeitos aos mesmos riscos, cria uma situação
de igualdade simbólica que impõe, a todos, a mesma responsabilidade e compromisso moral de
combater a pobreza e a exclusão social.
Na análise de Oliveira (2004) este afirma que a utilização do termo inclusão nas décadas
de 70 e 80 era ligado diretamente ao mercado e que de tal forma se popularizou e se difundiu
amplamente que se tornou impreciso.
A dificuldade conceitual nem sempre é assumida assim com tanta clareza. Há aqueles
que chegam mesmo a admitir a utilização do termo exclusão social unicamente como substituto
pouco refletido de outros conceitos já mais solidificados na tradição. (OLIVEIRA, 2004, p. 164)
O autor constata que no plano das políticas compensatórias a produção conceitual sobre
inclusão não se tornou algo importante, pois ficou fora das discussões diretas, mas não está
fora das relações estabelecidas em suas diversas formas de aplicação, principalmente porque o
termo exclusão usado sozinho rompe com a ideia de relação. As discussão de Shiroma (2001)
abre possibilidade de analisarmos aquilo que Leher (2009) aponta como genocídio intelectual.
Essa visão de Leher (2009) pode ser percebida quando ele aponta que as relações so-
ciais que estão chegando na escola direcionam para uma perspectiva de todos terem educação,
retomando concepções que vinham sendo utilizadas e haviam ficado fora do contexto por um
CAPÍTULO 12 135
tempo. A Constituição de 1988 acenava para um contrato social, pois já no início da década de
90 começa-se a discutir um reforma de estado que não é aquele da constituição. A uma tentativa
de implementação de conceitos e propostas internacionais que ganham espaço no território na-
cional, seja com o documento de Jomtien (1990) ou com Salamanca (1994).
Em política de educação especial essa lógica está muito presente, quando a legislação
não vem para romper com a ideia de integração, mas sim com a segregação, onde não se admite
a exclusão. Precisamos analisar a utilização equivocada ou imprecisa dos termos, o texto de Oli-
veira (2004) leva a uma constatação importante, a falta de definições permite que a análise fique
na aparência, e que quanto mais ficamos apenas na análise no fenômeno mais distante estamos
da essência, daquilo que realmente se estrutura por de traz desses aspectos. Oliveira chama
atenção que trabalhar com a temática de exclusão não se constitui uma negação imediata,
Que apenas reafirma a afirmação pois, em termos práticos, a inclusão do excluído é sua
integração à lógica do princípio sintético, à lógica do capital. Em suma, é a negação da negação
que precisa ser construída, como alternativa teórico prática capaz de compreender e superar a
exclusão e a inclusão (OLIVEIRA, 2004, p. 179)
Quando os documentos tratam inclusão como oposição a exclusão afirmam que está
política inclusiva possibilitará a superação da lógica da exclusão, expressando parte de um pro-
jeto de educação e sociedade que busca manter a organização social capitalista, obscurecendo
as relações de classe, levando a ineficiência da lei. Shiroma et al (2005) em estudo comparativo
das publicações de documentos nacionais e internacionais afirmam que “a literatura derivada
das pesquisas comparativas aponta uma tendência crescente à homogeneização das políticas
educacionais em nível mundial” (SHIROMA et al 2005, p. 428). Entendemos que essa tendência
toma corpo nas relações ligadas à educação especial, sem uma diferenciação do que é educa-
ção especial, educação inclusiva e inclusão.
Garcia (2009) discutindo as políticas públicas de educação especial afiança, que tem
acontecido um fracionamento das análises referentes ao conceito, principalmente sobre as lutas
CAPÍTULO 12 136
sociais.
Tal estratégia estabelece uma mediação no sentido de pensar, de maneira isolada, cada
um dos grupos focalizados pelas políticas públicas, fazendo parecer que cada sujeito constitui
apenas uma categoria social, ou seja, o negro não é deficiente, o deficiente não é mulher, a mu-
lher não é idosa, e assim sucessivamente. (Garcia 2004, p. 1)
As estatísticas intervêm nos processos de governo, uma vez que os números moldam
nossa maneira de ‘ver’ as possibilidades de ação, de inovação e até nossa ‘visão’ de nós mes-
mos. São produtos de interesses sociais, políticos e econômicos, sensíveis às decisões meto-
dológicas de organizações complexas com verbas limitadas. (POPKEWITZ & LINDBLAD, 2000,
p.117)
Garcia (2009) afiança que os termos muitas vezes usados em educação especial têm
origem em outros momentos históricos e que são retomados em um novo contexto tornando-se
necessário perceber o caráter de sua apropriação.
Leher (2009) em sua análise a respeito das políticas focais ressalta que elas não geram
CAPÍTULO 12 137
mudanças significativas, principalmente por serem limitadas. Mas ao mesmo tempo o objetivo da
inclusão exige a ampliação dessas ações, sendo necessário atender meninas, negros, menores
infratores e diversas combinações específicas entre esses atributos, conformando toda sorte
de subgrupos, sendo cada vez mais difundido por um eficiente discurso de órgãos como Banco
Mundial (BM), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNES-
CO), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), e mais uma série de Or-
ganizações não Governamentais (ONGs). Para Leher (2009) as contradições fundamentais exis-
tentes dentro do contexto capitalista vão se tornando inertes por um processo de esvaecimento,
e que a torna objeto de ressignificação para uma estrutura que direciona para o consenso.
Para Leher (2009) as atuais políticas de inclusão são trabalhadas partindo de um pres-
suposto que a exploração no mundo do trabalho não é algo significativo para o estabelecimento
dessas condições, ficando numa margem lateral frente a outras variáveis-chaves, como a edu-
cação, a formação profissional, o transporte e a alimentação.
A exclusão escolar e profissional para Bueno (2008) passou a ser uma perspectiva políti-
ca inquestionável dentro da ótica das políticas neoconservadoras. Portanto, perfeitamente com-
patíveis com a perspectiva política, da educação inclusiva, porque sempre haverá a quem incluir
na escola, já que ela não será para todos, e da mesma forma, da sociedade inclusiva, porque a
inclusão social ocasionada pela única possibilidade para a maior parte da população – o trabalho
– também será para todos.
Essa discussão a respeito da inclusão e exclusão ganhou tanto campo que Bueno (2008,
p. 43) afirma que a inclusão escolar surge como a “nova missão da escola” e que qualquer ques-
tionamento a respeito é encarado como heresia, no sentido de não haver realmente questiona-
mento, alimentando o que chama de hegemonia discursiva.
CAPÍTULO 12 138
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade do século XXI esteve desde seu início inundada de tentativas que procu-
ravam uniformizar ou democratiza-la, isso quando pensamos em uma sociedade capitalista é
perfeitamente perceptível a necessidade de se criar uma pseudo colocação do ser nesse meio,
mesmo que ela não seja efetiva, pois a necessidade de se direcionarem ações de cunho as-
sistencialistas, em políticas focalizadas proporciona o que chamam de inclusão, isso no campo
social, no campo digital ou no educacional.
A tematização de inclusão como tema de todas as ações que procuram amenizar o im-
pacto social do capitalismo pode ser percebido nos discursos governamentais e nas teorizações
legitimadoras do discurso. O impacto marcante disso está diretamente ligado a indissolubilidade
e negativa da contradição nesses assuntos, levando os a serem utilizados de tal forma que não
se pode questionar sua utilização e as ações que procura, senão é contra o direito de participa-
ção, a democracia ou a até a liberdade.
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CAPÍTULO 12 139
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CAPÍTULO 12 140
13
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.13
Abstract
This article seeks to present the results of a master's thesis that analyzed the history of secon-
dary school teachers in Dourados, Mato Grosso, during the validity of Decree Law n. 4.244/1942,
part of the Capanema Reform. The period established for this research was from 1951 to 1961,
which includes, respectively, the creation of the Presidente Vargas Gymnasium, in the city of Dou-
rados, and the year in which the period of validity of the Capanema Reform ended, with Law n.
4024/1961, the Law of Guidelines and Bases of National Education. It was a historical documen-
tal research, for which the documents collected at the Regional Documentation Center (CDR) of
the Federal University of Grande Dourados (UFGD) on the Osvaldo Cruz Gymnasium (1954) and
on the Presidente Vargas Gymnasium were transformed into sources (1951/1958), in addition to
having related the documents of these collections with the Organic Law of Secondary Education
of 1942, part of the set of laws known as Reforma Capanema. These sources were analyzed from
the perspective of Certeau (1982) and Le Goff (1990). The analysis showed that the majority of
the teaching staff of secondary education in Dourados, between the years 1951 and 1961, was
formed by lawyers, doctors, priests. Secondary Education Organic Law. It was concluded that
high school teachers from Dourados sought to adapt to Decree-Law n. 4.244/1942 regarding
training, but faced many challenges in relation to salary and working conditions.
No período histórico em que fazia parte do estado de Mato Grosso, antes da criação do
estado de Mato Grosso do Sul em 1977. O município de Dourados foi criado em 1935 quando
foi emancipado do município de Ponta Porã. De 1943 a 1946 Dourados fez parte do Território
Federal de Ponta Porã.
Getúlio Vargas se torna uma figura de destaque neste estudo por conta que no período
em que foi presidente várias transformações políticas importantes com a instalação do Estado
Novo (1937- 1945), surgiram os Decretos-Lei do Ensino Secundário e também houve a política
de ocupação de territórios que tem influência direta na criação dos Ginásios em Dourados/MT,
destaca- se que a “Marcha para o Oeste” de 1940 exerceu um papel importante na história do
ensino secundário na região de Dourados/MT já que, as famílias vinham trabalhar na cidade e
necessitavam de escolas para seus filhos estudarem, isso ajudou na instalação dos Ginásios.
A instalação do Estado Novo em 1937 traz mudanças políticas importantes para o País,
como destaca Diniz (1999):
Nesse momento, é a figura do Vargas ditador que assume o primeiro plano, a imagem do
homem que, através de um golpe de Estado, com o auxílio das Forças Armadas, instaura
a ditadura, pondo fim à breve e turbulenta experiência democrática de 1934-37, traindo
assim os ideais da revolução de que fora um dos principais líderes. (DINIZ, 1999, p. 23).
O Brasil neste momento histórico é marcado por um governo autoritário, que controlava
até mesmo a imprensa, mas, que tinha popularidade principalmente entre os trabalhadores. Este
período é definido por Fausto (1999) como um regime cheio de controvérsias “diabo é esse regi-
me que gera essencialmente uma série de males e, ao mesmo tempo, tem facetas de progresso.
” (FAUSTO, 1999, p. 20).
A popularidade de Getúlio Vargas com os trabalhadores era de tal forma que os traba-
lhadores no País vendiam seu trabalho pensando no Progresso do Brasil. O trabalhador era
colocado como um ator de transformação da situação econômica, cabendo a ele velar para ter
a ascensão social e contribuir ao mesmo tempo para o crescimento socioeconômico do País.
Gomes (1999) resume este período:
CAPÍTULO 13 143
O trabalhador, mesmo sendo pobre, era um homem bom e honesto. Suas dificuldades e
sua pobreza não deviam ser associadas a falhas morais, mas às condições estruturais
do sistema sócio-econômico, que podiam ser vencidas. A ascensão social do trabalhador
estava, portanto, relacionada à intervenção do poder público e na dependência deste,
única força capaz de superar os enormes problemas que condicionavam e impediam sua
realização pessoal. (GOMES, 1999, p. 71).
Esta ideia do Estado Novo instalada pelo Estado Novo de que o trabalhador devia pensar
no progresso do País, tem relações estreitas com o desenvolvimento da região do Mato Grosso,
e com o desenvolvimento da cidade de Dourados/MT, falarei mais a frente sobre isso.
um ensino que rompesse com o modelo tradicional de educação que até então vigorava.
Segundo os pressupostos escola novistas, o professor seria um direcionador do saber e
os alunos seriam agrupados de acordo com as áreas de interesses, assim, as atividades
seriam mais livres o professor atuaria como um estimulador do processo educativo que
decorreria de um ambiente que propiciava o aprendizado. (BOUTIN; SILVA, 2015, p. 2).
O Manisfesto dos Pioneiros foi importante também para as discussões sobre o ensino
secundário, já que o manifesto previa que a educação deveria ser pública e gratuita e para todas
as classes. Sendo assim, não seria somente para as elites. Para Xavier (2002) o Manisfesto
dos Pioneiros foi “um momento significativo do processo de especialização e autonomização do
campo educacional.” (XAVIER, 2002, p. 7).
Neste período do Estado Novo também são criadas os Decretos-Lei que vão organizar
o ensino secundário, as Reformas do Ensino Secundário Francisco Campos (1931) e a série de
leis que ficou conhecida como Reforma Capanema (1942).
METODOLOGIA
A dissertação em questão trouxe não só aspectos do momento histórico que o Brasil es-
tava vivenciando na Era Vargas, mas, também buscou compreender como se articulou o Ensino
Secundário no Brasil, buscou entender também como se desenvolveu o Ensino Secundário na
região de Dourados/MT e por fim responder à pergunta de pesquisa sobre quem foram os pro-
fessores e professoras do ensino secundário de Dourados no período de 1951 a 1961.
Esta pesquisa foi histórica- documental, utilizando –se de documentos de duas institui-
ções de Ensino Secundário: Ginásio Osvaldo Cruz (1954) e Ginásio Presidente Vargas (1958).
CAPÍTULO 13 144
Quadro 1 - Relação de documentos encontrados no CDR sobre professores, Ginásio Osvaldo
Cruz.
Documentos Ano de registro
Memorial de instalação do Ginásio Osvaldo Cruz 1954
Fotos do Ginásio Osvaldo Cruz 1954
Ata de criação do Ginásio Osvaldo Cruz 1954
Registro dos nomes dos professores e professo-
ras com as disciplinas ministradas- professores e 1954 a 1960
professoras em exercício
Remuneração dos professores e professoras 1954 a 1960
Regulamento escolar- contemplando os deveres 1954
dos professores e professoras
Horários de aulas 1954 a 1960
Distribuição de alunos por turma 1960
O referencial teórico utilizado para esta pesquisa foi Certeau (1982),com base na pers-
pectiva da Nova História Cultural1 a manipulação dos documentos das referidas instituições pas-
sou pela ideia de Certeau (1982) de que o historiador “trabalha sobre um material para trans-
formá-lo em história. Empreende uma manipulação que, como as outras, obedece a regras.
Manipulação semelhante é aquela feita com o mineral já refinado.” (CERTEAU, 1982, p. 72).
Outro teórico utilizado para embasar a metodologia deste estudo foi Le Goff (1990) que
explica que:
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da socie-
dade que o fabricou segundo as relações de forças que detinham poder. Só a análise do
documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador
usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. (LE GOFF, 1990, p.
470).
Nesse sentido, todos os documentos que foram indagados para construir o trabalho.
Luckese (2014) considera que “Todos os documentos que nos chegam do passado são plenos
de relações, de jogos de sentido e significação, construídos e preservados no tempo para as
gerações futuras. ” (LUCHESE, 2014, p. 149).
1Para Pesavento (2003) A História Cultural hoje pode ser considerada como uma História sem fronteiras. Vem da escola dos
Annales. Ganhou vertentes no Brasil, onde se destacam vários autores brasileiros.
CAPÍTULO 13 145
DESENVOLVIMENTO
O Ensino Secundário no Brasil teve início com os jesuítas em 1500, os jesuítas são re-
conhecidos como os primeiros professores, intelectuais e pensadores brasileiros.
Vechia (2014) comenta que os jesuítas foram expulsos do Brasil, a partir daí em 1772
houve um projeto de “aulas- régias” proposto pela Coroa Portuguesa e que era um modelo onde
docentes eram contratados para ministrar aulas avulsas, que não estavam necessariamente
ligadas à organização de uma escola. “A autora menciona ainda que o modelo de aulas-régias
perdurou por alguns anos no país uma vez que os professores em sua maioria haviam recebido
formação com “mentalidade do ensino jesuítico” (VECHIA, 2014, p. 79).
Para Vechia (2014) aponta que houveram poucas mudanças no ensino secundário até
o Ato Adicional de 1834 que dizia que era dever ofertar o ensino secundário. Este Ato contribuiu
para a educação secundária como uma forma de organizar em um mesmo espaço as aulas que
antes eram desarticuladas umas das outras.
Pessanha (2019) destaca em seus estudos que no Brasil no século XIX, houve a expan-
são do Ensino Liceal, sobretudo a partir de 1834. A autora relata que que as instituições eram
imponentes, indicando que as autoridades queriam deixar visível nos prédios gigantescos, a pre-
ocupação que queriam mostrar ter com o ensino. O Ensino Liceal foi marcado por formalidades
e rigor para a boa ordem das instituições. “Para estudantes e professores os espaços do Ensino
Liceal abrigavam uma vida colegial austera, formal, onde era necessário obedecer a regras disci-
plinares rigorosas, horários e rituais, sob pena de receber punições.” (PESSANHA, 2019, p. 94).
Os Decretos-Lei que se destacam para o ensino secundário na Era Vargas e que têm
relação com a pesquisa desenvolvida são o Decreto 19.890, de abril de 1931, dispõe sobre a or-
ganização do ensino secundário, conhecida como Reforma Francisco Campos. E o Decreto-Lei
n. 4.244 de 9 de abril de 1942, Lei Orgânica do Ensino Secundário, parte da chamada Reforma
Capanema.
Irei destacar aqui apenas alguns pontos relacionados aos professores nestes dois decre-
CAPÍTULO 13 146
tos-lei. O Decreto 19. 890, de 18 de abril de 1931 dispõe no artigo 69 a organização dos profes-
sores dizendo que os professores deveriam ter registro reconhecido pelo Departamento nacional
do Ensino, que os professores teriam prova de identidade, prova de moral, deveriam apresentar
certidão de idade, certidão de aprovação em instituto de ensino secundário ou superior afim de
ministrar as disciplinas pretendidas, deveriam apresentar também os diplomas científicos bem
como os trabalhos publicados, deveriam ainda realizar prova de exercício do magistério.
O ensino secundário, que era de sete séries, foi transformado em fundamental, de cinco
anos, e complementar, com mais dois anos. Ao completar esses dois ciclos, fundamental
e complementar, tinha-se assim caminho aberto para o ensino superior. Não podemos dei-
xar de falar um pouco sobre a estrutura do ciclo complementar. Se o fundamental se com-
punha de um bloco único com cinco anos para todos alunos, o complementar dividia-se
em três vertentes: complementar de direito, medicina e arquitetura/engenharia. (SOUZA,
2018, p. 22).
Cabe colocar aqui que, a Reforma Francisco campos não estava em vigência no perí-
odo compreendido na pesquisa, mas, é importante ser citada para a compreensão do histórico
do Ensino Secundário. No período da pesquisa a vigência era do Decreto-Lei 4.244 de 1942, a
Chamada Reforma Capanema (1942) que também dava diretrizes para os professores seguirem
como destaca o artigo 79:
Como se pode ver, o Decreto-lei previa que os professores deveriam ter formação em
cursos apropriados, que deveriam prestar concursos, deveria ter inscrição e realizar prova de
habilitação para lecionar, deveria ter registro junto ao Ministério da Educação e deveria receber
pontualmente e sua remuneração deveria ser justa. Estas informações do Decreto-Lei 4.244 de
1942 serão discutidas mais adiante com relação a realidade dos professores secundaristas em
Dourados.
O Estado Novo criou formas dividir os territórios do País. No ano de 1943, por meio do
Decreto-lei nº 5812 de 13 de setembro foi criado o Território Federal de Ponta Porã, Dourados
fazia parte do Território Federal de Ponta Porã neste período e essa divisão durou até 1946, pós
CAPÍTULO 13 147
este período a cidade voltou a fazer parte do estado de Mato Grosso.
Assim como aconteceu em todo o Brasil, o povo estava a serviço do patriotismo como
mencionado anteriormente, e várias regiões estavam sendo ocupadas por trabalhadores dispos-
tos a trabalhar pelo desenvolvimento do País.
O povoamento de Dourados não foi diferente, os colonos que aqui vieram instalar suas
casas tinham características de “um espírito desbravador por parte deles, já que tinham que
entrar na área e iniciar as roças por meio da abertura de picadas, estradas e demarcações dos
lotes, isentando o governo federal dos gastos para tal tarefa.” (IRALA; MARQUES, 2017, p. 17).
O ensino secundário, surge na cidade com a necessidade de os filhos dos colonos estu-
darem, pois, haviam escolas primárias, mas, ainda não haviam escolas secundárias. Em 1954 foi
instalado o Ginásio Osvaldo Cruz, mas esta instituição era particular e nem todos podiam pagar
para seus filhos estudarem. Mais tarde, em 1958 é inaugurado o Ginásio Presidente Vargas que
ajudou neste processo de acesso ao ensino secundário para os que não podiam pagar.
A instalação dos dois Ginásios na cidade de Dourados não foi simples, ambos tiveram
dificuldades na estrutura física para funcionar. O Ginásio Osvaldo Cruz por exemplo, funcionou
em duas sedes antes de ter sede própria, as instalações eram muitos simples, com salas de ma-
deira. Já o Ginásio Presidente Vargas teve dificuldades de se instalar desde o início, foi criado
em 1951 e só funcionou em 1958 após insistências da população douradense e intervenções
políticas para que de fato funcionar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPÍTULO 13 148
documentos dos Ginásio Osvaldo Cruz existem registros de habilitação CADES dos docentes.
Ainda foram observados neste trabalho que, os professores e professoras tinham muita
dificuldade para exercer seu trabalho, pois nem sempre as instalações dos Ginásios eram bem
estruturadas e as dificuldades também estavam relacionadas com a remuneração dos professo-
res e professoras que era muito baixa.
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 13 150
14
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.14
Abstract
This article aims to bring reflections on the development of research in the field of History of
Education from the perspective of New Cultural History. The methodology used is the literature
review with authors from the educational field, such as: Bastos (2016), Certeau (1982), Gómes
(2003), Nóvoa (2015), Vidal and Faria Filho (2003) and Pesavento (2003). The development re-
lies on the explanation of the steps that a historian of education must follow to produce research
in this field, it is exposed that the historian must understand the field, seek data and organize
these data, must reflect on the possibilities of writing from theorists that help you to think about
your research problem, it is important to look into the sources, understanding that they need to
be well analyzed to produce a good text, it is also essential to understand the historical moment
in which the research is inserted and finally they were listed several reflections on the production
of historical narrative. It is concluded that the historian's work is not a simple task, which requires
reflection, organization, understanding of the past/present, methodological rigor and understan-
ding of what historical writing is. The historian must keep his distance from his object of study and
must understand that the past cannot be judged. The construction of research, despite meeting
all rigors, should not be a plastered production, it should seek a narrative based on sources, but,
which produces something with a difference, this historiography must be guided by what the field
requires and must be written ethic.
Este artigo tem como objetivo trazer reflexões acerca de pesquisas no campo da História
da Educação, na perspectiva da Nova História Cultural1. Antes de adentrar nas reflexões sobre
pesquisa é necessário entender um pouco sobre a Nova História Cultural. Pesavento (2003) ex-
plica que do período de 1980 a 1990 surgiram vários questionamentos de como se fazer história,
e neste período houve uma crise nas ciências humanas com relação as formas interpretativas
do real da história:
Foram deixadas de lado concepções de viés marxista, que entendiam a cultura como inte-
grante da superestrutura, como mero reflexo da infraestrutura, ou mesmo da cultura como
manifestação superior do espírito humano e, portanto, como domínio das elites. Também
foram deixadas para trás concepções que opunham a cultura erudita à cultura popular,
esta ingenuamente concebida como reduto do autêntico. (PESAVENTO, 2003, p. 8).
A autora continua explicando que a cultura é ainda uma forma de expressão e tradução
da realidade que se faz de forma simbólica, ou seja, admite-se que os sentidos conferidos às
palavras, às coisas, às ações e aos atores sociais se apresentem de forma cifrada, portando já
um significado e uma apreciação valorativa.
Observa- se que nessa forma de se apropriar da cultura para o estudo da história ad-
mite- se pontos relevantes que anteriormente não tinham significação. Tanto no Brasil quanto
em outros países o entendimento da cultura ganhou espaço nas universidades e mídias e o
campo da História expandiu. Essa mudança na análise “pode ser vista como um ajustamento da
realidade do mundo às formulações explicativas do homem para dar conta do próprio mundo.”
(PESAVENTO, 2003 p. 9)
METODOLOGIA
DESENVOLVIMENTO
Dou início com os estudos de Bastos (2016), a autora se reporta aos estudos de Duby
(1998) que relata que o historiador não pode se fechar no passado, mas refletir sobre os proble-
mas de seu tempo.
1Pesavento (2003) relata que a Nova História Cultural é considerada como uma História sem fronteiras. Vem da escola dos
Annales (1929) que começou a dar possibilidade ao historiador de construir suas próprias fontes. Ganhou vertentes no Brasil,
onde se destacam vários autores brasileiros.
CAPÍTULO 14 153
Nesse sentido de contribuição da pesquisa para o campo da História da Educação se
destaca o estudo de Vidal e Faria Filho (2003) que faz uma abordagem sobre a trajetória da His-
tória da Educação como disciplina e expõe que como autores do campo da História da Educação
travaram lutas para que a História da Educação no Brasil fosse realizada e desta forma os auto-
res Vidal e Faria Filho (2003) explicam:
Compreende- se a partir desta colocação dos autores que a luta pela disciplina não foi
somente no sentido de se ter a disciplina História da Educação, mas de constituir um campo
investigativo que contribua de fato com a sociedade. Pensar a História da Educação como uma
ciência seria o ponto um de qualquer reflexão sobre pesquisa neste campo. Pois, este campo já
travou lutas para existir.
A reflexão sobre História da Educação deve ser contínua, em todos os passos da pes-
quisa o historiador da educação se coloca diante que questões. Nóvoa (2015) traz uma primeira
reflexão “Procura, dentro de ti, os problemas que te inquietam, aquilo que queres saber e com-
preender.” (NÓVOA, 2015, p. 24)
Em seus estudos Bastos (2016), faz uma síntese da problemática que envolve o campo
da História da Educação, relata os desafios da organização do campo propriamente dito, segun-
do a autora a História da Educação Brasileira necessita de avanços no que diz respeito a cons-
tituição de bancos de dados e repertório de fontes. Bastos (2016) esclarece:
Certeau (1982) destaca em dado momento a expressão “ir aos arquivos” (CERTEAU,
1982, p. 84), dizendo que esta é uma lei da História, buscar arquivos para analisar é de suma
importância quando se trata do estudo em História. Os arquivos nem sempre estão organizados.
Desta forma, o historiador da educação deve organizar as suas fontes de forma a construir o seu
CAPÍTULO 14 154
banco de dados. Construir o seu próprio “canteiro de obras” (CERTEAU, 1982, p. 77).
Este trabalho de organização vai depender das fontes que o historiador da educação tem
em mãos. Se as fontes forem digitais poderá organizar em pastas no computador. Se as fontes
forem impressas poderão ser arquivadas em pastas, se as fontes forem de arquivos poderão
(com autorização) ser digitalizadas. Contudo é necessário que o historiador da educação busque
fazer um bom manuseio das fontes e tenha formas estratégicas para organizar, o autor destaca
que a “Manipulação semelhante é aquela feita com o mineral já refinado”. (CERTEAU, 1982, p.
79). O historiador da educação vai organizar as fontes de forma a refinar o material que tem em
mãos.
O terceiro passo para refletir sobre a história da educação seria compreender que o
passado, fazer relação com o futuro e a escrita da História. Me reporto aos estudos de Lee Goff
(1990) para esclarecer que a relação passado/presente é muito mais do que estudar a História
propriamente dita mas “antes de considerar a oposição passado/presente no quadro da memória
coletiva, ter em mente o que ela significa em outros domínios: o da psicologia e, principalmente,
o da psicologia infantil e da lingüística.” (LE GOFF,1990, p.180).
Sendo assim, os estudos que relacionam passado com presente devem considerar o
tempo em que se escreve e relacionar este tempo com a forma em que se escreve, ou seja, res-
peitar o espaço em que se pretende estudar e saber expressar a forma como se escreve, se no
passado, no presente ou futuro na escrita.
Nesse sentido, escrever História é uma tarefa um tanto complexa, pois deve-se observar
o tempo de que se escreve e observar os tempos linguísticos que se emprega na escrita. Sobre
a escrita da história Le Goff (1990) expõe:
Observa- se aqui que o segundo passo (buscar dados), e o terceiro passo (refletir sobre
a história da educação) se interligam aqui. Só é possível construir uma narrativa histórica a partir
de fontes, Lee Goff (1990) comenta sobre a habilidade do historiador:
A leitura dos documentos não serviria, pois, para nada se fosse feita com ideias precon-
cebidas... A sua única habilidade (do historiador) consiste em tirar dos documentos tudo
o que eles contêm e em não lhes acrescentar nada do que eles não contêm. O melhor
historiador é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos". (LE GOFF 1990
p. 463)
Na ótica de Lee Goff (1990) ser historiador requer uma habilidade para tratar de forma
ética os documentos selecionados para uma pesquisa. Observar nos documentos que serão
selecionados as informações relevantes a pesquisa de forma mais clara possível, procurando
CAPÍTULO 14 155
observar bem o contexto no qual os documentos foram produzidos.
Montar, combinar, compor, cruzar, revelar o detalhe, dar relevância ao secundário, eis o
segredo de um método do qual a História se vale, para atingir os sentidos partilhados pe-
los homens de um outro tempo. Mas, neste rastreio do método, um outro elemento ainda
se coloca como essencial para o historiador. (PESAVENTO, 2003, p. 38).
O debruçar do historiador sobre as fontes seria o quarto passo, após saber o problema
de pesquisa, organizar as fontes, fazer reflexões e leituras sobre a história da educação, chega
um momento crucial de uma pesquisa que é analisar as fontes coletadas. Os estudos de Le Goff
(1990) tratam do documento enquanto monumento (herança do passado):
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é produto da sociedade
que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do
documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá- lo e ao historiador
usá- lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. (LE GOFF 1990, p. 470)
Compreende- se estudando este autor então, que o historiador, deve selecionar os docu-
mentos e questionar estes documentos afim de perceber quais as relações que se estabeleciam
no tempo em que estes documentos foram criados e com quais funções foi criado, para atender
quais eram as demandas da sociedade. Fica claro neste sentido que é fundamental que o histo-
riador relacione o documento com o contexto histórico e social que foi produzido.
Entramos aqui no quinto passo de uma pesquisa no campo da história da educação, que
seria compreender o momento histórico em que a pesquisa está inserida. Levar em considera-
ção os que estava acontecendo no País, no estado, na cidade no período em que se pretende
estudar. A periodização e a contextualização são de grande valia. Pois, nenhum elemento da
história é isolado:
Compreender o momento histórico em que uma pesquisa está inserida, saber o acon-
teceu antes e depois, se torna fundamental. Todas as rupturas que antecederam o período de
uma pesquisa devem ser conhecidas pelo historiador. Nóvoa (2015) faz uma reflexão sobre o
tempo na história “O nosso objecto é o passado, mas as perguntas somos nós que as fazemos,
a partir do nosso tempo, do tempo presente. Por isso, não podemos ignorar nem o passado nem
o presente”. (NÓVOA, 2015, p. 25).
O sexto passo para a produção de uma escrita histórica seria a escrita propriamente dita,
Certeau (1982) descreve o caminho do historiador como um caminho onde existe o vazio, relata
CAPÍTULO 14 156
que o historiador cria um vínculo com o que ele chama de um “o outro mundo”, considerando que
este vínculo se torna de certa forma tranquilo pois o historiador trata com quem não pode o fazer
mal, referindo-se aos mortos.
Descrevendo sobre a escrita da História, o autor relata que a historiografia deve se preo-
cupar com o lugar de onde se produz o discurso, e que o historiador deve se proteger no distan-
ciamento do seu objeto de estudo.
Nesse sentido, o autor destaca que o distanciamento do tempo em que se escreve faz
todo o sentido, pois o historiador se distancia de ideias sobre o objeto de estudo e mergulha num
rio cheio de descobertas pelo saber.
Ainda sobre a escrita da História Certeau (1982) relata que a historiografia não é só um
ato de “contar a história”, mas de produzir uma história, e que esta se ocupa de uma preocupa-
ção com a temporariedade pois é a partir dela que se mantem uma ordem na escrita e que se
produz com coerência.
Para Certeau (1982) a escrita da História não se faz para enterrar o passado, mas, sua
produção é capaz de honrar ou eliminar a partir do texto, a escrita é capaz de produzir uma rela-
ção dos mortos para o leitor vivo, de uma sociedade anterior com a atual.
Neste mesmo pensamento sobre o rigor na escrita da História Gómes (2003) ressalta
que escrita tem complexidades, não é apenas um instrumento da História, mas, um sistema que
inclui signos e regras que requerem qualidade técnica e material e não somente quantidade de
texto.
Segundo o autor a escrita deve atender também estudos que considerem o social e o
cultural. Sendo assim, a escrita histórica precisa dar significados as sociedades que estudam.
Nesse sentido, a escrita da história não pode se confundir com a pura descrição do documento,
um livro, ou transcrição de um testemunho, precisa ser uma construção com vistas a compreen-
são do momento passado com vistas no atual.
Para Gómes (2003) a escrita da História perpassa pela compreensão global de uma
sociedade, é a conjunção de normas, capacidades de manusear impressos e manuscritos, afim
de construir significados para uma sociedade. A produção da escrita da histórica nesse sentido
deve determinar a imagem da sociedade que representa, considerando: as fontes do discurso,
testemunhas e representações.
CAPÍTULO 14 157
tempo em sua produção, levando em consideração aspectos que remetam ao tempo que a pro-
dução histórica pretende estudar.
Sobre o ofício do historiador Le Goff (1990), escreve que a relação passado/ presente
que existe na História deve levar o historiador a ter certos cuidados, deve refletir sobre a relação
com o ´passado e não julgar, para tanto o autor se reporta aos estudos de Génicot 1980, que ex-
plica: O historiador não tem o direito de prosseguir uma demonstração, de defender uma causa,
seja ela qual, for, a despeito dos testemunhos. Deve estabelecer e evidenciar a verdade ou o que
julga ser a verdade. (LE GOFF, 1990, p. 23)
Para Le Goff (1990) a História não deve conduzir outros saberes e nem mesmo a so-
ciedade, mas, é fundamental que ela faça parte da construção do saber “o historiador também
deve ser ouvido” (LE GOFF ,1990, p. 41). Na perspectiva do autor o historiador é que constitui a
relação entre passado, presente e futuro e seu trabalho é de extrema relevância, cabe ao histo-
riador então esforçar-se em seu processo de análise de acontecimentos, fatos e compreensão
da história, compreendendo que é um observador científico que trabalha de acordo com um
código moral.
Quando Paul Valéry declara: "A história é o, produto mais perigoso que a química do inte-
lecto elaborou... A história justifica o que se quiser. Não ensina rigorosamente nada, pois
tudo contém e de tudo dá exemplos" [1931, pp. 63-64]. Este espírito, aliás tão agudo, con-
funde a história humana com a história científica e revela a sua ignorância sobre o trabalho
histórico. (LE GOFF, 1990, p. 25)
No que se trata de falar sobre a História Nóvoa (2015) escreve que o historiador não
deve ignorar nem o passado nem o presente, mas, compreender que as perguntas sobre o pas-
sado surgem diante da compreensão do tempo. O autor relata que a História não é só a escrita
sobre o passado, mas, uma reflexão sobre o tempo e que o historiador não pode confundir épo-
cas, a sua interpretação deve partir de uma interpretação histórica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na ótica de Nóvoa (2015) existe um rigor deve-se construir interpretações sólidas, com
bases em documentos e fontes seguras, porém o historiador não deve produzir história enges-
sado. É necessário compreender o tempo e a cronologia de determinada época e escrever sua
narrativa de forma própria.
CAPÍTULO 14 158
na sombra. (NÓVOA, 2015, p. 32)
Os estudos com a História da Educação requerem cuidado por parte de quem o es-
creve, e rigor metodológico, requer leituras e reflexões ao longo do processo. Conclui- se aqui,
que a escrita de uma pesquisa na perspectiva da Nova História Cultural exige do historiador a
compreensão do campo, ou seja, é necessário em primeiro lugar compreender que a História da
educação é uma ciência.
Em segundo lugar foi elencado que é necessário buscar fontes e organizar os dados.
Isso faz parte do ofício do historiador, estudos de Certeau (1982) colocam a ida aos arquivos
como uma lei da história.
Em quarto lugar, foram realizadas reflexões sobre o “debruçar sobre as fontes”, é impor-
tante que o historiador faça relação entre as fontes e os teóricos que estudou afim de ir entrela-
çando a teoria com seu tema de estudo.
Em quinto lugar, foi elencado que é oportuno se pensar no momento histórico em que a
pesquisa está inserida, pois, a história não é isolada. A periodização do estudo é importante para
saber o que aconteceu antes e depois e para que se possa ter compreensão do ponto de partida.
Em sexto, foram feitas reflexões sobre a escrita propriamente dita. Como é a arte de
construir uma narrativa histórica, evidenciando a importância do rigor na escrita e de uma cons-
trução baseada numa narrativa ética.
REFERÊNCIAS
BASTOS, M.H.C. O que é história da Educação no Brasil hoje? Tempos de reflexão. Espacio. Tiempo y
Educación. 3 (1). 43-59. doi: http:// dex.doi.org/10.14516/ete.2016.003.001.4
GÓMES, Antonio Castillo. Historia de la cultura escrita. Universidade de Alcalá. Revista Brasileira da
Educação n°5 jan/jun.2003.
VIDAL, Diana Gonçalves e FILHO, Luciano Mendes de Faria. História da Educação no Brasil: a
constituição histórica do campo (1880- 1970). Revista Brasileira de História. São Paulo. V.23, n° 45,
p.37-70, 2003.
CAPÍTULO 14 159
15
Mitos e verdades sobre a pediculose
para os alunos do sexto ano na
Escola Estadual Joaquim Nabuco,
Oiapoque, Amapá, Brasil
Myths and truths about pediculosis
for sixth grade students at Joaquim
Nabuco State School, Oiapoque,
Amapá, Brazil
Laís Débora Ferreira Barroso
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
Jandinaia Araujo Pinheiro Marciel
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
Emerson Monteiro dos Santos
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.15
Abstract
Pediculosis is an infestation in humans caused by sucking lice, called pediculosis. The objecti-
ve of this work was to explain the myths and truths about pediculosis to sixth-year students at
the Joaquim Nabuco State School, in the city of Oiapoque-AP. The methodology applied in this
research was the application of a questionnaire that consisted of ten objective questions. Three
meetings were held with the respective class, the application of the pre-test, lecture and appli-
cation of the post-test. The lecture was held covering infestation, prevention, treatments, myths
and truths about head lice. A questionnaire was applied in two moments, before and after the
lecture, investigating and evaluating how much students knew about lice. The results showed a
significant difference between the pre-test and post-test questionnaires. Of the 25 students, the
statistical analysis of the data obtained from the questionnaires showed relevant results, there
was a significant difference in the percentage before and after the lecture. From these results, it
can be concluded that the infestation of these ectoparasites can be a public health problem and,
in this context, it is essential that it be applied in the school environment as an intervention pro-
posal focused on disease prevention and school health promotion. The presentation of lectures is
important, as there are many myths, prejudices and lack of preparation in relation to pediculosis.
It is important that the school has strategies to mobilize parents and students in taking care of
their own health.
A infestação do Pediculus pode ser diagnosticada por uma intensa coceira no couro ca-
beludo, principalmente na região atrás da orelha e na nuca, e através da detecção de um ou mais
piolhos vivos, para combater os Pediculus existe medidas, como ações de controle e tratamento,
como o uso do pente-fino, que é essencial usá-lo diariamente entre outros (NUNES et al., 2014).
A falta de dado específico sobre a Pediculose motivou a este trabalho na escola Joaquim
Nabuco, que constituirá grande apoio as atividades educativas na prevenção e na promoção da
saúde, para que se desenvolva, motive e estimulem os alunos com métodos de ensinamentos
sobre projeto de prevenção sobre os mitos e verdades Pediculose na Escola referida (BORGES-
-MORONI et al., 2011).
Para que essas atividades sejam eficazes é preciso o envolvimento dos pais, professo-
res e alunos, para que haja incentivo e maior envolvimento da família nas atividades escolares.
É importante também que a escola associe os conteúdos científicos com a realidade vivida pelos
alunos, para que eles desenvolvam habilidades e maior interesse pelos conteúdos, facilitando
dessa forma a compreensão do que estar sendo estudado (MAGALHÃES; SILVA, 2012).
Este trabalho surgiu para despertar o conhecimento sobre Pediculose entre os alunos do
sexto ano na Escola Estadual Joaquim Nabuco, no que se refere à higiene pessoal.
CAPÍTULO 15 162
REFERENCIAL TEÓRICO
O ciclo de vida destes ectoparasitas inclui ovos, ninfas e adultos. Os ovos ou lêndeas
como são conhecidos ficam incubados e põe em média de 50 a 200 ovos durante seu ciclo de
vida na fase adulta, de onde eclode a ninfa, essas vão se alimentar perfurando a pele do couro
cabeludo, sugando o sangue várias vezes por dia (ANDRADE, 2008). Como mostra a Figura 2.
CAPÍTULO 15 163
Figura 2 - Mostra o ciclo dos piolhos da ordem Phthiraptera, Subfilo Hexapoda, Filo
Arthropoda.
Esses ovos, como mostra a figura acima, são conhecidas como lêndeas, elas ficam fixa-
dos nos fios de cabelo, próximos às orelhas e a nuca. Eles ficam encubados no período entre 6 a
9 dias, eclodindo e saindo um piolho, chamado de ninfa o primeiro estádio. Perfurando a pele do
couro cabeludo para sugar o sangue, várias vezes ao dia. Mais 3 a 5 dias, a ninfa troca de pele,
mudando para segundo estádio (PAGOTTI et al., 2012).
TIPOS DE PIOLHOS
Existem ectoparasitas de seres humanos, como o Pediculus humanus capitis, outra su-
bespécie o Pediculus humanus corporis, Phthirus púbis (NEVES et al., 2011). A subespécie P.
h. capitis, é uma espécie que vive nos cabelos, este vive agarrado aos fios de cabelos e ataca o
couro cabeludo, passando principalmente de uma cabeça para a outra pelo contato direto. P. h.
corporis vive e infesta o corpo, pode viver agarrado nas roupas e é mais frequente nos locais com
hábitos de higiene precários. P. púbis é uma espécie de piolho chato, vive agarrado nos pêlos da
região genital, nos sexos tanto masculino como no feminino, podendo viver também nos pêlos
da parte inferior do abdômen, coxas e nádegas (DIAS et al., 2009).
A transmissão de piolho pode acontecer através de contanto direto de uma pessoa para
outra, através da relação sexual, ou indireta como: escovas de cabelo, pente, roupas. A pedicu-
lose do couro cabeludo é com mais frequência na infância, principalmente em crianças de idade
escolar, onde tem maior contato físico entre elas (ANDRADE, 2008).
CAPÍTULO 15 164
tos de higiene, ou a baixa renda (PAGOTTI, 2012).
O diagnóstico e outros cuidados com o Pediculus devem ser úteis para o controle da
infestação (NUNES et al., 2014). É muito importante informar os familiares sobre diagnóstico,
tratamento, prevenção do piolho. (FRANKOWSKI; WEINER, 2002).
Evitar o contato com roupas e com objetos de uso pessoal roupas, chapéus, pentes.
Examinar a cabeça das crianças, ou de quem estiver infestado. Passando um pente fino a pro-
cura de lêndeas e piolhos. Alguns pais tentam combater os piolhos com produtos caseiros como
vinagre, xampu a base de ervas medicinal. Todavia, não há comprovação científica que extinguir
os piolhos (BARBOSA et al., 2003).
O uso de pente fino é ainda a melhor medida a ser adotada para a retirada dos piolhos.
Outros métodos manuais são: a catação, com a destruição do inseto em seguida, escovação
frequente, para retirar principalmente adultos e ninfas, entretanto, é preciso que haja também
um trabalho educativo-preventivo para que se possam evitar novas infestações (MAGALHÃES;
SILVA, 2012).
Educação em saúde
CAPÍTULO 15 165
nas escolas (PAREDES et al., 1997).
Andrade (2008) diz que mudança de hábitos, e atitudes dos educadores e alunos após
atividades educativas adequadas à realidade escolar mostra que a percepção errada que os
alunos tem no contagio de piolhos, onde eles acabam associando a infestação com a falta de
higiene, constrangendo as crianças e os pais, que são vistos como mal cuidadores e a crianças
se tornar alvo “bullying”.
A partir de ações educativas em saúde como palestras, o aluno não chamará o colega
de piolhento. Os estudos mostraram a importância de se explanar as causas e as consequências
de sobre a realidade do aluno infestado, e sobre a pediculose, inseridos no contexto educativo
e preventivo, muda completamente o comportamento de como o aluno em relação ao colega
infestado (MACIEL, 2009).
É importante ressaltar que este trabalho está inserido na Educação em Saúde e segundo
Maciel (2009), a Educação em Saúde prevê interação entre as pessoas envolvidas dentro do
contexto educativo. A escola é um ambiente para a prevenção da parasitose, pois é um ambiente
formador de opiniões de crianças, adolescentes e de suas famílias, pois ela é um problema de
saúde pública, principalmente nas escolas.
E quando fala em educação e saúde como tema transversal desse processo educativo,
não é simplesmente passar as informações sobre saúde, mas aproveitar os saberes existentes,
e buscar desenvolver responsabilidade no cuidado com a saúde, é importante seja trabalhado,
buscando estratégias de acordo com os problemas dessa realidade dos alunos. A saúde envolve
além dos cuidados com o corpo, mais também com o físico, social e cultural e (SOUZA et al.,
2014).
CAPÍTULO 15 166
Para regulamentar as atividades de saúde no âmbito escolar o Decreto nº 6.286 de 5
de dezembro de 2007 instituiu o Programa Saúde na Escola (PSE) e suas finalidades. Uma vez
que, em estudo realizado com escolares mostrou que as ações de educação em saúde na esco-
la. As políticas de saúde reconhecem o espaço escolar como espaço privilegiado para práticas
promotoras da saúde, preventivas e de educação para saúde. O Programa Mais Saúde: Direito
de Todos, lançado pelo Ministério da Saúde, em 2008, é um exemplo disso (BRASIL, 2008).
METODOLOGIA
Caracterização da escola
A Escola Estadual de Ensino Médio Integrado Joaquim Nabuco, está localizada na Rua
Dr. Lélio Silva nº 719, Centro, Oiapoque, Amapá, Brasil. Foi criada em 1º de janeiro de 1966 pelo
decreto de nº 14/66 GAB. Funciona nos períodos, matutino, vespertino e noturno com turmas
de 5°, 6°, 7ª 8ª séries do Ensino Fundamental, 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio e 2ª, 3ª e 4ª do
Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio, totalizando 1.857 alunos matriculados inicialmente
para o ano letivo de 2015.
Este trabalho foi desenvolvido em turmas de 6°ano do ensino fundamental da Escola Es-
tadual Joaquim Nabuco, no turno vespertino, com aproximadamente 25 alunos para uma turma.
A seleção dessa série foi uma estratégica, porque os alunos já estudaram conteúdos que
abordam tema sobre Pediculose. Além disso, o ensino fundamental é o ano de descoberta do
estudo desses seres, está incluso no conteúdo no plano de ensino da disciplina de biologia do 6º
ano, por este motivo, o desenvolvimento deste projeto foi viável.
MÉTODOS
Nesta etapa, os conceitos prévios de cada aluno, investigados por meio de um pré-teste,
atendendo a resolução 466/2012 CNS/CONEP, elaborando um Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE). É importante ressaltar que este pré-teste tem fins para testar a atividade
de ensino, e não de atribuir notas. O questionário (pré-teste) possui perguntas relevantes ao
assunto tratado.
As aulas foram iniciadas com uma breve explicação sobre aspectos básicos de Pedi-
culose, sobre o projeto que foi realizado com as instruções gerais para que os próprios alunos
realizassem a devida atividade de pré-teste. Cada aluno recebeu um papel contento uma lista de
CAPÍTULO 15 167
questões (número de dez questões) sobre o assunto abordado em aula.
Foi realizada uma aula teórica abordando os alguns aspectos da Pediculose, para incen-
tivar o interesse dos alunos sobre este assunto. Foi utilizado palestra descrevendo o significado
e importância da Pediculose na vida acadêmica do aluno.
Ao final da segunda aula, uma nova aplicação do mesmo questionário, chamada de pós-
-teste foi aplicado aos alunos para posterior comparação entre o conhecimento prévio e o cons-
truído durante as aulas. Esse segundo questionário também estava composto por 10 questões,
sendo estas confeccionadas nos mesmos moldes do questionário anterior.
A partir desta etapa foi notado um interesse maior dos alunos na escola referida. Possi-
velmente, e pelo fato deles nunca terem vivenciado uma situação em aula.
Estatística
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CAPÍTULO 15 168
As questões do pré-teste abordaram conhecimentos cotidianos sobre o Pediculose. Já
os conceitos cotidianos são aprendidos ao longo da história de vida da criança em suas intera-
ções diárias, tanto fora como dentro do espaço escolar. O questionário do pré-teste foi aplicado
para 25 alunos.
A execução das aulas (pré-teste, palestra e pós-teste) foi estimada em uma duração
total de 135 minutos. Na aula 1 e 3, foram aplicados 50 formulários, sendo 25 no pré-teste e 25
no pós-teste. Já na primeira questão foi perguntado se o piolho transmitia algum tipo de doença,
o resultado indicou um aumento significativo no percentual de 36% para 100% nas respostas
dadas pelos alunos (t=-6,532; p=0,0002), informando que sim, sabiam a respeito do assunto, e
uma redução de 64% para 0% em respostas significativamente negativas (t=6,532; p=0,0002),
ou seja, que não conheciam sobre o assunto abordado (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Questão No. 1, demostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, sobre
a transmissão de doenças por piolhos registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola
Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Na segunda questão foi perguntado se o piolho pode ser adquirido dos animais, o re-
sultado indicou um aumento significativo no percentual de 40 para 100 % nas respostas dadas
pelos alunos (t=-4,000; p=0,0005), informando que sim, sabiam a respeito do assunto, e uma
redução de 60 para 0 % em respostas significativamente negativas (t=-4,000; p=0,0005), ou seja,
que não conheciam sobre o assunto abordado (Gráfico 2).
CAPÍTULO 15 169
Gráfico 2 - Questão No. 2, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos se o piolho
pode ser adquirido dos animais registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola Estadual
Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Na terceira questão foi perguntado se coçar a cabeça é sinal de piolho, o resultado indi-
cou um aumento significativo no percentual de 44 para 100 % nas respostas dadas pelos alunos
(t=4,342; p=0,0002), informando que sim, sabiam a respeito do assunto, e uma redução de 56
para 0 % em respostas significativamente negativas (t=-4,342; p=0,0002), ou seja, que não co-
nheciam sobre o assunto abordado (Gráfico 3).
Gráfico 3 - Questão No. 3, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, se o ato de
coçar a cabeça é sinal de piolho registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola Estadual
Joaquim Nabuco, Oiapoque.
CAPÍTULO 15 170
nos (t=-2,400; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de 96 para 0 % em respostas signi-
ficativamente negativas (t=2,400; p=0,0001), ou seja, que não (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Questão No. 4, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, se o piolho
também aparece em adultos, registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola Estadual
Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Na quinta questão foi perguntado se o aluno infestado com piolhos não deve ficar na es-
cola, o resultado indicou um aumento significativo no percentual de 48 para 100 % nas respostas
dadas pelos alunos (t=-5, 099; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de 52 para 0 % em
respostas significativamente negativas (t=5,099; p=0,0002), ou seja, que não (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Questão No. 5, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, sobre
se o aluno infestado com piolhos não deve ficar na escola, registrada no pré e no pós-teste
aplicada na Escola Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Na sexta questão foi perguntado se aluno conhecia alguém que já teve piolho, o resulta-
do indicou um aumento significativo no percentual de 4 para 100 % nas respostas dadas pelos
CAPÍTULO 15 171
alunos (t=-2,400; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de 96 para 0 % em respostas
significativamente negativas (t=2,400; p=0,0001), ou seja, que não conhecia (Gráfico 6).
Gráfico 6 - Questão No. 6, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, se eles
conhecem alguém que já teve piolho, registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola
Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Na sétima questão foi perguntado, se a criança com piolho é discriminada pelos colegas,
o resultado indicou um aumento significativo no percentual de 16 para 100 % nas respostas da-
das pelos alunos (t=-1,122; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de 84 para 0 % em res-
postas significativamente negativas (t=1,122; p=0,0001), ou seja, que não conhecia (Gráfico 7).
Gráfico 7 - Questão No. 7, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, a criança
com piolho é descriminada pelos colegas, registrada no pré e no pós-teste aplicada na Escola
Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
CAPÍTULO 15 172
Na oitava questão foi perguntada se a escola é a principal fonte de transmissão do pio-
lho, o resultado indicou um aumento significativo no percentual de 28 para 96 % nas respostas
dadas pelos alunos (t=-7,141; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de 72 para 4 % em
respostas significativamente negativas (t= 7,141; p=0,0001), ou seja, que não (Gráfico 8).
Gráfico 8 - Questão No. 8, mostrando à percentagem de conhecimento dos alunos, se a escola
é a principal fonte de transmissão do piolho, registrada no pré e no pós-teste aplicada na
Escola Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
CAPÍTULO 15 173
Na décima questão foi perguntada se o piolho é mais frequente em famílias com maus
hábitos higiênicos, o resultado indicou um aumento significativo no percentual de 80 para 100
% nas respostas dadas pelos alunos (t= 9,798; p=0,0001), informou que sim, e uma redução de
20 para 0 % em respostas significativamente negativas (t=-16,61; p=0,0001), ou seja, que não
(Gráfico 10).
Gráfico 10 - Questão No. 10, mostrando à Percentagem de conhecimento dos alunos, o piolho
é mais frequente em famílias com maus hábitos higiênicos registrados no pré e no pós-teste
aplicada na Escola Estadual Joaquim Nabuco, Oiapoque.
Dessa forma, assim que a contaminação se torna pública, as causas psicológicas cau-
sam um grande desconforto, levando a criança a um sentimento de vergonha (ANDRADE, 2008).
Isso foi observado durante os questionamentos realizados em sala, eles associavam o piolho à
falta de higiene, acreditando que não lavar a cabeça, não tomar banho ou viver em locais menos
favorecido pode levar a pessoa a contrair piolho. Iniciou-se a palestra abordando sobre o que é
piolho, a importância e se reproduz.
Após, o que é a lêndea quais os danos causados por ela. A participação dos alunos na
discussão foi considerada de extrema importância, onde eles prestaram atenção e fizeram per-
guntas sobre o assunto. Dando continuidade sobre a palestra foi explicado sobre o que é pedi-
culose qual o causador, os tipos de pediculose, como é transmitido, como o piolho se alimenta
quais os sintomas causados pela infestação, quais as dificuldades encontradas no combate e
como prevenir este agravo (ANDRADE, 2008).
Estudos demostraram que onde há ações de educação têm relação direta com a diminui-
ção do número de casos no combate à doença. O ensino na escola é importante, e foi verificado
que onde os professores informavam sobre a prevenção e controle desta, a prevalência é menor
e aumenta o conhecimento dos estudantes (ROCHA et al., 2012).
CAPÍTULO 15 174
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A higiene pessoal é também uma forma eficaz para evitarmos algumas doenças e para
que vivermos com mais saúde. Se não cuidarmos do nosso corpo, ficamos expostos a parasitos
que prejudica a saúde humana. A resistência do Pediculus humanus capitis ocorre por diversos
fatores, apesar de o piolho ter um período curto vida a taxa de fecundidade é alta.
A realização das palestras é importante, pois existem muitos mitos, preconceitos e des-
preparo em relação à pediculose. É importante que a escola tenha estratégias para mobilizar
os pais e alunos em prol da saúde. A realização do pré-teste e pós-teste demostrou que houve
interesse, questionamento e aprendizagem dos alunos, obtidos através dos questionários e dos
dados verificou-se que atingiu os objetivos como previstos.
Quanto à palestra. Foi transmitido conhecimento básico aos alunos através de aulas
expositivas no aprendizado e auxílio no tirar as dúvidas destes alunos. Em geral, os estudantes
receberam os questionários e estavam dispostas a ajudar respondendo às questões apresenta-
das.
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CAPÍTULO 15 176
16
Contribuição do estágio
supervisionado em ciências
biológicas no processo de ensino-
aprendizagem em duas escolas
públicas no município de Oiapoque
Contribution of supervised internship
in biological sciences in the teaching-
learning process in two public
schools in the municipality of
Oiapoque
Jadison Monteiro dos Santos
Secretaria Municipal de Meio Ambiente - Prefeitura do Oiapoque
Joakelis de Oliveira
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
Jandinaia Araujo Pinheiro Marciel
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
Emerson Monteiro dos Santos
Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.16
Abstract
The Supervised Internship is of paramount importance for initial teacher training. This work aimed
to understand the students' perception about the importance of the classes taught by the interns
during the Supervised Internship II, of the Licentiate Degree in Biological Sciences, Campus Bi-
nacional do Oiapoque - UNIFAP. This work was developed after the internship, divided into three
stages: at first, a visit was carried out in order to recognize the physical space of schools and
the development of classes with students. At the next meeting, the objectives of this work were
explained to the students, in addition to showing the importance of participating in this research
as volunteers, being explained to the students who would answer a questionnaire with objective
questions related to the subject discussed. Finally, a questionnaire was effectively applied, opting
for the follow-up strategy of the academics involved in the research, clarifying any doubts that
might arise regarding this study. In the analysis of the questions, it was evidenced that the classes
taught by Biological Sciences academics during the Internship, had positive results regarding:
greater interest; the good level of the classes given, with preference for innovative classes; to
make good use of teaching resources to teach classes and facilitate students' understanding and
learning; to content domain; and the student-intern relationship contributed for the academics to
promote engaging classes and, consequently, the students to have a better understanding and
greater interest in the contents of biology.
O Estágio Supervisionado é o primeiro contato que o aluno-professor tem com seu futuro
campo de atuação. Onde, por meio da observação, da participação e da regência, o licenciando
poderá refletir e vislumbrar futuras ações pedagógicas. Caracterizando-se como objeto de estu-
do e reflexão, esse Estágio poderá ser muito importante na formação do professor. Ao estagiar, o
futuro professor passa a enxergar a educação com outro olhar, procurando entender a realidade
da escola e o comportamento dos alunos, dos professores e dos profissionais que a compõem.
Com isso faz uma nova leitura do ambiente (escola, sala de aula, comunidade), procurando
meios para intervir positivamente (JANUÁRIO, 2008). Pimenta e Lima (2012) afirma que: “o
estágio ao promover a presença do aluno (estagiário) no cotidiano da escola, abre espaço para
a realidade e para a vida e o trabalho do professor na sociedade”. Segundo Freire (2007) “o
professor precisa ser um aprendiz ativo e cético na sala de aula, que convida os alunos a serem
curiosos e críticos... e criativos”.
São indispensáveis as pesquisas que apontem o grau de satisfação dos alunos com o
ensino que é ministrado nas escolas. A falta dessas informações leva o que se tem observado
em muitas escolas, nas quais os professores caminham com seus conteúdos e sem que se deem
CAPÍTULO 16 179
conta do seu desempenho e reciprocidade do aluno, especialmente no que tange o processo de
ensino-aprendizagem (SANTOS; CANEVER, 2011).
Diante deste contexto, foi desenvolvida este trabalho em duas escolas públicas no muni-
cípio de Oiapoque-AP, possibilitando descrever que o estágio supervisionado nas escolas é um
fator determinante e norteador na formação de professores. No entanto, não deve ser somente
este o seu objetivo. Deve-se levar em consideração as contribuições e benefícios advindas deste
estágio no processo de aprendizagem dos alunos.
REFERENCIAL TEÓRICO
Estágio supervisionado
Pode-se definir Estágio Supervisionado, portanto, como qualquer atividade que propor-
cione ao aluno adquirir experiência profissional específica e que contribua, de forma eficaz, para
sua futura atuação docente. Insere-se nesse tipo de atividade as experiências de convivência em
um ambiente de trabalho com cumprimento de tarefas com prazos estabelecidos, trabalho em
um ambiente hierarquizado e com componentes cooperativistas ou corporativistas, etc. O objeti-
vo é fornecer ao estudante a oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em situ-
ações da prática profissional clássica, criando a possibilidade do exercício de suas habilidades.
Espera-se que, com isso, que o aluno tenha a opção de incorporar atitudes práticas e adquirir
uma visão crítica de sua área de atuação profissional (BARREIRO, 2006).
Assim sendo, o estágio, nos cursos de formação de professores, possibilita que os fu-
turos docentes compreendam a complexidade das práticas institucionais e das ações aí prati-
cadas por seus profissionais como alternativa no preparo para inserção profissional, visto que é
entendido como peça fundamental na construção da identidade do agente educador (PIMENTA;
LIMA, 2012).
CAPÍTULO 16 180
Aspectos legais sobre o estágio supervisionado
Em relação aos profissionais da educação o artigo 61 da Lei 9.394/96, tem como funda-
mento a inter-relação de teoria e prática, para facilitar na aprendizagem e na troca de experiên-
cia; considerar as experiências anteriores; adaptação as etapas, já que a idade não é um dos
fatores determinantes é considerada a mente, a moral, o emocional, social, assim a seleção deve
ser aberta e não rígida e os níveis, pois em cada etapa tem um objetivo a cumprir ao aluno. Para
que haja a valorização do educador antes e necessário que ofereçam condições para que esse
profissional exerça bem essa tarefa, considerando as condições de trabalho: que podem ser
desde os recursos materiais, o tempo seja na escola ou fora dela, a interação com os educan-
dos este não pode ser só em sala de aula, assim como ocorrerá com a comunidade para melhor
compreender a realidade do aluno, assim teremos trabalhos de equipe, pois a convivência social
gera a educação.
CAPÍTULO 16 181
mação do licenciando no processo de ensino-aprendizagem do corpo discente das instituições
de ensino básico.
Para tal, faz-se necessário que a relação entre o conhecimento científico e o cotidiano do
aluno se estreite cada vez mais, ou seja, a ponte entre a ciência e a sociedade seja desobstruída,
pois ela sempre existiu, mas ao longo do tempo essa conexão foi sendo ignorada e o resultado
disso foi a repercussão de que Ciências e Biologia são disciplinas meramente descritivas (BOR-
GES; LIMA, 2007).
METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado com a intenção de contribuir para o acervo de conheci-
mento em torno das questões educacionais, já que o mesmo tem como objetivo identificar a per-
cepção do ensino-aprendizagem dos alunos em duas Escolas, Escola Estadual Joaquim Nabuco
CAPÍTULO 16 182
(E.E.J. Nabuco), Escola Estadual Joaquim Caetano da Silva (E. E. J. Caetano da Silva), durante
o Estágio Supervisionado dos acadêmicos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
E. E. J. Nabuco
Esta Escola tem como horário de funcionamento os turnos matutino, vespertino e notur-
no, atende as séries do ensino fundamental (8º e 9º anos) e as séries do ensino médio. Atende
alunos de todo o município, por isso, possui transporte coletivo próprio (PPP, 2017).
E. E. J. Caetano da Silva
Método de aplicação
Entre as diversas técnicas de coletas de dados, optou-se por utilizar o questionário com
base no trabalho realizado por Souza (2012), tendo em vista que esse é um instrumento muito
utilizado em pesquisas educacionais relacionado a Estágio Supervisionado.
A pesquisa foi realizada após o período de estágios dos estudantes do Curso de Li-
cenciatura em Ciências Biológicas, nos meses de janeiro, fevereiro e março/2019. Na E. E. J.
Nabuco, os encontros com os alunos foram realizados nos horários da tarde, de acordo com as
aulas de ciências e biologia. Na E. E. J. Caetano da Silva, os encontros com os alunos foram re-
alizados nos horários da tarde e noite. Durante a realização deste trabalho, houve três momentos
importantes descritos abaixo:
Primeiro encontro: Na E. E. J. Nabuco, foi realizado uma visita com intuito de reconhe-
cer o espaço físico e o desenvolvimento das aulas junto aos alunos, por conseguinte, solicitou-se
a autorização a direção (Sr. Erasmo Nascimento da Silva) desta referida escola para realizar a
CAPÍTULO 16 183
aplicação dos questionários a 30 alunos referente as turmas do primeiro e segundo ano do en-
sino médio. Por conhecer o ambiente e o desenvolver das aulas na E. E. J. Caetano da Silva,
durante a realização do estágio supervisionado II, a coordenação pedagógica na pessoa do Sr.
Railson Garrido Cunha, concedeu todo apoio necessário durante a aplicação dos questionários
para 30 alunos referente a três turmas: primeiro ano do ensino médio regular e duas turmas do
ensino médio na Modalidade de Ensino-EJA.
Estatísticas
Os dados gerados deste trabalho foram plotados em uma planilha do Programa Micro-
soft Excel 2016, contendo as seguintes informações: Código (referente a cada aluno-formulário);
Estado; Município; Escola; Série; Data e todas as questões referente ao assunto abordado neste
trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para os dados analisados da primeira questão, que trata do nível de importância sobre
as aulas ministradas pelos estagiários de Ciências Biológicas, não se observou diferença signi-
ficativa em ambas as escolas (X²=1,1546; p=0,5614). Na E. E. Joaquim Nabuco, os alunos res-
ponderam que as aulas foram, muito importante, correspondendo 57,7%, 40% dos alunos consi-
deraram apenas importante e 3,3% não souberam responder (Gráfico 1). Na E. E. J. Caetano da
CAPÍTULO 16 184
Silva, 63,3% dos alunos consideraram as aulas muito importante, 37,7% responderam apenas
importante (Gráfico 1). Tapia e Montero (2003), em seus trabalhos de pesquisa tem relatado que
o aluno gosta ou tenta demonstrar interesse por determinada Disciplina ou conteúdo, apresen-
tando-se mais motivado para os estudos e contribuindo para seu bom desempenho.
Gráfico 1 - Mostra resultado referente a primeira questão, que aborda o nível de importância
das aulas ministradas pelos Estagiários na percepção dos alunos em duas Escolas (E. E. J.
Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
Sendo assim, fica claro o interesse e o respeito dos alunos em relação as aulas que fo-
ram ministradas pelos estagiários de Ciências Biológicas. Não foi mencionado por nenhum aluno
a respeito das aulas sem importância, fato esse que contribuiu grandemente para um melhor
desempenho do corpo discente. Pois, se um aluno não demostra interesse ou não considera
importante determinada aula ou disciplina, parece óbvio que o mesmo não tem aquela preocu-
pação de aprender e, consequentemente, também não terá bons resultados.
CAPÍTULO 16 185
Gráfico 2 - Refere-se a segunda questão abordou o posicionamento dos alunos sobre as aulas
ministradas pelos estagiários do curso de Licenciaturas em Ciências Biológicas em duas
Escolas (E. E. J. Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
CAPÍTULO 16 186
Na quarta questão, que tratava da utilização de recursos didáticos pedagógicos utili-
zados pelos estagiários de Ciências Biológicas para ministrar as aulas e facilitar a compreen-
são e o aprendizado dos alunos, não se observou diferença significativa em ambas as escolas
(X²=1,8925; p=0,5950). Na E. E. J. Nabuco os alunos que responderam a alternativa sim, cor-
respondendo 93% e apenas 7% responderam de forma negativa (Gráfico 4). Já na E. E. J. Ca-
etano da Silva, dos alunos entrevistados, 90% responderam sim, afirmando que os estagiários
utilizaram os recursos didáticos pedagógicos durante as aulas, e apenas 10% dos entrevistados
responderam que não houve a utilização de recursos didáticos para facilitar a compreensão e
o aprendizado dos mesmos (Gráfico 4). Para tornar a aula mais dinâmica e atrativa, existem di-
versos recursos que podem ser utilizados pelos professores, contribuindo para a aprendizagem
e motivação dos alunos. Conforme Souza (2007), o professor poderá concluir juntamente com
seus alunos, que o uso dos recursos didáticos é muito importante para uma melhor aplicação do
conteúdo, e que, uma maneira de verificar isso é na aplicação das aulas, onde poderá ser verifi-
cada a interação do aluno com o conteúdo. Com base em estudos anteriores é possível notar a
importância da utilização de recursos didáticos no processo de ensino aprendizagem tanto para
o aluno quanto para o professor. O aluno acaba tendo maior interesse pelas aulas, tornando o
processo de aprendizagem mais fácil e instigante, enquanto o professor poderá visualizar de
forma mais efetiva os resultados do seu trabalho, realizando uma reflexão de como poderá dar
seguimento às atividades. Alguns alunos mostraram uma certa resistência em participar das au-
las por timidez, receio ou motivos pessoais, no entanto, a maioria retribuiu de forma participativa
ao método abordado pelos estagiários, tiravam dúvidas, interviram com seus posicionamentos
sobre os assuntos que estavam sendo expostos.
Gráfico 4 - Mostra resultado da quarta questão que aborda aos alunos se os estagiários
utilizaram recursos didáticos que facilitou a compreensão e o aprendizado dos alunos em
duas Escolas (E. E. J. Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
Dados analisados referente a quinta questão, que tratava do relacionamento dos alunos
com os estagiários de Ciências Biológicas, não se observou diferença significativa em ambas
as escolas (X²=0,2920; p=0,8641). Na E. E. J. Nabuco, 36,7% dos alunos responderam que
seus relacionamentos com os estagiários sempre foram ótimos, 46% consideraram ter um bom
relacionamento e 16,6% responderam que se relacionavam com os estagiários de forma regu-
lar (Gráfico 5). Na E. E. Joaquim Caetano da Silva, dos alunos que foram entrevistados, 33,4%
consideraram ter um ótimo relacionamento com os estagiários, 53,3% afirmaram ter um bom
CAPÍTULO 16 187
relacionamento e 13,3% responderam manter o relacionamento forma regular (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Refere-se ao resultado da quinta questão, que trata do nível de relacionamento dos
alunos entrevistados pelos estagiários do Curso de Ciências Biológicas em duas Escolas (E.
E. J. Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
Martins (2005) ressaltou que a relação do professor-aluno tem que ser baseada no res-
peito mútuo, esse é o principal colaborar para tornar a sala de aula em um ambiente favorável
a aprendizagem. Esse ambiente favorável também pode estar marcado pela afetividade. Ainda,
os autores enfatizam que as relações afetivas que o aluno estabelece com os colegas e profes-
sores são de grande valor na educação, pois a afetividade constitui a base de todas as relações
da pessoa diante da vida. Com base nos trabalhos desses autores, ficou evidente a colaboração
dos professores estagiários de Ciências Biológicas para uma significativa vantagem na apren-
dizagem por parte dos discentes, tendo em vista que, quando há um bom relacionamento entre
professor-aluno, logo existirá um maior interesse e desempenho na sala de aula. A relação pro-
fessor-aluno é muito importante, a ponto de estabelecer posicionamentos pessoais em relação
à metodologia, à avaliação e aos conteúdos (AQUINO, 1996). Se a relação entre ambos for
positiva, a probabilidade de um maior aprendizado aumenta. Com isso, a força da relação pro-
fessor-aluno é significativa e acaba produzindo resultados variados nos indivíduos.
A alternativa da questão em análise expõe fatores importantes que estiveram ou não nas
aulas dos estagiários. De acordo com os alunos pesquisados, não foi observado diferença sig-
nificativa em ambas as escolas (X²=9,2748; P=0,0985). Na E. E. Joaquim Nabuco, 34,1% apon-
taram que os estagiários promoveram aulas envolventes (A), 43,2% relataram que as aulas dos
estagiários proporcionaram um melhor entendimento, pois, eles utilizam atividades e métodos
diferentes dos tradicionais e, por conseguinte melhor aprendizagem (B), pois eles empregaram
outras práticas diferente da simples transmissão de conhecimento (o qual refere-se aquele mo-
delo tradicional de ensino), 11,4% responderam que as aulas dos estagiários tratou-se de uma
aula como outra qualquer (C), e 11,4% responderam que as aulas promoveram mudança de
CAPÍTULO 16 188
valores e posturas em relação à disciplina. Para as alternativas: Aula chata e complicada eles
utilizam uma linguagem muita cientifica de difícil compreensão (E), e promovem estímulos para
professores e alunos (F), não obtiveram respostas (Gráfico 6).
Na E. E. J. Caetano da Silva, 38,3% dos alunos consideraram que as aulas foram envol-
ventes (A), 29,8% responderam que as aulas proporcionaram um melhor entendimento por parte
dos alunos (B), 2,1% consideraram aulas como outra qualquer (C), 21,3% responderam que as
aulas promoveram mudança de valores e posturas em relação à disciplina ( D ), 4,2% dos alunos,
acharam as aulas chatas e complicada devido ao uso de uma linguagem muito cientifica e de
difícil compreensão utilizados pelos estagiários de Ciências Biológicas (E), e 4,3% responderam
que as aulas promoveram estímulos para professores e alunos (Gráfico 6). O que se tem obser-
vado é que os estagiários de Ciências Biológicas conseguiram desenvolver aulas envolventes e,
consequentemente, houve um melhor entendimento, deve-se levar também em consideração a
forma de ensino utilizada pelos estagiários, fugindo daquele modelo ultrapassado e tão criticado
nas obras de Paulo Freire, como o modelo tradicional de ensino.
Gráfico 6 - Mostra o resultado referente a sexta questão, que aborda aspectos que se diz
importantes e que estiveram presentes nas aulas ministradas pelos estagiários de Ciências
Biológicas em duas Escolas (E. E. J. Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de
Oiapoque, Amapá.
Para os dados analisados da sétima questão, que aborda os itens que consideram fazer
parte do perfil dos estagiários de Ciências Biológicas durante as aulas ministradas, não se ob-
servou diferença significativa em ambas as escolas (X²=3,1605; p=0,6752). Na E. E. J. Nabuco,
32,1% dos alunos responderam que os estagiários dominavam muito bem o conteúdo (A), 1,9%
disseram não conseguir expor com clareza os conteúdos (B), 17% afirmaram que os estagiários
promovem aulas interessantes e inovadoras (C), 5,7% consideraram que não conseguiram atrair
a atenção dos alunos em salas de aulas (D), para a alternativa: São arrogantes e prepotentes,
se acham donos do conhecimento (E), para esta questão não houve respostas, 43,3% Ministra-
ram muito bem suas aulas, tiravam dúvidas e facilitavam a aprendizagem (F) (Gráfico 7).
CAPÍTULO 16 189
moveram aulas interessantes e inovadoras (C), 2% consideraram que não conseguiram atrair a
atenção dos alunos em salas de aulas (D), 2% disseram ser arrogantes e prepotentes, se acham
donos do conhecimento (E), e 36% consideraram que as aulas foram muito bem ministradas,
sanaram dúvidas facilitando a aprendizagem dos alunos em pesquisa (F) (Gráfico 7).
Todas essas coisas são vitais sim no processo de formação, porém, as realidades vivi-
das no contexto escolar são quem vai nortear o futuro docente. Mesmo tendo muito o que apren-
der, os estagiários referidos na pesquisa, se mostraram preparados tanta para desenvolver seu
papel de professor estagiário, as exigências da escola, dos alunos e de forma geral, já que tem
contribuído com resultados satisfatórios em relação a aprendizagem.
Gráfico 7 - Mostra o resultado da sétima questão, que aborda os itens que consideram fazer
parte do perfil dos estagiários de Ciências Biológicas durante as aulas ministradas em duas
Escolas (E. E. J. Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
Para os dados analisados da nona questão, que trata do que notório na escola através
das aulas ministradas pelos Estagiários de Ciências Biológicas, não foi observado diferença
significativa em ambas as escolas (X²=0,9394; p=0,6251). Na E. E. Joaquim Nabuco, 58,1%,
responderam que tiveram um maior interesse tanto pelos conteúdos quanto pela disciplina de
Biologia (A), 41,9%, obtiveram um nível de aprendizagem satisfatório e êxito nas notas da disci-
plina (B) (Gráfico 8).
Aroeira (2014) cita que o estágio, no âmbito de formação de professores, pode apontar
aprendizagens significativas, entretanto sem ignorar a troca de experiência e a participação de
todos. Ficou evidente, portanto, que os estagiários cumpriram efetivamente com seus papéis,
CAPÍTULO 16 190
trouxeram contribuições essenciais para a aprendizagem e construção do conhecimento dos
alunos das escolas públicas citadas neste trabalho.
Gráfico 8 - Mostra o resultado da nona questão que aborda o que foi notório na escola através
das aulas ministradas pelos estagiários de Ciências Biológicas em duas Escolas (E. E. J.
Nabuco, E. E. J. Caetano da silva), no município de Oiapoque, Amapá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos dados coletados, conclui-se que durante o estágio supervisionado II,
houve grande vantagem positiva voltada ao ensino-aprendizagem dos estudantes nas escolas
pretendidas Os acadêmicos deste curso em formação não se preocuparam com o cumprimento
do conteúdo programático, mas em realizar com qualidade o processo de ensino-aprendizagem,
com preferência as aulas inovadoras; a utilização de recursos didáticos para ministrar as aulas
e facilitar a compreensão e o aprendizado dos alunos; ao domínio do conteúdo; e a relação
aluno-estagiário contribuiu para que os acadêmicos promovessem aulas envolventes e, conse-
quentemente, os alunos tivessem um melhor entendimento e maior interesse pelos conteúdos
de biologia.
Espera-se que o presente estudo sirva como incentivo para que outras pesquisas edu-
cacionais se voltem para a questão da contribuição do estágio supervisionado em Ciências Bio-
lógicas no processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas no município de Oiapoque,
quanto para a melhoria de desempenho nos estágios dos discentes do curso de Ciências Bioló-
gicas desta Instituição de Ensino Superior.
CAPÍTULO 16 191
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CAPÍTULO 16 194
17
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.17
Abstract
Playfulness is a precious resource for teaching, as it provides social, cultural and cognitive deve-
lopment, generating very positive impacts. In addition, playful activities facilitate and instigate in-
teraction and participation during activities, free of charge, showing how much this practice favors
the teaching and learning process. This work aims to disseminate the benefits and examples of
this practice, in order to comprehensively guide everyone who is part of the teaching and learning
process in the school context of special education. It is a narrative review of literature, qualitative
and descriptive. The databases used to select the material included the Capes Journal Portal and
Google Scholar. The search was carried out in July 2021. As results, through the methodology
used, we sought to contextualize the playful pedagogical practices in special education. Thus
emerged the following categories - The importance of play in the development of children with
special needs and playful pedagogical techniques aimed at special education. It is concluded that
playful activities allied to the good action of the educator are paths that favor the well-being and
interaction among children. Paradoxically, studies that address and describe playful practices so
that educators can act in the greatest difficulties of students is still scarce, which makes the pro-
cess of teaching using such methodologies difficult.
O Lúdico trata-se de um movimento que tem como objetivo produzir prazer enquanto é
executado, ou seja, visa o divertimento. Esse termo se origina do latim “ludus” que na língua por-
tuguesa quer dizer “brincar” e seu conceito geralmente é vinculado a jogos e brincadeiras, porém
na prática não se restringe a estes, pode estar inserido em atividades, objetos ou relações (PIN,
2016). Dessa forma, trata-se de um recurso precioso para o ensino, pois proporciona o desen-
volvimento social, cultural e cognitivo, gerando impactos muito positivos.
Diversos autores renomados da educação como Piaget, Wallon, Dewey, Leif, Vygotsky
sempre consideraram os processos lúdicos, capazes de oportunizar um aprendizado significa-
tivo de conceitos ensinados na escola. E, devido ao processo de miscigenação que gerou uma
junção de diferentes jogos e brincadeiras resgatados de várias culturas, em nosso país a cultura
lúdica é rica e diferenciada (BARBOSA, 2018).
Dessa forma, Vygotsky (1984) acredita que a brincadeira possui um papel fundamental
no desenvolvimento cognitivo da criança. O que vai muito além de auxiliar o cognitivo, tem o
poder de influenciar e desenvolver nos âmbitos físicos, emocionais, afetivos, culturais e sociais.
Nesse sentido, o lúdico pode ser utilizado também como forma de interação social, de
tal maneira que o aprendizado de conceitos se interaja com o cotidiano facilitando o processo. O
lúdico não é meramente recurso metodológico, ele analisa o brincar como aspecto sociocultural,
pois permite a reflexão das possibilidades, estratégias e reflexões das possibilidades entre o elo,
a estrutura lúdica e o conhecimento (SANTOS, 2016). Piaget (1971) retrata isso com a seguinte
afirmação:
Assim, a ludicidade se apresenta como uma ferramenta de grande valia para a ela-
boração e desenvolvimento das práticas pedagógicas, inclusive para o processo educativo de
crianças e adolescentes com alguma dificuldade de aprendizado. Ela tem o cunho de facilitar o
cognitivo destes indivíduos e consequentemente o trabalho do educando. Este, com o uso de ati-
vidades que envolvam desenhos, material dourado, alfabeto móvel, jogo de dama, entre outros,
consegue desenvolver e despertar o imaginário, raciocínio e memorização, coligando a vivência
do aluno com a matéria que ele precisa aprender (SOUZA; SANTANA; SILVA, 2020).
Nessa esteira, Piaget (2017) relata que a aprendizagem da criança acontece através da
repetição, dos jogos, das figuras e representações, já que em seu meio de convivência os sím-
bolos estão presentes. Por isso, o lúdico proporciona o aprendizado desde os anos iniciais da
criança, contribuindo para a sua formação cognitiva e social.
Outrossim, o convívio com outros alunos para os educandos que apresentam dificulda-
CAPÍTULO 17 197
des no aprendizado é enriquecedor. E, as atividades lúdicas, em mais um dos seus benefícios,
facilitam e instigam a interação e participação durante as atividades, mostrando o quanto essa
prática favorece o processo de ensino e aprendizagem.
Diante do desafio de ensinar, busca-se com esse trabalho divulgar os benefícios e exem-
plos dessa prática, de forma a orientar de maneira abrangente a todos que fazem parte do pro-
cesso de ensino e aprendizagem no contexto escolar da educação especial.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura, qualitativa e descritiva. Esse tipo de pes-
quisa, utiliza busca bibliográfica com atualizações acerca da temática, com métodos mais livre
(CORDEIRO et al., 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Por isso, o ensino realizado de forma lúdica é uma ferramenta que contribui para que o
processo aconteça com sucesso, uma vez que, é um caminho agradável no qual a criança com
necessidade especial se desenvolve. Essas atividades quando despertam a curiosidade, promo-
vem também o interesse e a busca pelo prazer, criando assim, estratégias para uma mudança
de consciência e para formas de relacionamento com o seu meio social (BALBINOT et al, 2020).
CAPÍTULO 17 198
que, um dos benefícios mais importante está no aumento da autoestima, pois a criança não se
sente constrangida e nem ameaçada, já que a interação está acontecendo em forma de uma
brincadeira (CUNHA, 2019)
Dessa forma, entende-se que o lúdico contribui para aumentar a afinidade entre ensinar
e aprender, pois as crianças têm limitações e interesses diversificados, para isso todo processo
deve ser planejado, considerando etapas de desenvolvimento e as características individuais da
criança a ser ensinada dessa forma, algumas brincadeiras inseridas em grupo, atua como um
simplificador da interação. Por isso, o brincar é considerado um excelente instrumento pedagó-
gico de ensino, dada a sua capacidade de influenciar na produção da linguagem, da imaginação
e da criatividade da criança (SOUZA; SANTANA; SILVA, 2020).
Portanto, cabe ao docente desenhar e planejar as atividades de forma que o possa ser
utilizado além dos limites da escola, muitas vezes, diversificando e saindo da rotina sem perder
o foco dos objetivos que se pretendem alcançar (SOUZA; SANTANA; SILVA, 2020). Com isso,
através do lúdico a inclusão da criança com necessidades especiais é ativa e ainda há maior
estimulação, pois estes indivíduos se sentem parte da brincadeira.
No processo de ensino em geral, mas em especial no ensino aos alunos com necessida-
des especiais, a brincadeira em grupo é um estimulador de interação, de forma que, ao mesmo
tempo em que fortalece o elo entre o aprender brincando facilita e estimula o convívio com os
colegas. O brincar se mostra como um ótimo instrumento pedagógico, uma vez que, intensifica
a necessidade da linguagem, da imaginação e da criatividade da criança, estimulando todos os
sentidos (SOUZA; SANTANA; SILVA, 2020).
Sendo que, neste tópico serão abordados alguns exemplos de jogos que trabalham a
cognição, coordenação motora fina, habilidades manuais, raciocínio lógico-matemático, lingua-
gem, memória, atenção, dentre outras habilidades básicas que proporcionarão o pleno desen-
volvimento infantil.
O Alfabeto Móvel, pode ser utilizado com crianças a partir de 5 anos, cujo objetivo é re-
conhecer as letras, diferenciar letra cursiva de letra bastão ao mesmo tempo em que desenvolve
a coordenação motora. O professor pode desenvolver outras atividades com o jogo (CUNHA,
2019).
Outra atividade que estimula a coordenação motora fina, a memória e atenção, é a utili-
zação de prendedores de roupas. Nesta atividade o educador desenha nos prendedores a quan-
tidade de bolinhas correspondente ao número que se quer representar, e após os coloca em um
local fixo vinculados com desenhos de soma ou subtração para que o aluno consiga chegar ao
resultado (CUNHA, 2019).
O já conhecido jogo de pega varetas também pode ser um excelente amigo da educa-
ção. Tendo em vista que tem o poder de desenvolver habilidades manuais, estratégias e traba-
CAPÍTULO 17 199
lhar a matemática (SOUZA; SANTANA; SILVA, 2020).
Outro também muito utilizado é o Material Dourado, cujo nome tem origem Material de
Contas Douradas, em analogia aos cálculos. Este material apresenta sulcos em forma de qua-
drados e tem o objetivo de trabalhar o agrupamento, construção livre e relações, podendo ser
explorado de diversas formas (MONTESSORI, 1965).
O jogo Roleta de Cores, pode ser realizado com grupos pequenos de crianças a partir
de três anos ele facilita o reconhecimento de números, combinação e de cores, trabalhando o
raciocínio lógico e a memória (CUNHA, 2019).
O brincar de faz de conta também é uma prática que pode ser utilizada. Neste tipo de
brincadeira a criança traduz o mundo dos adultos, e permite que elas desenvolvam sua autono-
mia, inteirado socialmente e utilizando objetos que fazem parte do seu meio (ALBUQUERQUE,
2020).
Pode-se perceber nos exemplos acima que os jogos podem beneficiar a aprendizagem
do aluno pois processa os mecanismos de atenção que lhes propiciam executar tarefas de forma
satisfatória e adequada ao ensino. As atividades proporcionam prazer e motivação e ainda aju-
dam a desenvolver a concentração, permitindo assimilar e criar possibilidades de transformação
(CUNHA, 2019)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades lúdicas aliadas à boa ação do educador, são trilhos que favorecem o bem-
-estar e interação entre as crianças, levando-as a imaginar, criar e estabelecer conclusões a
respeito do seu dia a dia. Garantindo assim experiências e vinculação entre eles.
Por isso, criar condições para realização de atividades lúdicas é promover uma apren-
dizagem de inclusão. E, os educadores em conjunto com as instituições de ensino devem pro-
porcionar condições que possibilitem o acesso ao universo infantil de forma a atender suas
necessidades.
CAPÍTULO 17 200
Paradoxalmente os estudos que abordam e descrevem práticas lúdicas para que os edu-
cadores possam atuar nas maiores dificuldades dos educandos ainda é escassa, o que dificulta
o processo de lecionar utilizando tais metodologias.
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CAPÍTULO 17 201
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VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1984.
CAPÍTULO 17 202
18
Estilos de aprendizagem e
sua aplicação no atendimento
psicopedagógico
Learning styles and their application
in psychopedagogical care
Roselin Angelita Dantas Reis
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano
http://lattes.cnpq.br/6905784327311756
Vinícius Reis de Figueirêdo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano
http://lattes.cnpq.br/0027688823067577
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3342-4064
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.18
Abstract
Each person has his own way of learning and teaching, getting different strategies to solve pro-
blems, draw conclusions and assimilate knowledge. We can name this theory of Learning Styles.
This article is a bibliographic review on learning styles and the importance of their use in the pro-
cesses of researching and psychopedagogical intervention. Thus, the objective was to investigate
the most important points in the use of this theory for specialized educational service and how
this instrument contributes to an evaluation and effective pedagogical intervention in the teachin-
g-learning process.
Nesse sentido, existe a busca constante por novas estratégias diferenciadas para auxi-
liar tanto no diagnóstico, quanto na intervenção psicopedagógica. Assim, sinalizamos os estilos
de aprendizagem como uma teoria que propõe estratégias enriquecedoras na prática psicope-
dagógica.
“O estilo que um indivíduo manifesta quando se confronta com uma tarefa de aprendiza-
gem especifica. (...) uma predisposição do aluno em adotar uma estratégia particular de
aprendizagem, independentemente das exigências especificas das tarefas”.
Nessa visão holística da aprendizagem, temos como objetivo principal do artigo inves-
tigar as possibilidades da aplicação dos testes de estilos de aprendizagem no atendimento psi-
copedagógico e como este instrumento contribui para uma intervenção pedagógica efetiva no
processo de ensino-aprendizagem. Para alcançar este objetivo, utilizou-se como recurso meto-
dológico, a pesquisa bibliográfica, realizada a partir da análise de materiais publicados na lite-
ratura, bem como artigos científicos. O texto final foi fundamentado em ideias e concepções de
autores como: Alonso e Gallego (2002); Kolb (2015), Melaré (2018), Lopez (2001), Weiss (1997).
DESENVOLVIMENTO
De acordo com Melaré (2018 apud CAVELLUCCI, 2005) fatores de diversas nature-
zas estão envolvidos na aprendizagem humana e devem ser considerados: os aspectos físicos,
CAPÍTULO 18 205
ambiental, cognitivo, afetivo, sociocultural são influenciadores constantes da aprendizagem. O
caminho para atingir o objetivo da aprendizagem, porém, é tão individual como o processo em
si mesmo.
Nessa perspectiva, temos a teoria dos estilos de aprendizagem que contribui tanto para
o processo de investigação das dificuldades de aprendizagem, quanto para a intervenção psi-
copedagógica, constituindo-se como um apoio nas diferenças individuais e bastante flexível se
moldando aos diversos tipos de caso. Essa teoria é um referencial que, ao longo dos anos, foi
consolidando seus estudos no âmbito educativo. Para compreender essa teoria, pontuamos que
os estilos de aprendizagem não possuem o mesmo significado de estilos cognitivos e tampouco
inteligências múltiplas. São teorias e conceitos diferentes que se relacionam.
Conforme Merrian (1991 apud LOPEZ, 2001), os estilos cognitivos são caracterizados
como consistências no processamento de informação, maneiras típicas de perceber, recordar,
pensar e resolver problemas. Uma característica dos estilos cognitivos é que são relativamente
estáveis. Por outro lado, os estilos de aprendizagem se definem como formas pessoais de assi-
milar informação, as emoções e as formas de comportamento durante a aprendizagem.
Assim, Kolb (1981 apud ALONSO; GALLEGO, 2002) definiu quatro estilos de aprendi-
zagem e os denominou como: O acomodador: cujo ponto forte é a execução, a experimentação;
o divergente: cujo ponto forte é a imaginação, que confronta as situações a partir de múltiplas
perspectivas; o assimilador: que se baseia na criação de modelos teóricos e cujo raciocínio indu-
tivo é a sua ferramenta de trabalho; e o convergente: cujo ponto forte é a aplicação prática das
ideias. Kolb (1981) entende que o ciclo de aprendizagem se estrutura pela experiência concreta,
passando pela observação reflexiva, pela conceitualização abstrata e, por fim, pela experimen-
tação ativa.
Por sua vez, Melaré (2018), explica algumas características dos estilos de aprendiza-
gem: No estilo ativo, o indivíduo possui as seguintes características: animador, improvisador,
descobridor, arrojado e espontâneo. No estilo reflexivo, o indivíduo possui as seguintes caracte-
rísticas: ponderado, consciente, receptivo, analítico e exaustivo. No estilo teórico, os indivíduos
são: metódico, lógico, objetivo, crítico e estruturado e para finalizar, no estilo pragmático, as pes-
soas possuem como características: experimentador, prático, direto, eficaz e realista.
Para identificar esses estilos, temos o modelo de questionário que identifica os estilos
CAPÍTULO 18 206
de aprendizagem (anexo 1). Conforme, Melaré (2018), a teoria dos estilos, não objetiva medir os
estilos e rotulá-lo de forma estagnada, mas, identificar o estilo de maior predominância na forma
de cada um aprender e, com isso, elaborar o que é necessário desenvolver nesses indivíduos,
em relação aos outros estilos não predominantes.
Assim, Weiss (1997) entende que o estudo psicopedagógico atinge plenamente seus
objetivos quanto, existe uma ampliação da compreensão das características e necessidades de
aprendizagem do aluno, abrindo espaço para que a escola viabilize recursos para atender as
necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se
tornar uma ferramenta poderosa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o estudo realizado podemos destacar que a teoria dos estilos de aprendizagem
pode contribuir e enriquecer a prática investigativa e as intervenções psicopedagógicas, na pers-
pectiva de auxiliar nas duas tendências de ação psicopedagógica, sendo a de caráter clínico ou
de caráter preventivo.
CAPÍTULO 18 207
Na atuação clínica, que se caracteriza pela finalidade de reintegrar o sujeito com pro-
blemas de aprendizagem ao processo, a teoria dos estilos de aprendizagem pode apontar ca-
minhos para o fio condutor do conhecimento. Essa ferramenta adicional, é baseada na comple-
xidade do ato de aprender, que une dimensões tão distintas (orgânicas, cognitivas, afetivas e
inconscientes, socioculturais) e precisam ser reconhecidas e mobilizadas como facilitadora de
um aprendizado mais comprometido com a identidade humana.
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CAPÍTULO 18 208
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WEISS, Maria L. L. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem
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CAPÍTULO 18 209
Anexo 1 – modelo de teste de estilo individual de aprendizagem (continua...).
CAPÍTULO 18 210
Anexo 1 – modelo de teste de estilo individual de aprendizagem.
CAPÍTULO 18 211
19
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.19
Oliveira et al. (2020) acreditam que o isolamento social e a educação a distância têm
sido desconstruídos na forma de "alunos e alunos", "professores e alunos", "professores e pro-
fessores" e "professores e gestores". Por esse pano de fundo que requer medidas e intervenções
emergenciais, o foco deste trabalho é estudar como o Brasil implementa a EAD, seja no setor
público ou privado, independentemente da escala (federal, estadual e municipal) e do nível de
escolaridade, o ensino de prática é o que todos eles têm em comum. Portanto, inicialmente é
apresentado um panorama dos principais desafios encontrados atualmente na educação, que
afetam alunos, professores, administradores e toda a comunidade escolar. Em seguida, o traba-
lho docente recebeu atenção especial e foi proposta uma reflexão sobre como construir essas
práticas de educação emergencial, de modo a não fortalecer o estereótipo da educação comer-
cial, que oferece a educação como outro bem sem nenhuma formação. Ressalte-se que este tra-
balho não é composto por uma cartilha com soluções prontas, mas um desafio ao próprio ensino,
buscando despertar a consciência desses profissionais de que são importantes construtores de
conhecimento.
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, pois a pesquisa proposta precisa estar mais
familiarizada com o assunto, e a explicação dos pesquisadores para isso é muito importante.
Nesse sentido, Minayo (2001, p. 22) destacou que “a pesquisa com métodos qualitativos tem
uma compreensão mais profunda do mundo dos significados do comportamento e das relações
humanas. Este é um aspecto imperceptível e não foi captado por equações, médias e estatís-
ticas. chegam". Marconi e Lakatos (2011) acrescentam que os pesquisadores usam métodos
qualitativos para se envolver diretamente com o ambiente e as situações de investigação.
Quanto ao objetivo, trata-se de um estudo exploratório que, segundo Gil (2008), tem
como objetivo principal desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias de forma a formu-
lar questões mais precisas ou hipóteses pesquisáveis para futuras pesquisas. Nessa abordagem
metodológica, é utilizada uma abordagem bibliográfica que, segundo Severino (2007), é basea-
da em pesquisas e nos registros disponíveis de pesquisas anteriores. Enfatize que como ensina
Pereira, et al., (2018), método é método de realizar algo, quando você tem um método, viajar fica
mais fácil, saber onde você está, para onde quer ir e como fazê-lo. Portanto, as pesquisas de
Alves (2020), Antunes (2009), Arruda (2020), Cunha (2010), Freire (1987, 1996), Tardif (2010),
CAPÍTULO 19 214
Zabala (1998) e outros construíram este trabalho.
DESENVOLVIMENTO
Tanto o ensino como a educação escolar estão abalados. A pandemia nos isola, alunos,
professores, professores, gestores públicos e privados uns dos outros, e abala a dinâmica
da escola: seu significado se baseia na convivência e no compartilhamento de ideias e
conhecimentos, a partir da transmissão de conteúdos integrados, e entregues por práticas
seculares.
Os cursos a distância apresentam vários problemas, pois contam com recursos diferen-
tes daqueles exigidos pelos cursos presenciais. Neste momento, os alunos precisam de equi-
pamentos eletrônicos e da Internet para participar de salas de aula remotas, o que levanta a
CAPÍTULO 19 215
seguinte questão: Todos os alunos podem participar de salas de aula que usam a tecnologia
digital como meio? Se não, a organização escolar pode fornecer esse tipo de apoio para todos?
Essas questões constituem o desafio de garantir o acesso à educação nessa distância social.
Lamentavelmente, a desigualdade social está aumentando porque nem todos podem fazer cur-
sos a distância ou ingressar de forma instável.
Pessoas com deficiência podem enfrentar outros desafios em salas de aula remotas
porque podem exigir uma atenção mais personalizada e um sistema de apoio baseado na defi-
ciência. O Ministério da Educação (2020) tem tratado de medidas inclusivas para auxiliar alunos
com deficiência, altas habilidades e transtornos do espectro do autismo em atividades de ensino
não presencial, ressaltando que deve envolver uma parceria entre profissionais e professores,
e proporcionar orientação às famílias No entanto, ainda existem dificuldades, pois geralmente
as famílias não conseguem dar o suporte necessário e o número de profissionais que prestam
esse suporte pode ser insuficiente. Atualmente, os cursos a distância estão sendo oferecidos
para diferentes níveis de ensino, mas os professores estão preparados para ministrar os cursos
a distância? Segundo Monteiro (2020, p. 245):
A pandemia forçou uma mudança repentina na dinâmica de toda a escola. Devido à im-
plementação de medidas de quarentena necessárias para reduzir a propagação do vírus, alunos,
professores, professores e outros administradores escolares são obrigados a trabalhar de forma
isolada, o que viola a natureza das instituições escolares que são sempre caracterizadas pela
interação e a interação entre os vários participantes envolvidos no processo de ensino e troca de
conhecimentos.
Porém, nesta situação caótica, não há dúvida de que o professor é o centro do problema,
pois da noite para o dia, ele foi roubado de seu espaço de trabalho e das ferramentas comuns
que usava para ensinar, permitindo-lhe cumprir sua missão. salas de aula, sem apoio da diretoria,
perto dos alunos, você pode observar a todos e intervir se necessário. Além disso, em tempo re-
corde, ele precisa reformular sua prática docente ao longo dos anos sob a inspiração do modelo
secular para se adequar a essa nova realidade que, embora se preveja de vida curta, ainda não
há previsão de sua concretização. No entanto, Joye et al. (2020) enfatizaram que não se trata
de recriar um novo modelo de educação, mas de fornecer acesso temporário a conteúdo educa-
cional e suporte de uma forma que minimize o impacto do encerramento de cursos presenciais.
Visto que o ensino é necessário, mesmo que a prática ganhe um novo significado, é
CAPÍTULO 19 216
necessário resolver alguns dos problemas levantados por Tardif (2010) em "Conhecimento do
Professor e Formação Profissional: O que é o Conhecimento como Base do Ensino". A habilida-
de do professor? Que conhecimento, know-how, habilidades e habilidades os professores usam
em salas de aula e escolas todos os dias para realizar suas várias tarefas? Combinada com as
preocupações levantadas por Zabala (1998), qual é a intenção educacional? Por que e como en-
sinar? A urgência de mudar as práticas educacionais durante esta pandemia não pode servir de
pretexto para desmantelar o sistema de ensino estabelecido na história e na sociedade ao longo
dos séculos, portanto, as questões levantadas pelos autores acima devem ser consideradas ao
longo do processo.
Ajuste da prática docente sem perder o contato com o saber ao longo de toda
a sua trajetória profissional
De acordo com Joye et al. (2020), à medida que as escolas fecham, professores e alunos
são incentivados a continuar ensinando e aprendendo em casa. Os professores precisam usar a
tecnologia digital existente para promover atividades educacionais por meio de palestras ao vivo
(ao vivo), vídeos gravados, áudios, criação de blogs ou sites e outras páginas que permitam um
contato mais fácil com os alunos.
Acontece que grande parte desses profissionais não entende da existência dessas mí-
dias e recursos digitais, ou mesmo da existência dessas mídias e recursos digitais. Eles têm que
usar esse conhecimento com pressa, geralmente sem o devido treinamento ou orientação para
gerenciá-los. Além do risco de uso indevido de recursos digitais ou do desenvolvimento inade-
quado de suas potencialidades, essa situação também afetará a segurança do conhecimento
dos próprios professores, como enfatizou Alves (2020, p. 355), de forma geral, devido ao nível de
alfabetização digital ou às limitações técnicas de acesso a esses artefatos, os professores não
estão preparados para realizar as atividades escolares por meio de plataformas digitais, o que
afetará diretamente o seu desempenho.
Porém, além dessas questões básicas, existe um desafio maior, que é continuar sendo
professor, não apenas disseminador de conhecimento. Vale lembrar a máxima de Freire de que
ensinar significa “criar possibilidades para a produção ou construção do conhecimento” (Freire,
1996, p. 13). Assim, este trabalho pretende explorar o desempenho e a prática docente neste
período difícil, mas não pretende propor "métodos de trabalho" ou receitas que possam ser
seguidas, mas propõe reflexões sobre o verdadeiro papel do professor. Cunha (2010) lembra
que o comportamento docente não pode ser reduzido a mecânico e descontextualizado. “Como
CAPÍTULO 19 217
todos sabemos, os professores não ensinam no vazio. Partindo do pressuposto da semelhança,
o ensino é sempre realizado com alunos reais e em situações específicas” (Cunha, 2010, p. 22).
Portanto, não há como atribuir funções simples aos professores para transmitir informações.
Os professores não podem sucumbir à ordem do mercado atual, ou seja, espalhar o má-
ximo de conteúdo possível e "vencer o currículo" a todo custo. Fazer um vídeo sobre um tópico
não garante que seus alunos entendam o que está sendo ensinado. Ele precisa ter em mente
quem são seus alunos e como o conteúdo é significativo para eles, e considerar a linguagem,
os métodos e as estratégias que podem ser usados, mesmo à distância. Ou seja, para que o
processo de ensino formal seja bem-sucedido nesse contexto, deve-se estabelecer continua-
mente o contato e a interação com os alunos, pois eles são os sujeitos ativos e importantes no
processo, e sua participação "não deve ser ignorada". Em qualquer análise da educação escolar
no contexto de uma pandemia (Santos, 2020, p. 45).
Além disso, deve-se considerar que nenhum aluno é igual a outro aluno, com estilo,
ritmo e tempo de aprendizagem diferentes. A prática pedagógica a ser desenvolvida durante
essa pandemia não consegue reproduzir a pior situação possível em sala de aula, ou seja, os
professores só repassam informações e orientações para um grupo de alunos que estão sempre
envolvidos e acompanhados, enquanto outro grupo de alunos não consegue nem pegar seu fe-
edback. Visões do que aconteceu. Como adverte Fagundes (2020, p. 118), “não é mais possível
reconhecer processos de ensino que levam a mais desigualdade e indiferença”. Infelizmente,
“o isolamento não só o torna mais visível, mas também exacerba a inconsistência que causam.
Justiça, discriminação, exclusão social e sofrimento indevido” (Santos, 2020, p. 21). As escolas,
principalmente os professores, devem estar atentas a esse ponto, para não ampliar ainda mais
a exclusão que pode ocorrer em sala de aula.
Essa tarefa será mais complicada para aqueles que estão começando a se aproximar de
uma nova classe e não têm tempo para construir relacionamentos próximos com os alunos de
uma classe com menos de dois meses de idade. No entanto, como ensina Zabala (1998), os pro-
fessores têm o compromisso de “diagnosticar o ambiente de trabalho, tomar decisões, realizar
ações e avaliar a relevância das ações para redirecioná-las no sentido adequado” (Zabala, 1998,
p. 10). Não é que a sala de aula tenha se tornado virtual, todos os problemas e desafios da sala
de aula física desapareceram, eles ainda existem, mas agora estão percorridos pela distância
glacial, obrigando todos a ficarem em casa. Não basta escolher os recursos digitais disponíveis
e pensar que você está educando, o professor deve ir além, planejar seus cursos, considerar o
tempo que alocarão em cada tema, os exercícios que utilizarão, como organizarão as atividades
do curso, Avaliação método, enfim, é necessário desenvolver uma sequência de ensino para
esta nova realidade. Fazer uma sequência de ensino envolve planejamento, aplicação e avalia-
ção para atingir um objetivo, que deve ser de conhecimento e interesse para professores e alu-
nos. Além disso, para atingir esse objetivo, é necessário lidar com diferentes tipos de conteúdo
(conceitos, procedimentos e atitudes).
CAPÍTULO 19 218
remotas encontrou o imediatismo imposto pela cultura capitalista, ou seja, a produção continua-
da mesmo em uma crise de saúde. Em suas palavras:
Portanto, além de saber algo, o aluno também deve saber fazer, ser capaz de aplicar
conhecimentos conceituais em situações reais, e ser treinado como pessoa em seu processo de
formação, que se dá por meio do conteúdo das atitudes, que normas, valores e obras de atitude.
Obviamente, lidar com as atitudes e o conteúdo do programa torna a educação online desafia-
dora porque a distância tornará mais difícil para os professores realizarem a leitura física e tor-
nará mais difícil para os alunos se concentrarem para fornecer o ambiente interativo necessário
para esses conteúdos (Arruda, 2020). Ao planejar os cursos, os professores devem “continuar
a promover princípios como a ética e a ética, e definir normas que estejam comprometidas com
as necessidades e obrigações sociais” (FAGUNDES, 2020, p. 189), e evitar a falta de tangibili-
dade dos alunos, que podem virar aos discursos de desenvolvimento do aluno, a redação e as
atividades refletem suas necessidades de aprendizagem e as estratégias de ensino utilizadas.
Considerando a formação extensiva relacionada à formação de disciplinas e à construção do
conhecimento, não apenas para satisfazer a mera transmissão de informações de previsão cur-
ricular, é importante reavivar o processo de ensino de Paulo Freire.
Freire (1996) destacou que o ensino requer reflexão crítica sobre a prática. “Envolve um
movimento dialético dinâmico entre fazer e pensar sobre fazer” (FREIRE, 1996, p. 21). Portanto,
o professor não pode ser afastado pela indiferença de ter que produzir conhecimento em uma
plataforma a que não está acostumado, nem se confundir com a descoberta das inúmeras pos-
sibilidades que o mundo virtual oferece.
Alves (2020) enfatizou que a tecnologia deve ser entendida como um puro recurso di-
dático, utilizado para promover o trabalho dos professores, realizar o compartilhamento de ma-
teriais, tornar a animação e tornar a sala de aula mais interessante, mas não pode ser utilizada
para fins educacionais, pois é útil por si só, mas não prevê o desdobramento da aprendizagem
e da prática colaborativa entre os tópicos do processo de ensino e aprendizagem. França Filho
et al. (2020) alertam com ideias semelhantes que o fetichismo em torno do uso da tecnologia na
educação pode tentar reduzir toda a complexidade da prática pedagógica social a um conjunto
de tecnologias.
Mas como incentivá-los e atraí-los a usar seus conhecimentos anteriores para construir
CAPÍTULO 19 219
outros? Se estão de férias em casa, como podem ser despertados para construir conhecimento?
Segundo Alves (2010), temos a certeza de que não vai passar e corrigir tarefas, por exemplo,
usando plataformas como o Google Meet, vamos inspirar os nossos alunos neste momento ca-
ótico e incerto. “Essas atividades devem desafiar os alunos para que eles possam criar, se ca-
pacitar, participar e interagir com professores e colegas, pensar e discutir os momentos de suas
vidas e ouvi-los” (ALVES, 2010, p. 360).
O processo de ensino não pode deixar de respeitar a visão de mundo de cada aluno.
Essa visão se reflete no contato entre professores e alunos. "Em simples transmissões ao vivo,
notas de aula, vídeos pré-fabricados e até mesmo algoritmos, a situação real e específica de to-
dos não é aplicável nem previsível" (FRANÇA FILHO, et al., 2020, p. 25). Na verdade, a simples
imagem na tela não implica existência, participação ou ensino. Segundo Freire (1996), o ensino
precisa ter consciência da incompletude, da disponibilidade de mundo necessária para o diálogo
e as atividades de intervenção. No processo de construção, tanto o professor quanto o ensinado
são seres inacabados. Esse tipo de construção coletiva não se origina apenas da razão, mas
também da emoção e da emoção.
Esta é uma jornada comum, e teoria e prática devem sempre existir como um reflexo do
movimento da prática humana. Por fim, Freire (1996) afirma que ensinar exige correr riscos, acei-
tar coisas novas e rejeitar qualquer forma de discriminação, bem como compreender a realidade.
A distância causada pela pandemia não pode ser desculpa para ignorar alunos marginais ou com
dificuldades de aprendizagem. Santana Filho (2020) alertou que muitos profissionais preferem
manter distância das crianças e jovens por temerem o desgaste diário da violência escolar, do
bullying e do descaso estrutural. Porém, se você não se aprofunda no universo da vida do aluno,
e não considera a particularidade de cada realidade, não haverá como educar. Portanto, como
não ignorar essa nova situação imposta pelo vírus e a dor que educadores e alunos enfrentam
em decorrência disso.
CAPÍTULO 19 220
O planejamento e a avaliação do processo educativo é parte indissociável da prática do-
cente, pois sem considerar a análise de intenções, previsões, expectativas e avaliação de
resultados, você nunca conseguirá entender o que está acontecendo em sala de aula, ou
seja, a intervenção de ensino propriamente dita. (Zabala, 1998, p. 17)
O autor supracitado explicou que este tipo de movimento complexo pode ser construído
por meio da taxonomia de Bloom, adaptando-se à capacidade de criar. Essa taxonomia não é
nova, trata-se de uma ferramenta educacional criada em 1956 e revisada em meados de 2001.
De forma simplificada, pode ser definida como uma análise das categorias e subcategorias do
processo ensino-aprendizagem para verificar se a aprendizagem é completa. . Portanto, a con-
clusão a que se chega é que a avaliação deve ser bastante acurada para auxiliar na melhoria do
ensino e aprendizagem, e não apenas no protocolo educacional a ser seguido.
Ensino instável
Os professores vivem do trabalho e não estão imunes à instabilidade causada pela cri-
se de saúde. Para a educação a distância, os professores de todas as redes já existentes nela,
sejam federais, estaduais, municipais, públicas ou privadas, independentemente do nível de
ensino oferecido, precisam organizar suas próprias aulas concomitantemente com a educação
a distância. Cursos no site. Além disso, eles precisam customizar materiais para a realização de
atividades virtuais e criar recursos como slides e vídeos para ajudar os alunos a compreender e
participar das atividades. Com isso, acabaram entrando em um processo de trabalho desgastan-
te que ultrapassava em muito a jornada de trabalho que recebiam.
As escolas fazem parte do sistema capitalista, onde a educação é considerada uma mer-
cadoria, os alunos são considerados consumidores e os professores são considerados presta-
dores de serviços. Embora tenham que usar suas casas como salas de aula, telefones celulares
ou computadores pessoais como ferramentas de trabalho, e desistam do tempo para descansar,
CAPÍTULO 19 221
estão sempre sob pressão da produção. Nesse caso, Alves (2020, p. 357) destacou: “O mal-
-entendido de que serão substituídos pela tecnologia mais uma vez perturba o imaginário dos
professores, principalmente quando se surpreendem com a notícia de que professores da Rede
Laureate estão substituindo professores. O medo de serem substituídos por máquinas enfatiza
ainda mais os professores inseguros quanto à sua manutenção no mercado de trabalho. Nesse
momento, é necessário romper a relação de alienação e externalidade entre os professores e
seus saberes relatada por Tardiff (2010), para que essa classe possa se considerar produtora de
conhecimento e não se deixar abater pelo marketing. Afinal, o ensino e a aprendizagem aconte-
cem por meio da interação humana, não por meio de máquinas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade de mercado a empurra. Por fim, recomenda-se que trabalhos futuros in-
vestiguem os resultados da educação a distância no país, e se os resultados são satisfatórios,
se há aprendizagem efetiva e quais mecanismos professores e alunos utilizam para reverter os
obstáculos/dificuldades impostos pelo COVID-19 ao processo de educação.
REFERÊNCIAS
Arruda, E. P. Educação Remota Emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira
em tempos de Covid-19. Em rede – Revista de educação a distância. 2020
Brasil. Governo Federal. MEC orienta instituições sobre ensino durante pandemia. Governo do Brasil.
2020. https://www.gov.br/ptbr/noticias/educacao-e-pesquisa/2020/06/mec-orienta-instituicoes-sobre-
ensino-durante-pandemia. Acesso em: 16/09/2021
CAPÍTULO 19 222
Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. 1996
Instituto Ayrton Senna. Estudos sobre a educação e o impacto da pandemia do coronavírus. https://
institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-paracrises/estudos-educacao-e-impacto-coronavirus.
html. Acesso em: 16/09/2021
Lakatos, E. M & Marconi, M. A. Fundamentos de metodologia científica. (5a ed.), Atlas. 2003
Minayo, M. C. S., et. al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Vozes. 2001
Oliveira, M. A. M., et. al. Pandemia do Coronavírus e seu impacto na área educacional. Pedagogia em
Ação, 13(1). 2020
CAPÍTULO 19 223
20
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.20
Abstract
This article has as main theme the analysis of inclusive pedagogical practices through professio-
nals working in school environments with children of fragile X. Aiming to understand the perspec-
tives and needs of teachers on pedagogical actions aimed at the inclusion of students with special
needs, more specifically on fragile X Syndrome. Thus, this article has as main question: What are
the existing difficulties that education professionals encounter to include educational and socially
the student with special needs, specifically the subjects with fragile X Syndrome? Among the spe-
cific objectives we can mention the verification about the perception of professionals working with
students with Fragile X Syndrome, investigate the pedagogical mechanisms of inclusion used by
teachers, as well as a description of the characteristics of the subjects with the pathology in ques-
tion. This work used the descriptive and exploratory methodology, of bibliographic nature through
several research carried out on websites, books and articles. The results of the work show and
can assist education professionals in the actions resulting to the intellectual and social develop-
ment of these subjects and minimize misunderstandings that can mean suffering and losses for
these people, regarding their teaching and learning.
A diversidade faz parte da característica social do ser humano e diariamente nos depa-
ramos com as mais variadas diferenças, as quais podem ser de natureza variada: raça, crença,
saúde, nível social, econômico e cultural, nacionalidade, moradia, personalidade, entre outras.
Porém, apesar de vivermos e convivermos com tantas variações, todo sujeito deve ser incluído
na sociedade, por meio dos princípios de igualdade.
Desta forma, este artigo visa oferecer uma melhor percepção aos profissionais que atu-
am com alunos com Síndrome do X Frágil, para que estes possam intervir no processo de en-
sino-aprendizado destes estudantes; assim como, contribuir na aprendizagem significativa de
docentes e discentes sobre a temática abordada.
Esta pesquisa apoia-se na concepção de que a educação inclusiva é uma temática com-
preensivelmente estudada sobre a ótica de uma dificuldade ou necessidade existente, assim
como os problemas sociais, e conforme Fernandes e Lage (2015 p. 38) “a inclusão contribui para
transformar a realidade histórica de segregação escolar e social das pessoas com deficiência,
tornando efetivo o direito de todos à educação”. Por esse motivo, vê-se a necessidade de estru-
turar corretamente as pesquisas sobre a resolução desse problema, e dessa forma, ser capaz
de incluir educacional e socialmente todos os alunos com dificuldades especiais, em especial os
discentes com síndrome do X Frágil, tornando-os sujeitos capazes de fazer parte da sociedade
de mais autônoma possível.
Assim, este artigo tem como principal questionamento: Quais as dificuldades existentes
que os profissionais da educação encontram para incluir educacional e socialmente o aluno com
necessidades especiais, especificamente os sujeitos com a Síndrome do X Frágil? É através
desse questionamento que será desenvolvida a problemática desse trabalho científico.
CAPÍTULO 20 226
Portanto, temos como objetivo central compreender as perspectivas e necessidades dos
professores sobre as ações pedagógicas direcionadas à inclusão de alunos com necessidades
especiais, mais especificamente sobre a Síndrome do X Frágil. Para alcançar esse objetivo, é
necessário lançar mão de três objetivos: o primeiro será a verificar a percepção dos profissionais
sobre a Síndrome do X Frágil, tendo como meio estruturante uma escola regular e uma escola
para alunos com necessidades especiais, o segundo é investigar os mecanismos pedagógicos
de inclusão utilizados pelos docentes. O terceiro objetivo será descrever as características dos
sujeitos com a Síndrome do X Frágil para uma compreensão mais direcionada.
A compreensão no que diz respeito à SXF, deve ser apoiada sobre a visão do que é uma
síndrome e no que se estrutura, visto a falta de conhecimento sobre o assunto. Assim, vale des-
tacar de forma sucinta que Síndrome é uma terminologia utilizada nas áreas de Medicina e da
Psicologia, que segundo Bechara (2011, p. 1184), é:
1. (Med). Quadro patológico provocado por um conjunto de sintomas de uma doença, com
causa conhecida ou desconhecida. 2. fig. Conjunto de sinais que caracterizam determina-
do comportamento individual ou coletivo.
De acordo com a conceituação dada por Bechara (2011), o sujeito com uma síndrome é
caracterizado por uma patologia ou uma condição, visto que a patologia é atribuída às questões
orgânicas anormais, e as condições podem ser por um estado permanente ou não.
A Síndrome do X Frágil (SXF) é a causa hereditária mais comum de déficit cognitivo (de-
signação preferível às anteriores terminologias de atraso mental ou de deficiência mental).
Trata-se de uma doença genética, ligada ao cromossomo X (par do cromossomo Y, é um
dos cromossomos sexuais: as mulheres têm dois cromossomos X e os homens possuem
um cromossomo Y e um cromossomo X) e deve o seu nome à descrição por Lubs, em
1969, do marcador X (caracterizado por uma constrição na extremidade do braço longo do
cromossomo X) em todos os homens com déficit cognitivo de determinada família.
Dessa forma, vale salientar, por meio das observações de França et al (2011, p. 2) e
Franco (2013, p. 7), que a síndrome em questão possui várias especificidades. Dentre elas, a
complexidade em avaliar e identificar os sujeitos com SXF, visto que o diagnóstico preciso só se
determina por meio de um estudo genético através de um profissional da área, porém o seu pro-
cesso de desenvolvimento deverá ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, visto que
os sujeitos com a síndrome em questão segundo Pazzini e Oliveira (2009), têm características
comportamentais atribuídas aos portadores do espectro autista e aos de síndrome de Down.
CAPÍTULO 20 227
nal, na atualidade, o mesmo está incluso no contexto da sociedade humana.
A existência humana, juntamente com todas suas especificidades, é explicada por meio
de diversas pesquisas e teorias, como a de Charles Darwin, autor da teoria do evolucionismo,
que comporta fenômenos biológicos e sociais. Existe também, com base na cultura judaico-cris-
tã, o conceito de criacionismo, o qual é aceito com base na fé, na cultura e em outros elementos.
Assim, através daqueles estudos, encontramos a evolução do homem em seu contexto histórico,
geográfico, e biológico, que comportam integralmente a objetividade de suas necessidades, que
implicam diretamente aos sujeitos com necessidades especiais.
Sob esta perspectiva destaca-se aqui a complexidade das estruturas biológicas relativas
à SXF, que se tornou conhecida por meio da descoberta de J. Purdon Martin e Julia Bell, em
1943, no artigo A pedigree of mental defect showing sex-linkage, sobre a interligação do gene
direcionado ao sexo e à deficiência. Segundo Pazzini e Oliveira (2009), somente “nos anos 80 a
síndrome foi reconhecida”, mas, antes, em 1969, o Dr. Herbert Lubs relatara uma doença a qual
"tem suas causas desenvolvidas por meio de uma má formação genética ligada ao cromossomo
X, herdada da mãe”, assim dificultando sua identificação, porém sua total compreensão só se
tornou possível com os estudos e abordagens da ciência genética, para assim ser possível de-
senvolver formas de intervenções apropriadas à realidade do sujeito.
Sob esta ótica, é possível compreender que, se na formação dos cromossomos XX,
ocorrerem alguma alteração em um dos X, a mulher não terá problemas em seu desenvolvi-
mento cognitivo, visto que terá outro cromossomo que auxiliará, porém, se, na formação dos
cromossomos YX, que corresponde ao sexo masculino ocorrer uma alteração direcionada a
uma fragilidade ou irregularidade no cromossomo X, esse sujeito terá uma deficiência maior em
relação ao feminino.
Por fim, vale salientar que a SXF é uma síndrome que tem em sua origem a hereditarie-
dade, e, conforme Gauderer (1993, apud PAZZINI e OLIVEIRA 2009, p. 72), “a síndrome do X
Frágil ocupa o segundo lugar, depois da síndrome de Down, como causa de deficiência mental”.
Destaca-se, ainda, que as mulheres também podem ser afetadas de forma mais sutil em relação
aos homens.
CAPÍTULO 20 228
A criança com Síndrome do X- Frágil
Sobre os estudos dos aspectos que comportam o ser humano, é possível destacar o
sujeito em sua totalidade, ou seja, como um sujeito histórico, biológico e cultural, que segundo
Azevedo (2011) a história do estudo de pessoas com deficiências destaca em diversos documen-
tos, relatos de situações o comportamentos de seres humanos com deficiências físicas, senso-
riais ou mentais, assim, a história também destaca o tratamento dado a estes sujeitos, como por
exemplo, a escola, que “até ao final do século XVIII não admitia no seu seio todos aqueles que
estavam excluídos da ordem social” Azevedo (2011, p. 6).
Nesta ótica assim também foi observado por Azevedo (2011) que existia um olhar dife-
renciado sobre estes sujeitos devido à falta de compreensão e a falta de interesse social. Assim,
as mudanças foram ocorrendo significativamente, com a ampliação dos conhecimentos e das
necessidades sociais, que segundo Azevedo (2011) é representado pelo “conceito de “idade
mental”, assim também os testes de inteligência, ou melhor, a escala de inteligência Binet-Si-
mon, originam uma evolução no sentido da criação de escolas especiais”, e a teoria psicanalítica
de Freud, considerado uma grande abordagem no início do século XX, no que diz respeito aos
estudos e intervenções das crianças com necessidades diferenciadas.
Assim, Martins (2001 apud FRANCO, 2013 p. 21) discorre que: “O aspecto clinico da
SXF é muito amplo e inclui desde perturbações afetivas ligeiras e dificuldades de aprendizagem
em indivíduos com um QI norma, até graus variados e déficit intelectual e autismo”.
Nesse sentido, pontua-se a necessidade de mais analisar-se o sujeito com a SXF, visto
assim sobre o olhar de sua deficiência mental, pois, segundo Albuquerque (2000 apud AZEVE-
DO, 2011 p. 19).
Dessa forma, torna-se imprescindível apoiar-se na ideia de que o sujeito em sua espe-
cificidade comporta também em sua composição genética competências que podem ser “traba-
lhadas”, e não pode simplesmente ser definido por uma delimitação funcionalmente intelectual.
Essa abordagem teórica e prática sobre a SXF devem estar intimamente ligadas à compreensão
das distribuições do cromossomo X das crianças, de acordo com a prevalência do sexo.
Uma das principais práticas relacionais que envolvem a criança com X frágil no contexto
educacional é a possibilidade de incluí-la na comunidade escolar; pois se sabe que estas crian-
ças com deficiência intelectual têm seus direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Ado-
lescente (ECA); assim como nas Convenções dos Direitos da Criança que lutam pela igualdade
ao longo do tempo, para que pessoas com deficiência intelectual ou múltipla tenham acesso à
escola com estudo de qualidade.
Desta forma serão usados como base para os argumentos teóricos sobre essas práticas
e sobre a necessidade de tal indivíduo ser inserido na escola, na comunidade e na família, os
CAPÍTULO 20 229
seguintes autores: Bueno (1993), Figueiredo (2009), Mendes (2006), Constituição Federal Brasi-
leira (1988), Declaração Universal dos Direitos Humanos, Correia (1999).
Inicialmente, vale ressaltar que toda criança sendo ou não portadora de deficiência inte-
lectual ou múltipla, tem direito de frequentar a escola e assim ser inserida na sociedade, pois se-
gundo a Constituição Federal: “A educação é um direito de todos” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DE 1988 Art. 205). Assim, a Constituição de 1988 afirma também que o atendimento escolar é
obrigatório a todos os indivíduos de 4 a 17 anos, inclusive as pessoas com deficiência física e
mental, ou seja, no caso a criança aqui estudada com SXF.
Percebe-se que fazer a relação entre a criança com SXF e a escola não é só uma ne-
cessidade ou uma obrigação, mas um direito dela. Através disso é que se inicia o combate ao
preconceito, pois a discriminação muitas vezes acontece por falta de conhecimento sobre cada
situação e sobre o indivíduo.
Este preconceito acontece dentro da própria escola. A maioria das pessoas, e em parte
os profissionais da educação, não sabe como administrar situações quando se fala de crianças
especiais dentro da sala de aula. Muitos não sabem que a criança com deficiência pode desen-
volver atividades diversas, valorizando a sua capacidade, e a forma de atuação dos pais e pro-
fessores, isso porque hes falta formação específica para tal demanda.
Se observarmos o que defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afir-
ma que:
Pode-se perceber com tal declaração que diante de várias leis que regem o país, assim
como aquelas que não são leis, mas tem força de Lei, é direito de todos os sujeitos com defici-
ências, e em especial o de SXF, frequentar a escola regular para que através dela estes possam
ser inseridos na sociedade e no convívio com outras crianças.
No início das pesquisas sobre as crianças com Síndrome de X Frágil estávamos cons-
cientes das dificuldades que encontraríamos para desenvolver tal assunto, visto que se tratava
de uma população pouco investigada, por ser pouco conhecida no nosso país. Porém este foi
um dos motivos que nos levou a aprofundar sobre um assunto tão pouco conhecido pelos profis-
sionais da área da educação.
Diante de todo contexto educacional já abordado, é importante inserir este item sobre a
relação entre criança-escola-família. A intenção principal é mostrar as vantagens presentes nes-
ta interação para o desenvolvimento intelectual da criança com SXF, assim como sua integração
no meio social. Assim, de acordo com Miranda: “A família constitui uma unidade onde acontecem
CAPÍTULO 20 230
muitas interações – um sistema interacional. Acontecimentos que afetam qualquer um dos mem-
bros da família pode ter impacto em todos os seus membros” (CARTER & GOLDRICK, 1980,
citado por MIRANDA CORREIA 1999, p. 147).
METODOLOGIA DA PESQUISA
Conforme Gil (2002, p. 43), a pesquisa bibliográfica pode ser definida da seguinte forma:
Assim como Gil (2002), Lakatos (2003) conceitua pesquisa de forma sucinta e clara,
apoiando-se na defesa de que a pesquisa bibliográfica é o envolvimento de todos os autores que
discursaram e tornaram públicos os assuntos relacionados ao tema de estudo, por meio de di-
versas fontes, como: publicações avulsas, boletins, jornais, pesquisas, monografias, teses, ma-
terial cartográfico, revistas, livros, etc., até meios de comunicação orais: rádio, televisão, filmes,
gravações em fitas, entre outros.
Desta forma, esta pesquisa também tem um viés descritivo, visto que, por meio deste
processo, foi possível identificar todas as variáveis hipotéticas, responsáveis pela ocorrência do
fenômeno que é o objeto de estudo. Assim, através desta pesquisa, foi possível trazer um grande
enriquecimento, no que diz respeito ao conhecimento educacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo foi possível observar que as ideias de inclusão, oferecem suporte às docen-
tes, para a socialização e desenvolvimento dos sujeitos com necessidades especiais, porém,
para as ações pedagógicas com sujeitos que têm a SXF, as profissionais contam com abor-
dagens iniciais intuitivos, visto a limitação nos conhecimentos sobre a síndrome em questão.
Assim, foram discutidos e pontuados os conceitos de inclusão, as características da SXF, bem
como as práticas educacionais direcionadas a pessoas com SXF. O tema em estudo: Crianças
com síndrome do x frágil e as práticas relacionais inclusiva.
CAPÍTULO 20 231
Nesta pesquisa, foi feita uma abordagem sobre a criança com SXF e suas característi-
cas, para uma melhor compreensão e identificação desses sujeitos; dissertou-se sobre práticas
relacionais no contexto educacional com pessoas que tem SXF, incluindo nessa abordagem, a
criança/escola/comunidade e família, ou seja, a inclusão.
De acordo com as pesquisas feitas constatamos que no espaço escolar a criança apren-
de a desenvolver sua autonomia por meio de diversas vivências, e quando o sujeito possui algu-
ma dificuldade na interação social e comunicação, como é o caso da SXF, a inclusão proporciona
ou oportuniza o desenvolvimento, o importante é que seja compreendido as especificardes des-
tes sujeitos, para uma intervenção efetiva.
Dessa forma concluímos que os objetivos da pesquisa foram alcançados, visto que, esta
era compreender as dificuldades existentes que os profissionais da educação encontram para
incluir educacional e socialmente o aluno portador de necessidades especiais, especificamente
os sujeitos com SXF.
REFERÊNCIAS
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Superior de Educação Almeida Garret, 2011.
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Companhia Editora Nacional, 2011.
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dezembro de 1996. Brasília: CC, 1996.
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira (Lei 9394 de 20 de dezembro
de 1996). Ministério da Educação. Brasília, 2001.
BRASIL. Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
CAPÍTULO 20 232
ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm.> Acessado em 14/05/208 às 18:07.
BUENO, J.G.S. Educação especial brasileira integração/ segregação do aluno diferente. São Paulo:
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Inclusão. Em L. M. Correia (Ed.), Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes
Regulares. Porto Editora. 161-169.
FRANCO, V. Síndrome do X Frágil, pessoas, contextos & percursos. Edições Aloendro. Évora. 2013.
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2004.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GOMES, M. K. A.; ACOSTA, A. X. Aspectos gerais da Síndrome do X-Frágil: principal causa hereditária
de retardo mental. Rev. Ciências. Méd. Biol, v. 6, n. 2, p. 197-203, 2007.
CAPÍTULO 20 233
MARCONI, M. de A. LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas,
amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7ª ed. São Paulo:
Atlas, 2011.
SANTOS, I. E, dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisas científicas. 6ª ed. rev., atual. e ampl. –
Niterói, RJ: Impetus, 2009.
CAPÍTULO 20 234
21
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.21
Estudar o que é texto implica compreender a qual gênero o texto pertence, a tipologia
predominante, o domínio discursivo, o veículo em que circulará dentre outras coisas. Luiz Antônio
Marcuschi foi um grande linguista brasileiro que, dentre suas grandes publicações, refletiu muito
sobre o que é texto e a sua importância na sociedade. Ele afirma que “o texto é uma reconstru-
ção do mundo e não uma simples refração ou reflexo” (2008, p.73), ou seja, além de influenciar
os costumes, os pensamentos, as tomadas de decisão etc., ajuda a construir a sociedade.
A relação entre texto e sociedade ocorre de muitas maneiras, o qual o interlocutor se uti-
liza do texto (seja escrito, seja oral) para estabelecer comunicação. Tanto o texto escrito quanto o
texto oral apresentam características próprias e ambos são determinados pelo contexto ao qual
se dá tal enunciado, ocorrendo a diferença que um texto se materializa pela escrita e outro pela
oralidade.
Neste trabalho, o recorte linguístico para estudo é o texto escrito. Ele é uma ferramenta
que, em suas diferentes formas de expressão e estruturação, possibilita a comunicação de uma
mensagem para o seu público-alvo. Parte-se do pressuposto que o texto é produzido para ser
lido, e esse público a qual o texto se destina pode ser tanto mais geral quanto mais específico,
por exemplo: uma notícia tende a ter um público mais geral, enquanto um texto com temática
jurídica tende a ter um público específico, como advogados, juízes etc.
Durante muito tempo, os estudos sobre a produção textual eram voltados apenas ao
campo sintático, excluindo questões de interpretação e de sentido. No entanto, ao iniciar os es-
tudos sobre a linguística textual, passou-se a entender que tanto estrutura quanto sentido estão
interligados, isto é, têm-se internalizadas muitas variantes correlacionadas ao texto, adequando-
-se as diferentes situações em que ele possa ser veiculado.
Para compreender melhor, é necessário entender que o texto possui uma estrutura, a
qual carrega em si tanto questões extralinguísticas quanto questões intrínsecas do texto.
Antes de dar continuidade ao estudo proposto neste artigo, é importante mencionar que
o termo extralinguístico é usado para se referir ao que não é pertencente à estrutura da língua,
mas que é necessário para compreensão como um todo da mensagem do texto. Atualmente,
muitos são os estudos acadêmicos que afirmam que o extralinguístico faz parte da língua, porém
não será discutido ao longo do artigo sobre esse ponto.
Voltando ao objeto de estudo deste artigo, o texto escrito pode apresentar diferentes ob-
jetivos e a ele podem estar relacionados questões de poder, de convencimento, de advertência,
de fins lucrativos etc. Por isso, entende-se que o propósito comunicativo ao qual o texto está
vinculado determina qual e como será a estruturação dele.
Segundo Marcuschi, há uma grande quantidade de estudos sobre gêneros textuais, leia
a seguir a definição apresentada por ele quanto a esse conceito:
CAPÍTULO 21 237
Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apre-
sentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcio-
nais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças
histórias, sociais, institucionais e técnicas. Em contraposição aos tipos, os gêneros são
entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações di-
versas, constituindo em princípio listagens abertas. [...] Como tal, os gêneros são formas
textuais escritas ou orais bastante estáveis, históricas e socialmente situadas. (MARCUS-
CHI,2008, p. 155)
Observe que é mencionado que o texto apresenta objetivos enunciativos, isto é, ele tem
uma mensagem que deseja passar ao interlocutor, ocorrendo assim a comunicação – entende-
-se o texto como uma entidade dialógica1. Essa comunicação ocorre quando o interlocutor faz a
leitura do texto, ou seja, a materialização do texto em si.
Além disso, entende-se o texto escrito como uma entidade estruturada, que, segundo o
dicionário Aurélio Online, a palavra entidade caracteriza-se por “tudo o que é concreto”. O texto
só é concretizado quando sai da abstração, do campo das ideias, e é materializado pela escrita.
Além dos aspectos referentes ao gênero textual, é necessário adequar o texto a sua res-
pectiva tipologia, que pode, inclusive, apresentar mais de uma. Marcuschi apresenta a seguinte
definição de tipologia textual:
designa uma espécie de construção teórica {em geral uma sequência subjacente aos
textos} definida pela natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbal, relações lógicas, estilo}. O tipo caracteriza-se muito mais como sequên-
cias linguísticas (sequências retóricas) do que como textos materializados; a rigor, são
modos textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias
conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. O conjunto
de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar. Quando
predomina um modo num dado texto concreto, dizemos que esse é um texto argumentati-
vo ou narrativo ou expositivo ou descritivo ou injuntivo.
Observe que a tipologia textual, diferente dos gêneros textuais, é limitada e pode apre-
sentar mais de uma ao longo de um texto, há reportagens que fazem uso da tipologia expositiva,
para situar o leitor do acontecimento, e da narração, principalmente em casos em que há o relato
de um interlocutor, por exemplo.
CAPÍTULO 21 238
ocorre de maneira separada (primeiro fonemas, morfemas etc.), mas sim por unidades maiores,
no caso, por meio do texto. Por exemplo: podemos entender a comunicação como uma circunfe-
rência de 360º, e dentro dessa circunferência há divisões, podendo ser 80º de fonemas, 80º de
morfemas etc. No entanto, o interlocutor não se atém a essas particularidades no processo de
comunicação, ele, muito pelo contrário, enxergará apenas a mensagem, o produto final.
A linguística textual é uma das áreas da linguística que contribuiu e muito para o enten-
dimento do que é texto, e ela “tem como papel [...] teorizar e descrever os encadeamentos de
enunciados elementares no âmbito da unidade de grande complexidade que constitui um texto”
(ADAM, 2008, p.63). Entende-se, então, o texto como:
“unidade de língua em uso, unidade semântica (...) não de forma e significado”. Ele não
consiste numa simples soma de períodos ou orações, mas é realizado por seu intermédio.
A textualidade – aquilo que faz com que um texto seja texto – depende, em grande parte,
de certos fatores responsáveis pela coesão textual, conceito semântico que se refere às
relações de sentido que se estabelecem entre enunciados que compõem o texto, fazendo
com que a interpretação de um elemento qualquer seja dependente da de outro(s). (FÁ-
VERO; VILLAÇA, 2008, p.39)
Entende-se por textualidade aquilo que caracteriza/reconhece o texto como texto, estan-
do relacionado aos estudos da coesão textual, que ocorre pelas unidades de sentido dentro dos
enunciados linguísticos, formando, assim, o texto, e da coerência textual.
Os conceitos de coesão e coerência são muito utilizados nos estudos sobre o texto. O
primeiro contato com ambas as nomenclaturas ocorre na escola, e passa a ser mais recorrente
logo que os estudantes ingressam no Ensino Médio. Além disso, eles passam a ser cobrados
a produzirem textos com coerência e coesão, pois são esses um dos critérios de avaliação em
exames como ENEM ou em vestibulares.
A coesão e a coerência permeiam várias situações do nosso dia a dia. É muito comum
receber feedbacks sobre as produções textuais que não estavam adequadas com os seguintes
apontamentos: “faltou coerência” ou “faltou coesão”. O grande ponto de partida para a reflexão é:
O que significa coesão e o que significa coerência? Esses conceitos são amplamente discutidos
pelos teóricos e estudiosos que se dedicam à linguística do texto. É importante mencionar que
tanto a coerência quanto a coesão estão interligados aos gêneros textuais e a tipologia textual.
Para Marcuschi (2008, p. 99), a coesão está ligada tanto à conexão referencial, que se
CAPÍTULO 21 239
atém ao nível semântico, quanto à conexão sequencial, que é realizada pelos elementos conec-
tivos.
Durante muitos anos, foi dado ao texto escrito maior prestígio, e acreditava-se que a coe-
são era o critério mais importante do texto. À época, delimitavam-se ainda os estudos à estrutura
do texto, e não contemplavam e relacionavam o sentido (a coerência textual) à estrutura textual.
Em suas pesquisas, Marcuschi (2008, p.100) pondera que os aspectos estruturais “não
são simplesmente princípios sintáticos. Constituem os padrões formais para transmitir conheci-
mentos e sentidos”. E complementa: “a coesão é justamente a parte da linguística textual que
determina um subconjunto importante desses requisitos de sequencialidade textual”.
Uma das problemáticas referentes ao estudo da coesão é que muitos linguistas defen-
dem que é por meio dela que se forma uma espécie de gramática. Logo, a gramática normativa,
que contempla em seus estudos apenas o nível da frase, difere-se da linguística do texto, que
contempla tanto o nível linguístico quanto questões extralinguísticas.
A coerência, assim como a coesão, também é motivo de vários estudos sobre o que é e
como ela ocorre, questionando se a coerência é uma atividade interpretativa e não imanente ao
texto. Entende-se por coerência como a relação que as ideias apresentadas se estabelecem ao
longo do texto entre si, de maneira lógica. A ela está relacionada o conceito de macrotexto, o qual
está interessado em compreender a mensagem presente no texto, como a introdução dialoga
com o desenvolvimento e com a conclusão, por exemplo.
Um ponto importante de mencionar em relação à coerência textual é que ela está ligada
diretamente ao conhecimento de mundo do interlocutor, ou seja, une-se ao processo de inter-
pretação do texto o conhecimento prévio que o interlocutor tem em relação tema abordado, não
somente atendo apenas à questão estrutural (forma do texto). “Isso significa que há uma distin-
ção bastante clara entre a coesão como a continuidade baseada na forma e a coerência como
continuidade baseada no sentido” (MARSCHUSCI, 2008, p. 119).
O FUNCIONALISMO E O TEXTO
A corrente funcionalista busca entender o seu objeto de estudo tanto no campo linguísti-
co quanto no extralinguístico, ou seja, “preocupa-se em estudar a relação entre a estrutura gra-
matical das línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas” (CUNHA,
A. F, 2015, p 157). Por exemplo, na produção de um texto, essa corrente linguística engloba em
seu estudo o veículo que publicou esse texto, qual o objetivo dele, o público-alvo, o contexto, a
estrutura utilizada etc.
CAPÍTULO 21 240
Os funcionalistas concebem a linguagem como um instrumento de interação social, ali-
nhando-se, assim, à tendência que analisa a relação entre linguagem e sociedade. Seu in-
teresse de investigação linguística vai além da estrutura gramatical, buscando na situação
comunicativa – que envolve os interlocutores, seus propósitos e o contexto discursivo – a
motivação para os fatos da língua. A abordagem funcionalista procura explicar as regula-
ridades observadas no uso interativo da língua, analisando as condições discursivas em
que se verifica esse uso. (CUNHA, 2015, p 157).
Chamo a atenção para um ponto importante: a relação entre língua e sociedade. Esse
recorte linguístico parte do pressuposto de que o ser humano necessita se comunicar, e é por
meio da comunicação que ocorre a interação entre um indivíduo e outro.
Apesar do grande avanço e do êxito com os estudos da fonologia, outros linguistas per-
CAPÍTULO 21 241
ceberam que a corrente funcionalista se aplicava para além da fonologia, perceberam que se
aplicava às questões gramaticais. Linguistas como Matheusis e Halliday, contribuíram para o
estudo relacionando estrutura gramatical (a sintaxe) e contexto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas reflexões apresentadas neste artigo sobre o que é texto e a sua relação
com a sociedade, conclui-se que tanto a estrutura quanto o contexto estão relacionados. A in-
tenção do interlocutor, o veículo, a necessidade de articular e a materialização do texto escrito
agem em concomitância. No entanto, cada etapa de produção está atrelada a um processo de
formação do texto. Há uma união entre questões extralinguística e o que é intrínseco ao texto.
Conclui-se também que o texto visando à comunicação adequa-se ao veículo e a intenção do
autor a fim de que haja assertividade com a mensagem passada ao público-alvo. Além disso,
pontuamos a relação entre coesão e coerência, que estão intimamente relacionadas quanto ao
processo de produção. Os conceitos de gênero textual e tipologia textual também foram aborda-
dos, corroborando para os estudos sobre o texto e para as conclusões presentes ao longo deste
artigo.
REFERÊNCIAS
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2008.
CUNHA, Angélica Furtado. Funcionalismo. MARTELOTTA, Mário Eduardo et AL. Manual de linguística.
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FIORIN, Josão Luiz et AL. Introdução À Linguística II – Princípios de Análise. Ed Contexto. 2003. Ed.
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VILLAÇA KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (1989). Texto e coerência. São Paulo, Cortez.
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VILLAÇA, KOCH, Ingedore; FÁVERO LOPES,Leonor. Linguística Textual: Introdução. Ed. Cortez, 2008.
CAPÍTULO 21 242
22
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.22
Abstract
When mathematically expressing the behavior of the phenomena the other sciences deal with,
math works as the universal scientific language, the tool such other sciences often need and use.
That is why we refer to math as the “Queen of Sciences”. However, it does not mean that math
is a perfect science nor that math researchers cannot review and perhaps improve concepts and
theories, even those accepted since ancient times. The performance of such a task will certainly
require a speculative and philosophical approach, which would allow us to question entrenched
concepts and theories, as well as to suggest new understandings of said concepts and theories.
Additionally, it implies an open-minded view, without absolute truths in the analysis of innovative
propositions. In line with these principles, this text discusses certain math oddities and three inno-
vative propositions: an extension of the meaning of the Pythagoras Theorem, a proof for Fermat’s
Conjecture, and a new Fundamental Axiom of Algebra.
Tenho para mim que algumas conjecturas não provadas e alguns problemas sem solu-
ção podem estar nessa condição de enunciados afetados por vícios de fundamentos.
Uma terceira questão, já apontada por especialistas e que está a merecer a atenção
dos educadores, reside na orientação atualmente adotada no ensino da matemática, que dá
ênfase à fase dos cálculos, exatamente a menos importante, puramente mecânica, que pode
ser realizada por calculadoras e computadores com inigualáveis rapidez e exatidão. Um enfoque
didático que coloca em plano secundário o raciocínio e a lógica. Se matemática é lógica, vamos
ver as coisas sob enfoque lógico, vamos raciocinar, não atuar mecanicamente como robôs. Isso,
porém, implica questionamento, coisa não muito apreciada pelo ser humano.
CAPÍTULO 22 245
ESTRANHEZAS DA MATEMÁTICA
Curiosidades
Quem tem alguma familiaridade com a matemática sabe que esse ramo do conhecimen-
to humano convive com certas estranhezas, questões mal explicadas, conjecturas não provadas
e problemas não resolvidos. Como exemplos de estranhezas e questões mal explicadas, pode-
mos lembrar que1:
- Ao resolver uma equação irracional, a álgebra pode nos levar a uma raiz que não satis-
faz a equação resolvida. A explicação aceita é que ocorreu uma "raiz estranha".
- Pela regra de sinais, ao elevar (+5) e (-5) ao quadrado temos o mesmo resultado, (+25).
- Uma equação de grau "n" tem "n" raízes; a expressão “xn - 1 = 0” deveria ter "n" raízes
para qualquer valor de "n", mesmo "n" igual a um trilhão. Ora, só há uma resposta, "x =
1".
1 SILVA, Astyages Brasil, “Um ensaio de matemática na era da unidade”, Rio de janeiro-RJ, 2017.
CAPÍTULO 22 246
Imprescindível e bela, mas não perfeita:
a) Quando lidamos com os números reais, que respondem pela maioria dos casos práti-
cos, só obtemos resultados aproximados. Resultados exatos só ocorrem quando dados
e resultados são números inteiros. A conclusão é que, na vida real, temos que estabele-
cer tolerâncias e conviver com aproximações;
b) O emprego do “zero” não está perfeitamente explicado e quando envolvido nas ope-
rações aritméticas pode gerar situações estranhas;
c) O entendimento atual é que números têm sinais, que podem ser positivos e negativos,
e que números negativos têm tratamento diferente do tratamento dado aos números
positivos. Isso nos impõe desdobramentos conceituais discutíveis, como a aceitação da
existência de números imaginários.
Sequer me atrevo a comentar os dois primeiros temas. Quanto ao terceiro, temos duas
alternativas a considerar: a primeira, que números realmente têm sinais, mas que números ne-
gativos devem ser tratados da mesma maneira como tratamos os números positivos; a segunda,
que entendemos a mais adequada, que números são elementos neutros, sem sinais, e que po-
dem se apresentar positivos ou negativos como decorrência de situações impostas às expres-
sões aritméticas e algébricas, como igualdades forçadas ou convenções. Voltarei a esse assunto
mais adiante.
CAPÍTULO 22 247
Em seu viés prático, denominado de “matemática aplicada”, de dar suporte às outras
áreas do conhecimento humano, em cada caso a matemática trata de assuntos distintos e segue
regras próprias. Nesse mister, a matemática, sem transgredir suas próprias regras, tem que res-
peitar as leis que regem o objeto da área atendida. Uma das falhas do ensino da matemática é
não esclarecer essa peculiaridade aos alunos. Uma mesma letra, seja “x”, por exemplo, em uma
expressão matemática, pode ser a incógnita de uma equação a ser resolvida, a propriedade de
uma figura geométrica, como o raio na fórmula do volume de uma esfera, a abcissa de um ponto
pertencente à representação cartesiana de uma parábola, ou a massa de um corpo na fórmula
da lei da atração gravitacional de Newton. Tal letra, seja ela qual for, desempenha papéis diferen-
tes e segue regras diferentes em cada um desses casos citados.
EQUAÇÕES
Uma equação é uma igualdade entre duas somas algébricas de uma única variável, a
incógnita, cujo valor é a resposta a uma questão previamente formulada2. A título de exemplo,
imaginemos que os custos totais de impressão de dois livros, “CT1” e “CT2”, expressos em Re-
ais, em função da quantidade “x” de livros impressos, sejam dados pelas expressões:
CT1 = CT2
x = 100
Nesse exemplo, formamos uma equação (só há uma incógnita, “x”), de primeiro grau (o
expoente da variável “x” é a unidade), sendo o valor da incógnita a resposta à questão formulada:
100 livros.
Cabe aqui uma observação. Ao igualarmos duas somas algébricas de uma mesma e úni-
ca variável, no caso denominada de incógnita, criamos uma equação. Ao resolver a equação, a
incógnita poderá resultar positiva, negativa ou nula, dado que se trata de uma igualdade forçada,
um resultado imposto.
2 MANNARINO, Remo, A Matemática pode ser diferente? Editora CataLivros, Rio de Janeiro-RJ, 2020.
CAPÍTULO 22 248
Preconizamos neste texto que uma equação é uma igualdade algébrica de uma única
variável (a incógnita), que expressa a condição imposta por um problema, sendo o valor resul-
tante para a incógnita a resposta à questão previamente formulada com o problema. Sendo a
equação uma igualdade forçada, o valor resultante para a incógnita poderá ser positivo, negativo
ou nulo.
V = (4/3)πR³
Nessas fórmulas, as grandezas (raio e volume) não têm sinais. A diferença “ΔV” entre os
volumes de duas esferas (“V1” e “V2”, de raios “R1” e “R2”) nos é dada por “ΔV = (4/3)π(R13 – R23)”.
Não há nenhuma grandeza negativa na citada expressão matemática, apenas uma subtração de
grandezas neutras (volumes).
CAPÍTULO 22 249
A elipse colocada no 1º quadrante do gráfico cartesiano tem todas as coordenadas posi-
tivas. Colocada no 3º quadrante, a mesma elipse tem todas as coordenadas negativas. Em ter-
mos absolutos (módulos), as coordenadas são as mesmas, mas de sinal trocado. A conclusão:
CAPÍTULO 22 250
Figura 4 - Sistema de equações
Ressalvado algum exercício lúdico, a bem da verdade, não existem sistemas de equa-
ções, exceto se, erroneamente, aceitarmos como equações algum conjunto de fórmulas de algu-
ma ciência, como as fórmulas de Maxwell para o eletromagnetismo.
Convenções operacionais
Fórmulas científicas
Assim como dá suporte à geometria, com fórmulas que permitem quantificar e relacionar
as propriedades de figuras geométricas, a matemática dá suporte a outras ciências com fórmulas
científicas, impropriamente chamadas de equações, como as fórmulas empregadas na física por
Galileu, Newton, Maxwell, Einstein e tantos outros expoentes das ciências. Como exemplo, a
conhecida fórmula da atração gravitacional de Newton:
FG = k (M.m)/D²
CAPÍTULO 22 251
A matemática a serviço de si mesma
A curiosidade é que este texto, por seu caráter investigativo e especulativo, mesmo vol-
tado exclusivamente para os fundamentos da matemática, deve ser entendido como parte da
matemática pura.
O fato de que há conceitos consagrados, alguns até por milênios, não basta para asse-
gurar que tais conceitos estejam corretos, especialmente se o seu emprego de modo consistente
levar a resultados claramente inconsistentes.
Fiel ao caráter filosófico-especulativo que adotei neste texto, a Figura 5 apresenta no-
vos entendimentos de conceitos que estão consagrados em nossas mentes. São polêmicos, é
verdade, mas sem ousar, permaneceremos na mesmice de sempre, insistindo nas estranhezas,
nas questões mal explicadas e na aceitação de justificativas simplórias. Ousar e questionar é
preciso.
Aceitando-se o entendimento de que números não têm sinais, conclui-se que não exis-
tem números imaginários nem raízes imaginárias, o que permite descartar a teoria dos números
complexos e todos os seus desdobramentos.
5 MANNARINO, Remo, A Matemática pode ser diferente? Editora CataLivros, Rio de Janeiro-RJ, 2020.
CAPÍTULO 22 252
Figura 5 - Novo entendimento de conceitos consagrados
Alguns outros casos ilustram o caráter especulativo deste texto, pela apresentação de
novos entendimentos de conceitos já consagrados.
Teorema de Pitágoras
Esse Teorema é um caso particular do Teorema de Ptolomeu, muito mais geral, que
reza que “Em todo quadrilátero inscrito em uma circunferência, a soma dos produtos dos lados
opostos (“a1.a2” + “b1.b2”) é igual ao produto das diagonais (“c1.c2”)”. A Figura 7 ilustra o que foi
afirmado. Quando o quadrilátero se torna um retângulo, “a1 = a2 = a”, “b1 = b2 = b” e “c1 = c2 = c”
e, portanto, “a2 + b2 = c2”.
CAPÍTULO 22 253
Figura 7 - Teorema de Ptolomeu
O Teorema de Pitágoras é também um caso particular de meu Teorema dos Infinitos Tri-
ângulos Retângulos, uma propriedade da circunferência, sob o enunciado de que “A soma dos
quadrados de duas cordas que partem de um ponto de uma circunferência (“1, 2, 3” ou qualquer
outro) e se unem às extremidades opostas de um diâmetro qualquer (“A e B”) é constante e igual
ao quadrado desse diâmetro (“d2”). Isso está mostrado na Figura 8. Ou:
Pela tradição, podemos continuar a usar essa magnífica e bela relação matemática sob
o título de "Teorema de Pitágoras", consagrado por milênios, mas tendo esse novo entendimento
de que seu alcance é bem mais abrangente e que não é propriedade do triângulo retângulo, mas
da circunferência, sob a forma algébrica geral:
6 AMUI, Sandoval, “A Circunferência, Pitágoras e Fermat”, Editora Catalivros, Rio de Janeiro-RJ, 2019.
CAPÍTULO 22 254
Conjectura de Fermat
Embora não tivesse nenhuma utilidade prática, uma conjectura proposta por Pierre de
Fermat tornou-se verdadeira obsessão para um enorme contingente de matemáticos e não ma-
temáticos, que se empenharam em provar a conjectura. Uma contenda que durou quase quatro
séculos, quando a comunidade de matemáticos aceitou a demonstração do matemático inglês
Andrew Wiles como correta.
A Conjectura de Fermat não é demonstrável por meios puramente algébricos. Essa Con-
jectura só pode ser demonstrada pela combinação de geometria e álgebra.
CAPÍTULO 22 255
ÁLGEBRA
A álgebra é vista como tendo um campo de aplicação que, em realidade, não tem; tor-
nou-se um fim em si mesma e ganhou vida própria, embora seja somente uma ferramenta, um
recurso matemático.
Além desses três graus encontrados na natureza, representados por expoentes inteiros,
as variáveis de expressões algébricas podem ostentar expoentes fracionários ou mesmo irracio-
nais, em geral exercícios lúdicos, caracterizando figuras geométricas modificadas, sem haver,
necessariamente, correspondentes dessas figuras na natureza ou na geometria clássica.
Tenho para mim que, ao aceitarmos o entendimento de que números não têm sinais
(exceto como resultados de igualdades forçadas e convenções), que a álgebra somente estende
a ação da aritmética e que a matemática, como linguagem, cumpre o imprescindível papel de
expressar algebricamente o comportamento dos objetos de estudos das demais áreas do saber
humano, teremos uma matemática descomplicada e livre de inconsistências e de questões mal
explicadas.
Os elementos encontrados na natureza, como livros, carros, moedas e tantos outros, são
neutros, não são positivos nem negativos. Contudo, tratados como grandezas pela matemática,
podem se apresentar dotados de sinais nas expressões aritméticas e algébricas, como resultado
de situações impostas, sejam igualdades forçadas ou convenções. Desse modo, em matemá-
tica, lidamos com três tipos de grandezas: grandezas positivas (+), grandezas negativas (-) e
grandezas neutras (valores absolutos ou módulos).
CAPÍTULO 22 256
5x – 3y – 2xy”, os números “5”, “3” e “2”, bem como “x” e “y”, são elementos neutros (módulos).
Os sinais “+” e “– “ que aparecem na expressão significam apenas adição e subtração de termos
neutros.
Em ambos os casos, os números “5” e “3” e a grandeza “x” foram tomados como módu-
los e, assim, efetuadas as operações aritméticas. Ao multiplicar o número “5” pelo número “3” e
pela variável “x”, apenas respeitamos os sinais de adição e subtração que precedem cada núme-
ro e cada grandeza envolvidos na operação. O sinal negativo antes dos parênteses na expres-
são algébrica “y = – (+ 15 – 5x)” apenas nos diz para trocar os sinais que precedem os módulos
que estão dentro dos parênteses (“15” e “5x”), resultando “y = – 15 + 5x”. Nesses exemplos, não
houve operações de multiplicação de elementos positivos nem negativos.
Isso significa que números serão sempre tomados como valores absolutos (módulos),
embora possam aparecer precedidos de sinais, como resultado de alguma situação forçada,
como em “+ 5 – 7 = – 2” (um déficit de módulos igual a “2”, porque o módulo “5” é menor que
o módulo “7”). Letras que representam constantes e letras que representam variáveis podem
operar como valores absolutos ou como elementos dotados de sinais, conforme seja a situação
imposta, a exemplo dos seguintes casos:
a) Para que igualdades forçadas sejam verdadeiras, como a equação “+ a1x – b1 = + a2x
– b2”, a incógnita “x” poderá ser positiva, negativa ou nula, dado que “a1”, “b1”, “a2”, “b2”
e “x” são grandezas sem sinal (neutras). Os sinais “+” e “– “ na expressão matemática
apenas significam adição e subtração de grandezas neutras (termos);
CAPÍTULO 22 257
Fazendo uma analogia com créditos (convencionalmente aceitos como positivos) e dé-
bitos (convencionalmente aceitos como negativos), quando o sinal de adição (“+”) precede um
termo precedido do sinal negativo (“–”), significa que estamos acrescentando mais um débito
aos débitos, prevalecendo o sinal negativo (“–”). Quando o sinal de subtração (“–”) precede um
termo precedido do sinal negativo (“–”), significa que estamos deduzindo um débito dos débitos,
prevalecendo o sinal positivo (“+”). Por outro lado, podemos multiplicar (ou dividir) um crédito ou
um débito, sendo que o multiplicador (ou divisor) será um módulo e, por convenção, o crédito re-
sultante continuará positivo e o débito resultante continuará negativo, dando origem a um crédito
ou a um débito maior. Nada a ver com “regra de sinais”.
Esse tema é, provavelmente, o mais sútil de todos que apresento neste texto. De um
modo geral, meu novo conceito não altera os resultados alcançados com os conceitos operacio-
nais vigentes, quando – pela lógica da aritmética, um módulo se confunde com um valor positivo,
o que sugere que não estou apresentando nada de novo. Há, porém, uma tênue diferença, uma
nuança filosófica: a distinção entre valor positivo e valor absoluto (módulo).
Admitamos que Maria tenha “x” livros e que José tenha “x2” livros. Sabendo que José tem
36 livros, quantos livros tem Maria? Pelos conceitos atuais,
Se José tem 36 livros, Maria não poderia ter “– 6 livros”, essa resposta não faz sentido
(exceto algebricamente). Temos que interpretar que José tem 36 livros (que não são positivos
nem negativos) e que Maria tem 6 livros (que, igualmente, não são positivos nem negativos). No
exercício, “x” é módulo, não tem sinal.
Podemos ainda dizer que Maria tem 30 livros a menos que José, dado que 6 – 36 = – 30.
Todos esses números, 36, 6 e 30, são módulos.
Os sinais (“+”) e (“–“) que aparecem nas somas algébricas são unicamente sinais de
adição e subtração de termos (módulos) formados por números e/ou letras, que também são mó-
dulos. Os módulos precedidos do sinal (“+”) devem ser somados entre si, enquanto os módulos
precedidos do sinal (“–“) também devem ser somados entre si, o que nos leva a uma diferença
forçada entre a soma dos módulos precedidos do sinal de adição (“+”) e a soma dos módulos
precedidos do sinal de subtração (“–“) que pode ser positiva, negativa ou nula (um saldo de
módulos positivo, negativo ou nulo). Ademais, números e letras podem se apresentar dotados
de sinais nos casos de situações forçadas, como o resultado de equações, e nos casos de con-
venções, como na representação cartesiana de figuras geométricas e no artifício matemático de
usar expoentes negativos para significar fração.
7 Tema discutido no artigo “AMUI, Sandoval, http://www.globalscientificjournal.com/journal, volume8, issue8, August 2020 edition,
p6.html”.
CAPÍTULO 22 258
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tratei neste artigo de temas matemáticos básicos, os fundamentos que sustentam esse
fantástico ramo do saber humano. Optei por um enfoque filosófico-especulativo que me permitis-
se, não apenas questionar conceitos consagrados, mas também propor um novo entendimento
para alguns desses conceitos questionados.
Resta claro que as modificações conceituais ora apresentadas nos levam a uma mate-
mática mais simples que a praticada atualmente. Nessa abordagem especulativa, um tanto filo-
sófica, a álgebra perderá um pouco de seu “charme”. No ensino da matemática, como atividade
lúdica, poderemos manipular polinômios, resolver supostos sistemas de equações de figuras
geométricas posicionadas no gráfico cartesiano e operar com a regra dos sinais, mas privilegian-
do o raciocínio e a lógica. O aluno saberá o que faz e porque faz. Teremos uma ferramenta bem
mais efetiva e livre das referidas estranhezas antes apontadas, uma matemática menos abstrata,
consistente com o mundo real. De quebra, o ensino da matemática poderá ficar mais fácil e seu
aprendizado, bem mais efetivo.
É de se esperar ainda que os alunos não terão dificuldades maiores do que as que têm
em outras disciplinas, alcançarão nas avaliações notas equivalentes às que obtêm nessas outras
disciplinas e que, por fim, as pessoas deixarão de detestar a matemática.
REFERÊNCIAS
AMUI, Sandoval, “A Circunferência, Pitágoras e Fermat”, Editora Catalivros, Rio de Janeiro-RJ, 2019.
MANNARINO, Remo, A Matemática pode ser diferente? Editora CataLivros, Rio de Janeiro-RJ, 2020.
SILVA, Astyages Brasil, “Um ensaio de matemática na era da unidade”, Rio de janeiro-RJ, 2017.
CAPÍTULO 22 259
23
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.23
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.24
Abstract
This article aims to understand the importance of encouraging reading for the student's education
process. The text goes through many hands before reaching the reader, so that every person or
institution that comes between the reader and the text carries out a mediation action, that is, it can
either promote or hinder the contact between them. Based on this, this research proposed to stu-
dy, in the light of the sociology of reading, how the mediating instances of reading, which include
the school, have acted in the formation of readers. So, in order to be able to start a reflection on
the formation of the reader, it is necessary, first, to conceive what reading is. And considering that
our work had taken into account both the existence of artistically elaborated texts and texts that
use an everyday language. This implies a series of skills. At the time of reading, students need
to be able to take a stand against what they read, perceive not only what it explains, but what is
implied, and understand the author's intentions and his motivations to present the information in a
certain way. Therefore, in order to form good readers, the encouragement of reading should start
from early childhood education, where they are discovering themselves.
Basta uma reflexão superficial para poder afirmar: sem a escola não há leitores, é na
escola que se aprender a ler. Recentemente se designou a escola o objetivo de criar leitores,
utilizando processo de trabalho adequado e incluindo nos programas de português, nos vários
níveis de escolaridade, a leitura da obra completa.
CAPÍTULO 24 264
FORMAÇÃO DO LEITOR
Para haver prazer em ler criança, é importante que além do contato com a leitura, ela
também tenha contato com pessoas que a estimulem, podendo ser professores, familiares e
conviventes do seu contexto histórico. A leitura, quando iniciada no ambiente familiar pode fazer
com que o leitor tenha mais facilidade em compreender textos, havendo uma compreensão de
mundo melhor. Segundo Raimundo (2007, p. 112), “O leitor que teve contato com a leitura desde
cedo dentro de sua casa é diferenciado ao saber reconhecer os signos com maior facilidade que
um aluno que teve seu primeiro contato ao entrar na escola.”
O leitor deve ser visto como um sujeito ativo no processo de leitura, conseguindo tirar
conclusões e usar suas experiências acumuladas no decorrer da vida. O professor deve realizar
leituras compreensivas e críticas. Deverá propor contato com diferentes gêneros, proporcionan-
do momentos de debates e reflexão. É fundamental que o processo de mediação se dê a partir
das relações interpessoais entre os sujeitos. Para Vygostky (1989, p. 101)):
DINÂMICAS DE LEITURA
Quando pensamos em atividade ledora na Escola, observamos que os alunos vêm sen-
do cercados com textos nada atrativos fora de seus meios culturais e faixas etárias, que leva
à prática de uma leitura apenas avaliativa. Desenvolver atividades de leitura em sala de aula é
importante não só para ensinar o aluno a gostar de ler e escrever, mas também para a evolução
de seu aprendizado e para conectá-lo à realidade, permitindo-o, assim, compreender o seu con-
texto. Vigner (2002, p. 36) afirma que:
Ler não é mais essa entrada em espaços desconhecidos como certa tradição o subenten-
deu, mas é, prosaicamente, a procura de uma confirmação, o acionamento quase auto-
mático de protocolos de leitura já constituídos, em presença de textos já repertoriados e
identificáveis pelo leitor desde a recepção dos primeiros sinais (...)
Cabe, portanto, ao professor, a identificação dos temas a serem explorados em sua prá-
tica pedagógica. A literatura, por si só, é uma ótima ferramenta para estimular o entusiasmo do
aluno pela leitura e escrita. No entanto, o professor precisa conseguir tornar a aula mais atraente
e criativa, fugir um pouco do tradicional para demonstrar que esses momentos também podem
ser divertidos. De monólogo dramatizado, roda de leitura, jogo de identificação de palavras e in-
CAPÍTULO 24 265
terpretação, leitura com caça-palavras, sarau, leitura de sagas e best-sellers, Feed de notícia no
Facebook, ao uso de leitores digitais, são muitas as dinâmicas que podem ajudar os seus alunos
a se interessarem pelo mundo das palavras.
Dessa forma, as atividades de leitura podem ser adaptadas às preferências dos alunos,
envolvendo-os, cada vez mais, na prática de ler livros, elas contribuem fortemente para desen-
volver o gosto dos estudantes pelas palavras. Eles precisam perceber que os textos são uma
forma de comunicação e de interação social, o professor deve incentivar os alunos a criarem
o hábito de ler, pois, por meio dessa atividade, os alunos tornam-se capazes de buscar novos
conhecimentos, aprimorar os já possuídos, fazer uso desses para compreender a sociedade e
interagir nela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ler um texto de última hora para prestar um exame diferirá de ler o mesmo texto para
fazer um trabalho ou para saciar o desejo de saber mais a respeito de algo de grande interes-
se pessoal. O mesmo leitor pode extrair diferentes significados de uma mesma obra lido em
momentos variados e com diferentes intenções. Este artigo foi elaborado em base quantitativa,
através de revisão da literária, meios tecnológicos. Onde as opiniões de diversos autores foram
comparadas. Chegando assim a uma conclusão, se o aluno precisa ou não de uma motivação
maior, de uma dinâmica ou metodologia diferenciada para o mesmo tomar maior gosto pela
leitura, antes da fase adulta. Entretanto, o modelo pedagógico brasileiro o professor não tem
conseguido contribuir para que a maioria dos alunos desenvolva leitura crítica e busque de forma
criativa sua autonomia. A utilização de livros didáticos reforça a dependência de um saber cen-
tralizado no professor (Leahy-Dios, 2001, p. 45), saber esse que, na verdade, é a reprodução do
conhecimento fragmentado veiculado pelo livro didático.
Desta forma, conclui-se que é de suma importância a prática da leitura, pois desenvolve
ao indivíduo aspectos críticos de conscientização e memorização mecânica daquilo que foi lido,
e não torná-los meramente dependentes de textos construindo para simplesmente responder
perguntas. O processo da leitura é trazer para o indivíduo, benefícios e desenvolvimento para
sua vida pessoal e profissional, ensejados pelo processo de comunicação interpessoal da lin-
guística falada, como este escreve e produz um texto.
CAPÍTULO 24 266
REFERÊNCIAS
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o habito de leitura. São Paulo: Ática, 1987.
HAUSER, A. Sociologia del publico. In : HAUSER, Arnold. Socilogia Del arte. Barcelona: editorial labor,
p. 549-599, 1977.
MAGALHÃES, Ana Maria. Ler ou não ler: eis a questão. Porto Alegre: Kuarup, 1990.
MARTINS, Maria Helena Pires. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1990.
VIGNER, G. O texto leitura e escrita/ Organização e revisão técnica de tradução. Campinas SP: 3ª
edição revisada. Pontes, 2002
CAPÍTULO 24 267
25
Do analógico ao virtu@l: notas
teórico-práticas sobre tecnologias
digitais na escola da vida e na
educação escolar no contexto do
“novo normal”
From analog to virtu@l: theoretical-
practical notes on digital technologies
school of life and school education in
the context of the "new normal"
Marcos Pereira dos Santos
Pós-doutor em Ensino Religioso pelo Seminário Internacional de Teologia Gospel (SITG) – Ituiutaba/MG.
Docente adjunto da Faculdade Rachel de Queiroz (FAQ) – Ponta Grossa/PR.
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.25
Abstract
The main purpose of this scientific article is to present theoretical-practical notes on digital tech-
nologies in the school of life and in school education in the context of the “new normal”, since the
current moment is the transition from analog to virtual. Written in a qualitative approach of scien-
tific research, based on bibliographic and electronic theoretical references, the textual corpus of
the present work is didactic and methodologically structured in three distinct parts, namely: 1ª)
Technology(s) and digital environments: connections beyond computerization (edu)communica-
tion; 2ª) Virtual and (new) digital technologies in focus: for what? for whom?; and 3ª) Below the
analog!? : wings are opened to digital technologies in the field of contemporary school education
– theories and practices. Ultimately, by way of finaly words, some general notes are made on the
theme in question, thus aiming to exalt the central ideas, including the nerve points, which engen-
der the critical-reflexive analyses developed. It is, therefore, a very controversial and emerging
scientific research problem, which is not limited to in the present study brought to light.
[...] Quando todos estiverem “on-line”, quando os circuitos eletromagnéticos estalarem por
todos os lados, os impulsos voando em todas as direções, como pensamentos em um
cérebro enlouquecido, teremos que repensar nossa definição de individualidade e nossos
ideais tradicionais de subjetividade personalizada. E, também, os ideais de vida privada
que sempre dela fizeram parte.
Daí a relevância do presente estudo temático científico, que traz a lume algumas refle-
xões críticas, de natureza teórico-prática, sobre tecnologias digitais na escola da vida e na edu-
cação escolar em geral nos dias atuais. Afinal de contas,
[...] no mundo real dos dias de hoje, vale dizer, no mundo das transmissões de vídeo, te-
lefones celulares, aparelhos de fax e, particularmente, nos ambientes digitais em que se
ouve o zumbir dos computadores operados por “hackers” e fanáticos do ciberespaço, ou-
ve-se dizer, com frequência, que o meio impresso é obsoleto e está fadado a desaparecer
[...]. (COOVER, 1992, p.1)
É errôneo pensar, conjecturar, falar e/ou escrever sobre educação, psicologia, episte-
mologia, cultura, pedagogia, didática, inteligência, técnica e método de ensino, gênero textual
e literário, aprendizagem, linguagem, tecnologia, teoria educacional e prática pedagógica, por
exemplo, tomando-se cada termo ou expressão terminológica apenas em sentido singular, uni-
tário e (r)estrito. Dizemos isto, porque cada um destes vocábulos deve ser considerado em seu
aspecto plural, diverso, múltiplo, variado; haja vista que possuem diferentes facetas, matizes e
nuances. Portanto, existem educações (BRANDÃO, 1981), psicologias (BOCK; FURTADO; TEI-
XEIRA, 2003), culturas (CERTEAU, 2001), inteligências (GARDNER, 1995), métodos e técnicas
de ensino (ARAÚJO, 1996), tecnologias (LÉVY, 1993), pedagogias, linguagens, e assim por
diante.
CAPÍTULO 25 270
No que tange às tecnologias, em específico, geralmente associa-se as mesmas somente
ao que diz respeito à Informática, Computação, Engenharia, Telemática, Robótica, Cibernética,
Processamento de Dados, Análise de Sistemas, Inteligência Artificial, técnica, informatização e
outros verbetes congêneres.
Grosso modo, Silva (2002) salienta que tecnologia é definida conceitualmente como Ci-
ência (do latim Scientia = conhecimento) próxima dos ofícios e das artes em geral, aplicação dos
conhecimentos científicos. Em sentido etimológico e amplificado, tem-se que:
Tecnologia (do grego tekhné = técnica, arte ou ofício e logia = estudo, tratado) é o conjunto
de técnicas, habilidades, métodos e processos usados na produção de bens ou serviços,
ou na realização de objetivos, como em investigações científicas. Tecnologia pode ser o
conhecimento de técnicas, processos e similares. Isso também pode ser embutido em
máquinas para permitir a operação destas sem conhecimento detalhado do seu funciona-
mento. [...] A tecnologia pode ser mais amplamente definida como as entidades, materiais
e imateriais, criadas pela aplicação do esforço mental e físico para obter algum valor.
Nesse uso, a tecnologia se refere a ferramentas e máquinas que podem ser usadas para
resolver problemas do mundo real. [...] A palavra tecnologia também pode ser usada para
se referir a uma coleção de técnicas. Nesse contexto, é o estado atual do conhecimento
da humanidade de como combinar recursos para produzir produtos desejados, resolver
problemas, atender necessidades ou satisfazer desejos; o que inclui métodos técnicos,
habilidades, processos, técnicas, ferramentas e matérias-primas. [...] A tecnologia pode
ser vista como uma atividade que forma ou muda a cultura. (AUROUX, 1992, p.11)
Face ao exposto, Oliveira (2008, p.7) sintetiza de forma categórica, num eixo epistemo-
lógico representativo, que “Ciência + técnica = tecnologia (‘saber é poder’)”, donde:
[...] a Ciência é altamente considerada. [...] A alta estima pela Ciência não está restrita à
vida cotidiana e à mídia popular. É evidente no mundo escolar e acadêmico e em todas as
partes da indústria do conhecimento. [...] A Ciência deve parte de sua alta estima ao fato
de ser vista como a religião moderna, desempenhando um papel similar ao que desempe-
nhou o cristianismo na Europa em eras antigas. [...] A Ciência é baseada no que podemos
ver, ouvir, tocar, etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não
têm lugar na Ciência. A Ciência é objetiva. [...] O crescimento da Ciência é contínuo, para
a frente e para o alto, conforme o fundo de dados de observação aumenta. (CHALMERS,
1993, p.17-28)
Neste contexto, fazendo nossas as palavras de Rangel (2005, p. 9-13), vale frisar ainda
o seguinte:
CAPÍTULO 25 271
[...] a palavra “técnica” tem sua origem justificada no “como fazer” o trabalho, como de-
senvolver o processo de construção deste, seus procedimentos, seu encaminhamento. A
origem de “técnica” encontra-se no grego technicu e no latim technicus. Etimologicamente,
o significado de técnica é o de “artes”, “processos” de se fazer algo, ou como fazê-lo, como
realizá-lo. Assim, o método1 é o caminho, e a técnica é “como fazer”, “como percorrer”
esse caminho; [...] esse trajeto, seus procedimentos, seus passos.
Diante do panorama delineado, temos, então, que há diversos tipos de tecnologia, dentre
os quais convém citar, por exemplo: tecnologias síncronas e assíncronas, tecnologias educa-
cionais, Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), tecnologias assistivas, tecnologias
digitais, tecnologias de redes sociais on-line, tecnologias de realidade aumentada, tecnologias
de realidade virtual, tecnologias 3G e 4G wireless broadband, tecnologias CAD (Computer Aided
Design), tecnologias de smartphones, tecnologias cloud computing, tecnologias de inteligência
artificial, tecnologias de telepresença colaborativa, tecnologias de machine learning, tecnologias
imersivas, tecnologias de cibersegurança, tecnologias de hiperautomação RPA (Robotic Process
Automation), tecnologias de drones, tecnologias de impressão 3D, tecnologias de Internet of
Things (IoT) – Internet das Coisas, tecnologias de processos (de materiais, de informações e
de consumidores), tecnologias instrumentais, tecnologias intelectuais, dentre inúmeras outras.
(ARAÚJO LEITE; PAHIM; LIMA, 2020; DE NEGRI, 2018; TEDESCO; GIACHINI; RAMON, 2020)
É uma revolução científica e tecnológica que afeta a tudo e a todos os seres humanos,
o mundo globalizado, a sociedade da informação e do conhecimento, a Indústria 4.0, as novas
tecnologias 5G, etc.; impulsionando (obrigatoriamente!) mutações, transformações, ressignifi-
cações, inovações, readequações, adaptações, redimensionamentos e novos investimentos e
empreendimentos em todos os setores sociais. Estamos diante de uma nova realidade objetiva
existencial concreta, porém virtual, a qual não é possível ocultar ou negligenciar, nem tampouco
dela (tentar) escapar.
1 Sobre este assunto, recomenda-se a leitura da obra científica intitulada “Métodos de ensino para a aprendizagem e a
dinamização das aulas” (RANGEL, 2005), cuja autora também faz uma ampla abordagem acerca da definição conceitual de
método e suas diversas tipologias, dando ênfase aos métodos educacionais voltados ao ensino e à aprendizagem escolares. A
despeito de método, técnica, tecnocracia e tecnicismo pedagógico, sugerimos ainda consultar o capítulo textual nominado “Para
uma análise das representações sobre as técnicas de ensino”, de autoria de José Carlos Souza Araújo, contido na obra científica
organizada por Veiga (1996).
2 Expressão utilizada com muita frequência por teóricos e pesquisadores(as) de diversas áreas do conhecimento científico no
período de (pós-)pandemia decorrente de novo Coronavírus (COVID-19), cujo agente viral é o SARS-CoV-2, no intuito de fazer
menção a um estado ao qual uma economia, sociedade, cultura, etc. se instala após uma crise (local, regional ou global), quando
esta difere radical e notadamente da situação que prevalecia antes do início da crise. Informações mais detalhadas sobre este
assunto podem ser obtidas em: Azenha (2020); Dutra-Pereira, Lima e Bortolai (2020); Reis, Silva e Meirelles (2021) e Santos
(2021).
CAPÍTULO 25 272
O VIRTUAL E AS (NOVAS) TECNOLOGIAS DIGITAIS EM FOCO: PARA
QUÊ? PARA QUEM?
Impressão digital. Circuito digital. Alfabetização e letramento digital. Inclusão digital. Pla-
taforma digital. Tecnologia digital. Cultura digital. Geração digital. Educação digital. Sociedade
digital. Mundo digital. E tantos outros elementos e contextos digitais (...).
Bazzo e Pereira (2007) postulam que analógico e digital podem ser entendidos como
sendo duas formas diferentes de comunicação linguística, tipos de sinais numéricos valorativos,
sistemas/dispositivos de manipulação de quantidades físicas, equipamentos, conversores, re-
ceptores ou circuitos.
Nesta perspectiva, o digital pode ser considerado, em suma, como sinônimo de tudo o
que é virtual, midiático, eletrônico e de tecnologia(s) on-line, podendo desencadear a inclusão
digital ou a exclusão digital, isto é, a (in)acessibilidade digital, a (não) cidadania digital e o a(na)
lfabetismo digital, uma vez que os espaços/ambientes digitais influenciam, direta ou indiretamen-
te, a vida das pessoas nos âmbitos pessoal, familiar, educacional, profissional, cultural e social;
em conformidade com o que asseveram Capellão (2007) e Guimarães (2003).
No tocante ao aspecto digital das tecnologias, torna-se mister elucidar que ao se fazer
deferência à palavra virtualização:
3 Qualificação dada a cada um dos algarismos arábicos de zero (0) a nove (9). Elemento(s) de um conjunto de caracteres
determinados usados como coeficientes de potências da raiz na notação posicional dos números. (BARDEN JÚNIOR, 1985)
CAPÍTULO 25 273
[...] quase automaticamente pensamos em computadores, em equipamentos de última
geração com nomes em inglês, na modernidade. A associação se deve ao termo digital.
[...] Em geral, a dicotomia entre analógico e digital leva-nos a crer (uma ingenuidade quase
positivista) na superioridade do digital sobre o analógico. [...] O digital está associado a
aquilo que é preciso, estável, lógico, em contraposição ao analógico. Mas, o desprezo ou
a discriminação aos processos analógicos mais prejudica do que ajuda o entendimento de
qualquer atividade [...]. (GUIMARÃES, 2003, p.243; negritado nosso)
É fato que o mundo globalizado digital contemporâneo consiste num grande canal de
informações, comunicações e saberes ausente de limites, dando a impressão de não ter co-
meço e nem fim. Assim, a tecnologia digital interligada mundialmente por meio de uma rede de
computadores (rede internet) é uma realidade inegável e, portanto, legitimada, consolidada e em
continuum processo de transformação qualiquantitativa, cuja relevância é sem igual.
4 Dizemos isto, à guisa de exemplificação, inclusive, porque durante o processo de redação textual deste artigo científico
ocorreu, mais precisamente na data de 04/10/2021, o denominado “apagão tecnológico global”, cujos serviços ofertados pelas
plataformas digitais de facebook (aproximadamente 2,8 bilhões de usuários no mundo), whatsapp (aproximadamente 2,0 bilhões
de usuários no mundo) e instagram (aproximadamente 1,0 bilhão de usuários no mundo) foram interrompidos por cerca de
quase oito horas consecutivas, devido a alguns problemas de natureza técnica; o que causou caos generalizado aos usuários
e queda no mercado de ações (bilionárias) de cada uma das respectivas empresas internacionais detentoras das patentes de
tais aplicativos eletrônicos. Estas informações foram divulgadas em 05/10/2021 durante a transmissão, ao vivo, do Jornal da
Globo (JG) – telejornal da Rede Globo de Televisão (TV Globo) que vai ao ar, de segunda a sexta-feira, no período noturno, cuja
apresentação, no momento, estava ao encargo da jornalista Renata Lo Prete (âncora do JG desde o ano de 2017 até os dias
atuais).
CAPÍTULO 25 274
ABAIXO O ANALÓGICO!?: ABREM-SE ALAS PARA AS TECNOLOGIAS
DIGITAIS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR CONTEMPORÂNEA –
TEORIAS E PRÁTICAS
Sobre este fato, Moreira, Henriques e Barros (2020, p. 351) assim se posicionam:
A evolução das tecnologias e das redes de comunicação tem provocado mudanças acen-
tuadas na sociedade, impulsionando o nascimento de novos paradigmas, modelos, pro-
cessos de comunicação educacional e novos cenários de ensino e de aprendizagem.
Mas ninguém, nem mesmo os professores que já adotavam ambientes online nas suas
práticas, imaginava que seria necessária uma mudança tão rápida e emergencial, de for-
ma quase obrigatória, devido à expansão do Coronavírus. Na realidade, com a chegada
abrupta do vírus, as instituições educativas e os professores foram forçados a adotar prá-
ticas de ensino a distância, práticas de ensino remoto de emergência, muito diferentes das
práticas de uma educação digital em rede de qualidade.
Educação Digital é, parafraseando Klumpp et al. (2021), a prática de utilizar meios tec-
nológicos em métodos de ensino, estando frequentemente aliada à adoção de processos mais
dinâmicos de aprendizagem. Logo, a Educação Digital tem por objetivo ensinar a usar a(s) tec-
nologia(s) de forma a agregar(em) valor(es) à vida das pessoas e à educação escolar. Ela é ca-
paz de ajudar docentes e discentes a identificarem os riscos, os desafios e as oportunidades de
utilização da rede internet e de outras tecnologias de informação e comunicação, seja de modo
síncrono ou assíncrono.
CAPÍTULO 25 275
[...] Síncrono é um adjetivo que se aplica a algo que acontece simultaneamente. Na comu-
nicação, indica que a mensagem é recebida e pode ser respondida imediatamente, per-
mitindo a interação. Em contrapartida, assíncrono é algo que não tem essa possibilidade.
Enquanto a comunicação síncrona refere-se ao contato imediato entre o emissor (quem
envia a mensagem) e o receptor (quem recebe a mensagem), a comunicação assíncrona
é atemporal. Ou seja, na comunicação assíncrona o emissor envia a mensagem, mas
não necessariamente o receptor irá recebê-la imediatamente. Na comunicação síncrona,
durante o home office, apenas o espaço é deslocado. Então, é possível fazer, por exem-
plo, uma reunião virtual com alguém que compartilha o mesmo momento, mas está em
local distinto. Na comunicação assíncrona, no trabalho remoto, além do espaço, o tempo
também é deslocado. [...] Portanto, ferramentas síncronas (chat, videoconferência, au-
dioconferência, webconferência, reuniões virtuais, games interativos, etc.) são on-line e
permitem interação em tempo real, instantaneamente. Em contrapartida, as ferramentas
assíncronas (e-mail, fóruns de discussão, blogs, vlogs, webquests, enquetes virtuais, po-
dcasts, etc.) são as desconectadas de tempo e espaço. Elas também têm uma interação
on-line (por se tratarem de Educação a Distância – EaD), mas a relação entre emissor/
transmissor e receptor é de acordo com o tempo de cada um. (ALMEIDA, 2010, p.19-20)
Vale dizer, a informação digital eletrônica torna possível; mais hoje do que em qualquer
outro momento histórico, reconstituir ou clonar identidades digitais que podem, posterior-
mente, ser manipuladas de formas diversas. [...] A tecnologia digital pode, portanto, repre-
sentar uma ameaça tanto à veracidade do registro histórico como à liberdade individual.
Esta última pode bem ser um problema mais sério e mais imediato do que a manipulação
da informação ideologicamente motivada por imperativos de controle e poder.
Vive-se, hoje, a Era Digital, onde hipertextos, bibliotecas virtuais, robôs, drones, escritas
eletrônicas, ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, redes sociais, sistema de criptografia
de dados, informações eletrônicas, microchips, webpages, podcasts e muitas outras criações e
inovações tecnológicas de última geração tendem a “desmaterializar o real-concreto” em detri-
mento da supremacia do digital, de maneira que, “com a digitalização, amplia-se vastamente a
possibilidade de armazenamento e manipulação de informação”. (BELLEI, 2002, p.150)
CAPÍTULO 25 276
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos anos de 1990, no Brasil, em específico, as tecnologias digitais vêm se con-
solidando cada vez mais em todos os setores da sociedade capitalista globalizada, dado o surgi-
mento da Informática, da rede internet (rede mundial de computadores) e de inúmeras “parafer-
nálias eletrônicas” (BELLEI, 2002) deveras inovadoras.
Nesse contexto, a área educacional, por exemplo, necessitou ser repensada, replaneja-
da, ressignificada e redimensionada, levando os(as) profissionais da Educação a buscar novos
rumos, conhecimentos e saberes didático-pedagógicos, mediados pelas (novas) tecnologias di-
gitais síncronas e assíncronas.
É, pois, o “novo normal” que se instaura na “escola da vida” e na “vida na escola” (CEC-
CON; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 1989), na cultura escolar e na cultura da escola (FORQUIN, 1993;
MAFRA, 2003). Teorias educacionais e práticas pedagógicas gravitam em torno do que é virtual
e das (novas) tecnologias digitais, alterando radicalmente as formas de ensinar, aprender e en-
sinar-e-aprender (dimensão dodiscente5 do ato educativo).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, H. R. F. L. Das tecnologias às tecnologias digitais e seu uso na educação matemática. In:
Revista Nuances: Estudos sobre Educação. Presidente Prudente: Editora da UNESP, v.26, n.2, p.224-
240, mai./ago., 2015.
5 Termo criado e utilizado pelo educador e filósofo brasileiro Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), natural de Recife/PE,
que foi intitulado, após sua morte, como Patrono da Educação Brasileira e cujo I Centenário de seu nascimento comemorou-se
em 19/09/2021, com diversas homenagens no Brasil e em muitos outros países devido ao reconhecimento, em nível nacional
e internacional, de seus inúmeros trabalhos em prol da Educação. Dodiscência é a palavra resultante de uma composição por
aglutinação (docência + discência), referindo-se ao fato de que quem ensina, ao mesmo tempo também aprende; e vice-versa.
De acordo com Freire (2000, p.25-26), “[...] embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar
é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência,
as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. [...] Ensinar
inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era
possível ensinar. [...] Aprender precedeu ensinar, ou em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de
aprender. Não temo dizer que inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou
capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi apreendido não pode ser realmente aprendido pelo
aprendiz”.
CAPÍTULO 25 277
Estadual de Campinas). mimeo.
ARAÚJO, J. C. S. Para uma análise das representações sobre as técnicas de ensino. In: VEIGA, I. P. A.
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caso de uma empresa do setor aeronáutico brasileiro. In: VIEIRA, A. C. P.; BRUCH, K. L.; LOCATELLI,
L. (Orgs.). Propriedade intelectual, desenvolvimento e inovação: desafios para o futuro. Ponta Grossa:
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CAPÍTULO 25 278
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CAPÍTULO 25 279
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CAPÍTULO 25 280
26
DOI: 10.47573/aya.88580.2.42.26
A álgebra faz parte do desenvolvimento humano, ela surge inicialmente para resolver
problemas do cotidiano, por isso, é parte essencial no ensino da Matemática nos anos finais da
Educação Básica e também no Ensino Médio. Reconhecendo essa importância, a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) apresenta, em seus documentos, que esta Unidade Temática seja
desenvolvida a partir dos anos iniciais do Ensino Fundamental. (COELHO; AGUIAR, 2018)
O livro didático é um dos recursos mais tradicionais e ainda assim, bastante utilizados
pelo professor de matemática, que pode contribuir para o ensino e a aprendizagem em sala
de aula, isto é, se ao aluno for dada a oportunidade de utilizá-lo não apenas como um livro de
cálculos matemáticos, mas sim, como uma obra que lhe apresente uma história e lhe instigue a
continuá-la trilhando os caminhos rumo a sua aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO
História da matemática
Segundo Silva (2019), no período antes de Cristo, babilônios, egípcios e gregos apre-
sentavam técnicas para resolução de equações. Babilônios e Egípcios usavam como ferramenta
auxiliar textos e símbolos. Já os gregos, realizavam associações com a geometria, uma vez que
eles teriam uma forma geométrica específica para resolver problemas de equação do 2º grau.
CAPÍTULO 26 283
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
São contemplados com este Programa, todos os segmentos da educação, são eles: edu-
cação infantil, ensino fundamental I, ensino fundamental II e ensino médio. As distribuições são
realizadas por reposição, ou de acordo com o levantamento de novas matrículas.
De acordo com a Lei de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
é dever do Estado junto com a educação escolar pública prestar atendimento ao educando, no
ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático escolar.
(BRASIL, 1996)
O ensino da álgebra
A álgebra está presente no nosso cotidiano de várias maneiras, ela nos ajuda a resolver
problemas práticos do nosso dia a dia. Diante do exposto, ela é parte essencial da matemática
nos níveis fundamental e médio.
CAPÍTULO 26 284
Equações do 2º grau
“Vontade de saber”
O nosso objeto de análise é o livro “Vontade de saber”, que teve sua terceira edição em
2015, cujos autores são: Joamir Souza e Patrícia Pataro. Nosso principal interesse na obra foi o
capítulo 2, que tem como tema “Equações do 2º grau e sistemas de equações”, sendo a nossa
prioridade: equações do 2º grau.
- Fatoração;
- Completar quadrados;
Observando estes temas, pode-se constatar que todo o conceito acerca de equação
é trabalhado no livro, e que a evolução do conteúdo se dá a partir de uma sequência didática
minuciosa, o conhecimento cresce de forma cumulativa que permite aos alunos receber as infor-
mações de uma maneira fácil, ou seja, o conhecimento deles acerca do conteúdo, aumenta no
decorrer dos capítulos.
A abertura desse capítulo tem início com o texto “Satélite artificial”, que trata de um breve
CAPÍTULO 26 285
histórico sobre os satélites artificiais e suas principais finalidades. Apresentando uma proposta
de trabalho interdisciplinar, envolvendo a disciplina de ciências, em seguida tem início uma no-
ção intuitiva de equação, conforme mostra a Figura 1.
Figura 1 - Livro didático
A partir da página 30, conforme Figura 2, são apresentados os primeiros conceitos, equa-
ções completas e incompletas, atividades teóricas, onde o objetivo principal é que o aluno reco-
nheça os termos da equação, e identifique-as como completas ou incompletas, neste contexto
são apresentadas atividades práticas e não contextualizadas.
Figura 2 - Livro didático
CAPÍTULO 26 286
textualizadas, conforme mostra a Figura 3.
Figura 3 - Livro didático
CAPÍTULO 26 287
dos: fatoração, completar quadrados, ou fórmula resolutiva, necessariamente nesta ordem. Os
autores apresentam os conceitos, e ao término de cada um segue um exemplo de atividade
resolvida, para só então iniciar os exercícios, onde nestes são trabalhados, atividades técnicas,
teóricas, contextualizadas.
Como continuidade, temos os últimos dois títulos. São eles: “O estudo das raízes de
equações do 2º grau” e “Sistema de duas equações com duas incógnitas”, sendo cada conceito
seguido de suas respectivas atividades.
Estando finalizado todo conteúdo, são apresentadas aos alunos atividades com os se-
guintes procedimentos:
- “Refletindo sobre o capítulo”: essa atividade trabalha todos os conteúdos abordados no
capítulo, questões voltadas exclusivamente para a teoria do conteúdo;
- “Revisão”: atividades envolvendo todas as fórmulas de resoluções de equações,
sistemas de equações, e os demais assuntos apresentados no decorrer do capítulo.
- “ENEM e OBMEP”: essa atividade se resume a três questões atualizadas extraídas de
provas, sendo estas, ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e OBEMEP (Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), são projetos distintos, que tem por
finalidade avaliar o desempenho de estudantes de escola pública e privada.
METODOLOGIA
A proposta da pesquisa é investigar o livro didático “Vontade de Saber” adotado pela rede
municipal de Belo Jardim - PE, no sentido de verificar de que maneira ele aborda o conteúdo de
equações do 2º grau, quais os contextos em que se insere e como se dá este desenvolvimento.
Quanto aos objetivos, a pesquisa tem uma perspectiva exploratória, de finalidade básica,
fizemos uma investigação de natureza qualitativa, em que se iniciou com o estudo do capítulo,
que trata de equações do 2º grau. Neste momento, foram analisados os seguintes aspectos: o
texto teórico, sua linguagem em relação às atividades e o nível de facilidade ou dificuldade para
realização das mesmas. A pesquisa qualitativa explora questões particulares, no universo de
significados. (MINAYO, 2002)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CAPÍTULO 26 288
foi a presença da interdisciplinaridade, na abordagem do conceito e em determinadas atividades,
além de moderno, o trabalho interdisciplinar é muito positivo, pois ao mesmo tempo que não trata
a matemática de forma isolada, aproveita também as aptidões dos alunos em outras disciplinas,
atraindo, pela curiosidade na matéria auxiliar, aquele aluno que não gosta da matemática.
Nesse sentido, as observações do capítulo de que trata equações são voltadas para um
estudo de análise e compreensão dos conceitos, e até que ponto as atividades estão interligadas
ao conteúdo. O trabalho foi realizado numa visão docente (de professor), porém na medida foi
preciso ler os textos, resolver as atividades, classificá-las como fáceis e difíceis, interessantes
ou não, inevitavelmente passamos também a ver o ponto de vista dos alunos, o que é muito rico
para nossa pesquisa.
O desenvolvimento do tema foi além do esperado, uma vez que já se sabia da amplitu-
de e complexidade do tema, mas uma análise deste porte nos traz informações e observações
novas e dinâmicas. É muito relevante apresentar os conceitos de equações, de maneira que o
aluno consiga entendê-la para assim desenvolvê-la, e estes requisitos estão presentes no livro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse contexto, as observações do capítulo de que trata equações são voltadas para um
estudo de análise e compreensão dos conceitos, e até que ponto as atividades estão interligadas
ao conteúdo. O trabalho foi realizado numa visão docente (de professor), porém na medida foi
preciso ler os textos, resolver as atividades, classificá-las como fáceis e difíceis, interessantes
ou não, inevitavelmente passamos também a ver o ponto de vista dos alunos, o que é muito rico
para nossa pesquisa.
CAPÍTULO 26 289
complexidade do tema, mas uma análise deste porte nos traz informações e observações novas
e dinâmicas. É muito relevante apresentar os conceitos de equações, de maneira que o aluno
consiga entendê-la para assim desenvolvê-la, e estes requisitos estão presentes no livro.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Guia de Livros Didáticos: PNLD 2011
- Matemática. Brasília: MEC/SEB, 2010.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/1996. Disponível em: <https://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf>. Acesso em:
19/06/2020.
COELHO, F. U.; AGUIAR, M. A história da álgebra e o pensamento algébrico: correlações com o ensino.
In: Revista Estudos Avançados. Disponível em: <http://www.scielo.br /pdf/ea/v32n94/0103-4014-
ea-32-94-00171.pdf>. Acesso em: 25/06/2019.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete PNLD (Programa Nacional do
Livro Didático). In: Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix,
2001. Disponível em: <https://www.educabrasil.com.br/pnld-programa-nacional-do-livro-didatico/>.
Acesso em: 26/06/2019.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18.ed.
Petrópolis: Vozes, 2002.
SILVA, Marcos Noé Pedro da. “O Surgimento da Equação do 2º Grau “. In: Brasil Escola. Disponível
em: <https://brasilescola.uol.com.br/matematica/o-surgimento-equacao-2-o-grau.htm>. Acesso em:
23/08/2020.
SILVA, José Edmilson Melo da. A Noção de Equação em um Livro Didático de Matemática do 6º Ano.
Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento. com.br/educacao/nocao-de-equacao>. Acesso em:
03/12/2018.
SOUZA, Joamir; PATARO, Patrícia. Vontade de saber. 3.ed. São Paulo: FTD, 2015.
CAPÍTULO 26 290
Organizador Marcos Pereira dos Santos
Pós-doutor (PhD) em Ensino Religioso. Doutor em
Teologia - Ênfase em Educação Religiosa. Mestre em
Educação. Especialista em várias áreas da Educação.
Bacharel em Teologia. Licenciado em: Pedagogia,
Matemática, Letras - Habilitação Língua Portuguesa
e suas Respectivas Literaturas, Filosofia e Ciências
Biológicas. Possui formação técnico-profissionalizante
de Ensino Médio em Curso de Magistério (Formação de
Docentes) - Habilitação Educação Infantil e Anos Iniciais
do Ensino Fundamental. Pesquisador em Ciências
da Educação, tendo como principais subáreas de
interesse: Formação Inicial e Continuada de Docentes,
Gestão Escolar, Tecnologias Educacionais, Educação
Matemática, Estatística Educacional, Educação a
Distância e Educação Literária. Literato fundador,
efetivo, titular e correspondente imortal de várias
Academias de Ciências, Letras e Artes em nível (inter)
nacional. Membro do Conselho Editorial e do Conselho
Consultivo de várias Editoras no Brasil. Parecerista/
Avaliador "ad hoc" de livros, capítulos de livros e
artigos científicos na área educacional de Editoras
e Revistas Científicas brasileiras. Participante de
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação. Literato
profissional (escritor, poeta, cronista, contista, trovador,
aldravianista, indrisonista, haicaísta, antologista,
ensaísta e articulista). Na área literária é (re)conhecido
nacional e internacionalmente pelo pseudônimo
artístico-literário (ou nome-fantasia) de "Quinho Cal(e)
idoscópio". Tem vários livros, coletâneas, antologias,
capítulos de livros, ensaios e artigos acadêmico-
científicos publicados em autoria/organização solo e em
coautoria, nas versões impressa e digital. Possui ampla
experiência profissional docente na Educação Infantil,
Ensino Fundamental (I e II), Ensino Médio e Educação
Superior (assessoria pedagógica institucional e
docência na graduação e pós-graduação lato sensu).
Leciona várias disciplinas curriculares pertencentes à
área educacional. Atualmente é professor universitário
junto a cursos de graduação (bacharelado, licenciatura
e tecnologia) e de pós-graduação lato sensu na área
educacional.
Contato: [email protected].
Índice A
Remissivo
adultos 19, 40, 51, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 114, 121, 129,
162, 163, 165, 170, 171, 200, 206, 231, 274
alfabetização 105, 108, 109, 110, 200, 217
Álgebra 244, 258, 279
aluno 19, 52, 62, 63, 66, 81, 87, 117, 119, 121, 127, 128, 130,
131, 165, 166, 167, 168, 171, 178, 179, 180, 181, 182, 184,
185, 187, 188, 191, 192, 193, 197, 199, 200, 205, 207, 208,
218, 219, 220, 225, 226, 231, 232, 233, 250, 259, 261, 263,
264, 265, 266
alunos 17, 18, 19, 20, 39, 40, 45, 46, 63, 65, 67, 68, 78, 79, 81,
83, 92, 96, 111, 112, 119, 120, 123, 130, 136, 144, 145, 147,
160, 161, 162, 164, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173,
174, 175, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187,
188, 189, 190, 191, 197, 199, 207, 213, 214, 215, 216, 217,
218, 219, 220, 221, 222, 225, 226, 227, 248, 259, 260, 261,
263, 264, 265, 266, 276
Amazônia 71, 72, 73, 74, 75, 76, 78, 82, 83, 84, 90, 91, 92, 178
amazônico 71, 74, 75, 76, 82, 83, 84
aprender 99, 118, 119, 122, 128, 185, 190, 197, 199, 200, 204,
205, 207, 208, 261, 264, 277
aprendizado 17, 20, 112, 117, 122, 131, 144, 168, 175, 178, 184,
187, 188, 191, 197, 198, 206, 208, 225, 226, 246, 250, 259,
263, 265, 277
aprendizagem 17, 18, 19, 21, 25, 48, 50, 51, 52, 53, 55, 56, 57,
58, 65, 67, 87, 99, 100, 105, 106, 108, 109, 110, 111, 112,
117, 118, 119, 120, 121, 122, 124, 126, 128, 129, 130, 131,
165, 175, 177, 180, 181, 182, 183, 184, 187, 188, 189, 190,
191, 194, 196, 197, 198, 200, 201, 203, 204, 205, 206, 207,
208, 209, 210, 211, 212, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 225,
226, 229, 233, 261, 264, 269, 270, 272, 275, 276, 277, 279
autor 24, 25, 26, 40, 115, 118, 120, 121, 130, 134, 135, 155, 156,
157, 158, 190, 191, 221, 228, 236, 238, 242, 263, 276
Axioma 244, 258
B
bioma 71, 73, 74, 75, 76, 78, 81, 82, 83, 84
Brasil 3, 15, 16, 18, 21, 25, 27, 32, 37, 56, 59, 65, 66, 69, 75, 76,
79, 87, 88, 92, 93, 95, 96, 97, 98, 99, 102, 103, 104, 108,
112, 113, 114, 123, 126, 133, 134, 139, 143, 144, 145, 146,
148, 150, 153, 154, 159, 160, 167, 168, 175, 192, 193, 213,
214, 215, 222, 223, 234, 246, 259, 261, 275, 277, 278, 279,
291
brasileiro 16, 17, 56, 68, 95, 100, 166, 237, 266, 277, 278
C
cabeça 161, 163, 164, 165, 170, 174
capitalismo 75, 133, 139
ciências 25, 53, 63, 65, 69, 92, 103, 114, 153, 177, 182, 183, 192,
193, 244, 245, 247, 251, 259
coerência 157, 236, 239, 240, 242
coesão 236, 239, 240, 242
competência 38, 39, 40, 41, 45, 85, 91
competência digital 38, 39, 40, 45
comunicação 17, 40, 41, 52, 106, 108, 109, 118, 119, 127, 129,
130, 131, 182, 228, 231, 232, 234, 237, 238, 239, 241, 242,
264, 265, 266, 270, 273, 274, 275, 276, 277, 278, 279
comunicar 40, 241
corpo 29, 32, 33, 34, 36, 55, 57, 59, 95, 102, 136, 142, 147, 162,
163, 164, 166, 175, 182, 185, 198, 248, 277
cota 94, 102
COVID-19 213, 214, 215, 222, 223, 270, 272, 275, 277
criança 20, 50, 51, 54, 122, 131, 164, 166, 169, 172, 174, 196,
197, 198, 199, 200, 201, 207, 229, 230, 231, 232, 261, 264,
265
crise ambiental 72, 73, 76, 83, 84, 85, 93
crítica 24, 26, 27, 40, 52, 62, 64, 69, 77, 78, 84, 89, 90, 93, 103,
110, 133, 180, 182, 219, 264, 266
cultural 17, 24, 35, 36, 48, 49, 50, 51, 52, 54, 55, 56, 58, 59, 69,
76, 77, 86, 95, 96, 99, 100, 101, 102, 117, 118, 127, 129,
150, 151, 152, 157, 166, 168, 182, 196, 197, 226, 229, 236,
266, 272, 273
curriculares 63, 67, 92, 93, 114, 176, 261, 291
D
deficiência 17, 18, 19, 20, 31, 86, 96, 133, 136, 198, 216, 226,
227, 228, 229, 230, 231, 261
desconstruir 28, 29
desenvolvimento social 196, 197, 198
desigualdade 20, 29, 30, 34, 67, 78, 85, 95, 96, 100, 102, 216,
218, 220, 221
didáticas 105, 106, 108, 109, 110, 182, 276
digitais 40, 41, 45, 112, 114, 117, 120, 122, 123, 124, 126, 155,
209, 217, 218, 266, 268, 269, 270, 271, 272, 273, 274, 275,
276, 277, 279, 280
digital 38, 39, 40, 41, 45, 46, 90, 110, 116, 117, 118, 120, 121,
122, 127, 139, 216, 217, 268, 269, 270, 271, 273, 274, 275,
276, 277, 278, 279, 291
diversidade 18, 20, 23, 24, 26, 56, 77, 89, 95, 96, 102, 135, 226,
261
docentes 45, 65, 66, 71, 72, 73, 76, 78, 79, 80, 83, 84, 86, 88, 90,
91, 107, 110, 111, 146, 148, 149, 180, 199, 213, 217, 221,
223, 225, 226, 227, 231, 275, 276
E
ECA 229
econômico 29, 30, 31, 59, 66, 74, 76, 86, 144, 226
educação 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 39, 40,
41, 45, 46, 48, 51, 53, 59, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70,
71, 72, 77, 78, 79, 82, 85, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 95, 96, 97,
98, 99, 101, 106, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 119, 120,
123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 134, 135, 136,
137, 138, 139, 140, 142, 143, 144, 146, 149, 150, 151, 152,
153, 154, 155, 156, 159, 166, 167, 168, 174, 178, 179, 181,
182, 188, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 213, 214,
215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 225, 226, 230,
232, 233, 261, 263, 267, 268, 269, 270, 275, 277, 278, 279,
280, 282
educação ambiental 71, 72, 93
educação básica 62, 63, 64, 71, 72, 136, 168, 181
educação especial 15, 16, 18, 19, 21, 136, 137, 139, 195, 196,
198, 199, 200, 201
educação física 39, 41, 46, 63
educacional 16, 17, 18, 20, 26, 27, 40, 51, 65, 90, 91, 96, 108,
109, 110, 117, 118, 119, 127, 129, 136, 139, 144, 152, 179,
181, 193, 207, 215, 216, 217, 221, 223, 225, 226, 229, 230,
231, 232, 270, 273, 275, 277, 291
educativo 16, 19, 20, 51, 59, 91, 109, 128, 144, 165, 166, 179,
197, 206, 221, 277
educativos 19, 24, 113, 117, 120
EJA 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 114, 183, 184, 201
ensino 16, 17, 18, 19, 20, 38, 39, 52, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68,
69, 72, 78, 87, 89, 92, 93, 95, 96, 97, 98, 100, 101, 102, 103,
104, 105, 108, 109, 110, 111, 114, 119, 120, 121, 122, 123,
124, 128, 129, 130, 131, 141, 142, 143, 144, 146, 147, 148,
149, 150, 165, 167, 168, 174, 176, 177, 179, 180, 181, 182,
183, 184, 186, 187, 188, 189, 191, 192, 193, 196, 197, 198,
199, 200, 201, 204, 205, 212, 213, 214, 215, 216, 217, 218,
219, 220, 221, 222, 224, 225, 226, 230, 233, 245, 248, 259,
260, 261, 262, 264, 269, 270, 272, 275, 276, 277, 278, 279
ensino-aprendizagem 87, 105, 108, 109, 110, 111, 120, 122, 177,
180, 182, 191, 204, 205, 221, 261, 269, 277, 279
ensino fundamental 19, 38, 39, 63, 92, 123, 167, 168, 176, 183
ensino médio 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 95, 96, 97, 101, 183,
184, 192
ensino secundário 141, 142, 143, 144, 146, 147, 148, 149, 150
equações 214, 244, 246, 248, 249, 250, 251, 252, 255, 258, 259
equidade 19, 29, 30, 36, 96, 98
escolar 17, 18, 19, 21, 39, 40, 41, 44, 46, 48, 51, 53, 54, 59, 65,
66, 68, 69, 72, 79, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 93, 96, 98, 99, 100,
102, 109, 119, 120, 122, 123, 127, 128, 129, 130, 131, 134,
138, 139, 145, 150, 161, 164, 165, 166, 167, 169, 179, 181,
185, 190, 193, 194, 196, 198, 208, 209, 213, 214, 215, 216,
218, 219, 220, 223, 226, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 261,
268, 269, 270, 271, 272, 275, 277, 279
escolas públicas 18, 95, 101, 127, 177, 180, 191
escrita 51, 149, 152, 153, 155, 156, 157, 158, 159, 237, 238, 241,
251, 264, 265, 267
especial 15, 16, 18, 19, 21, 37, 62, 68, 74, 75, 84, 136, 137, 139,
195, 196, 198, 199, 200, 201, 214, 225, 226, 230, 233
estágio 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 190, 191, 192,
193
estágio supervisionado 177, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 191,
192, 193
estilos 204, 205, 206, 207, 208, 238
estudantes 30, 38, 39, 40, 41, 45, 62, 63, 65, 67, 68, 95, 96, 98,
99, 100, 101, 102, 103, 112, 118, 119, 120, 122, 126, 127,
128, 129, 146, 161, 166, 174, 175, 181, 182, 183, 191, 214,
226, 239, 261, 266
estudar 40, 87, 128, 155, 156, 157, 158, 214, 240, 263
estupros 29, 30, 36
etnia 26, 95, 96
exclusão 17, 18, 21, 30, 90, 91, 98, 99, 132, 133, 134, 135, 136,
137, 138, 139, 150, 218, 220, 273
F
feminicídios 29, 30, 36
feminino 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 164, 228
feminismo 29, 32, 35, 36
formação 19, 30, 33, 40, 46, 48, 50, 52, 53, 54, 56, 58, 59, 62, 63,
65, 66, 67, 68, 72, 77, 78, 79, 80, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 92,
93, 98, 99, 106, 108, 109, 111, 114, 124, 126, 127, 128, 129,
131, 138, 142, 146, 147, 148, 168, 178, 179, 180, 181, 182,
186, 190, 191, 192, 193, 197, 201, 202, 213, 214, 219, 222,
223, 228, 230, 233, 234, 235, 242, 246, 250, 263, 265, 267,
291
Freire 179, 189, 193, 213, 214, 217, 219, 220, 223, 277
fundamental 19, 20, 32, 38, 39, 51, 54, 62, 63, 65, 79, 87, 92, 96,
123, 147, 152, 156, 158, 167, 168, 176, 179, 180, 181, 182,
183, 197, 205, 239, 265
futuras 61
G
gênero 25, 26, 29, 30, 33, 51, 148, 236, 237, 238, 242, 270
gênero textual 51, 236, 238, 242, 270
geométricas 200, 244, 245, 246, 249, 250, 251, 252, 255, 256,
257, 258, 259
gestão escolar 17, 88, 91
H
habilidades 52, 55, 65, 88, 96, 117, 118, 120, 121, 122, 162, 179,
180, 182, 199, 216, 217, 261, 271
história 17, 32, 33, 36, 46, 51, 52, 55, 56, 58, 59, 63, 75, 86, 93,
97, 98, 108, 113, 125, 128, 136, 142, 143, 145, 147, 149,
150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 169, 212,
217, 229
historiador 103, 145, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159
históricas 50, 77, 95, 97, 98, 99, 150, 152, 238
histórico 16, 17, 27, 36, 48, 51, 54, 56, 58, 60, 62, 64, 66, 69, 73,
78, 82, 85, 91, 96, 98, 142, 143, 144, 147, 152, 155, 156,
157, 158, 159, 228, 229, 265, 276
histórico-cultural 17, 48, 51, 69
humanos 30, 40, 50, 56, 57, 75, 76, 78, 79, 80, 84, 85, 87, 161,
162, 164, 229, 270, 272
I
igualdade 17, 18, 19, 29, 30, 36, 100, 102, 134, 135, 226, 229,
248, 249, 261
inclusão 16, 17, 18, 19, 20, 21, 24, 96, 97, 100, 101, 102, 133,
134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 199, 200, 225, 226, 227,
231, 232, 233, 234, 260, 261, 273, 279
inclusão social 16, 97, 135, 138
indicadores 39, 45, 100, 101, 207
infestação 161, 162, 164, 165, 166, 174, 175, 176
informação 40, 106, 108, 109, 119, 120, 129, 131, 206, 207, 263,
270, 272, 273, 274, 275, 276, 277, 278
inovadoras 81, 91, 105, 106, 110, 120, 178, 184, 186, 189, 190,
191, 244, 272, 274, 277
internet 39, 41, 42, 43, 44, 45, 90, 100, 118, 130, 131, 271, 274,
275, 277
J
jogos digitais 117, 120
jovens 19, 31, 40, 58, 62, 65, 66, 67, 68, 76, 77, 98, 105, 106,
108, 109, 110, 114, 120, 128, 220, 246, 274
L
legislação 15, 17, 88, 100, 102, 108, 136, 138, 146, 181, 215, 217
leitor 156, 157, 238, 263, 264, 265, 266, 267
leitura 23, 24, 51, 59, 130, 155, 169, 179, 192, 219, 238, 262,
263, 264, 265, 266, 267, 272
linguística 236, 237, 238, 239, 240, 241, 242, 266, 273
lúdico 121, 122, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 250, 251
M
meritocracia 95, 99, 102
mídia 39, 40, 41, 44, 45, 46, 58, 123, 126, 127, 128, 129, 130,
221, 271
mídia-educação 39, 40, 46, 123, 127
modalidade 16, 108, 113, 217, 218
mudanças 55, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 68, 69, 78, 83, 92, 99,
102, 108, 110, 114, 118, 119, 127, 135, 138, 143, 146, 153,
215, 229, 275
mundo 26, 29, 30, 31, 32, 33, 36, 41, 50, 51, 53, 54, 56, 57, 58,
59, 65, 74, 75, 78, 80, 81, 82, 83, 90, 95, 96, 98, 118, 120,
126, 128, 131, 134, 138, 153, 157, 163, 168, 182, 197, 200,
207, 213, 214, 215, 219, 220, 226, 237, 240, 259, 265, 266,
270, 271, 272, 274, 275, 280
N
necessidades especiais 16, 19, 198, 199, 225, 226, 227, 228,
231, 232
novo normal 268, 269, 272, 275, 277, 278, 279
O
Oiapoque 160, 161, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 177,
178, 180, 183, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 193
oportunidades 18, 62, 63, 66, 94, 95, 98, 100, 102, 103, 112, 118,
137, 275
P
padrões 16, 17, 35, 64, 95, 96, 99, 205, 238, 240
pandêmico 212
pedagógicas 3, 20, 39, 41, 65, 72, 76, 90, 92, 106, 107, 108, 111,
179, 196, 197, 198, 199, 225, 226, 227, 231, 275, 277
pediculose 160, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 174, 175, 176
personalidade 47, 48, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 190,
207, 226
perspectivas 3, 26, 27, 46, 61, 62, 63, 64, 69, 112, 136, 139, 150,
166, 206, 207, 225, 227, 279
pessoas 17, 18, 19, 40, 43, 57, 79, 80, 82, 85, 96, 97, 98, 100,
118, 128, 131, 135, 136, 138, 153, 162, 166, 185, 190, 206,
215, 225, 226, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 246, 259, 265,
272, 273, 274, 275, 277
piolho 161, 162, 163, 164, 165, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175
Pitágoras 244, 253, 254, 256, 259
política 21, 36, 58, 66, 69, 73, 76, 77, 92, 98, 99, 100, 101, 102,
104, 119, 128, 131, 133, 136, 137, 138, 140, 143, 147, 180
político 29, 30, 59, 65, 84, 86, 91, 92, 97, 135, 154
portadores 16, 19, 56, 138, 227
prática de docência 178
práticas lúdicas 195, 196, 198, 201
práxis 52, 72, 78, 108, 109, 110, 111, 131, 205, 280
produção 20, 40, 46, 50, 52, 57, 58, 59, 65, 68, 69, 74, 75, 76, 77,
82, 91, 97, 99, 119, 129, 135, 152, 156, 157, 158, 168, 199,
217, 219, 222, 236, 237, 238, 240, 241, 242, 271, 276
professor 17, 19, 20, 46, 51, 52, 67, 78, 84, 85, 86, 87, 88, 106,
108, 110, 119, 122, 124, 130, 131, 144, 148, 166, 173, 179,
182, 187, 188, 190, 192, 193, 199, 213, 216, 217, 218, 219,
220, 222, 264, 265, 266, 291
profissional 39, 40, 63, 65, 66, 67, 69, 72, 87, 88, 90, 91, 99, 113,
114, 127, 138, 179, 180, 181, 193, 217, 222, 227, 266, 273,
275, 291
psicopedagógico 203, 205, 207, 208
Ptolomeu 244, 253, 254
Q
qualidade 16, 17, 20, 63, 65, 66, 77, 84, 85, 88, 90, 91, 108, 111,
120, 122, 130, 131, 136, 157, 180, 191, 217, 229, 275
R
raça 18, 21, 25, 26, 34, 95, 162, 226
raízes 26, 58, 244, 246, 250, 252
rede regular 19, 260, 261
respeito 16, 29, 30, 36, 41, 53, 54, 78, 79, 80, 81, 85, 96, 101,
108, 111, 126, 137, 138, 154, 157, 166, 169, 170, 178, 184,
185, 188, 200, 219, 220, 227, 229, 230, 231, 266, 271, 274,
275
S
saúde 80, 161, 162, 165, 166, 167, 175, 176, 213, 215, 216, 219,
221, 226
singularidades 23
sistema 3, 16, 19, 26, 48, 51, 53, 54, 55, 57, 58, 86, 90, 96, 97,
98, 100, 102, 110, 119, 127, 128, 134, 137, 140, 144, 157,
168, 216, 217, 221, 231, 241, 245, 249, 250, 256, 257, 273,
274, 276, 277
social 16, 17, 29, 30, 32, 33, 36, 40, 41, 48, 49, 51, 54, 55, 56,
57, 58, 64, 67, 72, 76, 77, 78, 80, 81, 82, 84, 85, 86, 87, 91,
93, 95, 96, 97, 98, 99, 101, 102, 103, 113, 114, 117, 118, 119,
120, 121, 126, 128, 129, 130, 134, 135, 136, 137, 138, 139,
143, 144, 150, 155, 156, 157, 162, 166, 168, 181, 182, 196,
197, 198, 202, 213, 214, 216, 218, 219, 220, 221, 222, 223,
225, 226, 227, 229, 230, 231, 232, 234, 236, 238, 241, 264,
266, 273
sociedade 17, 20, 21, 25, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 40, 48, 50,
51, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 60, 62, 63, 66, 67, 68, 77, 78, 81,
83, 84, 85, 86, 87, 88, 91, 95, 96, 97, 98, 100, 102, 112, 119,
120, 127, 128, 129, 130, 131, 133, 134, 135, 136, 137, 138,
139, 145, 154, 156, 157, 158, 179, 182, 215, 217, 221, 222,
226, 228, 230, 237, 241, 242, 266, 270, 272, 275, 277
T
tecnologia 34, 41, 106, 117, 118, 119, 120, 126, 129, 130, 216,
217, 219, 222, 269, 270, 271, 272, 273, 274, 275, 276, 279,
280, 291
tecnológicos 39, 40, 41, 45, 62, 63, 109, 110, 122, 127, 128, 131,
199, 266, 275
teoria 25, 26, 33, 36, 48, 50, 53, 55, 62, 63, 64, 72, 77, 79, 88, 93,
102, 113, 114, 159, 179, 180, 181, 204, 205, 206, 207, 208,
220, 223, 228, 229, 252, 270, 279
teórico-práticas 268, 269
texto 40, 88, 136, 152, 157, 205, 235, 236, 237, 238, 239, 240,
241, 242, 244, 246, 249, 252, 253, 258, 263, 264, 266, 267
TIC’S 105
tipologia textual 236, 238, 239, 242
trabalho 17, 19, 20, 24, 29, 30, 31, 35, 36, 40, 45, 51, 52, 56, 57,
59, 63, 64, 65, 66, 67, 73, 76, 77, 82, 83, 90, 91, 97, 110,
111, 118, 119, 122, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 133, 134,
135, 138, 142, 143, 145, 148, 149, 152, 153, 155, 156, 158,
159, 161, 162, 165, 166, 167, 168, 178, 179, 180, 181, 182,
183, 184, 187, 191, 196, 197, 198, 200, 206, 214, 215, 216,
217, 218, 219, 221, 222, 225, 226, 231, 237, 250, 263, 264,
266, 269, 271, 272, 274, 275, 276, 277
V
vida 17, 18, 30, 31, 32, 33, 34, 36, 40, 48, 50, 51, 52, 53, 54, 55,
56, 57, 58, 59, 63, 66, 74, 75, 76, 77, 78, 80, 84, 85, 88, 91,
92, 99, 118, 119, 122, 126, 128, 131, 146, 162, 163, 168,
169, 175, 179, 180, 181, 188, 215, 216, 220, 238, 247, 256,
265, 266, 268, 269, 270, 271, 273, 275, 277, 278
vida social 40, 78, 118, 126
violência 29, 30, 34, 36, 98, 220
X
Xadrez 117, 118, 122, 123, 124
X Frágil 224, 225, 226, 227, 228, 230, 233, 234