6-As Capacidades Linguísticas Da Alfabetização
6-As Capacidades Linguísticas Da Alfabetização
6-As Capacidades Linguísticas Da Alfabetização
Sabe-se que os três anos iniciais da Educação Fundamental não esgotam essas
capacidades linguísticas e comunicativas, que se desenvolvem ao longo de todo o
processo de escolarização e das necessidades da vida social. Sabe-se, também, que o
trabalho a ser feito nesses três anos iniciais não se esgota na alfabetização ou no
desenvolvimento dessas capacidades linguísticas. Mas elas são importantes porque é
na alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se concentrando os
problemas localizados não apenas na escolarização inicial, como também em fracassos
no percurso do aluno durante sua escolarização.
O que se pretende oferecer, nesta abordagem, é uma expectativa das
capacidades linguísticas que as crianças devem desenvolver gradualmente, ou seja,
daquilo que cada criança deve ser capaz de realizar a cada ano. O aprendizado e a
progressão da criança, entretanto, dependerão do processo por ela desenvolvido, do
patamar em que ela se encontra e das possibilidades que o ambiente escolar lhe
propiciar, em direção a avanços e expansões.
Espera-se, por isso, que a consolidação dos princípios aqui definidos possa se
combinar com propostas para os demais anos da Educação Fundamental, bem como
com propostas das outras áreas curriculares desenvolvidas na fase inicial da
escolarização.
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Seria possível falar das capacidades das crianças usando outros termos e conceitos,
como “competências”, “procedimentos” e “habilidades”.
Essa escolha por “capacidades” se deve ao fato de se tratar de um termo
bastante amplo, que pode abranger desde os desempenhos mais simples da criança
(como seus primeiros atos motores), até os mais elaborados (como o ato de ler, de
produzir uma escrita ou um conceito abstrato).
Além desses termos, serão utilizados, com bastante frequência, alguns verbos
para descrever as capacidades, de modo observável. Isso significa que os
procedimentos propostos deverão orientar as ações docentes na definição do tipo de
abordagem que deve enfatizar no trabalho pedagógico. Em outras palavras, esses
componentes podem auxiliar o professor ou a professora a levar em conta as
capacidades já desenvolvidas por seus alunos, decidindo o que deverá:
introduzir, levando os alunos a se familiarizarem com conteúdos e
conhecimentos (ou retomar eventualmente, quando se tratar de conceitos ou
capacidades já dominados ou consolidados em período anterior);
trabalhar sistematicamente, para favorecer o desenvolvimento pelos
alunos;
procurar consolidar no processo de aprendizagem dos alunos,
sedimentando os avanços em seus conhecimentos e capacidades.
Supõe-se que a clareza de diagnósticos e avaliações dessas capacidades
propiciará a base para uma descrição dos desempenhos dos alunos e das condições
necessárias à superação de descompassos e inconsistências em suas trajetórias ao
longo dos três primeiros anos.
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As capacidades associadas a tais eixos serão abordadas da mesma maneira.
Inicialmente, apresentam-se, num quadro, as capacidades mais gerais a serem
desenvolvidas, distribuídas de acordo com os três primeiros anos da Educação
Fundamental. Veja o exemplo de um quadro que será retomado mais à frente:
O tom mais claro significa que a capacidade deve ser introduzida, para
possibilitar a familiarização dos alunos com os conhecimentos em foco, ou retomada,
se já tiver sido objeto de ensino-aprendizagem em momentos anteriores. O médio
significa que a capacidade deve ser trabalhada de maneira sistemática, com vista ao
domínio pelos alunos. O tom mais escuro significa que a capacidade, tendo sido
trabalhada sistematicamente, deve ser enfatizada de modo a assegurar sua
consolidação.
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As letras inseridas nas quadrículas
A letra I significa introduzir; a letra R, retomar; seu uso no quadro indica que a
capacidade deve merecer ênfase menor, sendo ou introduzida ou retomada, conforme
o caso (introduzir a novidade; retomar eventualmente o que já tiver sido
contemplado). A letra T significa trabalhar sistematicamente. A letra C, consolidar.
Quando as três letras aparecem ao mesmo tempo, isso significa que a capacidade em
questão necessita ser dominada mais cedo e que em um mesmo ano deverá ser
Introduzida, Trabalhada e Consolidada.
Após a apresentação, nos quadros, das capacidades mais gerais, elas serão
sintetizadas em verbetes, como se explicitou anteriormente. Muitas vezes, quando se
trata de uma capacidade de natureza mais complexa, os verbetes desdobram essa
capacidade em sub-capacidades. Nos verbetes, o professor ou a professora poderá
encontrar uma descrição da capacidade, uma explicação de sua importância para a
alfabetização e, para auxiliar sua compreensão, indicações gerais de atividades que
possibilitam o seu desenvolvimento.
Deve-se ressaltar, mais uma vez, que as aprendizagens relativas às capacidades
apontadas não constituem etapas a serem observadas numa cadeia linear. Elas são
simultâneas e exercem influência umas sobre as outras. A apresentação sequencial
que se faz neste volume se deve apenas à necessidade de organização e busca de
clareza na exposição. Além disso, é sempre necessário que o professor ou a professora
considere qual é a melhor organização e sequenciação, tendo em mente a efetiva
situação de aprendizado de seus alunos.
É importante observar que as diferentes redes adotam distintos sistemas de
organização, algumas optando por ciclos de formação, outras pela seriação. Por essa
razão, as referências serão sempre aos três primeiros anos do Ensino Fundamental,
ou seja, às turmas de seis, sete e oito anos, tanto no sistema seriado, quanto no
sistema de ciclos.
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alfabetização. É preciso investir nos dois ao mesmo tempo, porque os conhecimentos
e capacidades adquiridos pelos alunos numa área contribuem para o seu
desenvolvimento na outra área.
Buscando a visualização dessa dinâmica é que foi feita a gradação dos tons de cinza do
Quadro.
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A cultura escrita diz respeito às ações, valores, procedimentos e instrumentos
que constituem o mundo letrado. Esse processo possibilita aos alunos compreenderem
os usos sociais da escrita e, pedagogicamente, pode gerar práticas e necessidades de
leitura e escrita que darão significado às aprendizagens escolares e aos momentos de
sistematização propostos em sala de aula.
Na nossa civilização, todo cidadão, qualquer que seja seu grau de escolaridade
ou sua posição social, está, de algum modo, inserido numa cultura letrada: tem
documentos escritos e realiza, bem ou mal, práticas que dependem da escrita (ex.:
tomar ônibus, pagar contas, etc.). Entretanto, é sempre possível alargar as
possibilidades de integração e participação ativa na cultura escrita, pela ampliação da
convivência e do conhecimento da língua escrita.
Estar ativamente inserido na cultura escrita significa ter comportamentos
“letrados”, atitudes e disposições frente ao mundo da escrita (como o gosto pela
leitura), saberes específicos relacionados à leitura e à escrita que possibilitam usufruir
de seus benefícios. A compreensão geral do mundo da escrita é tanto um fator que
favorece o progresso da alfabetização dos alunos como uma consequência da
aprendizagem da língua escrita na escola. Por isso é um dos eixos a serem trabalhados
desde os primeiros momentos do percurso de alfabetização. Isso significa promover
simultaneamente a alfabetização e o letramento.
A maioria das crianças brasileiras – sobretudo as que são atendidas pelas redes
públicas de ensino – tem acesso mais restrito à escrita, desconhece muitas de suas
manifestações e utilidades. Por isso é importante que a escola, pela mediação do
professor ou da professora, proporcione aos alunos o contato com diferentes gêneros
e suportes de textos escritos.
O contato com esses diferentes textos poderá proporcionar aos alunos vivência
e conhecimento:
dos espaços de circulação dos textos (no meio doméstico, urbano e escolar,
entre outros);
dos espaços institucionais de manutenção, preservação, distribuição e
venda de material escrito (bibliotecas, livrarias, bancas, etc.);
das formas de aquisição e acesso aos textos (compra, empréstimo e troca
de livros, revistas, cadernos de receita, etc.);
dos diversos suportes da escrita (cartazes, outdoors, livros, revistas,
folhetos publicitários, murais escolares, livros escolares, etc.);
dos instrumentos e tecnologias utilizados para o registro escrito (lápis,
caneta, cadernos, máquinas de escrever, computadores, etc.).
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As capacidades linguísticas da alfabetização
O desenvolvimento das capacidades linguísticas de ler e escrever, falar e ouvir
com compreensão, em situações diferentes das familiares, não acontece
espontaneamente. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente e isso ocorre,
principalmente, nos anos iniciais da Educação Fundamental. Por esta razão, o principal
objetivo deste texto é contribuir para que o professor e a professora que alfabetizam
compreendam os processos envolvidos na aquisição de nosso sistema de escrita
alfabético e das capacidades necessárias ao aluno para o domínio dos campos da
leitura, da produção de textos escritos e da compreensão e produção de textos orais,
em situações diferentes das que são corriqueiras no cotidiano da criança.
Sabe-se que os três anos iniciais da Educação Fundamental não esgotam essas
capacidades linguísticas e comunicativas, que se desenvolvem ao longo de todo o
processo de escolarização e das necessidades da vida social. Sabe-se, também, que o
trabalho a ser feito nesses três anos iniciais não se esgota na alfabetização ou no
desenvolvimento dessas capacidades linguísticas. Mas elas são importantes porque é
na alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se concentrando os
problemas localizados não apenas na escolarização inicial, como também em fracassos
no percurso do aluno durante sua escolarização.
O que se pretende oferecer, nesta abordagem, é uma expectativa das
capacidades linguísticas que as crianças devem desenvolver gradualmente, ou seja,
daquilo que cada criança deve ser capaz de realizar a cada ano. O aprendizado e a
progressão da criança, entretanto, dependerão do processo por ela desenvolvido, do
patamar em que ela se encontra e das possibilidades que o ambiente escolar lhe
propiciar, em direção a avanços e expansões.
Espera-se, por isso, que a consolidação dos princípios aqui definidos possa se
combinar com propostas para os demais anos da Educação Fundamental, bem como
com propostas das outras áreas curriculares desenvolvidas na fase inicial da
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(como seus primeiros atos motores), até os mais elaborados (como o ato de ler, de
produzir uma escrita ou um conceito abstrato).
Além desses termos, serão utilizados, com bastante freqüência, alguns verbos
para descrever as capacidades, de modo observável. Isso significa que os
procedimentos propostos deverão orientar as ações docentes na definição do tipo de
abordagem que deve enfatizar no trabalho pedagógico. Em outras palavras, esses
componentes podem auxiliar o professor ou a professora a levar em conta as
capacidades já desenvolvidas por seus alunos, decidindo o que deverá:
• introduzir, levando os alunos a se familiarizarem com conteúdos e
conhecimentos (ou retomar eventualmente, quando se tratar de conceitos ou
capacidades já dominados ou consolidados em período anterior);
• trabalhar sistematicamente, para favorecer o desenvolvimento pelos alunos;
• procurar consolidar no processo de aprendizagem dos alunos, sedimentando
os avanços em seus conhecimentos e capacidades.
Supõe-se que a clareza de diagnósticos e avaliações dessas capacidades
propiciará a base para uma descrição dos desempenhos dos alunos e das condições
necessárias à superação de descompassos e inconsistências em suas trajetórias ao
longo dos três primeiros anos.
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Essa distribuição, evidentemente, não é rígida. Ela mostra, apenas, em termos
ideais, o momento em que se deve privilegiar o desenvolvimento da capacidade. Nos
quadros, a ênfase a ser atribuída ao trabalho com cada capacidade está simbolizada
através de dois recursos gráficos:
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seja, às turmas de seis, sete e oito anos, tanto no sistema seriado, quanto no sistema
de ciclos.
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