Maritain
Maritain
Para o filósofo Jacques Maritain, de forte formação cristã, o historiador e a História têm uma
posição subordinada no fazer histórico. O tempo do mundo, em sua concepção, é o tempo da
cristandade, que levará inevitavelmente ao Juízo Final. Assim, todos estão sujeitos a uma mesma
trajetória – criação, oferta de salvação, Juízo Final, onde tudo será revelado. A História seria um campo
do conhecimento subordinado à Filosofia Moral e, sendo uma narração, mais do que uma reflexão, só
adquirirá sentido no Juízo Final.
Maritain foi criado como protestante, mas converteu-se ao cristianismo quando tinha cerca de
24 anos. Chegou a estudar Ciências Naturais na Sorbonne. Com sua mulher, a russa judia Raïssa
Oumançoff, começou a perder a confiança em relação à Ciência, acreditando que ela não poderia
explicar tudo.
A base do trabalho de Maritain foi formada pelo pensamento de São Tomás de Aquino e
Aristóteles. Ele promovia a Filosofia como a maior das Ciências. toda a filosofia de Maritain é baseada na
ideia de que a metafísica vem antes da epistemologia, ou seja, para ele, toda filosofia deve ser guiada
primeiro por especulações metafísicas (o que as coisas têm de não-físico, as abstrações, como são
construídas e o que significam) e só depois é que o filósofo passa às discussões sobre epistemologia (a
teoria do conhecimento ou o estudo sobre as formas de conhecer). Resumindo: antes de estudar como
nós conseguimos conhecer as coisas, nós devemos tentar analisar o que ela possuem de metafísico.
No trecho lido, o autor explica que a Filosofia está numa posição hierárquica superior à História.
A Filosofia Moral estaria no plano mais “abstrato e mais universal”, e a História “de simples enumeração
dos fatos” no nível mais concreto. Há campos de intersecção, intermediários, quando uma se aproxima
da outra. A Filosofia da História é
Maritain não desmerece a história “de simples enumeração dos fatos”, mas vai contra o
“ingênuo positivismo do século XIX” afirmando que ela não é uma Ciência. Ela tem, conforme o autor, o
seu valor. Mas para tornar-se História verdadeira deve incluir em suas explicações um sistema de valores
morais e éticos: “é [...] integrando-se num verdadeiro sistema de valores humanos, morais e culturais,
em outras palavras, orientando-se para a Filosofia, chegando a um certo estado de maturação filosófica,
que a História atingirá sua plena dimensão típica, enquanto História, e História verdadeira” (pp. 164).
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