Nicodemos Araújo - Versos Diversos

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NICODEMOS ARAÚJO

Fortaleza – Ceará – Brasil


1996
AOS LEITORES

Reuni, neste opúsculo, cinqüenta


produções poéticas, que apresento à
curiosidade daqueles que porventura se
interessem por este gênero de poesias, e que
intitulei VERSOS DIVERSOS.
São poemas escritos assim, sem
pretensão ou atavios de qualquer natureza, o
que aliás nem se justificaria, dada a
mediocridade de minha musa capenga.
Todavia, aqui está minha bagagem de
pobre, aguardando o julgamento de meus
possíveis leitores, com seu respectivo
veredicto, ο qual, sempre e sempre merecerá
meu respeito e minha gratidão.

ACARAÚ, 1995

Nicodemos Araújo.
DEUS

Perdoa-me, Senhor, se neste insulso verso


ouso elevar-Te o meu humílimo louvor,
Tu que aclaras a terra, o céu, todo o universo,
c'o a sempiterna luz de Teu divino amor.

Seja o pobre, a curtir o seu destino adverso,


seja o rico de bens, na glória e no esplendor,
aquele que se achar no infortúnio imerso,
buscando encontrará Teu braço protetor.

Reges o curso astral e o decorrer das eras,


os homens, e animais, e pássaros, e feras,
e cardumes... Todo ser que vive e que produz.

E eu Te vejo, meu Deus, fraterno e onipresente,


no sem-lar, no sem-pão, no orfãozinho doente,
no carente, afinal, como ensinou Jesus.

7
BRASIL

Este mar, estes lagos, rios, cataratas;


a riqueza deste chão e a luz do céu de anil,
os pampas, os varjões, o verde destas matas,
estas praias e sertões... Tudo isto é Brasil.

As serras colossais, tão férteis e tão gratas,


os campos, onde o vaqueiro audaz e varonil
exerce seu labor, sem medo e sem bravatas,
estas aves e animais... Tudo isto é Brasil.

E do centro aristocrata aos bairros proletários,


dos caboclos da roça aos ricos empresários,
todos têm pela mãe Pátria seu quinhão de amor.

E o Brasil desenvolve, e cresce, e vai para frente,


com seu povo operoso, altivo, inteligente,
na vivência da união, na graça do Criador.

8
ACARAÚ MINHA CIDADE

Salve, Acaraú! Cidade


cheia de encanto e bondade,
que me acolheu maternal.
Ninho amigo e camarada,
onde canta a passarada
nos galhos do mangueiral.
E onde a verde mongubeira
refloresce a vida inteira,
no seu sonho vegetal.

Vejo a Matriz, as capelas,


as praças amplas e belas,
com estas árvores colossais,
onde brincaram, contentes,
filhos teus, hoje eminentes
figuras nacionais;
e a casa - relíquia urbana
onde vibrou soberana,
a lira de Antônio Tomás.

Vejo, com admiração,


as casas de educação,
em seu labor cultural;
vejo o "Campo", o "Açude Novo",
"Outra Banda", com seu povo,
com seu porto fluvial,
onde a garça voliteja
e o denso mangue verdeja,
à luz do sol tropical.

Marcando a Zona urbanita,


numa curva tão bonita,
que deslumbra a vista - olhai;
o velho rio lendário,
em seu longo itinerário,

9
beirando a cidade vai.
E já cansado da andança,
nas águas do mar se lança,
qual filho abraçando o pai.

Rompe a manhã clara e boa.


E, pondo a lesta canoa
aos açoites do terral,
o pescador inicia
seu labor todo dia,
fazendo o Pelo Sinal.
E enquanto a vela se enfuna,
escuta a voz da graúna,
cantando no coqueiral.

Louvores à tua gente


progressista, inteligente,
trabalhadora e leal.
Povo honesto, povo nobre,
sempre unido - rico ou pobre
no convívio fraternal,
lutando pela riqueza,
pela paz, pela grandeza
de sua terra natal.

Acaraú, minha vida,


minha cidade querida,
"meu jardim primaveril",
és a mais linda parcela
desta Pátria augusta e bela,
deste imenso céu de anil.
És uma jóia encantada,
que por Deus foi lapidada,
para enfeitar o Brasil.

10
ORAÇÃO CRISTÃ

Ó Deus, que orientais o humano caminhante,


com amor paternal, sem descriminação,
dai-me a graça, Senhor, de ver no semelhante
um companheiro, um amigo e, mais que amigo, um irmão.

Que na vida eu jamais queira ficar distante


dos que não têm vez, nem esperança e nem pão.
E o marginalizado, o doente, o mendicante
tornem mais producente o meu dever cristão.

Senhor, que sempre e sempre, à sombra de meu lar


o exausto viajor consiga descansar
com segurança e paz, sem recear ninguém.

E, ao longo da existência, em clima de amizade.


eu possa c'o os irmãos viver fraternidade,
partilhando, ajudando e praticando o bem.

11
PRECE
(Sem A)

Jesus "eterno e todo poderoso",


Deus Filho, que em Belém tiveste o berço,
e, vendido por um discípulo perverso,
morreste no suplício ignominioso,

ouve propício, Senhor - pedir-te eu ouso -


os rogos que Te elevo neste verso.
Divino sol que esplende no Universo,
e És de nós todos Redentor glorioso.

Nos perigos do mundo inconseqüente,


Tu És, Senhor, do mísero vivente
refúgio e trilho certo, rumo e luz.

Entre os escolhos deste meu roteiro,


Sê sempre meu cuidoso timoneiro,
Peregrino do Céu, Cristo Jesus.

12
EUCARISTIA

Meus louvores a ti, sublime Eucaristia.


Eu creio que de ti vem a bendita luz
que na vida espiritual meus passos alumia,
porque encerras o corpo e o sangue de Jesus.

Mistério feito pão que a fé nos propicia


e segurança e paz nos corações produz,
tens o dom que os fiéis dispõe, orienta e guia,
para que vivam no amor a Mensagem da Cruz.

Alimento que Jesus nos deu naquela ceia.


Labareda da fé que nalma se me ateia,
és a marca de Deus na vida do cristão.

Meus louvores a ti, partícula divina,


que em verdade me dás, tal como a fé me ensina,
um seguro penhor de eterna salvação.

13
ESTRELA DA ESPERANÇA

- "Faça-se em mim segundo a ordem do Senhor,"


Sua resposta foi assim - submissão e coragem -
ao anjo que trouxera a celestial mensagem
de que seria ela a Mãe do Redentor.

Heróica em sua fé, sublime em seu amor,


Maria compreendeu a divina linguagem.
E daria seu quinhão, com sua vassalagem
ao Pai, para execução do plano salvador.

A jovem nazarena, intata e disponível,


com sua afirmativa, ao Céu tornou possível
na terra efetuar mistério tão profundo.

Por isso, ela é chamada Estrela da Esperança.


Que no seu ventre um Deus, fazendo-se criança,
quis no mundo nascer, para salvar o mundo.

14
A SEMENTE BENDITA

Em Nazaré... o dia finalizava...


Era a hora sacrossanta da prece,
O sol avermelhado e languido, qual gigante venci do
em tremenda batalha mergulhava, aos poucos, através das
enormes montanhas do Geoboé, colorindo de rubi e de
ametista os céus galileus.
Revoadas de pássaros assustadiços procuravam, no
folhedo verde-escuro dos salgueiros e dos sicômoros, um
refúgio para a noite que se aproximava.
Bandos de ovelhinhas brancas, descendo das colinas,
retornavam aos apriscos, balindo... balindo...
A brisa blandiciosa embalava, de leve, o arvoredo,
tirando notas suaves que faziam coro c'o brando murmúrio do
Cedron.
Lírios alvos como os areais da Iduméa, saturavam o
ambiente de um perfume doce, muito doce. E tufos
verdejantes de papilionáceas eclodiam na pujança uberdade
dos campos da Galiléa.
Dominava o ambiente a placidez do lago de Genezaré.
E enchia o espaço uma suavidade misteriosa que elevava o
pensamento a concepções místicas, encaminhando as almas
para o alto, para o Senhor dos mundos, para Deus.
Ajoelhada, os lábios em prece, o espírito voltado para
as verdades eternas, o coração aberto a um sonho angelical de
esperança e de bondade, doce com uma harpa de Davi, suave
como os salmos de Isaías, pura como os lírios de Jessé, uma
virgem demorava em oração.
Era Maria - a Predestinada.
Na excelsa candura de sua juventude ela sentia que a
rodeava alguma cousa de extraordinário, alguma cousa de
sublime...
Como que a Mão Divina pairava sobre sua cabeça,
num aceno de bênção, num gesto de proteção.
Numa fração de momento, eis que um anjo de asas
nevadas e voz de seda, se faz presente e saúda a donzela:

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- "Ave Maria! A Graça Divina opera-se em ti! E serás
Mãe do Salvador do mundo!".
Maria sentiu-se transportada às regiões de um sonho
angelical. Emoção quase superior às suas forças a dominou,
naquele lance supremo de sua vida simples, iluminada pela Fé.
E ela perguntou:
- "Mas, como será esse milagre, anjo do Altíssimo?"
O mensageiro do Senhor explicou:
- "Nada temas. O Espírito Divino baixará sobre Ti.
Assim dispôs o Criador."
Nas pupilas da donzela lucitremeu uma lágrima de
alegria santa. Ela obedeceu:
- Sou apenas uma serva do Senhor. Seja feita a Sua
Divina vontade."
Estava lançada, em terreno fertilizado pela Graça, a
semente bendita da salvação da humanidade.

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VERSOS À BANDEIRA

Grande gente brasileira,


geração de alto valor,
saudemos nossa Bandeira
- Nosso orgulho, nosso amor.

Recebe nossa homenagem,


auriverde pavilhão.
Nós temos a tua imagem
gravada no coração.

Da guerra na convulsão
augusta e excelsa Bandeira,
a tua fascinação
galvaniza a tropa inteira.

Retrato de minha terra


belo pano auricolor,
em tuas dobras se encerra
meu orgulho e meu amor.

Beijo-te, nobre estandarte,


tão lindo e tão brasileiro.
Respeitado em toda parte.
Honrado no mundo inteiro .

"Salve, pendão da esperança"!


- Bilac cumprimentou.
"Que o vento beija e balança".
- Castro Alves confirmou.

Minha Nação Brasileira,


constante no meu dever
honrarei tua Bandeira
e teu nome, enquanto viver.
Sê bendito, pano amigo,
drapejando assim gentil.
Na guerra ou na paz, contigo
o Brasil é mais Brasil.

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HINO DO MUNICÍPIO DE ACARAÚ
Letra de Nicodemos Araújo
Música de Ir. Maria Florentino de Oliveira

Do Ceará nas extremas do norte,


Junto ao mar, onde um dia nasceu,
Acaraú evolui, sempre forte,
Neste solo que Deus escolheu.

Coro: Acaraú, terra bendita


Campo de afã, berço gentil!
Acaraú, em ti palpita
O coração do meu Brasil!

Cobre as várzeas de toda a ribeira


A riqueza de seus carnaubais.
E verdeja na zona praieira
A imponência de seus coqueirais.

Entre o Mangue da cor da esperança.


Passa o rio que a cidade limita.
E bem perto, entre as ondas se lança.
Num painel de beleza infinita.

Exaltando esta terra tão boa,


No murmúrio tão velho e tão novo,
Alto hino o oceano lhe entoa,
Em dueto com seu nobre povo.

18
HINO DO MUNICÍPIO DE BELA CRUZ
Letra de Nicodemos Araújo
Música de Joca Lopes

Para firmar-se na Pátria e no Estado,


Bela Cruz se erigiu Município,
neste dia de glória marcado,
na alegria de um povo alentado
por um nobre e elevado princípio.

Refrão: Bela Cruz, nós te saudamos,


neste teu dia de glória,
E em festa comemoramos
a festa de tua História.

Santa Cruz foi teu nome primeiro.


Um presságio da fé que seria,
no viver deste povo altaneiro,
operoso, tenaz, brasileiro,
o fanal que até hoje o alumia.

Caminhemos em passo seguro,


para a meta - União e Progresso.
E esta terra há de ter, no futuro,
neste amor que lhe damos tão puro,
como agora, efetivo sucesso.

Bela Cruz, tua gente prossiga


nesta firme e fiel diretriz.
Para que, cada vez mais amiga,
nesta sua batalha, consiga
ver-te sempre ascendente e feliz.

23.02.1957

19
HINO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DO ACARAÚ

Deus te guarde, cidade bonita,


no constante labor de tua gente.
Que prossigas na luta bendita,
construindo um progresso crescente.

Refrão: Salve, Santana do Acaraú!


Bela e querida de norte a sul!
Com teus anseios de evolução
Teus filhos todos sempre estarão

Estes jovens – que são teu futuro –


Hão de mais elevar-te na História.
Ei-los todos, em passo seguro,
No caminho feliz da vitória.

O teu povo, c'o amor e bom gosto,


Alinhou muito bem teu perfil,
Que, nas praças e ruas exposto,
Constitui um primor do Brasil.

No trabalho e na paz permanente


Tenhas sempre este teu progredir,
Que garante um ditoso presente,
Na esperança de um grande porvir.

20
HINO DO CENTENÁRIO DA CIDADE DE ACARAÚ
Letra de Nicodemos Araújo
Música de Joca Lopes

Dezesseis de setembro memora


Vinte lustros de vida e labor
Desta nossa Cidade que, agora,
Comemora com festa e louvor,

Refrão: Acaraú, o teu calendário


Hoje cem anos marca na História;
Nobre cidade, em teu Centenário,
Glória a til Glória! Glória!

Cidadãos da Itália, da Espanha;


Cidadãos da nação portuguesa
Cá vieram se unir à campanha
Que nos trouxe conceito e riqueza

Acaraú, o teu calendário, etc.

No passar desses anos, sua gente


Encarando, confiante, o porvir,
Num trabalho constante, insistente,
Fez a tera crescer e subir.

Acaraú, o teu calendário, etc.

Vimos hoje esta bela cidade


Que Deus guarda e seu povo bendiz,
Do progresso ao impulso, em verdade,
Expandir-se, imponente e feliz.

Acaraú, o teu calendário, etc.

21
HINO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Padroeira de Acaraú e Bela Cruz

Hoje, ó Mãe tão querida e tão boa,


Poderosa Rainha do amor,
nossa voz jubilosa ressoa,
entoando, feliz, Teu louvor.

Refrão: Salve, excelsa Padroeira,


Virgem Mãe da Conceição.
Poderosa Medianeira
de todo o povo cristão.

Nossa gente ditosa se irmana,


na mais pura e mais terna afeição.
E a cidade feliz se engalana,
numa festa de fé e união.

Salve, excelsa Padroeira, etc.

Como é belo e ditoso este dia,


na clareza do sol da manhã!
Todo o povo enaltece Maria,
no calor da alegria cristã.

Salve, excelsa Padroeira, etc.

Nossa grei, partilhando da Igreja,


neste dia de graça e de amor,
glorifica essa Mãe benfazeja,
que nos trouxe Jesus Salvador.

Salve, excelsa Padroeira, etc.

22
HINO DO JUBILEU DE OURO DO COLÉGIO VIRGEM
PODEROSA
Letra de Nicodemos Araújo
Música de Irmã Maria Cecília

Há dez lustros a nossa cidade


conseguiu seu Colégio instalado.
E ao ensino se abriu, na verdade,
novo tempo de glória marcado.

Refrão: Salve o Colégio Virgem poderosa,


Neste seu meio século de história.
A ele, nesta data jubilosa,
Nossa mensagem congratulatória.

Integrado na meta segura


que seus Mestres quiseram traçar,
este templo de estudo e cultura
vem prestando um serviço sem par.

Operários fiéis da Ciência


aqui trazem seu zelo e saber.
Desta casa a fraterna vivência
é um exemplo de amor ao dever.

Parabéns ao Colégio. Este dia


tem destaque no seu calendário,
Pois em clima de fé e alegria,
ele marca seu Cinqüentenário.

Que o bom Deus, c'o as luzes da graça,


lhe oriente o bendito labor.
E que sempre o Colégio se faça
Oficina de esforço e de amor.

Асагаú, 30.5.1989

23
POEMA PARA SANTOS DUMONT
No cinqüentenário do primeiro vôo de avião

Pelo mundo inda ressoa,


inda vibra e tonitroa
o intenso e festivo som
das ovações populares
no bravo Titã dos ares:
- Alberto Santos Dumont.

Para seus sonhos supinos terra


e mar são pequeninos:
- Quer o espaço pra subir!
E o "14 Bis" impele,
pelos céus de Bagatele,
a conquistar o porvir.

O estranho avião se erguendo,


vai subindo... Vai vencendo...
- Um novo alado Tritão?!
E Paris, pasmada, vibra,
ante o condor que se libra
no seio azul da amplidão.

O motor nos ares freme...


Augusto Severo treme,
- "Céus!" - brada o padre Gusmão.
Eles, que em gesto fraterno,
despertam do sono eterno,
para aplaudir seu Irmão.

Enquanto o monstro galopa


pelos céus da velha Europa,
num arrojo de assombrar,
as águias, os albatrozes,
assustados e velozes,
vão nos Andes se ocultar:

24
Eis que o Pico da Bandeira,
cá da terra brasileira,
ergue o braço de granito,
indicando o itinerário
do patrício extraordinário
que avança pelo Infinito.

Da terra aos planos etéreos,


em todos os hemisférios
louva-se a proeza triunfal,
na voz dos seres humanos,
dos ventos, dos oceanos,
num concerto universal.

Fazendo coro c'o o mundo,


pleno de orgulho jucundo,
desde o Prata ao Rio-Mar,
o Brasil, "na voz da História",
entoa um hino de glória
ao Filho augusto e sem par.

E quando o engenho fantasma,


perante a turba que pasma,
se alteia no céu de anil,
o sol se orgulha na altura,
iluminando a bravura
desse filho do Brasil.

Mais o Às se levanta.
A grei dos astros se espanta
E Deus pergunta: – "Quem é?"
– Um caminheiro da Ciência!
- Romeiro da Inteligência!
- Louco de audácia e de fé!

O Brasil, grande nos mares,


maior se torna nos ares,
com seu primeiro avião,

25
que, para orgulho do povo
escreve um capítulo novo
nos Anais desta Nação.

Meio século se passou


que a mão do tempo marcou
a portentosa invenção,
É o brasileiro afamado
pelo mundo foi sagrado
como PAI DA AVIAÇÃO.

Ufana, conserva a História


a sublime trajetória
desse mineiro genial,
que, com bravura e talento,
escreveu no firmamento
uma epopéia imortal.

Nesse dia memorável


fervilha a massa incontável,
na grande Cidade-Luz,
vendo elevar-se, altaneiro,
o excelso gênio pioneiro
que a própria glória conduz.

Hoje, dez lustros passados,


os povos inda empolgados,
exaltam todos o herói.
E exaltarão, que façanha
tão meritória e tamanha,
nem mesmo o tempo destrói.

Acaraú, 23.10.1956

26
A MENINA E OS ASSALTANTES

Oito anos, sua idade. Elisomar, seu nome.


Estava em casa sozinha,
e cuidava do lar,
quando viu penetrarem na cozinha
dois homens seminus. Eram assaltantes.
E a garota pensou: estão com fome.
E logo perguntou: - "Querem almoçar?"
- "Queremos" - responderam os meliantes.

Elisomar pôs a mesa assim jeitosamente.


E falou novamente:
- "Não rezam a oração
de ação de graças, pela refeição?"
E, ignorando o perigo:
- "Não sabem?! Pois então rezem comigo:
- Obrigado, Senhor,
pelo alimento
que nos dais, neste momento,
pela vossa bondade e pelo vosso amor".

Depois do almoço os homens se entreolharam...


E um tanto atrapalhados,
meio desconcertados,
dali se retiraram,
sem cousa alguma de valor levar.
Mas levaram a lembrança
daquela inocente e corajosa criança
que os fizera rezar.

27
A ÁRVORE

É de nosso dever e nossa gratidão


cuidar sempre da árvore hospitaleira e boa,
que, ramos, frutos, raiz liberalmente doa,
pra servir, sem visar qualquer compensação.

O seu despreendimento encerra uma lição.


Se a primavera vem, de flores se coroa.
E em sua fronde a alegre passarada entoa
um hino triunfal de sonorização.

A árvore se dá pra todos, totalmente,


num exemplo de bondade inata e permanente
de quem fazendo o bem da vida se consome.

E seu gesto de amor se faz mais relevante,


quando oferece a sombra ao exausto retirante,
que abandona seu lar, tangido pela fome.

28
UM GESTO

Presenciei a cena.
Uma pobre mulher, mal vestida e morena,
tomou o velho ônibus, já lotado.
E assim perdeu o ensejo
de sentar-se e aliviar o corpo extenuado,
como era seu justíssimo desejo.
E ali ficou de pé... Ao colo uma criança:
- Seu filho, seu amor, sua esperança.

Então você, gentil, risonha e linda,


num gesto fraternal mais belo ainda,
ofereceu-lhe a poltrona que ocupava.
E eu notava
a alegria que o gesto lhe causava.

Meritória e cristã sua atitude.


Continue sempre assim. Ampare, ajude
seu semelhante. O pobre especialmente.
Procure minorar-lhe os sofrimentos.
Não enterre os talentos
que o Criador lhe deu tão generosamente.
Fique certa de que
quando você ajudou aquela mãe carente,
a Virgem Mãe de Deus sorriu para você.

29
DIA DOS IDOSOS

A data que hoje decorre é oficialmente consagrada aos


idosos, isto é, às pessoas que contam 50 anos para diante.
E em decorrência disto, é denominada DIA DOS
IDOSOS.
O gesto daqueles que instituíram essa homenagem
merece gratidão e aplausos de todos nós que sabemos
valorizar um ato de plena justiça, tal como o é esse gesto.
Na verdade, o respeito pelas pessoas de idade
avançada, representa um culto de gente civilizada àqueles que,
ao longo dos anos, prestaram valiosos serviços à sociedade,
como um todo.
E é justamente por isso que o dia de hoje tem uma
significação especial para nós que sabemos agradecer aos
idosos o muito que eles têm realizado em benefício da
humanidade, na defluência dos anos.
Em tais condições, a data de hoje deve ser de festas
para todos nós. Festa de respeito, festa de reconhecimento,
festa de amor.
Que aos idosos não faltem, nunca e nunca, as luzes
benditas da graça de Deus Nosso Senhor, para iluminação de
seus caminhos, em busca de um futuro tranqüilo e feliz.

30
LEMBRE-SE

Se você está triste, porque perdeu seu amor,


lembre-se daquele que não teve um amor para perder

Se você se decepcionou com alguma cousa,


lembre-se daquele cujo nascimento já foi uma decepção.

Se você está cansado de trabalhar, lembre-se


daquele que, angustiado, perdeu seu emprego.

Se você reclama de uma comida mal feita, lembre-se


daquele que sofre fome, sem um pedaço de pão.

Se um sonho seu foi desfeito, lembre-se


daquele que vive um pesadelo constante.

Se você anda aborrecido, lembre-se


daquele que espera um sorriso seu.

Se você teve um amor para perder,


um trabalho para cansar,
um sonho desfeito,
uma tristeza para sentir,
uma coisa para reclamar,
lembre-se de agradecer a Deus, porque
existem muitos que dariam tudo para
ficar no seu lugar.

31
SORRIA

Sorrir é um dom de Deus. Então, sorria.


De par em par abra seu coração.
Para vibrar su'alma, na harmonia
do concerto triunfal da criação.

Sorria ao fracassado e ao bóia-fria,


ao mendigo, ao vadio, ao pé-no-chão.
Sorria ao sol que aquece e que alumia.
Sorria mesmo para a escuridão.

Sorria para o céu, pra natureza.


E entre todos, na alegria ou na tristeza,
seja instrumeto de fraternidade.

Veja no mundo um novo paraíso,


sorrindo para os outros, que o sorriso
é a universal linguagem da amizade.

32
CARNAVAL

Fico olhando o vaivém da multidão, na praça.


É o carnaval de Rua. Encenações idiotas.
Passa um Bloco trajando esquisitas fatiotas
e deixando no ambiente um cheiro de cachaça.

Um carro de foliões embandeirado passa...


De uma canção picante escuto agudas notas.
Em coluna-por-dois, gingando, de calçotas,
outro Bloco, a cantar, mistura-se na massa.

Eis que me estende a mão, na esquina da avenida,


uma pobre mulher descalça e maltrapilha,
cuja face revela a angústia que a consome.

E pede – em sua voz um doloroso acento:


– "Uma esmola, senhor, para o sepultamento
de meu filho menor, que hoje morreu de fome".

33
HOMENAGEM PÓSTUMA

Vai sendo para o enterro conduzido


o corpo do empresário Salomão.
E acompanha o cortejo, deprimido,
seu cachorro fiel de estimação.

Um dedicado irmão do falecido


acolheu em sua casa o velho cão.
E, na manhã seguinte, ei-lo sumido.
E as buscas feitas resultaram em vão.

Porém, dias depois, no cemitério


o cachorro afinal foi encontrado,
numa atitude um tanto de mistério.

Ele dormia o derradeiro sono,


braços em cruz e o corpo debruçado
no chão da sepultura de seu dono.

34
O TIRO ASSASSINO

Amanhecia...
O sol nascente apresentava seus primeiros lampejos.
numa encantadora festa de luz, para alegria da humanidade e
encanto do mundo universo.
No alto de uma verdejante mongubeira, em frente a
minha residência, uma graúna desferia seu canto festivo e
suave, para delícia de meus ouvidos.
E eu permanecia ali, encantado pelo encanto daquele
canto.
Entretanto, eis que um tiro seco, partindo de uma
árvore fronteira, veio atingir a graúna sonora. E ela tombou
sem vida, para nunca mais se ouvir seus gorgeios maviosos.
Com esse gesto brutal, o homem, que é responsável
pela preservação da natureza e pela conservação de seus
valores e de seus encantos, assassinou, assim friamente, aquela
avezinha inocente, cujo crime era cantar. Cuja culpa era
encher de harmonia suave e doce o ambiente em que vivia, tal
como fazia todas as manhãs e todas as tardes.
Oh! homem, meu semelhante e meu irmão, como
você é desumano!

35
O HOMEM E A MÁQUINA

Façamos uma comparação entre o homem e a


máquina, com suas respectivas funções em benefício da
humanidade.
O homem, "criado à imagem e semelhança de Deus",
além da força, possui o dom da inteligência criadora.
Tanto isto é verdade, que é o homem quem cria e
fabrica a máquina, dispondo-a para operar, dirigindo-a para o
seu perfeito funcionamento.
Entretanto, depois de fabricada, naturalmente, a
máquina se torna um eficiente, e, em muitos casos, um
indispensável auxiliar do homem, em seus labores de todos os
dias.
Nestas condições, o homem e a máquina se
completam, nos diferentes serviços destinados a cada um.
Entre os dois, no entanto, há uma notável diferença,
em setor de especial relevância.
É que ao homem o Criador de todas as cousas
concedeu a faculdade de raciocinar, de criar, de inventar a
máquina. E a máquina possui apenas a força; não pode pensar,
nem criar o homem.

36
IMAGEM INESQUECÍVEL
(Ante a sepultura de Carlos Demontiê Chaves)

Acompanhamos tua caminhada


De moço estudioso e inteligente.
De teu roteiro a florescente estrada
indicava um futuro sorridente,

Entretanto, o destino, de emboscada,


planejava esse trágico acidente,
que, numa ação cruel, inesperada,
roubou-te a vida assim violentamente.

Teu corpo inerte, sob a terra escura,


permanece no chão da sepultura,
onde, ao longo dos anos, ficará.

Mas tua imagem plena de esperança


conservaremos, viva, na lembrança.
E nem o sopro do tempo apagará.

NOTA: Carlos Demontiê Chaves, estudane acarauense, morto


em desastre rodoviário, a 15 de maio de 1993.

37
O GALO

Armado de esporões, intrépido e faceiro,


exibindo a sedosa e esplendida plumagem,
o galo altivo e alegre é o chefe do terreiro.
E de todos ali recebe vassalagem.

Quando imerge no poente o sol, em seu roteiro,


deixando estrias de ouro e sangue na paisagem,
eis o galo de pé no cimo do poleiro,
como um guarda fiel no zelo e na coragem.

E, esteja enxuto e calmo ou neve e o vento açoite,


inicia seu canto exato à meia noite,
marcando o andar do tempo em notas de harmonia.

E cantando, e cantando, até que passa a aurora,


envia a todo mundo a saudação sonora,
e acorda o camponês, para o labor do dia.

38
O FILHO DO MALAQUIA

Em casa do Malaquia,
lá no sítio de "Água Mansa",
reina uma grande alegria:
- Nasceu mais uma criança,

O pai, c'o a esposa Sofia,


cuida logo sem tardança,
do nome que ele queria
p'ro filho – sua esperança.

Interessada e curiosa,
amiga de estimação,
pergunta Tia Carmosa:
– "E o nome do garotão?"

E o pai – roceiro pra frente,


com pinta de valentão,
responde imediatamente:
– "Vai se chamar Lampião."

39
O MENINO DA CALÇADA

Sob a marquise do supermercado


o menino dormia,
deitado na calçada,
descalço, seminu, cor macerada.
O bracinho dobrado
de macio travesseiro lhe servia.

Eu olhava o Menino da Calçada...


O sol ia subindo... E gente atarefada
passava, indiferente.
Um homem forte, barbado, ar soberano,
fumando um bom cigarro americano,
olhou o garoto desprezivelmente,
e falou: – "Descuidista, vagabundo".
(È mesmo assim o mundo)
O pequeno mais tarde acordaria,
sem pão e sem café,
para mais outro dia
sem instrução e sem fé.

Pensei...
Deliberei.
Num gesto imediato,
deitei no carro a gélida criança,
e falei ao chofer: – "Para o Orfanato.
Nunca é tarde demais para a esperança."
..........................................................................................................
Atendeu prontamente
Uma Enfermeira de face angustiada.
Olhou o garoto demoradamente...
Em seus olhos, então, eu vi o intenso brilho
de uma lágrima fluindo, luminosa,
que "tremeu, tremeu, tremeu e rolou, silenciosa."
E de repente,
A enfermeira, entre feliz e amargurada,
gritou: – "Meu filho! Sim. Ele é meu filho!"
E abraçou-se ao Menino da Calçada.

40
TROVAS I

Leio nas mãos calejadas


de meu irmão lavrador
a história abençoada
de seu fecundo labor.

Amanhece mais um dia.


Obrigado, Pai Celeste,
pela luz que me alumia;
pela vida que me deste.

Se um problema te crucia,
não tentes fazer bobagem,
Suicídio é covardia
mascarada de coragem.

Bendita seja a esperança


que me conserva seguro.
Bendita esta confiança
de sorrir para o futuro.

41
TROVAS II

Na grandeza deste dia


– Natal de Cristo Senhor –
nossa vida se alumia
no bem do Divino Amor.

Esses pobres claudicantes


que se arrastam pela estrada,
são irmãos, são retirantes,
fugindo à seca malvada.

Eu Te suplico, Senhor,
o espírito de união.
Que sempre tenha o amor
espaço em meu coração.

Eu louvo a mão calejada


do agricultor previdente
que lavra a terra molhada
e amanha o chão pra semente.

42
TROVAS III

Amo repartir a paz


e a alegria de meu ninho.
Fazei, Senhor, que eu jamais
queira ser feliz sozinho,

O Pai mandou e ocorreu:


– Sexta-Feira da Paixão
Cristo na cruz escreveu
a História da Redenção.

Abramos os corações,
louvando o Divino Amor.,
pra vivermos as lições
de Jesus Nosso Senhor

Ó Jesus Cristo Senhor,


iluminai nossas mentes,
pra que tratemos c'o amor
os nossos irmãos carentes.

43
TROVAS IV

Fico olhando os nevoeiros,


que no espaço vão passando
sem luz, pesados, ronceiros,
o inverno anunciando.

Compartilhando do culto,
em minha Igreja Matriz,
terei de Deus o indulto.
Sou realmente feliz.

Para mim vale um tesouro


contemplar, seja um momento,
as estrelas – rosas de ouro –
adornando o firmamento,

Ó mongubeiras floridas,
representais, na verdde,
sentinelas indormidas
desta querida cidade.

44
TROVAS VI

Cena que traz esperanças;


que nos alegra e consola:
– este bando de crianças
caminhando para a Escola.

Gosto de ver diariamente,


dentro da tarde calmosa,
o sol sumir no ocidente,
entre nuvens cor-de-rosa.

Lua tão linda e tão grata,


tua configuração
lembra uma concha de prata
suspensa na imensidão.

Às vezes demoro, olhando


a beleza desta praia,
vendo as ondas desfilando
em seus maiôs de cambraia.

45
TROVAS VI

Dê sentido a sua vida.


Tenha firmeza e otimismo.
E levará de vencida
os males do pessimismo

Já vai bem longa a estrada


onde enfrento o vendaval.
Sei que minha caminhada
vai chegando ao seu final.

Que a Luz divina se faça


sempre e sempre, em meu caminho.
Ó meu Deus, que Tua graça
jamais me deixe sozinho.

Escuto desde menino


– E isto me deixa feliz –
o chamamento do sino,
para rezar na Matriz.

46
TROVAS VII

Florzinha, pobre florzinha


que o vento despetalou,
és como um sonho que eu tinha
e o desengano levou.

Ó meu Deus, dai-me saber,


paciência e energia,
para que eu possa preencher
minha existência vazia.

Às vezes demoro olhando


a beleza desta praia;
vendo as ondas desfilando
em seus maiôs de cambraia.

Minha existência, Senhor,


sempre tenha a Tua luz.
Que o bem do Divino Amor
me proteja, meu Jesus.

47
TROVAS VIII

Ó meu Deus, meu Pai clemente,


que na minha senetude
sempre se faça presente
a excelsa luz da virtude.

Velho mar cor de esperança,


louvo a tua majestade,
seja na paz da bonança
ou no furor da tempestade.

Meu Brasil, abençoado


pelo teu céu sempre azul,
amo ver-te iluminado
pelo Cruzeiro do Sul.

Reincidente pecador,
sigo minha caminhada.
Tua proteção, Senhor,
me dê forças pra jornada.

48
TROVAS IX

Jesus Cristo Salvador


é fonte de eterna vida.
Labareda desse amor
que ao sumo Bem nos convida.

Se acaso um pobre indigente


pra esmola te estende a mão,
atende fraternalmente.
Ele é também teu irmão.

Minha sincera homenagem


a essa sublime heroína;
Lição de amor e coragem:
– Ana Cora Coralina.

Cenas que traz esperanças;


que nos alegra e consola:
– este bando de crianças
caminhando para a escola.

49
TROVAS X

Que em minha vida finita,


neste mundo enganador,
nunca falte a luz bendita
da graça do Criador.

Exaltando a terra boa,


no murmúrio sempre novo,
o oceano lhe entoa
um dueto, com seu povo.

Dominam toda a Ribeira


seus pujantes carnaubais,
e enfeitam a zona praieira
o verdor dos coqueirais.

Fala o anjo: "Ave, Maria!


O prodígio em ti se faça,
pela voz da Profecia
e o bem da Divina graça."

50
TROVAS XI

Eis-me a viver mais um dia.


Obrigado, Pai Celeste,
pela luz que me alumia;
pela vida que me deste.

Atendi ao esmoler.
–- "Deus lhe pague" – ele falou.
E eu sei que o bem que eu fizer
o Pai do Céu já pagou.

Salve o homem da Ciência.


– Nosso mestre, nosso irmão,
que, com sua inteligência,
nos trouxe a Televisão.

Bendita nos seja a Cruz,


– Sinal maior do cristão –
instrumento em que Jesus
nos legou a redenção.

51
TROVAS XII

Louvor a Cristo Jesus


o Deus Filho verdadeiro,
que, pregado em uma cruz,
reformou o mundo inteiro.

O inverno se anuncia.
Cai a chuva e ensopa o chão.
Reina esperança e alegria
na cidade e no sertão.

Fala o mestre: – Não existe


dor igual a dor sem nome,
da infeliz mãe que assiste
seu filho morrer de fome.

Olhando este mar que ondeia,


vejo as ondas, uma a uma,
se espedaçarem na areia,
amortalhadas de espuma.

52
TROVAS XIII

A evolução do mundo,
desde remotas idades,
se deve ao saber profundo
das grandes capacidades.

Fé – uma força motriz


que orienta e que ilumina,
que faz o homem feliz.
Lição que Deus nos ensina.

Ó Deus, ó Pai de bondade,


orientai nossa vida;
que a Vossa caridade
nos ilumine a descida.

Louvor a Cristo Jesus


– o Deus Filho verdadeiro,
que, pregado em uma cruz,
reformou o mundo inteiro.

53
TROVAS XIV

Amo ficar na camboa,


cedinho, pela manhã,
vendo o Tetéu, que revoa
e ouvindo a voz da Cauā.

Nobre Pátria brasileira,


constante no meu dever,
darei minha vida inteira
para ajudar-te a crescer.

Se acaso a soberba o anima,


lembre a lição bela e rara:
"Não tente cuspir pra cima,
que o cuspe lhe cai na cara".

Nada mais delicioso


que despertar na alvorada
ao timbre alegre e mavioso
do canto da passarada.

54
TROVAS XV

Mais um dia que amanhece...


o sol já desponta além.
Mais um dia se oferece
para fazermos o bem.

Jesus – amor e verdade,


misericórdia e perdão.
Cristo luz, Cristo piedade,
esperança e salvação.

O meu sincero louvor


eu quero aqui declarar
ao valente pescador,
que enfrenta a fúria do mar.

Minha lua cor de prata,


recordas em meu roteiro
a saudosa serenata
do meu tempo de solteiro.

55
TROVAS XVI

Graciosas, miudinhas,
vejo na torre da Igreja
essas lindas andorinhas
em bando que ali voeja.

Na vida vou caminhando


já no final da viagem.
E aos irmãos eu vou deixando
minha saudosa mensagem.

Alvorada. Vem dos ninhos


trinos de doce harmonia.
É o canto dos passarinhos,
festejando o novo dia.

Grande gente brasileira,


geração de alto valor,
saudemos nossa Bandeira,
nosso orgulho, nosso amor.

56
TROVAS XVII

Fala o Mestre: – "Não existe


dor igual a dor sem nome
de infeliz mãe que assiste
seu filho morrer de fome.

Ó Deus de amor e clemência,


que, no afã do dia-a-dia,
não falte em minha existência
o lume da Estrela-guia.

Dói no coração da gente


ver essa massa sem nome,
ao calor do sol ardente,
no sertão, passando fome.

Lá vai o barco pesqueiro,


singrando com galhardia.
Ao leme vai o barqueiro,
no labor do dia-a-dia.

57
TROVAS XVIII

Trabalho, abnegação,
bravura, saber profundo,
respondem com exatidão,
pela evolução do mundo.

– "Um valente pescador


morto por afogamento."
Seu fim teve o lutador
onde buscava o sustento.

Pessoas de mais idade,


mais elevado conceito,
nos merecem, de verdade,
veneração e respeito.

A luz do sol, na verdade,


nos estimula e convida.
É força pra atividade.
Luz é graça. Luz é vida.

58
TROVAS XIX

Apedrejar passarinho,
que não ofende ninguém
é ação de espírito daninho,
que só o mal lhe faz bem.

– "Saio da vida pra História."


Foi assim que ele escreveu.
Mas, ó Deus, que forma inglória
o Presidente escolheu.

Seguro ao cabo da enxada,


o lavrador, meu irmão,
cultiva a terra molhada,
que lhe garante seu pão.

Revoadas de avoantes
volitam pelo sertão.
Vêm de paragens distantes.
São Aves de arribação.

59
TROVAS XX

Como é sábia a natureza,


pela graça do Senhor,
mostrando tanta beleza,
tanto encanto em cada flor.

Cai a chuva abençoada.


Vibram trilos de alegria.
É a festa da passarada
que um novo inverno anuncia.

Ó Senhor, eu reconheço
a minha limitação.
E humildemente peço
Tua luz e Teu perdão.

Hoje é Dia de Natal


do Deus Menino – Jesus.
Alegria universal.
Festa da Graça e da Luz.

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IMPRENSA
UNIVERSITARIA
Impresso na Imprensa Universitária
da Universidade Federal do Ceará
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Fortaleza - Ceará – Brasil

Digitalizado por Rosimeire Freitas, 2024

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