Análise de A Princesa Da Chuva Segundo o Modelo de Análise Intercultural
Análise de A Princesa Da Chuva Segundo o Modelo de Análise Intercultural
Análise de A Princesa Da Chuva Segundo o Modelo de Análise Intercultural
Para este item do trabalho, intitulado por Anlise de A Princesa da Chuva segundo o Modelo de Anlise Intercultural, vamo-nos basear no guio de Morgado e Pires, na sua obra Educao Intercultural e Literatura Infantil. Vivemos num mundo sem esconderijos (2010). Desta forma, achamos por bem esquematizar a informao segundo os tpicos fornecidos. 1. Espaos diferentes/semelhantes: Em a Princesa da Chuva esto descritos vrios espaos. So eles: O palcio, a rua e os desertos percorridos pela princesa. O palcio o espao principal, o espao onde a princesa foi fadada e onde durante anos a princesa habitou junto do rei e da rainha. A rua o espao desejado pelo povo, que pela enorme quantidade de chuva, se torna em rio. Mas que, quando Princelinda decide explorar outras zonas passa a tornar-se novamente num local comum ao povo. Podemos ainda destacar neste espao, o espao em que a esttua em honra princesa, s fadas e ama foi erguida. Os desertos so outro espao representado na narrativa, o espao escolhido pela princesa para tornar-se til e transformar a sua maldio numa bno. 2. Personagens Caractersticas Fsicas; Psicolgicas e socioculturais: As personagens de maior destaque em A Princesa da Chuva so o rei Rinaldo, a rainha Regina, a princesa Princelinda, as trs fadas e os restantes membros do reino, como ministros, enxota-moscas, despejadorpenicos e a ama da princesa. 2.1.Rei: Caracterizao fsica: Lusa Ducla Soares no
descreve fisicamente o rei. Contudo, pelas ilustraes verificamos que o rei alto, pelo menos mais alto que
as restantes personagens; usa bigode; e tem cabelo comprido castanho. Caracterizao psicolgica: Pela leitura do conto verificamos que o rei um pai preocupado, carinhoso e protector. Bem como, preza a sua honra e cumpre com a sua palavra. Caracterizao sociocultural: o rei detentor total do poder, porque apesar de existirem ministros o rei quem ordena, rico e excntrico. 2.2.Rainha: Caracterizao fsica: A caracterizao fsica da rainha, tal como a do rei, s possvel pela observao das ilustraes e atravs destas, percebemos que uma mulher arrojada, elegante, usa o cabelo apanhado com um penteado simtrico; o seu cabelo castanho e os seus olhos tambm. Caracterizao psicolgica: Apercebemo-nos pela leitura da narrativa que a rainha muito conservadora, antiquada, tem ideias muito bem definidas, vaidosa, e tal como o rei muito maternal: muito preocupada e protectora em relao sua filha. Tambm a rainha, como o rei, uma mulher de palavra e determinada. Caracterizao sociocultural: A rainha tambm detentora do poder e rica. Por representar uma gerao mais antiga que princesa, o seu comportamento conservador vai com certeza ao encontro da educao que a rainha recebeu e por isso, enquadra-se no ambiente sociocultural em que ela cresceu. 2.3.Princesa: Caracterizao fsica: Fisicamente, a princesa a mais bela do que alguma vez houve, pelas ilustraes completamos esta informao referindo que
Princelinda elegante, tem longos cabelos castanhos com reflexos dourados e tem olhos castanhos. Caracterizao psicolgica: A princesa a herona do conto. Na narrativa ela enaltecida, mostrando-se corajosa, determinada, moderna e bondosa. Caracterizao sociocultural: Aprincesa, por ter
nascido num tempo em que a sociedade muito moderna, pois tambm uma mulher actual e independente. 2.4. Trs Fadas: Caracterizao fsica: A primeira fada a mais velha de todas as fadas, tem voz rouca e cabelo grisalho; a segunda fada pitosga; e a terceira fada corcunda. Pelas ilustraes verificamos ainda que as fadas tm um fsico semelhante apresentando olhos
castanhos e nariz grande e pontiagudo. Tambm no que diz respeito ao cabelo, todas tm um penteado simtrico. Contudo, a primeira fada, como j referimos, tem cabelo grisalho, a segunda fada tem cabelo ruivo e a terceira tem cabelo louro. Caracterizao psicolgica: As duas primeiras fadas so mais generosas do que a terceira fada. Esta ltima, por seu turno, vingativa. Considerando as trs fadas em conjunto,
verificamos que so oportunistas, deixando de parte a faceta maravilhosa que as fadas representam nos contos. Caracterizao sociocultural: No que diz respeito caracterizao sociocultural, sendo este conto
2.5.Ministros, Ama, Enxota-Moscas e Despejador de Penicos: Caracterizao fsica: Fisicamente, no conseguimos perceber, exactamente, como que Lusa Ducla Soares e Ftima Afonso caracterizam estas personagens. Mas, pelas ilustraes, verificamos que todas elas so muito distintas, apresentando apenas uma
caracterstica em comum, em que excepo da ama, todas as outras personagens so do sexo masculino. Caracterizao psicolgica: Psicologicamente, estas personagens no so caracterizadas. Contudo,
deduzimos que, ao contrrio da famlia real, so mais humildes e patriotas mostrando-se sempre
preocupados com a crise do reino. Caracterizao sociocultural: Todas estas personagens representam o povo que, tal como nos dias de hoje, vive socialmente de forma bastante medocre em relao aos membros do poder. 3. Viagens Mudana de espaos: Em A princesa da Chuva damo-nos conta de vrias viagens por parte da princesa. A princesa muda de espao a primeira vez quando decide calcorrear todo o pas. A segunda viagem marcada pelo regresso da princesa ao reino, quando este se encontra ameaado pelo incndio. Por fim, a derradeira viagem, ocorre quando a princesa decide pela segunda vez, viajar por todo o pas, abandonando novamente o reino.
4. Relao com a diversidade: Em A Princesa da Chuva, verificamos que, inicialmente, o povo no aceita a particularidade da princesa, que com tamanhas crticas, a fazem sentir-se rejeitada, o que por sua vez, a leva a fugir.
Contudo, ao compreenderem que o dom da princesa poderia salvar e melhorar o pas, acabaram por aceit.la e at homenage-la.
5. Grupo dominante/ Grupo minoritrio: Nesta narrativa, consideramos que existem dois grupos dominantes: o rei e a rainha e o povo. O rei e a rainha representam o poder e so por isso, um grupo dominante no que diz respeito sociedade e economia. Por sua vez, o povo considerado outro grupo dominante na medida em que excluem a princesa por ser diferente. No entanto, relativamente aos grupo minoritrios, voltamos a ter dois grupos: o povo e a princesa. Por um lado, a famlia real sobrepe-se ao povo no poder e tomadas de deciso de caracter social e capital; por outro lado, temos a princesa que sofre de excluso social ao ser criticada pelo povo.
6. Conflitos/ Entendimentos: Nesta narrativa esto presentes vrios conflitos. Primeiramente, existe o conflito entre a famlia real e as fadas bem como, entre os ministros e as ltimas devido recompensa exigida pelas trs e pela maldio lanada pela terceira. De seguida, surge o conflito entre o ministro da justia e a ama porque na opinio do primeiro, a ama deveria ter vestido calas de plstico princesa para que o acidente no tivesse ocorrido. Posteriormente, surge a revolta do povo que no aceita a diferena da princesa. E ainda devido ao sofrimento da princesa, surge um pequeno conflito entre o rei e a rainha por causa da viso antiquada da me da princesa, que por tudo, exigiu o fadamento das trs fadas. No entanto, quando a princesa regressa ao reino, os conflitos so resolvidos: o rei, a rainha e o povo acreditam que a maldio afinal foi uma bno concedida pela terceira fada, a ama elogiada por no ter colocado calas de plstico princesa, as fadas tambm so enaltecidas e a crise do pas resolve-se.
7. Vrias perspectivas sobre as situaes/ viso unvoca: Inicialmente, deparamo-nos com uma viso unvoca e irredutvel por parte do povo em relao peculiaridade da princesa. Mas, Princelinda consegue ter uma perspectiva diferente e consegue fazer com que a diferena seja aceite, mostrando que a sua maldio pode ser encarada como uma bno, tudo depende da forma como encarada. Se por um lado, a chuva incomodativa, por outro, bastante til para a sobrevivncia e desenvolvimento do mundo. 8. Metamorfoses Quando? Porqu? A princesa fadada com o intuito de possuir alguns dons. O processo pelo qual a princesa passou fez com que esta sofresse uma alterao no seu estado fisiolgico, que no teria acontecido se no tivesse sido fadada pela terceira fada: a princesa passou a trazer a chuva sempre consigo. Esta metamorfose deu-se quando a princesa nasceu e a sua me exigiu que ela fosse fadada por trs fadas, e aquando a terceira fada lhe ia ditar o seu dom, Princelinda, beb, que ainda no conseguia controlar os seus esfncteres, fez chichi para cima da fada. E esta com um sentimento de escrnio e dio decidiu nome-la Princesa da Chuva. 9. Situaes finais dos contos solues positivas/ permanncia dos conflitos: Apesar de no sabermos se Princelinda arranja um noivo, o conflito resolvido na medida em que a chuva deixa de representar um problema e passa a ser encarada como uma necessidade. Contudo, a princesa no volta a ser uma rapariga comum, esta maldio/ bno acompanha-a at ao fim do conto.
10. Valores transmitidos: O conto A Princesa da Chuva tem uma enorme vertente moralista. Lusa Ducla Soares, apela para a aceitao da diferena e da no discriminao. Feita esta anlise, resta deixar uma nota, sabemos que este modelo de anlise um modelo definido para histrias de ndole mais cultural, contudo, podemos no ter presentes vrias culturas neste conto, mas temos uma diferena e uma discriminao
imposta, o que nos levou a assemelhar este conto com contos passiveis de serem analisados segundo esta perspectiva.
Sujeito: A princesa
Efectivamente, a terceira fada quem comanda a aco visto que foi ela que lanou a maldio a Princelinda; o objecto pois, ajudar os outros e ir viajar pois so estes os objectivos traados pela princesa; o destinatrio a princesa e os diferentes povos, visto que a eles que a aco se destina, por um lado destinada princesa a
maldio, e por outro lado, destinado aos diferentes povos o auxlio da princesa; como adjuvantes temos o rei e a rainha porque no impedem a aco a que a princesa se prope; por fim, como oponente, apresentamos uma componente vazia, porque no h quem impea a princesa de ir em auxlio dos outros. Claro que, a princesa tem aqui dois papis: o de destinatrio e o de sujeito porque tambm ela quem age e se torna o sujeito de toda a histria.