ARTIGO Importancia Da Arte para A Formação Integral Do Aluno

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ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO

INTEGRAL DO ALUNO

Patrícia Aparecida da Silva Santos1

Resumo
O presente artigo tem o objetivo de provocar discussões sobre as contribuições do
ensino da arte para a formação integral do aluno no ensino fundamental e promover
reflexões sobre a integração das diversas linguagens artísticas no currículo escolar
enquanto área específica como mecanismo para promoção de uma aprendizagem
significativa, área que por muito tempo vem sendo trabalhada na sala de aula como
mera auxiliadora das demais disciplinas.
Palavras-chave: Arte, Ensino-aprendizagem, Formação integral

Introdução
A arte surgiu da necessidade de expressão e comunicação do ser humano. Nos
tempos primórdios, a prioridade era a produção. A estética era pensada em segundo
plano. Com a evolução humana, a arte passou a representar também o belo e os
sentimentos, retratando a cultura dos povos e sendo registro para as futuras
gerações, tendo a escola papel de destaque como local de transmissão dos
conhecimentos adquiridos na área artística, de experimentação e ressignificação de
tais conceitos.

Assim, os debates relacionados à legislação que regulamenta os currículos


escolares, a formação adequada dos professores e os conteúdos a serem
abordados, com o intuito de atingir os objetivos propostos para o ensino de arte,
passa ser fundamental na busca de possibilidades para ampliar o desenvolvimento
cognitivo e emocional da criança, através dos saberes artísticos.

Arte: Os caminhos pela legislação brasileira


O ensino da Arte no Brasil é marcado por constantes interferências sociais e
culturais, refletindo o momento histórico do país em cada época, tendo presença nas
legislações educacionais vigentes desde 1961.

1
Graduação em Pedagogia /Universidade do estado de Minas Gerais, especialização em
Metodologia do Ensino de Arte / Faculdade de Educação São Luís. E-mail do autor:
[email protected] Orientadora: Profa. Lígia De Grandi
Apesar de citada discretamente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº4024/61,
instituiu o ensino de Artes nos níveis de 1º e 2º graus da Educação Básica. Na
Matriz Curricular do ensino primário, constava, para a maioria dos estados e
municípios, o desenho e o canto orfeônico, como representantes das linguagens
artísticas no currículo, ao lado do ensino de leitura, aritmética, Ciências, Geografia e
História do Brasil, de maneira obrigatória.

Nesse contexto, a Arte era abordada no currículo sob forma de atividade


complementar de iniciação artística, não obrigatória.

Mesmo sendo incluída com pouca relevância, a Arte abriu espaço na lei nº 4024/61,
sendo lembrada nas discussões para implementação das leis seguintes.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação seguinte de 1971, foi constituída em um


período de muita repressão e censura, e influências americanas à cultura brasileira.
Inserida nesse contexto, a lei nº 5692/71, dá continuidade aos debates de mudanças
de 1961, porém com um caráter tecnicista de ensino, visando à formação necessária
para o desenvolvimento das potencialidades do aluno.

O ensino de Arte passa a integrar o currículo sob a nomenclatura de Educação


Artística, abrangendo música, artes plásticas e teatro, linguagens que o professor
deveria conhecer e entender para ensinar de maneira polivalente, visando
desenvolver nos alunos o gosto pelas artes e manifestações artístico-estéticas.

As práticas pedagógicas relacionadas à Educação Artística privilegiavam as artes


plásticas e o que podia observar-se era a dificuldade dos profissionais da área em
abordar as demais linguagens artísticas, o que gerou críticas, inclusive à
denominação “Educação Artística”, em prol de um ensino de Arte, mais abrangente.

Após 25 anos de vigência da Lei 5692/71, foi promulgada em 1996 a Lei 9394, que
tornou obrigatório o ensino de Artes na Educação básica, destacando as expressões
regionais, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
Essa regulamentação dá novas perspectivas ao ensino de Artes, destacando a
necessidade de ofertar aos alunos pelo menos quatro linguagens artísticas, sendo
elas o teatro, música, artes visuais e dança, num esforço para o desenvolvimento de
um saber artístico na escola.

Após esse breve histórico da trajetória legislativa do Ensino de Arte nas escolas
brasileiras, perpassando por diversas mudanças, desde a nomenclatura às
propostas metodológicas, podemos confirmar que a discussão acerca da
necessidade da inclusão dos saberes artísticos nos currículos escolares sempre
foram uma realidade e foram ganhando destaque na literatura educacional ao longo
dos tempos, confirmando a importância da Arte na formação do educando, tratando-
a como conhecimento a ser transmitido.

Arte: Cultura, produção e reflexão na formação do educando

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (1996) é papel da


escola “ensinar a produção histórica e social da Arte e, ao mesmo tempo, garantir ao
aluno a liberdade de imaginar e edificar propostas artísticas pessoais ou grupais
com base em intenções próprias”.

Por ser um conhecimento construído pelo homem ao longo dos tempos, a arte não é
apenas uma atividade dentro do contexto escolar, ela é patrimônio cultural e desta
forma, toda criança tem direito de acesso a essa cultura artística, desses saberes
culturais.

A busca pela compreensão do ambiente ao seu redor, desde os tempos remotos, é


que impulsiona o ser humano a manipular cores, formas, sons e gestos, com a
intenção de dar sentido ao mundo a sua volta, de comunicar-se com o outro.

As linguagens da Arte vêm, nesse contexto, possibilitar a compreensão do mundo


das culturas e do eu particular, levando-nos a relacionar, refletir e construir novos
conceitos.
A criança está atenta e aberta às experiências e ao mundo, arrisca-se e assim vai
construindo suas percepções iniciais que influenciarão sua compreensão de mundo,
ampliando sua capacidade intuitiva e simbólica.

Partindo dessas premissas, a escola não pode valorizar apenas o sistema de


linguagem oral ou escrita, pois assim, limitará as oportunidades da criança em
realizar experiências que ampliem seu desenvolvimento relacionado à competência
simbólica.

Através da arte, a criança pode fazer ligações entre diversas áreas do


conhecimento, relacionando-as com seus conhecimentos prévios e seu cotidiano,
possibilitando a ela criar suas próprias impressões do ambiente ao seu redor, dando
sentido a suas criações, gestos, formas.

Nesta perspectiva, o ensino da Arte deve ter, como um dos objetivos, sensibilizar as
crianças para o contato com as mais diferentes manifestações artísticas. Viver a Arte
desperta para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem da criança.
Enquanto cria, desenha, canta, dança ou representa ela é livre para expressar suas
ideias e sentimentos.

O professor pode sensibilizar a criança para o contato e o respeito com as


linguagens artísticas, deixando o modo lúdico e prazeroso aliar-se às regras,
fazendo um exercício constante de criatividade e favorecendo contatos com
diferentes atividades, de expressão cênica, visual, musical e de movimento,
apresentando novos saberes e situações que possibilitem à criança ampliar e
enriquecer suas experiências com as linguagens artísticas, seu desenvolvimento
expressivo e criativo, tornando-a um indivíduo mais sensível e que vê o mundo com
outros olhos, sendo capaz de relacionar com novos saberes, conhecimentos prévios,
diferentes culturas, sentimentos e sensações.

Considerações finais

A legislação educacional vigente no país, apresenta avanços com relação às


primeiras regulamentações do ensino da Arte nas escolas, deixando para trás a ideia
de enfeites e festas em datas comemorativas, para fazer parte dos currículos como
conhecimento organizado, linguagens próprias, que propicia aos alunos o contato
como os saberes artísticos e culturais, concordando com os estudos na área, que
confirmam a importância do ensino da Arte para o desenvolvimento cognitivo das
crianças.

A função da Arte na formação do sujeito também já é destacada, salientando que “ao


longo do Ensino Fundamental, espera-se a expansão do repertório, a ampliação das
habilidades e o aumento da autonomia nas práticas artísticas dos estudantes”.
(BRASIL, 2014).

Confirma-se a importância das aulas de Arte para a formação integral da criança,


quando constatamos que as vivências humanas envolvem qualidades emocionais,
sensações e percepções, que farão parte das relações que fazemos com o meio em
que vivemos.

A criança, desde o início da infância, deve ser estimulada a investigar, inventar,


explorar e liberar sua criatividade, pois é na interação com o meio que se inicia a
aprendizagem e, a cada fase de desenvolvimento expressivo, ampliação de saberes
e aprimoramento de técnicas e sensações, desenvolve-se a criatividade e
consequentemente a autonomia da criança, facilitando sua maneira de expressar-se
e comunicar-se, relacionando saberes prévios como novos conhecimentos,
ressignificando e interagindo com o mundo a sua volta.

Referências Bibliográficas
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