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Agora é a minha vez...

Educação Literária
Texto 8 – Cesário Verde | Cânticos do Realismo – O livro de Cesário Verde

Lê um excerto do poema «Cristalizações», de Cesário Verde.

Cristalizações
E nesse rude mês, que não consente flores,
Fundeiam, como esquadra em fria paz,
As árvores despidas. Sóbrias cores!
Mastros, enxárcias, vergas! Valadores
5 Atiram terra com largas pás.

Eu julgo-me no Norte, ao frio – o grande agente! –


Carros de mão, que chiam carregados,
Conduzem saibro, vagarosamente;
Vê-se a cidade, mercantil, contente:
10 Madeiras, águas, multidões, telhados!

Negrejam os quintais; enxuga a alvenaria;


Em arco, sem as nuvens flutuantes,
O céu renova a tinta corredia;
E os charcos brilham tanto, que eu diria
15 Ter ante mim lagoas de brilhantes!
Winslow Homer, Uma manhã de inverno
E engelhem, muito embora, os fracos, os
(pormenor), 1871.
tolhidos,
Eu tudo encontro alegremente exato.
Lavo, refresco, limpo os meus sentidos.
20 E tangem-me, excitados, sacudidos,
O tato, a vista, o ouvido, o gosto, o olfato!

Pede-me o corpo inteiro esforços na friagem


De tão lavada e igual temperatura!
Os ares, o caminho, a luz, reagem;
25 Cheira-me a fogo, a sílex, a ferrugem;
Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura.

Mal-encarado e negro, um para enquanto eu


passo,
Dois assobiam, altas marretas
30 Possantes, grossas, temperadas d’aço;
E um gordo, o mestre, com um ar ralasso
E manso, tira o nível das valetas.

Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas!


Que vida tão custosa! Que diabo!
35 E os cavadores pousam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo.

Povo! No pano cru rasgado das camisas


Uma bandeira penso que transluz! Cesário Verde, «Cristalizações«, in Cânticos
do Realismo – O livro de Cesário Verde
40 Com ela sofres, bebes, agonizas; (introd. de Helena Carvalho Buescu), Lisboa,
Listrões de vinho lançam-lhe divisas, INCM, 2015, pp. 113-116.

20
E os suspensórios traçam-lhe uma cruz!

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Texto 8

1. Explicita dois aspetos da realidade que são transfigurados pelo olhar do sujeito poético, Proposta de
solução
ilustrando a tua resposta com elementos textuais. disponível em

Roteiro de resposta
• Descodificar os sentido dos verbos de instrução «explicitar» – tornar explícito,
indicar – e «ilustrar» – exemplificar, provar, justificar com citações.
• Centrar a atenção no conteúdo do texto (reler o texto), sublinhar elementos-chave.
• Compreender que o eu observa a cidade e, a partir dos seus elementos, imagina
outra realidade.
• Assegurar a coerência e a coesão e a correção linguística.
• Apresentar citações e/ou outro tipo de referências textuais.

2. Demonstra que, no seu deambular pela cidade, o sujeito poético perceciona a realidade
através de diferentes sentidos.

Roteiro de resposta
• Descodificar o sentido do verbo de instrução «demonstrar» – comprovar, explicar
com pormenor.
• Centrar a atenção no conteúdo do texto (reler o texto), sublinhar elementos-chave.
• Compreender que o sujeito poético deambula (anda) e vai percecionando
diferentes aspetos da cidade através dos sentidos.
• Interpretar sentidos implícitos e explícitos do texto.
• Assegurar a coerência e a coesão e a correção linguística.
• • Inserir exemplos textuais para ilustrar a resposta.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completares a afirmação.


No verso «Que vida tão custosa! Que diabo!» (v. 32), o eu expressa um sentimento de
(A) desdém.
(B) compaixão.
(C) repugnância.
(D) antipatia.

Roteiro de resposta
• Compreender a instrução do enunciado – selecionar uma opção (escolher a res-
posta adequada).
• Compreender o sentido da afirmação do verso citado.
• Interpretar o valor expressivo da exclamação.
• Compreender que a dupla exclamação contém um juízo de valor e representa um
sentimento do sujeito poético.
• Interpretar as opções apresentadas, decifrando o vocabulário empregue.
• Excluir as opções desadequadas.

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