Direitos Reais

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Nome: Guilherme Aguilar

Direitos reais

O direito das coisas, que conhecemos também por direitos reais, consiste no
conjunto de normas obrigatórias, que regulam o direito atribuído a pessoa sobre
os bens corpóreos, sendo eles moveis ou imóveis de conteúdo econômico. A
eficácia do direito e’ erga omnes, ou seja, em face de todos; um direito absoluto
e independente da intermediação de outrem que surgem por imposição
legislativa.
“Art. 1225 CC - São direitos reais:
I. a propriedade
II. a superfície
III. as servidões
IV. o usufruto
V. o uso
VI. a habitação (etc..)”

Classificacao dos direitos reais

1- Jus in re própria = direito sobre a coisa própria


2- Jus in re aliena = direito real sobre coisa alheia

Principios do direito real


• Princípio da aderência, especialização ou inerência: o titular sempre
exerce diretamente o direito real, sem a necessidade de socorrer-se a
outra parte. Ex.: se sou dono de um automóvel, não preciso pedir
autorização para dirigi-lo;
• Princípio do absolutismo: o direito real é exercido erga omnes, ou seja,
contra todos. Com isso, o titular do direito possui a faculdade de se opor
a quem quer que intervenha ou lhe cause dano;
• Princípio da publicidade ou visibilidade: um direito real sobre bem
imóvel só se adquire através do registro no Cartório competente (art.
1.227 do CC), e de bens móveis pela tradição (art. 1.226 e 1.267 do CC);
• Princípio da taxatividade: segundo esse princípio, os direitos reais são
somente os previstos em lei, não sendo possível a criação de novos;
• Princípio da tipicidade ou tipificação: o regime jurídico de cada direito
real deve seguir expressamente o que está previsto em lei;
• Princípio da perpetuidade: um direito real é perpétuo, ou seja, não se
extingue por não fazer uso. Em relação à usucapião, ao contrário do que
você pode pensar, não se perde o direito da coisa pelo não uso, mas sim
porque outra pessoa usou pelo tempo necessário para adquiri-la;
• Princípio do desmembramento: significa que os direitos reais podem
ser descolados, ou seja, podem ser transferidos a terceiros;
• Princípio da exclusividade: segundo esse princípio, não pode haver
dois direitos reais, com o mesmo conteúdo, sobre a mesma coisa.
Os direitos reais tem por objetivo um ou mais bens materiais moveis ou imóveis,
as normas são obrigatórias não admitindo interferência de vontade individual, so’
não admitem usucuapiao quando sobre coisa alheia no caso de hipoteca e tem
sua duração no tempo indefinida (salvo propriedade resolúvel)

O direito real de propriedade e’ o mais completo, uma vez que, todos os outros
são em decorrência dele. Confere ao seu titular os poderes de usar, gozar e
dispor da coisa, assim como de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha (CC, art. 1.228).

Aquisicao dos direitos reais

Art. 1226 CC – ‘Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.’
Art. 1227 CC – ‘Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos
por ato entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de
Imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste código.’

Como citado nos dispositivos acima, para a aquisição dos direitos reais e’
necessário a escritura, ou imóveis que não ultrapassem 30x o valor do salario
mínimo, não anulando a ausência de registro, apenas deixando sem eficácia
real perante terceiros ( como exemplo uma hipoteca não registrada)

Posse ( art 1196 e 1224 CC)

Vigoram duas teorias; subjetiva (savigny) que valoriza mais o psicológico


expresso na vontade do possuidor de ter a coisa como se fosse sua;
Teoria objetiva (Ihering) a posse se traduz no poder físico da pessoa sobre a
coisa com a exteriorização da propriedade e um meio de tornar possível o uso
econômico da coisa, de acordo com a vontade do possuidor.

Posse e detenção têm as mesmas características, porém se direfenciam na


conduta legislativa. À detenção não se atribuem efeitos possessórios.

Natureza da posse:
Para Savigny, a posse é um misto de fato e direito (pessoal). Para Ihering, a
posse é um direito (real), no sentido de que os direitos são interesses
juridicamente protegidos. Assim, classifica Savigny a posse como uma relação
obrigacional e Ihering a insere no âmbito dos direitos reais. Contudo, nosso CC
filia-se a Clóvis Bevilaqua, que vê a posse como um direito especial.
A posse não pode ser considerada como direito pessoal por não estabelecer
um vínculo de conteúdo obrigacional para o possuidor em face de terceiros ou
do proprietário; nem direito real, pois não gera efeitos erga omnes (triunfa
sobre os pretensos adquirentes da posse, mas sucumbe ao proprietário).
Por fim, a natureza especial da posse dispensa, pois, na ação possessória, a
intervenção do outro cônjuge, salvo quando versarem sobre direitos reais
imobiliários. Fosse a posse direito real, a presença dos cônjuges seria
obrigatória.
Classificação da posse:
POSSE INDIRETA
• Dá-se a posse indireta quando o seu titular, voluntariamente,
transfere a outrem a utilização da coisa.
ex: locador, comodante, nu-proprietário
POSSE DIRETA
• Diz-se posse direta a de quem recebe o bem para usar. É derivada
e temporária. A posse foi transferida por contrato, p. Ex.
ex: locatário, comodatário, usufrutuário
Posse de boa-fé
• É de boa-fé a posse quando o possuidor ignorar o vício, ou o
obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito do
possuído (art. 1201CC).
Posse de má-fé
• Quando o possuidor não ignorar que possui ilegitimamente.

Posse Ad Interdicta
• É concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma
obrigação ou direito. É uma posse defensável por meio das ações
possessórias, mas não gera usucapião.
Ex: posse do locatário
Posse Ad Usucapionem
• É a posse que gerará usucapião. Evidencia-se quando não há
qualquer relação obrigacional ou de direito entre o possuidor e o
proprietário.
Quem ocupa um imóvel sem autorização do proprietário poderá usucapir,
desde que sua posse seja mansa, pacifica, contínua e preencha o espaço de
tempo exigido em lei.

Possuidor de boa-fe
Percepção dos frutos
Terá direito aos frutos percebidos (os que ele colheu). Os frutos pendentes ao
tempo em que Cesar a boa-fé devem ser restituídos (frutos presos a árvore)
com dedução das despesas de produção e custeio. Deverá restituir os frutos
colhidos com antecipação (frutos que não deveriam ter sido colhidos, mas o
foram).
Possuidor de má-fé
Será responsabilizado por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como
pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu a má-fé. Para evitar o enriquecimento indevido por quem está a
recuperar a posse, confere-se ao possuidor de má-fé o direito à indenização
pelas despesas de produção e custeio.
Perda da posse (arts. 1223 e 1224 CC)
Considera-se perdida a posse quando cessa o poder que tinha o possuidor
sobre o vem. Motivos: abandono (ato voluntário), tradição (transferência da
posse), posse por outrem (contra sua vontade – Ex: invasão), destruição da
coisa e pelo constituto possessório.
No caso de esbulho, só se considera perdida a posse para o esbulhado que
não presenciou o esbulho quando, tendo conhecimento do fato, se mantém
inerte ou, ao tentar recuperar a coisa, é violentamente repelido.

Propriedade em Geral
Consiste em um direito em que:
Art. 1228 CC – ‘O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa,
e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.’
Não há prazo em lei para a propositura de ação reivindicatória, mas sua
improcedência será de rigor, quando o réu da ação provar tempo de posse
suficiente para a usucapião.
I. É um direito absoluto = o proprietário pode utilizar a coisa em toda sua
substancia e conforme o bem-estar social
II. É exclusivo = o titular deste direito pode usar, fruir e dispor dele → tem o
proprietário direito sobre o solo, espaço aéreo e subsolo (não pertencerão,
contudo, as riquezas naturais encontradas, tais como jazidas, recursos
minerais e monumentos arqueológicos)
III. É elástico = meus direitos podem diminuir ou aumentar de acordo com o
meu uso na propriedade → Ex: se eu cedo meu direito de usar e fruir, somente
me restará o direito de dispor e, desta forma, meus direitos terão diminuídos.
Neste caso, eu serei a nu-proprietária e a pessoa a usufrutuária.
A função social da propriedade não se restringe ao cuidado de preservar o
direito individual ou coletivo, mas também à proteção do meio ambiente;
evitando danos à fora, fauna, ao patrimônio histórico, ao ar... Enfim, deve
exercer sua função social refletida pelo bem-estar comum.

Aquisição da Propriedade Imóvel (arts. 1238 a 1259 CC)


São modalidades de aquisição da propriedade imóvel: usucapião, registro de
título, acessão e o direito hereditário.
A usucapião é considerada forma de aquisição originária, porque a transmissão
é através de sentença declaratória da usucapião e não por manifestação da
vontade; já o registro e o direito hereditário são modos de transmissão
derivada, porque exigem um anterior proprietário. Portanto, a aquisição será
originária quando não houver relação de causalidade entre o direito do
antecessor e o do sucessor. Existindo essa relação, que se dá através da
transmissão do bem pelo anterior ao novo proprietário, o modo de aquisição
será o derivado.

Direito de Superficie

O Direito de Superfície é uma matéria dentro do Estatuto da Cidade e Novo


Direito Civil e constituem em leis que regularizam os direitos de uso de terrenos
inutilizados e desocupados por terceiros, ou seja, quando a pessoa interessada
– o superficiário – ganha o direito de aproveitar uma propriedade que não é sua.

Ainda segundo, a definição no artigo 1369 do Código Civil, este desdobramento


deve ser devidamente registrado, conforme a definição a seguir:
“Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de
plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública
devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se
for inerente ao objeto da concessão.”
Características do direito de superfície
No primeiro, é estabelecido que o direito de superfície inclui a utilização do solo,
subsolo ou espaço aéreo relativo ao terreno, com prazo determinado ou não.
No contrato de direito de superfície, o que é plantado e construído na
propriedade pertence a uma das partes e a propriedade do solo que acomoda
estes fatores pertence à outra. Não se trata de uma co-propriedade, mas da
existência de dois direitos diferentes.
O titular da propriedade também pode continuar a utilizar o solo, mas fica limitado
pelo direito de superfície.
Este direito pode ser transferido a terceiros, em caso de morte do superficiário,
aos seus herdeiros, não podendo o titular da propriedade exigir nenhum
pagamento pela transferência.

Direitos do proprietário do solo:


• O solo e o terreno serão de posse do proprietário, enquanto não
for iniciada a construção ou plantação;
• O proprietário pode continuar a utilizar a região do solo que não
está ocupada pela construção, sem que isso atrapalhe o
superficiário. Entretanto, este uso deve ser estabelecido no
contrato;
• Receber o pagamento pela concessão, caso tenha sido ajustada;
• Exercer o direito de preferência na aquisição da superfície;
• Proceder à resolução da superfície antes do advento do termo, se
temporária, se o superficiário não edificar ou plantar no tempo
aprazado, ou se edificar em desacordo com o convencionado ou,
ainda, se der destinação diversa daquela originalmente concedida,
construir gravames reais sobre o solo.
Direitos do superficiário:
• Utilizar a superfície do solo de outrem, nos termos do contrato
firmado;
• Usar, gozar e dispor da construção ou plantação superficiária como
coisa sua, separada da propriedade do solo;
• Onerar com ônus reais a construção ou plantação, que se
extinguiram com o termo final da concessão da propriedade
superficiária;
• Exercer o direito de preferência na aquisição do solo, caso o
proprietário pretenda aliená-la a título oneroso;
• Reconstruir a edificação ou refazer a plantação em caso de
perecimento.
Obrigações do proprietário do solo:
• Não praticar atos que impeçam ou prejudiquem a concretização,
ou exercício do direito de superfície;
• Dar preferência ao superficiário na aquisição da propriedade do
solo, caso esta se faça a título oneroso.
Obrigações do superficiário:
• Pagar a remuneração ajustada, no caso do acordo ter sido
pactuado de forma onerosa;
• Construir ou plantar de acordo com o acordado;
• Pagar os encargos e tributos que incidirem sobre a obra
superficiária e sobre o solo;
• Conservar a obra superficiária;
• Dar preferência ao proprietário do solo à aquisição da superficiária,
caso a aliene a título oneroso.
Extinção do direito de superfície
O superficiário não recebe uma indenização quando o direito de superfície é
extinto, a qual pode ocorrer nas seguintes ocasiões:
• Término do prazo;
• Perecimento do solo;
• Dar destinação diversa à contratada;
• Desapropriação;
• Distrato;
• Renúncia;
• Se o superficiário se tornar também o dono da propriedade.
Servidão

A servidão é um direito real sobre imóvel alheio que impõe um encargo (ônus)
ao prédio serviente em favor do prédio dominante.
O objetivo da servidão é tornar a propriedade do prédio dominante mais útil ou
condizente com sua finalidade.

Em contrapartida, o prédio serviente tem seu uso parcialmente restringido.


Art. 1.378 do Código Civil: A servidão proporciona utilidade para o prédio
dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-
se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e
subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
É importante observar, desde já, que a servidão atinge apenas bem imóvel
vizinho.
É possível servidão em face de imóveis que não fazem fronteira com o prédio
dominante.
O dono do prédio serviente não pode embaraçar o exercício legítimo da servidão
(art. 1.383 do CC/02).
Em contrapartida, este direito real restringe-se às necessidades do prédio
dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o encargo do prédio serviente
(art. 1.385 do CC/02).
São exemplos deste direito real a:
1. Servidão de passagem;
2. servidão de não construir acima de determinada altura;
3. Servidão de dutos;
4. etc.
A servidão poderá ser constituída por:
1. Ato inter vivos;
2. Por testamento;
3. Por sentença;
4. Por usucapião.
Caso o dono do prédio serviente seja casado, será preciso vênia
conjugal, exceto no regime de separação total de bens (art. 1.647, I, CC/02).
A servidão constituída por ato inter vivos poderá ser:
1. gratuita;
2. onerosa.
A constituição deste direito real por testamento poderá ocorrer por meio de
testamento público, particular ou cerrado.
Também poderá ocorrer a constituição da servidão por usucapião.
Características da servidão
A servidão é:
1. Perpétua;
2. Acessória;
3. Atípica;
4. Inalienável;

Hipóteses de extinção da servidão


O Código Civil apresenta dois dispositivos importantes em relação a extinção da
servidão, cumpre citá-los:
Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao
cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne:I –
quando o titular houver renunciado a sua servidão;II – quando tiver cessado,
para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a
constituição da servidão;III – quando o dono do prédio serviente resgatar a
servidão.
Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente
a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção:I – pela reunião
dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;II – pela supressão das
respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso;III – pelo não
uso, durante dez anos contínuos.
USUFRUTO
Usufruto é o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutuário (pessoa
para quem foi constituído o usufruto) a capacidade de usar as utilidades e os
frutos (rendas) do bem, ainda que não seja o proprietário.
Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e
seus acrescidos.
CONSUMÍVEIS
Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o
usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das
outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo
possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição.
Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou recursos minerais, devem
o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de
exploração.
Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário
tem direito à parte do tesouro achado por outrem, e ao preço pago pelo vizinho
do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.
TRANSFERÊNCIA
Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-
se por título gratuito ou oneroso.
USUFRUTUÁRIO - DIREITOS E DEVERES
Direitos do Usufrutuário
O usufrutuário (aquele que recebe o usufruto) tem direito à posse, uso,
administração e percepção dos frutos.Quando o usufruto recai em títulos de
crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas
dívidas.Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de imediato, a importância
em títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública federal, com
cláusula de atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos.Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os
frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as
despesas de produção.Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o
usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas.
O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício
regular do usufruto.
Deveres do Usufrutuário
O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens
que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução,
fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e
entregá-los findo o usufruto.
Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.
O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o
direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo
proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o
rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se
incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador.
Incumbem ao usufrutuário:
I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os
recebeu;
II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa
usufruída.
Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado
aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele.
O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida
contra a posse da coisa, ou os direitos deste.
REPARAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS
Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo
módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as
que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa
usufruída.
Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido
rendimento em um ano.
Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são indispensáveis
à conservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a
importância despendida.
SEGURO
Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto,
as contribuições do seguro.
Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante
contra o segurador.
Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da
indenização do seguro.
DESTRUIÇÃO DE PRÉDIO
Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será
este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário
reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à
reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.
Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indenização
paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido pelo
terceiro responsável no caso de danificação ou perda.
EXTINÇÃO DO USUFRUTO
O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de
Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído,
ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a
exercer;
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições relativas às hipóteses de
indenização de seguro;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto
de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai.
Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte
em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa,
o quinhão desses couber ao sobrevivente.
Habitação

Habitação é o direito real de fruição sobre coisa alheia em que o proprietário


concede ao habitante direito de usar bem imóvel para estabelecer, nele, sua
residência e de sua família.
O objetivo, portanto, é a habitação do usuário e de sua família.
O titular da habitação não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente
ocupá-la com sua família (art. 1.414 do CC/02).
Trata-se, assim como o uso, de espécie de usufruto restrito a determinado
objetivo.
Família é não apenas aquela formada pelo homem e pela mulher no casamento,
como também poderá ser família a:
1. União estável (art. 226, §3°, CF);
2. Família monoparental (art. 226, §4°, CF);
3. Família homoafetiva (ADI 4277 e APDF 132);
4. Família multiparental (tese de repercussão geral 622 do STF).
O tema foi bastante estudado quando expliquei bem de família (recomendamos
a leitura).
A habitação poderá ser convencional ou legal.
A primeira decorre da manifestação de vontade, podendo surgir, por exemplo,
pela celebração de um contrato (inter vivos)ou testamento (causa mortis).
Trata-se de um direito real temporário e personalíssimo, motivo pelo qual,
falecido o titular, extingue-se o direito.
Assim como o uso, por se tratar de usufruto com o objetivo limitado, não faria
sentido autorizar a cessão.
Assim, a habitação, como ocorre no uso, é incessível.
Diferente do uso, contudo, pode ser concedido, simultaneamente, a mais de uma
pessoa.
Portanto, o direito real de habitação é divisível.
Neste caso, não terá de pagar aluguel à outra ou às outras famílias que ali
residem (art. 1.415 CC/02).
Além disso, o exercício de uma não pode inibir o exercício da habitação das
outras.
A habitação é regulada subsidiariamente pelas regras do usufruto.
Neste particular, aplicam-se as regras de extinção do usufruto à habitação.

Uso

O uso é o direito real de fruição sobre coisa alheia em que o proprietário confere
ao usuário o direito de usar e fruir de um bem com o objetivo de garantir as
necessidades de sua família (art. 1.142 do CC/02).
Diferente do usufruto, no uso o objetivo deve ser garantir a necessidade de
família do usuário.
O que se entende por necessidade será avaliada conforma a condição social e
o lugar onde viver o usuário (art. 1.142, §1°, CC/02).
Como o objetivo do uso é limitado, é coerente a legislação ao definir que o uso
é incessível (não pode ser cedido), ao contrário do usufruto.
O uso também é indivisível.
Família é não apenas aquela formada pelo homem e pela mulher no casamento,
como também poderá ser família a:
1. União estável (art. 226, §3°, CF);
2. Família monoparental (art. 226, §4°, CF);
3. Família homoafetiva (ADI 4277 e APDF 132);
4. Família multiparental (tese de repercussão geral 622 do STF).
5.
O uso é um direito real regulado, de forma subsidiária, pelas regras do usufruto.
Neste particular, aplicam-se, também, as regras de extinção do usufruto ao uso.
Poderá recair sobre:
1. Bem imóvel;
2. Bem móvel.
O bem móvel, contudo, deverá ser infungível e inconsumível, assim como
ocorre com o usufruto.

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