Direitos Reais
Direitos Reais
Direitos Reais
Direitos reais
O direito das coisas, que conhecemos também por direitos reais, consiste no
conjunto de normas obrigatórias, que regulam o direito atribuído a pessoa sobre
os bens corpóreos, sendo eles moveis ou imóveis de conteúdo econômico. A
eficácia do direito e’ erga omnes, ou seja, em face de todos; um direito absoluto
e independente da intermediação de outrem que surgem por imposição
legislativa.
“Art. 1225 CC - São direitos reais:
I. a propriedade
II. a superfície
III. as servidões
IV. o usufruto
V. o uso
VI. a habitação (etc..)”
O direito real de propriedade e’ o mais completo, uma vez que, todos os outros
são em decorrência dele. Confere ao seu titular os poderes de usar, gozar e
dispor da coisa, assim como de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha (CC, art. 1.228).
Art. 1226 CC – ‘Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.’
Art. 1227 CC – ‘Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos
por ato entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de
Imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste código.’
Como citado nos dispositivos acima, para a aquisição dos direitos reais e’
necessário a escritura, ou imóveis que não ultrapassem 30x o valor do salario
mínimo, não anulando a ausência de registro, apenas deixando sem eficácia
real perante terceiros ( como exemplo uma hipoteca não registrada)
Natureza da posse:
Para Savigny, a posse é um misto de fato e direito (pessoal). Para Ihering, a
posse é um direito (real), no sentido de que os direitos são interesses
juridicamente protegidos. Assim, classifica Savigny a posse como uma relação
obrigacional e Ihering a insere no âmbito dos direitos reais. Contudo, nosso CC
filia-se a Clóvis Bevilaqua, que vê a posse como um direito especial.
A posse não pode ser considerada como direito pessoal por não estabelecer
um vínculo de conteúdo obrigacional para o possuidor em face de terceiros ou
do proprietário; nem direito real, pois não gera efeitos erga omnes (triunfa
sobre os pretensos adquirentes da posse, mas sucumbe ao proprietário).
Por fim, a natureza especial da posse dispensa, pois, na ação possessória, a
intervenção do outro cônjuge, salvo quando versarem sobre direitos reais
imobiliários. Fosse a posse direito real, a presença dos cônjuges seria
obrigatória.
Classificação da posse:
POSSE INDIRETA
• Dá-se a posse indireta quando o seu titular, voluntariamente,
transfere a outrem a utilização da coisa.
ex: locador, comodante, nu-proprietário
POSSE DIRETA
• Diz-se posse direta a de quem recebe o bem para usar. É derivada
e temporária. A posse foi transferida por contrato, p. Ex.
ex: locatário, comodatário, usufrutuário
Posse de boa-fé
• É de boa-fé a posse quando o possuidor ignorar o vício, ou o
obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito do
possuído (art. 1201CC).
Posse de má-fé
• Quando o possuidor não ignorar que possui ilegitimamente.
Posse Ad Interdicta
• É concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma
obrigação ou direito. É uma posse defensável por meio das ações
possessórias, mas não gera usucapião.
Ex: posse do locatário
Posse Ad Usucapionem
• É a posse que gerará usucapião. Evidencia-se quando não há
qualquer relação obrigacional ou de direito entre o possuidor e o
proprietário.
Quem ocupa um imóvel sem autorização do proprietário poderá usucapir,
desde que sua posse seja mansa, pacifica, contínua e preencha o espaço de
tempo exigido em lei.
Possuidor de boa-fe
Percepção dos frutos
Terá direito aos frutos percebidos (os que ele colheu). Os frutos pendentes ao
tempo em que Cesar a boa-fé devem ser restituídos (frutos presos a árvore)
com dedução das despesas de produção e custeio. Deverá restituir os frutos
colhidos com antecipação (frutos que não deveriam ter sido colhidos, mas o
foram).
Possuidor de má-fé
Será responsabilizado por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como
pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu a má-fé. Para evitar o enriquecimento indevido por quem está a
recuperar a posse, confere-se ao possuidor de má-fé o direito à indenização
pelas despesas de produção e custeio.
Perda da posse (arts. 1223 e 1224 CC)
Considera-se perdida a posse quando cessa o poder que tinha o possuidor
sobre o vem. Motivos: abandono (ato voluntário), tradição (transferência da
posse), posse por outrem (contra sua vontade – Ex: invasão), destruição da
coisa e pelo constituto possessório.
No caso de esbulho, só se considera perdida a posse para o esbulhado que
não presenciou o esbulho quando, tendo conhecimento do fato, se mantém
inerte ou, ao tentar recuperar a coisa, é violentamente repelido.
Propriedade em Geral
Consiste em um direito em que:
Art. 1228 CC – ‘O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa,
e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.’
Não há prazo em lei para a propositura de ação reivindicatória, mas sua
improcedência será de rigor, quando o réu da ação provar tempo de posse
suficiente para a usucapião.
I. É um direito absoluto = o proprietário pode utilizar a coisa em toda sua
substancia e conforme o bem-estar social
II. É exclusivo = o titular deste direito pode usar, fruir e dispor dele → tem o
proprietário direito sobre o solo, espaço aéreo e subsolo (não pertencerão,
contudo, as riquezas naturais encontradas, tais como jazidas, recursos
minerais e monumentos arqueológicos)
III. É elástico = meus direitos podem diminuir ou aumentar de acordo com o
meu uso na propriedade → Ex: se eu cedo meu direito de usar e fruir, somente
me restará o direito de dispor e, desta forma, meus direitos terão diminuídos.
Neste caso, eu serei a nu-proprietária e a pessoa a usufrutuária.
A função social da propriedade não se restringe ao cuidado de preservar o
direito individual ou coletivo, mas também à proteção do meio ambiente;
evitando danos à fora, fauna, ao patrimônio histórico, ao ar... Enfim, deve
exercer sua função social refletida pelo bem-estar comum.
Direito de Superficie
A servidão é um direito real sobre imóvel alheio que impõe um encargo (ônus)
ao prédio serviente em favor do prédio dominante.
O objetivo da servidão é tornar a propriedade do prédio dominante mais útil ou
condizente com sua finalidade.
Uso
O uso é o direito real de fruição sobre coisa alheia em que o proprietário confere
ao usuário o direito de usar e fruir de um bem com o objetivo de garantir as
necessidades de sua família (art. 1.142 do CC/02).
Diferente do usufruto, no uso o objetivo deve ser garantir a necessidade de
família do usuário.
O que se entende por necessidade será avaliada conforma a condição social e
o lugar onde viver o usuário (art. 1.142, §1°, CC/02).
Como o objetivo do uso é limitado, é coerente a legislação ao definir que o uso
é incessível (não pode ser cedido), ao contrário do usufruto.
O uso também é indivisível.
Família é não apenas aquela formada pelo homem e pela mulher no casamento,
como também poderá ser família a:
1. União estável (art. 226, §3°, CF);
2. Família monoparental (art. 226, §4°, CF);
3. Família homoafetiva (ADI 4277 e APDF 132);
4. Família multiparental (tese de repercussão geral 622 do STF).
5.
O uso é um direito real regulado, de forma subsidiária, pelas regras do usufruto.
Neste particular, aplicam-se, também, as regras de extinção do usufruto ao uso.
Poderá recair sobre:
1. Bem imóvel;
2. Bem móvel.
O bem móvel, contudo, deverá ser infungível e inconsumível, assim como
ocorre com o usufruto.