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EXCELENTISSÍMO SENHOR DOUTOR DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE SORRISO/MT
Antônia Antunes Alves, brasileira, solteira, professora, portadora do CPF nº 123.654.789-99, residente e domiciliada à Rua das Margaridas, nº. 102, CEP 66600-666, em Sorriso (MT), com endereço eletrônico tônia@prof.com.br, telefone (66) 99666-0666, por meio de sua advogada devidamente constituída nos autos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO em desfavor de SuperHiperRápidaExpress, empresa de transportes de encomendas, inscrita no CNPJ nº. 12.888.999/0001-77, estabelecida na Av. Paciência, nº. 879, em Sorriso-MT, e endereço superhiperrapidaexpress@gmail.com, telefone (66) 999960-0001, o que faz pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.
DOS FATOS
A Autora é proprietária do veículo RENOULT KWID ZEN, branco, modelo 2021, de placa SEX-6F13, Renavam: 1301301313, e no dia 03 de janeiro de 2023, por volta das 18 hs, nesta cidade, o veículo do requerente trafegava na Av. Tancredo Neves, quando obedecendo faixa de pedestre à sua frente, diminuiu sua marcha por conta de outro veículo à sua frente, que parou para dar passagem a pedestres que ali iniciavam sua travessia da referida avenida. No momento em que estava parado esperando o pedestre atravessar a faixa, o veículo do requerente foi violentamente abalroado na parte traseira, pelo veículo da marca Fiat Strada, de cor branca e placa XYZ3D69, conduzido pelo preposto da Ré, José Francisco Melo, que desatento quanto ao movimento da via, desenvolvendo velocidade incompatível para o local e não observando o espaçamento mínimo de segurança entre os veículos, ocasionado o referido acidente. Na ocasião, as partes não chegaram a um consenso sobre o pagamento dos prejuízos, causados devidos à conduta imprudente do preposto da Requerida. Por isso, a Autora solicitou a expedição de Boletim de Ocorrência sobre o referido sinistro. Apesar de causar o acidente, a requerida se recusou a cobrir qualquer custo para reparo do veículo da requerente, o qual alcança o valor de R$ 12.628,87 (doze mil seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e sete centavos), conforme orçamentos anexos. Diante destes fatos o(a) requerente decidiu buscar uma solução por meio da presente ação.
DO DIREITO
Acerca do conceito doutrinário acerca da reparação civil, ensina o eminente Prof. Washington de Barros Monteiro que:
“Em face, pois, da nossa lei civil
, a reparação do dano tem como pressuposto a prática de um
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ato ilícito. Todo ato ilícito gera para o seu aturo a obrigação de ressarcir o prejuízo causado. É de preceito que ninguém deve causar lesão a outrem. A menor falta, a mínima desatenção, desde que danosa, obriga o agente a indenizar os prejuízos consequentes de seu ato. (Curso de Direito Civil, vol. 5, p. 538).
Já a notória civilista Maria Helena Diniz, assim preleciona: “A responsabilidade civil é a
aplicação de medidas que obriguem uma pessoa reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal. (Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 7, 20. Ed. Saraiva, p. 217). Em se tratando de colisão pela traseira, milita a presunção de que o condutor do veículo, que dirigia por detrás, deixou de guardar a distância necessária para uma segura circulação de veículos. Mister, pois, distância regulamentar, de sorte a possibilitar a frenagem adequada e evitar esse tipo de acidente, dada à previsibilidade de que tal atitude se faça apropriada. Ademais, nos termos do inc. II do art. 29 do Código de Trânsito Brasileiro, o condutor deve preservar distância de segurança frontal entre o seu veículo e o que imediatamente segue a sua frente. Confira-se o que consta no CTB: Art. 29
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O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas: (. . .) II
–
o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas; (. . .) Logo, a responsabilidade pelo acidente se assenta no motorista da empresa Requerida que, trafegando com desatenção, descurou-se quanto à distância de segurança e colidiu na traseira do automóvel da Autora. Essa se encontrava parada, no sinal semafórico a sua frente, cuja atuação, assim, não concorreu para o choque. Sem sombra de dúvida, esse fato caracteriza a culpa do condutor do automóvel que pertence à Ré. Revela, assim, o preenchimento de mais um requisito à configuração do dever de indenizar, na forma do art. 186 do Código Civil. No tocante à responsabilidade em colisão de veículos automotores, a jurisprudência pátria assim tem decidido: JUIZADO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO TRASEIRA. FREADA BRUSCA. PRESUNÇÃO DE CULPA. RECURSO PROVIDO. 1. Age com culpa quem conduz veículo automotor sem guardar distância segura com relação ao carro que segue à sua frente e sem a necessária atenção às condições de trânsito vindo a colidir na traseira desse veículo (arts. 29, inciso II, e 192 da Lei nº 9.503/97). 2. Conforme se depreende das provas, restou incontroverso que o veículo do autor colidiu na parte traseira do carro do réu, causando os danos descritos no pedido contraposto e estimados por orçamentos anexados aos autos. 3. Provados a ação, o dano, o nexo causal e a culpa (imprudência) do autor, surge o dever de indenizar. Demonstrada a extensão dos prejuízos, a condenação deve compreender a recomposição integral do patrimônio danificado pelo ato ilícito, em estrita observância aos artigos 186, 927 e 944 do Código Civil. (TJ-DF
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ACJ: XXXXX DF XXXXX 94.2013.8.07.0009, Relator: Luís Gustavo B. de Oliveira, Data de julgamento: 24/02/2015, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, data de Publicação 04/03/2015)
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DANO MATERIAL
Conforme demonstrado, o acidente acarretou ao(à) requerente grande prejuízo financeiro devido aos danos ocasionados ao seu veículo. Acerca do tema, dispõe o artigo 927 do Código
Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.” O artigo 186 do Código Civil prescreve: “Art. 186. Aquele que por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comet
e ato ilícito”. O dano material resta
comprovado pelas fotografias e orçamentos anexos, ficando claros os prejuízos que o acidente causou ao(à) requerente. Portanto, juntando nesta oportunidade os orçamentos relativos aos prejuízos causados, requer a condenação do(a) requerido(a) ao pagamento do dano material, cujo valor é de R$ 12.628,87 (doze mil seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e sete centavos)
DANO MORAL
Conforme demonstrado, o acidente trouxe ao(à) requerente abalos que vão além de meros aborrecimentos, pois o requerente não apenas se sentiu ultrajado pela recusa do(a) requerido(a) em contribuir para com o custeio dos danos ocasionados ao seu veículo, como também ficou impossibilitado de utilizá-lo para se deslocar ao trabalhado e para os demais compromissos do dia a dia, passando a depender de taxi, aplicativos de transporte e ajuda de amigos e familiares. A este respeito os incisos V e X do artigo 5º da Constituição Federal trazem a previsão da indenização para aquele que sofrer abalo em sua honra, conforme segue:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo
-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V
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É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.” A indenização por dano moral não é apenas o ressarcimento
pela dor que fere e lesa os direitos do(a) requerente, mas também considera o prejuízo sofrido pelo agente, sou seja, um dano injusto, pois o sofrimento e a angústia do(a) requerente pelos desdobramentos do acidente de trânsito foram imensos. As esferas patrimoniais e emocionais foram plenamente atingidas, sendo que os efeitos do sinistro alcançaram a vida íntima do(a) requerente, restado quebrada a paz, a tranquilidade, a harmonia e originando consequências que lhe causaram sérios danos morais. Com relação ao dano moral puro, resta igualmente comprovado que foram violados diretamente direitos do(a) requerente, quais sejam, de ter sua paz interior e exterior inabalada por situações com as quais não concorreu. Trata-se do direito da inviolabilidade à intimidade e à vida privada. Destarte, requer seja o(a) requerido(a) condenado(a) ao pagamento de indenização pelos danos morais causados ao(à) requerente, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), além de juros e correção monetária.
DOS PEDIDOS
Consoante os fatos e fundamentos jurídicos acima expostos, requer-se, inicialmente, nos termos da Lei nº 1.060/50, seja concedida Assistência Judiciária Gratuita posto que a Autora
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não está em condições de arcar com as custas e demais despesas processuais sem comprometimento de seu sustento e de sua família. Diante dos fundamentos fáticos e jurídicos expostos, corroborados pelos documentos acostados aos autos, requer-se seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE esta exordial, condenando o Demandado a restituir a Autora R$ 12.628,87 (doze mil seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e sete centavos) a título de danos materiais, bem como a pagar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais, em razão dos danos causados a Autora, perfazendo o montante total de R$ 22.628,87 (vinte e dois mil seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e sete centavos) corrigidos monetariamente e acrescidos de juros legais desde a data do acidente (súmula 54, do STJ) até a data do efetivo pagamento. Requer-se seja designada audiência de conciliação nos termos do Artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil de 2015, juntamente com a citação do Ré para comparecimento a referida audiência, com apresentação de sua defesa, sob pena de ser-lhe decretada revelia, com os consectários legais daí advindos. Pugna-se pela produção de todos os meios probatórios em direito admitidos, em especial pela oitiva das partes e testemunhas, bem como provas periciais. Dá-se a causa o valor de R$ 22.628,87 (vinte e dois mil seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e sete centavos). Nestes Termos, Pede Deferimento. Sorriso
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MT, 09 de março de 2023 (Assinado eletronicamente) Ana Letícia Alencar de Lima - OAB/MT 66.666