SENTENÇA IPTU

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06/05/2021 TJERJ - consulta - Descrição

Processo nº: 0462139-32.2011.8.19.0001

Tipo do Movimento: Sentença

Descrição: Trata-se de execução fiscal ajuizada pelo Município do Rio de Janeiro para a cobrança de crédito tributário.
Todavia, após a análise dos autos se verifica que não há como dar prosseguimento ao presente executivo
fiscal visto que inequívoca a ocorrência da prescrição intercorrente. De início, deve ser afastada na hipótese
em questão a aplicação do prazo de 1 ano de suspensão acrescido do prazo prescricional de 5 anos previsto
pelo artigo 40 da Lei 6830/80, que somente se aplica quando não há a citação do devedor por qualquer meio
válido e/ou não foram encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, o que a toda evidência não
se verifica no caso. O prazo prescricional aplicável, portanto, em caso de citação positiva, como na hipótese,
é o prazo de 5 anos previsto no artigo 174 Código Tributário Nacional, cujo termo inicial é a data da distribuição
da execução, diante do disposto no parágrafo 2º do artigo 240 do CPC, à qual retroage o prazo interrompido
pela citação válida (na redação original do artigo 174 do CTN) ou pelo despacho que determinou a citação do
devedor (conforme redação dada, pela Lei Complementar nº 118/2005). No caso dos autos, se extrai da tela
do sistema na dívida ativa/sistema DCP, que a citação do executado foi positiva, de modo que para que o
prazo prescricional fosse interrompido a concretização da penhora do imóvel deveria ter ocorrido dentro do
prazo de 5 anos previsto no artigo 174 do CTN, a contar do ajuizamento da execução, o que não ocorreu seja
porque não houve a manifestação do Município nos autos ou quando o mesmo se manifestou já havia
transcorrido o prazo prescricional. . Conforme restou decidido, pelo Superior Tribunal de Justiça, na tese
firmada no item 4.3, no âmbito do Recurso Especial nº 1.340.553-RS, julgado sob o regime dos artigos 1.036 e
segs do CPC, somente a citação e a efetiva a constrição patrimonial são aptas para interromper o prazo
prescricional, não bastando, para tanto, o despacho deste juízo determinando a remessa dos autos ao
Município e tão pouco o mero peticionamento em juízo solicitando a penhora ou arresto de ativos financeiros
ou outros bens do devedor. Sendo assim, tendo o prazo prescricional de 5 anos, previsto no artigo 174 do
CTN, fluído na hipótese, sem qualquer causa interruptiva ou suspensiva, deve ser reconhecida a prescrição
do crédito tributário, em virtude da inércia do Município em adotar as providências necessárias para
impulsionar o andamento do feito dentro do prazo que lhe cabia. Por fim, deve ser afastada a exigência de
intimação da Fazenda para o reconhecimento de ofício da prescrição, visto que tal medida representa
desnecessário obstáculo à prestação jurisdicional a partir do momento em que o Munícipio, através do seu
moderno sistema de informática tem amplo acesso à todas as ações em curso, podendo, portanto, a qualquer
tempo peticionar nos autos para demonstrar causas interruptivas ou suspensivas da prescrição
independentemente da sua intimação nos autos, providência esta que, registre-se, já é adotada em várias
ações. Registre-se, ainda, que a jurisprudência do STJ firmada no âmbito do julgamento do Resp nº 1.340.553-
RS, sob o regime dos artigos 1.036 e egs do CPC, estabeleceu quanto a esse aspecto, que a Fazenda, que
não tiver sido intimada de todas as etapas, poderá a qualquer momento, inclusive, em sede de recurso de
apelação apontar a ocorrência no passado de qualquer causa interruptiva ou suspensiva da prescrição.
Conforme restou destacado pelo relator Mauro Campbell a jurisprudência do STJ evoluiu da necessidade
imperiosa de prévia oitiva da Fazenda Pública para se decretar a prescrição intercorrente, para a análise da
utilidade da manifestação da Fazenda Pública na primeira oportunidade em que tiver para falar nos autos a fim
de ilidir a prescrição intercorrente. Evoluiu-se da exigência indispensável da mera formalidade para a análise
do conteúdo da manifestação feita pela Fazenda Pública. Nesse sentido confira-se os julgados abaixo
transcritos, mencionados no citado Recurso Especial: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO E
CONTRADIÇÃO INEXISTENTES. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ART. 40, § 4º, DA LEF.
OITIVA DA FAZENDA PÚBLICA. DESNECESSIDADE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. INÉRCIA DO PODER JUDICIÁRIO.
REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 7/STJ. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS.
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO STF. 1. Os embargos declaratórios somente são cabíveis para modificar
o julgado que se apresentar omisso, contraditório ou obscuro, bem como para sanar possível erro material
existente no acórdão, o que de fato não ocorreu. 2. A finalidade da prévia oitiva da Fazenda Pública, no art.
40, § 4º, da LEF, é a de possibilitar a arguição de eventuais causas de suspensão ou interrupção da
prescrição do crédito tributário. Dessa forma, se a Fazenda teve oportunidade de manifestar alguma causa
interruptiva ou suspensiva da prescrição, quando da interposição da apelação, e não o fez, não há que falar
em nulidade por ausência de prejuízo, prevalecendo os Princípios da Celeridade Processual, Instrumentalidade
das Formas e Pas de Nullité sans Grief. 3. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.102.431/RJ, Rel. Min.
Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), consolidou entendimento segundo o
qual ´a verificação de responsabilidade pela demora na prática dos atos processuais implica indispensável
reexame de matéria fático-probatória, o que é vedado a esta Corte Superior, na estreita via do recurso
especial, ante o disposto na Súmula 07/STJ´. 4. Não cabe a esta Corte análise de suposta violação de
dispositivos constitucionais, mesmo com a finalidade de prequestionamento, sob pena de usurpação da
competência do STF. Embargos de declaração rejeitados (EDcl no AgRg no REsp. n. 1.271.917 - PE, Segunda
Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17.05.2012). TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO PRESCRICIONAL. ART. 40 DA LEI N. 6.830/80, ACRESCIDO
PELA LEI N. 11.051/04. AUSÊNCIA DE PRÉVIA OITIVA DA FAZENDA PÚBLICA. INEXISTENCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE CAUSAS SUSPENSIVAS OU INTERRUPTIVAS. PRINCÍPIOS DA CELERIDADE
PROCESSUAL E DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. 1. Agravo regimental interposto contra decisão que
negou provimento ao recurso especial confirmando o acórdão a quo que reconheceu a prescrição
intercorrente mesmo sem a prévia oitiva da Fazenda Pública, ante a ausência de causa de suspensão ou
interrupção do prazo prescricional. 3. A matéria em discussão, cujo entendimento encontra-se pacificado
nesta Corte, entende que, ainda que tenha sido reconhecida a prescrição sem a prévia intimação da Fazenda
Pública, como ocorreu na hipótese dos autos, só se justificaria a anulação da sentença se a exequente
demonstrasse efetivo prejuízo decorrente do ato judicial impugnado. Precedentes: REsp 1.157.788/MG, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 11/5/2010; 1.005.209/RJ, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda
Turma, julgado em 8/4/2008, DJe 22/4/2008; AgRg no REsp 1157760/MT, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 4/3/2010. 4. Na espécie, conforme registrado pelo Tribunal de origem, a exequente, no

www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/popdespacho.jsp?tipoato=Descri%E7%E3o&numMov=8&descMov=Senten%E7a 1/2
06/05/2021 TJERJ - consulta - Descrição
recurso de apelação, não demonstrou a existência de causa suspensiva ou Documento: 40991007 -
RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 10 de 15 Superior Tribunal de Justiça interruptiva de
prescrição que impedisse a decretação dessa prejudicial. Portanto, rever esse entendimento, demanda análise
fático-probatória dos autos, o que é defeso na via especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 5. Agravo regimental
não provido (AgRg no REsp 1187156 / GO, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
17.08.2010). Pelo exposto, DECLARO EXTINTA a execução com fundamento na prescrição. Expeça-se ofício
ao RGI para o levantamento de eventual registro de penhora incidente sobre a inscrição imobiliária em virtude
desta execução. Dê-se baixa e arquivem-se.

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