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HANSENÍASE
Prof. MSc. Márden Mattos - UniAtenas
Definição Doença infecto-contagiosa, granulomatosa, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que atinge a pele, mucosas e os nervos periféricos.
É uma das enfermidades mais antigas da
humanidade e foi durante séculos o agravo à saúde mais temido pela sociedade. Imunologia A resposta imune adaptativa pode ser humoral ou celular
Os linfócitos (LTCD4), direcionam a partir da produção de
citocinas, perfil Th1 ou Th2
Pacientes com a forma tuberculóide, apresentam padrão de células
Th1, limitando a doença a nervos periféricos específicos, havendo predomínio de IFN,TNF-α e IL-2, com ativação de macrófagos
Pacientes com a forma virchowiana não formam granuloma,
havendo predomínio de IL-4 e IL-10, com supressão de IL-12 e do padrão Th1 e ampla produção de anticorpos. O Mycobacterium leprae É um parasita intracelular obrigatório, com afinidade pelos macrófagos e células dos nervos (células de Schwann). Bacilo álcool ácido resistente (BAAR) Ácido micólico – 27 a 30ºC Bacilo – 36hs no ambiente ou 9 dias em 36ºC e 77% de umidade Período de incubação de 2 a 7 anos A transmissão O homem é considerado o único reservatório natural do bacilo.
A principal via de eliminação do bacilo é a via
aérea superior, representada pela mucosa nasal e orofaríngea de pacientes das formas multibacilares sem tratamento.
Leite materno, urina e fezes
• O Mycobacterium leprae é de alta infectividade (grande número de pessoas expostas apresentam anticorpos contra o bacilo)
• baixa patogenicidade e morbidade (apesar de
grande número de pessoas infectadas poucas adoecem).
Brasil: 25,2mil casos em 2016,
representando 11,6% dos casos no mundo Influenciam no adoecimento: fatores ligados ao bacilo (exposição e inóculo), fatores ligados ao doente (resposta imunológica) fatores ambientais (sócio-econômicas, sanitárias)
O Brasil ocupa o segundo lugar em número absoluto
de casos, atrás apenas da Índia. É o único país que não atingiu a meta de eliminação da doença como problema de saúde pública, definida pela prevalência menor que 1 caso/10.000 habitantes A via de penetração do bacilo também é representada pela via aérea superior.
Menos frequentemente, pode ocorrer a
eliminação do bacilo através de lesões da pele, e também sua penetração pela mesma, desde que exista solução de continuidade. Classificação - prognóstico A classificação operacional do caso de hanseníase, visando o tratamento com poliquimioterapia é baseada no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
Paucibacilar (PB) – casos com até 5 lesões de pele;
Multibacilar (MB) – casos com mais de 5 lesões de pele. Classificação clinica Hanseníase Indeterminada É a forma inicial da doença, caracterizada por área circunscrita hipoestésica ou mancha, em torno de uma até cinco, hipocrômica ou com periferia eritematosa, com diminuição das sensibilidades térmica e dolorosa, da sudorese e dos pelos, cura espontaneamente. Não há comprometimento de tronco nervoso. Apenas uma lesão e é mais comum em crianças As baciloscopias de pele não revelam bacilos, portanto, é forma paucibacilar e não-contagiante. Hanseníase Tuberculóide Representa a forma de forte resposta imune celular (Th1), ou seja, os macrófagos e linfócitos organizam-se em granulomas, localizando a doença e determinando a morte bacilar. Lesões em placa (elevadas e totalmente preenchidas) ou de borda papulosa, sempre com limites bem nítidos, eritêmato-acastanhadas, com alterações da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, ausência de suor e rarefação de pelos. Aparece de forma assimétrica com poucas lesões. As baciloscopias de pele não revelam bacilos, portanto, é forma paucibacilar. Pode comprometer troncos nervosos, evidenciado por espessamento . e, às vezes, dor ou choque. Hanseníase Virchowiana Representa a forma de fraca resposta imune celular (Th1).
positivos: VDRL, FAN, FR, Anticoagulante Lúpico... Manchas hipocrômicas tornam-se infiltradas por macrófagos repletos de bacilos, formando as pápulas, placas e nódulos (hansenomas), eritêmato- ferruginosas, mal delimitadas, com diminuição das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil. A disseminação difusa na pele determina: queda do terço externo da sobrancelha (madarose), congestão nasal, diminuição da sudorese, rarefação dos pelos, comprometimento de mucosas, ossos, olhos e nervos periféricos. As baciloscopias de pele são positivas, sendo a forma contagiante, multibacilar Hanseníase dimorfa “bordeline”
Lesões características das
formas tuberculóide e virchowiana, com lesões eritemato-acastanhadas, em placas, acometimento neurológico, áreas de anestesia. Mal perfurante plantar • A paralisia do nervo fibular é decorrente da presença intensa de bacilos...
• Este nervo inerva todas as estruturas da planta e interior do
pé, promove uma diminuição da atividade muscular, e pela insensibilidade, promove o surgimento de úlceras pela paralisia e amiotrofia muscular.
• Além da pele lisa e seca devido as alterações em fibras
autonômicas que inervam glândulas sudoríparas DEFINIÇÃO DE CASO Pessoa que apresenta uma ou mais características a seguir, com ou sem história epidemiológica: Lesões ou áreas da pele, com alteração de sensibilidade. Acometimento neural com espessamento de nervo, acompanhado ou não de alteração de sensibilidade e/ou força muscular. Baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. (MS, 2002) O diagnóstico
É clinico realizado através da anamnese e do
exame físico com avaliação dermato-neurológica. Baciloscopia de pele Realizada no momento do diagnóstico independente da forma clínica – Ziehl Neelsen A baciloscopia é positiva para forma multibacilar. Teste intradérmico - Mitsuda Injeta-se na derme o antígeno lepromina. Pápula igual ou maior que 5 mm, após quatro semanas, indica positividade.
Expressa o grau de imunidade celular, é positiva nos pacientes
tuberculóides, pela resposta Th1 - não faz diagnóstico Contato - vacinação Todo usuário que for contato intra-domiciliar deve ter os nervos periféricos e a superfície cutânea examinados. Contato sadio avaliar necessidade de aplicar BCG. O tratamento Paucibacilar : 06 meses PQT-PB (Dapsona e Rifampicina)
Multibacilar: 12 meses PQT-MB
(Dapsona , Clofazimina e Rifampicina)
Esquemas terapêuticos alternativos:
Minociclina e Ofloxacina As reações Períodos de inflamação aguda no curso da doença crônica que podem afetar os nervos. Esta inflamação aguda é causada pela atuação do sistema imunológico do hospedeiro que ataca o Mycobacterium leprae.
A inflamação em um nervo pode causar graves
danos, como a perda da função originada do edema e da pressão no nervo. Sinais Reação Tipo 1 Reação Tipo 2 Infiltração As lesões de pele estão Novos nódulos sensíveis ao da pele Infiltradas, mas o toque, vermelhas, sem resto da pele está associação com as lesões de pele normal da hanseníase
Estado geral do Bom, sem febre ou Ruim, com febre e mal-estar
paciente com febre baixa geral
Tempo de Geralmente, precocemente Geralmente mais tardiamente
aparecimento e durante a PQT; tanto em no curso do tratamento; tipo de paciente pacientes PB quanto MB. somente nos MB.
Envolvimento Fraqueza muscular ao Acometimento de partes
ocular Fechamento das Pálpebras internas do olho (irite) pode pode ocorrer ocorrer. Tratamento das reações Antinflamatórios : oAAS, oIndometacina, oPrednisona, oTalidomida, oPentoxifilina. O acesso
A porta de entrada na atenção à saúde é a
Unidade de Saúde a Família, devendo ser de fácil acesso ao usuário com suspeita de hanseníase.
O agente comunitário de saúde representa o elo
entre a população em risco de adoecer por hanseníase e a equipe de profissionais responsável pelo seu cuidado. O enfoque deve ser a população geral, tendo em vista ser o Espírito Santo um Estado hiperendêmico, segundo parâmetros do Ministério da Saúde. Atribuições do ACS
Identificar situações de risco para o indivíduo, a
família e a comunidade e servir de elo entre usuário e unidade de saúde, mediante:
oIdentificação e encaminhamento dos casos
suspeitos à unidade de saúde de sua área; oOrientação à família e à comunidade sobre a hanseníase na visita domiciliar e/ou reuniões comunitárias;
oOrientação e encaminhamento dos contatos
para exame e BCG. o Acompanhamento mensal da pessoa em tratamento, verificando data da última dose supervisionada, se toma medicação diariamente, conferir a aplicação de BCG nos contatos e incentivar/ ensinar a realização do auto cuidado; oIdentificação e busca de pacientes faltosos ou em abandono;
oAdministração da dose supervisionada nos
domicílios dos pacientes faltosos ao tratamento na unidade de saúde; oIdentificação na visita domiciliar e encaminhamento para a unidade de saúde dos pacientes com estados reacionais, efeitos colaterais a medicamentos e outras intercorrências.