0% acharam este documento útil (0 voto)
2 visualizações

Mônica Kitazuka Yoshimoto: Guaratinguetá 2015

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
2 visualizações

Mônica Kitazuka Yoshimoto: Guaratinguetá 2015

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 49

MÔNICA KITAZUKA YOSHIMOTO

DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS PARA O CONTROLE DAS


PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE
GUARATINGUETÁ (SP)

Guaratinguetá
2015
MÔNICA KITAZUKA YOSHIMOTO

DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS PARA O CONTROLE DAS


PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE
GUARATINGUETÁ (SP)

Trabalho de Graduação apresentado ao Conselho


de Curso de Graduação em Engenharia Civil da
Faculdade de Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista,
como parte dos requisitos para obtenção do
diploma de Graduação em Engenharia Civil.

Orientadora: Profa Dra Isabel Cristina de Barros Trannin

Guaratinguetá
2015
Y65d Yoshimoto, Mônica Kitazuka
Diagnóstico e proposição de medidas para o controle das perdas de
água no sistema de abastecimento de Guaratinguetá / Mônica Kitazuka
Yoshimoto – Guaratinguetá : [s.n], 2015.
47 f. : il.
Bibliografia : f. 45-47

Trabalho de Graduação em Engenharia Civil – Universidade


Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2015.
Orientadora: Profª Drª Isabel Cristina de Barros Trannin

1. Água – Distribuição 2. Abastecimento de água 3.Recursos


hídricos - Desenvolvimento 4. Saneamento I. Título

CDU 628.15
DADOS CURRICULARES

MÔNICA KITAZUKA YOSHIMOTO

NASCIMENTO 05.11.1992 – SÃO PAULO / SP

FILIAÇÃO Wilson Missao Yoshimoto


Marta Issami Kitazuka Yoshimoto

2010/2015 Curso de Graduação


Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita
Filho”, Campus de Guaratinguetá.
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à minha família, por todo o amor e apoio que sempre me
deram.

Ao meu pai, Wilson, por nunca me deixar faltar nada.

À minha mãe, Marta, por me educar e nunca me deixar desistir.

À minha irmã, Gabriela, pela parceria e todo o apoio.

À minha orientadora, Profa Dra Isabel Cristina, por ter sido uma orientadora atenciosa,
que me auxiliou e aconselhou durante todo o desenvolvimento deste estudo.

Ao Prof Msc. Daniel Clemente, pela paciência em me ajudar quando mais precisei.

Às minhas amigas da República Bico Doce, por todo o apoio que sempre me deram,
foram anos incríveis morando juntas.

À empresa SAEG, pela oportunidade de estágio e fornecimento de dados importantes


para este estudo.
YOSHIMOTO, M. K. Diagnóstico e proposição de medidas para o controle das perdas de
água no sistema de abastecimento de Guaratinguetá (SP). 2015. 47 f. Trabalho de
Graduação (Graduando em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia do Campus de
Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2015.

RESUMO

Nos últimos dois anos, o Brasil tem enfrentado uma das maiores crises hídricas da sua história
e o estado de São Paulo é o que vem passando por maiores dificuldades. Diante desse cenário,
todos os usuários da água devem fazer o possível para que o consumo dos recursos hídricos
seja realizado de forma sustentável. Neste contexto, as empresas responsáveis pelo
abastecimento público de água precisam aumentar a eficiência da gestão dos recursos
hídricos, sendo imprescindível, o combate às perdas no sistema de abastecimento público.
Quando ocorre um vazamento não-visível em uma tubulação, o volume de água desperdiçada
pode ser elevado, mas nesse caso, a água retorna à natureza e continua participando do ciclo
hidrológico. A perda econômica corresponde ao valor agregado ao produto água, que inclui os
custos intrínsecos de exploração, tratamento e distribuição. Esse prejuízo tem como
consequência a menor disponibilidade de recursos financeiros das empresas de saneamento
para o investimento em soluções ecologicamente corretas. Este estudo teve como objetivo
diagnosticar o sistema de distribuição de água do município de Guaratinguetá (SP), realizado
pela Companhia de Serviços de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG), para
propor medidas de combate às perdas de água. Entre as medidas propostas, destacam-se o
monitoramento das perdas por macro e micromedidores, o planejamento para a substituição
das tubulações antigas, a conscientização da empresa quanto à importância do combate às
perdas de água e da população para o uso sustentável da água de abastecimento.

PALAVRAS-CHAVE: Recursos hídricos. Saneamento básico. Crise hídrica. Distribuição de


água. Planejamento.
YOSHIMOTO, M. K. Diagnosis and proposal of measures for controlling water losses in
the supply system Guaratinguetá (SP). 2015. 47 f. Graduate Work (Graduate in Civil
Engineering) - Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual
Paulista, Guaratinguetá, 2015.

ABSTRACT

Over the past two years, Brazil has been facing a major water crisis in its history and the state
of Sao Paulo is the one that has been going through worst difficulties. In this scenario, all
water users should do everything possible so that the consumption of water resources is
carried out in a sustainable manner. In this context, the companies responsible for the public
water supply must increase the efficiency of water resource management. It is indispensable
combating losses in the public supply system. When there is a non-visible leak in a pipe, the
wastewater volume can be high, but in this case, the water returns to nature and continues to
participate in the hydrological cycle. The economic loss corresponds to the value added to the
product water, which includes the intrinsic costs of exploration, processing and distribution.
This damage results in a reduced availability of financial resources of sanitation companies to
invest in environmentally friendly solutions. This study aimed to diagnose the water
distribution system in the city of Guaratinguetá (SP), held by the Companhia de Serviços de
Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG), to propose measures to combat water
loss. Among the proposed measures, there is the monitoring of losses, planning for
replacement of old pipes and company awareness as a whole in relation to combat water
losses.

KEYWORDS: Water resources. Basic sanitation. Water crisis. Water supply. Planning.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Perdas de água por país ............................................................................................ 10


Figura 2: Sistema de Abastecimento público de água. ............................................................. 18
Figura 3 - Principais tipos de vazamentos em um sistema de distribuição de água e ações para
controle. .................................................................................................................................... 25
Figura 4 – Esquema do combate às perdas reais de água pela Cruz de Lambert. .................... 26
Figura 5 – Cruz de Lambert utilizada para o combate às perdas aparentes de água tratada. ... 28
Figura 6 – Zoneamento do município de Guaratinguetá (SP). ................................................. 29
Figura 7 - Ribeirão Guaratinguetá, à direita e Ribeirão Lemes, à esquerda. ............................ 31
Figura 8 - Macromedidor do bairro Santa Luzia, Guaratinguetá (SP). .................................... 39
Figura 9 - Hidrômetro localizado no interior da residência, dificultando a leitura e a
identificação de vazamentos pela equipe da SAEG (a) Hidrômetro com instalação adequada,
facilitando a leitura, a identificação de vazamentos e a prevenção de fraudes pela equipe da
SAEG (b e c). ........................................................................................................................... 41
Figura 10 - Geofone utilizado para a localização de vazamento para posterior conserto. ....... 41
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil ............................ 15


Tabela 2 – Principais fatores causadores de falhas em tubulações. ......................................... 24
Tabela 3 – Comparativo da despesa de exploração por m³ de água de municípios do Vale do
Paraíba (SP). ............................................................................................................................. 38
Tabela 4 - Macro e micromedição de água no Bairro Santa Luzia, Guaratinguetá (SP).......... 39
Tabela 5 - Volumes Perdidos estimados de Abril a Julho ........................................................ 39
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 12
2.1 Objetivo Geral................................................................................................................... 12
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 13


3.1 Gestão de recursos hídricos no Brasil ................................................................................. 13
3.2 Infraestrutura de um sistema de abastecimento público de água ....................................... 17
3.3 Perdas reais de água ......................................................................................................... 22
3.4 Perdas aparentes de água ................................................................................................. 27

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 29


4.1. Localização e caracterização da área de estudo ................................................................. 29
4.2. Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG) ..................... 30
4.3 Sistema de abastecimento de água de Guaratinguetá (SP) ................................................. 31
4.4 Metodologia para a análise das perdas de água ................................................................. 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 36


5.1 Classificação do sistema de abastecimento de água de Guaratinguetá ................................ 36
5.2 Custos do tratamento de água na ETA de Guaratinguetá .................................................... 37
5.3 Diagnóstico do setor de combate às perdas ....................................................................... 38
5.4 Proposição de medidas de combate às perdas ................................................................... 42

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 44

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 45
10

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o diagnóstico fundamentado no monitoramento dos reservatórios


brasileiros, realizado pela Agência Nacional das Águas (ANA), a região sudeste está
enfrentando a pior crise hídrica dos últimos 84 anos (ANA, 2015). Essa crise hídrica,
associada aos problemas de falta de infraestrutura e de planejamento, tem gerado sérios
impactos ao abastecimento público, principalmente na região metropolitana de São Paulo.
Os sistemas de abastecimento público são necessários para a distribuição de água em
quantidade e qualidade para o consumo humano, sendo constituídos de unidades de captação,
estações de tratamento, adutoras, estações elevatórias, reservatórios e redes de distribuição. O
Internacional Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities (IBNET, 2011),
relata que o Brasil perde cerca de 39% de sua água tratada no sistema de distribuição pública,
superando países como Vietnã, México, Rússia e China, que perdem, respectivamente, 31%,
24%, 23% e 22%, como mostra o infográfico da Figura 1.

Figura 1 - Perdas de água por país

Fonte: IBNET(2015)
11

Em um sistema de abastecimento público, sempre haverá perda quando a água tratada


não chegar ao consumidor final. Essa perda nem sempre é física, como o volume de água
perdido em um vazamento. Do ponto de vista empresarial, como é o caso da Companhia de
Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG), se um produto for entregue e
por alguma ineficiência não for faturado, os custos intrínsecos para sua produção e transporte
serão considerados e não ocorrerá incorporação de receita pela companhia. Portanto, além da
perda física tem-se o prejuízo causado pelos custos relacionados ao aspecto comercial do
serviço prestado (SANTOS, 2008). Um elevado índice de perdas de água indica uma redução
no faturamento das empresas responsáveis pelo abastecimento público e, consequentemente,
diminui a capacidade de investimento e obtenção de financiamentos. Além disso, a perda de
água no sistema de abastecimento gera danos ambientais, devido ao esgotamento de
reservatórios, o que obriga as empresas de saneamento a explorarem novos mananciais
(ABES, 2013). Portanto, o gerenciamento e a adoção de medidas de combate às perdas de
água tratada nos sistemas de distribuição pública são imprescindíveis para o uso sustentável
dos recursos hídricos.
Neste trabalho foi realizado o diagnóstico do sistema de distribuição de água do
município de Guaratinguetá (SP) e a avaliação do potencial de perdas, visando à proposição
de medidas mitigadoras e a conscientização da importância da atuação das políticas públicas
na otimização do abastecimento público, para que os recursos hídricos sejam utilizados de
forma sustentável.
12

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo foi diagnosticar o potencial de perdas de água no sistema
de distribuição de água do município de Guaratinguetá (SP), visando a proposição de medidas
mitigadoras e a conscientização da importância da atuação das políticas públicas no combate
às perdas no abastecimento público.

2.2 Objetivos Específicos

- Realizar levantamentos junto à Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de


Guaratinguetá (SAEG), sobre o sistema de abastecimento público de água adotado no
município;

- Diagnosticar a situação atual do combate à perda de água no sistema de abastecimento


público do município de Guaratinguetá (SP);

- Propor à SAEG técnicas de controle das perdas reais e aparentes de água no sistema de
distribuição.
13

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Gestão de recursos hídricos no Brasil

A gestão de recursos hídricos é o conjunto de ações destinadas a regular o uso,


controlar e proteger os recursos hídricos, em conformidade com a legislação e normas
pertinentes. Segundo Viegas Filho (2013), a gestão dos recursos hídricos tem por finalidade
compatibilizar a disponibilidade hídrica com as múltiplas demandas. Em países como os
Estados Unidos, Inglaterra, Chile, Espanha e Austrália, a gestão dos recursos hídricos tem
como base a concessão de direitos de propriedade privada sobre a água e visa a livre
negociação desses direitos, buscando a eficiência e a distribuição no mercado. Em outros
países, como o Brasil e a França, a gestão dos recursos hídricos é fundamentada na concepção
de que a água é um bem de domínio público, que pode sofrer intervenções do Poder Público e
o gerenciamento é participativo e integrado entre usuários e sociedade.
Borsoi (2015) relata que a primeira experiência do Brasil em gestão de recursos
hídricos, embora vinculada à questão agrícola, teve início em 1933 com a criação da Diretoria
de Águas, depois Serviço de Águas, no Ministério da Agricultura. Em 1934, o Serviço foi
transferido para o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), quando foi editado o
Código das Águas pelo Decreto 24.643, modelo orientado por tipos de uso da água.
De acordo com Ferreira (2006) a implantação da Gestão de Recursos Hídricos no
Brasil pode ser dividida em três fases:
1a fase – Modelo Burocrático (Final da década de 40): a administração pública tinha como
objetivo prioritário cumprir e fazer cumprir os dispositivos legais sobre as águas. Houve uma
elaboração da regularização dos cursos de água ou captação para abastecimento público,
fornecimento de energia e sistemas para controle de inundações.
2a fase – Modelo Econômico-Financeiro (Décadas de 50 a 70): houve um aumento da
demanda e, consequentemente, a construção de obras hidráulicas de grande porte. Essa etapa
foi marcada por duas orientações: atendimento a prioridades setoriais do governo, com a
elaboração de programas de investimento em setores usuários de água, como irrigação,
geração de energia e saneamento e, o desenvolvimento integral da bacia hidrográfica.
3a fase – Modelo Sistêmico de Integração Participativa (Década de 80): Com o aumento da
produção industrial e o crescimento populacional, a água disponível tornou-se escassa, o que
provocou conflito entre usuários e teve como consequência, a necessidade da elaboração de
mecanismos de planejamento e coordenação dos usos dos recursos hídricos.
14

Embora o Brasil apresente cerca de 12% da reserva de água doce, considerada a maior
do mundo, diante do aumento da demanda e do conflito de usos, foi necessária a criação de
leis para a proteção de seus recursos hídricos. Com esse objetivo foi criada a Lei Federal nº
9.433, de 8 de janeiro de 1997, da Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH),
conhecida como a lei das águas, que estabeleceu a bacia hidrográfica como unidade de
planejamento e de implementação da PNRH.
Assim, as bacias hidrográficas têm sido adotadas como unidades físicas de
reconhecimento, caracterização e avaliação, como forma de facilitar o planejamento e a
gestão dos recursos hídricos. O comportamento de uma bacia hidrográfica pode ser alterado
ao longo do tempo por dois fatores, sendo eles, de ordem natural, responsáveis pela pré-
disposição do meio físico à degradação ambiental, e antrópicos, onde as atividades humanas
interferem de forma direta ou indireta no funcionamento da bacia. (FIGUEIRA, 2013)
Após a criação desta lei, outros instrumentos de gestão dos recursos hídricos foram
criados, como pode ser observado na Tabela 1.
O art 1o da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, baseia-se nos seguintes fundamentos:
I – A água é um bem de domínio público: corresponde ao domínio público das águas e surgiu
do fato da água ser um elemento do meio ambiente com funções indispensáveis à
sobrevivência da vida na Terra e à manutenção do equilíbrio ecológico, sendo um bem de
interesse comum.
II – A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico: define a água como
bem econômico e procura estabelecer critérios para seu uso e garantir o acesso das presentes e
futuras gerações e a eficiência em sua utilização. Sobre essa questão, Pereira (2002) apud
Ferreira (2006) relata que a “definição de bem econômico está baseada nos princípios de
escassez de um recurso, que ocorre quando este recurso não apresenta quantidade suficiente
para satisfazer a totalidade da procura”.
III – Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e
a dessedentação de animais: define os usos prioritários da água em casos de escassez e parte
do princípio de que a água é um elemento essencial para a existência de todos os organismos
vivos do planeta. Assim sendo, sua prioridade deve ser ao consumo humano e a
dessedentação de animais.
IV – A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas:
baseia-se na equidade do acesso à água, buscando a otimização e equilíbrio do uso dos
recursos hídricos, de forma que cada modalidade os utilize na menor quantidade possível.
15

V – A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional


dos Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos: tem como objetivo adequar a legislação e estrutura institucional às condições
territoriais do ambiente. Assim, há uma otimização dos usos e a garantia das múltiplas
demandas pela água, permitindo também um monitoramento mais próximo.
VI – A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades: busca uma gestão descentralizada com a
participação do Poder Público, usuários e comunidade; busca distribuir e delegar
competências, impondo atribuições a níveis hierárquicos inferiores e concede aos cidadãos o
exercício de sua cidadania ao permitir que haja discussões da comunidade a respeito da
melhor forma de gerir os recursos hídricos.

Tabela 1: Evolução institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil


Ano Concepção Descrição
1934 Código de águas Marco legal da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Possui definições dos
itens relacionados à água no país. Apesar de ser relativamente antigo, ainda
encontra-se em vigência. Embora destinado a gestão da água como um todo, na
época de sua criação houve um privilégio no setor de produção de energia
elétrica, pois o órgão responsável pela água era o mesmo das concessões de
geração de energia elétrica.
1967 Política Nacional de Formalizou o saneamento básico, abrangendo: Abastecimento de água, esgotos
Saneamento e pluviais e drenagem, controle da poluição ambiental, das inundações e das
Conselho Nacional de erosões. A CONSANE tem como atribuições: Planejar, coordenar e controlar a
Saneamento Política Nacional de Saneamento.
(CONSANE)
1976 Comitê de Bacia Os Comitês surgiram para discutir e organizar a utilização de recursos hídricos
Hidrográfica nas Bacias Hidrográficas Brasil, conciliando os usos múltiplos da água dos
diversos setores usuários.
1979 Política Nacional de Sua primeira versão objetivava o aproveitamento racional de recursos hídricos
Irrigação e do solo para o desenvolvimento da agricultura irrigada. Mais tarde foi
revogada pela versão atual de 2013.
1981 Política Nacional do Tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
Meio Ambiente ambiental. Para os recursos hídricos, a PNMA possui inferências na proteção
jurídica das águas.
1986 Resolução Conama Dispõe sobre a classificação e enquadramento das águas. Dessa forma, pode-se
20/86 assegurar a compatibilidade da qualidade da água e o uso a que for destinada.
1997 Política Nacional dos Sua finalidade é assegurar à atual e às futuras gerações água em qualidade e
Recursos Hídricos disponibilidade suficientes através do uso racional e integrado da prevenção e
da defesa dos recursos hídricos.
2000 Agência Nacional das Desempenha ações de regulação, apoio ao planejamento e gestão de recursos
Águas (ANA) hídricos, de monitoramento de rios e reservatórios, além de desenvolver
programas e projetos e oferecer um conjunto de informações com o objetivo de
estimular a adequada gestão e uso racional e sustentável da água
2005 Resolução Conama Altera a Resolução Conama 20/86 e dispõe sobre o enquadramento das classes
357/05 de águas e estabelece padrões de qualidade da água de acordo com seus usos
preponderantes.
2011 Resolução Conama Dispõe sobre condições e padrões de lançamento de efluentes e altera a
430/11 Resolução Conama 357/05
2011 Portaria do Ministério Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
da Saúde 2914/11 água para consumo humano e seu padrão de potabilidade
(Fonte: Compilado por Autora)
16

A Agência Nacional das Águas (ANA) é uma entidade federal de implementação da


Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela Lei nº 9.984, de 7 de Julho de 2000. A
ANA desempenha ações de regulação, apoio ao planejamento e gestão de recursos hídricos,
de monitoramento de rios e reservatórios, além de desenvolver programas e projetos e
oferecer um conjunto de informações com o objetivo de estimular a adequada gestão e uso
racional e sustentável da água. Também oferece apoio à elaboração dos Planos de Recursos
Hídricos, definindo prioridades para outorga, diretrizes e critérios para cobrança pelo uso da
água. Esta Agência estimula a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, compostos por
representantes da sociedade civil, dos usuários da água e do Poder Público, que juntos,
aprovam a aplicação adequada dos instrumentos de gestão na bacia, formando uma regulação
eficiente e descentralizada. Também é função da ANA definir as condições de operação dos
reservatórios para garantir os usos múltiplos dos recursos hídricos e avaliar a sustentabilidade
de obras hídricas com participação federal. Além disso, deve regular serviços de irrigação em
regime de concessão e de adução de água bruta e fiscalizar a segurança de barragens. A ANA
tem como missão implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos
hídricos e regular o acesso a água, promovendo seu uso sustentável em benefício das atuais e
futuras gerações. Algumas estratégicas centrais são definidas como: “Negócio - Uso
sustentável da água”; “Visão - Ser reconhecida pela sociedade como referência na gestão dos
recursos hídricos e na promoção do uso sustentável da água”; “Valores - Compromisso,
transparência, excelência técnica, proatividade e espírito público”.
O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), criado em 1996 pelo
Governo Federal, contém em sua base de dados, informações e indicadores sobre a prestação
de serviços de água, esgoto e resíduos sólidos urbanos nos municípios brasileiros e está
vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das
Cidades, tendo como principais objetivos:
1 – Planejamento e execução de políticas públicas de saneamento;
2 – Orientação da aplicação de recursos;
3 – Conhecimento e avaliação do setor de saneamento;
4 – Avaliação de desempenho dos prestadores de serviços;
5 – Melhoria da gestão, elevando os níveis de eficiência e eficácia;
6 – Orientação de atividades regulatórias; e
7 – Busca por melhores práticas e guia de referência para medição de desempenho.
17

Além disso, o SNIS publica anualmente o diagnóstico da prestação de serviço de


saneamento básico brasileiro, disponível para a consulta de qualquer usuário.

3.2 Infraestrutura de um sistema de abastecimento público de água

Um sistema de abastecimento público de água é a solução coletiva mais econômica e


definitiva para atender a demanda de água de uma comunidade, cuja densidade demográfica
da área pode aumentar. A seguir serão descritos os principais constituintes de um sistema de
abastecimento público, apresentados no esquema da Figura 2.
Manancial: é a fonte de captação de água para abastecimento e em sua seleção devem ser
consideradas a qualidade e a quantidade de água, bem como, a viabilidade econômica.
Captação: é o conjunto de equipamentos e instalações para retirar a água do manancial e
lançá-la no sistema de abastecimento.
Adução: é uma tubulação normalmente sem derivações, que liga a captação ao tratamento ou
o tratamento à rede de distribuição. Segundo o seu funcionamento, pode ser realizada por
gravidade, quando aproveita o desnível entre o ponto inicial e final da adutora ou por
recalque, quando utiliza um meio elevatório qualquer.
Tratamento da água: pode existir ou não, de acordo com a qualidade da água obtida no
manancial.
Reservatório: a reservação é empregada para o acúmulo da água, visando atender a variação
do consumo; manter uma pressão mínima ou constante na rede e atender demandas de
emergências, como casos de incêndios, ruptura de rede, entre outras.
A demanda de água por uma comunidade está ligada a diversos fatores como clima,
hábitos de higiene, qualidade da água, cobrança (água medida ou não). Para uma mesma
população, o consumo varia de acordo com as horas do dia, sendo denominada de variação
horária. Também pode variar com a época do ano, que corresponde à variação diária. O
reservatório de distribuição permite atender a essas variações.
18

Figura 2: Sistema de Abastecimento público de água.

Fonte: Misiunas (2005) apud Sarzedas (2009)

1.Manancial, 2.Captação, 3.Adutora de água bruta, 4.Estação de Tratamento de Água (ETA), 5.Adutora,
6.Reservatório superficial, 7.Reservatório elevado, 8.Rede de distribuição: (a)em anéis, (b)ramificada,
9.Registro, 10.Hidrante, 11.Zona alta, 13.Zona baixa.

Rede de distribuição: a rede de distribuição transfere a água do reservatório ou da adutora


para os pontos de consumo.
Ramal domiciliar: a ligação feita das tubulações assentadas nas ruas para os domicílios é
denominada de ramal domiciliar.
Reservação: os reservatórios construídos para um sistema de abastecimento público de água
podem ser divididos em duas classes principais: 1) reservatório de acumulação e 2)
reservatório de distribuição. Os reservatórios de acumulação são construídos em um curso
d’água, quando se deseja aproveitá-lo como fonte de abastecimento, sendo sua vazão média
superior à vazão média demandada pela comunidade. No entanto, se este curso d’água
apresentar vazões mínimas, diárias ou mensais, insuficientes para atender as necessidades de
consumo, o excedente de água nos tempos de vazões máximas é acumulado em reservatórios,
denominados de reservatório de acumulação. Se a vazão mínima do curso d’água for maior
que a vazão máxima de consumo que a comunidade utiliza, não será necessária a construção
do reservatório de acumulação ou barragens, que podem ser construídos com terra, alvenaria,
concreto ciclópico, concreto armado ou concreto rolado. Para que haja uma retirada
relativamente uniforme de água dos reservatórios de acumulação, apesar das necessidades de
consumo variarem, é necessário a construção dos reservatórios de distribuição.
Proteção do reservatório de acumulação e da bacia: a fim de preservar a qualidade da água em
reservatório de acumulação, é necessário fazer sua limpeza antes do mesmo começar a
receber a água após a construção. Em caso de um grande reservatório de acumulação, também
usado como local de recreação devem ser respeitadas as leis que disciplinam sua utilização
19

com esta finalidade, definidas a partir das condições locais, para assegurar a qualidade da
água, estabelecendo-se áreas para desenvolvimento de pesca, natação e outras atividades a
uma distância segura do local de captação. Se existirem casas isoladas na bacia, estas deverão
ser providas de instalações sanitárias adequadas para o destino adequado dos resíduos.

Reservatório de distribuição: são reservatórios construídos para um sistema de abastecimento


d’água com as seguintes finalidades: uniformização do fornecimento de água, uma vez que o
reservatório minimiza ou torna imperceptível as diferenças de volume d’água, requeridos
durante os períodos de maior consumo; uniformização da adução para o sistema; atendimento
de emergência, no caso de uma interrupção na adução de água, o volume acumulado no
reservatório abastece a cidade, até que a dificuldade seja sanada; economia na rede de
distribuição de um sistema de abastecimento de água, pela construção de reservatórios em
cotas mais baixas e maior auxílio no combate à incêndios.
Os reservatórios de distribuição podem ser classificados de acordo com sua
localização em relação à rede de distribuição em: 1) reservatório de montante, quando está
localizado entre a captação e a rede de distribuição; 2) reservatório de jusante, quando está
localizado após a rede de distribuição e, neste caso, recebe água de consumo mínimo e ajuda a
abastecer a cidade durante as horas de consumo máximo; 3) reservatório de quebra de
pressão, em terreno com desníveis acentuados.
Também podem ser classificados em relação ao nível do terreno: 1)Enterrados;
2)semi-enterrados; 3)apoiados; 4)elevados. As razões que determinam a escolha de um destes
tipos são normalmente, pressões, vazões e volumes a armazenar e as econômicas.
Em relação ao material de construção: 1)Concreto armado - geralmente os
elevados; 2)Alvenaria, geralmente construído enterrado; 3)Aço - pouco uso no Brasil (mais
nas indústrias); 4)Madeira - apenas usados para os apoiados e elevados.

Tubulações em um reservatório de distribuição: 1) de entrada; 2) de saída; 3) de descarga; 4)


extravasor - geralmente descarregando no dreno.
Cortinas: em um reservatório enterrado ou semi-enterrado, de grande dimensões, devem ser
instaladas cortinas, a fim de evitar pontos mortos onde a água não sofra movimentação.

Declividade no fundo dos reservatórios de distribuição: os fundos dos reservatórios de


distribuição devem ter declividade para o ponto de descarga, facilitando assim bastante a sua
limpeza.
20

Desinfecção: o reservatório, antes de ser posto a funcionar, deve ser desinfetado com uma
solução de 50mg/l de cloro útil, com um tempo de detenção mínima de 24 horas.
Proteção do reservatório: nos reservatórios de distribuição não deve ser permitida a entradas
de pessoas estranhas nas suas cercanias, tanto para evitar uma poluição ou contaminação no
caso semi-enterrados, enterrados e apoiados, como também para se evitar acidentes no caso
dos elevados. As tampas de acesso ao interior dos reservatórios, devem ser mantidas em boas
condições sanitárias e de vedação, devendo ser periodicamente limpas. As escadas de acessos
devem ser mantidas em boas condições de segurança e as paredes sempre protegidas por uma
boa pintura.
Órgãos Acessórios: os órgãos acessórios de um reservatório de distribuição são: 1) Tubo de
ventilação - destinado a circulação do ar; 2) Indicador de nível - para acompanhar variações
de consumo; 3) Registros - a fim de regular a entrada e saída de água.

Macromedição: em um sistema de abastecimento de água, é imprescindível o controle de


perdas durante a distribuição, neste caso, a macromedição, que é o conjunto de equipamentos
e atividades voltadas para o levantamento das grandezas hidráulicas do sistema, é a
ferramenta para uma operação adequada e eficiente e aplicada ao cálculo de indicadores de
desempenho. Sem a macromedição, a operação do sistema torna-se apenas estimada e sem
controle. Para a correta operação, os macromedidores devem ser instalados corretamente,
obedecendo as recomendações dos fabricantes e a manutenção deve ser efetuada por equipes
capazes de executar procedimentos de calibração em campo e medições temporárias com
equipamentos portáteis. A melhor forma de medir as perdas no sistema é a comparação entre
o volume de água macromedido com o volume micromedido (THORNTON, 2007).

Setorização e Micromedição: devido à grande extensão das redes de distribuição de água, é


necessária a implantação de setorização, visando o melhor gerenciamento do sistema. A
setorização possibilita uma análise mais detalhada do sistema de distribuição, identificando
com maior eficiência os pontos mais problemáticos em relação às perdas de água. A
micromedição dos consumidores finais em um setor viabiliza a compatibilização entre a
macro e a micromedição, facilitando o gerenciamento dos índices de perdas nas áreas
avaliadas. A setorização, bem como, a divisão em subsetores ou zonas de pressão, possibilita
o melhor controle das pressões e ocorrências das redes de distribuição (THORNTON, 2007).
21

Distrito de Medição e Controle (DMC): para o controle de perdas, é necessário um amplo


conhecimento da área estudada. Quanto mais medições houver no sistema, mais fácil se torna
o gerenciamento, melhores os resultados e mais eficazes serão as ações de combate às perdas.
Isso significa que, na medida do possível, devem-se criar Distritos de Medição e Controle
(DMCs). Também conhecidos como Distritos Pitométricos, os DMCs, segundo Motta (2010),
são áreas de medição e controle perfeitamente delimitadas e permanentemente isoladas. Para
que um setor de abastecimento seja fragmentado em DMCs, as condições da rede de
distribuição devem oferecer a possibilidade de fragmentação sem prejuízo ao abastecimento.
O objetivo é dividir a rede de distribuição em zonas definidas de modo que as vazões possam
ser monitoradas nas entradas de cada área, permitindo a identificação da ocorrência de
vazamentos e arrebentamentos nas redes. De acordo com Tsutiya (2006), a área de medição e
controle exige: tamanho médio entre 1000 e 5000 ligações; área estanque, não se admitindo
fluxos entre DMCs vizinhos e existência de pontos para a medição de vazão e pressão na
entrada.

Válvula Redutora de Pressão (VRP): são dispositivos mecânicos instalados em determinados


pontos da rede de distribuição com o objetivo de gerar uma perda localizada para uniformizar
e controlar a pressão. A instalação de uma VRP requer a delineação de um setor isolado por
meio de registros limítrofes, configurando um DMC. Segundo Motta (2010), quando há
projetos de novos setores de abastecimento, pode-se determinar, através de programas de
modelagem matemática, as áreas com potencial para implantação de áreas controladas por
VRPs e simular a operação da válvula, para avaliar a viabilidade da sua implantação. Como as
áreas com potencial para implantação de subsetores controlados por VRPs estão dentro de
setores de abastecimentos já existentes, a instalação das válvulas são dificultadas em função
das variáveis existentes. Assim sendo, faz-se necessário o uso de vários testes de campo para
a possível configuração do subsetor para a avaliação da viabilidade da instalação. Em
primeira análise, deve-se verificar a pressão dinâmica no ponto mais crítico de abastecimento,
que é o ponto de menor pressão dentro da área, localizados nas cotas mais altas, mais
distantes da entrada ou onde os dois fatores estão combinados. Pressões nesses pontos acima
de 30 metros de coluna de água (mca) indicam potencial para o controle de pressão
(Yashimoto et al., 1999 apud Motta, 2010).
22

Cálculo do índice de perdas (IP): para quantificar as perdas de um sistema de abastecimento,


em primeira análise, pode-se aplicar a equação 1, que define o índice de perdas (IP):

IP (%) = (Volume macromedido – Volume micromedido)/Volume macromedido (1)

O IP é uma análise superficial das perdas de água do sistema. Ainda deve-se analisar o
sistema qualitativamente e em relação às perdas aparentes, como número de fraudes e
ligações clandestinas encontradas. Entretanto, o IP serve como um ponto de partida para um
estudo sobre as perdas do setor. De acordo com Santos (2008), o IP superior a 40%, indica
que o sistema de distribuição apresenta gerenciamento ruim, IP entre 25 e 40% corresponde a
níveis médios e IP inferior a 25% é obtido em sistemas de distribuição de água com bom
gerenciamento.

3.3 Perdas reais de água

De acordo com Tsutiya (2006), a perda real ou física da água corresponde ao volume
de água tratada que não chega ao consumidor final (residências). Essa perda ocorre devido aos
vazamentos das adutoras, das redes/ramais de distribuição, dos reservatórios e
extravasamentos em reservatórios setoriais.
Sobre as perdas reais de água, duas questões precisam ser consideradas. A primeira
está relacionada à conservação dos recursos hídricos, pois quanto menos se perde no sistema,
menor é a necessidade de explorar ou ampliar as captações de água e, portanto, menor será o
impacto ambiental. É importante destacar que, embora o volume de água das perdas reais
recarregue os aquíferos, os investimentos em seu tratamento serão perdidos. Para atender a
crescente demanda por água tratada é necessária a execução de obras de custos elevados, com
fortes impactos ambientais, como barragens, represas e até a transposição de água de outras
bacias, entre outras obras de engenharia. Desta forma, quando as perdas reais de água são
controladas, é possível diminuir os impactos ambientais, em especial, sobre os recursos
hídricos.
A segunda questão relacionada às perdas reais de água, diz respeito à saúde pública.
Neste aspecto, existem vazamentos na rede de distribuição de água, onde qualquer
despressurização do sistema, por exemplo, devido à intermitência no abastecimento para
manutenção, pode levar à contaminação da água pela entrada de agentes patogênicos na
tubulação.
23

As causas dos vazamentos podem ser internas e externas. Nas bombas, as causas dos
vazamentos são internas e ocorrem devido ao desgaste das gaxetas1; ajustes inadequados nos
registros, válvulas e juntas; ou devido às pressões elevadas. Nos reservatórios, as perdas
também ocorrem devido às causas internas, em consequência da baixa qualidade dos
materiais, de falhas de execução da obra e envelhecimento dos materiais.
Nas tubulações, as causas podem ser internas e externas. As internas ocorrem devido à
baixa qualidade dos materiais, à corrosão, ao envelhecimento, ao projeto inadequado,
encaixes inadequados, golpe de aríete, pressão alta e baixa qualidade da água, que pode causar
corrosão interna. As causas externas são devidas à carga de tráfego e agressividade do solo,
que podem causar corrosão externa, poluição do solo, movimentos de terra ocasionados por
obras, deslizamentos e movimentos sísmicos (AGUIAR, 2007). Sarzedas (2009) descreve os
fatores mais relevantes que causam as falhas e vazamentos nas tubulações apresentados na
Tabela 2.
Makar e Kleiner (2000) apud Sarzedas (2009) inferem que os custos associados a uma
falha na tubulação podem ser divididos em três categorias principais: diretos, indiretos e
sociais. Os custos diretos são devidos ao reparo em si, ao volume de água que vazou durante a
falha, custo do dano nos arredores e responsabilidades (danos, acidentes, etc). Os custos
indiretos incluem a interrupção do abastecimento (perda de negócios durante a falha), taxa de
deterioração da infraestrutura e queda na capacidade de combate a incêndios. Os custos
sociais englobam o custo da degradação da qualidade da água devido à entrada de
contaminantes causada pela despressurização, diminuição da confiança pública, custos pela
interrupção do trânsito e atividades comerciais e prejuízo no abastecimento de água para
clientes especiais (hospitais e escolas, por exemplo).
De acordo com Chiara e Arnesen (2015), para controlar as perdas reais de água
algumas técnicas podem ser aplicadas:
- Renovação de ativos: substituição de redes e ramais de forma criteriosa, por implicar em
altos investimentos, priorizando os trechos de maior incidência de vazamentos e com maior
idade;
- Gestão da pressão: por meio da definição das intervenções necessárias nos sistemas de
abastecimento, visando manter a continuidade do abastecimento (pressão dinâmica de 10
mca) e a diminuição das perdas pela redução da pressão média do sistema, considerando que a
vazão dos vazamentos está relacionada com essa pressão média. A definição das intervenções
necessárias, como a criação de novos setores, implantação de Válvulas Redutoras de Pressão

1
Gaxetas: Elemento de vedação em um sistema, usado por exemplo em válvulas e bombas.
24

(VRP) e a substituição de trechos com alta perda pode ser feita por modelagem hidráulica dos
setores estudados. A melhoria da gestão operacional dos setores pode ocorrer com a criação
de Distritos de Medição e Controle (DMC), possibilitando o monitoramento online da vazão
mínima noturna da área e a análise diária da necessidade de realização de ações de combate às
perdas, por meio de pesquisa ativa de vazamentos e execução dos seus reparos.

Tabela 2 – Principais fatores causadores de falhas em tubulações.


Fator Descrição
A idade da tubulação é a causa predominante de falhas na tubulação,
mas deve ser analisado em conjunto com o método de instalação que
Idade e período de instalação foi utilizado, pois nem sempre uma rede mais antiga é mais propícia
à falha. As técnicas de instalação e acoplamento da época
correspondente são determinantes para essa análise
Em tubulações de ferro e outros metais, a corrosão é uma das
principais causas de falhas. A corrosão interna depende de
Corrosão características da água, como pH, alcalinidade, bactérias e oxigênio.
Já a corrosão externa depende do ambiente (características do solo e
aeração)
Quanto menor o diâmetro da tubulação, maior o risco de ocorrência
de falhas. Isso ocorre devido a uma menor resistência e espessura da
Diâmetro
parede, diferentes padrões de fabricação e menor confiabilidade das
juntas para pequenos diâmetros.
Uma tubulação mais comprida possui um maior risco de falhas, mas
Comprimento isso varia ao longo do comprimento conforme as condições externas
a que é submetida, como condições do solo e tráfego.
A maioria das redes de distribuição é feito de ferro fundido e existem
numerosos registros de falhas desse tipo, pois é um material mais
Material
antigo e a época em que foi assentado é crucial para definir o risco de
falhas. Já o PVC e PEAD são relativamente recentes.
Para a maioria das redes de distribuição, a ocorrência de falhas é
maior no inverno, devido à contração térmica do material, mas
Variação de temperatura
também ocorrem falhas no verão, pelo ressecamento e redução de
solo argiloso.
Em tubulações de ferro fundido há um maior risco de falha devido à
corrosão externa, causada pelas condições do solo. Já as tubulações
Condições do solo
de PVC são menos resistentes em solos argilosos devido à contração-
expansão mais elevada.
A taxa de quebra em tubulações aumenta a cada ocorrência de falha.
Pode ocorrer devido a fatores como: onda de pressão de água do
Falhas anteriores
reabastecimento, movimentos de terra causados por escavação e
movimentação de veículos pesados durante o reparo.
Os defeitos de fabricação, como pequenos poros na parede da
tubulação e variação em sua espessura influenciam diretamente na
Defeitos de fabricação
ocorrência de falhas, pois as propriedades mecânicas da tubulação
são alteradas.
Oscilações de pressão dinâmica no sistema de distribuição, como
quando fecham e abrem válvulas para reparos na rede, podem
Pressão da água ocasionar falhas na tubulação. Já a pressão estática da água pode
levar a um estresse da tubulação que pode ocasionar uma quebra na
parede onde já houver pontos de corrosão.
O uso do solo (Área de tráfego, residencial, comercial ou industrial)
Uso do solo corresponde às cargas externas nas tubulações. Portanto, um tráfego
pesado significa um maior risco de falhas.
Fonte: SARZEDAS (2009)
25

Quanto à pesquisa ativa dos vazamentos e ações a serem tomadas, para cada tipo de
vazamento é necessária uma medida de mitigação, como pode ser observado na Figura 3 e
descrito a seguir.
- Vazamentos visíveis: Afloram à superfície, comunicados pela população e detectados pela
SAEG. Correspondem a 45% dos volumes perdidos e devem, portanto, serem consertados
imediatamente. O tempo de execução do conserto é um fato importante, pois a demora para
chegar ao local, pode aumentar o desperdício de água tratada. Quando o registro da rua é
fechado, não se deve demorar também, pois pode ocorrer um extravasamento do reservatório,
dimensionado para abastecer o setor o dia todo. Outra ação a ser tomada é a diminuição
(gerenciamento) da pressão da água, que pode estar vazando com maior intensidade em um
horário em que não há necessidade de tanta pressão (de madrugada, por exemplo).
- Vazamentos não visíveis: Não afloram à superfície, são localizados por equipamentos de
detecção acústica. Correspondem a 30% do volume perdido e pode ser neutralizado através de
pesquisas de vazamento utilizando instrumentos adequados. Também pode ser atenuado com
um adequado gerenciamento da pressão da água. Trata-se de um vazamento mais perigoso
que exigem uma gestão especial, pois devido a não aflorarem à superfície, se não houver uma
monitoria desses vazamentos pode correr uma perda de água em um longo período.
- Vazamentos inerentes: Não visíveis e não detectáveis, geralmente uma vazão menor que 250
L h-1 (LAMBERT, 2002). Por não haver um método viável de detecção de tais vazamentos,
deve-se tomar medidas de prevenção, como é o caso da utilização de materiais de boa
qualidade e execução correta de sua construção, pela contratação de mão de obra qualificada.

Figura 3 - Principais tipos de vazamentos em um sistema de distribuição de água e ações para controle.

Fonte: FUNASA (2014).


26

Uma forma clássica de esquematizar o combate às perdas reais de água é a Cruz de


Lambert, criada pela International Water Association (IWA) e adaptada pela FUNASA
(2014), conforme Figura 4.

Figura 4 – Esquema do combate às perdas reais de água pela Cruz de Lambert.

Fonte: FUNASA (2014)

De acordo com a figura 3, o nível de perdas pode ser reduzido por meio de ações como
gerenciamento de pressão, pesquisa de vazamentos, agilidade e qualidade nos reparos, até
atingir um controle razoável. A área compreendida entre os dois quadrados de “Potencial de
Recuperação do Volume de Perdas Reais” e “Perdas inevitáveis” representa o volume de
perdas potencialmente recuperável. O “nível econômico de perdas reais” encontra-se,
portanto, em algum ponto entre os dois quadrados (AGUIAR, 2007).
O componente relativo ao “gerenciamento de pressão” representa a compatibilização
das pressões em valores mais adequados a cada caso, de forma a otimizar a operação do
sistema de distribuição, sem aumentar o número de vazamentos e a potência de suas vazões.
De acordo com Aguiar (2007), uma forma de aplicar o gerenciamento é por meio da
setorização ou instalação de Válvulas Redutoras de Pressão (VRPs).
O componente referente à “pesquisa de vazamentos” representa a realização de
campanhas para a detecção de vazamentos não visíveis e pode ser feito por meio de aparelhos
de detecção de ruídos.
O componente referente à “agilidade e qualidade dos reparos” representa o
encurtamento do tempo entre conhecimento/localização do vazamento e o efetivo conserto do
27

vazamento, visível ou não-visível. Enquanto o componente “gerenciamento dos materiais das


redes” refere-se à atividade de proteção da rede contra a corrosão, troca de redes e ramais ou
reabilitação dessas tubulações e também à melhoria estrutural dos reservatórios.

3.4 Perdas aparentes de água

Sob a perspectiva de uma empresa de saneamento responsável pelo abastecimento de


água de um município, se o produto (água tratada) for entregue e, por alguma ineficiência,
não for faturado, tem-se um volume de produto, no qual foram incorporados todos os custos
de produção industrial e transporte, mas que não está sendo contabilizado como receita da
companhia, ou seja, corresponde a um prejuízo (SANTOS, 2008).
A perda comercial de água ou perda aparente corresponde ao volume de água
consumido, que não foi devidamente contabilizado, havendo uma cobrança inadequada da
empresa ao consumidor. Essa perda pode ser devida, por exemplo, a erros de medição no
hidrômetro, a fraudes, à ligação clandestina ou mesmo falha de cadastro.
Para o controle das perdas aparentes de água tratada, algumas medidas são necessárias
como:
- Manutenção de hidrômetros: o parque de hidrômetros deve ser objeto de uma manutenção
preventiva ativa, com avaliação criteriosa dos hidrômetros a serem substituídos. Uma das
principais funções da substituição dos medidores é reduzir a submedição, registrando o
consumo corretamente. Além disso, são evitados os vazamentos nos micromedidores, o que
pode ocorrer devido aos defeitos nos aparelhos.
- Atualização do cadastro comercial: para evitar a aplicação das regras tarifárias de forma
inadequada, pois implica em perdas de faturamento, por exemplo, devido ao cadastro errôneo
da categoria de consumo ou número de economias (SANEAS, 2015).
- Inspeção em ligações com indícios de irregularidade: identificados por meio da análise do
comportamento do histórico de consumo medido e posterior regularização das ligações e,
onde a irregularidade for constatada, com a instalação de “unidade de medição de água
padronizada” (UMA), de forma a dificultar futuras ocorrências (SANEAS, 2015).
Para o combate às perdas aparentes da água tratada, também pode ser utilizada a “Cruz
de Lambert”, apresentada na Figura 5.
De acordo com Aguiar (2007), o componente relativo à “redução de erros de medição”
representa ações de especificação correta e a instalação adequada dos medidores e
hidrômetros, a troca corretiva e preventiva dos hidrômetros e a calibração periódica dos
28

medidores. O componente “combate às fraudes e ligações clandestinas” envolve ações de


inspeção de ligações suspeitas de haver interferência na contabilização do consumo de água e
as medidas de coibição desta prática. Uma maneira relativamente simples de se evitar ligações
clandestinas é a instalação dos hidrômetros na frente da casa, de modo visível para facilitar a
leitura e a fiscalização. Para o caso de fraudes, as UMAs são boas opções de controle. O
componente “implementação de cadastro comercial adequado” refere-se à constante
atualização no cadastro das ligações e apuração dos consumos dos clientes e ao
aperfeiçoamento contínuo do sistema de gestão comercial da companhia.

Figura 5 – Cruz de Lambert utilizada para o combate às perdas aparentes de água tratada.

Fonte: FUNASA (2014)


29

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Localização e caracterização da área de estudo

O município de Guaratinguetá localiza-se no estado de São Paulo, na região do Vale


do Paraíba, entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo e possui importância turística,
industrial e comercial. Com base em dados do IBGE (2015), estima-se que no ano 2015 o
município de Guaratinguetá, com uma área urbana aproximada de 13,5 km2, atingiu 115 mil
habitantes.
O município de Guaratinguetá é dividido em cinco regiões, como pode ser observado
na Figura 6: Norte (verde), Leste (azul), Oeste (vermelho), Sul (amarelo) e Centro (rosa).

Figura 6 – Zoneamento do município de Guaratinguetá (SP).

Fonte: Prefeitura Municipal de Guaratinguetá.

- Zona Norte: Parque das Alamedas, Mirante, Portal das Colinas, Parque do Sol, Beira Rio I e
II, Jardim do Vale I e II, Jardim Esperança, Nova Guará, Vila Paraíba, Jardim Pérola, entre
outros menores.
- Zona Sul: São Benedito, Campinho, Santa Rita, Vila Santa Rita, Campo do Galvão,
Pedreira, Chácara Selles, Jardim Tamandaré, Vila Santa Maria, Residencial Augusto Filippo,
Jardim David Fernandes Coelho, entre outros menores.
- Zona Oeste: Pedregulho, Parque das Árvores, Jardim Rony, Vila Mollica, Vila Indiana,
Parque São Francisco, Jardim Independência, Vila Comendador, Matadouro, Parque Santa
Clara, Vila Municipal I e II, Vila dos Funcionários, entre outros menores.
30

- Zona Leste: Vila Rosa, Vila Guará, Vila Santa Mônica, Vila Angelina, Chácaras Paturi,
Clube dos 500, Jardim Primavera, Nova República, entre outros menores.
- Centro: centro histórico e centro expandido.

4.2. Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG)

A Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG) é


responsável pelo abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos do
município e possui uma economia mista, com sede e foro em Guaratinguetá (SP), na Rua
Xavantes, 1880, Jardim Aeroporto e tem como objetivos:
I – Estudo, projeto e execução, direta ou indireta, de obras e serviços relativos ao sistema de
abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos;
II – Operação, manutenção, conservação e exploração, direta ou indireta, dos serviços de
abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos;
III – Lançamento, fiscalização e cobrança de tarifas, taxas e outros preços resultantes da
prestação dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos;
IV – Exercício de quaisquer outras atividades relacionadas com os sistemas públicos de
abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos. (SAEG,2015)

A companhia apresenta os seguintes indicadores de atendimento da população urbana


de Guaratinguetá: 100% de abastecimento de água, com 597 km de rede; 91,7% de coleta e
afastamento de esgoto, com 459 km de rede e 19% de tratamento de esgoto; 100% de coleta
de resíduos sólidos urbanos (RSU), sendo 96% destes resíduos destinados a aterro sanitário e
50% da população são atendidos por coleta seletiva. (SAEG,2015)
A Estação de Tratamento de Água (ETA) é abastecida pelos ribeirões Guaratinguetá e
Lemes, sendo responsável pelo abastecimento de 87,17% da população. As etapas de
tratamento são: coagulação, filtração e desinfecção com gás cloro e fluoretação. (SAEG,2015)
Sua capacidade de produção é de 409 L s-1 o equivalente a 1.472,40 m3 h-1; com
regime de operação de 21 h dia-1; produzindo em média 30.920,40 m3 dia-1. A limpeza da
ETA é executada a cada 2 meses (SAEG, 2015).
Segundo Tsutiya (2006), o sucesso das ações contínuas para a redução de perdas nas
companhias de saneamento, resulta em:
- Melhor performance econômica da companhia, revertendo tal benefício em tarifas mais
baixas aos clientes;
- Postergação de novos investimentos na ampliação dos sistemas de produção, adução e
reservação de água.
31

4.3 Sistema de abastecimento de água de Guaratinguetá (SP)

Captação
O município de Guaratinguetá é, predominantemente, abastecido pelo ribeirão
Guaratinguetá e, além deste, tem-se também a captação no ribeirão Lemes, ambos
apresentados na Figura 7. Estas duas captações se somam na ETA principal do sistema. Além
do abastecimento por estes cursos d’água superficiais, há também 6 poços artesianos nos
bairros: João Daniel, Comerciários, Santa Clara, Engenho d’Água, Vila Ofélia e Montes
Verdes. O município conta com duas ETAs compactas nos bairros, Rocinha e Pedrinhas.

Figura 7 - Ribeirão Guaratinguetá, à direita e Ribeirão Lemes, à esquerda.

Fonte: Autora

Reservatórios
O sistema de abastecimento do município de Guaratinguetá conta com 29
reservatórios atualmente, descritos a seguir, com seus respectivos bairros abastecidos:
CR 01/10 – Reservatório Geral Caixa Velha (Setor 10): Centro, Chácara Selles, Jardim
Padroeira, Vila Santa Maria, Alto São João, Campo do Galvão, Mercado Municipal, Vila
Alves, Ilha dos Ingás, Residencial Augusto Fillipo, Jardim Tamandaré, Figueira, Pedreira,
Antonio Paula Santo, Jardim Nova Era, Morro Frio e Olaria José Benedito.
CR 01/20 – Reservatório Geral Caixa Velha (Setor 20): Campinho, Vil Broca, Santa Rita,
Vila Antunes, Vila São José, São Benedito, Vila Angelina e Jardim Modelo.
CR 01/30 – Reservatório Geral Caixa Velha (Setor 30): Jardim Bela Vista, São Dimas, Jardim
Esplanada, Adhemar de Barros, Pedregulho, Jardim Pérola, Vila Galvão, Cecap, Jardim
Coelho Neto, Jardim Independencia e Village Santana.
CR 01/40 – Reservatório Geral Caixa Velha (Setor 40): Vila Paraíba, Nova Guará, Alberto
Byngton, Afonso José C. Neto e Morro Frio.
32

CR 03/20 – Reservatório Geral Caixa Nova (Setor 20): Chácara Santa Maria, Jardim
Primavera, Chácara Vitor, Vila Paulista, Vila Brasil, Engenheiro Neiva e Vila Regina.
CR 03/40 – Reservatório Geral Caixa Nova (Setor 40): Chácara Agrícolas, Jardim do Vale I e
II, Beira Rio I e II, Portal das Colinas, Jardim Esperança, Cohab Bandeirantes, Parque do Sol,
Parque das Alamedas, Nova Guará, Mirante do Vale e Afonso José C. Neto.
CR 03B/30 – Reservatório Geral Caixa Nova (Setor 30): Jardim Panorama I e II, São Dimas,
Village Santana, Village Mantiqueira e Residencial Hípica.
CR 04B/10 – Reservatório Sucupira: Sucupira e Jardim Tamandaré.
CR 05B/10 – Reservatório Alto São João: Alto São João e David F. Coelho.
CR 05C/10 – Reservatório Alto São João: Alto São João e David F. Coelho.
CR 06B/20 – Reservatório do Clube dos 500: Clube dos 500
CR 06C/20 – Reservatório do Clube dos 500: Residencial Shangri-la, Vila Bela,
Internacional, Chácara Paturi, Jardim Vista Alegre, Vila Rosa, Granja Paturi, Polo Industrial e
Rodovia (Dutra).
CR 07/30 – Reservatório Elevado ETA Xavantes: Vila Eliana Maria, Pedregulho, Parque das
Árvores, Jardim Ícaro, Residencial Nino, Jardim Aeroporto, Vila Mollica, Jardim Rony,
Comendador R. Alves, Dr Walter Arantes, Vila Coronel Bento Ribeiro, Residencial Costa e
Silva, Vila Indiana, Cooperi, Chácara Santana, Colonia do Piagui, São Manoel e Loteamento
Cappio.
CR 08B/30 – Reservatório Parque São Francisco: Dr Andre Broca Filho, Parque São
Francisco e Santa Clara.
CR 09B/30 – Reservatório do poço artesiano Parque Santa Clara: Santa Clara.
CR 10A/30 – Reservatório Jardim Santa Luzia: Santa Luzia.
CR 10B/30 – Reservatório Jardim Santa Luzia: Santa Luzia.
CR 11A/30 – Reservatório Montes Verdes: Bom Retiro e Montes Verdes.
CR 12/30 – Reservatório Parque das Garças: Bom Jardim e Parque das Garças.
CR 13B/30 – Reservatório Los Angeles: Bosque dos Ipês, Los Angeles, Mato Seco, Pingo de
Ouro e São Sebastião.
CR14A/30 – Reservatório do poço artesiano Comerciários: Vila dos Comerciários I e II.
CR 15A/30 – Reservatório Vila Municipal: Vila Municipal I e II.
CR 16A/20 – Reservatório do poço artesiano Vila Ofélia: Vila Ofélia.
CR 17A/20 – Reservatório Jardim Modelo: Jardim Modelo.
CR 23/30 – Reservatório Pedrinha: Pedrinha e Taquaral.
CR 24/10 – Reservatório Rocinha: Rocinha
33

CR 25E – Reservatório do poço artesiano João Daniel: João Daniel


CR 33A/10 – Reservatório do poço artesiano Engenho d’Água: Engenho d’Água.
CR 00/30 – Reservatório Lemes: Santa Edwirges, Capituba, Pilões e Lemes.

Macromedidores
O sistema de distribuição de água do município de Guaratinguetá conta com 12
macromedidores, sendo eles localizados no Engenho d’Água, Rocinha, Vila Ofélia, Santa
Clara, Santa Luzia, São Manoel, João Daniel, Resedas, 2 medidores no Pedregulho e mais 2
nas Pedrinhas.

4.4 Metodologia para a análise das perdas de água

O diagnóstico qualitativo foi realizado junto ao setor de Combate a Perdas de Água da


SAEG, por meio de levantamentos de campo no bairro Santa Luzia, nos dias 14 e 15 de
agosto de 2015, com o objetivo de obter informações sobre o sistema de distribuição de água
e a detecção de pontos de vazamento. Para a detecção de vazamentos foi utilizada a haste de
escuta mecânica, em cada residência deste bairro.
Os funcionários responsáveis por este trabalho de campo devem ser qualificados e
treinados para conseguir identificar quando o som corresponde a um provável vazamento.
Quando há suspeita de vazamento é utilizado o geofone, que também se baseia na acústica,
mas apresenta maior sensibilidade e facilidade de locomoção e o vazamento pode ser
localizado e consertado.
Houve também uma busca de informações sobre a idade e o tipo de material utilizado
nas tubulações do sistema de abastecimento de água de todo o município, como forma de
identificar o tempo de uso e a necessidade de substituição.
Para o diagnóstico das perdas de água foi comparado o volume de água que sai de um
reservatório com a somatória do volume que chega às residências. O volume de água
disponibilizado é medido por meio de um macromedidor disposto na saída do reservatório.
Alguns macromedidores possuem sistemas automatizados que registram nos dias
determinados qual foi o volume disponibilizado. No caso da SAEG, a leitura é feita por
funcionários da Equipe de Combate às Perdas, que anotam o valor no mesmo dia em que as
leituras dos hidrômetros das residências são feitas. O volume que chega às residências, gerado
pela micromedição, é obtido pelo Setor Comercial da SAEG, por meio do somatório dos
valores obtidos dos hidrômetros dos usuários. Para uma primeira análise, é aplicada a equação
do Índice de Perdas.
34

Para a comparação do custo para a exploração e tratamento de água de Guaratinguetá,


o cálculo baseia-se em Indicadores Econômicos definidos pelo Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), conforme descrito a seguir.

IN026 = (2)

Em que:
IN026: Despesa de exploração por m³ faturado;
FN015: Despesas de exploração (DEX);
AG011: Volume de água faturado;
ES007: Volume de esgoto faturado.

O fator FN015 (Despesa de exploração) é composto pelos seguintes itens:


FN010 - Despesa com pessoal próprio
FN011 – Despesa com produtos químicos
FN013 – Despesa com energia elétrica
FN014 – Despesa com serviço de terceiro
FN020 – Água importada
FN021 – Despesas fiscais ou tributárias computadas na DEX
FN027 – Outras despesas de exploração
FN039 – Esgoto exportado

Com o valor obtido de IN026, é possível avaliar os custos mensais aproximados da


empresa, mesmo com apenas o valor total Micromedido (VMicro), considerando que a média
nacional de perdas no sistema de distribuição é de 39% (IBNET, 2011).
35

Para isso, estima-se primeiramente o Volume Macromedido (VMacro) e, em seguida,


o Volume de Perdas (Vp), da seguinte forma:

VMicro = VMacro - 0,39 VMacro = 0,61 VMacro (3)

Manipulando a Equação 3 para que VMacro fique em função de VMicro, tem-se:

VMacro = VMicro/0,61

E, portanto, com os valores Macro e Micromedidos, pode-se calcular o Volume de


Perdas Vp:

Vp = VMacro – VMicro (4)

Em seguida, multiplica-se o Vp pelo índice que indica o custo de exploração e


tratamento, IN026.
36

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Classificação do sistema de abastecimento de água de Guaratinguetá

De acordo com dados obtidos da FUNASA (2014), o município de Guaratinguetá


enquadra-se na Classe 03 de sistema de abastecimento de água, pois possui uma população
urbana entre 100 e 500 mil habitantes.
Dessa forma, a recomendação do Sistema de Macromedição Quantitativo Mínimo para
a Classe 03, conforme a FUNASA(2014), e considerando as características do sistema de
Guaratinguetá, é a seguinte:

Macromedidor de Vazão para o Sistema de Produção: o sistema principal estudado


enquadra-se neste caso em “várias linhas adutoras de água bruta que se encontram em uma
caixa de reunião ou em uma linha de adução”, e as medidas das fontes de produção/captação
devem ser realizadas na saída desta caixa. Nos sistemas onde há poços artesianos, deve-se
prever pontos para a medição de vazão de forma permanente na saída das captações de água
subterrânea para acompanhar sua operação e o estado do aquífero.
Para Guaratinguetá, portanto, recomenda-se instalar um Macromedidor na saída da
caixa de reunião. Como são 6 poços artesianos, deve-se medir em cada uma das 6 captações
de água.
Macromedidor de Vazão para o Sistema de Distribuição: Recomenda-se medir
prioritariamente as entradas de todos os reservatórios de distribuição, sempre ou quando suas
áreas de influência estiverem estanques (isoladas de entrada de água).
Para o caso estudado, são 29 reservatórios a serem Macromedidos.
Macromedidor de Pressão para o Sistema de Produção e Distribuição: Recomenda-se a
localização dos pontos de medição não permanentes na tubulação de sucção e na de descarga
e instalação do medidor o mais próximo possível das flanges. Além disso, recomenda-se
localizar em cada zona de pressão pontos de medição não permanentes de pressão nos trechos
mais desfavoráveis da rede (ponto de pressão estática máxima e de dinâmica mínima). Se
houverem VRPs, recomenda-se instalar na entrada e na saída das mesmas.
Não há atualmente um estudo sobre a localização e necessidade de instalação dos
macromedidores nos pontos citados.
No total são 36 Macromedidores recomendados, além do estudo dos pontos desfavoráveis da
rede.
37

5.2 Custos do tratamento de água na ETA de Guaratinguetá

O custo para o tratamento de água na ETA de Guaratinguetá envolve itens como a


despesa de exploração, que inclui desde a energia elétrica do sistema de abastecimento, até a
despesa com funcionários.
Sobre o estudo de caso da SAEG no ano de 2013 e utilizando dados retirados das
planilhas de Informações e Indicadores do SNIS, o cálculo do indicador “Despesa de
Exploração por m³ faturado” (IN026), pode ser calculado pela Equação 2:

IN026 =

O fator FN015 é composto pelos seguintes valores em reais na empresa SAEG no ano
de 2013:

FN010 - Despesa com pessoal próprio: R$ 6.092.911,93


FN011 – Despesa com produtos químicos: R$ 763.371,85
FN013 – Despesa com energia elétrica: R$ 2.065.421,46
FN014 – Despesa com serviço de terceiro: R$ 11.011.876,41
FN020 – Água importada: R$ 0,00
FN021 – Despesas fiscais ou tributárias computadas na DEX: R$ 799.288,37
FN027 – Outras despesas de exploração: R$ 0,00
FN039 – Esgoto exportado: R$ 0,00

Realizando a somatória dessas despesas, o resultado é: R$ 20.732.870,02


FN015 = 20.732.870,02
Ainda sobre o ano de 2013, a SAEG teve:
AG011 = 8.523.090,00 e
ES007 = 8.069.700,00
Portanto, o valor de IN026 pode ser calculado:
20.732.870,02
IN026 = 8.523.000,09+8.069.000,70

IN026 = R$ 1,2495 m-3


38

O cálculo mostra que o custo para a exploração da água é de R$ 1,25 m-3, resultado
que pode ser também consultado na Tabela do SNIS.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, verificou-se que o custo para a
exploração de água no município de Guaratinguetá de R$ 1,25 m-3 se manteve abaixo da
média de custos de outros municípios do Vale do Paraíba que é de R$ 1,52 m-3, cujo número
de habitantes e consumo per capita de água são semelhantes, por volta de 170 L hab-1dia-1.
Também foi possível observar que a SABESP apresentou o maior valor de indicador de
despesa de exploração, enquanto o menor valor foi alcançado pela SAAE, de Jacareí.

Tabela 3 – Comparativo da despesa de exploração por m³ de água de municípios do Vale do Paraíba (SP).
Empresa nº habitantes Consumo per capita Despesa de
Município -1 -1
responsável (mil hab.) (L hab dia ) exploração (R$ m-3)
Guaratinguetá SAEG 115 169,70 1,25
Caçapava SABESP 91 173,86 1,91
Jacareí SAAE 187 198,47 1,15
Lorena SABESP 87 155,73 1,46
Pindamonhangaba SABESP 103 156,14 1,84
Fonte: SNIS (2013)

5.3 Diagnóstico do setor de combate às perdas

O setor de Combate às Perdas de Água da SAEG ainda está no início de suas


atividades. A aparelhagem necessária é relativamente simples e já foi adquirida, entretanto, a
equipe não a utiliza para os devidos fins.
As características das tubulações, como extensão, idade, material e diâmetro, não
foram fornecidas para o presente estudo.
A pesquisa de campo realizada no bairro Santa Luzia, nos dias 14 e 15 de agosto de
2015 e a análise dos dados de Macro e Micromedição disponibilizados, possibilitou
diagnosticar parte da situação do sistema de distribuição de água do setor Santa Luzia.
O primeiro problema encontrado foi no macromedidor mostrado na Figura 8, pois
analisando os volumes de água dos meses de abril, maio, junho e julho do ano de 2015,
verificou-se que os valores registrados foram quatro vezes inferior à somatória dos
micromedidores, ou seja, é como se entrasse um volume de água, mas fosse consumido cerca
de 4 vezes mais, como pode ser observado na Tabela 4. Portanto, o macromedidor apresenta
defeito, que pode ser devido ao mau dimensionamento ou devido ao tempo de uso.
39

Tabela 4 - Macro e micromedição de água no Bairro Santa Luzia, Guaratinguetá (SP).


Mês Macro (m³) Consumo (m³)
Abril 4579 15211
Maio 3790 15487
Junho 3622 15121
Julho 3813 15343
Fonte: SAEG (2015).

Figura 8 - Macromedidor do bairro Santa Luzia, Guaratinguetá (SP).

Fonte: Autora

Sobre os valores de consumo, para uma visualização numérica das perdas de água em
Guaratinguetá,
- Estimando-se a perda de 39% (média brasileira) para o bairro, aplica-se as equações 3 e 4,
conforme o exemplo para o mês de Abril:

VMacro = VMicro/0,61
VMacro = 15.211 / 0,61 = 24.936,07 m3
Vp = VMacro – VMicro
Vp = 24.936,07 – 15.211 = 9.725,07 m3

Aplicando o mesmo procedimento para os outros meses, tem-se a Tabela 5:

Tabela 5 - Volumes Perdidos estimados de Abril a Julho


Mês VMicro (m3) Vp(m3)
Abril 15211 9725,07
Maio 15487 9901,52
Junho 15121 9667,52
Julho 15343 9809,46
Fonte: Autora
40

Obtemos, então, o Valor Perdido médio de 9.775,89 m3 mes-1 de água.


- Aplicando o indicador de despesa de exploração IN026 = R$ 1,25 m-3, tem-se:
9.775,89 x 1,25 = R$ 12.219,86
Isso significa que somente no bairro Santa Luzia, o prejuízo devido à perda de água foi
estimado em R$ 12.219,86 por mês.

- Estendendo-se ainda essa estimativa para um ano, tem-se: 12.219,86 x 12 = R$ 146.638,32


por ano.
Não foi possível calcular o valor real das perdas de água no sistema de distribuição
devido à falta de dados, ocasionado pelo defeito apresentado pelo macromedidor do setor
Santa Luzia.
Santos (2008) propôs a readequação do sistema de distribuição de água do setor
Interlagos, no município de São Paulo, sob a responsabilidade da SABESP. Para isso, este
autor caracterizou o consumo residencial, comercial e industrial e a infraestrutura da rede,
considerando o diâmetro, o material, a extensão e a idade das tubulações. Com essa base de
dados foi calculado o volume total macromedido em um ano, que corresponde ao ponto de
partida para um estudo de controle de perdas de água no sistema de distribuição. Com a
metodologia proposta para o combate às perdas d’água, que inclui instalação, adequação
(substituição) e monitoramento de VRPs, reativação de ligações inativas, troca de hidrômetros
e mapeamento e conserto de vazamentos; esse autor estimou uma redução de 9% da perda de
água em 105 dias de operação.
No presente estudo, durante o levantamento sobre as perdas de água em algumas ruas
do bairro Santa Luzia, foi verificado que na grande maioria das residências, os hidrômetros
foram dispostos do lado interno e com muro fechado, dificultando a leitura dos dados, além
disso, muitos moradores estavam ausentes ou não abriram o portão para a equipe de controle
de perdas de água da SAEG, como mostra a Figura 9. Portanto, a visualização do medidor e,
consequentemente, o levantamento dos pontos de vazamento, só pode ser realizado quando
havia alguém em casa, o que impossibilitou a execução do trabalho de forma eficaz. Na figura
8 também pode ser observada a localização adequada de um hidrômetro no bairro Santa
Luzia.
41

Figura 9 - Hidrômetro localizado no interior da residência, dificultando a leitura e a identificação de vazamentos


pela equipe da SAEG (a) Hidrômetro com instalação adequada, facilitando a leitura, a identificação de
vazamentos e a prevenção de fraudes pela equipe da SAEG (b e c).

(a) (b) (c)


Fonte: Autora

A haste de escuta mecânica foi utilizada em cada residência do bairro Santa Luzia e
quando houve suspeita de vazamento, foi empregado o geofone, conforme a Figura 10, para
identificação do mesmo e posterior conserto.

Figura 10 - Geofone utilizado para a localização de vazamento para posterior conserto.

Fonte: Autora

Não foi possível realizar o diagnóstico quantitativo das perdas de água no sistema de
distribuição devido a vários fatores. Entre estes, vale destacar que o tempo de análise foi
muito pequeno, pois a coleta de dados dos macromedidores por fontes confiáveis que estão de
posse da SAEG foram iniciados em março de 2015. Além disso, os maiores bairros de
Guaratinguetá, que possuem macromedidor, de tubulações mais antigas e mais propícias a
vazamentos são os bairros Pedregulho e Santa Luzia, e em ambos os macromedidores estão
com defeitos. Por outro lado, outros bairros, com o sistema fechado, como a Vila Ofélia, que é
abastecida por poço artesiano, não possui grandes extensões, apresenta baixo índice de
42

fraudes e de tubulação relativamente nova, ou seja, o dimensionamento foi feito com mais
cuidado e não possui potencial de perda de água significativo.

5.4 Proposição de medidas de combate às perdas

Como primeira medida de controle de combate às perdas de água, deve-se


prioritariamente medir os volumes de água do sistema, pois apenas dessa forma é possível
constatar um problema. Para um município como Guaratinguetá, com sistema de
abastecimento de água classe 3 recomenda-se:

- Instalação de macromedidor na saída da caixa de reunião das linhas adutoras de água bruta
na ETA;
- Instalação de macromedidor na entrada de todos os reservatórios de distribuição;

- Mudança dos hidrômetros residenciais para a parte frontal da casa, com proteção e lacre para
evitar ligações clandestinas e fraudes;

- Monitoramento dos macromedidores instalados e conserto ou substituição dos que foram


constatados defeituosos, como os dos bairros Santa Luzia e Pedregulho;

- Realizar pesquisas de vazamento nas ruas onde forem verificadas perdas significativas de
água, procurando sempre uma eficiência nos consertos no quesito agilidade e qualidade do
reparo.

- Realizar estudos de viabilidade para estabelecer novos Distritos de Medição e Controle;

- Aumentar a setorização do sistema e possibilitar a instalação de Válvulas de Redução de


Pressão;

- Substituir hidrômetros e mapear os vazamentos, como foi realizado no trabalho de Santos


(2008).

A substituição de tubulações mal dimensionadas, com material inadequado ou com


idade acima da recomendada, pode ser realizada seguindo a metodologia proposta por
Sarzedas (2009), aplicada à Região Metropolitana de São Paulo, que abordou itens
importantes como:

- Taxa de fraturas em tubulações do período de 1996 a 2007;

- Variação mensal dos vazamentos reparados de 2002 a 2007, onde o autor constatou que nos
meses de inverno foram verificados mais vazamentos;
43

- Vazamentos reparados por faixa de diâmetro, demonstrando que quanto menor o diâmetro,
maior a ocorrência de vazamentos;
- Taxa de quebra por década de implantação;
- Taxa de quebra por material inadequado usado na tubulação, onde o cimento amianto é o
que apresenta maior taxa de quebra, apesar de pouco utilizado (2,7% na região avaliada);
- Taxa de quebra por via pública, onde a maior taxa ocorre em vias arteriais (de tráfego
pesado a muito pesado) e;
- Taxa de quebra por faixa de pressão da água.

Este autor utilizou um modelo para previsão de falhas, baseado em um histórico de


vazamentos, um modelo de previsão do tempo ótimo de substituição, cujo cálculo considera o
custo mínimo, que resulta da soma do custo de manutenção e de implantação, e um
planejamento de longo prazo. Para isso, foi utilizado o cadastro da rede de distribuição com
dados demonstrados na forma de gráficos e a análise da confiabilidade hidráulica que, por
meio de programas computacionais, possibilita a identificação de falhas no sistema que
podem prejudicar o abastecimento.
44

6 CONCLUSÕES

O potencial de perdas no sistema de distribuição de água do município de


Guaratinguetá (SP) é elevado, pois devido à ausência de monitoramento dos macromedidores
já instalados e à falta de alguns que deveriam existir, há uma baixa eficiência na detecção de
vazamentos não-visíveis. Tais problemas são detectados apenas quando os usuários reclamam
de falta de água na residência. Além disso, o fato de não existir um Sistema de Informações
organizado, com as características das tubulações da rede (como idade, material, diâmetro),
contribuem para o potencial de perdas, pois não há previsão de substituição de tubulações, o
que pode acarretar maiores problemas na rede.
O controle de perda de água do sistema de abastecimento público no município de
Guaratinguetá é precário, sendo necessária a adoção de medidas para ser melhorado. O setor
de combate a perdas de água da SAEG possui funcionários capacitados por cursos certificados
de controle e combate às perdas e equipamentos de pesquisa de vazamentos adequados. O que
falta é a manutenção dos equipamentos, como macromedidores que possibilitem o cálculo da
diferença entre os volumes macromedidos e os micromedidos, necessário para constatar a
ocorrência de problemas.

O valor estimado de perdas por bairro em um ano foi de R$ 146.638,32. Tal valor
poderia ser convertido em investimentos para melhorias no próprio sistema.

Observa-se que a perda de água no sistema de distribuição municipal é um assunto


relativamente novo e não possui obrigatoriedade e fiscalização por parte do governo, mesmo
que este tenha projetos de modernização do sistema, cabendo à própria empresa decidir se é
importante ou não o investimento no combate às perdas de água.

As medidas mitigadoras para que o sistema de abastecimento de água do município de


Guaratinguetá tenha um controle eficaz das perdas de água são: a instalação de mais
macromedidores, atendendo o que é recomendado: 36 Macromedidores, substituição de
hidrômetros defeituosos e padronização (alocação na frente da residência e colocação de
lacres para impedir fraudes), pesquisa de vazamento nos setores que apresentarem grandes
perdas, estudos de viabilidade de setorização (DMCs) e posterior instalação de VRPs,
adequação das tubulações, por meio de um planejamento para a substituição, e
conscientização da empresa, que deverá manter uma base de dados confiável, elaborada por
funcionários capacitados para o monitoramento das perdas de água do sistema.
45

REFERÊNCIAS

AGENCIA NACIONAL DAS AGUAS – ANA.


<http://www2.ana.gov.br/Paginas/acessoainformacao/institucional.aspx> Acesso em
18/09/2015

AGUIAR, M. et al, Conceitos gerais, balanço hídrico e gerenciamento do controle de


perdas. 2007. 31 p. Apostila de Capacitação em Macromedição, Automação e Técnicas de
Controle e Redução de Perdas Reais, Brasília, 2007.

ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL - ABES.


Perdas em sistemas de abastecimento de água: diagnóstico, potencial de ganhos com sua
redução e propostas de medidas para o efetivo combate. Relatório técnico. São Paulo,
2013. 45 p.

BORSOI, Z. M. F. et. al, A política de recursos hídricos do Brasil.


<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Publicacoes/Consulta_E
xpressa/Setor/Meio_Ambiente/199712_13.html> Acesso em 17/09/2015

CHIARA, C. T., O Programa Corporativo de Redução de Perdas da Sabesp: Situação Atual e


Desafios. Revista SANEAS, São Paulo, 2015. 50 p.

COMPANHIA DE SERVIÇO DE AGUA, ESGOTO E RESIDUOS DE GUARATINGUETA


– SAEG. < http://www.saeg.net.br/saeg> Acesso em 16/07/2015

FERREIRA, G. L. B. V. et al, Fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.


2006. 11 p. Bauru, 2006

FIGUEIRA, R. B., A bacia hidrográfica como unidade de análise e gestão do território: o


caso da Bacia do Rio Mato Grosso, Saquarema/RJ. 2013. 19 p. Rio de Janeiro, 2013.

FUNDAÇAO NACIONAL DE SAUDE – FUNASA. Redução de Perdas em Sistemas de


Abastecimento de Água. Brasília, 2014. 176 p.

HAUBERT M. A região Sudeste vive a pior crise hídrica em 84 anos, afirma ministra
<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/01/1579680-regiao-sudeste-vive-a-pior-crise-
hidrica-em-84-anos-afirma-ministra.shtml> Acesso em 29/05/2015
46

HENKES, S. L. Histórico Legal e Institucional dos Recursos Hídricos no Brasil, Revista Jus
Navigandi, Teresina, 2003. <http://jus.com.br/artigos/4146> Acesso em: 13/11/20150

IBNET. Country Profile Brazil <http://database.ib-


net.org/country_profile?ctry=119&years=2014,2013,2012,2011,2010&type=report&ent=coun
try&mult=true&table=true&chart=false&chartType=column&lang=en&exch=1> Acesso em
02/06/2015

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE.


<http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=351840> Acesso em 16/07/2015

MOTTA, R. G., Importância da setorização adequada para combate as perdas reais de


água de abastecimento público. 2010, 176 p. Dissertação para Mestrado (Engenharia
Hidráulica) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm> Acesso em 09/11/2015

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – PNRH


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm> Acesso em 09/11/2015

SANEAS. São Paulo: AESabesp, 2015. Anual.

SANTOS, R. B. Perdas de água no sistema para abastecimento publico. 2008. 68p.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Anhembi
Morumbi, São Paulo, 2008.

SARZEDAS, G. L., Planejamento para a substituição de tubulações em sistemas de


abastecimento de água. Aplicação na rede de distribuição de água da Região
Metropolitana de São Paulo. 2009. 114 p. Dissertação para Mestrado (Engenharia Civil) –
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇOES SOBRE SANEAMENTO – SNIS.


Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos. Brasília, 2014. 181 p.

THORNTON, J. et al, Estruturação do Programa de Controle e Redução de Perdas.


Brasília, 2014. 176 p.
47

TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 2006. 643 p. Departamento de Engenharia


Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006

VIEGAS F., J. S. A Gestão de Recursos Hídricos e o papel das Microbacias nesse


contexto. 2013. 14 p. Passo Fundo, 2013

Você também pode gostar