2021 GlauberJesus

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Projeto de um inversor fotovoltaico grid-tie

sem transformador de isolamento

Glauber Jesus Loiola

Orientador:Thiago Ribeiro de Oliveira


1 Introdução
1.1 Contextualização
A utilização de painéis fotovoltaicos como fonte geradora de energia elétrica têm
crescido consideravelmente ao longo dos últimos anos. Só no Brasil, estima-se que
haverá um aumento da participação da energia solar na composição da matriz
elétrica de 2% para 8% entre os anos de 2019 e 2029, segundo estudos da Empresa
de Pesquisa Energética [1]. Esta expansão tem sido impulsionada tanto pela
necessidade de redução de emissão de gases de efeito estufa, cada vez mais
relevante num cenário de mudanças climáticas possivelmente catastróficas, quanto
pelo aumento do custo-benefício da instalação de usinas solares, devido à redução
dos preços de produção de células fotovoltaicas e dos inversores que as
acompanham.
A expansão da geração fotovoltaica tem ocorrido simultaneamente tanto pela
construção de fazendas solares, algumas com capacidade de produção de centenas a
milhares de Megawatts, quanto pela instalação de usinas locais, de pequeno porte,
utilizadas em sua grande parte para produção de energia de uma única residência ou
estabelecimento comercial. A construção de usinas de pequeno porte tem ocorrido,
majoritariamente, de forma conectada ao sistema elétrico (on-grid). Essa preferência
de conexão se justifica pelo menor custo de instalação e pela maior eficiência
energética, em comparação a sistemas isolados (off-grid), que necessitam de um
banco de baterias para armazenamento de energia.
Existem diversas topologias de inversores para aplicação em sistemas
fotovoltaicos on-grid. Dentre estas topologias, o uso de inversores fotovoltaicos sem
transformadores se popularizou em aplicações com inversores centrais (quando há
associação de mais de um painel fotovoltaico para um mesmo inversor), devido a
características vantajosas apresentadas, como o pequeno tamanho físico do inversor,
sua alta eficiência, e seu baixo custo de produção. Considerando-se estas
características, foi escolhida uma topologia de inversor sem transformador para o
projeto e simulação de um sistema fotovoltaico grid-tie como tema do trabalho de
conclusão de curso.
1.2 Objetivos
O seguinte trabalho de conclusão de curso consiste no projeto e na simulação de
um inversor fotovoltaico monofásico para aplicação em um sistema
residencial/comercial grid-tie, utilizando-se uma topologia com ausência de
transformador de isolamento. A metodologia do trabalho se inicializará com a
escolha da topologia do inversor fotovoltaico, com posterior projeto dos
componentes do inversor e do filtro de saída. Em seguida, será realizado o projeto
das malhas de controle do inversor, com posterior simulação do circuito no software
PSIM para verificação dos resultados.
No lado de entrada do sistema, a malha de controle deverá ser capaz de extrair a
máxima potência possível dos painéis fotovoltaicos, por meio de um controle MPPT.
Por sua vez, no lado de saída, as malhas de controle devem garantir tanto o controle
do nível de tensão no barramento CC, quanto o controle de características na saída
do inversor, sendo estas o controle dos fluxos de potência ativa e reativa entre o
inversor e a rede elétrica, a sincronização da tensão de saída do inversor com a
tensão da rede, e a qualidade da potência injetada na rede, garantindo que a
distorção harmônica da corrente e a corrente CC injetadas na rede não ultrapassem
os valores delimitados pelas normas IEEE 1547 e ABNT 16149.

1.3 Organização do trabalho


O trabalho de conclusão de curso está organizado em 6 capítulos. O primeiro
capítulo apresenta uma introdução sobre o tema do trabalho. No segundo capítulo é
realizada uma revisão bibliográfica sobre topologias de inversores fotovoltaicos sem
transformador, sobre técnicas de controle MPPT e sobre normas de conexão de
sistemas de geração distribuída com a rede elétrica. O terceiro capítulo apresenta
um embasamento teórico de suporte para o desenvolvimento do trabalho. No
quarto capítulo a metodologia do projeto do inversor fotovoltaico é demonstrada.
No quinto capítulo os resultados das simulações são apresentados e discutidos. Por
fim, o sexto capítulo conclui o trabalho de conclusão de curso por meio de uma
síntese dos assuntos abordados na monografia.
2 Revisão Bibliográfica
O presente capítulo está subdividido em 3 seções. Na primeira seção é feita uma
revisão bibliográfica acerca de técnicas de controle MPPT, na segunda uma revisão
sobre topologias de inversores fotovoltaicos sem transformador, utilizados para
aplicações residenciais/comerciais. Já na terceira subseção é apresentada uma
revisão bibliográfica acerca de normas e padrões de conexão de sistemas de geração
distribuída com a rede elétrica.

2.1 Técnicas de rastreamento do ponto de máxima potência


Em um sistema de geração fotovoltaico, a potência elétrica fornecida pelos painéis
varia com a tensão entre os seus terminais, relação demonstrada por curvas
características de Potência X Tensão. A relação da potência fornecida em função da
tensão nos painéis depende tanto de características intrínsecas do conjunto, quanto
de características atmosféricas locais (irradiação solar e a temperatura). Para cada
condição de temperatura e irradiância, há uma curva característica de potência, e
para cada respectiva curva há um valor de tensão cuja utilização resultará na maior
produção de potência possível. Na figura 2.1, é apresentado um exemplo de curvas
de potência em função da tensão de um painel fotovoltaico para diferentes
condições de irradiação solar.

Figura 2.1: Exemplo de gráficos de potência em função da tensão para diferentes


irradiâncias.

Com o objetivo de se otimizar a extração de potência de sistemas de geração


fotovoltaica, diversas técnicas para o rastreamento do ponto de máxima potência
foram desenvolvidas. Dentre os algoritmos desenvolvidos, escolheu-se quatro
algoritmos pela sua popularidade de uso para revisão bibliográfica no trabalho de
conclusão de curso, sendo estes o algoritmo de fração da tensão de circuito aberto, o
algoritmo de fração da corrente de curto circuito, o algoritmo perturba e observa e o
algoritmo de condutância incremental.

Algoritmo de fração da tensão de circuito aberto

Considerada uma das técnicas de rastreamento MPPT de mais simples


implementação, o algoritmo de fração da tensão de circuito aberto utiliza como base
de seu funcionamento uma relação quase linear entre a tensão de circuito aberto
(V​OC​) e a tensão de máxima potência (V​MP​) dos painéis para diferentes condições de
irradiância e temperatura. Esta relação é expressa na equação 2.1, em que a
constante k​OC​ depende das características intrínsecas dos painéis utilizados.

V​MP​=k​OC​ *V​OC​ (2.1)

A constante k​OC é obtida empiricamente através da medição de V​OC e de V​MP para


diferentes condições de temperatura e irradiância, permitindo a escolha de um valor
mais adequado para o sistema fotovoltaico utilizado. O ponto de operação neste
método é obtido a partir de periódicas medições de V​OC​, através da desconexão
momentânea do painel do inversor fotovoltaico. Este método apresenta como
desvantagens as perdas energéticas proporcionadas pelas desconexões periódicas
durante a medição de V​OC​, e a não operação no verdadeiro ponto de máxima
potência, devido à aproximação matemática utilizada pelo algoritmo. Como
vantagens apresenta boa velocidade de operação, facilidade de implementação e o
seu baixo custo [3][4].

Algoritmo de fração da corrente de curto circuito

A técnica MPPT de fração da corrente de curto circuito possui princípio de


funcionamento semelhante à técnica de fração da tensão de circuito aberto,
utilizando-se de uma relação quase linear entre a corrente de máxima potência (I​MP​)
e a corrente de curto circuito do sistema fotovoltaico (I​SC​), expressa pela equação 2.2,
em que a constante k​SC​ é obtida experimentalmente.

I​MP =​ k​SC​*I​SC​ (2.2)


Para medição de I​SC​, realiza-se um curto circuito entre os terminais do painel
periodicamente, possibilitando a atualização do valor de I​MP​. Este algoritmo possui
melhor rendimento energético comparativamente ao método de fração da tensão de
circuito aberto, apresentando em contrapartida maiores custos de implementação.
Possui as mesmas desvantagens do algoritmo de fração da tensão de circuito aberto,
não atingindo o real ponto de máxima potência (M​PP​) e com perdas energéticas
durante as medições de I​SC​, devido à interrupção momentânea na geração de
energia.

Algoritmo perturba e observa

O algoritmo perturba e observa é uma das mais simples técnicas MPPT


desenvolvidas [4]. Seu funcionamento se baseia em alterações periódicas e de valor
constante ( Δ V) na tensão de referência dos painéis fotovoltaicos (V​REF​), percorrendo
a curva de Potência X Tensão do painel com o intuito de aproximar V​REF com a tensão
de máxima potência (V​MP​). Após cada perturbação no valor de V​REF​, a potência nos
terminais dos painéis é medida e comparada com a potência anterior. Caso a
potência atual seja maior que a anterior, o sentido de variação da tensão de
referência é mantido, e em caso contrário, o sentido de variação da referência é
invertido. O funcionamento do algoritmo está representado no diagrama da figura
2.2.
Figura 2.2: Algoritmo Perturba e observa

O algoritmo perturba e observa apresenta duas desvantagens características. A


primeira desvantagem relaciona-se com a escolha do tamanho de Δ V, que impacta a
eficiência energética do sistema em diferentes situações, em um trade off. Valores
grandes de Δ V possibilitam pequenos tempos de acomodamento em torno do V​MP​,
melhorando a resposta do sistema a variações atmosféricas. Em contrapartida, a
escolha de um Δ V grande resulta em maiores oscilações em torno do V​MP​,
diminuindo a eficiência energética do sistema como um todo. Este problema pode
ser mitigado com a modificação do algoritmo, passando a se utilizar mais de um valor
de Δ V, a depender da proximidade da referência com o V​MP​. A segunda
desvantagem característica do algoritmo perturba e observa é a possibilidade de
erros no rastreamento do M​PP​, em situações de grande variação no valor de V​MP num
curto intervalo de tempo.

Algoritmo de condutância incremental

A última técnica MPPT apresentada nesta revisão bibliográfica é o algoritmo de


condutância incremental. Neste algoritmo, utiliza-se a derivada da potência do painel
em função da tensão como base para o rastreamento do M​PP​. O desenvolvimento da
equação 2.3 possibilita que se expresse a derivada da potência em função da
condutância instantânea ( I /V ) e da condutância incremental ( dI/dV ).

dP /dV = d(IV )/dV = I + V dI/dV


(1/V ) * dP /dV = I /V + dI/dV (2.3)

Como a derivada da potência é nula quando V​REF é igual à V​MP​, é positiva quando
V​REF está à esquerda do V​MP e é negativa quando o V​REF se encontra à direita de V​MP​,
pode-se utilizar os valores da condutância incremental e da condutância instantânea
para indicar a posição relativa de V​REF em relação ao M​PP​, expresso nas equações 2.4,
2.5 e 2.6.

dI/dV = − I /V ; No M​PP​ (2.4)


dI/dV > − I /V ; À esquerda do M​PP​ (2.5)
dI/dV < − I /V ; À direita do M​PP​ (2.6)

A tensão e corrente são medidas periodicamente durante o funcionamento do


algoritmo, não ocorrendo alterações na tensão de referência caso se verifique que
está é igual ao V​MP​. Entretanto, caso seja verificada alguma alteração na posição da
referência em relação ao V​MP​, modifica-se o valor de V​REF com valores constantes e
periódicos de tensão ( Δ V) até que se atinja novamente o M​PP​. O funcionamento
detalhado do algoritmo está representado no diagrama da figura 2.3.
O algoritmo de condutância incremental apresenta como uma de suas principais
vantagens o seu bom desempenho em situações de rápidas mudanças nas condições
atmosféricas [3]. Entretanto, apresenta como desvantagem um maior custo
operacional quando comparado ao algoritmo perturba e observa.
Após a comparação dos métodos MPPT revisados, optou-se por utilizar o
algoritmo perturba e observa durante o projeto do inversor fotovoltaico. Esta
escolha foi realizada pois este algoritmo possui eficiência energética semelhante à
técnica de condutância incremental, apresentando em conjunto deste o melhor
desempenho energético dentre as quatro técnicas revisadas, com a contrapartida de
um circuito de controle de menor dificuldade de implementação que o algoritmo de
condutância incremental.
Figura 2.3: Algoritmo de condutância incremental

2.2 Topologias de inversores fotovoltaicos sem transformadores


Em sistemas de geração fotovoltaica conectados com a rede elétrica, por motivos
de segurança, deve-se garantir que os níveis de corrente de fuga e de corrente
contínua injetados na rede fiquem abaixo de valores pré estabelecidos. O isolamento
galvânico garante que não se injete corrente contínua na rede de distribuição
elétrica e reduz a corrente de fuga entre o painel e a rede [5]. A forma mais simples
de se garantir o isolamento galvânico no sistema fotovoltaico ocorre com a utilização
de um transformador de isolamento, seja de baixa frequência entre o inversor e a
rede, ou de alta frequência, no lado contínuo do sistema.
Apesar da sua facilidade de implementação, o uso de transformadores para
realizar o isolamento galvânico tornam os inversores fotovoltaicos maiores, mais
pesados, mais caros e diminuem sua eficiência [5][6], estimulando o uso de
topologias de inversores sem transformador que garantam que as correntes de fuga
e contínua injetadas na rede elétrica fiquem em níveis inferiores aos limites
estabelecidos pelas normas de segurança.
Nesta seção do trabalho realizou-se uma revisão apresentando o princípio de
funcionamento de três topologias de inversor fotovoltaico sem transformador, o
inversor H5, o inversor HERIC, e o inversor FB-DCBP (Full-bridge with DC Bypass).
Estas três topologias possuem em comum a adição de um ou mais transistores a um
inversor de ponte completa, transformando-o num inversor de três níveis, com a
finalidade de isolar a rede elétrica dos painéis fotovoltaicos no momento de tensão
nula na saída do inversor.

Inversor com topologia H5

Figura 2.4: Inversor com topologia H5 [6]

Patenteada em 2005 pela empresa SMA [6], a topologia H5 consiste num inversor
em ponte completa com um transistor extra adicionado entre a ponte de transistores
e o barramento CC, como demonstrado na figura 2.4. O transistor adicional é aberto
durante as passagens por zero da tensão do inversor, realizando neste momento o
isolamento entre o painel fotovoltaico e a rede elétrica. Esta característica faz com
que a topologia H5 seja também conhecida como topologia de desacoplamento CC
[5].
Neste inversor, o par de transistores S1 e S3 é chaveado com a frequência da rede
elétrica, enquanto o par de transistores S2 e S4 e o transistor S5 são chaveados em
alta frequência. A comutação dos transistores é realizada de forma que os
transistores do par superior não conduzam simultaneamente, com o transistor S1 em
condução contínua durante o semiciclo positivo da tensão da rede, e o transistor S3
em condução contínua durante o semiciclo negativo.

Figura 2.5: Inversor com topologia H5, semiciclo positivo [6]

Durante a parte positiva do ciclo, o transistor S1 conduz continuamente, os


transistores S3 e S2 ficam abertos, e os transistores S4 e S5 comutam em sincronia na
frequência de chaveamento. Desta forma, a corrente conduz pelos transistores S5,
S1 e S4 quando a tensão de saída é V​PV​, e no momento que a tensão de saída é zero,
provocado pela abertura de S5, a corrente conduz pelo transistor S1 e o diodo
antiparalelo do transistor S3. As conduções no ciclo positivo estão demonstradas na
figura 2.5.
Figura 2.6:Inversor com topologia H5, semiciclo negativo [6]

Em contrapartida, na parte negativa do ciclo, o transistor S3 conduz


continuamente, os transistores S1 e S4 ficam abertos, e os transistores S2 e S5
comutam em sincronia na frequência de chaveamento. Desta forma, a corrente
conduz pelos transistores S5, S3 e S2 quando a tensão na saída é -V​PV​, e conduz pelo
transistor S3 e o diodo antiparalelo do transistor S1 quando S5 é aberto e os
terminais de saída do inversor tem tensão nula. As conduções no ciclo negativo estão
representadas na figura 2.6.
A topologia H5 gera na saída uma tensão com três níveis, semelhante à gerada
num inversor de ponte completa com modulação unipolar. O isolamento entre o
barramento CC e a saída nos instantes de tensão nula propicia tanto a eliminação de
possíveis componentes de alta frequência causadas pelo chaveamento, quanto
impede a troca de energia reativa entre o capacitor do barramento e o filtro de
saída. Estas características, em conjunto com o chaveamento de 2 transistores em
baixa frequência, propiciam uma alta eficiência para a topologia H5, tornando-a
satisfatória para uso em sistemas fotovoltaicos.

Figura 2.7: Inversor com topologia HERIC [6]

A topologia HERIC (highly efficient and reliable inverter concept), patenteada em


2006 pela empresa Sunways [6], possui como modificação em relação ao inversor de
ponte completa a adição de dois transistores em série entre o filtro de saída e a
ponte H do inversor, como demonstrado na figura 2.7. O par de transistores serve
como curto circuito para a circulação de corrente durante as passagens por zero da
tensão na saída do inversor, isolando neste momento a rede elétrica do painel
fotovoltaico. O isolamento realizado pelo lado alternado faz com que a topologia
HERIC também seja conhecida como topologia de desacoplamento CA [5].
Neste inversor, o par de transistores S+ e S- é chaveado com a frequência da rede
elétrica, com os dois conduzindo alternadamente durante cada ciclo da tensão da
rede. Os demais transistores são chaveados com alta frequência, em pares na
diagonal, com cada par sendo chaveado em apenas metade do ciclo. Durante o
semiciclo positivo, o transistor S+ conduz continuamente e os transistores S1 e S4
são chaveados sincronamente em alta frequência. Durante a condução de S1 e S4, a
tensão de saída do inversor é V​PV e a corrente não percorre o ramo com os
transistores S+ e S-, mas quando os dois transistores são abertos, a tensão na saída
fica nula e ocorre uma circulação de corrente por S+ e o diodo antiparalelo de S-. As
possíveis comutações durante o semiciclo positivo e as circulações de corrente são
demonstradas na figura 2.8.

Figura 2.8: Topologia HERIC, semiciclo positivo[6]

No semiciclo negativo, o transistor S+ é desligado e o transistor S- conduz


continuamente. Os transistores S1 e S4 ficam abertos e os transistores S3 e S2 são
chaveados sincronamente em alta frequência. Durante a condução de S3 e S2, a
tensão de saída do inversor é -V​PV e a corrente percorre apenas por estes dois
transistores. Entretanto, no momento em que S3 e S2 são abertos, a tensão na saída
fica nula e a corrente passa pelo ramo de roda livre, circulando por S- e o diodo
antiparalelo de S+. As possíveis comutações durante o semiciclo negativo são
demonstradas na figura 2.9.
Assim como a topologia H5, a topologia HERIC gera na saída uma tensão com três
níveis. Esta topologia também apresenta os mesmos ganhos de eficiência que a H5,
provenientes do isolamento entre o barramento CC e a saída nos instantes de tensão
nula. Entretanto, a presença de um transistor a mais conduzindo faz com que sua
eficiência global seja inferior à da topologia H5. O fato da tensão de modo comum
ser constante nesta topologia [5], limita os valores de corrente de fuga, deixando-a
em níveis inferiores aos especificados nas normas de conexão de sistemas de
geração distribuída com a rede elétrica.

Figura 2.9: Topologia HERIC, semiciclo negativo[6]

A topologia de inversor FB-DCBP é composta por uma ponte completa, adicionada


de dois transistores conectados ao barramento CC e dois diodos de grampeamento
entre o ponto médio do barramento CC e a ponte de transistores, como
demonstrado na figura 2.10. Os dois transistores adicionais separam o painel
fotovoltaico da rede de distribuição durante as passagens por zero na tensão de
saída, enquanto os diodos possibilitam que o zero da tensão de saída seja aterrado,
em contrapartida ao zero na tensão de saída nas topologias H5 e HERIC, que flutua
[6].
Neste inversor, os transistores S5 e S6 são chaveados em alta frequência,
enquanto os pares na diagonal S1 e S4, S3 e S2, são chaveados com a frequência da
rede elétrica. A comutação dos transistores da ponte é realizada de forma que
durante um semiciclo da tensão da rede, um par diagonal conduz continuamente,
enquanto o outro par seja chaveado em alta frequência, de forma espelhada com os
transistores no barramento CC.

Figura 2.10: Inversor FB-DCBP[6]

Durante a parte positiva do ciclo, o par de transistores S1 e S4 conduz


continuamente, enquanto os outros dois pares de transistores são chaveados em
alta frequência. A tensão na saída é V​PV quando o par S5 e S6 conduz, e o par S3 e S2
fica aberto. Quando o par no barramento CC abre, e o par S3 e S2 passa a conduzir, a
tensão na saída vai a zero, e a corrente se divide em dois caminhos, um passando por
S1 e o diodo antiparalelo de S3, e o outro passando por S4 e o diodo antiparalelo de
S2. As conduções no semiciclo positivo estão demonstradas na figura 2.11.
Figura 2.11: Inversor FB-DCBP, semiciclo positivo[6]

Já no semiciclo negativo, quem conduz continuamente é o par de transistores S3 e


S2. A corrente conduz pelos transistores S5, S3, S2 e S6 quando a tensão na saída é
-V​PV​, e, durante a abertura dos transistores no barramento CC, se divide em dois
caminhos, um passando por S3 e o diodo antiparalelo de S1, e o outro passando por
S2 e o diodo antiparalelo de S4. As conduções no ciclo negativo estão representadas
na figura 2.12.
Figura 2.12: Inversor FB-DCBP, semiciclo negativo​ ​[6]

Escolheu-se para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso a


topologia de inversor H5, pois esta topologia apresenta melhor eficiência dentre as
três estudadas, explicada pela menor quantidade de transistores chaveando na sua
operação. Será adicionado entre o inversor H5 e o painel fotovoltaico um conversor
CC/CC do tipo boost. A inclusão do estágio CC/CC tem o objetivo de diminuir a
complexidade da malha de controle do algoritmo MPPT, facilitando o projeto do
inversor como um todo [7].
2.3 Normas de conexão de sistemas de geração fotovoltaico com a
rede elétrica

A conexão de painéis fotovoltaicos com a rede de distribuição de energia elétrica


exige que diversas especificações sejam obedecidas, com o fim de garantir a
qualidade da potência circulante na rede e as condições de segurança tanto para o
sistema gerador quanto para as demais cargas conectadas ao sistema de distribuição.
Diversas normas foram elaboradas com o fim de padronizar a conexão com a rede de
distribuição, seja de sistemas fotovoltaicos ou de sistemas de geração distribuída em
geral. Considerando-se a importância da padronização da conexão de sistemas
fotovoltaicos com a rede, será realizada uma revisão bibliográfica com as principais
especificações das normas IEEE 1547, IEC 61727 e ABNT NBR 16149, devido a sua
relevância no cenário internacional, e no caso da ABNT 16149, no cenário brasileiro.

2.3.1 Qualidade da potência injetada na rede


A presença de correntes contínuas na rede de distribuição elétrica pode resultar
no saturamento dos transformadores no sistema, provocando sobreaquecimentos e
até mesmo desconexões [6][9]. As normas IEEE 1547, IEC 61727 e ABNT 16149
determinam a quantidade de corrente contínua máxima que pode ser injetada na
rede elétrica sem que seja necessário o desligamento do sistema fotovoltaico da
rede de distribuição. Os valores limites de cada norma são apresentados na tabela
2.1.
Tabela 2.1 - Limites de injeção de corrente CC
IEEE 1547 IEC 61727 ABNT 16149

I​CC​ < 0,5% I​RMS I​CC​ < 1% I​RMS I​CC​ < 0,5% I​RMS

As três normas também especificam a distorção harmônica máxima aceitável para


a corrente injetada na rede. Todas elas apresentam um THD máximo de 5%, e os
valores máximos de distorção para cada harmônico de corrente são apresentados na
tabela 2.2, para as normas IEEE 1547 e IEC 61727, e na tabela 2.3, para a norma
ABNT 16149.
Tabela 2.2 - Limites de corrente harmônica - IEEE 1547 e IEC 61727
Harmônicos
h<11 11 ≤ h<17 17 ≤ h<23 23 ≤ h<35 35<h
Ímpares

Porcentagem
4,0 2,0 1,5 0,6 0,3
(%)
Os harmônicos pares estão limitados a 25% do limite dos harmônicos ímpares.

Tabela 2.3 - Limites de corrente harmônica - ABNT 16149


Harmônicos Harmônicos
Limite de distorção Limite de distorção
ímpares pares

3° a 9° <4% 2° a 8° <1%

11° a 15° <2% 10° a 32° <0,5%

17° a 21° <1,5% - -

23° a 33° <0,6% - -

O fator de potência da potência injetada no sistema de distribuição elétrico é


abordado de forma diferente nas normas IEEE 1547, IEC 61727 e ABNT 16149. A
norma IEEE 1547 sofreu uma revisão em 2014, possibilitando a utilização de fatores
de potência diferentes do unitário na saída dos inversores, com o fim de auxiliar a
regulação do nível de tensão na rede. Entretanto, a norma não especifica valores
para o fator de potência, deixando a escolha de se e como utilizar os inversores para
regulação da tensão à cargo das distribuidoras e dos operadores dos sistemas de
geração distribuída.
Por sua vez, a norma IEC 61727 padroniza a utilização de um fator de potência
maior que 0,92 indutivo, em situações com cargas excedendo 50% [8]. Entretanto, a
IEC 61727 possibilita a utilização de fatores de potência diferentes caso a operadora
do sistema de distribuição autorize.
Já na ABNT 16149, as especificações do fator de potência são dependentes do
nível da potência de saída do sistema de geração. Em sistemas com potência menor
ou igual à 3kW, o fator de potência deve ser idealmente unitário, com tolerância de
2% para mais ou menos. Em sistemas com potência superior à 3kW, mas não
superior à 6kW, o inversor deve ser capaz de operar em concordância com a curva da
figura 13, e com um fator de potência entre 0,95 atrasado e 0,95 adiantado. A
operação do inversor obedecendo às especificações da curva só deve ocorrer caso
um limiar de tensão da rede de distribuição seja ultrapassado, valor tipicamente de
104% da tensão nominal, mas que pode ser ajustado entre 100% e 110%. Por fim,
sistemas com potência de saída superior a 6 kW devem ser capazes de operar com
fator de potência entre 0,90 atrasado e 0,90 adiantado, e de acordo com a curva da
figura 2.13. A depender da topologia, nível de carga na rede e da potência a ser
injetada, a curva de referência para os sistemas com potência superior à 3kW podem
ser alteradas, por meio das mudanças dos pontos A, B e C, caso seja requisitado pelo
operador do sistema de distribuição [8][9].

Figura 2.13 - Curva de compensação de potência reativa [8].

2.3.2 Desligamento do sistema em resposta a condições anormais de operação


Em situações de tensão ou frequência anormal na rede de distribuição elétrica, as
normas especificam que o sistema de geração distribuído deve interromper o
fornecimento de energia. O desligamento deve ser realizado num intervalo de tempo
inferior ao limite especificado, sendo o intervalo medido entre o início da condição
anormal e o fim do fornecimento de energia pelo inversor. A tabela 2.4 apresenta os
intervalos de tempo máximo para interrupção da energização para diferentes
situações de tensão anormal, enquanto a tabela 2.5 apresenta os intervalos para
situação de frequência anormal, especificados pelas normas IEEE 1547, IEC 61727 e
ABNT 16149.
Tabela 2.4 - Tempos de desconexão devido a variações de tensão
IEEE 1547 IEC 61727 ABNT 16149

Tempo de Tempo de Tempo de


Faixa de Faixa de Faixa de
desconexão desconexão desconexão
tensão (%) tensão (%) tensão (%)
(s) (s) (s)

V < 50 0,16 V < 50 0,10 V<80 0,40

50 ≤ V ≤ 88 2,00 50 ≤ V ≤ 85 2,00 V>110 0,20

110<V< 120 1,00 110<V< 135 2,00 - -


V ≥ 120 0,16 V ≥ 135 0,05 - -

Tabela 2.5 - Tempos de desconexão devido a variações de frequência


IEEE 1547 IEC 61727 ABNT 16149

f < 59,3 f < f​n​-1 f < 57,5


Faixa de
ou ou ou
frequência (Hz)
f > 60,5 f > f​n​+1 f > 62

Tempo de
0,16 0,20 0,20
desconexão (s)

As normas também especificam as condições mínimas para reconexão do inversor


com a rede elétrica após um desligamento por situação anormal. Estes valores estão
apresentados na tabela 2.6.

Tabela 2.6 - Condições para reconexão após desligamento por condição anormal
IEEE 1547 IEC 61727 ABNT 16149

Faixa de tensão
88 < V < 110 85 < V < 110 80 < V < 110
(%)

Faixa de
59,3 < f < 60,5 f​n​-1 < f < f​n​+1 57,5 < f < 60.1
frequência (Hz)

Tempo mínimo de
0 180 20
espera (s)

A condição de ilhamento, em que uma parte do sistema de distribuição continua


sendo energizado pelo sistema fotovoltaico mesmo sem a conexão com a
distribuidora é outra situação a ser evitada. As três normas proíbem a operação em
condição de ilhamento, e especificam o tempo máximo de operação nesta condição,
antes da desconexão do sistema, em 2 segundos.
2.4 Conversor Boost

No primeiro estágio do trabalho de conclusão de curso, utiliza-se um conversor


CC/CC do tipo boost. Este conversor possui como principal característica a elevação
da tensão de saída em relação à tensão de entrada. Seu circuito está representado
na figura 2.14.

Figura 2.14 - Circuito de um Conversor Boost.

Possui como princípio de funcionamento o armazenamento e posterior


descarregamento de energia no indutor durante um ciclo de chaveamento. Quando
o transistor está ligado, o indutor armazena energia, aumentando linearmente a
corrente que nele circula. Enquanto a corrente do indutor circula pelo transistor, a
circulação de corrente na carga ocorre por meio do descarregamento do capacitor,
com a tensão média na saída permanecendo constante. Durante esta parte do ciclo,
o diodo impede que o capacitor descarregue por meio do transistor.
Após a abertura do transistor, a polaridade da tensão no indutor é invertida,
iniciando o seu descarregamento. Durante o descarregamento da energia
armazenada no indutor, a corrente diminui linearmente, circulando pelo diodo em
direção tanto ao capacitor, que é carregado, quanto à carga na saída.
O conversor boost pode operar em 2 condições, no modo de condução contínua e
no modo de condução descontínua. No modo de condução contínua, a corrente do
indutor nunca chega a zero, enquanto no modo de condução descontínua não há
circulação de corrente no indutor em parte do ciclo de chaveamento. No trabalho se
utilizará o conversor boost no modo contínuo, a fim de minimizar as perdas da
energia fornecida pelo painel fotovoltaico. As formas de onda de tensão e corrente
no indutor, de corrente no transistor e de corrente no capacitor, no modo de
condução contínua, estão demonstradas na figura 2.15

Figura 2.15 - Formas de onda de um conversor boost em modo contínuo.

A relação entre tensão de saída e a tensão de entrada do conversor boost, no


modo de condução contínua, é dada pela equação 2.7.

V​O​ = V​S ​ / (1-D) (2.7)

Em que D é o ciclo de trabalho, relação entre o tempo de condução do transistor


(t​ON​) e o período de chaveamento do transistor (T), demonstrada na equação 2.8.

D = t​ON​ / T (2.8)

A equação 2.7 é obtida utilizando-se a equação de tensão do indutor em conjunto


com a informação que a variação total de corrente no indutor ao longo de um ciclo
de chaveamento do transistor é nula. Considerando-se as equações da tensão nos
terminais do indutor no intervalo em que o transistor está ligado e no intervalo em
que está desligado, representados respectivamente pelas equações 2.9 e 2.10,
obtém-se o desenvolvimento até a expressão da equação 2.7 pela substituição na
equação 2.11.

L*dI​ON​ /t​ON​ = V​S​ (2.9)


L*dI​OFF​ /(T-t​ON​) = (V​S -V​​ O​) (2.10)
dI​ON​ + dI​OFF​ = V​S​ *t​ON​/L + (V​S ​-V​O​)*(T-t​ON​)/L = 0 (2.11)

V​S​ *T - V​O​*(T-t​ON​) = 0
V​O​ = V​S ​ *T / (T-t​ON​) = V​S ​ / (1-D)
3 Metodologia

No capítulo 3 da monografia é apresentada a metodologia do projeto do inversor


fotovoltaico grid-tie. Na primeira seção do capítulo é apresentado o arranjo
fotovoltaico escolhido para o projeto do inversor, com suas curvas características e
valores nominais de operação. Na segunda seção é realizado o projeto do conversor
boost, topologia escolhida para o estágio CC/CC, apresentando o cálculo dos seus
componentes e o funcionamento do controle MPPT. Por fim, na terceira seção,
realiza-se o projeto do inversor fotovoltaico na topologia H5, com a escolha do
circuito adequado para sua modulação PWM, com o projeto do filtro de saída e com
o projeto das malhas de controle de corrente de saída e de tensão no barramento
CC.

3.1 Características do Arranjo Fotovoltaico


Para o desenvolvimento deste projeto, optou-se por utilizar um arranjo
fotovoltaico formado por 4 strings em paralelo de 10 painéis em série. O modelo de
painel utilizado é o padrão fornecido no Solar Module do Psim, software utilizado
para simulação do projeto. As informações inseridas para simulação do arranjo no
Solar Module estão apresentadas na figura 3.1.
Figura 3.1 - Parâmetros utilizados para simulação do arranjo fotovoltaico

A figura 3.2 apresenta as curvas de corrente e de potência do arranjo fotovoltaico


em função da tensão, obtidas por simulação no PSIM. Para a simulação destas
curvas, considerou-se como condições ambientais uma irradiação de 1000 w/m​^2 e​
uma temperatura de 25​o​C. Na Tabela 3.1 são apresentados os valores relevantes de
potência, tensão e corrente do arranjo fotovoltaico, obtidos das curvas da Figura 3.2.
Figura 3.2 - Curvas de corrente e potência do arranjo fotovoltaico em função da tensão,
nas condições de 1000 w/m2​ ​ e 25​o​C.

Tabela 3.1 - Características do arranjo fotovoltaico nas condições de 1000 w/m​2​ e


25​o​C
Potência Nominal 2420W

Tensão Nominal 170V

Corrente Nominal 14.2A

Tensão de Circuito Aberto 211V

Corrente de Curto Circuito 15.2A

Nas figuras 3.3 e 3.4 estão as curvas de corrente e potência simuladas,


respectivamente, para variação de irradiância e de temperatura.
Figura 3.3 - Curvas de corrente e potência para diferentes valores de irradiação.

Figura 3.4 - Curvas de corrente e potência para diferentes valores de temperatura.


3.2 Projeto do primeiro estágio (Boost)

O primeiro estágio do projeto consiste num conversor CC/CC do tipo BOOST, cujo
circuito simulado é apresentado na figura 3.5. Este conversor possui como principal
função a extração da máxima potência possível do arranjo fotovoltaico, utilizando-se
de um controle do tipo MPPT. Evidencia-se como diferença entre o circuito simulado
e o circuito apresentado na figura 2.14 do capítulo anterior a presença do capacitor
C​PH na entrada do circuito. Este capacitor possui como objetivo a filtragem das
oscilações de alta frequência que entram no conversor boost por meio do arranjo
fotovoltaico.

Figura 3.5 - Circuito do conversor BOOST.

Para o projeto dos elementos passivos do conversor, utilizou-se como parâmetros


de entrada no circuito as condições de operação nominal do arranjo fotovoltaico,
expressas na Tabela 3.1. As perdas do conversor foram ignoradas durante o projeto
dos componentes, considerando-se nos cálculos um rendimento de 100%.
Como primeiro parâmetro do projeto do BOOST, escolheu-se uma tensão nominal
na saída (V​CC​) de 400V. Este valor foi escolhido com o objetivo de fornecer uma
tensão suficientemente grande no barramento CC do inversor, de forma a garantir a
obtenção de uma tensão de 220V na saída.
Estabeleceu-se como parâmetro de projeto um ripple no barramento CC de 5%,
ou seja:

Δ V​CC​= 0.05*V​CC​ = 0.05*400 = 20V


V​CCMAX​=V​CC​+ Δ V​CC​/2 =400+10=410V
V​CCMIN​=V​CC​- Δ V​CC​/2 =400-10=390V

Também se estabeleceu como parâmetro de projeto um ripple na corrente do


indutor de 10% do valor da corrente nominal, ou seja:

Δ I​L​= 0.10*I​PH​ = 0.10*14.2 = 1.42A


I​LMAX​=I​L​+ Δ I​L​/2 =14.2+1.42=15.62A
I​LMIN​=I​L​- Δ I​L​/2 =14.2-1.42=12.78A

Por fim, escolheu-se uma frequência de chaveamento de 25 kHz para o transistor


MOSFET do conversor. Com os parâmetros do projeto determinados, foi possível
calcular os valores dos elementos passivos.
Inicialmente, calculou-se o valor do ciclo de trabalho D para a condição nominal,
por meio da equação 3.1.

D = 1 - V​PH​/V​CC​ = 1-170/400 = 0.575 (3.1)

Com o ciclo de trabalho determinado, calculou-se por meio da equação 3.2,


derivada da equação de tensão no indutor, o valor mínimo do indutor L para
satisfazer a condição de ripple de corrente:

L= V​PH​*D/(f​CH​* Δ I​L​) = 170*0.575/(25000*1.42) = 2.75mH (3.2)

Para o cálculo do capacitor de saída do boost, utilizou-se a equação 3.3, que


considera o efeito da oscilação da tensão de 60 Hz da rede no barramento CC. Nesta
equação, o valor P​OUT utilizado é igual à potência nominal do painel, devido a
consideração de rendimento em 100% utilizada nos cálculos do projeto.

C=P​OUT​ / (2*pi*f​REDE​*V​CC​* Δ V​CC​) = 2420/(2*pi*60*400*20) = 803uF (3.3)

Por fim, escolheu-se para o Cph um valor de 1uF. Este valor foi selecionado após a
verificação da resposta na simulação do BOOST para diferentes valores do capacitor
de entrada.
Os parâmetros do conversor BOOST são apresentados na tabela 3.2.
Tabela 3.2 - Parâmetros do conversor BOOST
Tensão no barramento CC 400V

Frequência de chaveamento 25 kHz

Potência de Saída 2420W

Capacitor do BOOST (C) 800uF

Indutor do BOOST (L) 2.75mH

Capacitor de entrada (C​PH​) 1uF

3.2.1 Projeto da Malha de controle MPPT

Figura 4.6 - Controle MPPT do conversor BOOST.

Para o projeto do conversor boost, optou-se por utilizar uma malha de controle
composta apenas pelo algoritmo MPPT, apresentada na figura 3.6. O algoritmo MPPT
utilizado é do tipo perturba e observa, utilizando como variável perturbada o próprio
ciclo de trabalho do conversor. Para implementação do algoritmo, utilizou-se um
bloco C no PSIM, cujas entradas são a tensão e corrente medidas na saída do painel
fotovoltaico. A saída deste bloco é utilizada como referência na modulação PWM,
onde é comparada com uma onda dente de serra com amplitude de 1V e frequência
de 25 kHz.
O código do algoritmo implementado no bloco C do PSIM é apresentado nas
figuras 3.7 e 3.8. Escolheu-se para o algoritmo um intervalo de perturbação de
2.5ms, definido pela multiplicação do número de amostras contadas antes de uma
perturbação, selecionado como 10000, multiplicado pelo intervalo entre amostras
durante a simulação do software PSIM, escolhido em 250ns. Quanto ao valor da
perturbação no ciclo de trabalho, escolheu-se um delta de 0.025.

Figura 3.7 - Inicialização do algoritmo perturba e observa.


Figura 3.8 - Algoritmo perturba e observa.

3.3 Projeto do segundo estágio (Inversor H5)

O segundo estágio do projeto consiste num inversor H5, cuja principal função é o
fornecimento da potência gerada pelo arranjo fotovoltaico à rede elétrica de 220V,
por meio da conversão de tensão contínua para alternada. O projeto do estágio de
inversão foi realizado considerando-se como parâmetros delimitadores as
especificações da norma ABNT 16149, referentes à qualidade de potência injetada na
rede, apresentadas na seção 2.3.1 da monografia.
Figura 3.9 - Circuito do Inversor H5.

O circuito inversor simulado é apresentado na figura 3.9. Nele, optou-se pelo uso
da topologia LCL para o filtro passa baixas de saída, devido ao seu melhor
desempenho na atenuação de harmônicos comparativamente aos filtros L e LC [10].
O bloco presente na entrada do circuito, na figura 3.9, é o primeiro estágio do
projeto, convertido em um subcircuito no PSIM.

Figura 3.10 - Circuito PWM do Inversor H5.


A figura 3.10 apresenta o circuito de geração de pulsos para a modulação PWM
do inversor H5. O sinal de referência utilizado no circuito é o sinal senoidal fornecido
pela malha de controle do inversor, enquanto a frequência de chaveamento dos
transistores em alta frequência, determinada pela onda triangular, é de 25 kHz. Na
figura 3.11 é apresentado um exemplo do padrão de chaveamento esperado dos
transistores, utilizando-se no exemplo uma frequência de chaveamento de 1 kHz, a
fim de facilitar a visualização do padrão.

Figura 3.11 - Comutação dos transistores do Inversor H5, com frequência de chaveamento
de 1 kHz
Como explicado na seção 2.2.1, na topologia H5 os transistores G1 e G3 conduzem
alternadamente, com o transistor G1 conduzindo durante o semiciclo positivo da
tensão da rede e o G3 durante o semiciclo negativo, apresentando sinal de controle
puramente quadrados, com a frequência da rede. Este padrão de comutação foi
obtido através da comparação do sinal de referência fornecido pela malha de
controle com zero, gerando sinal alto para o transistor G1 no intervalo em que a
referência é positiva e sinal baixo no intervalo em que é negativa. O sinal para
chaveamento do transistor G3 é o inverso do sinal G1.
Já o padrão de comutação dos transistores G2, G4 e G5 é obtido por meio da
comparação do sinal de referência com duas ondas triangulares, com frequência de
25 kHz, mas sinais trocados, com uma onda triangular variando entre 0 e 1 e a outra
variando entre 0 e -1, resultando num sinal de controle com modulação PWM. Para
a comutação do transistor G4, o sinal de referência é comparado com a onda
triangular positiva, gerando sinal alto no gate do transistor quando a referência é
maior que a triangular e baixo quando a referência é menor. No caso da comutação
do transistor G2, a referência é comparada com a onda triangular negativa, gerando
sinal alto quando a referência é menor que a triangular e sinal baixo quando a
referência é maior. O padrão de comutação do transistor G5 é igual ao do transistor
G4 no semiciclo positivo e igual ao do G2 no semiciclo negativo, sendo obtido pela
soma dos sinais de comutação destes dois transistores.

3.3.1 Projeto do filtro passa baixas

O projeto do filtro LCL foi realizado considerando-se a necessidade em limitar o THD


da corrente de saída em 5% e garantir um fator de potência na saída idealmente
unitário, com desvio não superior a 2%, como determinado pela norma ABNT 16149.
Para os cálculos dos componentes do filtro, seguiu-se o passo a passo fornecido na
referência [10].
Inicialmente, calculou-se o valor do capacitor do filtro máximo (C​f​), em que a
porcentagem de potência reativa não ultrapassa o limite de 2% da potência total.
Este cálculo foi realizado por meio da equação 3.4, em que “a” representa a
tolerância de potência reativa na saída.

C​f​ = a*P​IN​/(2pi*f​REDE​*V​REDE​2​) = 0.02*2420/(2pi*60*220​2​) = 2.65uF (3.4)

O valor máximo encontrado foi de 2.65uF, mas escolheu-se por utilizar um valor de
1.2uF para C​f​, inferior ao calculado, conseguindo-se uma margem de segurança em
relação ao especificado na norma.
Obtido o capacitor, calculou-se o valor da indutância total do filtro de saída (L​t​), por
meio da equação 3.6. A variável I​RIPPLE na
​ equação 3.6 representa o ripple máximo
desejado na corrente do indutor durante as passagens por zero da corrente [10]. A
porcentagem escolhida foi de 10% do valor de pico da corrente nominal de saída,
sendo I​RIPPLE calculado com a equação 3.5, em que a porcentagem escolhida é
representada pela variável “x”.

I​RIPPLE​= x*sqrt(2)*P​out​/V​REDE​= 0.1*sqrt(2)*2400/220= 1.543A (3.5)

L​t​ = V​CC​/(2*I​RIPPLE​*f​CH​) = 400/(2*1.543*25000) = 5.18 mH (3.6)

Calcula-se então os valores dos indutores por meio das equações 3.7 e 3.8, sendo
L​1 o indutor do lado do inversor e L​2 o indutor do lado da rede. Escolheu-se uma
relação entre os indutores, expressada por “b”, de 0.8.

L​1​= L​t​ /(1+b) = 5.18/(1+0.8) = 2.88mH (3.7)


L​2​ = b*L​1​ = 0.8*2.88 = 2.30mH (3.8)

Com valores dos indutores e do capacitor, calcula-se a frequência de ressonância do


filtro utilizando-se a equação 3.9.

f​RES​ = (1/2pi)*sqrt((L​1​+L​2​)/(L​1​*L​2​*C​f​)) (3.9)


f​RES​ = (1/2pi)*sqrt((2.88m+2.30m)/(2.88m*2.30m*1.2u)) = 4063Hz

Por fim, o resistor de atenuação do filtro foi calculado com a equação 3.10.

R​f​ = 1/(3*2*pi*f​RES​*C​f​) = 1/(3*2*pi*4063*1.2*10​-6​) = 10.88 Ω (3.10)

Os valores dos componentes do filtro encontram-se em conjunto com os demais


parâmetros do inversor na tabela 3.3

Tabela 3.3 - Parâmetros do inversor H5


Tensão no barramento CC 400V

Tensão da rede elétrica 220V

Frequência de chaveamento 25 kHz

Potência de Saída 2420W

Capacitor do filtro (C​f​) 1.2uF

Indutor do lado do inversor (L​1​) 2.88mH

Indutor do lado da rede (L​2​) 2.30mH

Resistor do filtro (R​f​) 10.88 Ω


3.3.2​ ​Projeto do PLL

Figura 3.12 -Circuito do PLL na topologia Inversa de Park

Para se realizar a conexão do inversor fotovoltaico com a rede de distribuição


elétrica, é necessária a sua sincronização com a tensão da rede. Para que o inversor
seja sincronizado com a rede, é necessário que se monitore informações como a
amplitude e a fase da mesma. Uma das técnicas de sincronização com a rede elétrica
mais utilizada consiste na utilização de um PLL (Phase Locked Loop), sistema em
malha fechada que possui um oscilador interno capaz de entrar em fase com um
sinal externo.
Uma grande quantidade de topologias de PLLs monofásicos utiliza como princípio
de funcionamento um detector de fases com geração de sinais em quadratura ​[6].
Após o estudo sobre diferentes tipos de PLLs monofásicos, optou-se pelo uso de um
PLL com gerador de sinais em quadratura do tipo Inversa de Park, cujo circuito
simulado está presente na figura 3.12. Nesta topologia, o sinal em quadratura é
obtido por meio da filtragem e posterior aplicação da transformada inversa de Park
nos sinais de referência síncrona d e q, obtidos pela aplicação da transformada de
Park nos sinais de entrada em quadratura, resultando numa componente beta em
quadratura com o sinal de entrada do PLL.
No circuito, utilizou-se filtros passa baixa com frequência de corte de 120Hz para
filtragem dos sinais d e q. O projeto do controlador PI do PLL utilizou as equações
3.11 e 3.12, retiradas do livro do Teodorescu [6], em que o t​s é o tempo de
acomodamento, escolhido como 40 ms, e “e” é o amortecimento do sistema,
escolhido como 0.7.

K= 9.2/t​s​ = 9.2/0.04 = 230 (3.11)


T=t​s​*e​2​/2.3 = 0.04*0.7​2​/2.3 = 8.52 ms (3.12)

Na figura 3.13 é apresentado o bloco do subcircuito do PLL no PSIM, com os sinais


de saída possível do PLL. Alguns destes sinais de saída serão utilizados na malha de
controle, sendo o sinal PLL uma onda senoidal em fase com a tensão da rede, mas
com amplitude unitária. O VPLL a tensão da rede e Vrede_rms o valor da tensão
medido em rms.

Figura 3.13 - Bloco do subcircuito do PLL

3.3.3 Malha de controle do inversor

O circuito simulado da malha de controle do inversor é apresentado na figura


3.14. Este circuito é composto por duas malhas de controle, uma interna,
responsável pelo controle da corrente de saída do inversor, e uma externa, cuja
função é o controle da tensão no barramento CC. Na malha de controle externa é
utilizado um controlador PI, enquanto na malha de controle interna optou-se pelo
uso de um controlador proporcional ressonante (PR). A escolha pelo uso do
controlador PR na malha interna é fundamentada pela capacidade deste tipo de
controlador em fornecer ganhos infinitos na frequência de ressonância selecionada
[11], eliminando os erros de estado estacionário em sistemas com sinais senoidais.
Esta característica não é observada em controladores PI, que apresenta erros em
estado estacionário e baixa rejeição de distúrbios quando estimulado por sinais
senoidais [11].
Figura 3.14 - Malha de controle do inversor H5

Na malha de controle externa, o valor de referência desejado no barramento CC,


de 400V, representado pelo sinal VCC_REF, é subtraído da tensão medida no
barramento CC. O sinal de erro obtido passa pelo controlador, sendo posteriormente
somado com um sinal feedforward de corrente de saída. Este sinal feedforward é a
estimativa do valor de pico da corrente de saída, medido por meio da divisão do sinal
Pph pela tensão medida na rede elétrica. O sinal Pph representa a potência de saída
do arranjo fotovoltaico, obtido pela multiplicação da tensão Vph pela corrente Iph,
como expresso na figura 3.15. O sinal é filtrado antes de ser utilizado na malha de
controle.
O somatório resultante é então multiplicado pelo sinal de sincronia fornecido pelo
PLL, que é um sinal senoidal com amplitude unitária, em fase com a tensão da rede
elétrica. O resultado desta multiplicação é a referência de corrente de saída, que é
por sua vez subtraída do valor da corrente de saída medida no inversor. O sinal de
erro passa pelo controlador PR, sendo o sinal resultante somado com um sinal
feedforward de tensão medida na rede, fornecida pelo PLL. O resultado deste
somatório é então dividido pelo valor de VCC_REF, resultando no sinal de referência
utilizado pelo circuito de comutação da modulação PWM.
Figura 3.15 - Sinal Pph

Durante o projeto dos controladores, utilizou-se inicialmente apenas a malha de


controle de corrente, com um controlador PI, com ganho de 12.5 e constante de
tempo de 10 ms. Os valores do controlador foram definidos através do método de
Ziegler Nichols. P​ rojetou-se então a malha de controle de tensão, selecionando-se
uma constante de tempo de 100 ms, 10 vezes maior que a da malha interna, e um
ganho de 2*10​-3​, encontrado por tentativa e erro.
Com a malha funcionando com controladores PI, substituiu-se o controlador PI da
corrente por um controlador PR com filtro. O controlador PR foi projetado seguindo
o passo a passo da referência [12], que explica como projetar controladores PR para
a malha de controle de inversores fotovoltaicos monofásicos conectados à rede
elétrica. Seguindo o artigo, encontrou-se como valores do controlador PR um ganho
proporcional de 0.425, um ganho ressonante de 2 e uma frequência de corte de
3185.6 rad/s. Entretanto, verificou-se que com o ganho proporcional de 12.5,
encontrado pelo método de Ziegler Nichols, consegue-se um melhor desempenho,
optando-se pelo uso deste valor. Os valores finais dos ganhos dos controladores
estão apresentados na tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Ganhos dos controladores de tensão no barramento CC e de corrente


de saída
Ganho do PI 2*10​-3

Constante de tempo do PI 100 ms

Ganho Proporcional do PR 12.5

Ganho Ressonante do PR 2

Frequência de corte do PR 3185.6 rad/s


4 Resultados

O presente capítulo apresenta os resultados das simulações obtidas no software


PSIM para o inversor fotovoltaico projetado. Num primeiro momento, são
apresentados os formatos de onda relevantes dos dois estágios, na condição de
regime permanente para operação nominal de temperatura e iluminância no painel.
No caso específico da corrente de saída do inversor, são avaliados como critérios de
qualidade o THD, o fator de potência e a componente contínua da corrente. Num
segundo momento, é avaliado o desempenho do algoritmo MPPT. Para isso, a
potência na entrada do conversor BOOST é apresentada para diferentes situações de
temperatura e iluminância, e é verificada a eficiência do controle MPPT pela
comparação da potência de saída com a potência do ponto de máxima potência para
diferentes condições de iluminação.

4.1 Regime permanente nas condições nominais de iluminação e


temperatura.

Inicialmente, avaliou-se os formatos de onda presentes no conversor BOOST para


a condição de regime permanente. Na figura 4.1, são apresentados os resultados da
simulação da potência de entrada, da tensão de entrada e da corrente no indutor do
BOOST, respectivamente em azul, amarelo e vermelho.

Figura 4.1 - Potência de entrada, tensão de entrada e corrente no indutor do conversor


BOOST. Verificar se esta figura é com D em 0.025
Mediu-se os valores médios das ondas da figura 1, obtendo-se uma potência
média de 2407W, uma tensão média de 171V e uma corrente média de 13.8A,
próximos o suficiente dos valores nominais do painel apresentados na tabela 3.1,
considerando-se a variação do ciclo de trabalho provocada pelo algoritmo MPPT. Na
imagem, observa-se que incrementos no valor de D resultam em diminuição do valor
da tensão e aumento no da corrente, enquanto que decrementos no valor de D
provocam o efeito contrário.

Figura 4.2 - Tensão no inversor e tensão no barramento CC.

Avaliou-se então o comportamento das ondas no segundo estágio do projeto. Na


figura 4.2 são apresentados a tensão no inversor H5 em azul e a tensão no
barramento CC em vermelho. A tensão no inversor possui como envoltória a tensão
do barramento CC, que por sua vez apresenta uma frequência de 120Hz e valor
médio de 400.8V. O valor médio no barramento é muito próximo da referência de
400V especificada no projeto do inversor, confirmando que a malha de controle de
tensão possui desempenho satisfatório. Quanto ao ripple no barramento CC,
verifica-se um valor máximo de 411V e um valor mínimo de 390.6V, indicando um
ripple muito próximo de 5%, o que demonstra o correto dimensionamento do
capacitor no barramento.
Figura 4.3 - Tensão na rede e corrente de saída

A figura 4.3 apresenta a simulação da tensão na rede e da corrente na saída do


inversor. O valor de corrente medido na simulação foi de 10.9A. Além do valor da
corrente, mediu-se com as ferramentas disponibilizadas no PSIM o THD da corrente e
os valores do fator de potência e de corrente C.C na saída, que estão registrados na
tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Características da corrente de saída do inversor


Limites estabelecidos pela
Característica Valores medidos
norma ABNT 16149

THD Menor que 5% 3.22%

Idealmente unitário, com


Fator de potência mínimo de 0.98 atrasado 0.994
ou adiantado

0.5% da corrente de saída


Corrente C.C -1.91mA
0.005*10.9 = 54.5mA

Pela análise dos valores da tabela 4.1, é verificado que o inversor satisfaz as
condições de THD, fator de potência e corrente C.C na saída do inversor, pelos
critérios estabelecidos pela norma ABNT 16149. Este resultado valida o projeto do
inversor, indicando que tanto o filtro de saída quanto a malha de controle de
corrente do inversor foram bem dimensionados.
Por fim, a figura 4.4 apresenta a composição harmônica da corrente de saída,
obtida por meio da realização de uma FFT no PSIM. Pela análise do resultado da FFT,
verificou-se que nenhum harmônico provocou distorção superior aos limites
estabelecidos pela norma ABNT 16149, presentes na tabela 2.3, satisfazendo o
último dos critérios de qualidade utilizados como parâmetro para o projeto do
inversor.

Figura 4.4 - FFT da corrente de saída

4.2 Simulações sobre o controle MPPT

Nesta seção, são apresentadas simulações da potência de entrada no conversor


BOOST para diferentes condições de temperatura e de iluminação. Inicialmente,
simulou-se o funcionamento do inversor fotovoltaico, com temperatura nominal, em
4 condições de iluminância, a nominal (1000W/m​2​), em 75% da nominal (750W/m​2​),
em 50% da nominal (500W/m​2​) e em 25% da nominal (250W/m​2​). A potência de
entrada no conversor e a máxima potência de saída do paineis para cada umas
destas condições foram registradas, e são apresentadas nas figuras 4.5, 4.6, 4.7 e 4.8.

Figura 4.5 - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 1000W/m​2


Figura 4.5.a - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 1000W/m​2​,
diminuindo o delta por quatro (0.00625)

Figura 4.6 - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 750W/m​2

Figura 4.6.a - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 750W/m2​ ​,


diminuindo o delta por quatro (0.00625
Figura 4.7 - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 500W/m​2

Figura 4.7.a - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 500W/m2​ ​,


diminuindo o delta por quatro (0.00625)

Figura 4.8 - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 250W/m​2


Figura 4.8.a - Potência de entrada e potência máxima para iluminância de 250W/m2​ ​,,
diminuindo o delta por quatro (0.00625)

Observa-se nas quatro figuras um comportamento condizente com o algoritmo


perturba e observa, algoritmo escolhido para implementação do controle MPPT no
trabalho. Após o ligamento do inversor, a potência de entrada do conversor BOOST
é aumentada até atingir o valor mais próximo possível da tensão de máxima
potência. Atingido este valor, observa-se variações periódicas no valor da potência,
saindo da máxima potência numa perturbação e retornando ao valor máximo na
perturbação seguinte. Entretanto, verifica-se um ripple na potência
consideravelmente alto, que pode impactar na eficiência do inversor como um todo.
Tabela 5.2 - Potência no MPP, potência de saída e a relação de eficiência entre as
duas.
Potência máxima Potência de saída
Eficiência (%)
Iluminância (w/m​2​) gerada nos painéis do inversor
(W) (W)

125 277.5 244 87.9%

250 578 540.6 93.5%

375 884 850.9 96.3%

500 1192.4 1132.2 95%

625 1501 1456.6 97%

750 1809.4 1762 97.4%

875 2116.4 2072.6 97.9%

1000 2420 2374.1 98.1%

1125 2724.8 2617.2 96%

1250 3025.7 2933 97.1%

Zoom em 1000W, tempo 12.5ms, d=0.025


Zoom em 750W, tempo= 12.6ms, d=0.025

Zoom em 500W, tempo= 12.4ms, d=0.025

Zoom em 250W, tempo= 17.5ms, d=0.025


Variação com iluminância D=0.025

Variação com iluminância D=0.0125

D=0.00625
Variação com temperatura

Variação com temperatura, sem partida

Tabela 5.2 - Eficiência do MPPT para diferentes temperaturas, com iluminância de


1000 w/m​2

Potência máxima Potência média


Temperatura (​o​C) Eficiência (%)
(W) (W)

55 2097.8 2055.1 98%

40 2260.7 2188.3 96.8%

25 2420 2372 98%

10 2580.4 2499.7 96.9%


[1]​https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-
de-expansao-de-energia-2029/pdf

[2]Calais, M.; Myrzik, J.; Spooner, T.; Agelidis, V.G. Inverters for single-phase grid
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[11] Comparison between PI and PR Current Controllers in Grid Connected PV Inverters


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