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A convenção internacional

A convenção internacional é o instrumento contratual típico de Direito Internacional.

Pode ser definido como o acordo concluído entre dois ou mais sujeitos de direito
Internacional, destinado a produzir efeitos jurídicos e regido pelo direito internacional.

A Convenção de Viena sobre o direito dos Tratados entre Estados dá a seguinte


definição de tratado, no artigo 2º/1 al. a): “ designa um acordo internacional concluído
por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, quer seja consignado num
instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a
sua denominação particular.”

Este enunciado requer algumas observações sobre os seguintes elementos:

- Acordo: pressupõe uma manifestação de vontades convergentes e coincidentes dos


sujeitos de direito.

- Acordo Internacional: é regulado pelo Direito Internacional que determina o regime


aplicável, designadamente o procedimento de celebração e as modalidades de
vigência e eficácia.

- Concluído por escrito: o requisito da forma escrita condiciona a aplicação da


Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, mas não proíbe a possibilidade de
acordos verbais, cujo eventual valor jurídico não é excluído, de acordo com o artigo
3º al. a); Aos acordos verbais não são, contudo, aplicáveis as regras da CVDT e,
insusceptíveis de registo e publicação, os acordos verbais não podem ser invocados
perante os órgãos da Nações Unidas, artigo 102º/2 da Carta das Nações Unidas.

- Entre Estados: à luz da CVDT, exige-se que seja entre Estados e ou organizações
internacionais.

- Número de Instrumentos: o corpo do tratado pode ser constituído por um ou vários


acordos conexos e, por outro lado, o tratado pode designar o conteúdo do acordo
entre as partes e o instrumento que formalizou e aprovou o acordo, por exemplo,
através da troca de cartas ou por declaração.

A produção de efeitos jurídicos, intencional ou mero resultado do acordo, não consta


da definição da CVDT. Ainda assim, a produção de efeitos jurídicos integra a noção
relevante de tratado, implicitamente acolhida na versão codificada pela expressão
“regido pelo direito internacional”.

A CVDT só se aplica aos tratados entre Estados.

A eficácia jurídica do acordo pode revestir a forma comum e típica de criação de


direitos e obrigações para as partes ou, em certos casos, limitar-se-à a uma
confirmação de situações jurídicas previgentes, mas com o aspeto distintivo de
envolver caráter obrigatório e não meramente político ou exortatório.

Da noção de convenção ou tratado internacional faz parte integrante a característica


de um acordo vinculativo para as partes que se submetem ao império do princípio
pacta sunt servanda.
O princípio fundamental segundo o qual os pactos ou tratados são para cumprir tem
origem consuetudinária, devidamente explicitado no artigo 26º da CVDT.
A convenção internacional é um contrato, mas nem todos os contratos celebrados no
contexto internacional ou transnacional integram a característica de convenções
internacionais. São vários os exemplos de instrumentos convencionais atípicos,
aparentados com o tratado, mas diferentes na sua natureza e regime jurídico.

Estão em causa contratos celebrados:

Os tratados que não cabem na convenção, são regulados pelas normas costumeiras.
- Entre Estados ou entre Estados e outras coletividades de direito público,
internacional e interno, em que se decide aplicar expressamente o direito interno de
um dos estados contraentes ou de um terceiro Estado (contrato público
internacional). Exemplo de um contrato de compra venda de um bem ou serviço do
Estado A ao Estado B, fazendo parte do acordo uma cláusula que determina, em
caso de conflito, o recurso ao direito interno do Estado A e a competência dos
tribunais desse Estado.

- Entre Estados e pessoas de direito privado. Exemplos típicos: um contrato sobre um


projeto e desenvolvimento ou investiment; um contrato de adjudicação relativo a
uma grande obra pública;

A codificação do Direito dos tratados deu-se com a Convenção de Viena.

A novidade da Convenção reside na definição das condições de validade dos tratados,


especialmente o regime de normas ius cogens, noção que suscitou a viva oposição da
delegação francesa e determinou o voto solitário de rejeição na versão final.

As convenções de Viena nã esgotam o regime jurídico aplicável ao ciclo biojurídico do


nascimento, vida e morte dos tratados.

O preâmbulo da convenção admite a existência de “questões não reguladas” que


continuarão a ser regidas pelo direito internacional consuetudinário.

Nascimento dos tratados

Todo e qualquer Estado tem a capacidade para celebrar tratados, artigo 6º da


Convenção. O direito de negociar e de concluir acordos internacionais faz parte dos
atributos clássicos da personalidade jurídica internacional do estado soberano.

A representação do Estado no processo de celebração do tratado é assegurada pelo


pelnipotenciário, em favor do qual foi emitido um documento e plenos poderes, (artigo
7º/1, CVRD) cujo estatuto de representante se presume em virtude das funções que
exerce:

- Chefes de Estado, chefes de Governo, ministros dos negócios estrangeiros para a


prática de todos os atos relativos à conclusão de um tratado
- Chefes de missão diplomática, para adoção de um texto de um tratado entre o
estado acreditaste e o estado receptor.
- Representantes acreditados dos estados numa conferência diplomática ou junto de
uma organização internacional ou de um dos seus órgãos, para doação de um texto
de um tratado nessa conferência, organização ou órgão.

O procedimento padrão da celebração de um tratado desdobra-se nas seguintes fases:

- Negociação, adoção d autenticação do texto (artigos 9º e 10º)


- Manifestção de Consentimento (artigos 11º a 17º)
- Entrada em vigor (artigos 24º e 25º)
- Depósito, registo e publicação (artigos 76º - 80º)

Negociação, adoção e autenticação de um texto - o ajuste da convenção internacional


pressupõe a negociação entre as partes. Não está regulada na convenção, mas
decorre segunda a prática diplomática conhecida.

A noção do texto significa a sua fixação. A regra é a do acordo de todos os Estados


que participaram na elaboração do texto, artigo 9º da convenção.
No caso de uma conferência internacional, a Convenção prevê a maioria de 2/3 dos
Estados presentes e votantes, salvo se estes estados, pela mesma maioria, decidirem
aplicar uma regra diferente, artigo 9º/2.

Segue-se a autenticação do texto reconhecido como verdadeiro e definitivo:


procedimento previsto no projeto de acordo ou definido pelos estados participantes,
artigo 10º al. a).
A regra subsidiária consiste numa de três modalidades, artigo 10º al. b), assinatura,
assinatura ad referendum ou rubrica.
Estados signatários.

Na assinatura ad referendum e na rubrica, o efeito de autenticação é provisório,


porque exige confirmação do órgão estadual competente para este efeito.

Depois de autenticado, o texto só poderá ser modificado por acordo das partes ou, se
for erro ou gralha, através do procedimento de retificação previsto no artigo 79º.

O tratado é composto pelo preâmbulo, corpo dispositivo e anexos.

O corpo dispositivo tem os artigos relativos ao regime jurídico e as cláusulas finais,


definidoras de aspetos específicos sobre revisões, reservas, entrada em vigor, língua
ou línguas oficiais do texto; estas disposições finais, relativas às condições de vigência
e aplicação do tratado, produzem efeitos desde a adoção do texto, artigo 24º/4.

Os anexos têm disposições técnicas, regras normativas complementares ou meras


declarações políticas, e têm, em princípio, idêntica força jurídica, artigo 51º TUE.

(Ver a parte da manifestação de consentimento) - - - - - - - - — — — — - - —- - - - - -


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As reservas no Direito dos Tratados

A reserva é uma declaração unilateral, feita no momento da vinculação, pela qual o


Estado manifesta a vontade de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas
disposições do tratado na sua aplicação a esse Estado, artigo 2º/1 al. d).

O instituto da reserva só se adequa aos tratados multilaterais. A sua eventual


invocação em acordo bilateral, inviabilizaria a aplicação do tratado.

A admissibilidade de reserva depende da previsão do próprio tratado, de modo


expresso ou implícito, artigo 19º.

Admissibilidade de reservas - a formulação de reservas está sujeita a vários tipos


de limites.
Limites materiais - de enunciação expressa pelo tratado que proíbe ou autoriza a
reserva em relação a certas disposições, artigo 19º al. a) e b); da enunciação implícita,
nos casos em que a reserva seja incompatível com o objeto ou fim do tratado, artigo
19º al. c).
Se a reserva for formulada em violação destes limites, a consequência será a
ineficácia da reserva ou a sua nulidade no caso de pretender excluir ou modificar o
alcance inderrogável de uma norma de ius cogens codificada pelo tratado ius relativa
a obrigação erga omnes.
Igualmente nula será a disposição de um tratado que autorize uma reserva sobre
matéria regulada por norma imperativa de direito internacional geral, artigo 53º.

Limites temporais - a reserva deve ser comunicada durante o processo de


conclusão do tratado, no momento da assinatura, da ratificação, da aceitação ou da
aprovação, artigo 19º.
Depois de se constituir como parte contratante, o estado só poderá limitar a eficácia
jurídica do tratado através da invocação do artigo 46º da convenção, ou, solução
extrema, por via da denúncia.

Limites procedimentais - a reserva exige a forma escrita e deve ser comunicada por
escrito aos Estados Contraentes e aos outros estados que possam vir a ser partes no
tratado, assim como os atos de aceitação, de objeção e de retirada, artigo 23º. Se o
tratado autoriza a reserva, esta não precisa de ser aceite pelos outros Estados.
A reserva é uma declaração unilateral cujos efeitos dependem da expressão de
vontade das restantes partes, corolário da natureza contratual e concentrada do
tratado.
Em rigor, o critério principal é a autonomia sua vontade dos Estados que podem, por
unanimidade, artigo 20º/2, ou por maioria, aceitar uma reserva, mesmo que esta e
mostre incompatível com o objeto e o fim dos tratado.

Artigo 20º/5, relevância jurídica do silêncio: é considerada aceite por um estado


quando este não formulou qualquer objeção à reserva no prazo de 12 meses.
Prática das nações unidas diz 90 dias.

Caso prático nº2

Reservas, artigo 2º\1 CVDT


Artigo 17º
Têm a sua eficácia dependente do consentimento

TEDH?

Objeto - razão de ser do tratado

O procedimento de vinculação por convenções internacionais e a


Constituição Portuguesa

No direito português dos tratados, por razões históricas, confirmadas pela CRP, o
género convenção internacional desdobra-se em duas categorias: o tratado em forma
solene e o acordo em forma simplificada, ou, na fórmula abreviada, tratado e acordo.
O critério operativo da distinção entre tratado e acordo depende, nos termos da
Constituição, do procedimento aplicável.
São estas as principais diferenças de procedimento entre tratado e acordo:

I. Aprovação - só a AR pode aprovar tratados, ao passo que os acordos podem ser


aprovados pela AR ou pelo Governo, consoante a matéria regulada, artigo 161º, al.
i) e artigo 197º/1 al. c).
II. Ratificação/assinatura - os tratados exigem ratificação como ato de vinculação,
artigo 135º al. b), enquanto nos acordos a vinculação ocorre com a aprovação,
certificada pelo PR aposta nas resoluções da AR ou nos decretos do Governo, artigo
134º al. b).
III.Fiscalização preventiva da constitucionalidade - nos tratados, está previsto de modo
expresso que, após a pronúncia no sentido da inconstitucionalidade, a AR possa
confirmar por maioria qualificada, artigo 279º/4; em relação aos acordos
internacionais aprovados pelo Governo não existe possibilidade de confirmação,
condenados pelo veto do PR que se segue à pronuncia de inconstitucionalidade,
artigo 279º/1. O texto constitucional é, contudo, omisso em relação aos acordos
internacionais aprovados pela AR, sobre os quais caiu o veto do PR (279º/1), mas
admitimos, por analogia com a solução consagrada para os tratados, que possam
ser conformados pela mesma maioria.

As quatro fases principais do procedimento interno de vinculação por convenção


internacional

Negociação e ajuste

Ao Governo, compete em regime de exclusividade, negociar e ajustar convenções


internacionais, artigo 197º/1 al. b).
Nos termos do artigo 277º, al. t), as regiões Autónomas têm o direito de participar nas
negociações de tratados e acordos internacionais que “diretamente lhes digam
respeito, bem como nos benefícios deles decorrentes”.
Na violação destas prerrogativas de participação regional, entendemos que se verifica
uma inconstitucionalidade formal, relevante em sede de fiscalização preventiva,
(artigo 279º), mas insusceptível, no quadro do artigo 277º/2, de impedir a aplicação
interna da convenção e de implicar, ao abrigo do artigo 46º CVDT-I, a sua invalidade.
O PR deve ser informado do estado das negociações, artigo 201º/1 al. c).
O Governo tem ainda deveres de informação, em plano institucional diferente, de
conteúdo mais genérico, em relação aos grupos parlamentares, artigo 180º/2 al. j) e
aos partidos políticos representados na AR e que não façam parte do Governo, artigo
114º/3.
O incumprimento destes deveres terá um significado no plano de responsabilidade
política.

São considerados representantes do Estado o PR, o PM, o Ministro dos Negócios


Estrangeiros, artigo 7º/2 al. a), e ainda os chefes de missão diplomática e
representantes acreditados dos Estados, verificadas certas condições.

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