Psico-Higiene Nas Instituições Totais Carcerárias
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Resumo: Este artigo apresenta o relato de uma atividade de campo realizada por estudantes da disciplina
de Psicologia Institucional da Faculdades Esucri. Esta se constituiu pela proposta de que os acadêmicos se
colocassem de forma temporária em uma instituição, identificassem uma demanda de trabalho relativa à
disciplina e elaborassem uma proposta de intervenção, norteada pelo viés da psico-higiene. Os acadêmicos
optaram por realizar a atividade proposta em formato de pesquisa que foi estruturada por questões abertas,
provocando o livre discurso, favorecendo a exteriorização dos conteúdos subjetivos da psique, onde se
fundamentou a elaboração da prática que é sugerida. A pesquisa intentou realizar um estudo acerca da
atual situação de um Presídio no Sul do estado de Santa Catarina, no que se refere à saúde mental dos
sujeitos que lá se encontram inseridos – reeducandos e funcionários. As questões foram dirigidas para
alguns representantes da equipe de trabalho, reeducandos e ex-reeducandos, em entrevistas previamente
agendadas. Seus relatos foram registrados e transcritos a partir dos pontos de maior relevância. Suas
identidades foram preservadas de forma ética e responsável. O resultado esperado pelos pesquisadores foi
ao encontro dos discursos apresentados - contrariedade entre os depoimentos dos internos (aparentemente
combinados) e os dos reeducandos em liberdade. Neste contexto, o resultado deste procedimento foi a
identificação de problemas decorrentes de um processo de adoecimento institucional que vem sendo
observado em instituições totais brasileiras, como os presídios, ainda que sejam poucos os trabalhos de
pesquisa publicados comprovando esta realidade. Este trabalho propõe um projeto de intervenção segundo
a abordagem Existencialista visando a promoção de encontros em uma intervenção de psico-higienização
dentro da instituição pesquisada segundo sua necessidade especificamente investigada.
1 INTRODUÇÃO
as necessidades básicas tendem a ser ignoradas pela equipe dirigente, cujo enfoque não
é de orientação ou inspeção periódica, mas sim o de vigilância, certificar-se que todos
estão fazendo o que foi claramente indicado como exigido, sob condições em que a
infração de uma pessoa tende a salientar-se diante da obediência constantemente
observada em outros.
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2 METODOLOGIA
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Para a coleta de dados, a entrevista foi a ferramenta utiliza por ser a que
disponibiliza o que cita o autor a seguir:
Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta
frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção de
dados que interessam a investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de
interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em
que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de
informação. A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no
âmbito das ciências sociais. Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes
sociais e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas
humanos valem-se dessa técnica, não apenas como coleta de dados, mas
também com objetivos voltados para o diagnóstico e orientação. (GIL, 1999 p.
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segurança da equipe de pesquisadores se deu por dias antes da visita terem ocorrido
rebeliões.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas entrevistas realizadas no presídio, foi possível identificar a partir
dos discursos apresentados pela equipe de funcionários e pelos internos, certa
consonância em torno daquilo no qual versa a queixa, ou seja, o “real institucional”,
divergindo do que é explicitado no discurso da direção da Instituição e que de forma
travestida, carrega consigo aquilo que se denomina “ideal Institucional”, o que denota o
adoecimento da instituição agravado pela negligência com que a situação é tratada, o que
força uma readequação interna alienadora.
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4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
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Esta dinâmica tem por finalidade propiciar uma reflexão sobre as formas de
tomada de decisão levando em consideração que a liberdade de escolha que permeia as
relações orienta as ações e afeta o outro no mundo quer de forma direta ou não.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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intervenção muito mais pontual e não amparada pelas expectativas ou fantasias dos
pesquisadores.
Por fim, concluiu-se que a pesquisa é uma ferramenta essencial para a atuação
do psicólogo que visa desenvolver seu trabalho em Psicologia Social. Ela permite ao
profissional captar o movimento dos sujeitos no mundo e suas relações com o outro e a
materialidade. Ao acadêmico de psicologia, este tipo de atividade proporciona um
aprendizado em dimensões inalcançáveis em sala de aula no tempo hábil estabelecido a
disciplina. O exercício do saber provindo da experiência se faz necessário no sentido de
que o profissional em formação pode empreender uma prévia de suas atividades pós-
formatura descontruindo em si a insegurança da responsabilidade por cumprir com uma
atividade ainda não explorada de fato além dos limites da teoria.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos às pessoas que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, como nossos
familiares que nos apoiam nesta jornada em busca de uma formação profissional em psicologia e a professora Thais,
coautora deste artigo, que abdicou de suas horas de descanso para trabalhar conosco em orientação a publicação
deste trabalho. Somos gratos ainda a Faculdades Esucri pelo suporte que dispomos e todo apoio concedido.
REFERÊNCIAS
Código Penal; Código de Processo Penal; Constituição Federal / Obra coletiva. São
Paulo: Saraiva, 2005 869 p.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas,
1999 206 p.
CARNEIRO, Ana Lia Moura Lisboa. Relatório da situação das unidades prisionais.
Disponível em http://www.tj.sc.gov.br/institucional/diretorias/magistrados/noticias/rp1.htm
>. Acesso em 28 de junho de 2012.
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