Humanismo
Humanismo
Atitudes Facilitadoras
Essas são as atitudes que Rogers acreditava serem essenciais para um ambiente terapêutico eficaz:
Tendência Atualizante: Rogers acreditava que todos os seres humanos possuem uma tendência
inata para crescer, desenvolver-se e realizar seu potencial pleno. Essa tendência é uma força
direcional positiva que guia o indivíduo em direção a uma maior autonomia e complexidade.
Organismo Total: Ele via o ser humano como um organismo total, onde mente, corpo, e
emoções estão interligados e influenciam uns aos outros. A pessoa é vista como um todo
integrado, e não como uma coleção de partes separadas.
3. Ideia de Self
Self Real: Este é o eu genuíno, o núcleo do ser que se desenvolve a partir das experiências da
vida. É a essência verdadeira e autêntica da pessoa, não influenciada pelas expectativas ou
pressões externas.
Self Ideal: Este é o eu que a pessoa sente que deveria ser, muitas vezes influenciado por normas
sociais, expectativas familiares, e demandas externas. O self ideal pode ser uma fonte de conflito
interno se estiver muito distante do self real.
Incongruência: Rogers descreve a incongruência como a discrepância entre o self real e o self
ideal. Quando uma pessoa tenta viver de acordo com um self ideal que não reflete quem ela
realmente é, surgem sentimentos de ansiedade, tensão, e desajuste.
Experiência de Self: Para Rogers, a saúde psicológica envolve a capacidade de integrar
experiências novas ao self, em vez de negá-las ou distorcê-las. O self deve ser flexível e capaz de
mudar à medida que novas experiências e informações são incorporadas.
Rogers via a terapia como um processo de ajuda ao cliente para se tornar mais congruente e integrar as
várias partes do self:
Processo Terapêutico: A terapia centrada na pessoa é vista como um processo onde o cliente é o
principal agente de mudança. O papel do terapeuta é criar um ambiente que facilite a
autoexploração e o crescimento, não ditar ou direcionar o curso da terapia.
Tornar-se Pessoa: Este é o objetivo final do processo terapêutico — ajudar o cliente a se tornar
uma "pessoa" no sentido pleno, ou seja, alguém que é congruente, autêntico, e capaz de viver
de acordo com o self real, em vez de estar preso em um self ideal que não é genuíno.
Essa síntese cobre os principais aspectos da teoria de Rogers, oferecendo um panorama do que ele
acreditava ser essencial para a compreensão da psicoterapia e da natureza humana. Se você já conhece
esses conceitos, provavelmente vai perceber que a maior parte da obra de Rogers gira em torno dessas
ideias centrais, desenvolvendo-as e aplicando-as em diferentes contextos.
Claro! Embora Carl Rogers fosse conhecido por evitar o uso de técnicas específicas no sentido
tradicional, pois acreditava que a terapia deveria ser uma experiência genuína e não uma aplicação de
técnicas padronizadas, ele utilizava algumas intervenções que, na prática, acabaram sendo reconhecidas
como "técnicas" dentro da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Aqui estão as principais:
Exemplo: Se um cliente diz "Eu me sinto muito frustrado porque nada parece dar certo", o
terapeuta pode refletir com algo como "Parece que você está se sentindo muito preso e
desmotivado com a situação."
2. Parafrasear
Propósito: Isso ajuda a verificar se o terapeuta compreendeu corretamente o que o cliente quis
dizer e também pode ajudar o cliente a ver sua situação sob uma nova luz, ao ouvir suas próprias
palavras reformuladas.
Exemplo: Se o cliente diz "Eu sinto que ninguém me entende", o terapeuta pode parafrasear
dizendo "Você sente que as pessoas ao seu redor não conseguem compreender o que você está
passando."
3. Verificação de Percepção
O que é: Essa técnica envolve o terapeuta checando sua compreensão com o cliente, garantindo
que ele captou corretamente o que o cliente quis expressar.
Propósito: Serve para evitar mal-entendidos e permite que o cliente corrija ou esclareça o que
ele realmente queria dizer.
Propósito: Isso permite que o cliente entre em contato com emoções profundas que ele pode
estar evitando ou que podem não estar imediatamente aparentes.
Exemplo: Se um cliente fala de uma experiência difícil sem muita emoção, o terapeuta pode
dizer: "Eu percebo que você está falando sobre isso de uma maneira muito calma, mas me
pergunto se há uma dor mais profunda por trás disso."
5. Silêncio Terapêutico
O que é: Rogers usava o silêncio de forma estratégica, permitindo que o cliente tivesse espaço
para refletir e acessar seus próprios sentimentos e pensamentos.
Propósito: O silêncio permite que o cliente processe suas experiências internamente, sem a
pressão de respostas imediatas. É uma forma de respeitar o ritmo do cliente.
O que é: Embora não seja uma "técnica" no sentido estrito, a aceitação incondicional e a
compreensão empática são atitudes fundamentais que permeiam toda a prática terapêutica de
Rogers.
Propósito: Criar um ambiente seguro e não julgador onde o cliente se sente aceito e
compreendido, o que facilita o crescimento e a autoexploração.
Exemplo: Quando um cliente compartilha algo que pode ser considerado socialmente
inaceitável, o terapeuta responde com aceitação, dizendo algo como "Isso deve ser muito difícil
para você", ao invés de julgar ou aconselhar.
7. Autenticidade do Terapeuta
O que é: Também conhecida como "congruência", essa técnica envolve o terapeuta sendo
genuíno e transparente em suas respostas, sem esconder suas próprias reações emocionais.
Exemplo: Se o terapeuta sente que o cliente está evitando algo importante, ele pode expressar
isso diretamente: "Eu percebo que você mudou de assunto, e me pergunto se há algo difícil aí
que você está tentando evitar."
8. Empoderamento do Cliente
O que é: Rogers sempre colocava o cliente como o especialista em sua própria vida. Ele
frequentemente devolvia questões ao cliente, encorajando-o a encontrar suas próprias
respostas.
Propósito: Isso promove a autonomia do cliente e reforça a ideia de que ele tem a capacidade
de resolver seus próprios problemas.
Exemplo: Se o cliente pergunta "O que você acha que eu devo fazer?", o terapeuta pode
responder "O que você sente que seria mais autêntico para você?"
James F. T. Bugental, em sua abordagem existencial-humanista, oferece uma visão profunda sobre a
identidade humana através dos conceitos de eu-atributo e eu-processo. Esses conceitos, embora
originalmente apresentados em um contexto fenomenológico e existencial, podem ser reinterpretados e
atualizados à luz de teorias e práticas contemporâneas da psicologia, especialmente dentro das
abordagens cognitivas e psicodinâmicas. Nesta síntese, integro as ideias de Bugental com conceitos
modernos para oferecer uma visão mais abrangente e atualizada do eu-atributo e do eu-processo.
1. Definição e Natureza
O eu-atributo em Bugental é a parte do self que consiste em características, crenças e rótulos que o
indivíduo vê como fixos e estáveis. Essas qualidades são formadas ao longo do tempo, baseadas nas
experiências pessoais, normas sociais e culturais, e na internalização das expectativas dos outros. O eu-
atributo fornece ao indivíduo um senso de continuidade e identidade, mas também pode se tornar uma
prisão se for rigidamente mantido.
Na psicologia cognitiva moderna, podemos entender o eu-atributo como uma estrutura cognitiva ou um
esquema. Os esquemas são padrões de pensamento profundamente enraizados que moldam como uma
pessoa percebe a si mesma, os outros e o mundo. O eu-atributo, nesse sentido, pode ser visto como
uma coleção de esquemas sobre a identidade pessoal — como "sou competente", "sou incapaz", "sou
amável", ou "sou inadequado".
2. Rigidez e Fixação
O eu-atributo tende a ser rígido, atuando como um filtro através do qual o indivíduo interpreta todas as
novas experiências. Essa rigidez pode levar à repetição de padrões disfuncionais, onde a pessoa se
mantém presa a uma identidade ultrapassada ou limitante. Essa fixação é semelhante ao conceito de
dissonância cognitiva, onde o indivíduo distorce ou evita informações que contradizem suas crenças
centrais para manter uma consistência interna.
Na Gestalt, o eu-atributo poderia ser comparado a uma forma de fixação ou interrupção no processo
natural de selfing, onde a pessoa fica presa em um padrão repetitivo de identificação que impede uma
resposta criativa e adaptativa ao ambiente. A Personalidade na Gestalt, que preserva a continuidade do
self, pode se tornar rígida de maneira semelhante, impedindo o self de se adaptar às novas realidades.
3. Função e Importância
1. Definição e Natureza
O eu-processo em Bugental é o aspecto dinâmico e ativo do self. Ao contrário do eu-atributo, que é fixo
e estático, o eu-processo é fluido, em constante transformação. Ele é o "fazedor" do self, engajado no
momento presente e capaz de se adaptar e evoluir com base nas novas experiências e necessidades. O
eu-processo representa a capacidade do self de se renovar, criar e responder de maneira autêntica às
demandas da vida.
Na terapia Gestalt, o eu-processo se alinha com a função Ego, que é responsável por tomar decisões, agir
e adaptar-se de maneira criativa e flexível. O eu-processo é também onde ocorre o verdadeiro contato
com o ambiente, permitindo ao self interagir de maneira plena e responsiva.
2. Flexibilidade e Adaptação
O eu-processo é caracterizado por sua flexibilidade. Ele permite que o indivíduo se desprenda das
identificações rígidas do eu-atributo e responda de maneira nova e adaptativa às situações. Na Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), o desenvolvimento do eu-processo poderia ser comparado à
flexibilidade cognitiva — a capacidade de questionar e reformular crenças disfuncionais, permitindo
novas formas de pensar e agir que são mais adaptativas e congruentes com a realidade atual.
3. Integração e Crescimento
O eu-processo é a chave para o crescimento e a transformação pessoal. Ele permite que o self incorpore
novas experiências, revise crenças e explore novas maneiras de ser. Em termos de teoria moderna, o eu-
processo pode ser visto como a capacidade do self de engajar em autorregulação emocional e
aprendizado experiencial, onde a pessoa se adapta continuamente às demandas internas e externas,
promovendo uma vida mais autêntica e plena.
Embora o eu-atributo e o eu-processo possam parecer opostos, ambos são necessários para uma
identidade saudável. O eu-atributo oferece estabilidade e continuidade, enquanto o eu-processo
permite adaptação e mudança. A integração desses aspectos é crucial para um self que é tanto coerente
quanto flexível, capaz de responder de maneira criativa às novas experiências sem perder o senso de
identidade.
2. Aplicação na Terapia
Na prática terapêutica, o objetivo seria ajudar o cliente a tomar consciência de suas crenças rígidas (eu-
atributo) e desenvolver maior flexibilidade cognitiva e emocional (eu-processo). Isso pode envolver
técnicas como a reestruturação cognitiva na TCC, ou o uso de técnicas experienciais na Gestalt, como a
cadeira vazia, para explorar e integrar diferentes aspectos do self.
O self, visto como uma interação contínua entre o eu-atributo e o eu-processo, é um processo dinâmico
de atualização constante. Enquanto o eu-atributo preserva a história e a coerência, o eu-processo
garante que o self permaneça vivo e responsivo, capaz de crescer e se transformar ao longo do tempo.
Conclusão
O eu-atributo e o eu-processo de James F. T. Bugental, quando vistos à luz das teorias cognitivas, da
Gestalt e da prática terapêutica moderna, oferecem uma compreensão rica e multifacetada da
identidade humana. O eu-atributo, como uma estrutura cognitiva ou esquema, oferece estabilidade, mas
pode se tornar uma prisão se não for equilibrado com a flexibilidade e a adaptabilidade do eu-processo.
O eu-processo, por sua vez, é o aspecto dinâmico do self, que permite a transformação e o crescimento
contínuos. Juntos, eles formam uma visão integrada do self, que é ao mesmo tempo estável e em
constante evolução, capaz de enfrentar as complexidades e desafios da vida de maneira plena e
autêntica
Essa passagem de James F. T. Bugental expõe de forma clara e profunda a distinção fundamental entre os
conceitos de eu-atributo e eu-processo, e a importância dessa distinção para a compreensão da
identidade humana e da experiência de viver.
Bugental descreve o eu-atributo como um construto que acumulamos ao longo do tempo, baseado em
nossas experiências e observações sobre nós mesmos. Ele o compara a um "álbum de recortes" onde
guardamos todas as memórias e traços que acreditamos nos definir. Esse eu-atributo nos dá uma
sensação de continuidade e estabilidade, o que é útil em muitos contextos, como na tomada de decisões
automáticas ou na manutenção de uma coerência de comportamento que torna nossa identidade
compreensível aos outros.
No entanto, Bugental adverte sobre os perigos de depender exclusivamente do eu-atributo para definir
quem somos no presente. Quando isso acontece, corremos o risco de nos tornarmos "presos ao
passado", vivendo de maneira inflexível e repetitiva, incapazes de perceber e aproveitar novas
oportunidades. A inovação e a criatividade se perdem quando o eu-atributo se torna a base de nossas
ações e decisões, pois ele é, essencialmente, uma estrutura rígida, um registro do que fomos, mas não
do que somos ou podemos ser.
Em contraste, o eu-processo é descrito por Bugental como o aspecto dinâmico e ativo do self, o
verdadeiro "fazedor" que está sempre em desenvolvimento. Ao contrário do eu-atributo, que é
substantivo e fixo, o eu-processo é puro sujeito, sem qualidades intrínsecas rígidas. Ele é o processo de
estar continuamente engajado na vida — pensando, sentindo, agindo, criando — e é através desse
processo que realmente expressamos nosso ser.
Bugental enfatiza que o eu-processo não deve ser confundido com as ações que realizamos ou com as
identidades que construímos através dessas ações. Embora as nossas ações expressem quem somos,
elas não definem completamente nossa identidade, que é muito mais fluida e adaptável. Assim, o eu-
processo é capaz de evoluir e mudar, permitindo-nos responder de maneira nova e criativa a situações
que desafiam nossas ideias e crenças pré-estabelecidas.
3. A Importância da Distinção
Bugental argumenta que confundir o eu-processo com o eu-atributo leva a uma série de problemas,
incluindo uma vida presa ao passado, vulnerabilidade emocional e dificuldades nos relacionamentos
interpessoais. Ele destaca que, embora o eu-atributo tenha valor, ele é apenas uma "secreção" do eu-
processo — uma manifestação temporária e não uma definição permanente de quem somos.
Essa distinção é crucial porque nos permite reconhecer que, embora possamos ter acumulado uma série
de rótulos e traços que nos definem, não estamos limitados a eles. Podemos continuar a crescer e
mudar, e essa capacidade de transformação é central para uma vida plena e autêntica.
4. Aplicação Prática
No contexto terapêutico, Bugental provavelmente usaria essa distinção para ajudar os clientes a se
libertarem de identidades rígidas e desatualizadas, encorajando-os a se engajarem mais plenamente no
eu-processo. Isso pode envolver explorar novas formas de ser, desafiar crenças limitantes sobre si
mesmo e abraçar a mudança como uma parte natural e necessária da vida.
Conclusão
Bugental vê o eu-atributo como uma parte importante, mas limitada, do self. Ele é um registro de quem
fomos, mas não de quem podemos ser. O eu-processo, por outro lado, é a força vital que nos permite
continuar crescendo, evoluindo e nos adaptando ao longo do tempo. Ao distinguir claramente entre
esses dois aspectos, Bugental nos ajuda a entender que nossa identidade é um processo contínuo e
dinâmico, não uma estrutura fixa e imutável.
icar cristalizado ou preso no eu-atributo ocorre por várias razões, que geralmente envolvem tanto
fatores psicológicos internos quanto influências externas. Vamos explorar algumas das principais causas:
O eu-atributo oferece uma sensação de estabilidade e continuidade, o que pode ser psicologicamente
reconfortante. Quando a vida é incerta ou desafiadora, as pessoas tendem a se apegar a aspectos do self
que parecem fixos e previsíveis. A crença em um eu-atributo estável pode proporcionar um sentimento
de segurança, ajudando a pessoa a navegar em um mundo que muitas vezes é imprevisível e cheio de
mudanças.
A mudança, mesmo que potencialmente positiva, pode ser assustadora. O eu-processo, que envolve
adaptação e transformação, exige que a pessoa abra mão de velhos padrões e se arrisque no
desconhecido. Muitas pessoas preferem se apegar ao que já conhecem — seus eu-atributos — para
evitar o desconforto e a ansiedade que podem acompanhar o processo de mudança. O medo do
desconhecido, do “não-ser” ou do vazio existencial pode levar alguém a se prender rigidamente a uma
identidade fixa.
Experiências passadas, especialmente traumas, podem solidificar certas crenças sobre si mesmo. Se uma
pessoa vivencia repetidos fracassos, pode adotar um eu-atributo de "incompetência" como forma de
entender suas experiências. Da mesma forma, uma pessoa que foi consistentemente criticada pode
desenvolver um eu-atributo de "não ser bom o suficiente". Essas crenças podem se tornar tão
enraizadas que a pessoa passa a vê-las como verdades absolutas e imutáveis.
5. Reforço Positivo e Confirmação
Quando uma pessoa recebe reforço positivo por agir de acordo com seu eu-atributo, essa identidade é
fortalecida. Por exemplo, alguém que é elogiado constantemente por ser "competente" pode se sentir
pressionado a manter esse rótulo, mesmo quando isso entra em conflito com suas experiências ou
desejos internos. Esse reforço cria um ciclo em que o eu-atributo é continuamente confirmado e
mantido.
O eu-atributo pode servir como um mecanismo de defesa contra o sofrimento existencial. Ao se definir
rigidamente, a pessoa pode evitar enfrentar questões profundas sobre o sentido da vida, a mortalidade
e a liberdade pessoal. Bugental sugere que, ao evitar o engajamento com essas questões existenciais, a
pessoa pode se proteger temporariamente da angústia, mas ao custo de uma vida menos autêntica e
realizada.
Pessoas que ocupam papéis sociais específicos por longos períodos — como "pai", "professor" ou "líder"
— podem se identificar tão fortemente com esses papéis que se tornam inseparáveis de sua identidade.
Esse tipo de identificação pode ser difícil de abandonar, especialmente se o papel é visto como essencial
para o valor ou propósito da pessoa.