O Futuro Da Autonomia. Uma Sociedade de Indivíduos?
O Futuro Da Autonomia. Uma Sociedade de Indivíduos?
O Futuro Da Autonomia. Uma Sociedade de Indivíduos?
Editorial
Nesta semana, acontece na Unisinos e na PUC-Rio o Contribuem também, nesta edição, Robert Castel,
Simpósio Internacional O futuro da autonomia. Uma autor do livro As metamorfoses da questão social e
sociedade de indivíduos? Grandes conferências, Santiago Zabala, que, conjuntamente com Gianni
minicursos e outras atividades buscarão conceitualizar e Vattimo, escreveu vários livros.
debater, em uma visão transdisciplinar, o impacto Os trabalhos da V Conferência Geral do Episcopado
cultural da autonomia do sujeito nas relações sociais, Latino-Americano e do Caribe (Celam), que está
políticas, econômicas, ecológicas e religiosas. acontecendo em Aparecida, São Paulo, são comentados
A IHU On-Line se propôs a adiantar o debate. Neste por Maria Clara Bingemer, decana do Centro de Teologia
número que está em suas mãos, é possível encontrar uma e Ciências Humanas – CTCH - da PUC-Rio. Por sua vez,
espécie de subsídio para os temas que serão discutidos Luiz Alberto Gómez de Souza, sociólogo, reflete sobre a
neste evento internacional. Assim, entrevistamos o visita de Bento XVI ao Brasil, no artigo, anteriormente
psicanalista Alfredo Jerusalinky, que fala sobre os novos publicado nas Notícias do Dia, “Um véu de integrismo e
enlaces entre o gozo e o saber; o poeta e jornalista fundamentalismo ameaça o mundo pluralista de hoje”.
Affonso Romano de Sant’Anna, que associa arte e O filme da semana é Hércules 56, de Sílvio Da-Rin.
autonomia; o antropólogo Carlos Steil, que aborda a “Hércules 56 joga luz sobre esses quase 40 anos passados
temática do simpósio sob o viés do campo religioso; o entre aquela época de paixão política e o anódino mundo
filósofo Ernildo Stein, que fala sobre o destino do ser na de hoje. A história olha a si própria. O que foi feito do
era do individualismo; o filósofo francês Jean-Claude sonho, da violência, da esperança radical? É algo que
Monod, que discute a autonomia no contexto da também cabe à história responder”, comenta Luiz Zanin
secularização; o psicanalista e filósofo Mario Fleig, para Oricchio.
quem “o delírio de autonomia poderia ser descrito como Desejamos que os/as participantes do Simpósio
a dissolução dos fundamentos da moral”; o filósofo Internacional O futuro da autonomia. Uma sociedade
brasileiro Paulo Roberto Monteiro de Araújo, que de indivíduos? sejam muito bem-vindos/as na Unisinos!
aborda a contribuição de Charles Taylor na compreensão A todas e todos uma ótima leitura e uma excelente
da autonomia; e o filósofo francês Paul Valadier, que semana!
fala sobre o futuro da autonomia, política e niilismo.
A. Tema de capa
» ENTREVISTAS
B. Destaques da semana
» Teologia Pública
PÁGINA 52 | Maria Clara Bingemer: “Igreja que deseja ser ouvida numa cultura pós-cristã precisa ter um testemunho
forte, crível e consistente, que acompanhe o discurso”
» Brasil em Foco
PÁGINA 57 | Luis Nassif: “Lula. Governo macunaímico assim como foi o de FHC”
» Artigo da Semana
PÁGINA 59 | Luiz Alberto Gómez de Souza: Um véu de integrismo e fundamentalismo ameaça o mundo pluralista de hoje
» Análise de Conjuntura
PÁGINA 67| Destaques On-Line
C. IHU em Revista
» EVENTOS
PÁGINA 71| Sergio Trein: Política: sai a ética, entra o espetáculo
» PERFIL POPULAR
PÁGINA 73| Adriana Elena de Medeiros
» IHU Repórter
PÁGINA 76| Jocilaine Alves Neves Stein
Homo automaticus. Novos enlaces entre gozo e saber é o tema que inspirou a
entrevista a seguir, concedida por e-mail pelo psicanalista Alfredo Jerusalinsky à
IHU On-Line, adiantando aspectos do ninicurso que irá ministrar em 23-05-2007 no
Simpósio Internacional O futuro da autonomia. Uma sociedade de indivíduos? Para
Jerusalinsky, se até pouco tempo “o sujeito se orientava na procura de um outro
para decidir seu destino face àquilo que a sociedade demandava dele, hoje – na
pós-modernidade – ele anda na incessante procura de um objeto que venha lhe
garantir um gozo da máxima intensidade”. Dito de outro modo, explica ele, “se o
problema central de todo sujeito antes era como se representar no discurso social
hoje sua bússola sofreu a torção para o encontro com a satisfação de suas
demandas corporais”.
Mineiro de Belo Horizonte, Sant’Anna teve, nos anos 1960, uma participação
ativa nos movimentos que transformaram a poesia brasileira, interagindo com os
grupos de vanguarda e construindo sua própria linguagem e trajetória. Também
data desta época sua participação nos movimentos políticos e sociais. Como poeta
e cronista, foi considerado pela revista Imprensa, em 1990, um dos dez jornalistas
que mais influenciam a opinião de seu país. Dirigiu o Departamento de Letras e
Artes da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) na década
de 1970, organizou a “Expoesia”, evento que reuniu 600 poetas num balanço da
poesia brasileira e trouxe ao Brasil conferencistas estrangeiros como Michel
Foucault. Como jornalista trabalhou nos principais jornais e revistas do país:
Jornal do Brasil, Senhor, Veja, Isto É e O Estado de São Paulo. Foi cronista da
Manchete e do Jornal do Brasil. Está no jornal O Globo desde 1988. Foi considerado
pelo crítico Wilson Martins como o sucessor de Carlos Drummond de Andrade, no
sentido de desenvolver uma “linhagem poética” que vem de Gonçalves Dias, Bilac,
Bandeira e Drummond. De sua obra, composta por cerca de 30 livros de ensaios,
poesia e crônicas, destacamos Que fazer de Ezra Pound? (São Paulo: Imago, 2003),
Desconstruir Duchamp (Rio de Janeiro: Vieira & Leme, 2003) e A cegueira e o saber
(Rio de Janeiro: Rocco, 2006).
IHU On-Line - Em que aspectos o conceito de filosófica da modernidade compreende, deste modo, a
autonomia está ligado à secularização da mesma como época da autonomia do sujeito, aberta
modernidade? filosoficamente por Descartes com sua exigência de
Jean-Claude Monod - Como conceito ou “palavra de rejeição de tudo o que tem sido “recebido” sem exames
ordem” política tipicamente moderna, a secularização (opiniões admitidas na infância, tradições imemoriais...),
pôde ser definida como emancipação em face da religião, e sua refundação do saber sobre a certeza subjetiva.
assimilada à tradição e à heteronomia, constituindo-se Além disso, a modernidade como secularização
numa “lei do Outro”; um outro que não seja eu, um consistiria, então, para o sujeito individual, numa
outro que não seja o homem, um outro que não seja a “autofundação”, da qual o instrumento é a razão:
razão. Trata-se de uma lei imposta como imutável refundação das normas sobre a vontade do sujeito que só
enquanto sagrada, transcendente. Certa explicação quer obedecer a uma lei que fez a prova de sua
28
Marcel Gauchet: filósofo francês. Com Luc Ferry, é autor do livro
Le religieux après la religion (O religioso após a religião. Paris:
Grasset. 2004). Escreveu Le désenchantement du monde (Paris:
Gallimard. 1985), La condition historique (Paris: Stock, 2003) e Un
monde désenchanté? (Paris: L’atelier. 2004). (Nota da IHU On-Line)
IHU On-Line - A autonomia na pós-modernidade é um modernidade, com já afirmara Hegel29. Nossa proposta
delírio? Por quê?
Mario Fleig - Autonomia, correlato do conceito de 29
Friedrich Hegel (1770-1831): filósofo alemão idealista. Como
liberdade, é uma das maiores conquistas da Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, tentou desenvolver um sistema
filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus
principais predecessores. Sua primeira obra, Fenomenologia do
espírito, tornou-se a favorita dos hegelianos da Europa continental no
IHU On-Line - Como a obra de Charles Taylor pode Paulo Roberto Monteiro de Araújo - Taylor37
nos auxiliar a compreender a ética e a crise da
modernidade? 37
Charles Taylor: filósofo canadense, autor de vários livros entre os
quais se destaca: Sources of the Self. The Making of the Modern
Identy, editado em 1989 e traduzido para o português sob o título As
fontes do self. A construção da identidade moderna (São Paulo:
Loyola, 1997). Também é o autor do livro The malaise of modernity,
publicado em 1991 e traduzido para várias línguas. Em espanhol o livro
se intitula La ética de la autenticidad (Barcelona: Ediciones Paidós,
1994). Em português podem ser conferidos, ainda, Argumentos
filosóficos (São Paulo: Loyola, 2000) e Multiculturalismo:
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A Nietzschean Defense of Democracy: An Experiment in
Postmodern Politics (Illinois: Open Court Publishing Company, 1995).
(Nota da IHU On-Line)
Para o sociólogo francês Robert Castel, “as pessoas não são autônomas por
natureza, por essência. Para ser autônomo, eu penso que é preciso ter certos
recursos e direitos, e eu penso que a reflexão sociológica sobre a autonomia seria
descobrir quais são as condições objetivas de possibilidades para ser autônomo
ou independente”. As afirmações, feitas em entrevista exclusiva à IHU On-Line,
por telefone, dão o tom de sua conferência O futuro da autonomia e a construção de
uma sociedade de indivíduos, a ser proferida nesta quarta-feira, 23-05-2007, às
9h, no Simpósio Internacional O futuro da autonomia. Uma sociedade de indivíduos?
IHU On-Line - Qual é o futuro da autonomia frente ao se tem um mínimo de recursos materiais, quando se vive,
aprofundamento de uma sociedade de indivíduos? por exemplo, na pobreza mais absoluta. Também é difícil
Robert Castel – Eu não sei, porque não sou profeta. É ser autônomo quando não se tem certo número de
sempre difícil falar do futuro. Eu penso que, em grande proteções contra os riscos sociais, as doenças etc. Parece
medida, o futuro é imprevisível. O que nós, sociólogos, que, atualmente, no entanto, há um grande número de
podemos tentar fazer é partir do presente, questionando indivíduos, no Brasil e em outros países do mundo, em
qual é, hoje, o estado, a situação dos indivíduos, com condições mínimas de independência social que
relação a uma possibilidade de autonomia ou de permitam que se fale de autonomia, seja quando se fala
independência social. E, a partir desse ponto de vista, o de grandes conceitos, seja de palavras filosóficas, mas
julgamento que podemos fazer hoje em dia, na minha sem conteúdo concreto. Portanto, para mim, parece que
opinião, é bastante pessimista, pois há ainda, no Brasil e é necessário falar de autonomia, sem cairmos no
numa grande parte do planeta, mesmo em países como a idealismo. Seria necessário analisar a situação na qual
França, ou na Europa Ocidental, muitos indivíduos com vivem as pessoas e as dificuldades que elas têm para
imensas dificuldades de se tornarem autônomos. Não possuírem um mínimo de independência social. Ao
porque não tenham as qualidades morais, a inteligência analisarmos a situação da autonomia, teríamos de ver,
necessária, mas porque estão em condições de vida, sob por exemplo, quais os obstáculos que se apresentam,
os aspectos do trabalho e da subsistência, em que é quais são os desafios e o que se poderia fazer no futuro
difícil ser autônomo. É difícil ser autônomo quando não para se obter algum tipo de autonomia.
The retreat from class (1986), com o qual recebeu o prêmio of being. Vattimo nos ensina basicamente a possibilidade
Deutscher Memorial. Democracia contra capitalismo é seu positiva do niilismo: o que perdemos na dissolução da
terceiro livro publicado no Brasil. É uma das mais influentes pensadoras metafísica é a idéia de que há um certo e um errado na
marxistas da atualidade. (Nota da IHU On-Line)
IHU On-Line - É possível relacionar, no contexto da colegialidade episcopal foi uma das tônicas do Concilio,
sociedade brasileira, os momentos preparatórios às que vai terminar dez anos depois da Conferência. Hoje
Conferências do Rio de Janeiro, em 1955, e a V estamos a mais de quarenta anos após o Concílio. A
Conferência do CELAM, em Aparecida? Que colegialidade episcopal foi proclamada como
semelhanças e diferenças podemos sublinhar? necessária, foi experimentada e implementada em
Maria Clara Bingemer - A Conferência do Rio de várias conferências episcopais pelo mundo inteiro, mas
Janeiro, em 1955, era uma primeira tentativa, ainda infelizmente temos que constatar que houve um recuo
antes do Concílio Vaticano II, de reforçar a na mesma. Reforçou-se o poder dos ordinários locais e
colegialidade episcopal no continente. Havia toda uma somente algumas conferências episcopais latino-
expectativa e o ensaio de fazer algo novo, ainda não americanas, como a brasileira, ainda procura vivê-la,
tentado nestas latitudes, mas algo que já existia na mas já sem o vigor e a visibilidade de antes. Creio que
Igreja como realidade latente. A prova é que a isso é o que eu mais gostaria de salientar entre uma
Nesse ano, o jornalista lançou o livro Cabeças de planilha (Ed. Ediouro, 2007). Na
obra, Nassif narra as chances que o Brasil teve de se tornar uma nação de
primeiro mundo. Sobre esse assunto, o jornalista concedeu uma entrevista à IHU
On-Line, no dia 27-04-2007, intitulada “O maior cabeça de planilha hoje é o Lula”.
A entrevista pode ser conferida no sítio do IHU (www.unisinos.br/ihu)
IHU On-Line - Quais as conseqüências para a esse simulacro de câmbio flutuante, com esse diferencial
economia brasileira desse câmbio? absurdo de taxas de juros, o que se quer é a apreciação
Luis Nassif - Vai destruir setores empresariais inteiros do real sim, pois aumenta substancialmente os lucros de
e sepultar os sonhos de quem acreditava que o Brasil quem aposta.
poderia ter uma economia moderna e competitiva.
IHU On-Line - Quais os interesses que podem estar
IHU On-Line - O senhor acha que o governo Lula e o por detrás da postura do Banco Central em relação a
Banco Central estão conduzindo o caso da melhor esse câmbio?
forma? Como o Brasil deveria conduzir as taxas de Luis Nassif - Interesses do mercado e dos grandes
importação e exportação? Qual seria a melhor investidores que trazem dólares de fora para especular e
alternativa, algo que beneficiasse não apenas os ganhar com os juros e com a valorização do real.
grandes investidores e banqueiros, mas os outros
setores da economia nacional? A valorização do real é IHU On-Line - Como definir um governo que vê a
inevitável? O governo nada pode fazer, deixando tudo queda do dólar como o “melhor dos mundos”, sem
meio solto com o câmbio flutuante? pensar na indústria e nos demais setores afetados pelo
Luis Nassif - O governo Lula, assim como FHC, governa câmbio? Lula tem real ciência do que está
de olho nos grandes setores apenas. Quando se deixa acontecendo economicamente no País? Ele sabe que a
No primeiro dia da visita do papa, escrevi um texto corrente espírita, outras religiões ameríndias ou
criticando a unilateralidade da mídia, que até melhorou asiáticas, os sem religião etc. Aliás, o papa disse que não
nos dias subseqüentes. Mas, ao final da visita, o se podia convencer por imposição, mas pelo testemunho.
questionamento virou-se para minha própria Igreja. A
estadia do papa provocou emoções no mundo católico, Como católico, fiquei vendo na televisão uma
como os aiatolás mobilizam multidões muçulmanas. Mas manifestação asfixiante de poder eclesiástico, vestes
e os não-católicos? Afinal, neste país, católicos aparatosas, declarações contundentes. Tudo isso
realmente praticantes são uma minoria. Somos uma convencendo e, talvez, fortalecendo emocionalmente os
sociedade plural, com muitos católicos nominais, um já convencidos. Confesso que me senti bastante
número crescente de evangélicos, um número maior das incomodado. Meu primeiro texto ainda era esperançoso,
religiões afro do que as estatísticas indicam, uma forte mas depois de um dia respondendo por telefone a
Hércules 56
TODOS OS FILMES COMENTADOS NESTA EDITORIA JÁ FORAM VISTOS POR ALGUM (A) COLEGA DO IHU.
Ficha Técnica:
A imagem que está na origem do filme, uma espécie de Zanconatto) embarcaram em outros pontos do País, antes
célula original do projeto, é das mais famosas da época de o avião deixar o território nacional e levá-los ao
do regime militar - 13 dos 15 presos políticos liberados exílio.
por exigência dos seqüestradores do embaixador Foi o ato mais ousado e espetacular da resistência ao
americano no Brasil posam diante de um enorme avião da regime militar: o seqüestro do embaixador americano
FAB, um Hércules 56, prestes a deixar o País. Por que Charles Burke Elbrick, que envolveu dois grupos da
faltam dois personagens? Porque a foto foi feita no Rio e esquerda armada (a Dissidência da Guanabara e a ALN).
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esses dois remanescentes (Gregório Bezerra e Mário A idéia inicial era libertar alguns líderes estudantis,
presos no Congresso da UNE, em Ibiúna, no ano anterior.
Mas, com o embaixador capturado, decidiu-se pela
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Gregório Bezerra (1900-1983): político, líder comunista e ex-
sargento do Exército brasileiro, foi fortemente perseguido e contra a opressão do povo. Gregório Bezerra, segundo passou 22 anos
desumanamente torturado ao longo de sua luta pela paz, justiça e em Recife. (Nota da IHU On-Line)
Análise de Conjuntura
A partir desse serviço, o Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT – com sede em
Curitiba, parceiro estratégico do IHU, elabora uma análise da conjuntura, em fina sintonia com a
missão e as linhas estratégicas do IHU, elaborados no Gênese, Missão e Rotas, disponível na
página do Instituto.
Essa editoria veicula notícias e entrevistas que foram destaques nas Notícias Diárias do sítio do IHU.
Apresentamos um resumo dos destaques que podem ser conferidos, na íntegra, na data correspondente.
ENTREVISTAS ESPECIAIS FEITAS PELA IHU ON-LINE DISPONÍVEIS NAS NOTÍCIAS DIÁRIAS DO SÍTIO DO IHU (WWW.UNISINOS.BR/IHU)
ENTREVISTAS E ARTIGOS QUE FORAM PUBLICADOS NAS NOTÍCIAS DIÁRIAS DO SÍTIO DO IHU (WWW.UNISINOS.BR/IHU)
Política: sai a ética, entra o espetáculo é o tema que apresentará o Prof. MS. Sérgio Trein nos
Encontros de Ética da segunda-feira, 28 de maio.
Encontros de Ética é uma atividade promovida pelo IHU, aberta a toda comunidade acadêmica,
tem entrada franca e acontece das 17h30min às 19 horas, na sala 1G119 do IHU. Confira abaixo a
entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.
IHU On-Line - Como a referência à ética de princípio escreve poesia. Sem falar que ser ético virou, de certa
e à ética de responsabilidade se aplica ao Brasil? forma, motivo de deboche. É característica de quem
Sérgio Trein - É interessante o que se observa, hoje, parece certinho demais.
no Brasil, a respeito da ética. Na verdade, ela virou uma
espécie de dom, de qualidade de determinadas pessoas. IHU On-Line - A expressão ética na política está em
No entanto, o princípio da ética deve estar presente em destaque no Brasil desde o processo de impeachment
todas as pessoas. Isso não deveria ser discutido. O mesmo do ex-presidente Fernando Collor. Como o senhor
acontece quanto à questão da responsabilidade. entende a exigência de “ética na política” nos dias de
Especificamente no campo político, na última eleição hoje no Brasil?
viu-se um quadro muito curioso. Em função das Sérgio Trein - É como eu referi na pergunta anterior.
denúncias de corrupção, ocorridas em 2005, o discurso Exige-se ética na política, quando, na verdade, não
de todos os candidatos foi pautado pela ética. Todos deveríamos nos preocupar com isso. Especialmente no
ficaram afirmando que eram éticos, quando a ética meu trabalho, procura-se desenvolver muito a questão da
deveria ser um princípio natural de um político – e de oratória, da postura, do carisma, da linguagem num
todos nós. O problema é que os constantes casos de candidato. Ou seja, a forma como ele deve se apresentar
denúncia estão criando um quadro novo e invertendo a ao público. Entretanto, assim como qualquer um destes
lógica da ética. Por isso, eu digo que ela virou uma itens, a ética parece ter virado algo a ser conquistado.
qualidade especial, como a de alguém que toca piano ou Agora, claro, existem muitos políticos sérios, éticos e
Oportunidade Casamento
Surgiu uma vaga de laboratorista na Unisinos em 1996. Quando comecei meu trabalho na Unisinos, foi feita
Enviei meu currículo e logo fui chamada para a seleção. uma reunião de integração dos novos funcionários. Nessa
Entrei na Unisinos para trabalhar no laboratório de reunião conheci meu marido. Ele tinha começado a
Nutrição, que era muito diferente do que é agora. Eu trabalhar um dia antes de mim. Começamos a namorar e
auxiliava os professores na preparação das aulas práticas, um ano depois nos casamos.
fazia compras para as aulas, além dos serviços
administrativos do laboratório. Depois de seis anos, a Filhos
demanda do laboratório aumentou, e mais colegas Após dois anos de casados, mudamos de Canoas para
vieram trabalhar comigo. Quando surgiu o curso de São Leopoldo. Já tínhamos nosso primeiro filho, João
Gastronomia, houve uma reestruturação do laboratório, Henrique, que, nesta época, tinha um ano e hoje tem
onde também pude ajudar a projetar os espaços. Os sete anos. Temos outro filho, o João Vítor, de três anos.
cursos de Gastronomia e Nutrição são multidisciplinares, Na época em que ele nasceu foi conturbado, pois eu
trabalhamos a administração, sociologia, história e até trabalhava e estudava. No dia em que ele nasceu, eu fui
artes, o que é muito legal. à tarde para a obstetra, que disse que deveríamos fazer
o parto naquele dia. Eu tinha uma prova importante.
Administração de Empresas Logo depois de fazer a prova, fui para casa e ele esperou
Na Química, trabalhamos sozinhos, focados no trabalho mais uns dias para nascer. Logo depois do nascimento
e na pesquisa. Escolhi Administração de Empresas, com começaram as aulas. Os professores foram muito
ênfase em Recursos Humanos, por ser uma área compreensivos, permitindo que eu trouxesse o bebê para
dinâmica, onde poderia trabalhar diretamente com as a aula. Ele ficava no carrinho, ao meu lado. Meu marido
pessoas. Formei-me em 2006 e estou pensando em fazer e meu filho mais velho me acompanharam nessa época,
pós-graduação e mestrado. Uma área que me encanta é a vindo junto para a Unisinos comigo.
motivacional, pois atualmente é muito difícil conseguir
Filme - Não tenho um preferido. De modo geral, gosto Unisinos - A Unisinos é a minha segunda casa. Faz dez
de comédias e filmes que tenham uma história de vida anos que trabalho aqui. Há muitas mudanças ocorrendo,
interessante. espero que todas para melhor. Só tenho coisas boas para
falar da Unisinos. Graças a ela consegui me formar,
Livro - Gosto de livros da área da administração. trabalho com pessoas agradáveis e me sinto muito bem
Também leio Paulo Coelho e livros de auto-ajuda. aqui.
Costumo misturar, ler de tudo um pouco. Agora, em
função do meu trabalho, estou lendo obras de tendências IHU - O Instituto Humanitas representa a cultura dentro
e história da gastronomia. da Universidade. Ele promove muitas exposições, eventos
e palestras, que são muito importantes.