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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

__ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS-


AM.

Tarcísio Pena Tavares, brasileiro, convivente, policial militar, portador do


RG nº 13.443 SI/PMAM, inscrito no CPF sob o nº 445.388.982-87, residente e
domiciliado à Rua Rio Iquiri, 27, QD. 8, Armando Mendes, Manaus-AM - CEP
69.085-000, por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração
em anexo, com escritório profissional descrito em nota de rodapé, onde
recebe intimações e demais atos processuais, vem com o costumeiro
acatamento à presença de V. Exa., propor AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
E MORAIS COM TUTELA ANTECIPADA em desfavor de AVANCARD
PROVER PROMOÇÃO DE VENDAS LTDA, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ nº 20.308.187/0001-00, localizado na Rua 24 de
maio, nº 399, 2º andar, sala A, bairro Centro, Manaus-AM, CEP: 69010-080,
pelas razões fáticas e jurídicas que passa a expor:

1. PRELIMINARMENTE:

1.1. Do benefício da justiça gratuita:

Com base na Lei 7.115, de 29/08/1983, e para finalidade do disposto


no Art. 4º, da Lei 1.060/50 e Constituição Federal, art. 5º, LXXIV, a parte
autora declara não poder arcar com o custo deste processo sem o sacrifício
do sustento próprio e de sua família, responsabilizando-se integralmente
pelo conteúdo da presente declaração.
1.2. Da inversão do ônus da Prova:

É importante ressaltar que a autora na qualidade de consumidora,


em visível situação de hipossuficiência e comprovada a verossimilhança dos
fatos a seguir demonstrados nesta inicial, está devidamente amparada pelo
instituto da inversão do ônus da prova, avocado pelo art. 6º, inciso VIII do
Código do Consumidor, que assim trata o assunto:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência.

Assim Excelência, demonstrado está, a verossimilhança dos fatos


alegados pelo autor e seu estado de hipossuficiência em relação ao Réu,
roga-se pela concessão do benefício supracitado.

2. DOS FATOS:
A parte autora é Policial Militar do Estado do Amazonas. Narra que
há alguns anos, todo o efetivo da PMAM foi chamado a comparecer ao
Comando Geral para resgatar um CARTÃO DE ADIANTAMENTO SALARIAL
– “AVANCARD”, sem que ninguém houvesse solicitado.

O autor, assim como centenas de policiais militares questionaram os


representantes do requerido se o cartão lhes traria algum custo. A resposta
foi de que, se tratava de um cartão plástico com função de antecipação
salarial com limite de até 25% do salário líquido e que o valor seria
descontado à vista diretamente no contracheque. Informou ainda que, após
o desbloqueio seria cobrado uma taxa mensal correspondente à anuidade
de cartão, também em folha de pagamento, independentemente de sua
utilização.
Acontece Excelência que, desde então, o requerido passou a
descontar no contracheque do autor o valor de R$ 3,00(três reais), referente
à anuidade de cartão, sem que ele tenha sido desbloqueado e obviamente
utilizado para adiantamento salarial. Inclusive, o plástico ainda está grudado
no envelope.

O requerido efetuou, e continua efetuando, indevidamente,


cobrança referente a uma anuidade de cartão de adiantamento salarial
não solicitado e sequer desbloqueado. O STJ entende que a cobrança
de anuidade de cartão bloqueado é prática abusiva que enseja indenização.
Súmula 532 do STJ.

Se é prática abusiva indenizável a cobrança de anuidade por cartão


ainda bloqueado e o envio sem prévia solicitação, muito mais a anuidade
descontada em razão de cartão sequer contratado pelo consumidor.

Ao procurar a requerida, recebeu a resposta de que a cobrança se


referia à “manutenção de cadastro”, e que o valor é cobrado
independentemente do desbloqueio do cartão plástico ou sua utilização. Um
absurdo!!!

Diante da impossibilidade da resolução do problema de forma


administrativa, não resta a parte requerente outra opção senão se socorrer
nesta D. Justiça.

3. DO DIREITO:
3.1. Do Ato Ilícito e Da Responsabilidade Civil:
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do
direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de
direitos fundamentais:

"Art. 5º (...)

V - é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; (...)".

O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica


destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual,
causando prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. Sendo
assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano a
outrem, como ocorre no caso em tela, onde o Requerente sofreu danos
morais, decorrentes dos atos ilícitos praticados exclusivamente pelo Banco,
ora Requerido.

Faça-se, ainda, constar preluzivo o art. 927, caput, in verbis:

"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e


187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo."

In casu, portanto, claro está que os prejuízos experimentados pelo


Requerente foram causados pela má prestação de serviços e, notadamente,
pela má-fé do Banco, ora requerido, que resultou em grave violação de
diversos direitos previstos no Código Civil e no Código de Defesa do
Consumidor pátrios.

3.2. Da Desconstituição de Débito, Do Pagamento em Dobro


e da Indenização por Danos Morais:
A parte autora pleiteia a declara de inexigibilidade do débito lançado
em contracheque, inerente a reclamação; efetuar a devolução dos valores
descontados indevidamente na monta de R$180,00(cento e oitenta
reais), que deverá ser pago em dobro, no valor de R$ 360,00 (trezentos
e sessenta reais), referente ao período de desconto de julho/2017 a
junho/2022, a título de danos materiais, com acréscimo de correção
monetária e juros legais.
Já no que tange ao dano moral, sabe-se que existem circunstâncias
em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua
integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, causando-lhe,
enfim, mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e


187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Assim sendo, diante de tal abuso praticado pelo


Requerido, imperiosa é a desconstituição do débito
imposto ilegalmente ao Requerente. Ademais, o Código
de Defesa do Consumidor, em seu art. 42, ampara o
direito deste, em desconstituir o débito, bem como
determina o pagamento do valor em dobro da quantia
cobrada indevidamente, como ocorre no caso em tela:

“Art.42. (omissis).

Parágrafo único – O consumidor cobrado em


quantia indevida, tem direito a repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano
justificável”.
Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de
uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao
lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima e dos dissabores
sofridos, em virtude da ação ilícita do lesionador.

Desse modo, a indenização pecuniária em razão de dano moral é


como um lenitivo que atenua, em parte, as consequências do prejuízo
sofrido, superando o déficit acarretado pelo dano.

E, como já esclarecido anteriormente, em decorrência da conduta de


má-fé, irresponsável e, principalmente, ilegal do Banco, ora Requerido, o
Requerente vem sofrendo com o enorme sentimento de impotência e de
desgaste emocional incomensurável, diante dos descontos indevidos e da
frustração e indignação, notadamente, diante da omissão e passividade do
Requerido diante dos problemas causados a Requerente, o que comprova o
descaso, deslealdade, desrespeito e o despreparo deste diante dos
consumidores brasileiros, in casu, da Requerente, a qual deve ser ressarcido
mediante indenização pelos danos morais que lhe foram impostos pelo
Requerido, de forma injusta e ilegal.

No que se refere aos direitos e garantias acerca da honra da


Requerente, bem como o dever de indenizar, da Requerida, os danos morais
sofridos por aquela, cumpre destacar que a lex mater, de forma clara e
objetiva, assim verbera em seu artigo 5º, incisos V e X, ad verbum:

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V – é assegurado o direito de resposta proporcional ao


agravo, além de indenização por dano material, moral
ou à imagem.
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurando o direito e a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.”

4. DO PEDIDO:
Isto posto, é a presente para requerer ao(a) Nobre Magistrado(a) se
digne de:

a) Conceder o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da Lei


1.060/50 e CPC;
b) Conceder o pedido de inversão do ônus da prova;
c) Proceder a citação do Requerido para, querendo, responder aos
termos da presente ação, sob pena de revelia e confissão;
d) A RESTITUIÇÃO EM DOBRO do valor R$ 87,00 (oitenta e sete
reais), referentes aos descontos indevidos realizados no
contracheque da parte autora no período fevereiro/2020 a
julho/2022, TOTALIZANDO A QUANTIA DE R$ 174,00 (cento e
setenta e quatro reais), bem como os demais descontos que
porventura venham a ser descontadas no decorrer do processo,
acrescido de correção monetária e juros legais;
e) A condenação pelos danos morais in re ipsa no valor sugestivo de R$
20.000,00 (vinte mil reais), ou valor que atenda aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade e ao caráter pedagógico
punitivo da reparação;
f) Julgamento Antecipado da Lide.

Protesta desde já pela produção de todos os meios de provas em


direito permitidos.
Dá-se a causa o valor de R$ 20.174,00 (cento e setenta e
quatro reais).

Termos em que,

Pede Deferimento.

Manaus-AM, 29 de agosto de 2022.

Ivan Gleidson Trindade de Souza Farias

OAB/AM 11.908

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