Haicai
Haicai
Haicai
Persegue implacvel as ptalas de cereja forte tempestade. Teika (1162-1241) Nenhum movimento no pntano da montanha na manh de neve. Chiyo-Ni (1703-1775)
Montes distantes donde nevam as nuvens com pores claras. Senyun Este caranguejo est no mesmo lugar em que o cu de ontem. Yosa Buson (1716-1784)
Ptala cada que torna de novo ao ramo: uma borboleta! Arakida Moritake (1473-1549) pobre sim, pobre, a mais pobre das provncias. Mas, sinta esta brisa! Kobayashi Issa (1763-1827)
A cigarra... Ouvi: nada revela em seu canto que ela vai morrer. Matsuo Bash (1644-1694) Defronte da casa inda se tranam esteiras luz do luar. Masaoka Shiki (1867-1902)
Rigorosamente, so haicus os trevos acima de Chiyo-Ni, Masaoka Shiki e Teika. Claro, segundo o traduzido! Poema curto, o haicu, poesia pura, no ocupa muito espao, facilitando os meios de comunicao. Podemos dizer que o supra-sumo da brevidade. Inicialmente poema de humor, Bash o valorizou na sua origem, o hocu (primeira estrofe da poesia encadeada haicai), acrescentando-lhe a filosofia zen. Batizado por Shiki, derivado dessa primeira estrofe da composio potica renga. O haicu, atravs da sutileza do autor, sempre evoca algo no leitor. Para Bash, o hocu, hoje isolado como haicu tambm, , tal como aquele, somente o que est acontecendo aqui e agora e, neste acontecendo, nossa mente deve estar vazia e o corao desarmado. Pensar estar doente dos olhos (Fernando Pessoa; Alberto Caeiro). Sinto, portanto, existo (Jean-Jacques Rousseau). Na prtica, tambm ocorrem experincias de reminiscncias nesse mesmo momento. Descritivos, os haicus, de um modo geral, correspondem portanto, a instantes, como um flash, uma foto e mesmo um filme. O poeta os capta do real e os transubstancia. Passa a ser um todo harmnico rodeado e em fuso com a natureza. A qualidade de um haicu proporcional prtica de o produzirmos concentrados no que nos rodeia e olhando bem para dentro de ns mesmos. O presente texto possibilitar a quem os ler - e praticar - alcanar um grau de razovel satisfao ntima de conceber um haicu. Exercitando-se, dominar e perceber melhor as normas e a conseqente tcnica: o contedo e no a forma! medida que trabalhar seus haicus, a inspirao vir. O gnio resultado de trabalho e mais trabalho. Quando transpiramos de forma correta, a inspirao se compadece e aparece! Experimente.
CARACTERSTICAS DO HAICU 1 NO CONCEITUAO, MAS DESCRIO - um poema conciso, descritivo, evita o conceitual. 2 OBJETIVIDADE - Contm expresso direta, objetiva - por meio de imagens vistas no momento. 3 *QUIGO - Relaciona-se a uma estao do ano, por conter termo de estao (quigo). 4 MTRICA - formado por 3 versos de 5, 7 e 5 slabas poticas (sons), respectivamente, ou menos. 5 FIDELIDADE E SENSIBILIDADE - Expressa fielmente a sensibilidade do autor. 6 TTULOS E RIMAS DISPENSVEIS - Dispensa ttulos e no exige rimas. * Os haicus, em virtude do quigo, resultam textos harmoniosos e equilibrados entre o objetivo e o subjetivo, o material e o espiritual. Entre natureza e ego. Mergulhemos nessas caractersticas. 1 NO CONCEITUAO, MAS DESCRIO - O haicu descritivo - evita o conceitual. O haicu um poema descritivo, evita o discursivo, o conceitual. Deve-se pois fugir ao raciocnio e respeitar a simplicidade, usar pouco ou nenhum adjetivo e lig-lo a uma estao do ano, observando a natureza. Os versos de um haicu no devem ter logo, nem portanto, nem contudo, etc. (no sentido de uma concluso lgica como os encontrados geralmente nos sonetos: o soneto ingls at destaca como dstico seus dois ltimos versos). Evitar a redundncia, o verbo ser, a anlise. Ao contrrio. As frases devem ser soltas, ambguas nas suas funes lgicas. So abertas, plurais. Assim imbudo, o autor fica a cavaleiro para produzi-lo. Para Bash, as fontes da poesia so: espontaneidade, intuio e aperfeioamento espiritual, que se alcanam pela viso direta e no na projeo do ego na produo de um bom haicu.
2 OBJETIVIDADE - O haicu possui expresso direta, objetiva - por meio de imagens. O haicu o que est acontecendo aqui e agora (Bash). Simultaneamente, de fora para dentro, de dentro para fora. A sua claridade surge do entrechoque das imagens. 3 *QUIGO - O quigo (palavra de estao) - alma do haicu. A palavra da estao (quigo) d harmonia entre o visto de Quidai o tema da sazo. O quigo casaco (por extenso, agasafora para dentro, magicamente fazendo o haicu de dentro lho), identifica um haicu com quidai (tema) de inverno. para fora. Representa uma das quatro estaes. Por exemplo: ip, Exemplo (rigorosamente, este trevo no haicu!): borboleta (flor e inseto de primavera), ano novo (termo vivencial de vero), liblula (inseto de outono) e festa junina Noite agasalhando (evento de inverno). Quigo a palavra da sazo. a prpria sob as luzes da cidade. identidade do haicu. Menino dormindo. MFM
A contagem termina sempre na slaba tnica da ltima palavra de cada verso. Dispensa-se da contagem as demais slabas dessa mesma ltima palavra, se houver. A cada verso inicia-se nova contagem (dispensa-se as slabas que sobraram da ltima palavra do verso anterior). Na contagem, ignora-se sempre quaisquer pontuaes. 1 PRO NA BOR 2 CU RU BO 3 RAN A LE 4 5 6 MEN 7 TA Slabas poticas Procurando pouso, na rua movimentada, borboletaflita. Edson Kenji Iura Tamborile os
Aqui temos um haicu com quigo de primavera (borboleta). Trs versos: 5, 7 e 5 slabas poticas (sons). dedos do polegar ao mnimo, um por vez, lendo cada verso, slaba a slaba.
O dedo mnimo sempre dar o som forte, a slaba tnica, poticas (sons). da ltima palavra do primeiro e terceiro versos; dar sempre Como o poeta optou por duas, se houvesse repetio dessa a 5 slaba potica (as slabas finais so e ta do 1o e 3o verso, mesma palavra em quaisquer dos outros versos, ele teria que contla com o mesmo nmero que escolheu (duas, no caso). como se no existissem). Nos ditongos decrescentes se d a sinalefa por sinrese e em Por ter o segundo verso mais de cinco sons (tem sete fuses como o dos aa do terceiro verso, se d a sinalefa por crase. slabas poticas), procede-se como acima, retornando a O ouvido perceber, nos dois casos, uma nica slaba potica. Ainda tamborilar o polegar (sexto som) e o indicador. O indicador que, naquele, o som de ambas vogais sejam distintos. dever nos dar sempre o som forte, a slaba tnica, da ltiForamos se as separarmos: a vogal, repetida ou diferente da ma palavra (stima slaba potica) do segundo verso. anterior (vogais simultneas como ditongos decrescentes) dar a Nesse mesmo segundo verso, a palavra rua, por ser impresso de intervalo de hiato (nunca separar sinalefas de vogais ditongo crescente, pode-se optar por uma ou duas slabas fracas: jamais separ-las!): Pratiquemos: 1 PER QUE A NA EM MAS 2 SE TOR CI DA QUEO SIN 3 GUEIM NA GAR RE CU TAES 4 PLA DE RAOU VE DE TA 5 CA NO VI LAEM ON BRI 6 VOAO SEU 7 RA CAN Slabas poticas Perseguimplac * que torna de novoao ra A cigarraOuvi * nada revelem seu can * em que o cu de on ** Mas, sintesta bri *
Obs. Ao se traduzir um haicu, devemos procurar obedecer a regra mtrica 5, 7, 5 ou menos ao recri-lo. Se o tradutor desconhece haicu, certamente o tornar um terceto que nada tenha a ver com ele!!! Nota: Ao articularmos u, i, e, o, a, nessa ordem, nossa boca tende a abrir-se, a cada som seguinte, de forma crescente:
o
e
i
u
a oa ea eo ia ie io ua u ue u ui u u Como o ditongo, o tritongo tambm rene suas vogais numa s slaba mas sua vogal fica sempre entre semi vogais: Paraguai, delinqiu, saguo, enxguam. Lembramos que no apresentam tritongos, ditongos como idi-a, prai-a, sai-a (so palavras compostas de vogal/semi vogalvogal). Lembramos ainda os hiatos (encontro imediato de duas vogais em slabas diferentes): abenoe, caatinga, coelho, cultue, perdoe, sava, egosta, constituinte, viva. Os finais tonos ia, ie, io, ua, uo podero ser ditongos ou hiatos: histria (ditongo crescente) e/ou histria (hiato), como j explicado.
So treze os ditongos crescentes, nos quais pode haver ou no direse (opo para uma ou duas slabas poticas), conforme acima. Exemplos: pscoa, rdea, cetceo, histria, espcie, fio, quadro, quando, tnue, freqentar, cuidado, tranqilo, qinqnio, aquoso, etc.. ** Por este quadro e relao podemos verificar que, nos ditongos crescentes, a primeira vogal sempre semi vogal para a vogal seguinte. Os demais sero, portanto, ditongos decrescentes vogal seguida de semi vogal (ditos ditongos verdadeiros, estveis) e contar-se-o sempre uma s slaba potica (som): automvel, no, pai, herico, tesouro, pouco, estouro, pe, papis, feixe, cu, etc...
** No penltimo verso, temos tambm duas direses iguais, mas entre palavras: podemos ler deontem alm de diontem. Importante: Jamais separe sinalefas de duas vogais fracas (tonas). Nunca for-las a serem hiatos! Na dvida, ao tamborilar com os dedos, siga o ouvido. No queira engan-lo!
Lembramos finalmente os encontros consonantais bo); acne, apto, gnoma, opo, pacto, ritmo, transpor (disslabos); (seqncia imediata de consoantes), cuja contagem das abdicar, abstrair, advento, nupcial, perspicaz (trisslabos); substislabas sero as da prpria lngua: pneu (monosslatuto (polisslabo).
Um pouco mais de prtica: Derrapando, o nibus vai pelo Uruguai ainda. Granizo na estrada. MFM 1 Verso Ao se tamborilar dooo, as duas primeiras vogais terceira slaba potica. Seu nico som: lu. uma sinalefa por eliso.* se fundem no anular. O dedo mnimo conta como 5 e ltima O som guai cabe todo no dedo mnimo ( um tritongo, lembramslaba potica (som), a slaba tnica o da ltima palavra do se?). primeiro verso, dispensando as slabas seguintes dessa Percebe-se em ain, dois sons (polegar e indicador, sexto e stiproparoxtona (regra j explicada). mo som), um hiato, cuja segunda vogal forma a slaba tnica da ltima palavra desse 2 verso. 2 Verso A primeira palavra, vai, ditongo decrescente, j sabemos. O som cabe todo, portanto, no polegar, como primeiro som desse verso. uma sinalefa por sinrese. 3 Verso O som naes, ditongo decrescente com ambas vogais audveis, tamborila-se no anular, como quarto e penltimo som O som loU, ditongo decrescente com a primeira vogal deste ltimo verso. uma sinalefa por sinrese. eliminada (a vogal o, no caso), fica no dedo mdio, como 1 DER VAI GRA 2 RA PE NI 3 PAN LOU ZO 4 DOO RU NAES 5 O GUAI TRA 6 A 7 IN Slabas poticas Derrapandoo vai pelUruguai ain * Granizo naestra
Observao: Na lngua japonesa pronuncia-se separada- verso, desde que contenham o total das dezessete slabas. Na lnmente todas as vogais sucessivas. Devido tal peculariedade, gua portuguesa, alm das slabas gramaticais, os ditongos possibilitam, como j vimos, as slabas poticas. fazem trevos (tercetos) em dois ou mesmo um s 5 FIDELIDADE E SENSIBILIDADE - O haicu deve ser a expresso fiel da sensibilidade do autor. Para isto deve: Evitar o raciocnio. Evitar expresses de causalidade ou de sentido vazio. No explicar tudo por tudo - deixar o apreciador perceber por si mesmo. Respeitar a simplicidade, evitando o enfeite de termos poticos. Usar, pois, palavras do cotidiano, de fcil compreenso. Deve ainda captar, com conscincia e realidade, um instante em seu ncleo de eternidade, ou melhor, um instante de transitoriedade. 6 TTULOS E RIMAS DISPENSVEIS - O haicu dispensa ttulos e no exige rimas. Esta sexta caracterstica do haicu mais para lembrar que h haicus com ttulos e, com ou sem ttulos, os h rimados - mas o haicu no descrio ou explicao de ttulo, nem este o altera. A rigor, haicu com ttulo outro tipo de trevo.
No haicu, a prtica muito importante. No entanto, sem se saber mtrica e quigo, no se fazem bons haicus. Assim, devemos desenvolver constantemente o nosso conhecimento sobre a teoria da poesia. Por outro lado, a emoo do haicusta de maior importncia. Sem emoo o haicu no nasce. E para conseguir um haicu digno de ser considerado masterpiece, o haicusta deve permanecer sempre sensvel realidade sua volta, combinando de maneira infalvel teoria e prtica (H. Masuda Goga). A viagem mais para fora a viagem mais para dentro (Bash). No se trata de forar a incluso do quigo, mas permitir que o sentido do quigo esteja em sintonia com a emoo. Quigo , simplesmente, a interao do poeta com a natureza, permitindo que ela se torne parte de ns. Quando mergulhamos no interior dessa natureza, percebemos que algo nos deixa felizes. Essa felicidade deve ser cantada no haicu (Tomotsugu Muramatsu).
ESCREVENDO HAICU
KODANSHA ENCICLOPEDIA SHIRAISHI TEIZ OF JAPAN, 1983 Traduo e Adaptao: Clcie Maria Anglica Pontes
Existe um princpio-guia em relao composio do haicu em geral: um haicu digno desse nome deve ter em considerao as feies do haicu e incorporar, um mnimo de tais feies. Estudaremos aqui, as caractersticas mais importantes do haicu japons, e tentaremos utiliz-las para compor. A primeira pergunta naturalmente escrever sobre o que?. Isto , que assuntos so apropriados para se tratar em haicu. A prpria histria do haicu responderia: basicamente, qualquer assunto. Haicustas famosos tm certamente escrito a respeito do grandioso e do elegante, a respeito da via-lctea se espalhando sobre um mar tempestuoso, por exemplo, ou ento, sobre garas se erguendo brisa do anoitecer. Ao mesmo tempo, contudo, num relance podemos ver haicus grandiosos atravs dos tempos revelando que tambm assuntos triviais um espantalho na chuva, o tiquetaque de um relgio no calor de vero, uma r saltando na lagoa podem se tornar temas para o haicu, e vemos tambm que a sensibilidade haicustica extremamente verstil. Ele valoriza o gracioso e o rude, o moderno e o tradicional, o rudo agudo de latas de cerveja amassadas por bebuns, bem como os ecos melodiosos de um sino de templo nas montanhas. Repetindo, praticamente qualquer coisa pode ser matria para um haicu. bvio que este termo qualquer coisa tem limitaes impostas pela valorizao da forma. A brevidade do haicu torna-o inapropriado para assuntos complexos ou to distantes da experincia ou cultura comuns, que venham a exigir explicaes adicionais. Assim, o haicu tende a se concentrar nas imagens, sons, odores e situaes da vida diria, em experincias simples que evoquem a imaginao atravs da ajuda de algumas sugestes verbais. Isto pode ser considerado tanto uma fraqueza pois o haicu pode se tornar estereotipado e prosaico como uma virtude, pois quando um haicui bem-sucedido, ele nos presenteia com frescura e maravilhas e nos revela o encanto e a profundidade das coisas verdadeiramente simples. As observaes acima sugerem que talvez uma boa maneira para um principiante se orientar na composio de um haicu seja captar algum acontecimento lugar-comum e tentar apresent-lo de um modo que no parea to comum, o que, sem dvida o tornar interessante. Considere o seguinte acontecimento: voc est dando um passeio quando, de repente, encontra algum que voc conhece. Vocs conversam sobre um assunto qualquer e, depois, retomam seus caminhos. Bastante simples e comum. Vamos torn-lo assunto para um haicu. Tendo decidido sobre o que escrever, devemos considerar qual o prximo problema importante, ou seja, como escrev-lo. O haicu tradicional japons baseado em trs elementos principais: a forma 5-7-5 slabas, a tcnica do corte ou espao livre e o quigo, ou elemento da estao. Vamos estudar um a um. A mtrica do haicu.
Encontro na rua, aps conversa tranqila, seguimos avante. Aplicamos o modelo 5-7-5 aqui, mas importante se ter em mente que no momento seu uso na lngua portuguesa pode representar uma conveno um tanto artificial. Por trs do ritmo 5-7-5 do haicu japons, existe uma longa tradio literria na qual todas as principais formas poticas so construdas de unidades de 5 e de 7 slabas. Por outro lado a poesia brasileira, por exemplo, em sua maioria, escrita em metragem que conta sons bem como slabas. Esta diferena histrica tem suas razes na lingstica. O idioma japons tem pouca variao no comprimento silbico e na acentuao. Portanto, a contagem silbica pura serve como medida natural do ritmo potico em japons, mas no em portugus, que tem grandes variaes no comprimento das slabas e na acentuao. Na ausncia de um consenso sobre a forma ideal para o haicu, a imitao do modelo japons no deixa de ter seus mritos. Mais importante ainda, ele oferece uma forma padro com regras simples. Isto crucial pois o haicu distinto do verso livre curto. Alm disso, evita-se os perigos de se colocar o haicu dentro da forma natural e tradicional da poesia de nosso pas, tais como o uso de rimas, o que enfraquece a frescura da forma do haicu japons como uma nova maneira de se enxergar o mundo atravs da organizao diferente das palavras. Em nosso esforo para compormos um haicu, devemos adotar o modelo 5-7-5 do poema japons. Porm, apenas o uso do modelo 5-7-5 no faz um haicu. O problema pode ser que o verso nos conte algo, sem nada evocar, sendo unidimensional e desprovido de desafio ou convite imaginao. Vamos examinar outros aspectos do haicu e ver se poderemos infundir nesse verso um pouco mais de tenso para provocar o pensamento. A tcnica do corte ou brecha. Do ponto de vista da tcnica formal, o elemento mais vital (depois da brevidade) na criao de uma expresso hacustica a tcnica do corte. Isto envolve uma ciso aps o primeiro ou segundo verso a fim de que o poema seja cortado em sees de 5/12 slabas ou de 12/5 slabas. Em japons, este corte pode ser efetuado de vrias maneiras, sendo a mais notvel a utilizao do kireji (cortar palavras) tais como ya ou kana. Em ingls, o efeito de certo modo equivalente a um corte feito por dois pontos, travesso. O corte vital para a expresso haicustica pois divide o poema em duas partes e fora a imaginao do leitor para, de algum modo, relacionar ou reconciliar estas duas partes. Tal esforo para intuir ou entender a associao potica entre duas imagens ou idias representa o corao da complexidade haicustica. Vamos aplicar esta tcnica ao nosso verso e ver se ela aprimora o haicu: Casual encontro: aps conversa tranqila, seguimos avante.
O aperfeioamento aqui mnimo. O principal problema que os contedos das duas sees esto por demais relacionados. Os dois ltimos versos so simplesmente uma explicao do que aconteceu O haicu tem a forma de 17 slabas em 3 unidades de 5-7- no evento anunciado no primeiro. A fim de que o corte seja eficaz, deve haver uma certa distncia 5 slabas respectivamente. Este padro a regra mais bsica do haicu japons. Para principiantes, devemos expressar imaginativa entre as duas partes, as quais devem ser, at um certo ponto, independentes uma da outra. o nosso encontro na estrada da seguinte maneira:
Um beb chorando: aps conversa tranqila, seguimos avante. Esta tentativa mais interessante que a anterior porque a distncia entre as idias poticas sugeridas pela primeira e pela segunda sees maior. Mas, infelizmente grande demais. O leitor deixado perdido em como relacionar ambas as partes. Apesar do fato de um beb estar chorando, conversamos tranqilamente e seguimos adiante. Isto um sinal de crueldade? De surdez? Ignorncia? Embora, em separado, cada parte seja intrigante, as duas imagens deixam de reagir, de responder uma outra na forma que um bom haicu deveria. Um calmo lugar: aps conversa tranqila, seguimos avante. Aqui temos, finalmente, duas imagens independentes e, contudo, elas colaboram de tal modo que cada imagem enriquece a compreenso da outra. A noo de um campo de paz expande a idia do haicu, e coloca esse encontro banal de dois conhecidos, num panorama de muitas outras pessoas para que se possa imaginar atividades que se gozem a paz. Ao mesmo tempo esta experincia compartilhada por apenas duas pessoas cristaliza a idia de um campo pacfico. Parece-nos, assim, que o uso bem-sucedido do corte envolve trs condies. Primeiramente, as duas sees devem ser suficientemente distintas e dissociadas uma da outra, isto , em termos de distncia imaginativa, eles no devem estar muito prximos um do outro. Em segundo lugar, estas sees devem se relacionar de um modo que impea a mistificao total, isto , no devem estar distantes demais. Em terceiro lugar, a relao entre as duas partes deve ser bilateral; em outras palavras, a primeira deve realar a apreciao da segunda e a segunda realar a apreciao da primeira seo. A comparao interna deve ser recproca. Temos agora um poema com a mtrica correta e a tcnica do corte. Agora poder ser aperfeioado com o uso da tcnica japonesa que inclui o termo da estao ou quigo, que um elemento indispensvel no haicu japons. O princpio do termo de estao. Historicamente, a importncia crtica do termo de estao era reconhecida na poesia japonesa mesmo antes do nascimento do haicai, poesia encadeada, e sua funo continua a ser assunto de grande importncia para poetas dos tempos modernos. A mais antiga discusso ampla desse tema data de 1349 Renri hish um tratado do mestre renga Nij Yoshimoto. No sculo XX a necessidade do termo de estao no haicu tem sido defendida por crticos lderes tais como Takahama Kyoshi e suga Otsuji.
O princpio do termo de estao exige que cada haicu contenha o termo do quigo, que indica a estao na qual o haicu colocado. No panorama mundial do haicu, ento, todas as pessoas, coisas e eventos podem ser plenamente apreciados e adquirir seu significado prprio apenas no contexto do fluxo de tempo e nos ritmos da natureza. No Japo existem dicionrios volumosos do quigo que explicam a referncia das palavras s estaes do ano. Exemplificando, a cerejeira em flor indica que a estao a primavera; pernilongos referem-se ao vero; crisntemo, ao outono e neve, ao inverno. Embora no Brasil j tenha, mas ainda incipiente (Natureza Bero do Haicai: Kigologia e Antologia, 1996), no idioma ingls e em outros no h compilaes a respeito destes termos de estao. No entanto, consideramos importante que o haicu contenha uma expresso ou imagem que claramente indique a estao. Mas quando se d esta relao? Na perspectiva prtica, a qualquer momento. Na poesia, contudo, h mais restries. Uma ligao exata de cenrio e estao do ano indispensvel se considerarmos o quigo algo mais que uma conveno mecnica. O inverno, por exemplo, muito frio para se permanecer caminhando fora de casa. A primavera associar mais o encontro amoroso de jovens do que a conversa demorada de velhos amigos. O outono sugere maturidade, reflexo e separaes. Somente o vero se adapta natureza relaxada de nosso encontro, nem sentimental nem excitante, mas agradvel na sua familiaridade do cotidiano. Teremos, assim: Outro dia quente: aps conversa tranqila, seguimos avante. Quase, mas ainda no deu certo. O problema que a palavra tranqila, em lazer, no combina com a idia de um dia quente. Sugere-nos que as coisas caminham vagarosamente, no muito firmes, mas com o reflexo de um estado mental relaxado; de preferncia se associa com noites de vero e passeios depois do jantar. A paz de um dia quente, por outro lado, combina com letargia involuntria, soneca na tarde e o tormento de moscas. Em um poema onde o tema da estao preencha sua funo de evocao plena, deve haver reciprocidade entre a estao que expande a rea de ao do haicu criando um clima de associaes para o cenrio e a cena especfica que assinala um aspecto caracterstico embora freqentemente esquecido da estao, enriquecendo assim nossa compreenso do mesmo. Faamos um ltimo esforo de correo, ento: Outro dia quente: bocejando adeus e cuide-se, seguimos avante. No uma obra-prima haicustica, mas no desacreditada como primeira tentativa. De qualquer modo, nossa inteno original foi, no tanto de escrever um haicu de grande qualidade, mas de estudar algumas caractersticas formais, e tcnicas artsticas que entram na composio do haicu. Agora bem-equipados com a compreenso dos princpios majoritrios da composio haicustica, o poeta aspirante deve ser capaz de aplicar sua genialidade pessoal e prosseguir para criar versos de qualidade superior.
11. No use rimas finais nem internas nos versos. 12. No use efeitos sonoros pela repetio de determinados sons. 13. No compile nem use listas de palavras (quigo) do tema sazonal (quidai), mas tente sempre indicar a estao do ano em que se criou o haicu, mencionando-a, ou de forma indireta, sugerindo-a com clareza. 14. Evite colocar seu ego no haicu; evite o uso de eu, me e meu. 15. Leia haicus clssicos e observe os que causam efeito potico, os que no causam, e aprenda de ambos. 16. Evite assuntos inapropriados para o haicu, como romance, sexo, catstrofes, crimes, etc.. Haicu expresso de coisas simples com palavras simples. 17. No d caractersticas humanas para objetos inanimados (ou 1. No tente ser ou parecer inteligente nem espirituoso, fenmenos da natureza) ou para outras criaturas vivas. 18. O haicu deve transmitir sensaes genunas, sem produzir efeinos haicus. 2. No use muitas palavras, seno o poema perder em tos calculados. 19. O haicu deve versar sobre a natureza, no sobre abstraes. nitidez. 20. No caia no equvoco de pensar que poemas inslitos ou expe3. No use poucas palavras, seno ficar obscuro. 4. No seja escravo da mtrica, mas tente usar 17 slabas rimentais sejam haicus, apenas por terem sua mtrica ou disposio dos versos semelhantes s do haicu. ou menos. 5. No faa filosofia nenhum processo de pensamento Coomler, sabiamente, pondera que os padres acima so para lgico pode ser exibido. serem usados como instrumental para orientao, e no como regras 6. No compare uma coisa com outra. 7. No fale de qualquer coisa ou fato como se eles tives- indispensveis, de carter absoluto. Alerta, porm, que o bom artista deve conhecer as regras de sua sem um significado maior do que realmente tem. 8. No tente causar surpresa ou impressionar com uma arte antes de resolver us-las ou quebr-las, para no ser apenas naif (sem arte nem afetao). frase de efeito (punchline). Seria interessante discutirmos os tpicos referentes ao quigo, ao 9. No deixe de usar palavras de uso comum, necessrias ego e a antropomorfizao, ou outras quaisquer, em outra ocasio. ao bom entendimento do haicu. 10. No pregue religio, crenas, moral ou tica. Douglas Eden Brotto As sugestes abaixo so de David Coomler, um dos mais polmicos haijins (poetas de haicu) do grupo de Matsuyama, atravs da Chiki list. Defensor do haicu tradicional, props at dividi-lo em modalidades, assinalando com um T os que seguem as antigas regras. Prefiro denominar de sugestes os vinte padres standards, como ele os chama, esperando tornar assim esses verdadeiros mandamentos mais assimilveis a nosso anrquico paladar: dont try, do not use, do not be..., mandamentos interditrios, em sua quase totalidade. Mas so vlidos.
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Hai-cai s.m. Pequena composio potica japonesa, de dezassete slabas, em que o poeta canta exclusivamente, de maneira suave e delicada, as variaes da natureza e a sua influncia na alma do autor. Tem carcter de um verdadeiro esboo. O lirismo insinua-se mais do que se expe. A grande poca do hai-cai iniciou-se a partir do sculo XVI. A arte de sugerir as cousas sem verdadeiramente as expressar, atingiu a sua maior perfeio com Matsuo Baso (1644-1694), de quem damos esta traduo: Se se aplicasse / um cabo lua, / que bela ventarola; outro de Ciio (17031775): O caador / de liblulas, onde / estar ele hoje? Grande Enciclopdia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopdia, Limitada - Lisboa/Rio de Janeiro
Este verbete d como exemplos outros tercetos da poesia encadeada haicai e no da sua estrofe introdutria hocu.
Apesar de ter a exceo, o haicu com dois quigos ou mais, perde a compactividade do poema, porque o quigo vale como tema. Por isso um haicu com dois quigos ser dividido em dois. Compare os seguintes haicus: Nevoeiro de inverno.* O frio me deixa nervoso no inferno dos carros. 678 Direo nas mos, Nevoeiro de inverno. o frio me deixa nervoso Irritantes buzinadas, no inferno dos carros. no inferno dos carros.
CASO DE EXCEO No ar, danam ptalas, qual flocos de neve caindo: pereira em flor! Neste haicu o quigo pereira em flor. Os flocos, imagem.
Podemos chamar de TREVO todos os tercetos independentes ou destacados. DIVISO DOS TREVOS QUANTO A MTRICA mtricos ou livres. QUANTO RIMA TREVO BRANCO no rimados. Eu preparo uma cano que faa acordar os homens e adormecer as crianas. Carlos Drummond de Andrade Navegamos pelo cu... Se ele for finito, que dir eu? MFM Stop. A vida parou. Ou foi o automvel? Carlos Drummond de Andrade
TREVO RIMADO diz-se Guilhermiano ou Guilhermino o trevo cujos versos de 5 slabas rimam entre si e, o de 7 slabas, rima a 2a slaba com a 7a.
Garom, mais uma dose corao doendo de amor e arteriosclerose. Paulo Leminski Saudades desfraldadas nunca esqueo de vocs em minhas oraes subordinadas. Paulo Leminski Homem aptico infinitamente pequeno, homeoptico. Walmir Cedotti glria de mandar, v cobia dessa vaidade a quem chamamos fama, nomes com quem se o povo nscio engana. Cames
QUANTO AO CONTEDO Trevo senriu (propagado por Karai Senryu, 1718-1790) gneros epigramtico, filosfico, conceitual, etc. Podemos subdividi-lo, chamando-o de personagem e moda ocidental: TREVO PERSONAGEM - 5-7-5 ou menos e, como o haicu, ocorre aqui e agora, no filosfico. Aqui tambm colocamos os que abordam a natureza sem definir-lhe a sazo. Vai chegando em casa abraado s ocorrncias do seu dia a dia. (Shiki) TREVO OCIDENTAL - 5-7-5 ou menos, filosfico, conceitual, opinativo, etc.; como os nossos. Quando algum deseja expor devoo filial os pais j se foram. (Shiki)
TREVO HAICU contm 5-7-5 slabas poticas tradicionais desde o sculo XII, ou menos. Poesia pura, contm quigo, palavra da sazo, e sempre feito no instante do prprio poeta (todo trevo haicu acontece aqui e agora): O mar violento. Sobre a ilha de Sado a Via-lctea. (Bash) Nota: cada estao do ano tem o prprio carter, do ponto de vista da sensibilidade do poeta. Exemplos: Primavera (alegria), Vero (vivacidade), Outono (melancolia), Inverno (tranqilidade).
Uma aldeia pobre ao p da serra de inverno. Mina antiga de ouro. Goga Um relmpago e o grito da gara fundo no escuro. Bash Um trovo estronda e os trovezinhos ecoam na selva em redor. Nenpuku Sato Delgada r, tranquiliza-te, pois Issa vem em teu socorro. Issa Campnulas. Minha cabana ganhou um novo telhado! Issa
TREVOS - RECAPITULAO COM ACRSCIMOS E MAIS EXEMPLOS QUANTO A MTRICA mtricos, silbicos ou livres. So mtricos, acatalticos, quando tiverem slabas poticas exatas. QUANTO RIMA TREVO BRANCO soltos (brancos, no rimados). TREVO RIMADO diz-se guilhermiano ou guilhermino o trevo de rimas determinadas, contendo rima do 1 com o 3 verso, e rima dentro do prprio 2 verso. No necessariamente na 2 slaba tnica (facilitemos). Existem trevos japoneses com tramas sonoras muito elaboradas, mas no rimas obrigatrias no final dos versos. QUANTO AO CONTEDO Trevo senriu (selecionado e propagado por Karai Senryu, 1718-1790) gneros epigramtico, filosfico, conceitual, etc. Podemos subdividi-lo, chamando-o de personagem e moda ocidental: TREVO PERSONAGEM - 5-7-5 ou menos e, como o haicu, ocorre aqui e agora, no filosfico. Registra uma ao humana vista no momento pelo autor. Aqui tambm colocamos os que abordam a natureza sem definir-lhe a sazo, no permitindo situ-los numa nica estao, devido a geografia local (como o orvalho, por exemplo - a menos que se o situe). Seu quigo ou quidai aparente ou no existe e a sazo fica indeterminada; registra um cromo sobre a natureza. O epigramtico, contm stira. Epigrama equivale a senriu, mas, aqui, s os senrius que acontecem aqui e agora! Cigarras buzinam vo cantando intermitentes a morte de um s. MFM Namorando a lua morreu na madrugada o canto do inseto. Teruo Tonooka Um murro no queixo e o boxeador cai de bruos. Fogos de artifcio... MFM Num seriado de TV pica-pau endiabrado faz a festa dos guris. HaSF Nuvens brancas passam em brancas nuvens. Paulo Leminski O manto da noite vai cobrindo lentamente crianas com frio. MFM A cada volteio abrem-fecham rosas na saia da bailarina. Pesce Roizenblit
lbum de famlia. A pequenina cigana hoje sem fantasia. Zuleika dos Reis Silva
TREVO OCIDENTAL - 5-7-5 ou menos, filosfico, conceitual, opinativo. Os trevos guilhermianos, regra geral, encaixam -se aqui. Quando contm ttulo, torna-se poesia fechada quando j no o so, e depende dele sua lucidez quando no mera redundncia do seu contedo nem sempre aqui e agora, alterando-o e, convenhamos, o ttulo aumenta em muito os 5-7-5... De provvel origem brasileira como o quigo ip, tal tipo de trevo fica submisso s rimas e mtrica. E, no trevo haicu, o mais importante sem dvida o quigo, seu contedo flmico e o corte. No trevo guilhermiano, s vezes, seu ttulo, quando no redundncia, o enriquece mais, - mas como poesia ocidental: Na rvore despida, nua, uma folha insinua um grito de vida... Cyro Armando Catta Preta, Esperana Desfolha-se a rosa. Parece at que floresce o cho cor-de-rosa. Guilherme de Andrade Almeida, Caridade
Nestes textos h o contedo aqui e agora. A palavra nua do primeiro, uma redundncia para a rima e a mtrica. A seqncia um pensamento do autor assim como o ttulo determinante. Um bom haicu deixa essas coisas para o leitor concluir, graas sutileza do autor. O segundo verso, de Guilherme de Almeida, tambm deveria ficar para o leitor e, o ttulo, determina um poema conclusivo para um trevo perfeitamente ocidental. Acreditamos dispensvel dizer da beleza de ambos poemas, mas no so haicus. TREVO HAICU contm 5-7-5 slabas poticas tradicionais desde o sculo XII, ou menos. Poesia pura, contm quigo, palavra da sazo, e sempre feito no instante do prprio poeta (todo trevo haicu acontece aqui e agora), situandoo na sazo atravs do quigo: Ao p do carvalho um pequeno oceano gota de orvalho! Dasso Toque colorido na ponta do capim: pousa a borboleta! Rodrigo Siqueira
Nota: cada estao do ano tem o prprio carter, do ponto de vista da sensibilidade do poeta. Exemplos: Primavera (alegria), Vero (vivacidade), Outono (melancolia), Inverno (tranqilidade).
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CRITRIOS TRADICIONAIS DE JULGAMENTO Tradicionalmente a avaliao de autor e obra de um haicu abrange qualidade e critrios estticos.
QUALIDADE SEI = PUREZA MEI = BRILHO, BELEZA RESULTA MAKOTO CHOKU = ELEVAO DE CARTER CORREO ESPIRITUAL FRANQUEZA Makoto resultado da influncia de Confcio, antes de Buda. VERDADEIRA COISA (VERDADE) VERDADEIRA PALAVRA (SINCERIDADE)
CRITRIOS ESTTICOS IGUEN = MISTRIO OCULTO USHIN = PODER TRANSCENDENTE DAS PALAVRAS Aplica-se ao poema repleto de emoo potica profundamente sentida. Em japons se escreve com dois kanji que significam ter corao. MUSHIN = BELEZA TRANSCENDENTE E INTUITIVA Passou a afirmao como iguen (mistrio). Seu paralelo a viso unificadora do satori (iluminao budista). SABI = POEMAS CARACTERIZADOS PELO CLIMA DE SOLIDO E TRANQILIDADE Atmosfera de quietude, calma, sossego, privao e intensiva graa; tenso, fora em graa, fora em perfeio. Patena do tempo, mistrio da transformao, desolao e beleza da solido. Um texto tem sabi quando mostra a calma, a resignada solido da pessoa. WABI = CALMO SABOREIO DOS ASPECTOS AGRADVEIS DA POBREZA Com um mnimo de elementos demonstra o momento de integrao entre a pessoa e o que a rodeia. Designa solido, mas do estado emocional de vida do eremita. Designa um calmo saboreio dos aspectos agradveis da pobreza. Do despojamento que liberta a pessoa dos desejos que a aprisionam. Wabi vem de wabishi (estar triste; solido espiritual meditativa). KARUMI = COMBINAO DE SIMPLICIDADE SUPERFICIAL COM CONTEDO SUTIL Esttica de claridade, lividez, luminosidade, leveza, moderao, graciosidade, alegria, leviandade, frivolidade. Leveza (simplicidade, espontaneidade). Deve-se evitar versos que demonstrem artesanato excessivo: Na minha presente concepo, um bom poema aquele em que tanto a forma do verso quanto a juno de suas partes parecem to leves como raso rio fluindo sobre um leito arenoso (Matsuo Munefusa, Bash). Complementa: o bom haicai. Complementamos: o haicu com karumi. Exercitemo-nos fazendo haicus que possuam a nossa cara, no sejam discursivos, contenham simplicidade e espontaneidade, harmonia de conjunto. Leveza dos poemas e, principalmente, no se omita do quigo.
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Hocu quer dizer estrofe inicial. Em meados do sculo XVIII, o incio de uma cadeia de estrofes conhecida como haicai no renga ou simplesmente haicai chamava-se hocu (estrofe inicial). Eis um hocu de Nosawa Bonsh ( 1714): Cheiro da cidade nas ruas, nas alamedas. A lua de outono.
a unidade superior (kami no ku) em trs versos (5-7-5) e a inferior (shimo no ku) numa dupla de sete (7-7). O nmero de estrofes varia, mas no renga o normal so cem seqncias de estrofes (hyakuin); com mil estrofes (senku) seqncia como um mltiplo do mesmo. O haicai adota estas unidades mas, especialmente na prtica de Bash, emprega-se 36 estrofes seqenciais (kasen) igualmente bem. Assim, os trs poetas articulam o haicai, comeando com o hocu, alternando as sees de 5-7-5 e 7-7 numa extensa cadeia de associaes poticas.
A potica sugesto introduzida pelo hocu de Bonsh de Um hocu, portanto, era (e ) a partida de uma cadeia de estrofes 5-7-5 slabas, segue o de Bash (1644-1694), apoiando o conhecida como haicai. encadeamento com a seguinte estrofe de dois versos 7-7: Porque o hocu estabelecia o matiz para o resto a encadear, gozava uma privilegiada posio nessa poesia, e no era incomum um poeta compor um hocu por si mesmo sem continuar com o resto do A terceira ligao neste haicai, novamente um verso de encadeamento. Sogi (1421/1502) inicia postumamente, em seu Jinensai Hokku 5-7-5, escrito por Mukai Kyorai (1651-1704), o quarto por Bonsh volta a ser 7-7 e assim vai para as suas 36 estrofes. (1506), uma longa tradio de antologias devotadas exclusivamente As estrofes alternadas compreendem as tradicionais duas ao hocu, indicao da tendncia natural para ele tomar seu carter de poesia independente. partes do waka (poesia do Japo, japonesa) ou tanka: Est quente! muito quente! vai-se ouvindo pelas portas. ORIGEM DO TREVO SENRIU Zapai um termo genrico de um nmero de formas de poesia cmica desenvolvidas a partir do haicai, proveniente de suas estrofes durante o perodo Edo (1600-1868). Estabeleceu-se como um gnero potico independente, dirigido para o gosto popular durante a Era Genroku (1688-1704), quando o haicai distanciou-se de sua identidade original como uma forma cmica de poesia e tomou carter srio. A maior parte das formas zapai so baseadas nas 5-7-5 slabas da estrutura do hocu. O senriu um dos mais conhecidos tipos de zapai e expressa os sentimentos e instrospeces do povo no seu dia a dia. Algumas formas de zapai tal como maekuzuke e kasazuki seguem os princpios do verso encadeado, no qual o poeta junta um remate (tsukeku) ao verso anteriormente dado (maeku). O zapai inclui independentemente, diferentes formas desenvolvidas do hocu, como o kiriku e oriku. Senriu foi uma das ltimas formas desenvolvidas do tsukeku, poro dos versos maekuzuke. Maekuzuke foi uma forma tradicional literria de diverso na qual um dado pequeno verso de 14 slabas era completado com um longo verso de 17 slabas para chegar a 31 slabas prolongadas, da tradicional forma do tanka. O HAICU Na sua tcnica formal, o mais vital elemento (aps a brevidade do aqui e agora) o corte, a ruptura. Em japons, essa quebra (ou mudana repentina) feita de formas variadas, mas o mais notvel dos mtodos existentes o uso do kireji ou corte de palavra, tal como ya ou kana. Em ingls o efeito aproximado equivalente a uma linha quebrada pontuada com uma vrgula, travesso ou elipse, dividindo o poema em duas partes que a imaginao do leitor revela ou reconcilia (porm, em portugus, cremos seja o ponto o mais veemente dos cortes). O terceiro elemento indispensvel o quiidai (tema relativo a estao, tema sazonal), sendo o quigo a palavra da estao da qual resulta o tema de um haicu. Reconhecido o quidai igual a origem do haicu e sua funo continua a ser dominante como interesse central ininterrupto dos poetas contemporneos.
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EVOLUO DO HAICU Bash no s foi o maior dos poetas do hocu, hoje acidentalmente (e por que no, preconceituosa ou erroneamente?) haicai, autnomo por si mesmo. Foi tambm o poeta responsvel pelo incio de se estabelecer o hocu como um verdadeiro modelo de arte. Tendo recebido instrues nos estilos de hocu de Teitoku e Danrin, gradualmente desenvolveu no findar do sculo XVII um novo estilo, atravs do qual a sinceridade artstica supera o conflito entre o srio renga (outro tipo de verso encadeado) e o cmico haicai, e pde expressar humor, humanidade e profunda religio inseridos no espao de um s hocu. Um homem para quem disciplina artstica era associada disciplina espiritual, Bash plantou o exemplo artstico para o hocu. Contudo, isto poderia ser um erro, pensar que Bash transformou por si mesmo o haicai. Uejima Ontsura (16611738), se no se distinguiu como poeta igual a Bash, no obstante escreveu hocu de excepcional qualidade, e sua noco de makoto ou sinceridade representa um dos pontos altos da teoria potica japonesa. Aps a morte de Bash muitos de seus discpulos seguiram seus prprios caminhos e instituram suas prprias escolas do hocu, sacrificando nesse processo muito da integridade artstica do mesmo. Em geral, estes poetas recorriam a efeitos especiais, como alguma escrita enigmtica, versos semelhantes a quebra-cabeas e outras satisfaes a si prprios, com satricos jogos de palavras, at que seus hocus tornaram-se virtualmente indistingveis do zapai e senriu, formas de versos cmicos populares que estiveram em voga no perodo Genroku (1688-1704). Contudo, na ltima metade do sculo XVIII, levantou-se um movimento de poetas lamentando tal declnio da arte do hocu e procuraram restaurar os altos critrios estticos. De Buson foi o principal brado de tais lamentaes. O HAICU
Clcie Maria Anglica Pontes
o poema da sntese total: alm dele, s o silncio. O haicu acontece quando, presenciando um momento marcante, desejamos compartilh-lo com algum - assim o registramos em haicu. como um desenrolar flmico, focalizando o lapso de instante que vivenciamos, numa proximidade mxima entre o momento captado e o haicu que o registra, em imagens sonoras, visuais, olfativas, etc.. O haicu leva-nos a perceber com o corpo, a mente e o esprito tudo o que acontece fora, dentro de ns e nossa emoo-resposta a tudo isso. Tal percepo conduz a sensaes mais ntidas, vibrantes, com a mente livre, vazia. No vazio est o momento de iluminao. Vazio significa ausncia de preconceitos (pr-conceitos). No haicu, h trs versos ou pausas, num total de aproximadamente 17 sons onji; nele encontramos aliterao, trocadilho, onomatopia e muita sonoridade em seus versos. No h no haicu o uso de adjetivao suprflua, conetivos, smbolos: trabalha-se com vibraes concretas, sensaes reais. Segundo o crtico literrio Haroldo de Campos, h no haicu processos de compor e tcnicas de expresso que s encontram paralelo em pesquisas das mais avanadas da literatura ocidental contempornea. Sendo muito valorizado no haicu, o leitor tem um espao, uma brecha no poema, para ser preenchido com total liberdade; as emoes no lhe so impostas, no se transmite mximas, o haicu no conceitual. O leitor o
co-autor do poema, que o re-descobre a cada momento em que o l - o poeta acende a chispa e o leitor prossegue viagem. Um dado interessante que, ao ler um haicu, despertam em ns sensaes que nunca tivemos antes, diante de determinada situao e, na prxima vez em que vivenciarmos tal situao, iremos degust-la de maneira mais completa com sentimentos mais profundos. Integrando-se harmoniosamente ao universo, o haicu ecolgico, na medida em que no um receptculo de idias sobre a natureza, mas veculo de integrao e amor mesma. UM HOCU DE MATSUO BASH Poeta japons do sculo XVII, Bash um dos quatro grandes mestres, juntamente com Issa, Shiki e Buson. Vamos agora ficar abertos para que possamos captar o momento, percebendo reflexos, movimento, cores, sons... Neste hocu, o grito de uma ave numa fuso luz-som, une-se ao relmpago e ambos desaparecem na noite. a noite mesmo, no, um smbolo pois as imagens no haicu so vivas, expressando a realidade: dia, noite; chuva, sol; enfim, a vida e a morte, nada mais. Um relmpago e o grito da gara fundo no escuro.
Bibliografia: O Livro dos Haicais, Bash, Issa, Buson Sendas de ku, Matsuo Bash A Arte no Horizonte do Provvel, Haroldo de Campos The Haiku Handbook, William Higginson e Penny Harter
SENRYU
Clcie Maria Anglica Pontes
Diferentemente do haicu, que se origina dos versos iniciais (hocu) do haikai-no-renga, o senryu origina-se dos versos do meio. Tais versos envolvem humor e lidam com atos e acontecimentos humanos. So espirituosos e contm o trocadilho o jogo de palavras. Alguns senryus no tm o imediatismo do haicu mas apresentam o aforismo: Quando algum deseja expor devoo filial os pais j se foram.
tureza humana, embora no ausente no haicai, predominante no senryu. Os haicustas envolvem-se na apreciao esttica do mundo; os que escrevem senryus focalizam sua ateno, principalmente, no lado humorstico da condio humana e envolvem-se na situao. O senryu pode ser espirituoso ou satrico e no baseado na provocao por contraste, como no caso do haicu, o qual capta a experincia do momento. Vai chegando em casa abraado s ocorrncias do seu dia a dia. Minha mulher pego indo ao lar sobre os cascalhos no esto da nascente.
Senriu: No haicai h o no-questionamento, ao passo que no senryu, o escritor contesta, questiona. Para os puristas, a simples ausncia do kigo separa o haicu do senryu. Para outros estudiosos, porm, o senryu Haicu: tende a focalizar o humor numa situao e, no, frisar sempre o aqui e agora, como no haicai. O que se refere na-
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RECAPITULANDO Recapitulando, podemos dizer que o haicai (haikai no renga ou simplesmente haikai) composto de estrofes 5-7-5-, 7-7; 5-7-5, 7-7... etc., a poesia da qual derivou diversas outras que foram tomando forma na era Edo (1600/1868). A estrofe inicial (hokku) de 5-7-5, hoje acidentalmente haicai, autnoma por si mesma, j assim a chamavam (haikai no renga ou simplesmente haikai) no incio do sculo XVIII. Das estrofes do haicai no s surgiu o nosso haicu, mas tambm o zappai (termo genrico de formas de poesia cmica surgidas durante a era Edo). O haicai, que se tornara modelo de arte graas a Matsuo Munefusa (1644/1694), pseudnimo Bash (bananeira), sofreu decadncia aps sua morte, tornando-se virtualmente indistinguvel do zappai e do senryu, forma de verso popular em voga no perodo Genroku (1688/1704), e s se reabilitou na metade do sculo XVIII. Algumas formas de zappai, tal como maekuzuke e kasazuki seguem os princpios do verso encadeado, no qual o poeta junta um remate (tsukeku) ao verso anteriormente dado (maeku). O zappai inclui independentemente, diferentes formas desenvolvidas do hokku, como kiriku e oriku. O senryu (de Karai Senryu, 1718/1790) foi uma das ltimas formas desenvolvidas do tsukeku (remate), poro dos versos maekuzuke (forma tradicional literria de diverso na qual dado um pequeno verso de 14 slabas, completava-se-o com um longo verso de 17 slabas para chegar a 31 slabas prolongadas da tradicional forma do tanka). O senryu um dos mais conhecidos tipos de zappai e expressa os sentimentos e introspeces do povo no seu dia a dia. Sinopse
Formas de zappai derivadas do hokku (estrofe inicial) do mente, temos o trevo ocidental (trevo senriu sem o aqui e haikai no renga (haicai encadeado) ou simplesmente haikai: agora do trevo personagem) (Quando algum deseja expor gratido filial os pais j se foram). Kasazuki e maekezuke (ambos seguiram o princpio do verso encadeado na forma de tanka). Os trevos (haicu, senriu e ocidental) so, quanto mtrica: exemplares (5-7-5) ou caminhada distinto (contados como se fosse um Maeku (verso dado) 7-7; tsukeko (remate) 5-7-5. nico verso de 17 slabas gramaticais ou poticas ou 5-7-5 slabas gramaticais); caminhada imediato (com uma slaba a mais ou a meO senryu foi uma das ltimas formas desenvolvidas do nos ou que a compensa no conjunto dos trs versos 5-7-5); acanhatsukeko (remate) do maekezuke. do ou curto (faltando duas ou mais slabas poticas); largo ou prolixo (sobrando duas ou mais slabas poticas). Podemos chamar de trevo todos os tercetos independentes e/ou de sentido completo. Os trs trevos dos exemplos Podemos chamar a estes ambos ltimos de versos livres e, finalda Clcie, so de Masaoka Shiki (1867/1902). mente, de trevos puros ou regulares, os que contenham seus trs versos com nmeros iguais de slabas. Assim temos, em portugus, o trevo haicu, sazonal, que, Como j sabemos, as primeiras duas caractersticas do trevo haicu necessariamente, conter kigo a palavra de um tema sazonal (Entre tantas verdes, com ar de quem mais viveu, (descreve sem conceituar e objetivo por imagens vistas no momenfolha amarelada.); trevo personagem (trevo senriu, quan- to) o identificam de pronto. do aqui e agora) ao humana vista no momento pelo Insistimos que na tcnica formal do haicu, o mais vital elemento autor (Vai chegando em casa abraado s ocorrncias do seu dia a dia. Minha mulher pego saltando sobre os casca- (aps o texto feito no momento e no presente vista do quigo, a lhos da estrada de casa), sendo que aqui tambm inclumos ausncia de pensamentos e a brevidade, o corte, a ruptura de os trevos que, por ausncia de kigo, no define a sazo, palavras mormente com o ponto, dividindo o poema em duas partes embora registre um cromo sobre a natureza (Derradeiros (o haicu evoca algo) que a imaginao do leitor revela ou reconcilia. Isto posto, podemos dizer que o haicu uma das mais, seno a mais raios sobre a paleta azulada matizam as nuvens.). E, finalantiga poesia moderna do mundo.
DEMAIS TREVOS: OCIDENTAL (TERCETOS DE SENTIDO COMPLETO)
Os demais trevos, tm sentido completo. Analisam, explicam, opinam, conceituam, filosofam (aqui, os demais trevos senryus como os do exemplo abaixo, encerram uma idia e, mesmo, sugerem. Pode at ter kigo ou kidai aparente mas no acontecem aqui e agora. Dispensvel falar sobre a bvia poesia deles. S que no so haicus. A arte uma forma de conhecimento. E este conhecer, com todas as nossas potncias e sentidos, sim, mas tambm sem eles, suspensos em um arroubo imvel e vertiginoso, culmina em um instante de comunho: j no h nada que contemplar porque ns mesmos nos fundimos com
aquilo que contemplamos. A arte no convoca a uma presena e sim, mais propriamente, a uma ausncia (distinto do xtase ocidental). O pice do instante contemplativo um estado paradoxal: um no-ser no qual, de alguma maneira, d-se o pleno ser. Plenitude do vazio (Zeami, autor do teatro N). Sem palavras o anfitrio, o hspede e o crisntemo. Oshima Ryota (1718-1787)
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A noite venceu o dia, mas ficou toda ferida de estrelas. Gil Nunesmaia
Morreu-lhe a me, mas pela rua, gritava outras notcias. Ordelo Beleza Serpa
Barrocas vinhetas
anjos gordos nas igrejas
O representante duma pasta dentifrcia est sempre rindo. Waldomiro Siqueira Jr.
Ter pedra bruta, enquanto o lema ser gema; rara e impoluta. Aristteles Lacerda Jnior Saudade, andorinha que parte para outra parte, voando sozinha... Fernandes Soares
O trabalho honesto. A mesa pronta. A despesa medida e sem resto. Waldomiro Siqueira Jnior
De fonte oficial: ningum se entende tambm na Aldeia Global. Waldomiro Siqueira Jnior
Paulo Leminski
Garom, mais uma dose corao doendo de amor e arteriosclerose. Paulo Leminski
Navegamos pelo cu... Se ele for finito, que dir eu? MFM
TREVO PURO OU REGULAR Trevos com ou sem rima ou ttulo, que tivessem sempre nmeros iguais de slabas poticas em cada um de seus trs versos, como o caso das trovas, que veremos a seguir.
glria de mandar, v cobia dessa vaidade a quem chamamos fama, nomes com quem se o povo nscio engana. Lus Vaz de Cames Jlio Csar conquistou o mundo com fortaleza, vs, a mim, com gentileza. Lus Vaz de Cames Amrica do Sul Amrica do Sol Amrica do Sal Jos Oswald de Souza Andrade Eu preparo uma cano que faa acordar os homens e adormecer as crianas. Carlos Drummond de Andrade
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TROVAS De razes portuguesas, mas formada e desenvolvida no Brasil, a trova rpida para ser dita, tem sonoridade e fora, fcil para ser decorada e usa a redondilha maior (verso de sete slabas poticas, como o 2 verso do haicu - ver pginas 3 e 4), o verso mais sonoro da lngua portuguesa. Segundo Luiz Otvio (1916/1977), trova uma composio potica de quatro versos setessilbicos, rimando, pelo menos, o 2 com o 4, e tendo um sentido completo. No Brasil h inmeros concursos de trovas. Neles so pedidas rimas duplas (tambm o 1 com o 3 verso deve ser rimado). Pedem sempre um dos trs gneros bsicos da trova: lrico, filosfico ou humorstico.
Vejamos os temas mgoa, Jesus, cime, regresso e mensagem: Nesses teus olhos magoados levaste a mgoa do Adeus, e, nos meus olhos molhados deixaste as mgoas dos teus!... Alosio Alves da Costa Voltas agora... e, no entanto, nossos erros so sinais de que no te quero tanto, de que no me queres mais... Nydia Yaggi Martins Ele trouxe ao seu rebanho muito amor e muita luz; Barqueiro de um barco estranho talhado em forma de Cruz!... Izo Goldman O mensageiro fiel dos sonhos da meninada, um barquinho de papel correndo junto calada... Sara Mariany Kanter Quanto mais teu corpo enlao mais padeo o meu tormento, por saber que o meu abrao no prende o teu pensamento. Jesy Barbosa
Estes trovadores desenvolveram seus temas das seguintes formas: no usando a palavra tema (Jesus, cime e regresso), usando um derivado (mensageiro), usando o tema no singular, no plural e usando uma palavra derivada (mgoa, mgoas e magoados). A trova, quando perfeita, trs reaes pode causar: a gente ri... ou suspira, ou ento, fica a pensar... Luiz Otvio O poeta um fingidor. Finge to completamente, que chega a fingir que dor a dor que deveras sente! Fernando Pessoa Felicidade!... Em teus rastros meu pangar firma o trote tentando levar-me aos astros, num sonho de D. Quixote! Edmar Japiass Maia Na existncia dividida pela incompreenso da idade, se no te encontrei em vida, te encontro, pai, na saudade! Za Junior
Damos alguns endereos de Sees da UBT - Unio Brasileira dos Trovadores; comparea! participe de uma dessas Reunies, informando-se: Bauru, SP - Rua Conselheiro Antonio Prado 5-45, Higienpolis, CEP 17013-530 - Bauru, SP; o Nova Friburgo, RJ - Praa Dermeval Barbosa Moreira 28, 1 , CEP 28610-160 - Nova Friburgo, RJ; Pouso Alegre, MG - Caixa Postal 181, CEP 37550-000 - Pouso Alegre, MG, fone (035) 3421-4321; So Paulo, SP: a/c Domitilla Borges Beltrame, Rua Batista Cepelos 18, Apto. 31, CEP 041109-120 - So Paulo, SP; fone (011) 3277-9097 Taubat, SP a/c Anglica Villela Santos, Rua Francisco Xavier de Assis 36, Jardim Morumbi, CEP 12060-460 Taubat, SP E mais gente que gosta de poesia!: Campinas, SP - Casa do Poeta de Campinas, Rua Rosa de Gusmo, 390, Jardim Guanabara, CEP 13073-120, Campinas, SP; fone (019) 3912-3024; So Paulo, SP - Casa do Poeta Lampio de Gs de So Paulo, Rua lvares Machado 22, 1o, CEP 01501-030 - So Paulo, SP; So Paulo, SP - Movimento Potico Nacional, Rua dos Bogaris 183, Mirandpolis, CEP 04047-020 - So Paulo, SP; fone (011) 5072-1625 So Paulo, SP DE TROVAS BRASILEIRAS, 1919 A PRIMEIRA EDIO BRASILEIRA A FALAR DE E APRESENTAR TREVOS Voc me mandou cantar, pensando que eu no sabia, pois eu sou como a cigarra, quando canta leva o dia. Pop No corao moram sonhos como pombas nos pombais... Mas as pombas vo e vm eles vo no voltam mais... Pop No tenho medo de homem nem do ronco que ele tem: o besouro tambm ronca, vai-se ver, no ningum. Pop No por andar com livros que a gente fica doutor; as traas vivem com eles devem sab-los de cor. Pop Seja menos confiado sua cara de pamonha! Bem que diz l o ditado, quem ama no tem vergonha. Pop
Por mirades de estrelas o poeta se embrenhou, e na volta, ao descrev-las, o papel iluminou! LHJ
De muita gente que existe e que julgamos ditosa, toda a ventura consiste em parecer venturosa... Medeiros e Albuquerque
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Segundo Afrnio Peixoto os sonetos As Pombas e Mal Secreto de Raymundo da Motta Azevedo Correia (1860/1911), foram inspirados em trovas! Como at aqui no demos nenhum exemplo de trova humorstica, eis uma clssica: Eu?... Trabalhar desse jeito, com a fora que Deus me deu, para sustentar um sujeito vagabundo que nem eu?... Orlando Brito Vamos parando por aqui...
Quando um crebro to grande encontra lugar num poema to Ao invs de refletir, prefiro contemplar. Cessar todo o pensamento voltar a pequenino, nunca mais h de ser o mesmo. (Gustavo Alberto C. tomar parte no grande universo, fazendo parte do cosmo onde tudo se Pinto) originou - momento de integrao entre o homem e a natureza. Quando O homem no esta acima dos demais seres da natureza - um cessam os por qus, o homem elimina todo o ego e aprende a contemplar em plenitude. Resumo do pensamento filosfico tradicional da arte oriental. igual - no haicu. (Shiki) (Hazel de S. Francisco) Haicai: anotao potica e sincera de um momento de elite. No se deve atribuir funes poesia. Ela existe e basta, como a vida (Guilherme de Almeida) existe e basta. Esse , alis, o encanto da poesia. uma coisa absolutamenHaicu: provocao por contraste, capta a experincia do momen- te intil. Tanto quanto um passarinho, uma borboleta. Mas a poesia ajuda a to - apreciao esttica do mundo. Senriu: focaliza principalmente o fruir a vida. J se disse que o poeta deve ver o mundo como se tivesse acalado humorstico da condio humana e se envolvem os valores na bado de nascer. Deve ver o mundo como uma perene novidade, entender situao - predomina o referente natureza humana, embora no que as coisas nunca envelhecem, o que envelhece o olhar sobre as coisas. As crianas entendem com mais facilidade isso, porque tudo para elas haicu ela no se ausente. (Clcie M. A. Pontes). naturalmente uma novidade. A poesia uma linguagem muito mais condensada, que exige muita conIntegrando-se harmoniosamente ao universo, o haicu ecolgico, na medida em que no receptculo de idias sobre a natureza, centrao e ateno. Voc tem de ir educando a criana para os aspectos mas veculo de integrao e amor mesma. O poeta acende a ldicos e musicais da lngua, algo a que ela est naturalmente aberta. Esse contato precoce com a poesia pode despertar a sensibilidade da criana para chispa e o leitor prossegue viagem. (Clcie M. A. Pontes) esse sortilgio do ritmo e da msica das palavras. (Jos Paulo Paes)
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A TROVA E O TREVO
Ser trovador e trevista no fcil. Este passa a fazer cromos ou descries em trovas e o trovador a filosofar, expressar sentimentos e sentenciar nos trevos! Sugerimos, pois, lerem e relerem as caractersticas 1, 2 e 5 do haicu (pgina 2). que, cada vez que se compe uma trova ou um haicu, precisa-se dar uma guinada de 180! As excees justificam as regras. Percebelos bem e no cair em rotina dessa falha dever de todos os que desejam se aprimorar nessas ambas jias poticas:
Velho lutador narra mulher o combate que foi decisivo. Buson No chore a luta perdida, nem seus malogrados planos, pois fazem parte da vida deslizes e desenganos! Jos Tavares de Lima Teu vulto distante. Sorriso. Aceno indeciso. Nosso eterno instante. Waldomiro Siqueira Junior Foi-se o tempo e hoje somente percebo, em meu desatino, que aquele adeus reticente fez ponto no meu destino!... Linda Brando Dias Cheia e alegre, como um balozinho inflado, mocinha grvida. Lyad S. G. de Almeida Neste mundo profanado, me desminta quem puder, no h lugar mais sagrado que o ventre de uma mulher! Gerson Cesar de Souza luz da fogueira um velho perde as rugas ao narrar suas histrias. Roberto H. Saito Em meus cabelos, neblina... Nevoeiro... em meus olhos baos... Mas nalma um sol ilumina, cada vez mais, os meus passos... Joo Freire Filho Casa abandonada. No tronco do ip florido corao talhado... Teruko Fujino Oda A sonhar com loura trana, sombra do nosso ip, imito esta fonte mansa que solua por voc. Josu Vargas Ferreira Nem flores nem folhas no meu caminho, porm sinto a primavera! MFM A primavera me volta neste outono j da idade, quando minha alma se solta e vai buscar a saudade. Anita Thomaz Folmann Flores de ip... Grama... Verde e amarelo no cho. Jardim amplo e quieto... MFM Se agosto ms de desgosto ento me d seus porqus, pois neste ms fica exposto todo o florir dos ips! MFM Menino de rua e os casacos da vitrina - dilogo mudo. Teruko Fujino Oda Por que crianas com frio no tm o sol de um abrao, se em tanto brao vazio h desperdcio de espao?!... Almerinda F. Liporage Na noite chuvosa a inesperada visita de um pirilampo. Teruo Tonooka Magia quando o crepsculo do sol apaga o braseiro, e um pirilampo minsculo acende o seu candeeiro... Lucy Sother de A. Rocha O Mar da China e o Monte Fuji coexistem na areia alva. Haroldo de Campos Se a minha lira pudesse atingir o teu ouvido, talvez no mais estivesse nosso mundo dividido... Branca M. M. Oliveira Uma aldeia pobre ao p da serra de inverno... Mina antiga de ouro. Hidekazu Masuda, Goga No garimpo desta vida busca-se o brilho, somente... Sem ver, que a pedra polida, est juntinho da gente!!! Neide Rocha Portugal, PR O campo queimado oceano de cinzas pretas sem gado nem pssaro. Hidekazu Masuda, Goga Na tragdia das queimadas, galhos crestados, ao lu, mais parecem mos crispadas pedindo ajuda do cu!... Eliette Pimenta Ramos
Exerccio: Conforme pginas 2, 7 e 22, tipifique os trevos com asteriscos das pginas 17 a 19.
Xales negros passam na rua em procisso murmrio de reza. Pousado na antena, grita aquele bem-te-vi e diz que me viu. Sem teto, ao relento, lento o caracol rasteja, carregando a casa. Em meu telhado; brincando como criana, lindo gatinho. No cu pirilampos enfeitam com vivas luzes concerto no brejo. Mal surge a manh, as cigarras em orquestra, no ramo lils. MCL Querendo o abacate o menino espera o vento. Vara muito curta. PMP Buganvlia em flor desenha no s meu muro mas ao do vizinho... QCAT Na hora de dormir no travesseiro de paina repousa a vov.
AAC
DB
FHV
ACGS
Os sinos calados debaixo do cu nublado... Jardim de campnulas! DBS Dia do Ancio. Naquele stio florido visita dos netos.
MFM
Rede mais pesada! O pescador espantado olha os surubins. ACMM Raios do luar, refletindo guas-vivas prateiam as ondas.
DC
Num ltimo flego as poucas guas deslizam do rio minguante. FrS Em meio ao pomar, aras amarelinhos. Pssaros em festa!... Inverno chegando. Frente fria se aproxima. Muitos agasalhos.
Moa bonita, na rua o terno de reis... Espera danar... MHCSS Crianas correndo, cabelos em algodo. Paina flutuando. Festa de caboclo nos rios do pantanal: Dourado no anzol!
RA
ACO
Cuidado menino! No pise por entre a grama eu plantei azleas. DD Um vaso de antrios formando dois coraes, no centro da mesa. DHAF
HD
MKW
Cobertor de neve cobrindo toda a paisagem. Janelas fechadas. RCA Multido eufrica dana atrs do trio eltrico. Carnaval de rua. RPF Pela mesa farta, passeia, sem rumo certo, a mosca outonia. RRV Vtima da geada, fulge a planta com diamantes. Fugaz sobrevida. RSJ Outro dia glido amanhecendo lfora. Lenha no fogo. Ps descalos. Estalidos de outono. Folha seca. Ao lado da ponte os crisntemos florindo jardim japons... Dia do Livro bibliotecria buqu de flores. Caquis vermelhinhos... lanternas orientais enfeitando uma rvore!
HRC
MMF
A cidra ralada Criana assustada pinta de verde o pirex. luz acesa no quarto Visitas chegando. AMVRS gatos no telhado. Largo da Matriz. A florao do ip-roxo por toda a calada.
DJS
beira do rio, rede, sob a sombra da rvore, suaviza o mormao. HSB Aps o tor sobre o casebre cado um cu azulado.
Bica sem torneira, no caminho da favela. Gente com moringa. MMNTP Escola de Samba: turistas da arquibancada assimilam a aula. Na bochecha rosa, pernilongo finca agulha... Uma luz se acende!... De olhos fechados
juntos se aquecem com a me...
AS
Desfeita a folia, Rei Momo desce do trono e reina no bar. EAOT Gatinho tranqilo brinca com o novelo faz estrepolias. Pego de surpresa garoto colhendo pra do pomar vizinho gua espumada derruba o castelo corre o siri. Atrs das cortinas, as janelas embaadas: chegou frente fria. Dia do Bancrio! Antigo caixa cochila no Baco da praa!...
JES
MRP
Menina dormindo, nos seus braos a boneca. Noite de Natal. ATF O vento soprando as folhas amareladas. Dourada ciranda.
EBLP
Na areia da praia, curioso, um pingo de gente pega o caracol! JMB Pssaros chilrando l nas rvores floridas pois primavera. Cai a folha seca suavizada pelo vento tapete no cho.
MT
SFP
ATH
EC
JPS
Filhotes de gato!
MUM
SMMC
No prato de sopa, na mesa do restaurante... a mosca afogada. BSA Nas campas lavadas h flores em profuso. Dia dos finados.
EFS
JTM
Muitas flores brancas danam nas ondas do mar Festa de Iemanj. NLG Flores sobre as ondas, velas acesas na praia, Festa de Iemanj.
SP
CAC
ELV
No ar baila a pipa bailam os olhos do menino no bailar da pipa. LMJ Jogadas no rio, escamas caindo lentas. Sardinhas mesa.
OAm
SSM
Sob a terra suja cresce um tesouro escondido... Plantao de aipim! CC Bagagem no cho chegada da lua. Som de cascata.
EMMF
LrLM
nibus lotado estaciona em frente igreja. Dia da Padroeira. OSB A cobra cip e um verde s na capuchinha. Em meio a correnteza, a formiguinha almirante conduz a folha seca.
SaT
CCP
Em volta do poste, mos ostentando porretes... Malhao de Judas! ENF Grupo adentra a casa, cantando ao som de pandeiros. Folia de Reis. FFS
Pintando o caminho dois pequenos ps descalos. Amoras no cho. LvLM Dia de So Pedro, na praa com barraquinhas foguetes espocam. MAPG
OSL
Cai a cerrao sobre as guas do oceano. O barco prossegue. WCB Apanhando a fruta chuva de gotas de orvalho. Banho inesperado. YRMP
PAFB
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No sei de qual flor e no sei de qual rvore vem este perfume!... Bash *No caminho a febre. em vo errante.
Planura seca. Meus sonhos
Chuva de vero. Espremida entre os bambus, eis a minha aldeia! Issa *Quando olho atentamente vejo florir ao p da serra. Issa Montanhas ao longe. No olho dessa liblula os montes distantes... Issa Este fungo atrai a morte e, no entretanto, como ele formoso! Issa Teso caracol, docemente, docemente, escalando o Fuji. Issa Dana, meneando, gostosa, macia neve, e cai sobre ns. A cabra fugindo pelos vales sem parar e a cabreira atrs.
Farto dos jornais, no jardim, meu pobre pai, brinca com formigas. TI Foram-se os amigos. Meu corao quer de novo chorar em segredo. TI Monte de lembranas, rio de recordaes, sempre. Minha aldeia.
Contempla calma, bela, entre molduras, tudo que passa. GACP Vulto de homem contra o horizonte. Solido azul.
Entre o meu e o teu olhar um caminho de pedra. Velhos jornais. Uma cigarra morta no canta mais. Lua irrequieta pe a cara na janela. Procura um poeta?
CF
Bash
GACP
CG
Meus sonhos no cho desfalecidos na viagem, do voltas e voltas. Bash *Este caminho j ningum o percorre a no ser o crepsculo. Bash Uma vez ou outra as nuvens do um descanso a quem olha a lua. Bash *Admirvel aquele que, ante o relmpago, no diz: - A vida foge. Bash Morrer em breve. Sinal algum se percebe na voz da cigarra. Bash O mar violento: por sobre a Ilha de Sado a via-lctea. Bash - Venha, venha! eu disse, mas aquele vaga-lume l se vai, voando. Ontsura Vou, deixando o vaso. serve-me a mochila.
Cheia, vergada em meu peito,
TI
Num dia quente, pssaro canta feliz! Nuvem que passa. GACP Cai, riscando um leve trao dourado no azul, uma flor de ip!... HMG *Dia de Finados LSGA Sacrifcio das flores para embelezar a morte. As flores! As flores so as mesmas, mas que foi feito de meus olhos? LSGA Apenas vs, rvores de tronco branco, me garantis que retornei. PF Suins erguem taas: coquetel de frio e sol. Festa na janela. ACCN xtase de luz! Pela janela aberta, entram mariposas.
CJS
Desfaz a fumaa no azul; se faz melanclica como um meu espelho. TI Fumaa no azul, o inverno sobre os olhos. Doena nostlgica. TI
*Por um momento, escurece o pensamento. Nuvem de vero. CM Vestida de azul desaparece a menina... Um jardim de hortnsias. CMAP Mas e flores em cima da velha mesa. Dia do Professor. CRBJ Na noite serena, banhada luz do luar, cheira a flor de manga. CTU Paraleleppedos brilham como chumbo lquido... Cai fina garoa. DEB Em vaso apinhadas, as flores entristecidas velam o ambiente.
Issa
JD
* Madruga e no durmo, o amor que me fez sentir no quer me deixar. JD * Volta da caada sem pena de ave alguma, s penas de amor. JD As guas do cu despejam lavando a alta clarabia. Na gua cristalina nada pra l e pra c uma tartaruga.
KK
ACG
DF
IY
Shiki
Na grama o sereno: que lindos diamantes fez o sol nascente! AfP Um silvo no ar,
ningum na estao e o trem
*Poeira da estrada. O andante leva distante sua alma cansada. AFB O outono chegou. Pssaros esto em festa. Quebra-se o estilingue. AFL Luar sobre a serra. Clareando a mataria, sada o serto.
As meias vazias. Olha a lareira no vidro, menino de rua. DLM Uma concha perolada descoberta pelos ventos no soprar das areias. DNC Lagarta na relva, bote certeiro do pssaro, do gato tambm... DOB Um claro no cu. Brilha os olhos do menino. Fogos de artifcio. DP Acordo sorrindo. Enroscado nos meus ps, o gatinho dorme... DWS Rolando no cho, restou esta folha seca. O trem j partiu. EA Noite j bem alta, piscam estrelas e sapos na lagoa mansa. EB Segue a ave o galho, embala o primeiro vo. Incio de vida. EBe A bengala e eu caminhando solitrios desertos caminhos.
*Chuva. Meu guarda chuva recua. Shisei-jo Vou-me embora e tu ficas. Dois outonos.
Shiki
GAA
Buson
Plena paz do frio e o fumo a evadir-se pela fenda na parede. Shiki Sob um toco seco, baixo como a neblina, um frgil rebento. Shiki No quarto vizinho a luz continua acesa com todo este frio.
EV
AJS
*Lua para oeste lev ao caminho de leste a sombra das flores. Buson *Delgada r, tranqiliza-te, pois Issa vem em teu socorro. Vaga aqui lume ali... o vaga-lume! Passarinho rfo mesmo em vo abre o bico.
Shiki
JFJ
ALJ
Issa
Descem com a chuva e vm baixinho pousar. As gralhas da nvoa. Shiki Aos dbeis reflexos do palacete da noite a neve reluz.
Noite sem sono, o cachorro late um sonho sem dono. O sabi preso... A gaiola est aberta, o pssaro cego...
PL
Lento, o girassol, o sol, acompanha, atento, compor o arrebol! AMP Noite de inverno. Sob a ponte de concreto, vive um foguinho. AmP Na estrada deserta um simples cair de folhas quebrou o silncio. AP Luzes acesas, vozes amigas; chove melhor.
Issa
Shiki
AAF
*Quarenta e nove anos atrs de flores e lua, caminhando toa. Issa Campnulas. Minha cabana ganhou um novo telhado! Issa Por aqui no pises, que ontem de tarde havia muitos vaga-lumes. Issa *Sala e brisa esto perfeitas e ele insiste em achar defeito. Issa Sombra do bambuzal. Issa Sozinha, a mulher canta a cano dos que plantam.
Vai chegando em casa abraado s ocorrncias Shiki do seu dia a dia. Apesar de fina,
gota a gota, a chuva encharca
Noite enluarada! Ao tnue soprar do vento rolam folhas secas. FLD * Cumbica. Aeroporto. Operam por instrumentos. Avies nas rotas. LD Olhando o poo, menina v outra menina. Juntam-se. Alvoroo. CACP Uma lgrima no rosto triste da flor. Gota de chuva GACP Sobre o muro, uma larga estrada. Um gato passa.
Shiki
AR
EF
Shiki
Vero, cai a chuva. Na menina de meus olhos lgrimas do cu. ARL *H curvas no cu, uma ave faz veraneio. Inveja nos homens. AVF No metal do carro o batuque do granizo. Chuva de vero.
Natal solitrio... No doce das rabanadas eu amargo a vida... EJM Na tarde chuvosa, sozinho, despreocupado, um pardal molhado. EKI Pingos sobre o lago desfazendo o espelho: chuva de vero. EKR
Com tanto calor s se levanta uma flor sob o forte vento. Shik O mar de Tsugaro olhos meigos da manh o navio balana. TI
GACP
BW
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Logo de manh, casacos cruzam os braos deitados na praa. EM Cai mansa garoa. Nuvens murmuram silncios ocultas num vu. F O cu de outono FCBC derrama o azul no mar,
desmancha a fronteira.
Refletida no rio, a lua treme de frio. Mo na careca... Estandarte da vitria! Dia do calouro.
IP
rvore esquecida, mesmo em seu dia especial. Nenhuma homenagem. GK Dois universos: o ancio quedo e a rvore nua.
Meus longos cabelos so cortados pelo trote. Sorriso dos pais. NRP No caixo, as flores. As velas, quais sentinelas, chorando o morto. OA Velho flamboyant, minha av me ninou tua sombra!
SDM
ISA
MHC
Felino malhado por que olha o canrio de cima do muro? SiS Jacarand em flor perto do acostamento: paro e contemplo. Abelha insistente querendo o sorvete do guri assustado. Imensa doura
Gatinho feliz, os carinhos da madame te deixa dengoso. JBS Bandeiras agitadas trabalha formiga pedaos de verde. Na floresta fria o jacarand frondoso estende seus braos. rvores podadas prometem ficar floridas na primavera. nibus lotado meus olhos cheios de rostos cansados.
Premncia no bico do pssaro visitante, suspiro da flor. MHCMD Gaiola vazia, a porta aberta saudade. O canto voou. MJBM Cobrindo a anci, caminha na multido um gorro de l.
OAS
SJL
Debaixo das asas, pintinhos buscam abrigo. Garoa na fresta. FH Lembrana do frio: a fogueira da famlia debaixo da ponte.
JF
Um velho coqueiro - interrogativamente mira-se no brejo. OFV Sutis vaga-lumes acendem suas luzes. Baile na floresta. OMA Na sala invadida, a memria do mar devolvida num bzio.
SM
FI
JuF
MJM
de manga madura.
SMS
Hbil mo espalha gros, em solo preparado, abenoando a chuva. FLAS Disparos de flashes. Vaga-lumes fotografam minhas retinas. FM Arrulho de pombos,
no aconchego das ramagens.
JL
Noite outonal! A fresca aragem me traz, sons de tango e bolero. MK Teia vazia enfeita-se de vidrilhos. Cai fina garoa. MLFT Aves coloridas no poleiro do ramo. Cristas-de-galo.
OS
Flores-de-maio no meu quintal lavado. Gotas de orvalho. Quantos bons sonhos comigo partilhaste, velho cobertor!
SR
JM
Lua nublada arrasta a cauda de tule. Procisso de nuvens. PeR Dia 11 de Agosto... Papai, a saudade cai lavando o meu rosto.
SS
Declarao de amor.
FV
Primeiro de Abril. At o tempo hoje mentiu. Retorno encharcado. JNR Na casuarina aves, um s trinado. O gato espia. Contemplo extasiada o jacarand em flor. Fico apaixonada...
MM
PoR
Sono e olhos baos por nevoeiro e cansao. Choque de automveis. ST No parque, em silncio, folhas secas perambulam com meus pensamentos. SuM O verde, esperana, faz da terra uma promessa em flores e frutos. SyR Descoberta indita. Entre as flores de alamanda, ovos de tico-tico. TeT Galharia seca. O sol da tarde castiga o ninho vazio. TCV Brumosa manh. Qu-qu-qu? Co-co-ro-c! - as cristas vermelhas. TFO Tucanos passam pelo pantanal selvagem, remando no ar. TNS Funeral da tarde... Garas danam no poente bailados vermelhos... TT No cu sem estrelas, numa montanha de nuvens, desponta a lua cheia. VL Hoje amanheceu um dia nublado e triste. Um pranto de outono. WR Brilha o sol no tronco abandonado do rio... Brota - Dia da rvore! YSB A garoa cai. Cintilam poas na rua luz dos faris. ZRS
A mesa da sala FW estala dentro da noite: o carvalho em cimbras. Muito estudiosa a traa. Meus livros que o digam!
JRM
O ninho sem cria, o sol dorme no horizonte na tarde vadia. MMC Um prato na mesa... Lembra lauta refeio quando falta o po. MNF Crianas se agitam, exploses de rojo, cachorros em pnico. MRC Mentira contada, rosto assustado da av. Riso de criana. MRFA Calor, cessa a chuva, barulho na poa de gua. O banho do pssaro. MRL Fria garoa umedece o salgueiro que se pe a chorar. Uma sombra estranha. Seguindo meu caminho, nuvens de vero. MTL Terra molhada. No canto da varanda, cigarra canta. MYS Vai, vem, va-ai-vem. A menina no balano rompe o ar e o medo. BLFL Velho poo no frio. A gua do balde vem fumegando. NM Na l do chapu flocos de neve de leve invernam o cu. NMT
Neste imenso azul, nenhuma nuvem no cu, somente urubus. RAK Qual curiosidade na velha biblioteca, aranha no livro. A lua nasceu, viajo na madrugada. Estrelas me guiam. Canto da cigarra. O vento espalha suave despedida.
JSC
RAS
Balano dos galhos, folhas cadas na terra. Almofadas verdes. GMS No meio da noite, tange o sino da matriz. noite feliz. HaSF O mar, em ressaca, E sofre o marisco!
explode espumas nas rochas...
Velho canrio. No fraco trinado, suave sinfonia do vento.LAK Paz. Forte em runas e na boca do canho, um ninho de pssaros. LAP No chapu de l, um rostinho to vermelho tomate parece. LCS Muro desgastado pelo tempo, pela vida, presenteando flores! LHJ No velho poro, procuro minha mala. Filhotes de gato. Hoje, o Macho sai de seios postios. carnaval!
RC
RG
HeSF
Por entre os capins, - altiva a crista-de-galo. S lhe falta o canto. RHS Tesoura na mo, a fuga dos aprovados. Trote de calouros. No fundo do poo debalde flutua o balde - ou a lua?
A noite est quente... Vejo coriscos trazendo mensagens de chuva. HDM Pssaro arisco pousou de leve... Fugiu!
MS
RP
HK
LKT
RWG
Garoa adensando fumeiros no cu aquoso. Outono desponta. HLP Um cheiro de mofo guardado no palet passeando ao sol. Na casa vazia, o vento frio e a tristeza. Lareira apagada.
LS
Formigas a marchar em meio s folhas secas, voltam para casa. RYS Rosto lambuzado, doce perfume amarelo. Fiapo no dente. RZ Uma borboleta. Na minha pequena rua, uma floricultura. SA No auge do vero, o orvalho refrescando o sono das folhas.
HP
Folha amarelada sobre um jornal esquecido com notcias passadas... MAzA Um vento suave balanando as rvores. Baile de folhas. MAA Na poa da rua o vira-lata lambe a lua.
IG
MF
SB
Tal como a falta, o excesso de idias prejudica a composio. Trabalhe uma s poesia por tema. Simplifique ambas! Despedimo-nos com uma trova: Haver maior riqueza neste mundo de meu Deus que eu estar junto mesa cercado de amigos meus!? MFM
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OS SEMPRE APREENSIVOS INTERCMBIOS CULTURAIS Poeticamente Fu-sang, rvore e nome do reino misterioso e maravilhoso das velhas crnicas chinesas, o Japo j conhecia, em 1127, o vocbulo renga e, gradualmente, ia reconhecendo a importncia de seu terceto inicial, hokku. Os trevos de Fujiwara-no-Teika (ou Sadaie) e Senyun da pgina 1 so dos mais antigos. Arquiplago de trs mil ilhas, o Japo chamado pelos japoneses, Oya-Shima (Oito Grandes Ilhas): Tsushima, Iki, Kyushu, Hondo (Honshu), Shikoku, Awaji, Oki e Sado - exclusive a considerada estrangeira Yeso (Hokkaido). Os japoneses tambm chamam sua terra de Nihon ou Nipon (Nitus, sol, e hon, orto) e Dai Nipon (Grande Nipon), que em chins se diz Jipen ou Yapun (da Japo, na Europa); Zipen ou Zipan (Sol Nascente em relao China), da Cipango ou Zipangu da Idade Mdia, que o Livro Marco Polo (1254/1324) fala, mas cuja histria esse veneziano conheceu sem visit-lo. Situa-o no mar de Cin (o ento supostamente Atlntico), grande mar do ocidente (a futura Cuba, sempre posta de lado, j ento confundia como viria a confundir um genovs!). Porm, o que os genoveses conseguiram comercialmente no continente africano no sculo XIV, no foi mais possvel para espanhis e portugueses no sculo seguinte. Vasco da Gama aportando em 1498 em Calicute (Kozhicode, ndia), possibilitava ao Extremo Oriente ser conhecido e explorado pelos ocidentais. Ligou-se assim a descoberta do veneziano descoberta dos marujos portugueses. E foi tambm um portugus, Ferno de Magalhes, o primeiro a chegar e a morrer no arquiplago filipino (Filipinas), em 1521, a servio de Carlos V, pai de Filipe II. Em 1517 Martinho Lutero fez-se ouvir, e em 1536, aps a Instituio Crist de Calvino, deu-se a contra-reforma, com Incio de Loiola pregando e debatendo os valores espirituais da igreja. O haicai deve ter chegado ao ocidente a partir de 1549 (cinco anos antes de Jos de Anchieta subir a Serra do Mar e fundar a cidade de So Paulo, e sete anos depois de trs marinheiros portugueses terem aportado pequena ilha de Tanega-shima ao sul de Kyushu), quando Francisco Xavier (1506/1552), amigo de Incio de Loiola (1491-1556), desembarcou em Kagoshima, na ilha de Kyushu (1549/1551). Numerosos missionrios jesutas prosseguiram seu trabalho. A igreja de Nagaski, fundada em 1567, foi, durante sculos, o vnculo com o Ocidente. Os Filipes (II a IV) reinam em Espanha e Portugal (Unio Ibrica, 1580 a 1640). chegada de franciscanos de Manila em 1593, ambas as ordens entraram em conflito e o xgum (generalssimo) Toyotomi Hideyoshi (1536/1598) ordenou-lhes a expulso quatro anos aps. Em 1624 todos os espanhis foram deportados. Violentas perseguies aos catlicos em 1597, 1622 e, principalmente, em 1637 (desde 1600 os holandeses se aproveitaram das suspeitas sobre as intenes dos da Pennsula Ibrica e ajudaram os japoneses). Em 1636 probe-se aos prprios nacionais de ir ao estrangeiro e de se construir navios que possam atingir o alto mar! Dois anos depois, probese a navios portugueses aportarem no Japo. Menos maltratados pela ajuda, os holandeses conseguiram conservar emprio comercial em ilhota artificial do porto de Nagaski, Dexima, que constituiu por mais de dois sculos, o nico ponto de contato entre o Japo e o resto do mundo. A Histria do Japo, sob a autoridade desses guerreiros e seus governos militares (xugonatos), resume-se, na histria do desenvolvimento da sua civilizao, em uma paz perptua. Porm, por Nagaski, os japoneses j haviam mantido contatos com a cincia ocidental e adivinhado o seu poderio. Entre 1840 e 1850 verificaram-se vrios incidentes. O comodoro norte-americano Matthew Calbraith Perry, que em 1853 ancorara na baa de Urawa, obtm nesse mesmo ano o direito de comerciar com o Japo. Nove anos aps, uma embaixada japonesa visita as cortes europias. Em 1867 o xgum Yoshinobu rene em Quioto os chefes das cls e informa-os da aceitao do pedido de entrega do poder ao Imperador Meiji, Mutsuhito (Era Meiji, l868/1912), submetendo-se em Iedo no ano seguinte. Restaurada a autoridade imperial, seu governo de Quioto logo transferiu-se para Iedo, Capital do Leste, Tquio, em japons. 1886. As gravuras japonesas esto em moda e custam pouco em Paris. Vinte anos de comrcio e j h febre oriental. Como outros artistas, Gauguin e Van Gogh so bastante influenciados por esse estilo de cores e traos fortes. No retrato de Pre Tanguy, feito em 1887, os quadros de fundo que aparecem no mesmo, so recriaes de gravuras japonesas feitas tambm pelo prprio autor, Vincent van Gogh. 1900. Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini impressiona-se com a emoo que a platia demonstra em Londres, no Teatro Duque de York, ao assistir o drama de ambientao japonesa Madame Butterfly, pea de David Belasco, estreada pouco antes em Nova York e baseada no romance homnimo do tambm norteamericano John Luther Lang. O livrete para a msica de Puccini foi feito por Giuseppe Giacosa e Luigi Illica, que o enriqueceram com idias tambm do romance Madame Chrysanthme (1887-88) de Pierri Loti (Julien Viaud, 1850/1923), um retrato autobiogrfico dos trs meses de 1885 que o autor, oficial da marinha francesa, permaneceu em Nagaski. A pera Madama Butterfly, de Puccini, estria em 17.02.1904. A partir de 1906, o ocidente passa a conhec-la (o Brasil, em 1907, no Politeama; 1908, Clon, de Buenos Ayres!) e, a seguir, o prprio Japo. 1907. O lisboeta Portugaru-San (o Senhor Portugal) Wenceslau Jos de Souza Moraes (1854/1929) publica A Vida Japonesa, que chega ao Brasil. Nele o autor cita e apresenta a uta, cantiga popular, duas das quais so haicais (cujo texto encerra este livrete). No ano seguinte (18.06.08) tambm chegam certamente mais haicais ao Brasil na lngua materna dos primeiros imigrantes japoneses. 1919. Ezra Loomis Pound (1885/1972), poeta e crtico norteamericano comea a se interessar pela poesia japonesa e chinesa e faz vrias tradues ao viver em Londres. Nesse ano edita e comenta Os Caracteres da Escrita Chinesa como um Instrumento para a Poesia, de seu conterrneo Ernest Fenollosa (1853/1908), grande conhecedor da arte do Japo onde, tal como Wenceslau de Moraes, viveu: nesse processo de composio, duas coisas que se somam no produzem uma terceira, mas sugerem uma relao fundamental entre elas. Valoriza ento o hocu pela sua organizao do discurso por justaposio, em que a relao entre as partes justapostas de natureza metafrica. Embora tenha quem diga ter sido mais tcnico brilhante que poeta inspirado, talvez possa se dizer que Pound foi para a poesia japonesa no Ocidente o que foi Bash para o haicai no Japo. O TREVO (TERCETO) DITO HAICAI NO BRASIL Para evitar confuso, chamaremos haicai (como assim foram chamados) todo e qualquer trevo de toda e qualquer edio. No mesmo ano acima (1919), Afrnio Peixoto (1876/1947), baiano de Lenis, publica Trovas Brasileiras (Populares: Popularizadas), em cujo prefcio traduz cinco belos trevos (entre eles, o da 1 pgina de Moritake). Orienta-o o injustamente esquecido Paul-Louis Couchoud, mdico de Anatole Thibault France (1844/1924). 1920. Osrio Dutra (O Pas dos Deuses) repete Oliveira Lima na abordagem do haicai. 1925. Surge Relance da Alma Japonesa, do mesmo lisboeta j referido, Wenceslau de Moraes (na edio de Daniel Pires, de 1999, Vega Editora, Gabinete de Edies, Apartado 41034; 1526 Lisboa Codex, www.livrariaportugal.com.br, onde destacam a ignorncia de trovar do autor ao invs de destacarem a traduo em si e o fato de o autor citar hocu e, no, haicai!). Em portugus, este o primeiro (e nico!?) a citar corretamente hocu (literalmente estrofe inicial do haicai!), batizado por Shiki de haicu. Ainda em 25, Paulo Prado cita uma primeira estrofe de Joseph Seguin, apelido de Julien Vocance (Art Poetique, 1921), como exemplo de haicai no prefcio de Pau-Brasil de Jos Oswald de Souza Andrade (1890/1954). 1928. Em janeiro, Afrnio Peixoto apresenta ensaio sobre o haicai na revista Excelsior, trs anos aps inserto no seu livro Miangas. 1929. H. Masuda Goga, nascido no Japo e naturalizado brasileiro em 1962, chega ao Brasil aos 18 anos. 1932. Edita-se Poesia Vria, de Guilherme de Almeida (nova edio em 1976), apresentando 43 seus haicais; Gil Nunesmaia (haicais na Revista da Academia Brasileira de Letras).
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1933. Haicais de Gil Nunesmaia e Oldegar Franco Vieira (na mesma revista, 05.33); primeiro livro de poesias contendo exclusivamente haicais, autor: Waldomiro Siqueira (56 Haicais, 1933). 1938. Falece Keiseki Kimura, mestre pioneiro do haicai tradicional no Brasil. 1939. Guilherme de Almeida, Artigo no Anurio Brasileiro de Literatura; Jorge Fonseca Junior (1912/1985 ou 87), Roteiro Lrico. 1940. Guilherme de Almeida, tambm em anurio, Os Meus Haicais; Mrio Miranda (Observao sobre o Japo; Oldegar Franco Vieira (Cadernos da Hora Presente (?) e Folhas de Ch). 1942. Eduardo Martins (1918/1990), Lua de Outono; H. Masuda Goga publica haicais em portugus (Anurio Oeste, de Corumb, 1943); Osrio Dutra, Emoo, 1945 e Tempo Perdido, 1946; Rosemary de Barros, cinco haicais na Revista ASSA do Centro Acadmico da Universidade Catlica de So Paulo, 1947; Eduardo Martins, Novos Poemas, 1948 e Poemas Japoneses, 1950; Fanny Luiza Dupr (1911/1996) Ptalas ao Vento, 1949; Lus Antonio Pimentel, Tankas e Haicais, 1953; e Eduardo Martins, Breve Antologia Brasileira de Hai-Kai, 1954. 1955. Augusto de Campos, Dcio Pignatari e Haroldo de Campos destacam as idias de Pound. Haroldo traduz alguns haicais japoneses, embora s destaque a tcnica da composio e no o dilogo com o que no est dito, ou com o que, no sendo o poema, o rodeia e tm com ele uma relao significativa. Hidekazu Masuda Goga cita, sem data, os dois ltimos (inclusive A Arte no Horizonte do Provvel, de Haroldo) e tambm Jlio Plaza, como importantes divulgadores, pelas suas tradues, da cultura japonesa. Segue: Abel Pereira, Colheita, 1957; Pedro Xisto, Haicais & Concretos, 1960-69?; Lyad de Almeida, Tankas e Haicais, 1961 e Novas Tankas e Haikais, 1964, Ricardina Yone, Cerejeiras em Flor, 1963; Monsenhor Primo Vieira (1994), Estrela de Rastros, 1964; rico Verssimo, Senhor Embaixador, 1965; Walter Ruy, lbum de Outono, 1966; Clber Araujo, Caderno de Hai-kais, 1967; Primo Vieira, Borboletas Brancas, 1967; Eduardo Martins, Acalanto, 1968 e ria Serena, 1969; Olga Savary, Espelho Provisrio, 1970; Lyad de Almeida, Poesia Sntese, 1972; Fernandes Soares, Haicai na Poesia Brasileira, 1974; Lyad de Almeida, Tankas e Haikais Selecionados, 1974; Maria Ramos, Trs Mestres do Haikai: Bash-Buson-Issa, 1974; Oldegar Franco Vieira, O Haikai, 1975, onde declara estud-lo desde 1933; Abel Pereira, Poesia At Ontem, 1977; Olga Savary, Sumidouro, 1977; Diderto Freto, Relmpagos, 1978; Gil Nunesmaia, Intervalo, 1978; Primo Vieira, Pirilampos, 1978; Olga Savary, Altaonda, 1979; Pedro Xisto, Caminho, 1979; Alberto Marsicano Rodrigues, Sendas Solares - Seshu, 1980?; Alice Ruiz, Navalhanaliga, l980; Olga Savary, O Livro dos Haikais, antologia, 1980. 1981. Waldomiro Siqueira Junior, 420 Haicais, declara que o haicai j era razoavelmente conhecido por volta de 1926 graas ao livro do lisboeta Wenceslau de Moraes e cita tambm Gil Nunesmaia como pioneiro do haicai, antes de 1932. Alice Ruiz, Dez Haicais, traduo; lvaro Cardoso Gomes, O Sereno Cristal, 1981; Lyad de Almeida, Haikais
em 1981. Dasso, Primeiro Sol & As Trevas de Boro, em 1982. 1983: Alice Ruiz, Paixa Xama Paixo; Nilton Manoel Teixeira, Haicai O Poema de Trs Versos, crnica, Dirio da Manh de Ribeiro Preto; Olga Savary, Magma e traduz um dos dirios de viagem de Bash, Sendas de Oku; Paulo Leminski, Caprichos e Relaxos, e bela biografia, Matsuo Bash. 1984. Alice Ruiz, Pelos Plos; Delores Pires, Crepsculo e O universo do Haicai, dissertao de mestrado em Letras; Pedro Xisto, Partculas. 1985: Alice Ruiz, Almagens e Cu de Outro Lugar, e Alice Ruiz/Paulo Leminski, Hai Tropicais; Helena Kolody, Sempre Palavra; Jota Martins, Poezen; Renato Camargo, Ofcio do Fogo. 1986. O haijin (poeta de haicu) Hidekazu Masuda, cujo nome haicastico Goga, apresenta o estudo Buradiru no Haicai (O Haicai no Brasil) na revista Haiku Bungakkan-ki-yo, bianurio dos estudos sobre o haicai da Associao dos Haicastas do Japo (, provavelmente, o primeiro passo no sentido de se escrever uma histria do haicai no Brasil). Tambm no mesmo ano iniciam-se reunies para estudo e sistematizao do haicai, do que resulta em fevereiro do ano seguinte, a fundao do Grmio Haicai Ip, na Rua dos Estudantes 15, 1 andar, que passa a praticlo. Paralelamente, desde outubro de 1985, o jornal depois revista, Portal, da Editora Oriento Ltda., (cujo ento escritrio foi o local citado da fundao do Grmio e aps mudara-se para Rua da Glria 332, 1), abrira um espao onde seus leitores apresentaram haicais na seo de letras at 1995. Outro espao aberto: jornal Notcias do Japo Rua Sud Mennucci 234, CEP 04017-080 - So Paulo, SP! Em 06.12.86 d-se o Primeiro Encontro Brasileiro de Haicai, com a presena de mais de duas centenas de pessoas, onde oitenta poetas tomaram parte num concurso aps palestra sobre haicais e demonstrao de caligrafia japonesa. Tivemos ainda nesse mesmo 1986: Cludio Feldman, Navio na Garrafa, 1986?; Cyro Armando Catta Preta, Moenda nos Olhos; Helena Kolody, Poesia Mnima; Joo Flix, O Caminho do Haikai; Millor Fernandes, Haikais; Olga Savary, Haikais; Roberto Saito, Fascas; Yeda Prates Bernis, Gro de Arroz; e, no ano seguinte, 1987, Dbora Novaes de Castro (Soprar das Areias). Ainda que, infelizmente, na imensa maioria das obras acima, seus autores tenham feito mormente trevo senriu ou trevo moda ocidental (o contedo da trova!) e confundido esse mesmo trevo senryu com o trevo haicai ou o trevo haicai senryu, denominando queles, de haicais, falha lamentvel que at hoje nos traz trabalhos assim tambm erroneamente nomeados e que vo tornando o haicu, cada vez mais, um ilustre desconhecido. Fazemos votos que este livrete tenha ajudado no s a despertar novos fazedores de haicus, como tambm uma tentativa de sanar dvidas quanto ao contedo sobre este poema que o desconhecimento de uns e o simplismo de outros tem batizado a qualquer trevo independente. Esta a nossa contribuio, para que assim, docemente, como o caracol de Issa, v o haicai no Brasil, escalando o Po de Acar...
Repetimos: a imensa maioria das obras acima e mesmo as dos dias atuais, fizeram e fazem trevo moda ocidental como se fosse trevo haicu ou mesmo, trevo personagem e os chamam aos seus textos de haicais... O haicu , pois, ainda hoje, infelizmente, um grande desconhecido de todos ns. Vamos conhec-lo e, verdadeira e honestamente, produzi-lo? Smi hitotsu Matsu no yhi wo Kaka - keri. Raio derradeiro. S, a cigarra nele agarra-se, no alto do pinheiro. Velho ditado tem graa e lembr-lo nos faz bem: a vida que a gente passa a vida que a gente tem. MFM War to waga Kara ya tamur, Semi no ko!... Alm, a cigarra... Ao lado, sua casca morta. Canto de assuno!...
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A U T O R E S ( S I G L A S ): AAC Amauri do Amaral Campos, AAF - urea de Arruda Feres (1913/1995), ACCN - Alba Christina Campos Netto, ACG - lvaro Cardoso Gomes, ACGS Albertina Canedo Gomes dos Santos, RJ, ACMM Alda Corra Mendes Moreira, RJ, ACO Ailson Cardoso de Oliveira, RJ, AFB - Arthur Francisco Baptista, AFL - Analice Feitosa de Lima, AfP Afrnio Peixoto, BH, AJS - Agostinho Jos de Souza, RJ, AKM - Alberto K. Murata, ALJ - Aristteles Lacerda Jnior, AMGB Amlia Marie Gerda Bornheim, RS, AMP - Albertina Moreira Pedro, RJ, AmP - Amrico Pellegrini, AMVRS Anglica Maria Villela Rebello Santos, AP - Abel Pereira, AR - Alice Ruiz, ARL - Antonio Rogrio de Lima, AS Antnio Seixas da Silva, Jos, RJ, ATF Anita Thomas Folmann, PR, ATH Arlindo Tadeu Hagen, MG, AVF - Adlia Victria Ferreira, BSA Benedita Silva de Azevedo, RJ, BW - Bernard Waldman, CA - Cleber de Arajo, CAC Ceclia Amaral Cardoso, CACP - Cyro Armando Catta Preta: Encontro e Urubus, CC Ccero Campos, SC, CCP Cssio Caio Prados, CDA - Carlos Drummond de Andrade, (1902/1987), CF - Cludio Feldman: Desamor, CG - Charles Gonalves, CJS - Clnio J. de Souza, CM - Corine Marian, CMAP - Clcie Maria Anglica Pontes, CMS Clvis Moreira Santos, PR, CRBJ - Carlos Roque Barbosa de Jesus, CTU - Cecy Tupinamb Ulha, MG, DB Divenei Boseli, DBS Diego Brito Sousa, DC Denise Cataldi, RJ, DD Domingos Durante, DEB - Douglas Eden Brotto, RJ DF Delza Faldini, DHAF Dercy Hoffmann Alonso de Freitas, DJS Devanil Jos da Silva, DLM - Dal Lin Melcherts (Perla), DNC - Dbora Novaes de Castro, DOB - Darly O. Barros, DP - Delores Pires, SC, DWS - Djalda Winter Santos, RJ, EA - Eunice Arruda, EAOT Eduardo Antonio de Oliveira Toledo, MG, EB - Estela Bonini, EBe - Esther Benevides, EBLP Edileine Benedita de Lima Pinto, EC (EECC) Edelice Edna Costa de Carvalho, RJ, EF - Edrcio Fanasca, EFS Edmilson Felipe da Silva, EJM - Edmar Japiass Maia, RJ, EKI - Edson Kendi Iura, EKR - Edith K. Rodrigues, ELV Eduardo Lopes Vieira, PR, EM - Eduardo Miranda, EMMF Ercy Maria Marques de Faria, ENF Elen de Novais Felix, RJ, EV - rico Verssimo (1905/1975), F - Ftima ..., FCBC - Florianita Coelho B. Campos, FFS Flvio Ferreira da Silva, RJ, FGL - Frederico Garcia Lorca, 1899/1936 (adaptaes), FH - Francisco Handa, FHV Flvio Henrique Velasco, Fl - Flvio ..., FLAS Fernando Lopes de Almeida Soares, MG, FLD - Fanny Luiza Dupr (1911/1996), FM - Francisco Moura, FRC Fernando Ribeiro da Cruz, RJ, FrS Franciela Silva, PR, FS - Fernandes Soares, FV - Fernando Vasconcelos, PR, FW - Fbio Weintraub, G - Gisele ou Gislia ..., GAA - Guilherme de Andrade e Almeida (1890/1969), GACP Gustavo Alberto Corra Pinto, GMS - Glorinha Mouro Sandoval, GN - Gil Nunesmaia (1913/1993), HC - Haroldo de Campos, HaSF - Hazel de S. Francisco, HD Helvcio Durso, MG, HeSF - Hermoclydes Siqueira Franco, RJ, HDM - Humberto Del Maestro, ES, HK Helena Kolody, HLP - Helena Liborio Pires, HMG - Hidekazu Masuda Goga, HP - Hron Patrcio, HRC Haroldo Rodrigues de Castro, RJ, HSB Helosa Sauerbronn Brando, RJ, IG - Izo Goldman, IHH - Ignez Harumi Hokumura, ISA - Irene S. Azuma, IP - Ivan Petrovitch, IY - Iokoi Yayu (1703/1783), adaptao de seu famoso haibun (espcie de prosa, com um satlite de haicai, visando a mesma conciso e proposta): tu, pobre saco, de lua e tambm de flores, mudas sempre a forma! (um vaso, similar da mala, escarnecendo a natureza nele contida); ver p da pgina 37, JBS - Joo Batista Serra, CE, JD - Jlio Dinis (1839/1871), adaptaes de xcara e toada constantes em As Pupilas do Senhor Reitor (1866), JES Joo Elias dos Santos, JF - Joo Flix, JFJ - Jorge Fonseca Jnior (1912/1985), JL - Jorge Lescano, JM - Jota Martins, JMB Jos Messias Braz, MG, JNR - Jos Neres Reis, JOSA - Jos Oswald de Souza Andrade (1890/1954), JPS Jorge Picano Siqueira, RJ, JRM - Jos Roberto Magatti, JSC - Josefina da Silva Carvalho, JTM Joana de Toledo Machado, JuF - Jupyra Fonseca, KK - Keiseki Kimura, LAK - Liliane Aparecida Kokado, LAP - Luiz Antonio Pimentel, LCS - Leonardo Cezrio dos Santos, MG, LHJ - Leonilda Hilgenberg Justus, PR, LKT - Lus Koshitiro Tokutake, LMJ Leda Mendes Jorge, RJ, LrLM Larissa Lacerda Menendez, LS - Lituka Simizu, LSGA - Lyad Sebastio Guimares de Almeida, RJ, LVC - Lus Vaz de Cames (1524/1580), LvLM Lvia Laceda Menendez, MAA - Maria Aparecida Arruda, MAPG Maria Apparecida Picano Goulart, RJ, MAzA - Mrio Azevedo Alexandre, MCL Maria da Costa Lage, MG, MF - Millr Fernandes, MFM Manoel Fernandes Menendez, MGK - Maria Guilhermina Kolimbrowskey, MHC - Maria Helena de Camargo, MHCMD - Maria Helena Calazans M. Duarte, MHCSS Maria Helena Carvalho da Silva Siqueira, RJ, MJBM - Maria de Jesus Baptista de Mello, MJM - Miguel Jorge Malty, DF, MK - Mrio Kassawara, MKW Mara Kawauchi Weiers, MLFT - Mary Leiko Fukai Terada, MM - Mara Montini, MMC - Mauro Macedo Coimbra, MG, MMF Maria Madalena Ferreira, RJ, MMNTP Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto, MNF - Marclio Nascimento Fernandes, MRC - Mrio Rolim Cndido, MRFA - Maria Renata Ferreira Antunes, MRL - Maria Reginato Labruciano, MRP Marcelino Rodrigues de Pontes, MS - Massau Simizu, MT Mariemy Tokumu, MTL - Maria Tereza da Luz, GO, MUM M. U. Moncam, MYS - Marilza Yoshie Shingai, NBLFL Nlia Banks Leite Ferreira Lopes, NLG Nadyr Leme Ganzert, NM - Naoto Matsushita, NMT - Nilton Manoel Teixeira, NRP - Neide Rocha Portugal, PR, NS - Nenpuku Sato (1898/1979), OA - Olria Alvarenga, MG, OAm Olga Amorim, OAS - Orli Almeida de Souza, MG, OBS - Ordelo Beleza Serpa, CE, OFV - Oldegar Franco Vieira: Um Filsofo, OMA - Olinda Marques de Azevedo, OS - Olga Savary, OSB Olga dos Santos Bussade, RJ, OSL Osmar de Souza Lima, RJ, PAFB Paulo Alfredo Feitoza Bhm, PR, PF - Paulo Franchetti, PL - Paulo Leminski (1944-47/1989), PeR - Pesce Roizenblit, PMP Patrcia Maia Patrcio, PoR - Porphrio Rodrigues, RJ, PV - Primo Vieira, GO, PX - Pedro Xisto Pereira de Carvalho (.../1960), QCAT Quellen Carini Abech Tabosa, PR, RA Rosangela Aliperti, RAK - Ricardo Akira Kokado, RAS - Rodrigo de Almeida Siqueira, RC - Ronaldo Cagiano, RCA Regina Clia de Andrade, RJ, RG - Raimundo Gadelha, RHS - Roberto H. Saito, RP - Reginaldo Portugal, RPF Renata Paccola Frischkorn, RRV Roberto Resende Vilela, MG, RS Rodrigo Siqueira, RSJ Rodolpho Spitzer Jnior, RWG - Rodolfo Witzig Guttilla, RYS - Rosa Yuka Sato, RZ - Ruth Zein, SA - Suemi Arai, SaT Santos Teodsio, Armindo dos, MG, SB - Srgio Bernardo, RJ, SDM - Srgio Dal Maso, SFP Srgio Francisco Pichorim, PR, SiS - Slvio Sam, SJL - Sergio de Jesus Luizato, SM - Sonia Mori, SMMC Snia Maria Machado Cozzo, SMS - Srgio de Mesquita Serra, SE, SP Sandra Parana, SR - Slvia Rocha, SS - Shinobu Saiki, SSM Suely da Silva Mendona, RJ, ST - Sueli Teixeira, MG, SuM - Suely de Moraes, SyR - Sylvia Reis, TCV - Thereza Costa Val, MG, TeT - Teruo Tonooka, TFO - Teruko Fugino Oda, TI - Takuboku Ishikawa, 1885/1912 (adaptaes), TNS - Tomoko Narita Sabi, TT Thalma Tavares (pseudnimo de Vicente Liles de Araujo Pereira), VL - Valria Litvac, WC - Walmir Cedotti, WCB Walma da Costa Barros, RJ, WR - Walter Rossi, WSJ - Waldomiro Siqueira Junior, YRMP Yedda Ramos Maia Patrcio, YSB - Yara Shimada Brotto, RJ, YPB Yeda Prates Bernes, ZRS - Zuleika dos Reis Silva.
MNIMA RELAO DE KIGOS 1 Clima (tempo) 2 Fenmenos atmosfricos 3P Abelha 4V Abbora madura 6 I Agasalho 4 I Aipo 6O Alapo 3V Aranha 6P Balano 2O Bruma 3P Bzio 4V Campnula 3P Canrio 3V Caracol 3V Caranguejo 6V Carnaval 6 I Casaco 3O Caxinguel 2 I Chuva fria 3 Fauna 4 Flora 5 Geografia 6 Vivenciais Vero (12 a 02) Outono (03 a 05) Inverno (06 a 08) Primavera (09 a 11) 3P Sabi 4V Salsa 4I Salso 4V Samambaia 3PV Sapo 4P Saudade 6P Semana da Ptria 4P Sibipiruna 3V Tartaruga 4V Trigal amarelo 6OI Trote 2IPV Trovo 3I Urubu 3V Vaga-lume 1V Vero 6VI Vestibular 4P Viuvinha
3V Cigarra 6O Colheita de uva 3P Concha 4V Coqueiro 4O Crista-de-galo 6P Dia da rvore 4I Erva-doce 2O Estrela cadente 6V Fantasia 4P Fava 4V Flamboi 4V Flor de maracuj 6VI Fogos de artifcio 6I Fogueira 2I Frente Fria 3V Gara 2I Garoa
2V Granizo 3O Grilo 4V Hortncia 1I Inverno 4P Jabuticaba 4P Jacarand 3V Lagarta 6I Lareira 3O Liblula 4PV Lrio 2O Lua cheia 2I Lua nublada 2O Luar 4V Manga 6I Manto 3V Mariposa 2O Neblina
2I Neve 2IP Nvoa 3V Ninho de pssaro 2PVO Orvalho 1O Outono 3IP Pardal 5I Pasto seco 3O Pica-pau 5I Planura seca 6P Poda 1P Primavera 6O 1 de Abril 6P Quadrado 4VO Quiabo 3P R 5V Ressaca 4V Rosa
Tal como a falta, o excesso de idias prejudica a composio. Trabalhe uma s poesia por tema. Simplifique ambas! Despedimo-nos com uma trova: Haver maior riqueza neste mundo de meu Deus que eu estar junto mesa cercado de amigos meus!? MFM
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Bibliografia Afrnio Peixoto, Trovas Brasileiras (Populares: Popularizadas), Volume XI, c/pref. 1 Ed. 1919: W. M. Jackson, Inc. - Editores, RJ/SP/PA, 1947 Antonio Cabezas Garcia (trad.), Jaikus Imortales: Ediciones Hipurim, Madrid, 1989 As Grandes peras, Madama Butterfly, Disco 13, Abril Cultural e Industrial S.A., So Paulo, 1972 Atlas Universal, cdigo 7.03.07.072: Crculo do Livro S.A./Cia. Melhoramentos de So Paulo, Indstrias de Papel, 1980 5 Carlos Verosa, Oku: Viajando com Bash. Empresas Grficas da Bahia, Salvador, BA, 1995 2 Elza Taeko Doi, Luiz Dantas e Paulo Franchetti, Haikai - Antologia e Histria: Editora da Universidade Estadual de Campinas Unicamp, 1990 Enciclopdia Abril: Abril Cultural, Editor: Victor Civita, 2 Edio, 1976 Enciclopdia Delta Larousse, Editora Delta S.A., 1 e 2 Edies, 1960 e 1967 Enciclopdia Mirador Internacional: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicaes Ltda., 1993 Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo - Americana, Tomo XXVIII (2 parte): Espasa-Calpe, S.A., Madrid, 1968 Fernandes Soares, Haicai na Poesia Brasileira, Boletim Bibliogrfico da Biblioteca Mrio de Andrade, So Paulo, SP, 1974 1 Francisco Handa, H. Masuda Goga e Teruko Oda, Introduo ao Haicai: Grmio Haicai Ip e Aliana Cultural Brasil-Japo, 1995 H. Masuda Goga, artigo Um Relance ao Haicai, em Linguagem Viva, mensrio, Ano III, n 34, editado por A Tribuna Piracicabana, junho, 1992 H. Masuda Goga em Caqui, publicao bimestral, nmero 0 (05.93) e seguintes: Grmio Haicai Ip, So Paulo, SP, 1993 e 1994 Henrique Perdigo, Dicionrio Universal de Literatura: Edies Lopes da Silva, Porto, 2 Edio, Ilustrada, 1940 Heloisa Helena Troncarelli, Novos Rumos da Poesia Brasileira: Revista Lead - Turismo, Cult., Laser, Ano I, n II, Brazis Grficos & Editores, SP, 1987 3 Hidekazu Masuda, O Haikai no Brasil (trad. Jos Iamashiro): Editora Oriento, So Paulo, SP, 1988 Izo Goldman, apostila da Oficina de Trovas da Casa da Palavra Mrio de Andrade: Edio U.B.T. So Paulo, SP, 1991 Kodansha Enciclopedia Shiraishi Teiz of Japan, 1983 Kurt Pahlen, A pera. Boa Leitura Editora S.A., SP, sem data Lauro Machado Coelho, artigo Arte Lrica no Teatro Municipal: Revista Concerto, Ano III, n 15, SP, jan/fev 97 Oldegar Franco Vieira, O Haicai: Livraria Editora Ctedra, RJ, 1975 Olga Savary, Haikai - Matsuo Bash, 1989 Os Grandes Artistas - Romantismo e Impressionismo: Editora Nova Cultural Ltda., 2 Edio, 1991 4 Paulo Franchetti, Notas Sobre a Histria do Haicai no Brasil, lida no Campus de Assis, em 09.11.93: Rev. Let., So Paulo, 34: 197-213, 1994 Paulo Leminski, Matsuo Bash: Editora Brasiliense, 1983 Paulo de Oliveira Castro Cerqueira,Um Sculo de pera em So Paulo, 1954; Empresa Geogrfica Editora Guia Fiscal, SP Roberto Saito, Poesia Bras. de Vang.: As Influncias do Pens. Oriental e a Adeso ao Haicai: Revista Lead - Turismo, Cult., Laser, Ano I, n II, 1987 Srgio Milliet (seleo e notas), Obras Primas da Poesia Universal: Livraria Martins Editora, 3 Edio, 1963 Todos os Pases: Editora Abril, Edio 1983 W. G. Aston, A History of Japanese Literature: Charles E. Tuttle Co., Tokio, 1972 Waldomiro Siqueira Junior, 420 Haicais, 1981 Wenceslau de Moraes, A Vida Japonesa (3 srie de cartas 1905-1906): Lello & Irmo, Porto, 1907 e 1985 Wenceslau de Moraes, Relance da Alma Japonesa, 1999 1a Edio, 1925 (ver pgina 20) * Sugerimos leitura inicial na ordem mencionada.
Todos os direitos desta edio reservados Manoel Fernandes Menendez Praa Marechal Deodoro 439, Apto. 132 01150-011 - So Paulo, SP
Projeto Grfico MFM Capa MFM Editorao Eletrnica MFM Reviso Tomoko Narita Sabi Impresso MFM 04/12/98 8:19:46 PM Impresso no Brasil Printed in Brazil
Nesta montagem foram reunidos trabalhos orais e escritos (inclusive as tradues) de, entre outros: Afrnio Peixoto Alice Ruiz Clcie Maria Anglica Pontes Eunice Arruda Hidekazu Masuda Manuel Carneiro de Souza Bandeira Masuo Yamaki Olga Savary Paulo Colina Paulo Leminski
Agradecimentos pela ajuda e estmulo de toda ordem aos seguintes amigos: Clcie Maria Anglica Pontes Douglas Eden Brotto Edmar Japiass Maia Eunice Arruda Glorinha Mouro Sandoval Hazel de S. Francisco Heloisa Helena Troncarelli Hidekazu Masuda Goga Izo Goldman Maria Guilhermina Kolimbrowskey Nelly Novaes Coelho Paulo Franchetti Pesce Roizenblit Teruko Fugino Oda Tomoko Narita Sabi Francisco Handa, e a todos os haicastas presentes na reunio do Grmio Haicai Ip do dia 12 de agosto de 1995.
memria de meu irmo Brasil. minha mulher Iracema. s minhas filhas Lvia e Larissa. No revisto ainda: 09 de agosto de 2006