Romantismo Prosa
Romantismo Prosa
Romantismo Prosa
mo
Prosa
ROMANTISMO PROSA
Tanto na Europa quanto nas tradues brasileiras, essas narrativas
eram primeiramente publicadas na imprensa, na forma de captulos
dirios ou semanais, aumentando de maneira extraordinria a tiragem
dos peridicos.
Tais romances receberam o nome de folhetins e eram constitudos de
mulheres estudantes. Ao escrever um folhetim, o artista submetia-se s
exigncias do pblico leitor e dos diretores de jornais.
Por razes econmicas, quase todos os ficcionistas do perodo
passaram a produzir primeiro para a imprensa. Mesmo alguns dos
maiores novelistas do sculo XIX, como Dostoievski e Machado de
Assis, se viram compelidos a lanar suas obras em fascculos. Todavia,
eles no aceitavam a concepo folhetinesca da narrativa, mantendo
sua independncia esttica. Outros, mais interessados na venda e na
popularidade subordinavam seus textos estrutura tpica do folhetim,
que a seguinte:
Harmonia
felicidade
ordemsocial
burguesa
Desarmonia
conflito
desordem
criseda
sociedade
burguesa
Harmonia final
reestabeleciment
odafelicidade
reordenao
definitivada
sociedade
burguesa,como
triunfodeseus
valores
OS ROMANCISTAS ROMNTICOS
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882)
Vida: Nasceu em Itabora (RJ), filho de uma famlia de posses.
Jovem ainda, formou-se em Medicina, a qual no praticaria,
seduzido pela carreira literria, pelo magistrio (foi preceptor dos
filhos da princesa Isabel e professor de Histria no colgio Pedro
II) e pela poltica (tornou-se deputado pelo Partido Liberal em
vrias legislaturas), alm de fazer constantes incurses pelo
jornalismo. Foi o primeiro escritor brasileiro a conhecer grande
popularidade, deixando uma obra bastante vasta de mais de
quarenta ttulos. Morreu no Rio de Janeiro.
Obras principais: A moreninha (1844); O moo loiro (1845);
Memrias do sobrinho de meu tio(1867); A luneta mgica (1869)
A importncia de Joaquim Manuel de Macedo resulta de uma
percepo do prprio escritor: o pblico leitor nacional,
centralizado na capital federal e devorador de folhetins europeus,
estava disposto a aceitar um romance adaptado a cenrios
brasileiros, desde que a conservado o modelo de enredo das
narrativas inglesas e francesas.
A MORENINHA
Resumo
O estudante Filipe convida seu amigo e tambm estudante, Augusto, para
um fim de semana em sua casa, na ilha de Paquet. Augusto famoso
pela inconstncia em relao namoradas. Filipe aposta que desta vez
ele se apaixonar por uma de suas primas. Na ilha, Augusto descobre a
adolescente Carolina (a Moreninha), irm de Filipe, que lhe desperta
sentimentos contraditrios.
Em seguida, defendendo-se da acusao de leviano com as donzelas,
explica a dona Ana, av da jovem, o motivo de sua volubilidade. Quando
tinha treze anos estava brincando na praia com uma linda e desconhecida
menina. Na ocasio, aparecera um rapazinho, dizendo que o pai estava
prestes a morrer. As crianas visitam o moribundo e, constatando a
pobreza da famlia, do-lhe o dinheiro que possuam. O doente pede um
objeto pessoal de cada um: Augusto entrega-lhe o camafeu da gravata, a
garota um anel. Os objetos so embrulhados em pedaos de pano e
cosidos por sua esposa. Depois, o moribundo entrega a cada um a jia do
outro, dizendo que eles se amariam e no futuro se tornariam marido e
mulher. Portanto, o rapaz ficara preso a esta promessa juvenil.
Obras principais:
Romances urbanos: Cinco minutos (1856); A viuvinha
(1857); Lucola (1862); Diva (1864); A pata da gazela (1870);
Sonhos d'ouro (1872); Senhora (1875); Encarnao (1877).
Romances regionalistas ou sertanistas: O gacho (1870);
O tronco do ip (1871); Til (1872); O sertanejo (1875);
Romances histricos: As minas de prata (1862); Alfarrbios
(1873); A guerra dos mascates (1873)
Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema (1865);
Ubirajara (1874)
Estas categorias comprovam a amplitude geogrfica, histrica
e social do projeto literrio de Jos de Alencar. Ele quis
construir o romance brasileiro, a partir de um projeto que
abrangesse a totalidade da nao, tanto na sua diversidade
fsica-geogrfica quanto em seus aspectos scio-culturais;
tanto em suas origens histricas gloriosas quanto nos mitos
dos heris fundadores da nacionalidade.
Regies, histria, costumes e mitos: eis a sua frmula.
ROMANCES URBANOS
RESUMO SENHORA
No auge do Romantismo Brasileiro, Senhora, narra em terceira
pessoa, a histria de Aurlia Camargo, que vive com sua me viva e
seu irmo em um subrbio do Rio de Janeiro. Apaixona-se por
Fernando Seixas e este por ela, de modo que Se casam. Seixas,
porm, abandona-a por outra, por causa de dinheiro. Aurlia
continua apaixonada pelo rapaz e uma herana inesperada d
moa oportunidade tanto de reconquist-lo quanto de vingar-se dele.
Aurlia (que ainda no tem 21 anos), por intermdio de seu tio tutor
Lemos, propes a Seixas um casamento com uma moa com muito
dinheiro, contra recibo, mas impe a condio de que ele aceite a
proposta
sem
conhecer
a
identidade
da
noiva.
ROMANCES INDIANISTAS
Os romances de temtica indianista so trs: O guarani (que Alencar preferia
classificar como romance histrico), Iracema e Ubirajara. Todos apresentam
um mesmo substrato esttico e ideolgico:
Por outro lado e paradoxalmente - como mostrou Alfredo Bosi no foi o ndio rebelde o celebrado por Alencar mas sim o ndio que
"entrou em ntima comunho com o colonizador". Esta conciliao diz o crtico - "violava abertamente a histria da ocupao
portuguesa", feita, como todos sabemos, de violncia e destruio
dos primitivos habitantes. Por isso, a exaltao dos ndios ocorre
somente quando os mesmos perdem a sua identidade e os seus
valores, integrando-se (sempre na condio de sditos) cultura
dos conquistadores brancos. No caso de Iracema, soma-se ainda o
vis patriarcal da poca no elogio do comportamento da indgena
feito
de
submisso,
conformismo
e
renncia.
IRACEMA
Nos primrdios da colonizao, o portugus Martim Soares, perdido na mata,
encontra abrigo junto ao paj dos tabajaras, Araqum. A filha deste, Iracema,
apesar de ser uma espcie de sacerdotisa, se apaixona pelo branco e o
protege das investidas do guerreiro Irapu, terminando por fugir com Martim
para o lado dos potiguaras, chefiados por Poti. Esses, ao contrrio dos
tabajaras, eram aliados dos portugueses. Iracema e Martim vivem o amor nas
florestas e praias do Cear. A guerra dos tabajaras e os franceses afasta
Martim e seu amigo, Poti, de Iracema. Ao regressar, encontra a ndia s portas
da morte, ainda que tenha gerado uma criana, filho de Martim, Moacir, cujo
nome significa o filho do sofrimento. Iracema, exaurida, morre e o branco leva a
criana rumo civilizao.
Veja-se o exemplo dos mltiplos recursos lricos e rtmicos que presidem a
linguagem de Iracema. A comear pela chegada do barco de Martim:
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes
da carnaba;
Verdes mares, que brilhais como lquida esmeralda aos raios do sol nascente,
perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco
aventureiro manso resvale flor das guas.
Onde vai aflouta jangada, que deixa rpida a costa cearense, aberta ao fresco
terrala grande vela?
ROMANCES HISTRICOS
A exemplo dos romances indianistas, dos quais so muito prximos, os romances
histricos apresentam como caractersticas:
- A ao localizada no passado colonial
- Uma inteno simblica, pois devem, no plano literrio, representar poeticamente
(isto , miticamente), as nossas origens e a nossa formao como povo. Porm, em
geral, o relato histrico romntico (Walter Scott, Alenxandre Dumas) tende a
sublinhar apenas um conjunto de peripcias escassamente verossmeis, deixando os
fatos sociais e concretos do passado em segundo plano. Alencar no foge regra
- Assim, os episdios "histricos" que sustentam vagamente os romances
alencarianos (a descoberta de minas, a guerra dos Mascates, etc.) no passam de
pretexto para as mais frenticas e improvveis aventuras.
Resumo
Isaura filha de uma escrava e de um feitor portugus de uma enorme
fazenda, no interior do Rio de Janeiro. Aps a morte da me, a menina
adotada pela fazendeira que a trata como se fosse sua prpria filha. Vem da
a esmerada educao da escrava que conversa sobre todos os assuntos,
toca piano, canta e sabe lnguas estrangeiras. Ainda por cima, branca.
Paradoxalmente branca:
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moa (...)
A tez como marfim do teclado, alva que no deslumbra, embaada por uma
nuana delicada, que no sabereis dizer se leve palidez ou cor-de-rosa
desmaiada...
No entanto, com a morte da fazendeira, Lencio, seu filho, assume a
propriedade e comea a perseguir obsessivamente Isaura, assediando-a com
propostas indecorosas. O pai da escrava, que agora trabalhava em outra
fazenda, sabedor da situao, rapta a filha e ambos vo morar no Recife.
Isaura adota o nome de Elvira. Um pernambucano riqussimo, lvaro, a v e
se apaixona loucamente por ela. Mas, no primeiro baile a que vo juntos,
Elvira desmascarada e sua condio de escrava fugida vem tona.