Romantismo Prosa

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Romantis

mo
Prosa

ROMANTISMO PROSA
Tanto na Europa quanto nas tradues brasileiras, essas narrativas
eram primeiramente publicadas na imprensa, na forma de captulos
dirios ou semanais, aumentando de maneira extraordinria a tiragem
dos peridicos.
Tais romances receberam o nome de folhetins e eram constitudos de
mulheres estudantes. Ao escrever um folhetim, o artista submetia-se s
exigncias do pblico leitor e dos diretores de jornais.
Por razes econmicas, quase todos os ficcionistas do perodo
passaram a produzir primeiro para a imprensa. Mesmo alguns dos
maiores novelistas do sculo XIX, como Dostoievski e Machado de
Assis, se viram compelidos a lanar suas obras em fascculos. Todavia,
eles no aceitavam a concepo folhetinesca da narrativa, mantendo
sua independncia esttica. Outros, mais interessados na venda e na
popularidade subordinavam seus textos estrutura tpica do folhetim,
que a seguinte:

Harmonia
felicidade
ordemsocial
burguesa

Desarmonia
conflito
desordem
criseda
sociedade
burguesa

Harmonia final
reestabeleciment
odafelicidade
reordenao
definitivada
sociedade
burguesa,como
triunfodeseus
valores

Com o tempo, os ficcionistas passaram a utilizar uma srie de


truques narrativos, repetidos at a exausto. Exemplo disso so os
conflitos mais bvios e recorrentes, vividos pelos protagonistas, e
suas solues quase sempre idnticas:

a falta de dinheiro - o pobre casa com a rica e vice-versa, movido

apenas pelo amor; ou um deles recebe grande herana de parente


desconhecido,
etc.
a ausncia de identidade - aparecem amuletos, retratos, objetos
ou sinais corporais que provam o que se deseja provar, geralmente a
origem
nobre
ou
burguesa
de
um
plebeu.
a inexistncia de testemunhos - surgem personagens, muitas
vezes vindos das sombras, que ouvem conversaes secretas ou
recebem confisses proibidas, e que ento confirmam uma identidade
perdida ou inculpam algum por um crime cometido.
Como regra geral, no ltimo captulo, aps intensos tormentos,
maldade e desolao, os obstculos so removidos e o amor vence.
Em vrios romances, contudo, a ordem social mais forte que a
paixo e os amantes acabam destrudos pelas convenincias e pelos
preconceitos. De qualquer maneira, o final de um folhetim tem
sempre um carter apotetico e desmedido, seja na felicidade, seja
na dor.

OS ROMANCISTAS ROMNTICOS
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882)
Vida: Nasceu em Itabora (RJ), filho de uma famlia de posses.
Jovem ainda, formou-se em Medicina, a qual no praticaria,
seduzido pela carreira literria, pelo magistrio (foi preceptor dos
filhos da princesa Isabel e professor de Histria no colgio Pedro
II) e pela poltica (tornou-se deputado pelo Partido Liberal em
vrias legislaturas), alm de fazer constantes incurses pelo
jornalismo. Foi o primeiro escritor brasileiro a conhecer grande
popularidade, deixando uma obra bastante vasta de mais de
quarenta ttulos. Morreu no Rio de Janeiro.
Obras principais: A moreninha (1844); O moo loiro (1845);
Memrias do sobrinho de meu tio(1867); A luneta mgica (1869)
A importncia de Joaquim Manuel de Macedo resulta de uma
percepo do prprio escritor: o pblico leitor nacional,
centralizado na capital federal e devorador de folhetins europeus,
estava disposto a aceitar um romance adaptado a cenrios
brasileiros, desde que a conservado o modelo de enredo das
narrativas inglesas e francesas.

Alm disso, o escritor deu-se conta de que precisava vencer a barreira


moral - imposta pela estrutura patriarcalista - que no via com bons olhos a
exploso de sentimentos naquelas histrias que afirmavam o direito da
paixo sobre a obedincia e sobre a hierarquia social. A adaptao que
Macedo fez, portanto, era uma necessidade, podendo ser assim resumida:
Romance brasileiro=
(Romance romntico europeu + cenrios brasileiros + valores patriarcais)

O produto desse esforo foram relatos desprovidos de grande valor


artstico, mas que possibilitavam ao leitor vrias identificaes. Tropeavase a todo instante em ruas, praas, praias e outras paisagens conhecidas.
Aqui e ali, sob algum disfarce, topava-se com uma figura tpica da
sociedade carioca (fluminense, se dizia ento). Um nome era lembrado, um
costume coletivo evidenciado, de tal forma que a alegria do reconhecimento
tornava-se contnua - como se, atualmente, algum descobrisse o seu
mundo e a si prprio num filme ou numa telenovela.

A MORENINHA
Resumo
O estudante Filipe convida seu amigo e tambm estudante, Augusto, para
um fim de semana em sua casa, na ilha de Paquet. Augusto famoso
pela inconstncia em relao namoradas. Filipe aposta que desta vez
ele se apaixonar por uma de suas primas. Na ilha, Augusto descobre a
adolescente Carolina (a Moreninha), irm de Filipe, que lhe desperta
sentimentos contraditrios.
Em seguida, defendendo-se da acusao de leviano com as donzelas,
explica a dona Ana, av da jovem, o motivo de sua volubilidade. Quando
tinha treze anos estava brincando na praia com uma linda e desconhecida
menina. Na ocasio, aparecera um rapazinho, dizendo que o pai estava
prestes a morrer. As crianas visitam o moribundo e, constatando a
pobreza da famlia, do-lhe o dinheiro que possuam. O doente pede um
objeto pessoal de cada um: Augusto entrega-lhe o camafeu da gravata, a
garota um anel. Os objetos so embrulhados em pedaos de pano e
cosidos por sua esposa. Depois, o moribundo entrega a cada um a jia do
outro, dizendo que eles se amariam e no futuro se tornariam marido e
mulher. Portanto, o rapaz ficara preso a esta promessa juvenil.

O jogo entre o juramento do passado e o amor do presente - pois,


obviamente, Augusto acaba gostando de Carolina - se alterna com
brincadeiras marotas, erotismo negaceado, vinganas adolescentes, bilhetes
secretos, problemas nos estudos, proibies paternas, etc. Tudo bastante
pueril e inocente, embora se possa perceber nessa ciranda de namoricos um
retrato aproximado dos folguedos sentimentais permitidos na poca. No fim
da narrativa, Carolina entrega a Augusto o pacotinho contendo o camafeu:
ela era a menina da praia. Assim, o namoro pode ser concretizado, sem que
o estudante quebre a promessa feita cinco anos antes.

JOS DE ALENCAR (1829-1877)


Vida:
Filho de tradicional famlia da elite cearense, Jos Martiniano
de Alencar nasceu em Mecejana, no interior do Cear. Seu pai,
homem culto, liberal extremado, participou de vrias
revolues, como a chefiada por Frei Caneca, em 1817, e a
Confederao do Equador, em 1824, exercendo tambm
cargos polticos importantes, como o de senador do Imprio. O
menino viveu, portanto, em um ambiente familiar
intelectualizado e favorvel formao cultural.

Obras principais:
Romances urbanos: Cinco minutos (1856); A viuvinha
(1857); Lucola (1862); Diva (1864); A pata da gazela (1870);
Sonhos d'ouro (1872); Senhora (1875); Encarnao (1877).
Romances regionalistas ou sertanistas: O gacho (1870);
O tronco do ip (1871); Til (1872); O sertanejo (1875);
Romances histricos: As minas de prata (1862); Alfarrbios
(1873); A guerra dos mascates (1873)
Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema (1865);
Ubirajara (1874)
Estas categorias comprovam a amplitude geogrfica, histrica
e social do projeto literrio de Jos de Alencar. Ele quis
construir o romance brasileiro, a partir de um projeto que
abrangesse a totalidade da nao, tanto na sua diversidade
fsica-geogrfica quanto em seus aspectos scio-culturais;
tanto em suas origens histricas gloriosas quanto nos mitos
dos heris fundadores da nacionalidade.
Regies, histria, costumes e mitos: eis a sua frmula.

ROMANCES URBANOS

Numa Corte em que a imitao de costumes europeus convivia


com a mediocridade da vida cotidiana, Alencar percebeu a
existncia de uma tenso: "a luta entre o esprito local
(rasteiro, provinciano, patriarcal) e a invaso da cultura
estrangeira (modismos romnticos, paixes extremadas, etc.)
", como bem observa Roberto Schwarz.
O Rio de Janeiro - na metade do sculo XIX - era uma capital
limitada e pouco cosmopolita e, portanto, insuficiente para um
romancista seduzido pela idia de grandeza. O autor cearense
viu-se, pois, obrigado a inventar histrias complicadas,
converses mirabolantes, renncias sublimes, amores
violentos, etc., para sobrep-los pobreza humana e
intelectual da sociedade brasileira de ento.

Alencar tenta retratar este conflito entre a vulgaridade nativa e o


sublime universo romntico. Contudo, suas narrativas acabam no
se definindo entre a estrutura do folhetim e a percepo prrealista do universo urbano brasileiro. So to contraditrias
quanto a realidade que procuram refletir.
Assim, em muitas de suas fices, o aspecto folhetinesco supera
completamente o registro da existncia comum, do que resulta o
aspecto quase inverossmil de personagens e acontecimentos. No
entanto, duas narrativas permaneceram como modelares e ainda
hoje merecem ser lidas, seja por sua relativa complexidade
psicolgica, seja pela novidade de incorporarem a questo
econmica aos relacionamentos afetivos.
Nestes relatos, Alencar - alm de traar alguns de seus melhores
"perfis femininos" - relaciona o drama dos indivduos com o
organismo social. Em Lucola a impossibilidade de unio entre
dois grupos sociais distintos, o popular e o senhorial. Em Senhora
o casamento por interesse, um dos poucos instrumentos de
ascenso na sociedade brasileira da poca.

RESUMO SENHORA
No auge do Romantismo Brasileiro, Senhora, narra em terceira
pessoa, a histria de Aurlia Camargo, que vive com sua me viva e
seu irmo em um subrbio do Rio de Janeiro. Apaixona-se por
Fernando Seixas e este por ela, de modo que Se casam. Seixas,
porm, abandona-a por outra, por causa de dinheiro. Aurlia
continua apaixonada pelo rapaz e uma herana inesperada d
moa oportunidade tanto de reconquist-lo quanto de vingar-se dele.
Aurlia (que ainda no tem 21 anos), por intermdio de seu tio tutor
Lemos, propes a Seixas um casamento com uma moa com muito
dinheiro, contra recibo, mas impe a condio de que ele aceite a
proposta
sem
conhecer
a
identidade
da
noiva.

Seixas, endividado, aceita e, ao saber que com Aurlia que vai


se casar, fica enormemente feliz. Mas, na noite de npcias,
Aurlia revela-lhe a verdade: "eu, uma mulher trada; o senhor,
um homem vendido". E, mostrando-lhe o recibo, expulsa-o do
quarto.
A partir da, o relacionamento dos dois torna-se hipcrita: diante
dos outros, representam o casal perfeito; a ss, Aurlia o trata
como uma propriedade e Seixas aceita como tal, at que, um
pouco pelo trabalho, um pouco por sorte, consegue juntar o
dinheiro que deve a Aurlia, resgatando, assim, a sua dvida.
Finalmente, aps o resgate de Seixas, os dois desculpam-se para
nunca mais brigarem e jogam-se nos braos um do outro,
vivendo
felizes
para
sempre.

ROMANCES INDIANISTAS
Os romances de temtica indianista so trs: O guarani (que Alencar preferia
classificar como romance histrico), Iracema e Ubirajara. Todos apresentam
um mesmo substrato esttico e ideolgico:

Cooper considera o indgena do ponto de vista social, e na descrio dos


seus costumes foi realista; apresentou-o sob o aspecto vulgar.
NO Guarani um ideal que o escritor intenta poetizar, despindo-o da crosta
grosseira de que o envolveram os cronistas, e arrancando-o ao ridculo que
sobre ele projetam os restos embrutecidos da quase extinta raa.
A ao narrativa transcorre no passado remoto: O guarani e Iracema, no
sculo XVII, e Ubirajara no perodo anterior ao descobrimento.
A apresentao de heris inteirios e modelares. Se o romancista chegou
de fato a estudar certas particularidades da cultura indgena, a exemplo da
lngua, dos valores religiosos e de alguns costumes, os personagens destas
obras, em sua psicologia e em suas aes, so verdadeiros cavaleiros
medievais, perdidos em bravias florestas, com um destino pico a cumprir.

Acima de tudo, os ndios so os heris da nascente nacionalidade


ps-colonial. Atravs desses guerreiros audaciosos e sem mcula
(Peri, Jaguar, Poti) e dessa mulher disposta a qualquer sacrifcio
(Iracema), os leitores do sculo XIX podiam se orgulhar de suas
supostas origens americanas e de sua ancestral nobreza.

Por outro lado e paradoxalmente - como mostrou Alfredo Bosi no foi o ndio rebelde o celebrado por Alencar mas sim o ndio que
"entrou em ntima comunho com o colonizador". Esta conciliao diz o crtico - "violava abertamente a histria da ocupao
portuguesa", feita, como todos sabemos, de violncia e destruio
dos primitivos habitantes. Por isso, a exaltao dos ndios ocorre
somente quando os mesmos perdem a sua identidade e os seus
valores, integrando-se (sempre na condio de sditos) cultura
dos conquistadores brancos. No caso de Iracema, soma-se ainda o
vis patriarcal da poca no elogio do comportamento da indgena
feito
de
submisso,
conformismo
e
renncia.

IRACEMA
Nos primrdios da colonizao, o portugus Martim Soares, perdido na mata,
encontra abrigo junto ao paj dos tabajaras, Araqum. A filha deste, Iracema,
apesar de ser uma espcie de sacerdotisa, se apaixona pelo branco e o
protege das investidas do guerreiro Irapu, terminando por fugir com Martim
para o lado dos potiguaras, chefiados por Poti. Esses, ao contrrio dos
tabajaras, eram aliados dos portugueses. Iracema e Martim vivem o amor nas
florestas e praias do Cear. A guerra dos tabajaras e os franceses afasta
Martim e seu amigo, Poti, de Iracema. Ao regressar, encontra a ndia s portas
da morte, ainda que tenha gerado uma criana, filho de Martim, Moacir, cujo
nome significa o filho do sofrimento. Iracema, exaurida, morre e o branco leva a
criana rumo civilizao.
Veja-se o exemplo dos mltiplos recursos lricos e rtmicos que presidem a
linguagem de Iracema. A comear pela chegada do barco de Martim:
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes
da carnaba;
Verdes mares, que brilhais como lquida esmeralda aos raios do sol nascente,
perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco
aventureiro manso resvale flor das guas.
Onde vai aflouta jangada, que deixa rpida a costa cearense, aberta ao fresco
terrala grande vela?

ROMANCES HISTRICOS
A exemplo dos romances indianistas, dos quais so muito prximos, os romances
histricos apresentam como caractersticas:
- A ao localizada no passado colonial
- Uma inteno simblica, pois devem, no plano literrio, representar poeticamente
(isto , miticamente), as nossas origens e a nossa formao como povo. Porm, em
geral, o relato histrico romntico (Walter Scott, Alenxandre Dumas) tende a
sublinhar apenas um conjunto de peripcias escassamente verossmeis, deixando os
fatos sociais e concretos do passado em segundo plano. Alencar no foge regra
- Assim, os episdios "histricos" que sustentam vagamente os romances
alencarianos (a descoberta de minas, a guerra dos Mascates, etc.) no passam de
pretexto para as mais frenticas e improvveis aventuras.

OUTROS SERTANISTAS (OU REGIONALISTAS)


Os romances de temtica rural de Jos de Alencar abriram um rico veio para o
surgimento de um grupo de romancistas tambm denominados sertanistas (ou
regionalistas). So escritores preocupados em revelar o Brasil agrrio,
distanciado do litoral, com seus costumes especficos e seus protagonistas que
oscilam entre a ingenuidade psicolgica e a prepotncia patriarcal.
O ponto de partida dessa literatura geralmente uma viso nacionalista,
mesclada estrutura narrativa do folhetim e busca de certa autenticidade
potica ou documental na fixao da vida interiorana. H uma inteno realista,
inclusive, mas um realismo que se detm em exterioridades: descries da
natureza, algo do acento lingstico, dos costumes e dos valores morais da
regio. Esta procura da realidade concreta prejudicada, no entanto pela
construo totalmente romntica e melodramtica dos personagens.

1. BERNARDO GUIMARES (1825-1884)


Vida: Nasceu em Ouro Preto, onde passou a infncia e
os primrdios da adolescncia, indo depois para So
Paulo estudar Direito. Foi colega de lvares de Azevedo
e na faculdade tinha fama de bomio e satrico, tendo
inclusive produzido uma lrica (Cantos da solido)
identificada com o satanismo byroniano e com
humorismo. Tambm escreveu poemas pornogrficos
que obtiveram muito sucesso na poca Foi nomeado
juiz no interior de Gois, onde mostrou seu lado bomio
at ser exonerado da funo. Passou rapidamente pelo
Rio de Janeiro, voltou a Ouro Preto, casou-se e se
tornou professor secundrio. A publicao de A escrava
Isaura, em 1875, garantiu-lhe prestgio nacional, a ponto
do prprio Imperador visit-lo na antiga capital mineira.
Morreu aos cinqenta e nove anos.
Obras principais O ermito do Muqum (1864); O
garimpeiro (1872); O seminarista (1872); A escrava
Isaura (1875).

Nenhum autor expressou to amplamente a tendncia sertanista como


Bernardo Guimares. Vivendo, alguns anos, no interior (oeste de Minas e
sul de Gois), conheceu-o bem, descrevendo-o com certa mincia e com
um estilo mais ou menos trivial, pontilhado por algumas falas pitorescas da
regio.
A exemplo dos demais ficcionistas de temtica rural, suas narrativas
variam entre um modesto realismo e o melodrama romntico mais
inverossmil. Quando a primeira tendncia domina, ele escreve um
romance aceitvel, O seminarista; quando o folhetim impera, seus relatos
tornam-se risveis, caso de O garimpeiro e A escrava Isaura.
A ESCRAVA ISAURA
Este um dos livros cuja importncia se situa fora da literatura, pela
incrvel recepo que obteve e por sua importncia na luta abolicionista..
Milhares de brasileiros se comoveram com as desventuras da escrava
submetida perfdia de seu dono e engrossaram o grupo dos que
defendiam o fim da escravatura. At porque Bernardo Guimares soube
impregnar de denncia social o mais elementar uso dos arqutipos do Bem
e do Mal, que sempre fascinam o grande pblico.

Resumo
Isaura filha de uma escrava e de um feitor portugus de uma enorme
fazenda, no interior do Rio de Janeiro. Aps a morte da me, a menina
adotada pela fazendeira que a trata como se fosse sua prpria filha. Vem da
a esmerada educao da escrava que conversa sobre todos os assuntos,
toca piano, canta e sabe lnguas estrangeiras. Ainda por cima, branca.
Paradoxalmente branca:
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moa (...)
A tez como marfim do teclado, alva que no deslumbra, embaada por uma
nuana delicada, que no sabereis dizer se leve palidez ou cor-de-rosa
desmaiada...
No entanto, com a morte da fazendeira, Lencio, seu filho, assume a
propriedade e comea a perseguir obsessivamente Isaura, assediando-a com
propostas indecorosas. O pai da escrava, que agora trabalhava em outra
fazenda, sabedor da situao, rapta a filha e ambos vo morar no Recife.
Isaura adota o nome de Elvira. Um pernambucano riqussimo, lvaro, a v e
se apaixona loucamente por ela. Mas, no primeiro baile a que vo juntos,
Elvira desmascarada e sua condio de escrava fugida vem tona.

lvaro e Lencio enfrentam-se pela posse da moa, porm esta acaba


voltando fazenda como cativa, embora resistindo a todo o assdio do cruel
fazendeiro. Este ento promete libert-la desde que ela casasse com o
jardineiro, um ser monstruoso, "cabeludo como um urso e feio como um
macaco". Na hora do casamento, ocorre a surpresa final: lvaro aparece na
fazenda, dizendo que havia comprado todos os bens que Lencio penhorara
por estar enredado em dvidas. Entre esses bens estavam todos os escravos,
inclusive a linda Isaura, que evidentemente vai se casar com lvaro. Neste
momento, Lencio sai da sala e se suicida, encerrando a narrativa com o
mais desbragado final feliz .

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