Geologia de Moçambique
Geologia de Moçambique
Geologia de Moçambique
Geologia de Moçambique
O continente africano em geral é composto por
um conjunto de cratões e cinturões móveis de
idade arcaica, unidos por cinturões dobrados
alongados de idade proterozóico-câmbrica
cobertos por sedimentos indeformados e
rochas extrusivas associadas, de idades
neoproterozóica, carbónica tardia a jurássica
inicial e cretácico quaternária.
A geologia de Moçambique é caracterizada pela
ocorrência de um soco cristalino com idade arcaica-
câmbrica e por rochas com idade fanerozóica.
O soco cristalino é constituído por paragnaisses
supracrustais metamorfizados, granulitos e
migmatitos, ortognaisses e rochas ígneas. Do ponto de
vista geodinâmico, o soco cristalino de Moçambique é
composto por três terrenos diferentes, que colidiram
e se juntaram durante o Ciclo Orogénico Pan-
Africano.
O termo “terreno” é usado para indicar uma
unidade tectónica de dimensão variável, ou seja,
uma placa litosférica, um fragmento de placa. Por
outro lado, “terreno” constitui um termo genérico,
grosseiramente comparável a “área”.
Na Explicativa da Carta Geológica de
Moçambique volume 4, estes terrenos são
designados provisoriamente por Terreno do
Gondwana Este, Terreno do Gondwana Oeste e
Terreno do Gondwana Sul.
O Terreno do Gondwana Sul abarca o Cratão do Zimbabwe
e um conjunto de unidades tectono-ou lito-estratigráficas
nos cinturões dobrados proterozóicos que foram carreados
ou depositados no topo das margens norte e leste do Cratão.
O Terreno do Gondwana Oeste engloba o Cratão do
Congo/Tanzânia ou da África Central e um conjunto de
unidades tectono- ou lito-estratigráficas nos cinturões
dobrados do Proterozóico que foram carreados ou
depositados sobre as margens sul e oriental do Cratão. Na
vizinha Tanzânia, a frente de carreamento do Cinturão de
Moçambique, com vergência para oeste, marca a fronteira
entre os Terrenos do Gondwana Oeste e Gondwana Este.
Terreno do Gondwana Oeste
O soco cristalino do Terreno do Gondwana Oeste compreende rochas
ígneas e rochas supracrustais metamorfizadas. As últimas incluem o
Grupo de Chidzolomondo, o Supergrupo de Zâmbuè (1200 – 1300
Ma), o Supergrupo do Fíngoè (1327 ± 16 Ma, Fig. 3.4), o Grupo de
Mualádzi, o Grupo de Cazula (1041 ± 4 Ma) e os ortognaisses e
paragnaisses do Rio Messuze.
Fazem também parte do Terreno do Gondwana Oeste, granitoides
denominados por Suites Intrusivas Irumides como, por exemplo, o
Granito da Serra Chiúta (idade superior a 1021 Ma, Fig. 3.5), o
Granito do Rio Capoche (1201 Ma), a Suite de Cassacatiza (1077 ± 2
Ma), a Suite de Tete (1047 ± 29 Ma, Fig. 3.6), a Suite de Furancungo
(1041 ± 4 Ma) e muitas outras.
As rochas intrusivas do Pan-Africano Inicial no Bloco de Tete-
Chipata do Terreno do Gondwana Oeste incluem rochas
intermédias a félsicas da Suite de Matunda (528 ± 4 Ma, da
Suite (ultra) máfica do Atchiza (864 ± 30 Ma), da Suite máfica
de Ualádze, o Leucogranito de Cassenda e o Granito do Monte
Inchinga. Vários granitos de idade pan-africana superior e de
idade pós-pan-africana também se instalaram no soco
precâmbrico mais antigo, dos quais a suite de Sinda (502 ± 8
Ma) é o maior de todos eles. Stocks de dimensões menores
pertencentes ao Granito de Macanga (470 ± 14 Ma) intruem o
Grupo de Chidzolomondo, perto da confluência dos rios
Luângua e Luia.
Terreno do Gondwana Sul
O Terreno do Gondwana Sul é composto por um núcleo arcaico,
sedimentos de plataforma proterozóicos e cinturões dobrados
proterozóicos.
Em Moçambique, na província de Tete, a Zona de Cisalhamento de
Sanângoè(ZCS) constitui a fronteira entre os Terrenos do Gondwana
Oeste e Sul. As duas janelas erosionais que formam grandes
aprisionamentos na Suite de Tete compreendem a janela ocidental do
soco, conhecida como o Domo do Rio Chacocoma e uma janela
oriental, conhecida como o Domo do Rio Mazoe. Estando localizados
a sul da Zona de Cisalhamento de Sanângoè, ambos os domos
pertencem ao Terreno do Gondwana Sul. As litologias dos domos são
atribuídas ao Granito de Chacocoma e à Formação de Chíduè.
Na província de Manica ocorrem rochas proterozóicas que podem ser
divididas em três categorias, nomeadamente: (1) sedimentos
autóctones e vulcanitos do Grupo mesoproterozóico de Umkondo (~
1102 Ma); (2) metassedimentos para-autóctones do Grupo de
Gairezi; e (3) metassedimentos alóctones do Complexo
mesoproterozóico. do Báruè.
Na mesma província também ocorrem rochas arcaicas
pertencentes ao Complexo de Mudzi (2713 ± 22 Ma), que
corresponde à parte norte da margem oriental do Cratão do
Zimbabwe e ao Complexo de Mavonde, que é a parte sul do
mesmo cratão.
As rochas supracrustais do Cinturão de rochas verdes de Mutare-
Manica são atribuídas ao Grupo de Manica (2650 Ma). As rochas
félsicas mais antigas que ~ 2.64 Ma são atribuídas aos “Granitos
Mais Antigos (2907 ± 16 Ma)”. Os cinturões de dobramentos
proterozóicos, que ocorrem ao longo das margens norte e leste do
Cratão do Zimbabwe, estendem-se a Moçambique. O Cinturão do
Zambeze, de direcção E-W, parte do cinturão continental
Damariano-Lufiliano- Zambeze.
O Cinturão do Zambeze meridional é composto por duas
nappes, nomeadamente o Terreno Alóctone do Zambeze
(Complexo de Mavuradonha e Complexo de Masoso) e o
Terreno Gnaissico Marginal (Grupo de Rushinga ~ 2.0 Ga). A
margem leste do Cratão de Kalahari é parte do Cinturão de
Moçambique, com direcção N-S e compreende o Grupo de
Gairezi (2041 ± 15 Ma), o Complexo de Báruè e a Suite de
Guro, com 867 ± 15 Ma.
A geologia do norte de Moçambique pode ser subdividida em:
(1) domínio estrutural da Faixa de Empurrão do Lúrio, (2) a
própria Faixa de Empurrão do Lúrio e (3) domínio estrutural sul
da Faixa de Empurrão do Lúrio.
Continua…..
Terreno do Gondwana Este
O terreno do Gondwana Este na
província de Tete é composto por
gnaisses mesoproterozóicos
pertencentes ao Grupo da Angónia e
pela Suite de Ulonguè, composta por
rochas plutónicas neoproterozóicas.
ESTRUTURA GEOLÓGICA E MINERAIS DE MOÇAMBIQUE