História Do Pensamento Cristão II - Professor José Do Carmo Da Silva
História Do Pensamento Cristão II - Professor José Do Carmo Da Silva
História Do Pensamento Cristão II - Professor José Do Carmo Da Silva
Cristão II
I A CRENÇA DA IGREJA CRISTÃ
NOS SÉCULO IV E V
Professor José do Carmo da
Silva
Os séculos IV e V foram o principal
período da história da Igreja no que
respeita à manifestação da sua
crença. A liberdade que o
Cristianismo desfrutava e o
desenvolvimento das suas riquezas
deram origem a importantes formas
de culto que seguiram certas linhas já
preestabelecidas. Surgiram muitas
liturgias e formas de oração.
O elemento musical do culto tornou-
se mais notável. Foram introduzidos
coros nas igrejas, cânticos e
antífonas. Os templos tornaram-se
maiores e cheios de decorações.
Desenvolveu-se a arquitetura, as
paredes e as colunas das igrejas
cobriram-se de pinturas, mosaicos e
desenhos.
Os cultos se tornaram mais solenes e
impressionantes. Agostinho narra
como ficou bem impressionado na
magnífica igreja de Ambrósio, em
Milão, com a música solene, com o
ritual, com a reverência das
multidões, e com a notável pregação
do bispo.
A celebração da Eucaristia tornou-se
uma cerimônia imponente com formas
fixas, com muita atenção dispensada
aos detalhes, tornando enfática a
idéia de que o sacramento era um
sacrifício oferecido pelo sacerdote a
favor do povo, sacrifício eficaz para a
salvação. Não obstante este fato
tornar a pregação menos importante,
colocando-a em plano secundário.
Houve nessa época grandes
pregadores entre os quais Ambrósio,
que teve a coragem de proibir o
imperador Teodósio de entrar na
igreja até que se arrependesse do
massacre aos tessalonicenses; e João
de Constantinopla, cuja eloquência
Ihe granjeou o titulo de Crisóstomo ou
"boca de ouro".
Opaganismo afetou o culto cristão
nesses séculos porque a Igreja viveu
no meio desse paganismo até 400
A.D. e também porque, depois de
Constantino, muitíssimos pagãos
entraram na igreja, sem conversão.
O culto dos santos e um exemplo
frisante dessa tendência. Era natural
que se tributasse veneração aos
mártires e a outros homens e
mulheres, famosos por sua santidade.
Para essa gente que estava
acostumada aos deuses das suas
cidades e aos seus lugares sagrados e
que não estava bastante cristianizada,
a veneração dos santos transformou-
se rapidamente em adoração.
Os santos passaram a ser
considerados como pequenas
divindades cuja intercessão era
valiosa diante de Deus. Os lugares
onde nasceram e viveram, passaram a
ser considerados santos. Surgiram as
peregrinações. Começaram a venerar
relíquias, partes dos corpos e objetos
que pertenceram aos santos e a
tributar a esses objetos poderes
miraculosos. Tudo isto foi fácil para
aqueles que ainda persistiam nas
superstições do paganismo.
II A CONTROVÉRSIA
CRISTOLÓGICA
Foi nesta época que surgiram os
credos ainda hoje aceitos pelos
cristãos de todo o mundo. No
período precedente, como vimos,
Jesus Cristo era o assunto
fundamental do pensamento da
Igreja.
Adiscussão quanto à natureza de
Cristo crescia cada vez mais. No
começo do século IV, Ário, presbítero
de Alexandria, ensinou que Cristo
nem era homem nem Deus, mas um
ser intermediário entre a divindade e
a humanidade.
Tal ponto de vista espalhou-se
rapidamente no oriente. A disputa sobre
este assunto dividiu a Igreja e causou
mesmo perturbação da ordem pública.
A fim de pacificar os ânimos,
Constantino convocou o primeiro
Concílio Geral da Igreja, em Nicéia, na
Ásia menor, em 325, ali, Atanásio teve
uma grande vitória, ele foi o principal
oponente de Ário e seu partido.
O Concílio afirmou a divindade de
Cristo, pela qual lutou Atanásio, e foi
declarado que Cristo "era da mesma
substância do Pai. Durante a intensa
disputa teológica no Concílio, verificou-
se que a maioria dos bispos não era
composta de teólogos, mas de pastores; e
o que os influenciou foi o apelo feito por
Atanásio à Fe, a convicção deles. Eles
criam que o Cristo a quem conheciam
como Redentor, não podia ser senão
Deus.
OCredo aceito pelo Concílio constitui a
maior parte do chamado Credo Niceno, o
qual foi confirmado pelo da Calcedônia
no século seguinte. O ensino desse
credo tem sido aceito desde então por
toda a Igreja Cristã.