Eletiva - Geografia Do Ceará
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Geopark Araripe
Prof. Lucas Wagner Leite
O Geopark Araripe
O primeiro geoparque, chancelado pela UNESCO, O Geopark do Araripe, localizado no Ceará,
entrou para a Rede Global de Geoparques (GGN) no ano de 2006 e desde então segue sendo o
único projeto brasileiro a fazer parte desta lista.
"A bacia do Araripe conta com a maior larga strata de fósseis, é impressionante todas as camadas de rochas
apresentarem algum tipo de fóssil e contarem uma história geológica fenomenal. Ser reconhecido como geoparque
Unesco traz um status de que temos potencial, de que temos história e conhecimento e nos coloca no mesmo
patamar que todos os locais do mundo." completou a professora.
O Geopark Araripe foi criado com o auxílio de diversos órgãos e instituições, incluindo o Serviço Geológico do
Brasil (SGB-CPRM). Ele leva esse nome pelo seu território fazer parte da Bacia Sedimentar do Araripe. O local
possui uma área de 3.789 km2 (IBGE/FUNCEME, 2001) que são distribuídas pelos municípios de Barbalha,
Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri (CE). O geoparque faz parte de uma
região muito importante para registro geológico do período Cretáceo, com destaque para seu conteúdo
paleontológico, com registros entre 150 e 90 milhões de anos, que apresenta um excepcional estado de preservação
e revela uma enorme diversidade paleobiológica.
Outros setores do geoparque são o Geoturismo e a Geoconservação. No primeiro, o objetivo é incentivar um
turismo de qualidade, baseado nas múltiplas valências do território, através de uma estratégia de promoção e
divulgação de nível internacional. Todos os municípios envolvidos com o geoparque tem um potencial enorme
para o turismo, no entanto, a região que se destaca é a do Cariri, que vem cada vez mais se consolidando como
destino para turistas por conta de todas as suas qualidades e diversidades de atrações, que vão desde a parte
cultural até o turismo religioso e natural.
Geossítio Batateiras
O Geossítio Batateiras localiza-se no sopé da Chapada de Araripe e é caracterizado pela presença de fontes naturais
de água que fertilizam o Vale do Cariri e abastecem a população local. Estas fontes, nas últimas décadas, tornaram-
se balneários e áreas de lazer da comunidade. O sítio é um dos lugares mais afamados do município do Crato, já que
daí oriunda a “lenda da pedra da Batateira”, um dos mitos fundantes da cidade, que remonta a presença indígena.
Diz uma das versões que a Chapada do Araripe era entrada para um lago encantado, cujo único acesso estava
segurado pela Pedra da Batateira. Assim que este lugar fosse profanado, a água, jorrando, iria inundar todo o Vale
do Cariri e matar a sua população inteira. Neste tipo de narrativa há elementos indígenas que constam da existência
de “serpentes” e “mães de água” e de forças encantadas, e também elementos de narrativas cristãs como a ideia do
Dilúvio e do Apocalipse.
Geossítio Cachoeira de Missão Velha
A história do Geossítio Cachoeira de Missão Velha é relacionada ao contexto da escassez da água no Sertão. Pois lá
era um dos poucos lugares onde se podia encontrar água durante todo o ano. Como marco de grande beleza
paisagística, o Geossítio costuma chamar atenção de quem passa por este ponto, e é motivo de várias lendas e
estórias de encantamentos e mortes. Existem vestígios de populações indígenas, neste lugar, que remontam a tempos
pré-históricos. Provavelmente serviu de lugar de cerimônias destes povos nômades que não costumavam se fixar
num único ponto. Em alguma distância da cachoeira, encontram-se restos de casas de pedra que remetem a uma
primeira fase de colonização do Cariri, a partir do século XVII. A Cachoeira, também é citada com ponto de
encontro entre cangaceiros, os bandidos que marcaram a história do Sertão, no início do século XX.
Geossítio Colina do Horto
Para a compreensão do Geossítio Colina do Horto deve ser considerado o processo histórico-religioso que envolve o
lugar. A Colina do Horto ganhou destaque na História de Juazeiro do Norte em virtude da presença do Padre Cícero
Romão Batista, maior figura política e religiosa no final do século XIX e início do século XX.
Hoje, a devoção pelo Padre Cícero continua a atrair anualmente centenas de milhares de romeiros de todo o Brasil,
especialmente do Nordeste. A Colina do Horto, com a trilha do Santo Sepulcro, é um dos pontos de visitação mais
conhecidos do Cariri.
Geossítio Floresta Petrificada do Cariri
A Floresta Petrificada do Cariri encontra-se, hoje, numa área rural de pouca densidade populacional. A terra é usada
para plantio e pastagem de gado, e faz parte do semiárido, ou seja, área com escassez de água. Em tempos pré-
históricos, no entanto, já era cenário de uma densa floresta, com árvores abundantes e água. O Geossítio Floresta
Petrificada do Cariri é um importante ponto de atração geoturística, oferecendo um excelente conteúdo científico-
didático. Constituído por uma área de erosão (ravina) que mostra camadas de rochas avermelhadas, o arenito da
Formação Missão Velha, com cerca de 8m de espessura, onde ocorrem fragmentos de troncos petrificados com
aproximadamente 145 milhões de anos
Geossítio Parque dos Pterossauros
A área do Parque dos Pterossauros pertence hoje à Universidade Regional do Cariri-URCA e é um dos principais
sítios de achados de fósseis em todo o Nordeste. O geossítio localiza-se no sopé da Chapada de Araripe e oferece
um belo panorama paisagístico. Lá se tem a vista para uma das partes mais férteis da Bacia do Araripe,
caracterizada pela plantio de feijão e milho e criação de gado. É uma das áreas mais antigas de achados de fósseis.
Já chamou a atenção de garimpeiros e cientistas, até a chegada de um empresário americano que tentou se aventurar
no comércio destes achados e que adquiriu a terra de proprietários locais. Quando ficou sabendo da ilegalidade da
extração e da exportação de fósseis no Brasil, resolveu doar a terra para a Universidade Regional do Cariri, que hoje
administra este terreno de 18,2ha. O sítio atualmente pode ser visitado e é regularmente palco de escavações
paleontológicas, reunindo especialistas de todo o Brasil.
Geossítio Pedra Cariri
Em várias cidades do Cariri, encontram-se lugares de mineração e extração da chamada “Pedra Cariri”, lavras de
calcários que servem na construção civil desde o século XIX até os dias atuais. Há casas inteiramente edificadas
com estas pedras, mas o uso comum é a sua aplicação em revestimentos de paredes, para calçadas e pisos, pelo seu
grande valor decorativo. A tecnologia de extração destas pedras – em sua robustez relativamente frágeis – costuma
ser rudimentar e, às vezes, remete a tempos pré-industriais. Além destas mineradoras de pedra, pode ser vista a
extração de gesso, exportado para todo o Nordeste. Nos últimos anos, há um enorme esforço de coletar os fósseis
encontrados nas lavras de calcário, para que sejam encaminhados para o Museu de Paleontologia da URCA, em
Santana do Cairiri. Este trabalho de preservação, coleta e registro envolve estudantes, pesquisadores e os próprios
trabalhadores das minas.
Geossítio Pontal do Santa Cruz
O Pontal da Santa Cruz, ponto de observação panorâmica em Santana do Cariri, está localizado no topo da Chapada
de Araripe, próximo ao povoado Cancão Velho, hoje conhecido como Vila do Pontal, numa altitude de
aproximadamente 750m. O geossítio é caracterizado por uma vistosa formação rochosa, apreciado pelos visitantes
por sua ampla vista, permitindo observar o panorama da cidade de Santana do Cariri. Na plataforma, há um
conjunto de uma antiga capela, erguida em meados do século XX, e uma área onde se encontra um restaurante com
parque infantil. A capelinha, de estilo eclético e o antigo crucifixo em sua frente, são exemplos recorrentes da
arquitetura popular e de uma devoção popular católica típica do Cariri, onde são construídas capelas em pontos
paisagísticos marcantes, para o agradecimento de milagres e o depósito de promessas.
Geossítio Ponte de Pedra
A ponte de Pedra é um sítio marcante na paisagem, com bela vista panorâmica, localizado no município de Nova
Olinda, na descida da Chapada do Araripe. É representado por uma formação rochosa natural que lembra uma
ponte, pois cobre o vão de um riacho que só apresenta água em épocas de chuva. Delimita uma área entre a
Chapada de Araripe, com sua floresta abundante e a cultura da coleta do pequi, e o Sertão, que pode ser avistado na
descida. A ponte provavelmente serviu como trilha para as antigas populações, tanto para os índios como para os
antigos vaqueiros que colonizaram a região.
Geossítio Riacho do Meio
O Geossítio Riacho do Meio, em Barbalha, é uma área de altitude entre 450 e 900m, situado a sete quilômetros da
sede da cidade. O nome se deve a um antigo riacho, localizado no trecho onde se encontra, hoje, uma estrada
asfaltada. Compõe um parque ecológico na periferia do município, no sopé da Chapada do Araripe, com uma bela
vista panorâmica para a Bacia do Araripe. É um parque criado através de lei municipal e próximo a uma estância
hidromineral muito popular na região, conhecida como Balneário do Caldas, onde as piscinas naturais estão
cercadas por um clube.
Fauna e Flora da Chapada do Araripe
Flora
As formações vegetais presentes nesta unidade de conservação são Caatinga (variações de caatinga
arbórea, arbórea-arbustiva e arbustiva, p.ex.), Cerrado (também com variações), Carrasco e Mata
Atlântica.
São citadas 516 espécies da flora nativa na região, mas sabemos existirem muito mais. Somente
samambaias são 39 espécies e licófitas 3 espécies. Existe ainda referência a 56 espécies de fungos
micorrízicos arbusculares e 71 fungos basidiomicetos macroscópicos.
Fauna
A APA Chapada do Araripe abriga ainda aproximadamente 483 espécies da fauna vertebrada silvestre,
sendo 298 aves, 90 mamíferos, 71 répteis e 24 anfíbios.
São 18 espécies ameaçadas de extinção segundo listas oficiais publicadas pelo MMA em 2014.
com destaque para o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), espécie endêmica, restrita a uma
pequena faixa de território nos municípios cearenses de Barbalha, Crato e Missão Velha, criticamente
ameaçada de extinção, para a qual existe esforço conjunto no desenvolvimento de ações de
conservação por meio do Plano de Ação Nacional - PAN.