Aula 2 e 3
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CONTRIBUIÇÕES DAS ABORDAGENS
PARA O PSICODIAGNÓSTICO
PSICANÁLISE
• Freud demonstrava certa ambiguidade em relação ao diagnóstico
psicanalítico: em alguns momentos entendia oportuno poder
estabelecer precocemente um diagnóstico para determinar o
tratamento, de outro, não deixa de precisar que a pertinência de tal
diagnóstico não pode jamais encontrar confirmação senão após uma
análise aprofundada.
• O universal é aquilo que está nos livros, aquilo que podemos aprender
previamente e que nos ajuda numa compreensão geral, e o particular é
a parte mais profunda e que varia de pessoa a pessoa.
• É como a montagem de um personagem, como se cada transtorno fosse
um “super poder” dos heróis dos filmes: um consegue ler a mente;
outro consegue imitar a imagem do outro; outra controla o tempo; etc.
• Mas a história de cada um, como lidou com esses “poderes” ao longo
da vida, ou como é seu dia a dia para além dos enfrentamentos dos
inimigos, tudo isso são detalhes subjetivos e caberá ao psicoterapeuta
ser a escuta única nessas áreas.
● Sentimento grandioso acerca da própria importância (ex. exagera realizações e talentos, espera ser
reconhecido como superior sem realizações à altura).
● Preocupação com fantasia de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza e amor ideal.
● Crença de ser “especial” e único e de que somente pode ser compreendido ou deve associar-se a
outras pessoas especiais de condição elevada.
● Exigência de admiração excessiva.
● Presunção, ou seja, possui expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável
ou obediência automática às suas expectativas.
● É explorador em relacionamentos interpessoais, isto é, tira vantagem de outros para atingir seus
próprios objetivos.
● Ausência de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades
alheias.
● Frequentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia.
● Comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes.
• Freud trata da questão em texto de 1914. Freud aqui inicia abordando um certo tipo
de paciente fascinado por si mesmo e que fazia referência ao mito de Narciso.
Assim como em outros momento, Freud inicia uma temática mostrando seu viés
“patológico” para então depois trazer para a esfera da normalidade e que faz
parte do desenvolvimento normal de qualquer sujeito.
• E quando ocorre a perda desse objeto, existe a retração da libido para o Ego mais
uma vez, caracterizando o “estado de luto”, um retorno narcísico em que o sujeito
se desinteressa pela realidade externa, eis o narcisismo secundário. Esse
narcisismo secundário pode ser pensado em “níveis” de acordo com a quantidade
de libido investida no Ego, em um extremo de investimento temos a “megalomania
da esquizofrenia” e em níveis menos extremos o estado de luto normal.
• Neste sentido a “dor da ferida narcísica”, o sofrimento de perder um lugar narcísico,
é uma grande questão.
• Mas aí vem uma questão fundamental: Todos os sujeitos viveram esse narcisismo?
• E alguns autores dirão: Não!! Nem todos viveram uma experiência narcísica – dirá
Kohut. Não! A psicanálise toma como certo que todas as pessoas são pessoas. Mas
e as pessoas que não chegaram a ser tornar pessoas? Perguntará Winnicott.
Processos defensivos
• Pessoas organizadas narcisicamente podem usar diversos tipos de defesa, mas algumas
delas são bem características como a desvalorização e a idealização. Defesas
complementares que partem de uma cisão do objeto em duas porções que não se
articulam, ou uma coisa ou outro. Ou o objeto é valorizado ou desvalorizado.
McWilliams também traz a busca pelo perfeccionismo e muitas vezes é com esse tipo
de demanda que procuram análise: se aperfeiçoar. Isso decorre muito da sua
percepção de que está constantemente sendo avaliada e julgada.
• Kohut é um dos autores que se destaca pelos estudos, descobertas e propostas de
intervenção, quando tratamos de pacientes narcisistas.
• Kohut parte das ideias de Freud, porém não considera que sua teoria sobre o
narcisismo esteja completa. Assim ele propõe a Teoria do Duplo Eixo, que consiste no
seguinte: Primeiramente retoma o modelo freudiano do texto Introdução ao
narcisismo, em que Freud faz a seguinte divisão:
• Kohut parte das ideias de Freud, porém não considera que sua teoria sobre o
narcisismo esteja completa. Assim ele propõe a Teoria do Duplo Eixo, que consiste no
seguinte: Primeiramente retoma o modelo freudiano do texto Introdução ao
narcisismo, em que Freud faz a seguinte divisão:
• Num extremo temos um tipo descrito por Kernberg “um indivíduo invejoso e
ganancioso, que exige atenção e aplauso de outras pessoas” (Gabbard, 2016 – p. 484) e
no outro extremo um tipo descrito por Kohut que é “vulnerável a desprezos e à auto
fragmentação”.
• O que varia bastante entre os pacientes é o caráter dos seus humores, as ações que
tomam em resposta aos sintomas e a sequência na qual estes aparecem. Nos
mesmos indivíduos, os sintomas de mania e depressão podem mudar de um episódio
para o outro. Por exemplo, alguém tem dificuldade para dormir em um episódio de
depressão e no outro tem hipersonia.
• São pacientes que não costumam buscar na fase maníaca, mas na depressiva e a
natureza do episódio de depressão por si só não distingue o transtorno bipolar I e II
do transtorno de depressão maior.
• 3 erros comuns: confundir sofrimento comum com depressão maior, não conseguir
identificar episódios maníacos ou hipomaníacos (sintomas menos extremados que da
mania) e confundir esquizofrenia com bipolaridade.
• Um recurso interessante está disponível em
https://www.dbsalliance.org/education/mental-health-screening-center/ do grupo
Depression and Bipolar Support Alliance.
• O problema é que existe apenas na língua inglesa, obrigando uma tradução, e que
não pode ser oficialmente utilizado como fonte diagnóstica por não constar no
SATEPSI.
SATEPSI
O QUE OS PACIENTES
PRECISAM SABER SOBRE O
GERENCIAMENTO DA MEDICAÇÃO
• A doença se anuncia no sintoma, sem se mostrar; sinaliza apenas que algo está
presente, obrigando a inferências diagnósticas. Se a doença realmente se mostrasse,
não haveria necessidade de inferências.
• Tatossian (1994) questiona o modelo inferencial, critica sua utilização única, pautada
sempre em parâmetros probabilísticos e puramente sintomáticos, e procura outro
modelo que possa dar conta do processo diagnóstico e seja realizável: o modelo
perceptivo.
• Sendo assim, a fenomenologia se definiria como “deixar e fazer ver por si mesmo
aquilo que se mostra, tal como se mostra a partir de si mesmo”.
• A descrição ocupa um lugar fundamental por se estabelecer “a partir da própria
coisa” (Heidegger, 1927/1997, p. 65), em uma determinação a partir do modo em
que os fenômenos se dão, sobrepondo a ideia de um simples procedimento
metodológico.
• Como ser dos entes, não há nada “atrás” do fenômeno sobre o qual a
fenomenologia se interessa.
• Partimos do sentido posto por Tatossian de um modo de assistência que tem sempre
como objetivo levar o outro adiante, potencializá-lo em um trabalho, que parte da
crença na potencialidade desse outro e na liberdade que, de diferentes formas, está
sempre presente.
• Heidegger (1927/1997) fala de um modo de preocupação que substitui o outro, que
assume suas “ocupações”: “Nessa preocupação, o outro pode tornar-se dependente e
dominado mesmo que esse domínio seja silencioso e permaneça encoberto para o
dominado” (p. 174).