Aula VS - 23 de Abril 2024

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE: CONCEITOS BÁSICOS E NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Profa Dra. Maria Socorro Carneiro Linhares

Abril 2023
Conceitos básicos da vigilância em saúde

 Estados democráticos de direito


 Direito à saúde e princípio da segurança sanitária
 Vigilância em saúde como política de saúde
 Classificação das vigilâncias
 Risco sanitário
 Território
 População
 Doenças e agravos à saúde
 Promoção da saúde
 Prevenção de riscos
 Precaução de riscos
ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO

 A formação dos Estados Modernos significou um marco na civilização


ocidental e moldou o Direito moderno.
 O Poder passou das mãos de “Deus” (Idade Média, Estados Absolutistas)
para as mãos do Povo (Estado Moderno).
 A Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa
(1789) foram marcos dessa nova era.
ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO

 Os primeiros modelos dos Estados Modernos implementam uma nova forma


organização social: democracia.
 Estes Estados se fundam em obras como o Leviatã, de Thomas Hobbes (1651);
Contrato Social (1762), de Jean-Jacques Rousseau; o Espírito das Leis (1748),
de Montesquieu.
 Os Estados passam a ser governados por leis e as leis devem representar a
vontade do povo.
 A democracia passa a ser entendida como o governo do povo, pelo povo e
para o povo.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE
DIREITO E CONSTITUCIONALISMO

 A complexidade das sociedades exige a adoção do modelo de democracia indireta,


onde o poder é exercido por representantes eleitos pelo povo.

 No campo da organização jurídica e social, os Estados Democráticos se caracterizam


pela consolidação de uma Constituição que deve ser obedecida por todos – o
contrato social.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E
CONSTITUCIONALISMO

 A partir do século XX os direitos sociais começaram a se incorporar nas


Constituições dos Estados. Foi o início do reconhecimento dos direitos sociais como
direitos humanos fundamentais no âmbito do direito interno dos Estados.

 A primeira a incluí-los foi a Constituição Mexicana, em 1917, sendo seguida por


diversas outras nações, incluindo o Brasil (1934).
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E
CONSTITUCIONALISMO

A Constitucionalização (fundamentalização) de direitos humanos resultou num modelo estatal adotado pela
grande maioria dos países do mundo, onde figuram, desde o início do século:

 OS DIREITOS INDIVIDUAIS, derivados da Bill of Rights e da Declaração dos Direitos do Homem


e do Cidadão. Direitos que protegem o indivíduo contra o Estado - vida, segurança, igualdade de
tratamento perante a lei, propriedade, liberdade (de ir e vir, de expressão, de reunião, de associação,
dentre outras liberdades).

 OS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS, que refletem pretensões do indivíduo


perante o Estado - trabalho (greve, salário mínimo, jornada máxima de trabalho, aposentadoria), acesso
aos bens históricos e culturais e às ciências, educação, SAÚDE, moradia, lazer, segurança, previdência
social, dentre outros.
 OS DIREITOS DIFUSOS E HUMANITÁRIOS, que protegem toda a humanidade (patrimônio
histórico, cultural e paisagístico; meio ambiente, democracia).
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E
CONSTITUCIONALISMO

 Dentro deste contexto global de constitucionalização dos Estados, a independência do


Brasil foi o marco inicial da nossa experiência constitucionalista (ainda muito
incipiente).

 Dom Pedro I outorgou a primeira Constituição brasileira em 1824. A República


somente viria em 1889.

 Após tivemos as Constituições de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

 A Constituição de 1988 define o Brasil como uma REPÚBLICA DEMOCRÁTICA


FEDERATIVA

 Junto com a idéia da democracia surge a noção de República (res publica – coisa do
povo).

 Nenhum governante é dono do Poder nem das instituições e bens do Estado –


pertencem ao povo.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

 O federalismo brasileiro vem evoluindo ao longo do tempo e sempre foi pautado na


concentração de poder junto ao Poder Central (União).

 A CF de 1988 instituiu no Brasil o federalismo cooperativo, onde a federação divide-


se em três tipos de entes federativos que devem atuar de forma coordenada e
cooperativa:

 União (1)
 Estados (26) e Distrito Federal (1)
 Municípios (5.564)
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

 As competências de cada ente federativo estão definidas pela Constituição Federal.

 Não há relação hierárquica ou de subordinação entre os entes federativos. Cada ente


federativo possui competências específicas definidas pela Constituição, que podem
ser privativas (exclusivas) ou compartilhadas (comuns ou concorrentes).
SAÚDE: direito de todos e
dever do Estado

 A saúde foi reconhecida como um direito fundamental no Brasil apenas na Constituição Federal

de 1988.

“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.”
Art. 6º.
SAÚDE: direito de todos e
dever do Estado

 OMS: define saúde como o completo estado de bem-estar

físico, mental e social, e não somente a ausência de

doença.
SAÚDE: direito de todos e dever do Estado

 A Constituição trata especificamente dos deveres do Estado brasileiro no que se refere à

promoção, prevenção e recuperação da saúde (Arts. 196 a 200):

 CF, Art. 196.

“A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas que visem à REDUÇÃO DO RISCO DE DOENÇA E
DE OUTROS AGRAVOS e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.”
Políticas públicas e vigilância em saúde

 Política pública é o conjunto de atividades governamentais (do Estado) que são


organizadas para influenciar (positivamente) a vida dos cidadãos e da sociedade.
 Política pública pode ser concebida como as açòes que o governo escolhe fazer ou
não.
 Constitui-se de um conjunto de iniciativas sucessivas e encadeadas: decisões e ações
do regime político para lidar com problemas sociais.
 Visam a solução de problemas sociais ou meios de amenizar os riscos da vida e
sociais a níveis adequados para a existência humana.
Políticas públicas e vigilância em saúde

 Programas de ação do governo para coordenar os meios disponíveis nos âmbitos público e
privado, visando orientá-los a objetivos socialmente pertinentes e politicamente
determinados.
 As políticas públicas são objetivos coletivos conscientes, e como tais, refletem a emissão
pública de um sentido para a sociedade.
 Podem ser desenvolvidas pelo Estado ou em parceria com o setor privado, lucrativo ou
filantrópico
Políticas públicas e vigilância em saúde

 Tradicionalmente as políticas públicas são formuladas e executadas com base em quatro


elementos chave:

1. Participação do Estado (políticas de Estado x Políticas de Governo)


2. Diagnóstico de um problema ou projeto a ser desenvolvido
3. Definição de objetivos claros e precisos
4. Definição de um plano de ação, com responsabilidades e prazos
Políticas públicas e vigilância em saúde

Ciclo das políticas públicas

Identificação do problema ou projeto

Planejamento

Definição do plano de ação (da política)

Execução

Avaliação
RISCO SANITÁRIO

 Qualquer lesão ou ameaça de lesão à saúde individual ou coletiva

 Riscos de agravos à saúde


 Riscos de doenças
 Riscos naturais
 Riscos tecnológicos
 Riscos inerentes ao viver (envelhecimento, acidentes, genética...)
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA CRESCIMENTO POPULACIONAL

GLOBALIZAÇÃO FLUXOS MIGRATÓRIOS

DISSEMINAÇÃO
DE AGENTES
PATOGÊNICOS

INCREMENTO DO
MERCADO
INTERNACIONAL

PROPAGAÇÃO DE
VETORES E
RESERVATÓRIOS
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA SANITÁRIA

 A proteção da saúde exige uma atuação permanente e vigilante dos indivíduos, das famílias,
das coletividades e, principalmente, do Estado.

 A complexidade social faz aumentar, a cada dia, a quantidade de riscos a que estamos todos submetidos:
 riscos naturais (epidemias, doenças, acidentes etc.);
 riscos advindos do progresso da ciência e da descoberta de novos tratamentos (clonagem, novas técnicas
cirúrgicas e terapêuticas, novos medicamentos etc); e
 riscos advindos de atividades humanas que possuem reflexos na saúde individual, coletiva ou social
(alimentação, trabalho, consumo etc.).
PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA SANITÁRIA

 Embora o comportamento individual e coletivo seja importante para a


proteção da saúde e à redução dos riscos a que estamos submetidos, é o
ESTADO quem efetivamente assume um papel fundamental na adoção de
todas as medidas possíveis e necessárias para evitar a existência, no meio
ambiente social, de riscos de doenças e de outros agravos à saúde da
população.
PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA SANITÁRIA

 O princípio da segurança sanitária aplica-se a todas as atividades humanas de


interesse à saúde.
 Ele abrange:
 Redução dos riscos existentes nas atividades humanas que são desenvolvidas na sociedade e que podem, de alguma
forma, afetar a saúde (produção, distribuição, comércio e consumo de alimentos, medicamentos, cosméticos e
equipamentos de saúde; segurança do trabalho; segurança epidemiológica, com o controle de vetores; prestação de
serviços de saúde etc.).
 Redução dos riscos inerentes à execução dos atos realizados por profissionais de saúde ou de cuidados médicos e de
saúde em geral (informação, formação e capacidade técnica).
PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA SANITÁRIA

 A existência do princípio da segurança sanitária faz surgir, imediatamente, um


outro princípio jurídico relevante:

 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE

Cada um deve responder pelas suas ações ou omissões


Podem ensejar responsabilidades civil, penal, disciplinar e
administrativa.
PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA SANITÁRIA

 Compete ao indivíduo, às famílias, às empresas e à sociedade em geral


observar as regras de direito estabelecidas para a proteção da saúde
 Uma das funções do Estado é garantir a segurança sanitária de todos pela
vigilância em saúde
 As ações estatais para a proteção da saúde organizam-se através de ações de vigilância
em saúde (regulação normativa, indução, fiscalização e sanção).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Conceito

 A vigilância em saúde reúne o conjunto de ações e serviços públicos de saúde com o objetivo de promoção da saúde,

prevenção, precaução e controle de riscos.

 A vigilância em saúde pode ser classificada em:


 Sanitária
 Epidemiológica
 Ambiental
 Saúde do trabalhador
TERRITÓRIO

 Território é entendido, classicamente, como um espaço geográfico


 Atualmente o espaço virtual pode se constituir também em um território de ação para a vigilância
em saúde
 No âmbito do SUS, os territórios são organizados em regiões de saúde

 Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios


limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de
comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a
organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde;
DOENÇAS E AGRAVOS À SAÚDE

 Doença: significa “uma doença ou agravo, independentemente de origem ou fonte, que represente ou possa

representar um dano significativo para seres humanos”

 Evento: “significa uma manifestação de doença ou uma ocorrência que apresente potencial para causar

doença”

 Agravo à saúde: qualquer dano que possa ser provocado à integridade física, mental ou social de um ser

humano
PREVENÇÃO DE RISCOS

Conjunto de ações e serviços voltados à eliminar, controlar ou reduzir os riscos conhecidos à


saúde pública

 Vacinação
 Higiene
 Ambiente
 Condições de trabalho
 Vírus, bactérias, agentes infecciosos
 Violência
 Etc.
PRECAUÇÃO DE RISCOS

Conjunto de ações e serviços voltados à evitar riscos potenciais à saúde pública

 Novas tecnologias
 Grandes obras
 Represas e barragens
 Terras indígenas
 Manejo do lixo
 Saneamento básico
 Etc.
PROMOÇÃO DA SAÚDE

Conjunto de ações e serviços voltados à educação em saúde e à promoção do autocuidado e de estilos de vida
saudáveis

 Alimentação

 exercício físico

 higiene pessoal e coletiva

 conscientização da importância da vacinação


Considerações finais

 Vigilância em saúde e democracia

 Vigilância em saúde e riscos

 Vigilância em saúde e o ser humano

 Vigilância em saúde e o território

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