Mostrar código-fonte de Johan Cruijff

{{Info/Treinador de futebol
|nome               = Johan Cruijff<br>{{pequeno|[[Ordem da Casa de Orange|OCO]]}}
|imagem             = Johan Cruyff 1974c.jpg
|imagem_tamanho     = 220px
|imagem_legenda     = Cruijff com a [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] em 1974
|nomecompleto       = Hendrik Johannes Cruijff
|datadenascimento   = {{dni|25|4|1947|si}}
|cidadenatal        = [[Amesterdão|Amesterdã]]
|paisnatal          = [[Países Baixos]]
|datadefalecimento  = {{morte|24|3|2016|25|4|1947}}
|cidadedamorte      = [[Barcelona]]
|paisdamorte        = [[Espanha]]
|nacionalidade      = {{NEDn|a}}
|altura             = 1,78 m<ref>https://m.imdb.com/name/nm1095991/</ref>
|pé                 = [[Ambidestria|ambidestro]]
|apelido            = ''Jopie''<br>''El Salvador''<br>''Nummer 14''<ref name="soc">{{citar web|url=http://www.barriespirit90.com/johancruyff.html|título=Johan Cruyff|data=2005–2008|acessodata=3 de fevereiro de 2011|publicado=Soccer Legends|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100224012251/http://www.barriespirit90.com/JohanCruyff.html#|arquivodata=24 de fevereiro de 2010|urlmorta=sim}}</ref><br>''El Flaco''<ref name = "espn">SETTI, Daniel (janeiro de 2011). '''Quem trai seu estilo nunca pode obter sucesso'''. ESPN n. 15. Editora Spring, pp. 44-47</ref>
|posição            = [[Atacante (futebol)|atacante]]
|função             = [[treinador]]
|jovemanos          = 1959–1964
|jovemclubes        = {{Futebol Ajax}}
|ano                = 1964–1973<br>1973–1978<br>1979<br>1980<br>1981<br>1981<br>1981–1983<br>1983–1984
|clubes             = {{Futebol Ajax}}<br>{{Futebol Barcelona}}<br>{{Futebol Los Angeles Aztecs}}<br>{{Futebol Washington Diplomats}}<br>{{Futebol Levante}}<br>{{Futebol Washington Diplomats}}<br>{{Futebol Ajax}}<br>{{Futebol Feyenoord}}
|jogos(golos)       = {{0|0}}318 {{0|00}}(250)<br>{{0|0}}223 {{0|000}}(84)<br>{{0|00}}26 {{0|000}}(15)<br>{{0|00}}26 {{0|000}}(10)<br>{{0|00}}10 {{0|0000}}(2)<br>{{0|000}}5 {{0|0000}}(2)<br>{{0|00}}46 {{0|000}}(16)<br>{{0|00}}44 {{0|000}}(13)
|anoselecao         = 1966–1977<ref name="rsssfcruyff">{{citar web|autor=STOKKERMANS, Karel|título=Johan Cruyff - Goals in International Matches|publicado=RSSSF|data=6 de fevereiro de 2008|url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/cruyff-intlg.html|acessodata=3 de fevereiro de 2011|datali=janeiro de 2019}}</ref><br>1976<ref name="mundodeportivo">{{citar web|autor=FARRERAS|título=1-1: Gran primer tiempo en el Selección Catalana - Selección Rusa|publicado=El Mundo Deportivo|data=10 de junho de 1976|url=http://hemeroteca.elmundodeportivo.es/preview/1976/06/10/pagina-3/1419513/pdf.html |acessodata=14 de junho de 2011}}</ref><ref name="rsssfcat">{{citar web|autor=TABEIRA, Martín|título=Catalonia Autonomous Team Matches 1912-2004|publicado=RSSSF|data=2 de agosto de 2006|url=http://www.rsssf.com/tablesc/cata-intres.html|acessodata=14 de junho de 2011}}</ref>
|selecaonacional    = [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Países Baixos]]<br>[[Seleção Catalã de Futebol|Catalunha]]<ref name="mundodeportivo"/><ref name="rsssfcat"/>
|partidasselecao    = {{0|00}}48 {{0|000}}(33)
|treinadoranos      = 1986–1988<br>1988–1996<br>2009–2013
|treinadorclubes    = {{Futebol Ajax}}<br>{{Futebol Barcelona}}<br>[[Seleção Catalã de Futebol|Catalunha]]
|medalhas           =
{{MedalCountry|[[Países Baixos]]||os}}
{{MedalCompetition|[[Copa do Mundo FIFA]]}}
{{MedalSilver|[[Copa do Mundo FIFA de 1974|Alemanha Ocidental 1974]]|Jogador}}
{{MedalCompetition|[[Campeonato Europeu de Futebol|Eurocopa]]}}
{{MedalBronze|[[Campeonato Europeu de Futebol de 1976|Iugoslávia 1976]]|Jogador}}
}}
'''Hendrik Johannes''' "'''Johan'''" '''Cruijff''' <small>[[Ordem da Casa de Orange|OCO]]</small> ([[Amesterdão|Amesterdã]], [[25 de abril]] de [[1947]] – [[Barcelona]], [[24 de março]] de [[2016]]) foi um [[treinador]] e [[futebolista]] [[Neerlandeses|neerlandês]] que atuou como [[Atacante (futebol)|atacante]]. É considerado pela [[Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol|IFFHS]] como o [[Lista dos futebolistas do século pela IFFHS|melhor futebolista europeu do século XX]] e o segundo maior do mundo naquele século, abaixo somente de [[Pelé]]. Tido como um jogador revolucionário, tático, ofensivo, coletivo, vistoso e eficiente, é considerado um dos propulsores do "futebol moderno". Inspirou muitos jogadores e treinadores a partir de suas extraordinárias atuações no [[Amsterdamsche Football Club Ajax|Ajax]], [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]], e  principalmente, na [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] durante a [[Copa do Mundo FIFA de 1974]]. As suas atuações no mundial foram suas únicas referências para grande parte das pessoas que o conhecem;<ref name = "FourFourTwo">KUPER, Simon (setembro de 2009). '''Cruyff'''. FourFourTwo n. 9. Editora Cádiz, pp. 42-53</ref> antes da cobertura ao vivo dos campeonatos estrangeiros pela televisão, apenas as Copas eram vistas mundialmente de maneira especial.<ref>'''Os grandes solos''' (novembro de 2008). FourFourTwo n. 1. Editora Cádiz, p. 39</ref> Cruijff encantou na Copa, mesmo com exibições consideradas abaixo das que tinha nos campeonatos europeus.<ref name = "FourFourTwo"/>

Se, atualmente, há no futebol jogadores polivalentes que podem atuar sem posição fixa no campo, sem prejuízo de suas atuações individuais, muito se deve a este genial craque e não menos a seu treinador no Ajax, [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]] e na Seleção Neerlandesa, [[Rinus Michels]]. E, ainda que transcorridos cerca de cinquenta anos da Copa do Mundo de 1974, os Países Baixos, Michels e Cruijff sintetizam a última revolução tática na história do futebol e serão para sempre lembrados como sinônimos do chamado ''futebol total'', no qual os jogadores de linha se sentiam à vontade ao desempenhar todas as posições.<ref name = "FourFourTwo"/>

Visto como um pensador do futebol, costumava enfatizar a rapidez de pensamento tanto quanto a rapidez do corpo: sua característica velocidade era descrita pelo próprio como uma questão de saber a hora certa de começar a correr.<ref name = "FourFourTwo"/> Também tornou-se um técnico renomado, a ponto de opinar-se que Cruijff é o maior nome da história do futebol na soma [[jogador-treinador]], mesmo sem ter conquistado nenhuma Copa do Mundo.<ref name="MB">{{citar web|url=https://www.espn.com.br/blogs/mauriciobarros/560095_cruyff-o-maioral-na-soma-jogador-treinador-esta-doente-vale-sua-reza|título=Cruyff, o maioral na soma jogador-treinador, está doente. Vale sua reza|data=25/11/2015|acessodata=07/04/2022|publicado=ESPN Brasil|autor=Mauricio Barros}}</ref>

Seu [[sobrenome]] é originalmente grafado, na [[língua neerlandesa]], como '''Cruijff''', sendo popularmente escrito como '''Cruyff''' no exterior.<ref name = "soc"/><ref name = "FourFourTwo" />

== Carreira como jogador ==
=== Ajax ===
Cruijff foi praticamente criado no [[Amsterdamsche Football Club Ajax|Ajax]]: seu pai, Hermanus, dono de uma mercearia, fornecia frutas ao clube,<ref name = "FourFourTwo" /> embora a paixão inicial de Johan e do irmão Henny fosse o [[Basebol|beisebol]].<ref name = "stein"/> Os vínculos continuaram por parte de mãe, Petronella, que foi trabalhar como faxineira do clube após tornar-se viúva<ref name = "placar" /> (quando o garoto Cruijff, que frequentava os vestiários já com quatro anos, possuía doze<ref name = "FourFourTwo"/>). Ela também trabalharia como empregada doméstica de Vic Buckingham, treinador [[Ingleses|inglês]] do Ajax;<ref name = "stein"/> e o porteiro do clube se tornaria o padrasto de Cruijff.<ref name = "stein"/> Por ideia da mãe, o filho entrou nas [[categorias de base]] do Ajax; ela acreditava que assim ele poderia superar a deficiência que tinha nos pés, cuja má formação o obrigava a utilizar aparelhos ortopédicos: ironicamente, só assim ele, cuja uma das características futuras seria suas corridas fulminantes, conseguia caminhar. Sua sugestão provar-se-ia como divisora de águas não só do clube, mas do futebol nacional e internacional.<ref name = "placar" /> Passando a adolescência no clube, chegou a ser gandula na [[Final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1961–62|final da Liga dos Campeões de 1961–62]], realizada no estádio do Ajax.<ref name = "stein"/>

[[Imagem:Finale Europacup I in Feijenoord stadion Ajax tegen Inter Milaan 2-0 Johan Cru, Bestanddeelnr 254-9438.jpg|miniatura|300px|Cruijff pelo Ajax, enfrentando a [[Football Club Internazionale Milano|Internazionale]] na final da [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1971–72|Liga dos Campeões de 1971–72]].]]

Firmando nos juvenis sob Jany van der Veen (um dos poucos a angariar respeito de Cruijff, que futuramente, ao gerenciar o Ajax, o recontrataria para as divisões de base), o garoto estreou em novembro de 1964 no time adulto, contra o [[Football Club Groningen|GVAV]], em derrota de 3–1, sendo justamente dele o único gol do Ajax.<ref name = "stein"/> Com a chegada um ano depois de Michels, que aceitou o jogo ditado por Cruijff, os títulos viriam em série: o Ajax seria na primeira temporada com ambos trabalhando juntos, a de 1965–66, campeão neerlandês, o que se repetiria consecutivamente outras duas vezes.<ref name = "rsssfned">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/tablesn/nedchamp.html|título=Netherlands - Champions|data=7 de maio de 2010|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor1=KÁRPÁTI, Tamás|autor2=STOKKERMANS, Karel|língua=inglês}}</ref> Outros três títulos no [[Eredivisie|Campeonato Nacional]] viriam em espaço de cinco anos.<ref name = "rsssfned"/> Cinco [[Copa dos Países Baixos]] também seriam levantadas no período.<ref name = "nedcup">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/tablesn/nedcuphist.html|título=Netherlands Cup Finals|data=7 de maio de 2010|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=STOKKERMANS, Karel|língua=inglês}}</ref> Em 1967, Cruijff já despertava atenção do futebol espanhol, tendo sua contratação pelo [[Real Madrid Club de Fútbol|Real Madrid]] sugerida pelo treinador [[Miguel Muñoz]] ao presidente madridista [[Santiago Bernabéu]].<ref name = "cinco">{{citar web|url=https://trivela.com.br/espanha/quando-cruyff-fez-o-real-madrid-se-arrepender-por-nao-te-lo-contratado-os-5x0-no-bernabeu/|título=Quando Cruyff fez o Real Madrid se arrepender por não tê-lo contratado: os 5×0 no Bernabéu|data=31/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref>

Na [[Liga dos Campeões da UEFA|Copa dos Campeões da UEFA]], após uma eliminação nas quartas (contra o [[Dukla Praga]])<ref>{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec196667.html|título=European Competitions 1966-67|data=9 de janeiro de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> e outra nas oitavas (contra um futuro rival de Cruijff, o Real Madrid) o Ajax chegou à final em 1969. No caminho, eliminou o vice-campeão anterior,<ref name = "ec68">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec196768.html|título=European Competitions 1967-68|data=9 de janeiro de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> o forte [[Sport Lisboa e Benfica|Benfica]] de [[Eusébio]], mas perdeu a decisão para [[Associazione Calcio Milan|Milan]].<ref name = "ec69">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec196869.html|título= European Competitions 1968-69|data=6 de fevereiro de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> Ainda assim, a eliminação do Benfica ganhou contornos de passagem de bastão entre Eusébio e Cruijff: os portugueses haviam vencido por 3 a 1 em Amsterdã e teriam tido uma postura arrogante antes do retorno, no [[Estádio da Luz]]. Cruijff então marcou duas vezes e os visitantes aplicaram o mesmo resultado de 3 a 1 fora de casa. O regulamento da época forçou uma terceira partida na neutra [[Paris]], encerrada em 0–0 no tempo normal e em 3–0 para os neerlandeses na prorrogação, com Cruijff abrindo o placar.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/europa/champions-league/as-memorias-do-duelo-em-que-o-benfica-de-eusebio-passou-o-bastao-ao-ajax-de-cruyff/|título=As memórias do duelo em que o Benfica de Eusébio passou o bastão ao Ajax de Cruyff|data=23/10/2018|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref>

Naquela época, eliminar o Benfica significava eliminar o mais expressivo clube da década nas competições europeias: em tempos em que disputar constantemente a [[Liga dos Campeões da UEFA|Taça dos Campeões Europeus]] (atual Liga dos Campeões da UEFA) não era mesmo aos clubes mais fortes algo comum, uma vez que somente campeões nacionais e o campeão europeu vigente participavam da competição, o clube [[Lisboa|lisboeta]] conseguiu: obteve treze [[Primeira Liga|Campeonatos Portugueses]] em dezessete disputados e esteve nove vezes na [[década de 1960]] na principal competição de clubes do continente. Foram dois títulos, dois vice-campeonatos, duas eliminações nas quartas-de-final e duas na segunda fase, e participações em quatro das cinco finais travadas entre 1961 e 1965. Nenhum outro clube europeu teve retrospecto desse nível na década.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/portugal/eusebio-ainda-e-sim-maior-que-cristiano-ronaldo/|título=Eusébio ainda é, sim, maior que Cristiano Ronaldo|data=06/01/2014|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Ubiratan Leal}}</ref> Assim, o [[Futebol Clube do Porto|Porto]] chegou a sondar Cruijff com uma proposta de seis mil [[Escudo português|contos]], mas o Ajax exigia oito mil. As despesas subiriam para onze mil considerando os salários do jogador, que recusou, com intenção de permanecer em uma equipe que conseguisse disputar regularmente a Taça dos Campeões.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/portugal/cruyff-foi-gandula-de-eusebio-e-sonho-de-consumo-do-porto-para-rivalizar-com-o-benfica/|título=Cruyff foi gandula de Eusébio e sonho de consumo do Porto para rivalizar com o Benfica|data=26/03/2016|acessodata=19/04/2022|publicado=Trivela|autor=Rodrigo Gasparini}}</ref>

Inicialmente, contudo, foi o arquirrival [[Feyenoord Rotterdam|Feyenoord]] que trouxe a mais importante taça europeia de clubes pela primeira vez para os [[Países Baixos]], em 1970. Cruijff, Michels e o Ajax responderam logo na edição seguinte, igualando o rival e superando-o em seguida: foram três títulos consecutivos, nas edições de 1971, 1972 (ano em que ele foi pela segunda vez artilheiro do campeonato, e em que o time ganhou todos os torneios importantes que disputou) e 1973,<ref name = "ec">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/tablese/ec1.html|título=European Champions' Cup|data=2 de junho de 2010|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=STOKKERMANS, Karel|língua=inglês}}</ref> respectivamente contra o [[Panathinaikos Athlitikos Omilos|Panathinaikos]] (time então treinado pelo lendário [[Ferenc Puskás]]),<ref name = "ec71">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec197071.html|título=European Competitions 1970-71|data=9 de janeiro de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> [[Football Club Internazionale Milano|Internazionale]]<ref name = "ec72">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec197172.html|título=European Competitions 1971-72|data=9 de janeiro de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> e [[Juventus Football Club|Juventus]] (tendo passado no caminho também pelo posterior igualmente tricampeão seguido [[FC Bayern München|Bayern de Munique]] e pelo Real Madrid).<ref name = "ec73">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/ec/ec197172.html|título=European Competitions 1971-72|data=31 de julho de 2008|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=ROSS, James M.|língua=inglês}}</ref> Pelos títulos de 1971 e 1973, seria premiado com a [[Ballon d'Or|Bola de Ouro]] da ''[[France Football]]'', sendo o primeiro neerlandês a recebê-la.<ref name = "dor">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/miscellaneous/europa-poy.html|título=European Footballer of the Year ("Ballon d'Or")|data=21 de janeiro de 2011|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor1=MOORE, Rob|autor2=STOKKERMANS, Karel|língua=inglês}}</ref>

Os dois últimos títulos europeus foram já sem Michels, que saíra para o [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]] após a primeira conquista continental.<ref>{{citar web|url=http://www.fcbarcelona.com/web/english/club/historia/entrenadors/marinusmichels.html|título=Marinus Michels (1971-75,1976-78)|publicado=Site oficial do Barcelona|acessodata=2 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110603061050/http://www.fcbarcelona.com/web/english/club/historia/entrenadors/marinusmichels.html#|arquivodata=3 de junho de 2011|urlmorta=sim}}</ref> O Ajax também venceu a [[Copa Intercontinental de 1972]], sobre o [[Club Atlético Independiente|Independiente]], derrotando os argentinos por 3 a 0 em Amesterdão após sair de [[Avellaneda (Buenos Aires)|Avellaneda]] com um empate de 1–1, com um gol dele.<ref name = "int">{{citar web | autor=GORGAZZI, Osvaldo José | título= Intercontinental Club Cup 1972 | publicado=RSSSF | data=16 de julho de 2000 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/intconclub72.html | acessodata=11 de fevereiro de 2011 }}</ref> O clube não venceu outras Intercontinentais pois declinou em participar: a anterior, de 1971, foi o Panathinaikos quem enfrentou os [[uruguai]]os do [[Club Nacional de Football|Nacional]];<ref>{{citar web | autor=GORGAZZI, Osvaldo José | título= Intercontinental Club Cup 1971 | publicado=RSSSF | data=14 de abril de 1999 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/intconclub71.html | acessodata=11 de fevereiro de 2011 }}</ref> em 1973, quando a disputa seria outra vez contra o Independiente, o Ajax voltou a ceder a vaga para o vice-campeão europeu, desta vez a Juventus.<ref>{{citar web | autor=GORGAZZI, Osvaldo José  | título= Intercontinental Club Cup 1973 | publicado=RSSSF | data=16 de julho de 2000 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesi/intconclub73.html | acessodata=11 de fevereiro de 2011 }}</ref>

Cruijff então estava liderando sozinho um time de bairro que, dono de um estádio pequeno até para as segundas divisões da [[Itália]] ou [[Espanha]] e cujos jogadores não ganhavam mais do que um bom lojista, vinha reinventando o futebol. Após o título de 1973, entretanto, decidiu sair do clube, vítima do próprio poder que ajudara a deixar nas mãos dos jogadores: seus colegas decidiram que o novo capitão do clube seria [[Piet Keizer]]. Cruijff iria então para onde estava Michels, o homem que o compreendera: o Barcelona.<ref name = "FourFourTwo" /> O craque havia recebido oferta do rival Real Madrid por 30 milhões de [[peseta]]s, mas o clube da capital recusara-se a pagar-lhe 12 mil [[dólar]]es por temporada. O próprio presidente [[Santiago Bernabéu]] assumiria posteriormente que fora tímido demais na negociação.<ref name = "cinco"/>

=== Barcelona ===
[[Imagem:Cruyff barcelona card.jpg|miniatura|180px|Cruijff em figurinha de 1975 pelo [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]].]]

Chegou ao ''Barça'' na negociação mais cara do futebol até então,<ref name="placar" /> por cinco milhões de [[Florim (moeda)|florins]], preço tão alto que o governo espanhol não aprovou a transferência. Só conseguiu ser levado porque foi registrado oficialmente como uma peça de máquina de agricultura.<ref name="FourFourTwo" /> Cruijff justificou o alto investimento: marcou duas vezes na estreia e reconduziu o ''Barça'' a um [[La Liga|título espanhol]] que não vinha havia 14 anos, quando ainda jogavam pelo clube [[Luis Suárez Miramontes|Luis Suárez]], [[László Kubala]], [[Zoltán Czibor]], [[Sándor Kocsis]] e [[Evaristo de Macedo Filho|Evaristo]].<ref name="esp">{{citar web | autor=CARNICERO, José Vicente Tejedor | título= Spain - List of Champions | | publicado=RSSSF | data=24 de setembro de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tabless/spanchamp.html | acessodata=2 de fevereiro de 2011 }}</ref>

A campanha do [[La Liga de 1973–74|campeã espanhola de 1973–74]] incluiu uma goleada por 5–0 em pleno [[El Clásico|clássico com o Real Madrid]] em pleno [[Estádio Santiago Bernabéu]], oito dias após Cruijff tornar-se pai de [[Jordi Cruijff|Jordi]] — batizando o filho com nome [[Língua catalã|catalão]] quando esse idioma ainda era proibido na [[Espanha]], o que burlou por registrá-lo nos [[Países Baixos]]. Naquela goleada, o atacante marcou o segundo gol, driblando dois adversários antes de abater o goleiro, e deu as assistências para os dois últimos, em exibição terminada sob aplausos da própria torcida rival.<ref name="cinco" />

O principal concorrente na campanha, contudo, foi o [[Club Atlético de Madrid|Atlético de Madrid]], então  [[La Liga de 1972–73|campeão espanhol da temporada anterior]] e que tinha como principal aspiração justamente um bicampeonato seguido - pois um novo título lhe permitira justamente igualar-se ao Barcelona em número de conquistas em ''La Liga''. Foi precisamente por perder as chances de título nacional que o Atlético gradualmente passou a focar-se na [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1973–74|campanha vice-campeã europeia de 1973–74]].<ref>{{citar web|url=https://www.futebolportenho.com.br/juan-carlos-toto-lorenzo-muito-muito-mais-que-o-maior-tecnico-do-boca-no-seculo-xx/|título=Juan Carlos “Toto” Lorenzo: (muito, muito) mais que o maior técnico do Boca no século XX|data=27 de outubro de 2022|acessodata=17 de abril de 2023|publicado=Futebol Portenho|autor=Caio Brandão}}</ref>

Eleito o melhor jogador daquela edição do campeonato espanhol, Cruijff receberia sua terceira [[Ballon d'Or|Bola de Ouro]] pelo feito.<ref name="dor" /> A temporada fora em estado de graça também por ele ter conseguido, paralelamente, classificar a [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] à [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo de 1974]] — os Países Baixos não disputavam o torneio desde a sua segunda participação, na edição de [[Copa do Mundo FIFA de 1938|1938]].<ref name="FourFourTwo" /> Contudo, se a primeira temporada foi mágica, as seguintes lhe seriam estressantes,<ref name="FourFourTwo" /> apesar da companhia de seu ex-colega de Ajax e Seleção [[Johan Neeskens]], trazido ao clube após o mundial de 1974. Em entrevista dada já em 1981 à revista [[argentina]] ''[[El Gráfico]]'', Cruijff deu a seguinte versão para a falta de novos troféus relevantes como jogador barcelonista:<ref name = "futuro">{{citar web|url=https://www.elgrafico.com.ar/articulo/hemeroteca/38949/johan-cruyff-yo-no-tengo-futuro|título="Yo no tengo futuro"|data=31 de março de 1981|acessodata=17 de abril de 2023|publicado=[[El Gráfico]]|autor=Carlos Ferreira}}</ref>

{{citação2|No primeiro ano, fui muito bem, era um conjunto poderoso. Depois, começaram as falhas. Eu acredito que o que aconteceu é que todos queriam ser jogadores no sentido total da palavra. E isso não funciona. Não há equipe em que todos sejam refinados. Se não se consegue convencer cada um qual é seu papel na importância que tem coletivamente, tudo começa a se agitar e termina caindo.<ref name = "futuro"/>}}

Ao final da temporada 1974–75, o técnico [[Rinus Michels]] foi substituído por [[Hennes Weisweiler]]. Cruijff e Weisweiler entraram em rota de colisão. O técnico reclamou da atitude de Cruijff, que era impossível de controlar em campo quando ele escolhia sua própria posição. Weisweiler o queria em posições de ataque, mas, fora de casa, Cruijff era acusado de buscar refúgio na defesa. O alemão afirmou que "treinar o Barça não era difícil, treinar Cruijff é que era". Depois de uma partida no Pizjuan, Weisweiler substituiu Cruijff e o holandês teria dito à diretoria: "Era ele ou eu". Os torcedores chegaram a fazer manifestações no estádio para apoiar Cruijff. Na [[Liga Europa da UEFA|Copa da UEFA]], o [[Liverpool Football Club|Liverpool]] venceu o Barcelona por 1 a 0 no [[Camp Nou]] e Weisweiler foi rápido em apontar o culpado: "A missão de Cruijff era marcar um jogador e ele não cumpriu".<ref>{{citar web|url=https://www.marca.com/primera-plana/2024/05/26/665205f322601dac708b4596.html|título=La maldición alemana del Barcelona|data=26/05/2024|publicado=Marca|autor=José Luis Hurtado|língua=espanhol}}</ref> O treinador alemão foi substituído pelo espanhol Laureano Ruiz.

Em 1975, 1976 e 1978, o campeão espanhol foi o Real Madrid, sempre com pelo menos cinco pontos de vantagem. Na única temporada em que os merengues estiveram mal, quando terminaram em nono, o ''Barça'' perdeu em 1977 a taça por um ponto para o Atlético,<ref name="espd">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/tabless/spanhist6979.html|título=Spain, Final Tables 1969-1979|data=28 de setembro de 2000|acessodata=11 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=CARNICERO, José Vicente Tejedor|língua=inglês}}</ref> que ali voltava a ficar com apenas um troféu a menos que os catalães em ''La Liga''.<ref>{{citar web|url=https://www.futebolportenho.com.br/70-anos-do-primeiro-artilheiro-cano-que-defendeu-argentina-e-espanha/|título=70 anos do primeiro artilheiro Cano, que defendeu Argentina e Espanha|data=5 de fevereiro de 2021|acessodata=17 de abril de 2023|publicado=Futebol Portenho|autor=Caio Brandão}}</ref>

Fora o título espanhol de 1974, a única conquista de Cruijff com o Barcelona viria em 1978, quando levantou a [[Copa do Rei]],<ref name="rey">{{citar web|url=http://www.rsssf.com/tabless/spanchamp.html|título=Spain - List of Cup Finals|data=24 de setembro de 2010|acessodata=2 de fevereiro de 2011|publicado=RSSSF|autor=CARNICERO, José Vicente Tejedor|língua=inglês}}</ref> para logo depois declarar-se aposentado — sequer iria à [[Copa do Mundo FIFA de 1978|Copa do Mundo de 1978]] —, cansado da violência dos gramados espanhóis, onde chegou a ter uma perna quebrada.<ref name="placar" /> ''"Se você não se diverte, não aguenta a pressão"'', justificou.<ref name="FourFourTwo" />

=== Retorno aos gramados ===
Fizera sua despedida em 7 de novembro de 1978, com a camisa do Ajax, em amistoso contra o clube que havia sido o sucessor imediato da equipe na hegemonia da Copa dos Campeões: o [[FC Bayern München|Bayern de Munique]], que conquistaria o troféu também três vezes seguidas após o último do Ajax.<ref name = "ec" /> Os alemães venceriam por 8 a 0. Este acabaria, entretanto, sendo um final provisório: em virtude de investimentos desastrosos em criações de porcos, que o fariam perder milhões, Cruijff se viu forçado a voltar a jogar,<ref name = "FourFourTwo" /> ainda que assumidamente também sentisse falta da satisfação proporcionada pelo futebol - desde que sem maiores cobranças.<ref name = "futuro"/> Com efeito, terminou por escolher o futebol dos [[Estados Unidos]], onde poderia viver tranquilo, no anonimato. <ref name = "FourFourTwo" />

Nos EUA, Cruijff defendeu primeiramente o [[Los Angeles Aztecs]], onde foi novamente treinado por [[Rinus Michels]]; ali, fez sucesso, sendo eleito o melhor jogador da [[North American Soccer League (1968-1984)|North American Soccer League]], rica liga estadunidense da época.<ref name = "leicester">{{citar web|url=https://trivela.com.br/inglaterra/o-dia-em-que-cruyff-foi-anunciado-como-reforco-do-leicester/|título=O dia em que Cruyff foi anunciado como reforço do Leicester|data=24/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leo Escudeiro}}</ref> Depois, Cruijff rumou para o [[Washington Diplomats]], onde ficou pouco tempo, e ainda vestiria também a camisa do [[New York Cosmos]] num amistoso de exibição.<ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/esportes/futebol/copa-coca-cola/conheca-historia-do-time-que-teve-pele-cruyff-e-beckenbauer,5118a9032e6fa310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|título=Conheça história do time que teve Pelé, Cruyff e Beckenbauer|data=06/11/2012|acessodata=19/04/2022|publicado=Terra}}</ref> Na entrevistada dada em 1981 à revista argentina ''El Gráfico'', ele assim rememorou essas passagens - inclusive relativizando a alardeada retomada da carreira de jogador, retorno que para ele não era plenamente verdadeiro:<ref name = "futuro"/>

{{citação2|Tomei uns seis ou sete meses de descanso e, quando passou esse tempo, comecei a sentir vontade de me mover, de jogar, mas por gosto. Por isso, digo que na realidade não voltei, não a sério, não para me estressar, me preocupar e que o futebol fosse algo tão sério que pudesse se transformar em um drama todos os dias. No fim, tentei fazer [[beisebol]], [[ginástica]] por minha conta, mas entendi que não servia. Por temperamento, preciso jogar coletivamente, e creio que só o futebol é que me satisfaz nesse aspecto. Assim, aceitei uma oferta para ir a [[Los Angeles]] jogar um pouco e também para ajudar a juventude que se interessasse por este esporte. Tive um programa de televisão onde, através de filmes, mostrava minha experiência. Foram três meses fantásticos, durante os quais me senti muito útil e muito alegre pelo que estava fazendo. Depois foi a [[Washington, D.C.|Washington]] e joguei uma temporada, que lá é curta, para o [[Washington Diplomats|Diplomats]]. Fiz o mesmo trabalho por televisão e tive a sorte de ter deixado algo positivo: uma média de 20 mil pessoas por jogo, o que dobrava a cifra média que encontrei na minha chegada ali. Além disso, nessa temporada, a quantidade de garotos afiliados à [[Federação de Futebol dos Estados Unidos|federação]] passou de 60 mil a 100 mil.<ref name = "futuro"/>}}

Ainda assim, mesmo no futebol mais calmo da liga estadunidense houve notícias de episódios de mau humor protagonizados por Cruijff, enlouquecendo colegas e outros técnicos; um dos jogadores do  Diplomats teria dito que o clube, ao contratar o neerlandês, deveria ter pago também por um estoque de algodão para que todos ali tivessem algo mais para tapar os ouvidos. No mesmo clube, após seu técnico no Diplomats ter certa vez feito a preleção, Cruijff simplesmente levantou-se, limpou o quadro-negro e disse:

{{citação2|É claro que faremos tudo diferente disso.<ref name = "FourFourTwo"/>}}

[[Imagem:Cruyff levante vs palencia.jpg|miniatura|170px|Cruijff em sua estreia pelo [[Levante Unión Deportiva|Levante]], contra o Palencia, pela [[Segunda Divisão Espanhola]]]]

Cruijff voltou a se apaixonar pelo esporte a ponto de ser aguardado um retorno à [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] para as [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1982|Eliminatórias da Copa do Mundo de 1982]], travado por discordâncias comerciais entre o jogador e a [[Real Associação Neerlandesa de Futebol]].<ref name = "futuro"/> Contudo, veio também a cansar-se dos Estados Unidos — onde, excluído do grupo no Diplomats, anunciara que se limitaria apenas a fazer gols (e os fez).<ref name = "FourFourTwo"/> Sairia por conta de crise financeira do próprio clube. Veterano, mas desejando ir à [[Copa do Mundo FIFA de 1982|Copa do Mundo de 1982]], foi inicialmente pretendido por clubes como [[Leicester City Football Club|Leicester City]], [[Arsenal Football Club|Arsenal]] e [[Hamburger Sport-Verein|Hamburgo]]. O Leicester, a despeito de brigar contra o rebaixamento, montou um plano financeiro viável para ter a lenda na reta final; a expectativa por sua vinda impactou no desempenho do clube inglês, que chegou a emendar uma sequência de vitórias e até anunciaria a contratação como efetivada.<ref name = "leicester"/>

Cruijff, porém, preferiu voltar a viver na [[Espanha]] e assim acertou com o [[Levante Unión Deportiva|Levante]], a despeito da equipe [[Valência|valenciana]] disputar a [[Segunda Divisão Espanhola]]. Ela estava em quarto lugar na época da contratação, a uma colocação da zona de acesso. Decepcionado, o Leicester voltaria a entrar em crise e terminaria rebaixado.<ref name = "leicester"/> Na entrevista dada em março de 1981 à revista argentina ''El Gráfico'', Cruijff explicou os motivos extracampo que lhe fizeram optar pelo modesto Levante após deixar os Estados Unidos — após, em um primeiro momento, ter retornado ao Ajax como membro da comissão técnica; já sem ambições de maiores títulos pela idade elevada, via na realidade do novo clube como integrante da segunda divisão como um atrativo.<ref name = "futuro"/>

{{citação2|Voltei aos [[Países Baixos]] e o Ajax pediu minha ajuda. Queria preparar um programa para os jovens do clube e a supervisão da equipe principal. Estive três meses e logo surgiram alguns problemas pessoais que me fizeram deixar o país. Até que apareceu essa oportunidade. Quando aceitei jogar para o Levante, eu tinha ofertas da [[Inglaterra]], da [[Alemanha]], dos Países Baixos e de outros países mais. Também o [[Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona|Espanyol]] de [[Barcelona]] queria meus serviços, mas eu não podia aceitar. Eu não podia aceitar a proposta do rival número um do ''Barça''. Descartei a Alemanha pelo seu clima e a Inglaterra porque eu queria levar meus animais a esse país, mas a lei me impedia. Então optei pelo Levante. Gosto do lugar, do clima, do povo. O clube queria subir de categoria e isso me pareceu um belo desafio. Bom, aqui estou. Aqui estou cômodo. Assinei contrato por só três meses e ninguém me pôs revólver no peito me dizendo que preciso ganhar do jeito que der. Se dá certo, fantástico. Do contrário, ninguém fará drama. É diferente.<ref name = "futuro"/>}}

Cruijff não fez sucesso em sua nova camisa [[azul]] e [[grená]]:<ref>{{Citar web|url=https://museo.levanteud.com/2021/04/07/la-etapa-granota-de-pedja-mijatovic-antesala-del-mejor-levante-de-la-historia/|título=La etapa granota de Mijatovic, antesala del mejor Levante de la historia|publicado=Museo Levante|autor=|data=7 de abril de 2021|língua=pt|acessodata=17 de abril de 2024}}</ref> teve uma estreia apagada pelo Levante, contra o Palencia, e lesionou-se seriamente na segunda. Com problemas físicos, não passou de dez jogos e dois gols marcados, sem conseguir o acesso.<ref name = "leicester"/> Em junho de 1981, ele ainda participou de um jogo pelo [[Associazione Calcio Milan|Milan]] em torneio amistoso organizado por [[Silvio Berlusconi]], mas saiu vaiado após atuação apagada por conta, segundo ele, da lesão - que teria sido comunicada previamente aos dirigentes milanistas, mas consentidas por estes.<ref>{{citar web|url=https://calciopedia.com.br/2013/05/o-dia-em-que-cruyff-jogou-pelo-milan.html|título= O dia em que Cruyff jogou pelo Milan|data=16/05/2013|acessodata=07/04/2022|publicado=Calciopédia|autor=Nelson Oliveira}}</ref>

Sem se fincar no Milan, retornou aos Países Baixos e ao Ajax - inicialmente, para ser assistente do técnico [[Leo Beenhakker]], mas logo inscrito como jogador,<ref name = "souza">{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/johan-cruyff-colocou-a-holanda-no-mapa-do-futebol-mundial/|título=Johan Cruyff colocou a Holanda no mapa do futebol mundial|data=24/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Felipe dos Santos Souza}}</ref> provocando ceticismo – não só por nunca ter sido uma unanimidade em casa (onde era acusado de "desbocado" e "dinheirista" – houve relatos de que ele cobrava para dar autógrafos<ref name = "herois"/>), mas também pela idade de 34 anos e seu físico já alquebrado. A resposta veio em sua reestreia, em que passou por dois zagueiros e encobriu o goleiro do [[HFC Haarlem|Haarlem]]. O público lotava os estádios para o ver, acreditando que estava perto da aposentadoria, e as câmeras de TV muitas vezes não conseguiam seguir suas jogadas fulminantes.<ref name = "FourFourTwo" />

Em suas duas temporadas no retorno ao Ajax, seria campeão neerlandês<ref name = "rsssfned"/> (e na segunda, também campeão da Copa nacional),<ref name = "nedcup"/> convivendo com os jovens [[Marco van Basten]] e [[Frank Rijkaard]]. A primeira vez em que Van Basten entrou em campo profissionalmente foi inclusive substituindo Cruijff na partida.<ref>KUPER, Simon (dezembro de 2008). '''Ícone - Marco van Basten'''. FourFourTwo n. 2. Editora Cádiz, pp. 67-71</ref> Também causou furor ao inventar a cobrança em dois lances de um pênalti: em outra partida, ao cobrar a penalidade, apenas tocou a bola para a frente, deslocando o goleiro enquanto um companheiro corria atrás da bola para repassar-lhe para que concluísse sem obstáculos para as redes. Outro lance foi de calcanhar: Cruijff certa vez avançou em direção ao gol e o goleiro adiantava-se para tentar bloquear-lhe; Cruijff então virou-se e passou a correr em direção ao próprio campo, sendo seguido pelo goleiro até perto do meio-de-campo, quando este então percebera que em algum momento Cruijff chutara para as redes sem interromper seu passo.<ref name = "FourFourTwo"/>

=== Feyenoord ===
[[Imagem:Feyenoord tegen PEC, met afscheid Johan Cruyff ; Johan Cruyff op de schouders van Wijnstekers en Brand.jpg|miniatura|250px|Cruijff em seu último jogo pelo [[Feyenoord]], contra o [[Prins Hendrik Ende Desespereert Nimmer Combinatie Zwolle|PEC Zwolle]]]]

Depois de duas temporadas, porém, Cruijff foi despedido do Ajax depois do segundo título seguido no campeonato por se recusarem a lhe pagar o que queria,<ref name = "FourFourTwo"/> pois já o consideravam velho demais. Aos 36 anos, o jogador preparou sua vingança,<ref name = "inv">"Invasão holandesa", Marcel Rözer, ''Placar'' número 1328, março de 2009, Editora Abril, págs. 90-91</ref> firmando contrato com o rival [[Feyenoord Rotterdam|Feyenoord]]. No time de [[Roterdão|Roterdã]], jogando sua última temporada profissional, ele, convivendo agora com um jovem [[Ruud Gullit]], ganharia pela terceira vez seguida a ''[[Eredivisie]]'', quebrando um jejum de dez anos do novo clube no campeonato nacional,<ref name = "rsssfned"/> e venceria também a Copa dos Países Baixos.<ref name = "nedcup"/> Seriam os únicos troféus oficiais do Feyenoord na [[década de 1980]] — a equipe só voltaria a faturar a Copa em 1991, e o campeonato, em 1993.<ref name = "rsssfned"/><ref name = "nedcup"/>

Desde 1996, doze anos após sua aposentadoria, um troféu que leva seu nome seria criado pela [[Real Associação Neerlandesa de Futebol]], sendo entregue ao vencedor da partida entre os campeões do campeonato e da copa nacional.<ref>{{citar web | autor=STOKKERMANS, Karel | título= Netherlands - List of Super Cup Finals | publicado=RSSSF | data=28 de outubro de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablesn/nedsupcuphist.html | acessodata=2 de fevereiro de 2011 }}</ref>

== Seleção Nacional ==
[[Imagem:Johan Cruyff in trainingspak Nederlands Elftal , kop.jpg|miniatura|esquerda|180px|Cruijff representando a Seleção Neerlandesa em 1973]]

Estreou pelos [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Países Baixos]] em 1966, aos 19 anos, em jogo contra a ainda respeitada [[Seleção Húngara de Futebol|Hungria]], em partida válida pelas eliminatórias para a [[Campeonato Europeu de Futebol de 1968|Eurocopa de 1968]]. O jovem Cruijff logo marcou um gol, embora a impressão final tenha sido agridoce: ele também foi expulso, sendo o primeiro atleta a sofrer essa punição na história da Seleção. A indisciplina pesaria para que chegasse a ficar um ano sem defender o país.<ref name="souza" />

Quando voltou, ajudaria a transformar a Seleção, então modesta, em uma potência mundial.<ref name="placar" /> Mas isso ainda demoraria a ocorrer: o país não se classificaria para as fases finais da própria Euro 1968,<ref>{{citar web | autor1=STOKKERMANS, Karel|autor2=TABEIRA, Martín | título=European Championship 1968 | publicado=RSSSF | data=7 de fevereiro de 2007 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tables/68e.html | acessodata=7 de fevereiro de 2011 }}</ref> para a [[Campeonato Europeu de Futebol de 1972|Euro 1972]],<ref>{{citar web | autor= STOKKERMANS, Karel | título=European Championship 1972 | publicado=RSSSF | data=31 de janeiro de 2007 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tables/72e.html | acessodata=7 de fevereiro de 2011 }}</ref> e o mesmo para a da [[Copa do Mundo FIFA de 1970|Copa do Mundo de 1970]] — cujas Eliminatórias deram-se em um período em que ele ainda não havia se firmado na ''Oranje'', que, para o mundial do [[México]], perdeu a vaga para a [[Seleção Búlgara de Futebol|Bulgária]].<ref>GEHRINGER, Max (dezembro de 2005). '''Nos cinco continentes'''. Revista [[Placar]]: A Saga da Jules Rimet, fascículo 9 - 1970 México. Editora Abril, pp. 10-15</ref>

Com a base titular da Seleção formada pelos jogadores dos continentalmente vitoriosos Feyenoord ([[Wim Jansen]], [[Willem van Hanegem]] e [[Wim Rijsbergen]]) e Ajax ([[Arie Haan]], [[Ruud Krol]], [[Johan Neeskens]], [[Johnny Rep]] e [[Wim Suurbier]], além do próprio Cruijff, já barcelonista no mundial), que no período entre 1970 e 1974 deixaram a taça da Copa dos Campeões da UEFA nos Países Baixos,<ref name="ec" /> o conjunto, ainda que desunido - os jogadores de um time não costumavam conversar com os do rival,<ref name="Yallop">YALLOP, David A. ''Como eles roubaram o jogo - segredos dos subterrâneos da FIFA''. São Paulo: Record, 1998, pp. 135-140. ISBN 85-01-05448-8</ref> e Cruijff não esconderia isso no livro ''Futebol Total'', que ele publicaria ainda naquele ano<ref name="livro">{{citar web | autor=LEAL, Ubiratan | título=Futebol Total | publicado=Balípodo.com.br | data=4 de janeiro de 2010 | obra= | url=http://www.balipodo.com.br/index.php?p=4795 | acessodata=2 de fevereiro de 2011 }}</ref> — finalmente obteve a classificação para a [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo de 1974]]. Cruijff, já treinado por [[Rinus Michels]] no Barcelona, o seria também na ''Oranje'' na competição. O treinador não hesitou em transportar para a Seleção o rodízio que funcionara bem no Ajax de ambos. O chamado "futebol total" do Ajax transfomar-se-ia para os olhos do mundo no "Carrossel Holandês" no torneio:<ref name="placar" /> um grupo de grande talento que trouxe inovações para a época como a valorização da troca de passes e posse de bola, a linha defensiva de impedimento e marcação firme,<ref name="dinamica">GOBBET, Cassiano Ricardo (agosto de 2008). '''Dinâmica por vocação'''. [[Trivela (revista)|Trivela]] n. 30. Trivela Comunicações, pp. 16-17</ref> tentando roubar a bola ainda na intermediária adversária.<ref name="camisa10">GOBBET, Cassiano Ricardo; MARQUES, Dassler; BERTOZZI, Leonardo (abril de 2008). '''O dilema da camisa 10'''. [[Trivela (revista)|Trivela]] n. 26. Trivela Comunicações, pp. 36-41</ref>

Cruijff era um jogador à parte no elenco laranja (cuja equipe-base era formada também pelo goleiro [[Jan Jongbloed]] e pelo atacante [[Rob Rensenbrink]], de outros clubes), o que se traduzia inclusive no uniforme: enquanto a numeração do restante do elenco foi escolhida conforme a ordem alfabética neerlandesa dos sobrenomes, fazendo o goleiro titular Jongbloed jogar com o número 8, Cruijff pôde utilizar o seu número favorito, o 14. E, mais visivelmente, enquanto os demais jogadores exibiam as três listras laterais da [[Adidas]] (saída encontrada pela empresa para a sua divulgação, uma vez que [[Logotipo|logomarcas]] ainda eram proibidas de serem estampadas nas camisas), as roupas dele continham apenas duas, imposição de sua patrocinadora particular (uma então novidade), a rival [[Puma SE|Puma]].<ref>'''As Copas, a História e as histórias das Copas''' (junho de 2006). [[Superinteressante]] n. 226-A. Editora Abril, pp. 55-59</ref>

[[Imagem:Perfumo cruyff 1974.jpg|miniatura|300px|Cumprimentando o capitão da [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]], [[Roberto Perfumo]], na [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo de 1974]]. Nota-se que a camisa de Cruijff não exibia as três listras laterais da [[Adidas]], apenas duas.]]

O espírito um tanto "mercenário" não foi uma exclusividade sua na Copa, contagiando todo o elenco, que passava mais tempo discutindo termos, condições e prêmios do que debatendo sobre táticas.<ref name="Yallop" /> Mesmo um dos únicos que não reclamaram do já alto prêmio de 25 mil florins dado aos jogadores pela classificação à final, Neeskens, declararia que seu objetivo no mundial era melhorar a própria cotação "no mercado futebolístico internacional".<ref name = "placar(2)">'''O faz-tudo do Carrossel''' (novembro de 2009). Revista [[Placar]] - Especial "Os Craques do Século". Editora Abril, p. 106</ref> Um dos motivos para que [[Jan van Beveren]], goleiro do [[PSV Eindhoven]] na época e tido como o melhor neerlandês da história na posição, ficasse de fora da Copa, mesmo tendo sido o titular nas eliminatórias, foi justamente as suas críticas a esse comportamento de seus colegas, sendo ainda grande desafeto de Cruijff.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/sem-categoria/forcados-a-sair-do-palco/|título=Forçados a sair do palco|data=28/06/2011|acessodata=19/04/2022|publicado=Trivela}}</ref>

No mundial, o país lideraria seu grupo na primeira fase após vencer [[Seleção Uruguaia de Futebol|Uruguai]] (2 a 0) e [[Seleção Búlgara de Futebol|Bulgária]] (4–1, uma vingança contra a Seleção que havia tirado a vaga nos neerlandeses no mundial anterior) e empatado em 0–0 com a [[Seleção Sueca de Futebol|Suécia]] — em que ele passou a bola por trás de suas pernas após ameaçar cruzar, deixando o zagueiro sueco que tentara impedir o suposto cruzamento, [[Jan Olsson (futebolista nascido em 1942)|Jan Olsson]], chutar o ar.<ref name = "FourFourTwo" /> Quando Cruijff faleceu, Olsson declararia sentir orgulho por aquele lance, em declaração ao jornal ''[[The Times]]'': "Johan Cruijff deu-me o momento mais orgulhoso de minha carreira. Deu-me meu próprio pedacinho de história, deu às pessoas uma razão para, mesmo após todos esses anos, lembrarem meu nome. É uma honra ter estado no mesmo campo que ele quando ele fez o giro que levou seu nome. O dia em que ele fez 20 mil torcedores holandeses rirem de mim é uma memória que sempre vou estimar".<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/copa-do-mundo/vitima-do-giro-de-cruyff-deu-me-o-momento-mais-orgulhoso-da-minha-carreira/|título=Vítima do “giro de Cruyff”: “Deu-me o momento mais orgulhoso da minha carreira”|data=25/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leo Escudeiro}}</ref>

O sistema tático também assombrava: enquanto os demais times ainda utilizavam posições fixas, era possível ver o ponta-esquerda Rep atuando defensivamente na marcação do lado direito, o lateral Krol avançando ao ataque ou o meia ofensivo Haan jogando na zaga, o que desnorteava os marcadores adversários. Neeskens, teoricamente o jogador com mais tarefas defensivas no time, além de fechar espaços aos oponentes, também mostrava habilidade para iniciar ataques.<ref name = "dinamica"/>

A segunda fase (também disputada em grupos de quatro países, e não em mata-matas) seria mais avassaladora. Cruijff marcaria pela primeira vez, fazendo dois gols na primeira partida, contra a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]], que levou de 4 a 0. Os neerlandeses depois venceriam a [[Seleção Alemã Oriental de Futebol|Alemanha Oriental]] por 2–0, chegando à última rodada com a vantagem do empate contra o detentor do título, o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]] (que tinha menor saldo de gols, tendo vencido os mesmos adversários por 2–1 e 1–0, respectivamente). Em uma verdadeira batalha campal,<ref name="Yallop" /> a "Laranja Mecânica" aniquilaria os campeões por 2–0, com Cruijff dando assistência para o primeiro gol (de [[Johan Neeskens]]) e marcando o segundo,<ref name = "placar" /> e a Seleção Neerlandesa tornava-se a primeira a vencer em uma Copa as três potências sul-americanas.<ref name = "FourFourTwo" /> A final seria contra os anfitriões, outros alemães, os da [[Seleção Alemã de Futebol|Alemanha Ocidental]].<ref name = "placar" />

[[Imagem:Wereldkampioenschap Voetbal 1974 in Munchen, Nederland tegen DDR, 2-0 Nederland, Bestanddeelnr 254-9511.jpg|miniatura|300px|A [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] enfileirada na Copa de 1974. Cruijff é o primeiro jogador, da esquerda para a direita. Os demais jogadores foram numerados por ordem alfabética dos sobrenomes – ao seu lado, pode-se ver o goleiro [[Jan Jongbloed]] com o número 8. Todos os colegas exibiam as três listras laterais da [[Adidas]], ao contrário de Cruijff.]]

Mal dado o início da partida, Cruijff correu com a bola, após um minuto em que ela esteve de posse ininterrupta dos visitantes, até ser derrubado por [[Uli Hoeneß]] na entrada da área alemã, cavando pênalti inexistente que seria convertido por Neeskens. Os neerlandeses mantiveram uma pressão inicial, buscando pegar a bola já na defesa alemã, deixando inclusive [[Franz Beckenbauer]] sem alternativas a partir do meio de campo em certos momentos.<ref name = "camisa10"/> No restante do jogo, porém, Cruijff deixar-se-ia anular facilmente por [[Berti Vogts]] e os alemães conseguiriam virar a partida e ficar com a taça. A explicação para a sua atuação aquém do esperado estava na bastante mal-dormida noite anterior: Cruijff, que prezava a família segura que perdera aos doze anos, passara a véspera da partida procurando convencer sua esposa, Danny, de que era falsa a notícia divulgada pelo jornal alemão ''[[Bild-Zeitung]]'' de que ele teria feito festa no hotel regada a [[Champanhe (vinho)|champanhe]] e garotas de programa. A derrota não abalou sua característica rebeldia e petulância: chegou a pedir para a rainha [[Juliana dos Países Baixos]], ao encontrá-la na recepção real aos vice-campeões mundiais, que reduzisse os impostos.<ref name = "FourFourTwo"/>

De acordo com os dados do portal [[Opta Sports]], na [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo de 1974]], Cruijff foi o jogador com mais dribles certos (34), chances criadas (36) e passes certos no terço final de campo (136) em toda competição.<ref>{{citar web|url=https://www.fourfourtwo.com/news/johan-cruyff-numbers-made-legend|título=Johan Cruyff: The numbers that made a legend|data=24/03/2016|acessodata=19/04/2022|publicado=FourFourTwo|língua=inglês}}</ref> Na Copa do Mundo de 1974, Cruijff criou 5.1 oportunidades de gol por jogo. É o recorde da história das Copas de um jogador no mesmo torneio desde quando os dados da [[Opta Sports]] começaram a ser coletados em 1966.<ref>{{citar web|url=https://www.statsperform.com/opta-international-tournaments/|título=International Tournaments|acessodata=19/04/2022|publicado=Sports Data|língua=inglês}}</ref>

No livro ''Futebol Total'', ainda em 1974, Cruijff antecipou que não iria para a [[Copa do Mundo FIFA de 1978]]. Porém, continuou a atuar pelos Países Baixos até meses antes do torneio, o que incluiu participação na [[Campeonato Europeu de Futebol de 1976|Euro 1976]] (onde ficou em terceiro) e nas eliminatórias para o que teria sido seu segundo mundial. Mas, de fato, acabou não indo à [[Argentina]], o que foi por muito tempo interpretado como um protesto à ditadura militar naquele país;<ref name = "curio">ESPINA, Ricardo (maio de 2008). '''Curiosidades da bola'''. [[Trivela (revista)|Trivela]] n. 27. Trivela Comunicações, p. 10</ref> trinta anos depois, foi revelado outro motivo: ele afirmou que, já em 1978, sofrera uma tentativa de sequestro e, temendo novos ataques, contratou seguranças particulares por um ano e meio.<ref name = "curio"/> A confusão conjugal que tivera pouco antes da final de 1974 também teria-lhe motivado a não ir para a Copa de 1978; um dos livros escritos sobre a Seleção Neerlandesa de 1974 defende que o incidente reportado pelo ''Bild'' teria sido decisivo para a perda daquela Copa e também da de 1978, por Cruijff não ter ido a esta.<ref name = "FourFourTwo"/>

[[Imagem:Heredia padre e hijo elgrafico.jpg|miniatura|170px|Retrato de um colega argentino de Cruijff no [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]], o ponta Juan Carlos Heredia (''El Milonguita''), junto ao pai, ex-futebolista também chamado Juan Carlos Heredia (''El Milonga''). O pai foi confundido com outra pessoa de mesmo nome, procurada pela [[Processo de Reorganização Nacional|ditadura militar argentina]], e quase sequestrado por engano. Cruijff ficou ciente do ocorrido e assim teria desistido de vez de vir à [[Copa do Mundo FIFA de 1978|Copa do Mundo de 1978]].]]

Em 2014, o peso da [[Processo de Reorganização Nacional|ditadura militar argentina]] na ausência de Cruijff no mundial de 1978 foi reafirmado por um ex-colega de Barcelona, o argentino Juan Carlos Heredia, apelidado de ''El Milonguita'', que defendia a [[Seleção Espanhola de Futebol|Seleção Espanhola]] e preferiu igualmente desistir da convocação. Heredia contou ao amigo que o pai, também chamado Juan Carlos Heredia, ex-jogador da [[Seleção Argentina de Futebol|Seleção Argentina]] na [[década de 1940]] e apelidado de ''El Milonga'', havia sido confundido com outra pessoa de mesmo nome, procurada como subversiva pelos militares. Essas foram as palavras do colega de Cruijff, dadas à revista [[argentina]] ''[[El Gráfico]]'':<ref name = "ditadura1">{{citar web|url=http://www.elgrafico.com.ar/2014/02/25/C-5065-heredia-milonguita-sentimental.php|título=Heredia: Milonguita sentimental|data=25 de fevereiro de 2014|acessodata=26 de outubro de 2018|publicado=[[El Gráfico]]|autor=VILLALOBO, Marcos}}</ref>

{{quote1|Eu ia jogar o mundial pela Seleção Espanhola. Um mês antes do Mundial, os militares vieram à minha casa. Puseram minha mãe contra a parede e levantaram meu pai, que estava em cama doente com 40 graus de febre. O cobriram só com um lençol e meu pai lhes perguntou por que não o deixavam vestir-se, lhes contou que tinha muita febre. ‘Para onde vais, não precisarás de roupa’, lhe disse um milico. Sim, lhe disseram isso. E começaram a buscar coisas, reviraram tudo, inclusive lhe roubaram um isqueiro de ouro que eu havia presenteado a meu velho, com suas iniciais. Já o levavam e nisso entrou outro militar, de patente maior. Se pôs a observar e viu que na sala de estar havia muitas fotos minhas, de quando jogava no [[Club Atlético Belgrano|Belgrano]] e no Barcelona. Então esse milico pergunta se eram fanáticos pelo ''Milonguita''. Minha mãe respondeu que sim, porque eram os pais do ''Milonguita''. ‘Você é, então, o ''Milonga''?’, perguntou o cara. ‘Sim’, respondeu meu pai. ‘Nos equivocamos’, disse o militar. Pediu desculpas, explicou que havia sido um erro, e saíram dizendo que esperassem uns minutos para acender a luz. Quando acenderam a luz, chegaram os vizinhos e contaram que a casa havia sido rodeada. Três dias depois, meu velho, já recuperado, vai trabalhar, e se encontra com um advogado que sabia o que havia ocorrido e lhe contou que na lista negra havia um Juan Carlos Heredia. Se não viesse esse outro milico, o levavam e o matavam. Eu ligava para minha casa desde [[Barcelona]] a cada 15 dias mais ou menos. Então meu pai me contou o que havia passado. Fui falar com [[László Kubala]], que era o técnico da Espanha, e lhe disse tudo, lhe contei com riqueza de detalhes. Não queria ir ao Mundial. Meu pai me disse que aguentava, que não me esquecesse que o topo máximo era jogar um Mundial, mas para mim o topo máximo era minha família. Então não vim. Cruijff falou comigo. Queriam convencer Johan na [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Países Baixos]] e disse que não. Não jogava onde houvesse um regime militar. Ele sabia o que me havia acontecido. Nunca me arrependi de cuidar da minha família. Eu intuía que algo poderia acontecer. Sem ter nada a ver, quase acontece! Imagine se viesse ao Mundial e tivesse que jogar com a Espanha uma final contra a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]]! Ia chutar para cima, era difícil. Cruijff havia vindo em 1972 com o Ajax jogar contra o [[Club Atlético Independiente|Independiente]] e teve que dormir com policiais porque chegavam ameaças de que o iam matar. Não pôde sair do hotel. Então, se nessa época já era sofrido, ele imaginava que em 1978 ia ser pior.<ref name = "ditadura1"/>}}

À própria ''El Gráfico'', ainda em 1981, Cruijff explicara que descartara o mundial por não julgar-se fisicamente e nem mentalmente à altura da preparação que considerava adequada; utilizou como parâmetro a decadência precoce do ainda jovem [[Mario Kempes]],<ref name = "futuro"/> que não tornou a marcar gols oficiais pela Seleção Argentina desde a consagração deste na Copa de 1978, embora utilizado em doze partidas pela ''Albiceleste'' depois do título - além de apresentar desempenhos irregulares pelo [[Club Atlético River Plate|River Plate]]:<ref>{{citar web | autor=BRANDÃO, Caio | título= Relembre Mario Kempes, que hoje faz 60 anos | | publicado=Futebol Portenho | data=15 de julho de 2014 | obra= | url=https://www.futebolportenho.com.br/relembre-mario-kempes-que-hoje-faz-60-anos/| acessodata=17 de abril de 2023 }}</ref>

{{citação2|Em [[Copa do Mundo FIFA de 1978|1978]], eu estava farto do futebol e não queria mais. Para mim, jogar um Mundial pressupõe estar não 100%, mas 200%. É preciso sentir-se um superdotado física e mentalmente para suportar tanto desgaste. E, se não, lembre você do que se sucedeu a [[Mario Kempes|Kempes]] depois desse ano. Então disse 'basta'.<ref name = "futuro"/>}}

Eventualmente, a boa forma exibida por Cruijff no futebol dos [[Estados Unidos]] chegaria a render conversas para um retorno, com vistas às [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1982|Eliminatórias da Copa do Mundo de 1982]]. A seleção não vinha conseguindo renovar-se à altura e Cruijff dispôs a apenas apoiar ao invés de liderar o processo, não aceitando cobranças para manter o mesmo protagonismo de outrora, por julgar-se envelhecido demais. Esperava-se que ele reestreasse em duelo contra a [[Seleção Francesa de Futebol|França]] em [[Roterdão|Roterdã]], em março de 1981 - época da entrevista que dera à revista argentina. Naquela ocasião, teceu longa explicação sobre os diversos motivos que inviabilizaram o regresso, três deles apontados como principais: a lesão recém-contraída no [[Levante Unión Deportiva|Levante]], uma doença da esposa e a recusa da [[Real Associação Neerlandesa de Futebol]] em manter a regalia de desobriga-lo em vestir [[Adidas]]; este teria sido, inclusive, o principal fator:<ref name = "futuro"/>

{{citação2|Eu estou convencido de que nos [[Países Baixos]] os dirigentes estão fazendo muito mal as coisas. Eles se planejam de uma forma em que tudo está planificado com antecedência e não são capazes de pensar e ser mais flexíveis quando chega o momento. Eu havia decidido aportar meu esforço para que os [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Países Baixos]] escapassem da situação que tinham no grupo das Eliminatórias. Disse que sim, que ia jogar. A única condição que pus foi a de poder usar a camisa neerlandesa que tem meu nome como marca. E te esclareço que nunca, jamais na minha vida, usei a marca [[Adidas]], que é a empresa que veste a seleção do meu país. Nunca, nem no [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Mundial da Alemanha]]. Mas, mesmo sabendo disso, eles se comunicaram comigo dez dias da partida contra a [[Seleção Francesa de Futebol|França]] para me dizer terminantemente: 'ou usas Adidas como todos os demais ou nada'. E, bom, foi nada. (...) O da minha mulher não era tão preocupante e minha lesão poderia ter sido atenuada com uma infiltração. Enfim, não sei, provavelmente, com infiltração e tudo não poderia jogar, mas o que quero dizer é que se tratava de todos darem a mão. Penso que uma Seleção de futebol deve ser dirigida por um técnico. Se este precisa de um jogador, deve contar com ele. Como é possível que a marca de uma camisa seja uma razão mais poderosa que a necessidade de contar com um homem? Claro que há outros muitos motivos. Faz oito anos que venho criticando a condução da Federação. Eles são responsáveis que os Países Baixos não tenham podido substituir os grandes jogadores que lhe deram prestígio mundial ao nosso futebol. Veja, nos Países Baixos o curso de técnico dura seis anos. Na teoria, se termina sabendo até o último detalhe. Mas esses profissionais, que trabalham muito bem e são muito capazes, vêm sendo formados através de livros e os livros não ensinam o que não se viveu... (...). Nos Países Baixos, se esqueceram da técnica, do jogo de inspiração, da importância do talento. Fazem muita preparação física, mecanizam jogadas, mas matam no garoto suas ideias próprias. Tu entras para jogar numa equipe neerlandesa e quando a bola se põe em movimento todo o mundo sabe o que é que vai acontecer imediatamente depois. Não há nenhuma surpresa. Então digo que se tudo isso não muda, para quê vou jogar? Para o quê, se aos 34 anos eu já não tenho futuro? O máximo que posso fazer é ir para cooperar, mas com a condição de que ajudem todos e, unidos, comecemos a entender que o futebol dos Países Baixos está decaindo, e que é preciso tratar de parar essa queda. Mas se a atitude segue sendo a de agora, é inútil a minha presença. (...) Os que estudam que se dediquem a organizar. Os que jogaram devem ser os mestres. Hoje, nos Países Baixos, não há nenhum técnico que tenha sido jogador. São todos teóricos. Nos Países Baixos, ninguém cria. A geração atual não tem liberdade para fazer o que quer dentro de um esquema marcado de antemão.<ref name = "futuro"/>}}

==== Pela Catalunha ====
Cruijff chegou a realizar uma partida pela [[Seleção Catalã de Futebol|Seleção Catalã]], da qual posteriormente tornaria-se treinador. O jogo realizou-se em 9 de junho de 1976; embora [[Francisco Franco]] tenha morrido no ano anterior, a Catalunha só voltaria a realizar uma partida em 1993.<ref name = "rsssfcat"/> A partida foi contra outra seleção não-oficial, a da [[República Socialista Soviética da Rússia]], encerrando-se em um empate em 1 a 1 no Camp Nou.<ref name = "mundodeportivo"/><ref name = "rsssfcat"/> Cruijff atuou ao lado de pelo menos dois outros não-catalães, sequer espanhóis: o compatriota e colega de Barcelona [[Johan Neeskens]] (autor do gol da Catalunha) e o [[Chilenos|chileno]] [[Carlos Caszely]], do [[Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona|Español]].<ref name = "mundodeportivo"/> O filho de Cruijff, [[Jordi Cruijff|Jordi]], acabaria tornando-se figura bastante presente nesta Seleção.<ref name = "rsssfcat"/>

{| class="wikitable collapsible collapsed" style="font-size:90%"
!
!Data
!Local
!Resultado
!Adversário
!Gol(s)
!Competição
|-
|1. || 9 de junho de 1976 || [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]] ||align="center"| 1–1 || [[Imagem:Flag of Russian SFSR.svg|border|20px]] [[Seleção Russa de Futebol|Rússia]] ||align="center"| 0 || [[Partida amistosa|Amistoso]]
|}

== Estilo de jogo ==
No final da década de 1960, já demonstrava suas ideias revolucionárias. Deixou a todos no Ajax loucos não só ao impor as suas noções de táticas, como também a tomar a iniciativa de negociar seus termos salariais. As ideias ousadas de Cruijff combinaram-se com a igualmente ousada ambição de um professor de ginásticas para crianças surdas, [[Rinus Michels]], quando eles se encontraram em 1965 no Ajax, onde Michels chegara para ser técnico. Michels planejava transformar o clube, uma equipe semiprofissional que fazia jogos pelo leste de [[Amesterdão]], em um time internacional de ponta — o que ele e Cruijff conseguiriam em seis anos.<ref name = "FourFourTwo"/>

Sua ficha publicada em edição especial da ''[[Placar]]'' sobre os cem melhores jogadores do [[século XX]], dos quais ele foi eleito pela revista o terceiro, atrás só do vencedor [[Pelé]] e de [[Diego Maradona]], era bem sincera no campo "posição", onde estava escrito "todas, menos o gol".<ref name="placar">'''O agente laranja dos gramados''' (novembro de 1999). Revista [[Placar]] - Especial "Os Craques do Século".  Editora Abril, pp. 9-10</ref> Diferentemente do brasileiro e do argentino, Cruijff não era tão malabarista, se assemelhando mais ao estilo de um de seus ídolos, [[Alfredo Di Stéfano]];<ref name = "herois">'''Cruijff - o maestro do carrossel''' (2001). Heróis do Futebol. Nova Sampa Diretriz Editora, pp. 34-35</ref> seus trunfos concentravam-se na velocidade, intuição, inteligência e objetividade em campo,<ref name = "herois"/> ditando um jogo de toques rápidos em que os jogadores não possuíam posições fixas, trocando-as constantemente, com exceção óbvia ao goleiro — que nem por isso deixava de ter a sua contribuição no "sistema", cabendo a ele a função de iniciar os ataques.<ref name = "FourFourTwo"/> O chamado "futebol total" surgiu em volta de Cruijff, um jogador com fome de jogo, que, com fome de bola, ia atrás no campo para marcar o adversário e tirá-la dele, com todas as condições para isso: tinha um fôlego privilegiado, era magro, sendo exímio no controle de velocidade<ref name = "placar" /> e já mentalizando que jogadas poderia fazer antes mesmo de receber a bola.<ref name = "herois" />

Não hesitava em orientar os companheiros: mesmo com a posse de bola, não parava de falar e ordenar o posicionamento dos colegas, controlando o ritmo e tática de sua equipe; tal como um maestro, conduzindo uma orquestra com constantes improvisações conforme a situação da partida; embora jogasse mais como um meia, parecia estar em todos os lugares, correndo pela ponta-esquerda, caindo pelo meio, ordenando regulares trocas de posições.<ref name = "placar"/> [[Frank Rijkaard]], um de seus discípulos, afirmaria que Diego Maradona poderia ganhar um jogo sozinho, mas não tinha o talento de Cruijff para mudar a tática do time para vencer a partida. Individualmente, ele também inovava com seus chutes, dando impressões de que tinha quatro pernas; até então, poucos chutavam com o lado de fora do pé. Era capaz de dar "piques nos piques", acelerando jogadas já bem aceleradas, deixando os adversários para trás.<ref name = "FourFourTwo"/> Capaz de giros em pequenos espaços, chutes longos certeiros, dribles fáceis, de ser bom cabeceador e artilheiro.<ref name = "placar" />

Por outro lado, sua personalidade quente e que não aceitava ordens,<ref name = "placar" /> um possível resquício da perda prematura do pai, faria Michels contratar dois terapeutas para atender o garoto,<ref name = "FourFourTwo"/> com um deles diagnosticando que "Cruijff realmente recusa a autoridade porque inconscientemente compara a todos com seu pai".<ref name = "stein">{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/um-ano-sem-cruyff-como-a-juventude-turbulenta-moldou-sua-personalidade-revolucionaria/|título=Um ano sem Cruyff: Como a juventude turbulenta moldou sua personalidade revolucionária|data=24/03/2017|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref> Dentro de campo, entretanto, a parceria com Michels seria um sucesso.<ref name = "placar" />

== Carreira como treinador ==
[[Imagem:Cruyff Catalunya 2013.jpg|miniatura|300px|Johan Cruijff em 2013, como treinador da [[Seleção Catalã de Futebol|Seleção Catalã]]]]

Na nova função, obteve sucesso. Dois anos após parar de jogar, pelo Feyenoord, voltou ao Ajax para comandar seu ex-clube à beira do gramado. Ficaria por duas temporadas, mas não conquistaria o campeonato neerlandês no período, em que o clube hegemônico nele foi o [[PSV Eindhoven]].<ref name = "rsssfned"/> Tentou reintroduzir o estilo do "futebol total", mas só confundiu os jogadores, já desabituados com o sistema. Não escondia que priorizava desenvolver novamente o futebol do clube, desde as divisões de base, a ganhar logo títulos.<ref name = "FourFourTwo" /> Ainda assim, comandou [[Marco van Basten]], [[Frank Rijkaard]] e o jovem [[Dennis Bergkamp]] na conquista da [[Taça dos Clubes Vencedores de Taças de 1986–87|Taça das Taças de 1987]],<ref>{{citar web | autor=ROSS, James M. | título=European Competitions 1986-87| publicado=RSSSF | data=17 de janeiro de 2008 | obra= | url=http://www.rsssf.com/ec/ec198687.html | acessodata=3 de fevereiro de 2011 }}</ref> faturando também as Copas nacionais do mesmo ano e do anterior. Van Basten marcou o gol do título europeu após ouvir dizeres nada sutis do técnico: ''"se você não vencer, eu destruo você"''.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/sem-categoria/ajax-barcelon-cruyff/|título=Ajax Barcelon Cruyff|data=10/05/2003|acessodata=19/04/2022|publicado=Trivela|autor=Cassiano Ricardo Gobbet}}</ref>

No ano seguinte, os Países Baixos finalmente conquistariam um torneio, a [[Campeonato Europeu de Futebol de 1988|Euro 1988]], sob o comando de [[Rinus Michels]], com o método conjunto de ambos e com jogadores que haviam jogado com Cruijff, dentre eles o trio Gullit-Van Basten-Rijkaard.<ref name = "FourFourTwo"/> Após o título, Michels foi alçado a dirigente da [[Real Associação Neerlandesa de Futebol]] e esperava-se que Cruijff fosse seu substituto como novo treinador da Seleção, chegando a haver mal estar público com a declarada insatisfação de Van Basten pela escolha de [[Leo Beenhakker]] ao cargo.<ref>{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=2a3GNi-7BB8C&pg=PA42&dq=van+basten+placar&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjayfKHts6FAxWHALkGHTqYAIkQ6AF6BAgJEAI#v=onepage&q=tentativa%20segunda&f=false|título=Tentativa de segunda revolução|data=09/06/1990|acessodata=19/04/2024|publicado=Placar n. 1.042-A, pp. 42-43|autor=}}</ref>

Cruijff terminou naquele ano contratado por outro ex-clube, o [[Futbol Club Barcelona|Barcelona]]. Planejou nos ''blaugranas'' o mesmo trabalho desde as divisões de base que fizera no Ajax, priorizando a aprendizagem dos jogadores em vez da obtenção de resultados imediatos.<ref name = "FourFourTwo"/> Sua maior crise no período em que ficaria no ''Barça'' não seria por resultados nos gramados, e sim um [[infarto]] que quase o matou, em 1991, muito provavelmente por consequência dos cigarros que inveteradamente fumava; o ataque o obrigou a implantar pontes de safena.<ref name = "placar" />

O treinador ficaria no Barcelona por oito anos, quebrando o recorde de permanência no cargo.<ref name = "placar" /> Os frutos no Campeonato Espanhol vieram a partir da terceira temporada. Decadente no torneio nos anos 1980, em que o conquistara apenas uma vez (em 1985), com Cruijff o ''Barça'' levaria a liga quatro vezes seguidas, a partir de 1991.<ref name = "esp"/> Antes disso, a equipe já havia levado a [[Copa do Rei]] de 1990 e,<ref name = "rey"/> no ano anterior, a Recopa Europeia.<ref name = "rec">{{citar web | autor=STOKKERMANS, Karel | título= European Cup Winners' Cup | publicado=RSSSF | data=26 de janeiro de 2000 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tablese/ec2.html | acessodata=2 de fevereiro de 2011 }}</ref> Em 1992, o clube seria pela primeira vez campeão da [[Liga dos Campeões da UEFA|Copa dos Campeões da UEFA]], batendo na final a [[Unione Calcio Sampdoria|Sampdoria]], o mesmo adversário vencido três anos antes na Recopa.<ref name = "rec"/> O único gol foi marcado por um compatriota trazido por ele, [[Ronald Koeman]].<ref>{{citar web | autor=ROSS, James M. | título=European Competitions 1991-92| publicado=RSSSF | data=17 de janeiro de 2008 | obra= | url=http://www.rsssf.com/ec/ec199192.html | acessodata=3 de fevereiro de 2011 }}</ref>

Dois anos depois, com outro reforço trazido por ele do futebol neerlandês (ninguém menos que [[Romário]], que jogava no PSV), o clube teve a oportunidade do bi contra outros [[Itália|italianos]], os do [[Associazione Calcio Milan|Milan]], que levara a melhor na [[Supercopa Europeia de 1989]]. Favorito, o time de Cruijff acabaria goleado por 4 a 0.<ref name = "ec94">{{citar web | autor=ROSS, James M.| título=European Competitions 1993-94| publicado=RSSSF | data=13 de novembro de 2006 | obra= | url=http://www.rsssf.com/ec/ec199394.html | acessodata=3 de fevereiro de 2011 }}</ref> O Barcelona não voltaria mais a ganhar títulos por um tempo<ref name = "FourFourTwo" /> e ele acabaria saindo em 1996, não sem antes afastar do clube o próprio Romário e o [[Bulgária|búlgaro]] [[Hristo Stoichkov]], cujas personalidades também fortes foram de encontro com a dele.<ref name = "placar" /> Outras estrelas mundiais que saíram, por não se adequarem ao posicionamento que Cruijff escolhia para elas, foram o [[Inglaterra|inglês]] [[Gary Lineker]] (em 1989)<ref>{{citar web | autor=SOUZA, Felipe dos Santos | título=Os desbravadores | publicado=Trivela | data=26 de junho de 2009 | obra= | url=http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=20777 | acessodata=2 de fevereiro de 2011 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20100729062016/http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=20777# | arquivodata=29 de julho de 2010 | urlmorta=yes }}</ref> e o [[Romenos|romeno]] [[Gheorghe Hagi]] (em 1996).<ref>WILSON, Jonathan (dezembro de 2009). '''Ícone - Gheorghe Hagi'''. FourFourTwo n. 12. Editora Cádiz, pp. 70-73</ref> O [[Dinamarqueses|dinamarquês]] [[Michael Laudrup]] foi outro a se aborrecer com o técnico, por ter sido o estrangeiro escolhido para não ser escalado na final da Liga dos Campeões de 1994 (devido ao limite de três estrangeiros existente na época, Cruijff teve de usar apenas Romário, Stoichkov e Koeman),<ref name = "ec94"/> aceitando logo depois proposta do Real Madrid.<ref>TALBOT, Simon (abril de 2010). '''As incríveis aventuras do facão e do animal'''. FourFourTwo n. 14. Editora Cádiz, pp. 52-56</ref>

Em meio ao seu período de glórias como técnico do Barcelona, Cruijff chegou a ser chamado para treinar os Países Baixos na [[Copa do Mundo FIFA de 1994]], mas achou a oferta pouco atrativa e recusou. Sua saída do cargo de técnico do Barcelona foi turbulenta: quando soube que seria substituído, jogou uma cadeira na porta do escritório do cúpula barcelonista e vociferou que ''"Deus o punirá por esta ação, da mesma forma que o puniu antes!"'', em referência a um neto recém-falecido do presidente.<ref name = "FourFourTwo" /> A torcida ficou do lado do neerlandês, homenageando-lhe sob forma de aplausos ao filho [[Jordi Cruijff]] quando este era substituído.<ref name = "jordicruijff">{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/a-personalidade-unica-de-johan-cruyff-segundo-quem-o-conhecia-tao-bem-seu-filho-jordi/|titulo=A personalidade única de Johan Cruyff, segundo quem o conhecia tão bem: seu filho, Jordi|data=23/06/2017|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref>

Nos primeiros anos, pedidos por sua volta foram comuns também na imprensa, a cada período de instabilidade de sucessores como [[Bobby Robson]] e [[Louis van Gaal]] — exigências que se reforçavam à medida em que o próprio Cruijff fazia-se presente nas arquibancadas do [[Camp Nou]].<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/espanha/la-liga/nos-50-anos-giovanni-relembre-como-o-messias-brilhou-no-barcelona/|título=Nos 50 anos de Giovanni, relembre como o Messias brilhou no Barcelona|data=4 de fevereiro de 2022|acessodata=19 de abril de 2023|publicado=Trivela|autor=Caio Brandão}}</ref> A despeito da saída conturbada do Barcelona, sua influência tornou-se mais forte no ali do que na terra de origem, o que incluía poder nos bastidores: o clube contratou [[Frank Rijkaard]] em 2003 por indicação dele.<ref name = "FourFourTwo" /> Mesmo sem o mesmo reconhecimento nos Países Baixos, sua bênção também foi aceita na Seleção Neerlandesa, que contratou outro pupilo seu, Van Basten, como técnico em 2004.<ref name ="FourFourTwo1" />

Em novembro de 2009, Cruijff acertou uma volta à função de treinador, dessa vez assumindo o comando da [[Seleção Catalã de Futebol|Seleção Catalã]],<ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/esportes/futebol/cruyff-e-apresentado-como-tecnico-da-selecao-da-catalunha,9308a03870ced310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|título=Cruyff é apresentado como técnico da seleção da Catalunha|data=02/11/2009|acessodata=07/04/2022|publicado=Terra}}</ref> cuja Seleção não é reconhecida pela [[Federação Internacional de Futebol|FIFA]] e costuma fazer partidas apenas anuais. Em seu primeiro jogo, o treinador obteve um ótimo resultado, vendo a Catalunha vencer a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] por 4 a 2.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/sem-categoria/catalunha-vence-argentina-em-amistoso/|título=Catalunha vence Argentina em amistoso|data=22/12/2009|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela}}</ref> Deixou o comando da equipe em janeiro de 2013, e sua despedida foi num amistoso contra a [[Seleção Nigeriana de Futebol|Nigéria]] no [[Estadi Cornellà-El Prat|Estádio Cornellà-El Prat]].<ref>{{citar web|url=https://ge.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/01/na-despedida-de-cruyff-selecao-da-catalunha-empata-com-nigeria.html|título=Na despedida de Cruyff, seleção da Catalunha empata com a Nigéria|data=02/01/2013|acessodata=10/04/2024|publicado=ge}}</ref>

== Legado ==
=== Países Baixos ===
No futebol dos [[Países Baixos]], há o antes e o depois de Cruijff. Graças à geração simbolizada por ele, a Seleção Neerlandesa tornou-se uma das mais respeitadas do mundo. Atualmente, entretanto, não é nas ideias dele que o jogo da ''Oranje'' se baseia. Arthur van den Boogard, cronista esportivo do país, chamou isso de "pós-Cruijff".<ref name ="FourFourTwo1">'''O Futebol Total descansa em paz?''' (novembro de 2008). FourFourTwo n. 1. Editora Cádiz, pp. 50-55</ref> O revolucionário, que já não era uma unanimidade, teve sua imagem sendo abalada conforme seus pensamentos não vinham mais se adequando à realidade do futebol atual, como a falta de necessidade de alas. Também perdeu popularidade como comentarista esportivo nos programas televisivos do país, função que desempenhara com sucesso na [[década de 1990]].<ref name = "placar"/><ref name = "FourFourTwo"/>

Sua obsessão pelo bem-estar do futebol nacional fez Cruijff chegar ao extremo de fazer declarações de repúdio à então ministra da imigração do país, Rita Verdonk. Conhecida por sua política restrita na concessão da cidadania neerlandesa, a ministra não a concedeu a [[Salomon Kalou]]. Às vésperas da [[Copa do Mundo FIFA de 2006|Copa do Mundo de 2006]], o jogador vinha recusando as convocações de seu país natal, a [[Seleção Marfinesa de Futebol|Costa do Marfim]] — classificada para o mundial e que contava com seu irmão, [[Bonaventure Kalou|Bonaventure]] — pois desejava atuar pelos Países Baixos, mas para isso necessitava de um processo acelerado para poder naturalizar-se. Apesar dos apelos do técnico [[Marco van Basten]], que via nele uma boa alternativa a [[Arjen Robben]] e [[Robin van Persie]], a ministra declinou, Kalou ficou de fora da Copa e posteriormente decidiu aceitar a Seleção Marfinense. Cruijff culparia Verdonk quando os neerlandeses foram eliminados: ''"Quero dizer que um ministro está a serviço do interesse do país, e está claro que ela (Verdonk) não fez isso"''.<ref name = "uol">{{citar web|url=http://copa.esporte.uol.com.br/copa/2006/ultnot/holanda/2006/06/27/ult3647u97.jhtm|título=Cruyff critica ministra por eliminação da Holanda na Copa|data=27/06/2006|acessodata=07/04/2022|publicado=UOL}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.estadao.com.br/esportes/futebol/cruyff-culpa-ministra-por-eliminacao-da-holanda/|título=Cruyff critica ministra por eliminação da Holanda|data=27/06/2006|acessodata=22/08/2023|publicado=Estadão|acessourl=subscrição}}</ref>

Sua reputação ainda piorou após uma breve passagem na direção do Ajax, em fevereiro de 2008, um ano após ter sido homenageado no clube com a aposentadoria da camisa 14, que ele utilizava.<ref name = "soc"/> Cruijff apareceu proclamando-se o salvador do time, gerando uma onda de comoção. Toda a direção do clube renunciaria no dia seguinte, deixando o Ajax nas mãos do ex-craque. Com a ideia de novamente reorganizar o clube desde as [[categorias de base]] do time, pediu a demissão de todos os responsáveis pela queda de prestígio delas. Ao fazer isso, acabou desentendendo-se com o pupilo [[Marco van Basten]], chamado por ele para ser o técnico do elenco principal. Cruijff então concluiu, dezessete dias após sua manifestação, que não tinha mais nada a fazer no clube.<ref name ="FourFourTwo1" />

A preocupação dele em relação aos rumos das categorias de base tinha fundamento: o Ajax havia parado de revelar talentos na quantidade e qualidade que havia no início da década de 1990, quando colheu os frutos da organização profunda feita por Cruijff; boa parte do time que conquistou a [[Liga dos Campeões da UEFA]] de 1995 (o quarto e último título do clube no torneio, que ganhou o novo nome em 1993) era formada por jovens que estavam nas divisões de base que ele tanto priorizou quando técnico. Quem sobrevivia às loucuras de Cruijff — ele, por exemplo, chegou a usar atacantes natos como [[Dennis Bergkamp]] na zaga para fazê-los aprender como o adversário pensa, e também trouxe um [[tenor]] para ensinar uma melhor respiração aos jogadores<ref name = "FourFourTwo"/> — parecia destinado a ter destaque futuro: do time campeão europeu naquele ano, haviam sido formados no clube no período dele na comissão técnica [[Michael Reiziger]], os irmãos [[Frank de Boer|Frank]] e [[Ronald de Boer]], [[Clarence Seedorf]], [[Edgar Davids]] e [[Patrick Kluivert]] (que revelou ter passado pela mesma situação de Bergkamp<ref>SCHIPPERS, Daan; LYTTLETON, Ben (outubro de 2009). '''P&R - Kluivert'''. FourFourTwo n. 10. Editora Cádiz, pp. 62-65</ref>). Outra joia da casa era [[Frank Rijkaard]], de volta após não ter aguentado na época os pensamentos do técnico.<ref name = "FourFourTwo" />

Seu desprezo pelo futebol sem espetáculo faria com que ele, desgostoso com o rumo tomado pelo futebol neerlandês, declarasse que iria torcer contra o próprio país na final da [[Copa do Mundo FIFA de 2010]].<ref>RIBEIRO, Arnaldo. '''O duelo entre criador e criatura''' (11/07/2010). Revista Placar, ed. 188. Editora Abril, p. 11</ref> O adversário foi a [[Seleção Espanhola de Futebol|Espanha]], repleta de jogadores do Barcelona e aproveitando-se da filosofia deste clube - ambos promovidos por Cruijff anos antes.<ref name ="Nou Kids">'''Nou Kids on the Block''' (novembro de 2008). FourFourTwo n. 1. Editora Cádiz, pp. 16-19</ref>

No final de março de 2011, o que ele provocara três anos antes no Ajax voltou a acontecer: toda a diretoria, incluindo o presidente do clube, entregou seus cargos por discussões com Cruijff. Ele clamava por uma radical reestruturação no organograma da instituição, com decisiva participação de ex-jogadores do time. Desta vez, obteve apoio deles - Frank de Boer, Dennis Bergkamp, [[Wim Jonk]] (que cuidariam em conjunto da reformulação técnica da equipe), [[Danny Blind]] (técnico que seria realocado), [[Aron Winter]], [[Barry Hulshoff]], Keje Molenaar e Peter Boeve (que já haviam sido eleitos para o conselho deliberativo por pressão de Cruijff).<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/virando-a-mesa/|título=Virando a mesa|data=01/04/2011|acessodata=24/03/2023|publicado=Trivela}}</ref>

=== Barcelona ===
[[Imagem:Cruyff a la banqueta del Camp Nou.jpg|miniatura|250px|Cruijff em 2009, nas tribunas do [[Camp Nou]]]]

Se o Ajax deixara os projetos iniciados por Cruijff de lado, no Barcelona, onde ele procurou realizar a mesma obra, foi diferente: atualmente, a academia barcelonista conta com doze equipes, cada uma com até 24 jogadores. A maioria dos técnicos são licenciados pela [[União das Associações Europeias de Futebol|UEFA]] para dirigir as categorias inferiores do ''Barça'', consideradas as maiores produtoras de jogadores de alto nível, chegando a levar até 15 anos para formar um atleta. ''"Talvez o maior legado de Cruijff seja a metodologia que ele trouxe para o clube"'', disse [[José Ramón Alexanko]], membro do chamado ''Dream Team'' campeão europeu sob o comando dele em 1992.<ref name ="Nou Kids" /> Segundo o próprio Cruijff, a filosofia a ser seguida era a de que, como há sempre uma pessoa por trás do jogador, ela ''"precisa ser educada na técnica do jogo, no caráter e na inteligência"''.<ref name = "espn2">LEAL, Ubiratan (junho de 2011). '''O mundo é deles'''. ESPN n. 20. Editora Spring, pp. 35-37</ref>

De acordo com Alexanko, o Barcelona continua a procurar jogadores ''"pela excelência técnica, força mental, ritmo e rapidez de raciocínio em campo. A maioria dos jogadores que cabe nessa categoria já está jogando como atacante e nós depois os transformamos em zagueiros, geralmente quando eles têm 16 anos (…). Um jogador também deve amar o distintivo do clube, as cores da camiseta"''.<ref name ="Nou Kids" /> [[Jorge Valdano]], diretor de esportes do arquirrival [[Real Madrid Club de Fútbol|Real Madrid]], declarou que ''"Cruijff deixou no Barcelona um testamento ideológico, trabalhado sobre o gosto futebolístico do espectador, a quem ele educou. (...) A ponto de que hoje é impossível triunfar no Barcelona sem jogar bem o futebol. Em Barcelona, ele é como o [[oráculo]]."''<ref name = "espn"/>

[[Josep Guardiola]], um dos garotos levados diretamente por Cruijff ao time principal e também integrante do mesmo elenco campeão, sintetizou a metodologia do ex-técnico:

{{quote1|"os jogadores têm de pensar rápido e jogar com inteligência, sempre sabendo qual será o próximo passe (…). É assim que aprendemos a jogar e que o público espera que joguemos: de forma atraente, mas sem perder a eficiência (…). Cruijff (…) nos ensinou a jogar movimentando a bola rapidamente. Ele só usava jogadores de grande técnica. Quando procuramos por jogadores, ainda queremos essas qualidades".<ref name ="Nou Kids" />}}

Dentre outros levados diretamente por Cruijff (que inauguraria também a boa relação do clube com futebolistas e técnicos neerlandeses) ao time principal, os mais famosos são [[Albert Ferrer]], [[Carles Busquets]], [[Thomas Christiansen]] e [[Sergi Barjuan]], além de seu filho Jordi Cruijff. Com o progresso das canteiras do clube iniciado por ele, o Barcelona lançaria após a sua saída também [[Carles Puyol]], [[Pepe Reina]], [[Thiago Motta]], [[Albert Luque]], [[Xavi Hernández]], [[Andrés Iniesta]], [[Víctor Valdés]], [[Oleguer Presas]], [[Lionel Messi]], [[Cesc Fàbregas]], [[Gerard López]], [[Mikel Arteta]], [[Luis García Sanz|Luis García]], [[Giovani dos Santos]], [[Bojan Krkić]], [[Gerard Piqué]], [[Fran Mérida]], [[Sergio Busquets]], [[Pedro Rodríguez Ledesma|Pedro]], dentre outros.<ref name ="Nou Kids"/> Guardiola tornaria-se técnico de grande sucesso comandando alguns destes jovens, promovendo um jogo ofensivo e de toque de bola (conhecido como "[[Tiki-taka]]") independentemente da força do adversário e do local da partida, no que ele atribui aos ensinamentos que teve do neerlandês: ''"Ele foi a bandeira. Agora que essa ideia está instaurada, o difícil é mantê-la, mas a culpa de tudo isso é do Cruijff"''.<ref>SASSI, Bruno (junho de 2011). '''O Guardião'''. Revista [[Placar]] n. 1355. Editora Abril, pp. 74-80</ref>

A [[Seleção Espanhola de Futebol|Seleção Espanhola]] seria campeã da [[Copa do Mundo FIFA de 2010]] utilizando como base os jogadores e a filosofia da posse de bola do Barcelona (Puyol, Xavi, Iniesta, Piqué, Valdés, Busquets, Pedro, Fàbregas e Reina estiveram no elenco campeão;<ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/esportes/futebol/copa-do-mundo/2010/lista-de-convocados-da-selecao-da-espanha,213a1f60090fd310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|título=Lista de convocados da seleção da Espanha|acessodata=10/04/2024|publicado=Terra}}</ref> os quatro primeiros foram titulares, Puyol — na semifinal — e Iniesta — na [[Final da Copa do Mundo FIFA de 2010|final]] — marcaram os gols decisivos<ref>{{citar web | autor=MORRISON, Neil | título= World Cup 2010 - Match Details | publicado=RSSSF | data=21 de dezembro de 2010 | obra= | url=http://www.rsssf.com/tables/2010full.html | acessodata=7 de fevereiro de 2011 }}</ref>), promovidos por ele, a ponto de dizer-se que tal estilo de jogo, do Barcelona e da Espanha, seriam uma versão latina da Laranja Mecânica de 1974.<ref name = "espn2"/>

Também em 2010, a cúpula do Barcelona, em reconhecimento aos serviços prestados por Cruijff tanto como jogador quanto como técnico e consultor, nomeou-lhe presidente de honra da instituição.<ref>{{citar web|url=https://www.terra.com.br/esportes/futebol/internacional/cruyff-e-nomeado-presidente-de-honra-do-barcelona,daea763f463aa310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html|título=Cruyff é nomeado presidente de honra do Barcelona|data=26/03/2010|acessodata=07/04/2022|publicado=Terra}}</ref> Todavia, a honraria lhe foi retirada meses depois, pelo recém-eleito presidente do clube, Sandro Rosell. Rosell justificou-se que a decisão do mandatário anterior, [[Joan Laporta]], fora antidemocrática, sem consulta aos sócios.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/espanha/cruyff-perde-titulo-de-presidente-de-honra-do-barcelona/|título=Cruyff perde título de presidente de honra do Barcelona|data=02/07/2010|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela}}</ref>

== Além dos gramados ==
[[Imagem:Johan Cruyff met echtgenote Danny en kinderen Chantal en Susila (in buggy), Bestanddeelnr 926-8209.jpg|miniatura|250px|Cruijff com a esposa Danny Coster e as filhas Susila (no carrinho) e Chantal]]

Cruijff batizou um [[asteroide]], o de número 14282.<ref>{{citar web | título=Overzicht van de ‘Nederlandse’ planetoïden | publicado=‘Nederlandse’ planetoïden | data=14 de janeiro de 2011 |publicação= | url=http://www.astronieuws.nl/NL-plan.html | acessodata=3 de fevereiro de 2011 }}</ref> Em 8 de julho de 1974, semanas após o vice-campeonato na [[Copa do Mundo FIFA de 1974]], Cruijff foi condecorado com a classe de cavaleiro da [[Ordem da Casa de Orange]].<ref name = "soc"/> Ele também era membro honorário da [[Real Associação Neerlandesa de Futebol]] e do Ajax.<ref name = "soc"/> Foi eleito em 2004 o sexto maior neerlandês da história, estando à frente de nomes como [[Anne Frank]], [[Rembrandt]] e [[Vincent van Gogh]].<ref>{{citar web | título=Tv-kijkers: Pim Fortuyn Grootste Nederlander | publicado=Elsevier.nl | data=16 de novembro de 2004 |publicação= | url=http://www.elsevier.nl/web/Nieuws/Nederland/01787/Tv-kijkers-Pim-Fortuyn-Grootste-Nederlander.htm | acessodata=3 de fevereiro de 2011 |datali=janeiro de 2019}}</ref>

Além do futebol, apreciava também jogar [[golfe]].<ref name = "soc"/> Na [[década de 1970]], ele chegou a gravar uma música de relativo sucesso nas paradas neerlandesas, "Oei Oei Oei (Dat Was Me Weer een Loei)" - em [[língua portuguesa|português]], "Oi Oi Oi (Que belo chute)", que foi relançada após sua transferência para a Espanha, onde foi ainda mais popular.<ref name = "FourFourTwo" /> Seus maiores ídolos musicais eram [[Nat King Cole]], [[The Beatles]] e [[Richard Clayderman]]. Ele esteve casado com Danny Coster desde antes da fama internacional, em 1968, e a considerava a pessoa mais importante da vida: ''"Sem ela eu teria cometido tantos erros... ela me mantém no caminho certo"''.<ref name = "soc"/> O casal escandalizava a conservadora sociedade espanhola nos tempos [[Francisco Franco|franquistas]], em que agiam como jovens europeus modernos, fumando e usando cabelos compridos (no caso de Cruijff) e minissaia (no caso da mulher).<ref name = "espn"/> Teve três filhos com ela: Chantal, Susila e [[Jordi Cruijff|Jordi]].<ref name = "soc"/>

O filho Jordi Cruijff nasceu de cesariana para que o pai pudesse estar em campo pela primeira vez em um [[El Clásico|clássico entre Barcelona e Real Madrid]], nascendo oito dias antes da partida, válida pelo returno da temporada espanhola de 1973-74 (no primeiro turno, Johan não pôde jogar). O Barcelona ganharia a partida por 5–0 em pleno [[Estádio Santiago Bernabéu]], em meio à polêmicas com o filho do craque. Em 2017, Jordi, em entrevista à revista ''[[El Gráfico]]'', explicaria: "meu nome é [[língua catalã|catalão]]. Saint Jordi é o patrono da Catalunha e meus pais escolheram porque gostavam, em um tempo no qual não se podia falar catalão na Espanha, em plena ditadura de [[Francisco Franco|Franco]]. Não queriam aceitar meu nome na [[Espanha]], diziam que o nome era Jorge. Porém, como eu havia nascido na Países Baixos e vinha com uma certidão oficial na qual estava escrita Jordi, finalmente tiveram que aceitar".<ref name = "jordicruijff"/>

[[Imagem:NetherlandsEuro '96.jpg|miniatura|300px|[[Jordi Cruijff]], o outro filho de Johan e Danny, como jogador (de camisa 17) da [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] na [[Campeonato Europeu de Futebol de 1996|Eurocopa 1996]]]]

Cruijff também era rebelde nos campos espanhóis, desafiando árbitros e policiais. Identificava-se tanto com a cultura catalã que batizou o filho mais novo com a versão local do nome de [[São Jorge]], o santo padroeiro da região, além de ter vivido até à sua morte na cidade. Falava [[Língua espanhola|espanhol]] com sotaque catalão, exagerando no som do [[l]].<ref name = "espn"/> Ele também falava, além do [[Língua neerlandesa|neerlandês]] materno, [[língua inglesa|inglês]] (que aprendeu como autodidata com os técnicos britânicos que passaram pelo Ajax na [[década de 1950]]<ref name = "FourFourTwo"/>) e compreendia [[Língua catalã|catalão]] e [[Língua alemã|alemão]]. ''"Sou um cara do mundo. (...) Por que tenho de me fechar? Eu quero abrir ao invés de fechar. É preciso ter mais visão"'', declarou ao ser questionado porque ainda usa mais o espanhol ao catalão em entrevistas.<ref name = "espn"/> ''"Não tive uma educação muito longa; tudo que aprendi foi na prática, inclusive o inglês"'', afirmou.<ref name = "FourFourTwo"/>

Cruijff orgulhava-se especialmente da fundação que criara em prol de crianças com deficiência, nas seguintes palavras também dadas pelo filho Jordi na citada entrevista deste à ''El Gráfico'' em 2017:

{{quote1|A fundação era especial para o meu pai, foi um dos seus maiores orgulhos, por isso é muito importante que siga assim. Ela ajuda 300 mil crianças com deficiências em todo o mundo e os integra. Recordo-me bem como nasceu a ideia da Fundação. Foi quando meu pai jogava nos [[Estados Unidos]]. Em [[Washington]], jogávamos bola na rua. Tínhamos como vizinho um menino com [[síndrome de Down]], John. Era uma rua tranquila, com poucos carros, e ali jogavam todos os meninos do bairro, mas este ficava sempre de fora. Isso impactou muito no meu pai, que começou a jogar com ele, para que todos vissem John trocando passes com Johan Cruijff. Em um momento, meu pai foi viajar e, quando voltou, teve uma grande surpresa ao ver aquele menino jogando com os demais. Ali mesmo teve o clique e se deu conta que o esporte, o futebol neste caso, era capaz de unir e integrar. Ali nasceu a ideia da Fundação. Em seguida, seguiu em frente com a ideia. Meu pai foi muito generoso com as pessoas que tinham necessidades. Esse era o seu grande orgulho, muito mais que ter ganhando qualquer título''".<ref name = "jordicruijff"/> }}

== Morte ==
Em 22 de outubro de 2015, Cruijff anunciou oficialmente que foi diagnosticado com [[câncer de pulmão]]. Ele foi um fumante inveterado ao longo de sua vida, inclusive no período de maior brilho de sua carreira, mas havia parado de fumar em 1991. Morreu vitimado pela doença, em Barcelona, no dia 24 de março de 2016.<ref name="uolesporte">{{citar web|url=https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2016/03/24/johan-cruyff-morre-aos-68-anos-apos-luta-contra-cancer.htm|título=Johan Cruyff morre aos 68 anos após luta contra câncer|data=24/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=UOL}}</ref><ref name="espn(2)">{{citar web|url=http://www.espn.com.br/noticia/587266_maior-lenda-do-futebol-holandes-johan-cruyff-morre-aos-68-anos|título=Maior lenda do futebol holandês, Johan Cruyff morre aos 68 anos|data=24/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=ESPN Brasil}}</ref> Sobre a doença, que influenciou em biografia que já vinha sendo preparada, e a perda paterna, [[Jordi Cruijff]] assim declararia na entrevista dada em 2017 à ''[[El Gráfico]]'':

{{quote1|A ideia de escrever a biografia foi dele. Estava muito entusiasmado em colocar suas ideias e sua vida em um livro. Começou o projeto no último ano, antes de saber que estava doente, e ao descobrir escreveu mais rápido, embora sempre pensasse que ia superar o [[câncer]]. Em nenhum momento sentiu que fosse uma corrida contra o tempo. Não escreveu como um adeus, por mais que todos soubéssemos o que significa e implica a palavra câncer. Quando diagnosticaram o câncer, suas palavras foram: ‘Eu quero viver, não sobreviver’. Quer dizer, ele não queria perder o ritmo de vida que levava. Ele gostava de ser independente. Quando o câncer foi afetando partes diferentes do corpo, jamais acreditou em um tratamento milagroso, mas tentou seguir com sua vida normalmente. Até ria de algumas coisas. ‘Tenho notícias excelentes, encontraram um novo tumor’, disse certa vez quando voltou do hospital. E ao perguntarmos o que era o bom, ele nos dizia: ‘Como encontraram, então podem curar’. Sempre foi um grande otimista com tudo, meu pai tinha uma enorme força de vontade. O desenlace se deu abruptamente. Todos sabemos o que implica um câncer, mas ninguém na família teve tempo de assimilar. Graças a Deus, ele só sofreu por dois dias, antes esteve sempre muito ativo, com vontade, discutindo com todos. E mais: duas semanas antes de morrer, veio junto com a minha mãe me visitar em [[Israel]]. No geral, as viagens eram planejadas por ela, mas desta vez ele planejou. Nem ele e nem nós imaginávamos que ia falecer tão rápido. Não foi uma viagem de adeus, longe disso. Aproveitou muito aqui, como sempre: passeando, comendo boa comida, tomando um vinhozinho. Foi uma viagem clássica de pais que visitam seus filhos, quando faz tempo que não se veem. Ele assistia aos treinamentos da equipe, ríamos muito. Eu saí de casa há 20 anos, fazia todo esse tempo que não compartilhava o dia a dia com ele, e desta vez eu o vi aproveitar como um menino. Eu estaria me sentindo muito mal se não tivéssemos passado essa semana juntos, porque poucos dias depois de voltar de Israel ele se sentiu muito mal e terminou tudo. Seguramente foi o destino, porque foram dias geniais os que passamos.<ref name = "jordicruijff"/> }}

Sua morte ocorreu em período de [[Calendário Oficial de Partidas Internacionais da FIFA|Data FIFA]], rendendo minutos de silêncio imediatos, ou ainda um minuto de aplausos ao longo do minuto 14 de partidas, desde a um jogo entre a [[Seleção Argentina de Futebol|Argentina]] e [[Seleção Chilena de Futebol|Chile]] em [[Santiago do Chile|Santiago]], na [[América do Sul]], ao clássico de [[Roterdã]], entre o velho rival [[Feyenoord Rotterdam|Feyenoord]] e [[Sparta Rotterdam|Sparta]]. No dia seguinte, houve partida da [[Seleção Neerlandesa de Futebol|Seleção Neerlandesa]] em [[Amsterdã]], contra a [[Seleção Francesa de Futebol|França]], repetindo as homenagens ao longo do minuto 14, em que a partida foi paralisada pela organização. O jogo foi no estádio do Ajax;<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/america-do-sul/argentina/veja-as-mais-belas-homenagens-do-mundo-do-futebol-a-cruyff/|título=Veja as mais belas homenagens do mundo do futebol a Cruyff|data=25/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leo Escudeiro}}</ref> a partida partida realizada pelo clube no local, em 3 de abril, teve homenagem similar, além de cortejo proveniente do bairro proletário de Betondorp (onde Cruijff crescera) com faixas e imagens do ídolo e participação de alguns ex-jogadores como [[Edwin van der Sar]] e [[Marc Overmars]]. A partida terminou em 3–0 sobre o [[Prins Hendrik Ende Desespereert Nimmer Combinatie Zwolle|Zwolle]]. Antes dela, jogadores das duas equipes vestiram agasalhos com o número 14. O tributo, que levou o filho Jordi às lágrimas, incluiu réplicas gigantes de camisas do Ajax, da Seleção e do Barcelona.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/video-o-ajax-criou-uma-atmosfera-arrepiante-para-exaltar-a-memoria-de-sua-lenda-johan-cruyff/|título=[Vídeo] O Ajax criou uma atmosfera arrepiante para exaltar a memória de sua lenda, Johan Cruyff|data=03/04/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref>

O Ajax posteriormente anunciaria que o estádio, a então Amsterdam Arena, seria renomeado [[Johan Cruijff Arena]], em divulgação feita no dia em que o craque completaria 70 anos. Curiosamente, Cruijff jamais atuara na Arena, apenas no estádio antigo do Ajax, [[De Meer Stadion|De Meer]] (próximo à casa em que vivia na juventude) e ocasionalmente no [[Estádio Olímpico de Amsterdã|Olímpico]], sede da Fundação Johan Cruijff para prática esportiva a crianças com deficiência.<ref>{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/no-dia-em-que-o-genio-faria-70-anos-ajax-anuncia-seu-estadio-virara-a-johan-cruyff-arena/|título=No dia em que o gênio faria 70 anos, Ajax anuncia: seu estádio virará a Johan Cruyff Arena|data=25/04/2017|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Leandro Stein}}</ref>

== Estatísticas ==
=== Clubes ===
{| class="wikitable" style="text-align: center;"
|-
!rowspan="2" |Equipe
!rowspan="2" |Temporada
!colspan="2" |Campeonato<br>nacional
!colspan="2" |Copa<br>nacional
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!Jogos
!Gols
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!Jogos
!Gols
!Jogos
!Gols
!Jogos
!Gols
|- align=center
|rowspan="11" align=center valign=center|'''{{Futebol Ajax}}'''
| 1964–65 || 10 || 4 || colspan="6" | – || 10 || 4
|-
| 1965–66 || 19 || 16 || 4 || 9 || colspan="4" | – || 23 || 25
|-
| 1966–67 || 30 || 33 || 5 || 5 || 6 || 3 || colspan="2" | – || 41 || 41
|-
| 1967–68 || 33 || 25 || 5 || 6 || 2 || 1 || colspan="2" | – || 40 || 32
|-
| 1968–69 || 29 || 24 || 3 || 3 || 10 || 6 || colspan="2" | – || 42 || 33
|-
| 1969–70 || 33 || 23 || 5 || 6 || 8 || 4 || colspan="2" | – || 46 || 33
|-
| 1970–71 || 25 || 21 || 6 || 5 || 6 || 1 || colspan="2" | – || 37 || 27
|-
| 1971–72 || 32 || 25 || 4 || 3 || 9 || 5 || colspan="2" | – || 45 || 33
|-
| 1972–73 || 26 || 16 || colspan="2" | – || 6 || 3 || colspan="2" | – || 32 || 19
|-
| 1973–74 || 2 || 3 || colspan="6" | – || 2 || 3
|-
!Total
! 239 !! 190 !! 32 !! 37 !! 47 !! 23 !! colspan="2" | – !! 318 !! 250
|-
|rowspan="6"|'''{{Futebol Barcelona}}'''
| 1973–74 || 26 || 16 || 12 || 8 || colspan="4" | – || 38 || 24
|-
| 1974–75 || 30 || 7 || 12 || 7 || 8 || 0 || colspan="2" | – || 50 || 14
|-
| 1975–76 || 29 || 6 || 10 || 3 || 9 || 2 || colspan="2" | – || 48 || 11
|-
| 1976–77 || 29 || 13 || 9 || 6 || 7 || 5 || colspan="2" | – || 45 || 24
|-
| 1977–78 || 25 || 5 || 7 || 1 || 10 || 5 || colspan="2" | – || 42 || 11
|-
!Total
! 139 !! 47 !! 50 !! 25 !! 34 !! 12 !! colspan="2" | – !! 223 !! 84
|-
|rowspan="2"|'''{{Futebol Los Angeles Aztecs}}'''
| 1979 || 22 || 14 || colspan="4" | – || 4 || 1 || 26 || 15
|-
!Total
! 22 !! 14 !! colspan="4" | – !! 4 !! 1 !! 26 !! 15
|-
|rowspan="2"|'''{{Futebol Washington Diplomats}}'''
| 1980 || 24 || 10 || colspan="4" | – || 2 || 0 || 26 || 10
|-
!Total
! 24 !! 10 !! colspan="4" | – !! 2 !! 0 !! 26 !! 10
|-
|rowspan="2"|'''{{Futebol Levante}}'''
| 1980–81 || 10 || 2 || colspan="6" | – || 10 || 2
|-
!Total
! 10 !! 2 !! colspan="6" | – !! 10 !! 2
|-
|rowspan="2"|'''{{Futebol Washington Diplomats}}'''
| 1981 || 5 || 2 || colspan="6" | – || 5 || 2
|-
!Total
! 5 !! 2 !! colspan="6" | – !! 5 !! 2
|-
|rowspan="3"|'''{{Futebol Ajax}}'''
| 1981–82 || 15 || 7 || 1 || 0 || colspan="4" | – || 16 || 7
|-
| 1982–83 || 21 || 7 || 7 || 2 || 2 || 0 || colspan="2" | – || 30 || 9
|-
!Total
! 36 !! 14 !! 8 !! 2 !! 2 !! 0 !! colspan="2" | – !! 46 !! 16
|-
|rowspan="2"|'''{{Futebol Feyenoord}}'''
| 1983–84 || 33 || 11 || 7 || 1 || 4 || 1 || colspan="2" | – || 44 || 13
|-
!Total
! 33 !! 11 !! 7 !! 1 !! 4 !! 1 !! colspan="2" | – !! 44 !! 13
|-
!style="background: #DCDCDC" colspan="2"| Total na carreira
! style="background: #DCDCDC" | 508
! style="background: #DCDCDC" | 290
! style="background: #DCDCDC" | 97
! style="background: #DCDCDC" | 65
! style="background: #DCDCDC" | 87
! style="background: #DCDCDC" | 36
! style="background: #DCDCDC" | 6
! style="background: #DCDCDC" | 1
! style="background: #DCDCDC" | 698
! style="background: #DCDCDC" | 392
|}

=== Seleção Neerlandesa ===
{| class="wikitable" align=center style="font-size:90%; text-align: center;"
|-
!Ano
!Jogos
!Gols
|-
| 1966 || 2 || 1
|-
| 1967 || 3 || 1
|-
| 1968 || 1 || 0
|-
| 1969 || 3 || 1
|-
| 1970 || 2 || 2
|-
| 1971 || 4 || 6
|-
| 1972 ||5 || 5
|-
| 1973 || 6 || 6
|-
| 1974 || 12 || 8
|-
| 1975 || 2 || 0
|-
| 1976 || 4 || 2
|-
| 1977 || 4 || 1
|-
!Total !! 48 !! 33
|}

<small>Expanda a caixa de informações para conferir todos os jogos de Cruijff pela Seleção Nacional</small>

{| class="wikitable collapsible collapsed" style="font-size:90%"
!
!Data
!Local
!Resultado
!Adversário
!Gol(s)
!Competição
|-
|1. || 7 de setembro de 1966 || [[Estádio De Kuip|De Kuip]], [[Roterdã]] ||align="center"| 2–2 || {{HUNf}} ||align="center"| 1 || Elim. Euro 1968
|-
|2. || 6 de novembro de 1966 || [[Estádio Olímpico de Amsterdã|Olímpico]], [[Amsterdã]] ||align="center"| 1–2 || {{TCHf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|3. || 13 de setembro de 1967 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 1–0 || {{GDRf}} ||align="center"| 1 || Elim. Euro 1968
|-
|4. || 4 de outubro de 1967 || Idrætsparken, [[Copenhague]] ||align="center"| 2–3 || {{DENf}} ||align="center"| 0 || Elim. Euro 1968
|-
|5. || 1 de novembro de 1967 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 1–2 || {{YUGf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|6. || 1 de maio de 1968 || Polish Army Stadium, [[Varsóvia]] ||align="center"| 0–0 || {{POLf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|7. || 26 de março de 1969 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 4–0 || {{LUXf}} ||align="center"| 1 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1970|Elim. Copa do Mundo 1970]]
|-
|8. || 7 de setembro de 1969 || [[Stadion Śląski]], [[Chorzów]] ||align="center"| 1–2 || {{POLf}} ||align="center"| 0 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1970|Elim. Copa do Mundo 1970]]
|-
|9. || 5 de novembro de 1969 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 0–1 || {{ENGf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|10. || 14 de janeiro de 1970 || [[Estádio de Wembley]], [[Londres]] ||align="center"| 0–0 || {{ENGf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|11. || 2 de dezembro de 1970 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 2–0 || {{ROMf}} ||align="center"| 2 || Amistoso
|-
|12. || 24 de fevereiro de 1971 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 6–0 || {{LUXf}} ||align="center"| 2 || Elim. Euro 1972
|-
|13. || 10 de outubro de 1971 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 3–2 || {{GDRf}} ||align="center"| 0 || Elim. Euro 1972
|-
|14. || 17 de novembro de 1971 || [[Philips Stadion]], [[Eindhoven]] ||align="center"| 8–0 || {{LUXf}} ||align="center"| 3 || Elim. Euro 1972
|-
|15. || 1 de dezembro de 1971 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 2–1 || {{SCOf}} ||align="center"| 1 || Amistoso
|-
|16. || 16 de fevereiro de 1972 || [[Estádio Karaiskákis|Karaiskákis]], [[Pireu]] ||align="center"| 5–0 || {{GREf}} ||align="center"| 2 || Amistoso
|-
|17. || 3 de maio de 1972 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 3–0 || {{PERf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|18. || 30 de agosto de 1972 || [[Generali Arena]], [[Praga]] ||align="center"| 2–1 || {{TCHf}} ||align="center"| 1 || Amistoso
|-
|19. || 1 de novembro de 1972 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 9–0 || {{NORf}} ||align="center"| 2 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|20. || 19 de novembro de 1972 || Bosuilstadion, [[Antuérpia]] ||align="center"| 0–0 || {{BELf}} ||align="center"| 0 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|21. || 2 de fevereiro de 1973 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 3–2 || {{ESPf}} ||align="center"| 1 || Amistoso
|-
|22. || 22 de agosto de 1973 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 5–0 || {{ISLf}} ||align="center"| 2 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|23. || 29 de agosto de 1973 || De Adelaarshorst, [[Deventer]] ||align="center"| 8–1 || {{ISLf}} ||align="center"| 2 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|24. || 12 de setembro de 1973 || [[Ullevaal Stadion]], [[Oslo]] ||align="center"| 2–1 || {{NORf}} ||align="center"| 1 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|25. || 10 de outubro de 1973 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 1–1 || {{POLf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|26. || 18 de novembro de 1973 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 0–0 || {{BELf}} ||align="center"| 0 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1974|Elim. Copa do Mundo 1974]]
|-
|27. || 27 de março de 1974 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 1–1 || {{AUTf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|28. || 26 de maio de 1974 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 4–1 || {{ARGf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|29. || 15 de junho de 1974 || [[Niedersachsenstadion]], [[Hanôver]] ||align="center"| 2–0 || {{URUf}} ||align="center"| 0 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|30. || 19 de junho de 1974 || [[Westfalenstadion]], [[Dortmund]] ||align="center"| 0–0 || {{SWEf}} ||align="center"| 0 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|31. || 23 de junho de 1974 || Westfalenstadion, Dortmund ||align="center"| 4–1 || {{BULf}} ||align="center"| 0 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|32. || 26 de junho de 1974 || [[Parkstadion]], [[Gelsenkirchen]] ||align="center"| 4–0 || {{ARGf}} ||align="center"| 2 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|33. || 30 de junho de 1974 || Parkstadion, Gelsenkirchen ||align="center"| 2–0 || {{GDRf}} ||align="center"| 0 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|34. || 3 de julho de 1974 || Westfalenstadion, Dortmund ||align="center"| 2–0 || {{BRAf}} ||align="center"| 1 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|35. || 7 de julho de 1974 || [[Olympiastadion]], [[Munique]] ||align="center"| 1–2 || {{FRGf}} ||align="center"| 0 || [[Copa do Mundo FIFA de 1974|Copa do Mundo 1974]]
|-
|36. || 4 de setembro de 1974 || [[Estádio Råsunda|Råsunda]], [[Solna (comuna)|Solna]] ||align="center"| 5–1 || {{SWEf}} ||align="center"| 1 || Amistoso
|-
|37. || 25 de setembro de 1974 || [[Estádio Olímpico de Helsinque|Olympiastadion]], [[Helsínquia]] ||align="center"| 3–1 || {{FINf}} ||align="center"| 2 || Elim. Euro 1976
|-
|38. || 20 de novembro de 1974 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 3–1 || {{ITAf}} ||align="center"| 2 || Elim. Euro 1976
|-
|39. || 10 de setembro de 1975 || Stadion Śląski, Chorzów ||align="center"| 1–4 || {{POLf}} ||align="center"| 0 || Elim. Euro 1976
|-
|40. || 15 de outubro de 1975 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 3–0 || {{POLf}} ||align="center"| 0 || Elim. Euro 1976
|-
|41. || 25 de abril de 1976 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 5–0 || {{BELf}} ||align="center"| 0 || Elim. Euro 1976
|-
|42. || 22 de maio de 1976 || [[Estádio Rei Baudouin]], [[Bruxelas]] ||align="center"| 2–1 || {{BELf}} ||align="center"| 1 || Elim. Euro 1976
|-
|43. || 16 de junho de 1976 || [[Estádio Maksimir]], [[Zagreb]] ||align="center"| 1–3 || {{TCHf}} ||align="center"| 0 || [[Campeonato Europeu de Futebol de 1976|Euro 1976]]
|-
|44. || 13 de outubro de 1976 || De Kuip, Roterdã ||align="center"| 2–2 || {{NIRf}} ||align="center"| 1 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1978|Elim. Copa do Mundo 1978]]
|-
|45. || 9 de fevereiro de 1977 || Estádio de Wembley, Londres ||align="center"| 2–0 || {{ENGf}} ||align="center"| 0 || Amistoso
|-
|46. || 26 de março de 1977 || Bosuilstadion, Antuérpia ||align="center"| 2–0 || {{BELf}} ||align="center"| 1 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1978|Elim. Copa do Mundo 1978]]
|-
|47. || 12 de outubro de 1977 || [[Parque de Windsor]], [[Belfast]] ||align="center"| 1–0 || {{NIRf}} ||align="center"| 0 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1978|Elim. Copa do Mundo 1978]]
|-
|48. || 26 de outubro de 1977 || Olímpico, Amsterdã ||align="center"| 1–0 || {{BELf}} ||align="center"| 0 || [[Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1978|Elim. Copa do Mundo 1978]]
|}

== Títulos ==
[[Imagem:Cruijff afscheidswedstrijd bij Ajax.jpg|miniatura|180px|Em seu primeiro jogo de despedida, em 1978. A camisa do [[Amsterdamsche Football Club Ajax|Ajax]] reproduz as três [[Liga dos Campeões da UEFA|Ligas dos Campeões da UEFA]] e a [[Copa Intercontinental]] vencidas por Cruijff pelo clube.]]
=== Como jogador ===
;Ajax
*[[Eredivisie]]: 1965–66, 1966–67, 1967–68, 1969–70, 1971–72, 1972–73, 1981–82 e 1982–83
*[[Copa dos Países Baixos]]: 1966–67, 1969–70, 1970–71, 1971–72, 1982–83
*[[Liga dos Campeões da UEFA]]: [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1970–71|1970–71]], [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1971–72|1971–72]] e [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1972–73|1972–73]]
*[[Supercopa da UEFA]]: [[Supercopa Europeia de 1972|1972]] 
*[[Copa Intercontinental]]: [[Taça Intercontinental de 1972|1972]]

;Barcelona
*[[La Liga]]: [[La Liga de 1973–74|1973–74]]
*[[Copa del Rey]]: 1977–78

;Feyenoord
*[[Eredivisie]]: 1983–84
*[[Copa dos Países Baixos]]: 1983–84

=== Como treinador ===
;Ajax
*[[Copa dos Países Baixos]]: 1985–86 e 1986–87
*[[Taça dos Clubes Vencedores de Taças]]: [[Taça dos Clubes Vencedores de Taças de 1986–87|1986–87]]

;Barcelona
*[[Taça dos Clubes Vencedores de Taças]]: [[Taça dos Clubes Vencedores de Taças de 1988–89|1988–89]]
*[[Copa del Rey|Copa do Rei]]: 1989–90
*[[La Liga]]: [[La Liga de 1990–91|1990–91]], [[La Liga de 1991–92|1991–92]], [[La Liga de 1992–93|1992–93]] e [[La Liga de 1993–94|1993–94]]
*[[Supercopa da Espanha]]: 1991, 1992 e 1994
*[[Liga dos Campeões da UEFA]]: [[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1991–92|1991–92]]
*[[Supercopa da UEFA]]: [[Supercopa Europeia de 1992|1992]]

=== Prêmios individuais ===
*[[Ballon d'Or]]: 1971, 1973 e 1974
*Desportista Neerlandês do Ano: 1973 e 1974
*[[Prêmios da Copa do Mundo FIFA#Time/Equipa das estrelas|Time das Estrelas da Copa do Mundo FIFA]]: [[Copa do Mundo FIFA de 1974|1974]]
*[[Prêmios da Copa do Mundo FIFA#Time/Equipa das estrelas|Bola de ouro da Copa do Mundo]]: [[Copa do Mundo FIFA de 1974|1974]]
*[[Don Balón (prêmio)|Don Balón]] – Melhor Jogador Estrangeiro: 1976–77 e 1977–78
*[[Don Balón (prêmio)|Don Balón]] – Melhor Treinador: 1990–91 e 1991–92
*[[North American Soccer League|MVP da North American Soccer League]]: 1979
*Melhor Treinador da [[Copa Intercontinental]]: [[Copa Intercontinental de 1972|1972]]
*[[Futebolista Neerlandês do Ano]]: 1968, 1972 e 1984
*[[World Soccer|Treinador do Ano da World Soccer]]: 1987
*[[Seleção de Todos os Tempos da Copa do Mundo FIFA]]: 1994
*[[Time dos Sonhos da Copa do Mundo FIFA]]: 2002
*[[Seleção de Futebol do Século XX]]
*[[FIFA 100]]
*Seleção de Todos os Tempos da [[World Soccer]]: 2013
*[[Lista dos futebolistas do século pela IFFHS|Melhor Jogador Europeu do Século XX pela IFFHS]]
*[[Melhor Jogador do Século da FIFA|2º Melhor Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA]]
*[[Lista dos futebolistas do século pela IFFHS|Melhor Jogador Neerlandês do Século XX pela IFFHS]]
*[[Lista dos futebolistas do século pela IFFHS|13° Melhor Jogador do Século XX pela IFFHS (votos de internautas)]]
*[[Bola de Ouro Dream Team]]: [[Bola de Ouro Dream Team|Melhor Centroavante da História - segundo esquadrão]]
*11Leyendas Jornal AS: 2021<ref>{{citar web|url=https://as.com/futbol/2021/02/25/reportajes/1614273403_238476.html|título=11 Leyenda el mejor once de la historia|acessodata=25 de fevereiro de 2021|publicado=AS|língua=espanhol}}</ref>
*IFFHS ALL TIME WORLD MEN'S DREAM TEAM<ref>{{citar web|url=https://iffhs.com/posts/1110|título=IFFHS ALL TIME WORLD MEN'S DREAM TEAM|acessodata=22 de maio de 2021}}</ref>
*3º Maior Treinador de Todos os Tempos da FourFourTwo: 2020<ref name="FFT">{{citar web|url=https://www.goal.com/es/noticias/guardiola-supera-a-klopp-simeone-y-mourinho-en-la-lista-de/1jbr558307x54135datvbo2hue|título=Guardiola supera a Klopp, Simeone y Mourinho en la lista de los 100 mejores técnicos|acessodata=3 de maio de 2020|publicado=Goal.com|língua=inglês}}</ref>
*4º Maior Treinador de Todos os Tempos da [[France Football]]: 2019<ref name="Top6FF">{{citar web|url=https://www.francefootball.fr/magazine/?prov=W-HP-LBMU|título=Top 50 des coaches de l'histoire|data=19 de março de 2019|publicado=France Football}}</ref><ref name="FOXSports">{{citar web|url=https://www.foxsports.com.mx/news/400382-los--mejores-entrenadores-de-la-historia|título=Los 50 mejores entrenadores de la historia|data=19 de março de 2019|acessodata=2020-01-28|publicado=[[FOX Sports]]|arquivodata=2019-12-29|arquivourl=https://web.archive.org/web/20191229113735/https://www.foxsports.com.mx/news/400382-los--mejores-entrenadores-de-la-historia}}</ref><ref name="ABCes">{{citar web|url=https://www.abc.es/deportes/futbol/abci-50-mejores-entrenadores-historia-futbol-201903191710_noticia.html|título=Los 50 mejores entrenadores de la historia del fútbol|data=19 de março de 2019|publicado=[[ABC (jornal)|ABC]]|língua=espanhol}}</ref>
*29º Maior Treinador de Todos os Tempos da [[World Soccer]]: 2013<ref>{{citar web|url=http://www.worldsoccer.com/features/the-greatest-manager-of-all-time-341473|título=The Greatest Manager of all time|data=4 de julho de 2013|publicado=World Soccer|autor=Jamie Rainbow}}</ref><ref name="Greatest XI">{{citar web|url=http://www.worldsoccer.com/features/the-greatest-xi-how-the-panel-voted|título=The Greatest XI: how the panel voted|data=2 de julho de 2013|acessodata=28 de janeiro de 2020|publicado=World Soccer|autor=Jamie Rainbow|arquivodata=1 de janeiro de 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150101233404/http://www.worldsoccer.com/features/the-greatest-xi-how-the-panel-voted}}</ref>
*[[Onze d'Or|Onze d'Or para Treinador do Ano]]: 1991 e 1992

=== Artilharias ===
*[[Eredivisie de 1966–67]] (33 gols)
*[[Eredivisie de 1971–72]] (25 gols)
*[[Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1971–72]] (5 gols)
*[[Copa dos Países Baixos|Copa KNVB]] de 1966–67
*[[Copa dos Países Baixos|Copa KNVB]] de 1967–68
*[[Copa dos Países Baixos|Copa KNVB]] de 1969–70
*[[Copa dos Países Baixos|Copa KNVB]] de 1970–71
*[[Copa dos Países Baixos|Copa KNVB]] de 1971–72

== Citações ==
Durante a sua carreira, Cruijff também se tornou um fenômeno nacional por causa dos seus comentários, alguns dos quais se destacam pelo brilho e pura lógica. A sua forma de discurso foi chamada de "Cruijffiaans", o que pode ser traduzido como "Cruijfismos", nos [[Países Baixos]].<ref name = "FourFourTwo" /> Alguns exemplos:

*"''A Alemanha não ganhou a Copa do Mundo. Nós a perdemos''".<ref name="Yallop" />
*"''Futebol é um jogo de erros. Aquele que fizer o menor erro, vence''"<ref name = "FourFourTwo"/> ("Voetbal is een spel van fouten. Wie de minste fouten maakt wint.")
*"''É preciso chutar para poder marcar''".<ref name = "FourFourTwo"/> ("Je moet schieten, anders kun je niet scoren.")
*"''Futebol é simples, mas o mais difícil é jogar futebol simples''"<ref name = "FourFourTwo"/> ("Voetballen is heel simpel, maar het moeilijkste wat er is, is simpel voetballen")
*"''É melhor perder usando seus próprios pontos de vista do que os dos outros''"<ref name = "FourFourTwo"/> ("Je kunt beter ten onder gaan met je eigen visie dan met de visie van een ander.")
*"''Se a bola está com a gente, eles não conseguem marcar gols"''<ref name = "FourFourTwo"/> ("Als wij de bal hebben kunnen hun niet scoren.")
*"Se você tem de ser atropelado, é melhor que seja por uma Ferrari"''<ref name = "FourFourTwo"/> ("Als je moet geraakt worden, het beter een Ferrari.")
*"''Os italianos não podem vencer-nos, mas nós certamente podemos perder para eles''"<ref name = "FourFourTwo" /> ("Italianen kunnen niet van ons winnen, maar we kunnen wel van ze verliezen.")
*"''Toda desvantagem tem a sua vantagem''"<ref name = "FourFourTwo" /> ("Elk nadeel heb z'n voordeel."
*"''Para ganhar, você tem de marcar um gol a mais do que o adversário''"<ref name = "FourFourTwo" /> ("Om te winnen moet je 1 goal meer scoren dan je tegenstander")
* "''Eu não sou religioso. Na Espanha, todos os 22 jogadores fazem o sinal da cruz antes de entrar no campo. Se funcionasse, seria sempre empate.''"<ref name = "FourFourTwo" /> ("Ik geloof niet. In Spanje slaan alle 22 spelers een kruisje voordat ze het veld opkomen, als het werkt, zal het dus altijd een gelijkspel worden.")
*"''o acaso é lógico''"<ref name = "FourFourTwo" /> ("Toeval is logisch.")
*"''O futebol me deu tudo. O cigarro quase me tirou tudo''"<ref name="MB"/>
*"''Em qualquer sentido, eu provavelmente sou imortal"''.<ref name = "souza"/>
*"''Técnica não é ser capaz de fazer mil embaixadinhas. Qualquer um faz isso com prática e pode trabalhar em um circo. Técnica é passar a bola com um único toque, com a velocidade correta, no pé certo do seu companheiro"''<ref name = "14frases">{{citar web|url=https://trivela.com.br/holanda/as-14-melhores-frases-de-johan-cruyff-o-craque-que-jogava-com-o-cerebro/|título=As 14 melhores frases de Johan Cruyff, o craque que jogava com o cérebro|data=28/03/2016|acessodata=07/04/2022|publicado=Trivela|autor=Bruno Bonsanti}}</ref>
*"''Por que você não pode vencer um clube mais rico? Eu nunca vi um saco de dinheiro fazer um gol"''
*"''Quando você joga uma partida, é estatisticamente comprovado que os jogadores ficam com a bola, em média, três minutos. O mais importante é o que você faz durante os outros 87 minutos em que não tem a bola. Isso que determina se você é bom jogador ou não"''
*"''O que você tem que saber sobre [[Filippo Inzaghi|Inzaghi]] é que ele realmente não sabe jogar futebol. É só que ele está sempre no lugar certo"''
*"''Eu decidi virar treinador apenas quando me disseram que eu não conseguiria''"
*"''Você joga futebol com a sua cabeça. Suas pernas estão lá apenas para ajudá-lo''"
*"''Os jogadores de hoje dia só sabem chutar com o peito do pé. Eu conseguia chutar com a parte de dentro, com o peito do pé, com o lado externo, com os dois pés. Em outras palavras, eu era seis vezes melhor que os jogadores de hoje em dia"''

=== Sobre Cruijff ===
*''"Cruijff construiu o edifício e os técnicos do Barça que o sucederam apenas trataram de restaurá-lo e reformá-lo"''<ref name = "FourFourTwo1"/> [[Josep Guardiola]]
* ''"A escola neerlandesa de Johan Cruijff foi a melhor que eu já vi. Sempre dominando, sempre com base na própria força e nunca se adaptando ao adversário. Adoro a cultura do futebol neerlandês, (…) mas aquilo acabou (…). A beleza desapareceu"'' ("Die holländische Schule von Johan Cruijff war das Beste, was ich je im Fußball gesehen habe. Immer dominieren, immer auf die eigene Stärke vertrauen, sich nie dem Spiel des Gegners anpassen (…) aber sie ist verschwunden. (…) Aber die Schönheit ist verblichen.")<ref name ="FourFourTwo1" /> [[Günter Netzer]]
* ''"Minha primeira recordação real no futebol foi no mundial de 1974, o gol de Johan Cruijff sobre o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]]. É algo que sempre levo em mente. Cruijff me ensinou muitíssimo. Coincidi com ele em sua última temporada como jogador, no Feyenoord, no início dos anos 80. Era inteligentíssimo. Taticamente estava acima do resto.(...) Eu o olhava e pensava: 'Tem 38 anos e é muito bom. O que deve ter sido jogar com este homem quando tinha 24?' E a verdade é que nunca tive noção da resposta"'' [[Ruud Gullit]]<ref name = "elgrafico">MAZUR, Martín (abril de 2010). '''Confieso que he aprendido'''. [[El Gráfico]] n. 4397, pp. 80-83</ref>

== Ver também ==
*[[Seleção de Futebol do Século XX]]
*[[Lista dos futebolistas do século pela IFFHS]]

{{Referências}}

== Ligações externas ==
{{Correlatos
|título = Johan Cruijff
|commonscat = Johan Cruijff
|wikiquote = Johan Cruijff
}}
*{{link|1=en|2=https://www.worldofjohancruyff.com/|3=Site oficial}}
*{{link|1=pt|2=https://www.ogol.com.br/jogador.php?id=5723|3=Johan Cruijff|4=no oGol}}
*{{link|1=pt|2=https://www.transfermarkt.com.br/johan-cruyff/profil/spieler/8021|3=Johan Cruijff|4=no Transfermarkt}}
*{{link|1=pt|2=https://br.soccerway.com/players/hendrik-johannes-cruyff/106834/|3=Johan Cruijff|4=no Soccerway}}

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