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Psicologia: diferenças entre revisões

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Em 1890, [[William James]] definiu ''a psicologia'' como "a ciência da vida mental, tanto de seus fenômenos quanto de suas condições".<ref>{{citar livro|título=[[Os Princípios da Psicologia]]|ultimo=James|primeiro=William|editora=Harvard University Press|ano=1890|local=Cambridge, MA|lingua=en|isbn=0-674-70625-0|oclc=9557883|autorlink=William James}}</ref> Essa definição foi amplamente difundida por décadas. No entanto, esse significado foi contestado, notadamente por [[Behaviorismo|behavioristas]] radicais como [[John B. Watson]], que em 1913 afirmou que a disciplina é uma [[ciência natural]], cujo objetivo teórico "é a previsão e o controle do comportamento".<ref name=":7">{{citar livro|url=https://archive.org/details/oxfordcompaniont00greg|título=The Oxford Companion to the Mind|ultimo=Gregory|primeiro=Richard L.|editora=Oxford University Press|ano=2004|editor-sobrenome=Davis|editor-nome=Derek R.|edicao=2ª|páginas=763–764|lingua=en|isbn=978-0-19-866224-2|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=não}}</ref> Como James definiu "psicologia", o termo implica mais fortemente a experimentação científica.<ref name=":7" /><ref>{{citar periódico |url=https://commonweb.unifr.ch/artsdean/pub/gestens/f/as/files/4660/33602_123928.pdf |título=Psychology as the Behaviorist Views It |data=1913 |acessodata=20 de setembro de 2024 |periódico=Psychology as the Behaviorist Views It |publicado=Psychological Review |número=2 |ultimo=Watson |primeiro=John B. |autorlink=John B. Watson |paginas=158–177 |lingua=en |titulotrad=Psicologia como o Behaviorista a Vê |doi=10.1037/h0074428 |wayb=20160108214211 |volume=20 |hdl-access=free |hdl=21.11116/0000-0001-9182-7}}</ref> A [[psicologia do senso comum]] é a compreensão dos estados mentais e comportamentos das pessoas mantidos por [[Leigo|pessoas comuns]], em contraste com a compreensão dos profissionais de psicologia.<ref>{{citar livro|url=https://link.springer.com/book/10.1007/978-1-4020-5558-4|título=Folk Psychology Re-Assessed|ultimo=Hutto|primeiro=Daniel D.|ultimo2=Ratcliffe|primeiro2=Matthew|editora=Springer|ano=2007|local=Dorndrecht, Países Baixos|lingua=en|titulotrad=Psicologia dos Senso Comum Reavaliada|doi=10.1007/978-1-4020-5558-4|isbn=978-1-4020-5557-7|citacao=O termo “psicologia do senso comum” é em si controverso}}</ref>
Em 1890, [[William James]] definiu ''a psicologia'' como "a ciência da vida mental, tanto de seus fenômenos quanto de suas condições".<ref>{{citar livro|título=[[Os Princípios da Psicologia]]|ultimo=James|primeiro=William|editora=Harvard University Press|ano=1890|local=Cambridge, MA|lingua=en|isbn=0-674-70625-0|oclc=9557883|autorlink=William James}}</ref> Essa definição foi amplamente difundida por décadas. No entanto, esse significado foi contestado, notadamente por [[Behaviorismo|behavioristas]] radicais como [[John B. Watson]], que em 1913 afirmou que a disciplina é uma [[ciência natural]], cujo objetivo teórico "é a previsão e o controle do comportamento".<ref name=":7">{{citar livro|url=https://archive.org/details/oxfordcompaniont00greg|título=The Oxford Companion to the Mind|ultimo=Gregory|primeiro=Richard L.|editora=Oxford University Press|ano=2004|editor-sobrenome=Davis|editor-nome=Derek R.|edicao=2ª|páginas=763–764|lingua=en|isbn=978-0-19-866224-2|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=não}}</ref> Como James definiu "psicologia", o termo implica mais fortemente a experimentação científica.<ref name=":7" /><ref>{{citar periódico |url=https://commonweb.unifr.ch/artsdean/pub/gestens/f/as/files/4660/33602_123928.pdf |título=Psychology as the Behaviorist Views It |data=1913 |acessodata=20 de setembro de 2024 |periódico=Psychology as the Behaviorist Views It |publicado=Psychological Review |número=2 |ultimo=Watson |primeiro=John B. |autorlink=John B. Watson |paginas=158–177 |lingua=en |titulotrad=Psicologia como o Behaviorista a Vê |doi=10.1037/h0074428 |wayb=20160108214211 |volume=20 |hdl-access=free |hdl=21.11116/0000-0001-9182-7}}</ref> A [[psicologia do senso comum]] é a compreensão dos estados mentais e comportamentos das pessoas mantidos por [[Leigo|pessoas comuns]], em contraste com a compreensão dos profissionais de psicologia.<ref>{{citar livro|url=https://link.springer.com/book/10.1007/978-1-4020-5558-4|título=Folk Psychology Re-Assessed|ultimo=Hutto|primeiro=Daniel D.|ultimo2=Ratcliffe|primeiro2=Matthew|editora=Springer|ano=2007|local=Dorndrecht, Países Baixos|lingua=en|titulotrad=Psicologia dos Senso Comum Reavaliada|doi=10.1007/978-1-4020-5558-4|isbn=978-1-4020-5557-7|citacao=O termo “psicologia do senso comum” é em si controverso}}</ref>


== Introdução ==
== História ==
{{Artigo principal|História da psicologia}}
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo). É geralmente definida como o estudo científico do comportamento e dos processos mentais, isto é, estuda todos as ações e reações observáveis, mas também processos como os sentimentos, as emoções e as representações mentais que não podem ser observadas diretamente. Cabe agora definir tais termos:<ref name=Zimbardo>Zimbardo & Gerrig (2004), p.3-5; 5-8; 10-17.</ref>
{{Artigo principal|prefixo=Para obter um guia cronológico, consulte|vt=|Linha do tempo da psicologia}}
* Dizer que a psicologia é uma ''ciência'' significa que ela é regida pelas mesmas leis do [[método científico]] as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, baseado em fatos empíricos. Pelo seu objeto de estudo a psicologia desempenha o papel de elo entre as [[ciências sociais]], como a [[sociologia]] e a [[antropologia]], as [[ciências naturais]], como a [[biologia]], e áreas científicas mais recentes como as [[ciências cognitivas]] e as [[ciências da saúde]];
As antigas civilizações do Egito, Grécia, China, Índia e Pérsia se dedicaram ao estudo filosófico da psicologia. No Egito Antigo, o [[Papiro Ebers]] mencionou [[Depressão (humor)|depressão]] e distúrbios do pensamento.<ref>{{citar periódico |url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16342608/ |título=Mental health in Egypt |data=2005 |acessodata=21 de setembro de 2024 |periódico=The Israel Journal of Psychiatry and Related Sciences |número=2 |ultimo=Okasha |primeiro=Ahmed |paginas=116–125 |lingua=en |titulotrad=Saúde mental no Egito |pmid=16342608 |volume=42}}</ref> Os historiadores observam que os filósofos gregos, incluindo [[Tales de Mileto|Tales]], [[Platão]] e [[Aristóteles]] (especialmente em seu tratado ''[[De Anima]]''),<ref>{{citar web|ultimo=Shields|primeiro=Christopher|url=https://plato.stanford.edu/entries/aristotle-psychology/|titulo=Aristotle’s Psychology|data=11 de janeiro de 2000|acessodata=21 de setembro de 2024|website=Stanford Encyclopedia of Philosophy|lingua=en|titulotrad=Psicologia de Aristóteles|arquivourl=https://archive.ph/OZ2zG|arquivodata=24 de setembro de 2014|urlmorta=não}}</ref> abordaram o funcionamento da mente.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/earlypsychologic0000gree/page/n7/mode/2up|título=Early psychological thought: Ancient accounts of mind and soul|ultimo=Green|primeiro=Christopher D.|ultimo2=Groff|primeiro2=Phillip R.|editora=Praeger|ano=2003|local=Westport, Connecticut|total-páginas=216|lingua=en|titulotrad=Pensamento psicológico inicial: Relatos antigos sobre mente e alma|isbn=031331845X}}</ref> Já no século 4 a.C, o médico grego [[Hipócrates]] teorizou que os [[Transtorno mental|transtornos mentais]] tinham causas físicas e não sobrenaturais.<ref>{{citar livro|url=|título=Psychology: a student friendly approach|ultimo=Brink|primeiro=T. L.|editora=San Bernardino Community College District|ano=2008|lingua=en|titulotrad=Psicologia: uma abordagem amigável ao aluno|capitulo=Unit One: The Definition and History of Psychology|trad-capitulo=Capítulo Um: A Definição e História da Psicologia|capítulourl=https://resources.saylor.org/wwwresources/archived/site/wp-content/uploads/2012/06/TLBrink_PSYCH01.pdf|capitulourl=|urlmorta=não|wayb=}}</ref> Em 387 a.C, Platão sugeriu que o cérebro é onde os processos mentais ocorrem e, em 335 a.C, Aristóteles sugeriu que era o coração.<ref>{{Citar noticia|ultimo=Legg|primeiro=Timothy J.|url=https://www.medicalnewstoday.com/articles/154874|titulo=What is psychology and what does it involve?|data=1 de fevereiro de 2018|acessodata=20 de setembro de 2024|website=MedicalNewsToday|lingua=en|titulotrad=O que é psicologia e o que ela envolve?|urlmorta=não|wayb=20210320030424}}</ref>
* ''Comportamento'' é a atividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem;
* Dizer que o ''indivíduo'' é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção — ao contrário, por exemplo, da [[sociologia]], que estuda a sociedade como um conjunto;
* Os ''processos mentais'' são a maneira como a mente humana funciona — pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base.


Na China, a compreensão da psicologia cresceu a partir das obras filosóficas de [[Lao Zi]] e [[Confúcio]] e, mais tarde, das doutrinas do [[budismo]].<ref>{{Citar noticia|ultimo=Ahmed|primeiro=Helal U.|url=https://thefinancialexpress.com.bd/views/views/bangladesh-at-a-crossroads|titulo=Natural harmony in Taoism — a cornerstone of Chinese society|data=15 de janeiro de 2018|acessodata=24 de setembro de 2024|website=The Financial Express|lingua=en|titulotrad=Harmonia natural no taoísmo — uma pedra angular da sociedade chinesa|urlmorta=não|wayb=20240315014248}}</ref> A filosofia chinesa enfatizava a purificação da mente para aumentar a virtude e o poder. Um texto antigo conhecido como ''[[Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo]]'' identifica o cérebro como o nexo de sabedoria e sensação, inclui teorias da personalidade baseadas no equilíbrio [[yin-yang]] e analisa o transtorno mental em termos de desequilíbrios fisiológicos e sociais. A bolsa de estudos chinesa que se concentrou no cérebro avançou durante a [[dinastia Qing]] com o trabalho de Fang Yizhi (1611-1671), Liu Zhi (1660-1730) e Wang Qingren (1768-1831). Wang Qingren enfatizou a importância do cérebro como centro do sistema nervoso, relacionou o transtorno mental com doenças cerebrais, investigou as causas dos sonhos e da insônia e avançou uma teoria da [[lateralização hemisférica]] na função cerebral.<ref name=":13">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Hsueh|primeiro=Yeh|ultimo2=Guo|primeiro2=Benyu|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=82-124|lingua=en|capitulo=China|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303846373?redirectedFrom=fulltext&login=false|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0006|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref>
Como toda ciência, o objetivo da psicologia é a ''descrição'', a ''explicação'', a ''previsão'' e o ''controle'' do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição, explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da [[neurociência]] que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de seus ''correlatos fisiológicos'', ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos mentais se desenrolam). ''Descrever'' o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam os mais objetivos possíveis e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis — desde complexos padrões de comportamento, como a [[personalidade]], até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A [[introspecção]] é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o [[estruturalismo]]). A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura ''explicar'', esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: [[variável|variáveis]] orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meio ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As ''previsões'' em psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a [[probabilidade]] com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se determina a também a sua validade. ''Controlar'' o comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é a parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na [[psicoterapia]].<ref name="Zimbardo"/>


Influenciada pelo [[hinduísmo]], a [[filosofia indiana]] explorou distinções nos tipos de consciência. Uma ideia central dos ''[[Upanixade|Upanixades]],'' e outros textos [[védicos]] que formaram as bases do hinduísmo era a distinção entre o eu mundano transitório de uma pessoa e sua [[Ātman (hinduísmo)|alma eterna e imutável]]. Doutrinas hindus divergentes e o [[budismo]] desafiaram essa hierarquia de eus, mas todos enfatizaram a importância de alcançar uma consciência mais elevada. O [[Ioga]] engloba uma gama de técnicas usadas na busca desse objetivo. A [[teosofia]], uma religião estabelecida pela filósofa [[Russo-americanos|russo-americana]] [[Helena Blavatsky]], inspirou-se nessas doutrinas durante seu tempo na [[Índia britânica]].<ref name=":9">{{citar livro|url=|título=Internationalizing the history of psychology|ultimo=Paranjpe|primeiro=Anand C.|editora=New York University Press|ano=2006|editor-sobrenome=Brock|editor-nome=Adrian C.|local=Nova Iorque|páginas=56-74|total-páginas=280|lingua=en|titulotrad=Internacionalizando a história da psicologia|capitulo=From Tradition through Colonialism to Globalization: Reflections on the History of Psychology in India|trad-capitulo=Da tradição ao colonialismo e à globalização: reflexões sobre a história da psicologia na Índia|capítulourl=https://www.jstor.org/stable/j.ctt9qg8nj.7|isbn=9780814799444}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/structuraldepths0000raju|título=Structural Depths of Indian Thought|ultimo=Raju|primeiro=P. T.|editora=State University of New York Press|ano=1985|local=Albany, Nova Iorque|páginas=35-36|total-páginas=640|lingua=en|titulotrad=Profundezas Estruturais do Pensamento Indiano|isbn=978-0887061400}}</ref>
Para o psicólogo [[União Soviética|soviético]] [[Alexander Luria|A. R. Luria]], um dos fundadores da [[neuropsicologia]], a psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base nem limitar-se a sua descrição exterior.


A psicologia era de interesse para os [[Iluminismo|pensadores iluministas]] na Europa. Na Alemanha, [[Gottfried Leibniz]] (1646-1716) aplicou seus princípios de cálculo à mente, argumentando que a atividade mental ocorria em um continuum indivisível. Ele sugeriu que a diferença entre consciência consciente e inconsciente é apenas uma questão de grau. [[Christian Wolff]] identificou a psicologia como sua própria ciência, escrevendo ''Psychologia Empirica'' em 1732 e ''Psychologia Rationalis'' em 1734. [[Immanuel Kant]] avançou a ideia da [[antropologia]] como disciplina, sendo a psicologia uma subdivisão importante. Kant, no entanto, rejeitou explicitamente a ideia de uma [[psicologia experimental]], escrevendo que "a doutrina empírica da alma também nunca pode se aproximar da química, mesmo como uma arte sistemática de análise ou doutrina experimental, pois nela a variedade da observação interior pode ser separada apenas pela mera divisão no pensamento, e não pode então ser mantida separada e recombinada à vontade (mas menos ainda outro sujeito pensante se permite ser experimentado para se adequar nosso propósito), e mesmo a observação por si só já muda e desloca o estado do objeto observado".
Segundo esse autor, além de estabelecer as leis da sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção, memorização (tarefa iniciada por [[Wilhelm Wundt|Wundt]]), na análise do pensamento lógico, formação das necessidades complexas e da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história social (compartilhando, de certo modo com a proposição da ''Völkerpsychologie'' de Wundt (ver mais abaixo "História da Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos processos neurofisiológicos e das determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por seu contemporâneo [[Vigotsky]]).<ref>Luria, 1979</ref>


Em 1783, Ferdinand Ueberwasser (1752-1812) designou-se ''Professor de Psicologia Empírica e Lógica'' e deu palestras sobre psicologia científica, embora esses avanços tenham sido logo ofuscados pelas [[Guerras Napoleônicas|guerras napoleônicas]].<ref name=":4">{{citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/26358629 |título=Scientific Psychology in the 18th Century: A Historical Rediscovery |data=22 de maio de 2016 |acessodata=24 de setembro de 2024 |periódico=Perspectives on Psychological Science |publicado=SAGE Publications |número=3 |ultimo=Schwarz |primeiro=Katharina A. |ultimo2=Pfister |primeiro2=Roland |paginas=399–407 |lingua=en |titulotrad=A Psicologia Científica no Século XVIII: Uma Redescoberta Histórica |doi=10.1177/1745691616635601 |issn=1745-6916 |pmid=27217252 |volume=11 |doi-access=}}</ref> No final da era napoleônica, as autoridades prussianas descontinuaram a Antiga Universidade de Münster.<ref name=":4" /> Tendo consultado os filósofos [[Georg Wilhelm Friedrich Hegel|Hegel]] e [[Johann Friedrich Herbart|Herbart]], no entanto, em 1825 [[Prússia|o estado prussiano]] estabeleceu a psicologia como uma disciplina obrigatória em seu [[Sistema educacional prussiano|sistema educacional]] em rápida expansão e altamente influente. No entanto, essa disciplina ainda não abraçou a experimentação.<ref name=":5">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Gundlach|primeiro=Horst U. K.|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=256–288|lingua=en|capitulo=Germany|trad-capitulo=Alemanha|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303848255?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0013|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> Na Inglaterra, a psicologia primitiva envolvia [[frenologia]] e a resposta a problemas sociais, incluindo alcoolismo, violência e os asilos "lunáticos" lotados do país.<ref>{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Collins|primeiro=Alan F.|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=183–210|lingua=en|capitulo=England|trad-capitulo=Inglaterra|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303847418?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0010|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref>
{{Anexo|Anexo:Subdisciplinas e áreas de atuação da psicologia|Subdisciplinas e áreas de atuação da psicologia}}


=== Início da psicologia experimental ===
== História ==
[[Ficheiro:James McKeen Cattell.jpg|miniaturadaimagem|[[James McKeen Cattell]], o primeiro psicólogo dos [[Estados Unidos]]]]
{{Artigo principal|[[História da psicologia]]}}
[[Imagem:Wundt-research-group.jpg|thumb|[[Wilhelm Wundt]] (sentado) e seu grupo no seu laboratório psicológico, o primeiro desse tipo. Wundt é creditado pela criação da psicologia como um campo de investigação científica independente da filosofia e biologia.]]
[[Ficheiro:Wundt-research-group.jpg|miniaturadaimagem|[[Wilhelm Wundt]] (sentado), um psicólogo alemão, com colegas em seu laboratório psicológico, o primeiro de seu tipo, {{Circa|1880}}]]
[[Ficheiro:One of Pavlov's dogs.jpg|miniaturadaimagem|Um dos cães usados no experimento do psicólogo russo [[Ivan Pavlov]] com uma [[cânula]] implantada cirurgicamente para medir a [[saliva]], [[Taxidermia|preservada]] no Museu Pavlov em [[Riazã|Ryazan]], Rússia]]


O filósofo [[John Stuart Mill]] acreditava que a mente humana estava aberta à investigação científica, mesmo que a ciência seja de certa forma inexata.<ref name=":8">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=0g9EDwAAQBAJ&redir_esc=y|título=Hergenhahn's An Introduction to the History of Psychology|ultimo=Henley|primeiro=Tracy B.|editora=Cengage Learning|ano=2018|edicao=8ª|local=Boston|páginas=143–145|total-páginas=720|lingua=en|titulotrad=Uma Introdução à História da Psicologia, de Hergenhahn|isbn=9781337671255|wayb=20220730080359}}</ref> Mill propôs uma "química mental" na qual pensamentos elementares poderiam se combinar em ideias de maior complexidade.<ref name=":8" /> [[Gustav Theodor Fechner|Gustav Fechner]] começou a realizar pesquisas psicofísicas em Leipzig na década de 1830. Ele articulou o princípio de que a percepção humana de um estímulo varia logaritmicamente de acordo com sua intensidade.<ref name=":10">{{citar livro|título=A history of modern psychology|ultimo=Leahey|primeiro=Thomas H.|editora=Prentice Hal|ano=2001|edicao=3ª|local=Upper Saddle River, NJ|lingua=en|titulotrad=Uma história da psicologia moderna|isbn=978-0-13-017573-1|oclc=43657139}}</ref>{{Rp|61}} O princípio ficou conhecido como [[lei de Weber-Fechner]]. O ''Elementos de Psicofísic''a de Fechner de 1860 desafiaram a visão negativa de Kant em relação à realização de pesquisas quantitativas sobre a mente.<ref name=":5" /><ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/elementederpsych001fech/page/n7/mode/2up|título=Elemente der psychophysik|ultimo=Fechner|primeiro=Gustav T.|editora=Breitkopf und Härtel|ano=1860|local=Leipzig|total-páginas=360|lingua=de|titulotrad=Elementos de psicofísica}}</ref> A conquista de Fechner foi mostrar que "os processos mentais não só podiam receber magnitudes numéricas, mas também que estas podiam ser medidas por métodos experimentais".<ref name=":5" /> Em Heidelberg, [[Hermann von Helmholtz]] conduziu pesquisas paralelas sobre percepção sensorial e treinou o fisiologista [[Wilhelm Wundt]]. Wundt, por sua vez, veio para a Universidade de Leipzig, onde estabeleceu o laboratório psicológico que trouxe a psicologia experimental para o mundo. Wundt se concentrou em dividir os processos mentais nos componentes mais básicos, motivado em parte por uma analogia com os recentes avanços da química e sua investigação bem-sucedida dos elementos e da estrutura dos materiais.<ref>{{citar web|ultimo=Kim|primeiro=Alan|url=https://plato.stanford.edu/entries/wilhelm-wundt/|titulo=Wilhelm Maximilian Wundt|data=16 de junho de 2006|acessodata=25 de setembro de 2024|website=Stanford Encyclopedia of Philosophy|lingua=en|arquivourl=https://archive.ph/tY5S|arquivodata=12 de dezembro de 2012|urlmorta=não}}</ref> [[Paul Flechsig]] e [[Emil Kraepelin]] logo criaram outro laboratório influente em Leipzig, um laboratório relacionado à psicologia, que se concentrava mais na psiquiatria experimental.<ref name=":5" />
=== Perspectivas históricas ===
"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta".<ref>"Die Psychologie besitzt eine lange Vergangenheit aber nur eine kurze Geschichte". Citado por Zimbardo & Gerrig (2004), p. 10.</ref> Com essa frase descreveu [[Hermann Ebbinghaus]], um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia — tanto em [[1908]], quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza humana — a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da [[filosofia]] no final do [[século XIX]].


[[James McKeen Cattell]], professor de psicologia da [[Universidade da Pensilvânia]] e da [[Universidade Columbia]] e cofundador da ''[[Psychological Review]]'', foi o primeiro professor de psicologia nos [[Estados Unidos]].
O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo [[fisiologia|fisiólogo]] alemão [[Wilhelm Wundt]]<ref>{{citar web|url=https://psicoeduca.com.br/psicologia/historia-da-psicologia/8-wilhelm-wundt-o-pai-da-psicologia-moderna|titulo=Wilhelm Wundt - O Pai da Psicologia Moderna|data=02-12-2016|acessodata=13-05-2020|publicado=Psico Educa|ultimo=Mazin|primeiro=Gabriel}}</ref> em [[1879]] tendo publicado seu livro "Principles of Physiological Psychology" em [[Leipzig]], na [[Alemanha]]. Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. [[Edward Titchener]] foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos [[Estados Unidos]]. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano [[William James]] propôs em seu livro "''The Principles of Psychology'' (1890)" — para muitos a obra mais significativa da literatura psicológica — uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte<ref name="Zimbardo"/>


O psicólogo alemão [[Hermann Ebbinghaus]], pesquisador da [[Universidade de Berlim]], foi um colaborador do século 19 para o campo. Ele foi pioneiro no estudo experimental da memória e desenvolveu modelos quantitativos de aprendizagem e esquecimento.<ref>{{citar web|ultimo=Wozniak|primeiro=Robert H.|url=https://psychclassics.yorku.ca/Ebbinghaus/wozniak.htm|titulo=Introduction to memory: Hermann Ebbinghaus (1885/1913)|data=1999|acessodata=25 de setembro de 2024|website=Classics in the History of Psychology|lingua=en|titulotrad=Introdução à memória: Hermann Ebbinghaus (1885/1913)|arquivourl=https://archive.ph/482P|arquivodata=23 de julho de 2012|urlmorta=não}}</ref> No início do século 20, [[Wolfgang Köhler]], [[Max Wertheimer]] e [[Kurt Koffka]] co-fundaram a escola de [[Psicologia da forma|psicologia da Gestalt]] de [[Fritz Perls]]. A abordagem da psicologia da Gestalt é baseada na ideia de que os indivíduos experimentam as coisas como totalidades unificadas. Em vez de [[Reducionismo|reduzir]] pensamentos e comportamentos em elementos componentes menores, como no estruturalismo, os gestaltistas sustentavam que toda a experiência é importante e difere da soma de suas partes.
==== Estruturalismo ====
Em seu laboratório, Wundt se dedicou a criar uma base verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim, realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de [[estruturalismo]] por [[Edward Titchener]], que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as [[sensação|sensações]]. Um dos métodos usados por Titchener era a [[introspecção]]: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências sensoriais. A tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a mente, os comos e porquês de seu funcionamento. As principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram:
* Por ser [[reducionismo|'''reducionista''']], ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a simples sensações;
* Por ser '''elementarista''', ou seja, dedicar-se ao estudo de partes ou elementos ao invés de estudar estruturas mais complexas, como as que são típicas para o comportamento humano e;
* Por ser '''mentalista''', ou seja, basear-se somente em relatórios verbais, excluindo indivíduos incapazes de introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além disso a introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser um verdadeiro método científico objetivo.<ref name="Zimbardo"/>


Psicólogos na Alemanha, Dinamarca, Áustria, Inglaterra e Estados Unidos logo seguiram Wundt na criação de laboratórios.<ref name=":14">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Benjamin|primeiro=Ludy T.|ultimo2=Baker|primeiro2=David B.|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=2–17|lingua=en|capitulo=The Internationalization of Psychology: A History|trad-capitulo=A Internacionalização da Psicologia: Uma História|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303845528?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0001|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> [[G. Stanley Hall]], um americano que estudou com Wundt, fundou um laboratório de psicologia que se tornou internacionalmente influente. O laboratório estava localizado na [[Universidade Johns Hopkins]]. Hall, por sua vez, treinou [[Yūjirō Motora|Yujiro Motora]], que trouxe a psicologia experimental, com ênfase na psicofísica, para a [[Universidade Imperial de Tóquio]].<ref name=":15">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Takasuna|primeiro=Miki|ultimo2=|primeiro2=|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=348–365|lingua=en|capitulo=Japan|trad-capitulo=Japão|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303849230?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0016|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> O assistente de Wundt, [[Hugo Münsterberg]], ensinou psicologia em Harvard para estudantes como [[Narendra Nath Sen Gupta]] — que, em 1905, fundou um departamento e laboratório de psicologia na [[Universidade de Calcutá]].<ref name=":9" /> Os alunos de Wundt, [[Walter Dill Scott]], [[Lightner Witmer]] e [[James McKeen Cattell]], trabalharam no desenvolvimento de testes de capacidade mental. Cattell, que também estudou com o [[Eugenia|eugenista]] [[Francis Galton]], fundou a [[Harcourt Assessment|Psychological Corporation]]. Witmer se concentrou no teste mental de crianças; Scott, sobre a seleção de funcionários.<ref name=":10" />{{Rp|60}}
==== Funcionalismo ====
{{AP|Funcionalismo (filosofia da mente)}}
[[William James]] concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia — os processos conscientes. Para ele, no entanto, os estudos desses processos não se limitavam a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava mais voltada para a '''função''' dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a [[vontade]], os [[Valores morais|valores]], as experiências religiosas e místicas — enfim, tudo o que faz cada ser humano único. As ideias de James foram desenvolvidas por [[John Dewey]], que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação.<ref name="Zimbardo"/>


Outro aluno de Wundt, o inglês [[Edward Titchener]], criou o programa de psicologia na [[Universidade Cornell]] e avançou a psicologia "[[Estruturalismo#Estruturalismo na Psicologia|estruturalista]]". A ideia por trás do estruturalismo era analisar e classificar diferentes aspectos da mente, principalmente por meio do método de [[introspecção]].<ref name=":12">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Goodwin|primeiro=C. James|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=572–593|lingua=en|capitulo=United States|trad-capitulo=Estados Unidos|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303850935?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0027|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> William James, John Dewey e Harvey Carr avançaram a ideia de funcionalismo, uma abordagem expansiva da psicologia que sublinhou a ideia darwiniana da utilidade de um comportamento para o indivíduo. Em 1890, James escreveu um livro influente, ''[[Os Princípios da Psicologia]]'', que expandiu o estruturalismo. Ele descreveu o "[[Fluxo de consciência (psicologia)|fluxo de consciência]]". As ideias de James interessaram a muitos estudantes americanos na disciplina emergente.<ref name=":11" /><ref name=":10" />{{Rp|178–182}}<ref name=":12" /> Dewey integrou a psicologia às preocupações da sociedade, principalmente promovendo a [[educação progressista]], inculcando valores morais nas crianças e colocando os imigrantes em pauta.<ref name=":10" />{{Rp|196–200}}
==== Gestalt, ou Psicologia da Forma ====
{{Artigo principal|[[Gestalt]]}}
Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentalismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da ''gestalt'' ou da forma, representada por [[Max Wertheimer]], [[Kurt Koffka]] e [[Wolfgang Köhler]]. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra ''gestalt'' significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes".<ref name="Zimbardo"/>


Uma cepa diferente de experimentalismo, com maior conexão com a fisiologia, surgiu na América do Sul, sob a liderança de Horacio G. Piñero, da [[Universidade de Buenos Aires]].<ref>{{citar livro|título=Internationalizing the History of Psychology|ultimo=Taiana|primeiro=Cecilia|editora=NYU Press|ano=2006|editor-sobrenome=Brock|editor-nome=Adrian C.|páginas=34-55|lingua=en|titulotrad=Internacionalizando a História da Psicologia|capitulo=Transatlantic Migration of the Disciplines of the Mind: Examination of the Reception of Wundt’s and Freud’s Theories in Argentina|trad-capitulo=Migração Transatlântica das Disciplinas da Mente: Exame da Recepção das Teorias de Wundt e Freud na Argentina|capítulourl=https://www.jstor.org/stable/j.ctt9qg8nj.6|isbn=9780814799444}}</ref> Na Rússia, também, os pesquisadores colocaram maior ênfase na base biológica da psicologia, começando com o ensaio de [[Ivan Sechenov]] de 1873, "Quem deve desenvolver a psicologia e como?" Sechenov avançou a ideia de [[Reflexo|reflexos]] cerebrais e promoveu agressivamente uma visão [[Determinismo|determinista]] do comportamento humano.<ref name=":18">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Sirotkina|primeiro=Irina|ultimo2=Smith|primeiro2=Roger|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=413–441|lingua=en|capitulo=Russian Federation|trad-capitulo=Federação Russa|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303849765?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0020|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> O [[Fisiologia|fisiologista]] russo-soviético [[Ivan Pavlov]] descobriu em cães um processo de aprendizagem que mais tarde foi denominado "[[condicionamento clássico]]" e aplicou o processo aos seres humanos.<ref>{{citar periódico |título=Ivan P. Pavlov: An overview of his life and psychological work. |data=1997 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=American Psychologist |número=9 |ultimo=Windholz |primeiro=G. |paginas=941–946 |lingua=en |titulotrad=Ivan P. Pavlov: Uma visão geral de sua vida e trabalho psicológico. |doi=10.1037/0003-066X.52.9.941 |volume=52}}</ref>
Distinta da psicologia da ''gestalt'', escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a [[gestalt-terapia]], fundada por Frederic S. Perls ([[Fritz Perls]]).


=== Consolidação e financiamento ===
==== O legado dos primórdios ====
Uma das primeiras sociedades de psicologia foi ''La Société de Psychologie Physiologique'' na França, que durou de 1885 a 1893. A primeira reunião do Congresso Internacional de Psicologia, patrocinado pela [[União Internacional de Ciências Psicológicas]], ocorreu em Paris, em agosto de 1889, em meio à [[Exposição Universal de 1889|Feira Mundial]] que celebrava o centenário da Revolução Francesa. William James foi um dos três americanos entre os 400 participantes. A [[Associação Americana de Psicologia]] (APA) foi fundada logo depois, em 1892. O Congresso Internacional continuou a ser realizado em diferentes locais da Europa e com ampla participação internacional. O Sexto Congresso, realizado em Genebra em 1909, incluiu apresentações em russo, chinês e japonês, bem como em [[esperanto]]. Após um hiato para a Primeira Guerra Mundial, o Sétimo Congresso se reuniu em Oxford, com uma participação substancialmente maior dos anglo-americanos vitoriosos da guerra. Em 1929, o Congresso aconteceu na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, com a presença de centenas de membros da APA.<ref name=":14" /> A Universidade Imperial de Tóquio liderou o caminho para trazer uma nova psicologia para o Oriente. Novas ideias sobre psicologia se difundiram do Japão para a China.<ref name=":13" /><ref name=":15" />
Apesar de terem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os psicólogos procuram compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos processos mentais absolutos.


A psicologia americana ganhou status com a entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial. Um comitê permanente chefiado por [[Robert Yerkes]] administrou testes mentais ("[[Exército Alfa]]" e "[[Exército Beta]]") a quase 1,8 milhão de soldados.<ref name=":16">{{citar livro|url=https://academic.oup.com/shm/article-abstract/22/1/206/1619831?redirectedFrom=fulltext|título=History of Psychiatry and Medical Psychology: With an Epilogue on Psychiatry and the Mind-Body Relation|ultimo=Tomes|primeiro=Nancy|editora=Social History of Medicine|editor-sobrenome=Wallace|editor-nome=Edwin R.|volume=22|páginas=657–682|lingua=en|titulotrad=História da Psiquiatria e Psicologia Médica: Com um Epílogo sobre Psiquiatria e a Relação Mente-Corpo|capitulo=The Development of Clinical Psychology, Social Work, and Psychiatric Nursing: 1900–1980s|trad-capitulo=O Desenvolvimento da Psicologia Clínica, do Serviço Social e da Enfermagem Psiquiátrica: 1900–1980|capítulourl=https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-0-387-34708-0_22|doi=10.1093/shm/hkn085|isbn=9780387347073|editor-sobrenome2=Gach|editor-nome2=John}}</ref> Posteriormente, a [[família Rockefeller]], por meio do [[Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais]], começou a fornecer financiamento para pesquisas comportamentais.<ref>{{citar periódico |url=https://psycnet.apa.org/record/1986-00046-001 |título=Organizing for the kingdom of behavior: academic battles and organizational policies in the twenties |data=Janeiro de 1985 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=Journal of the History of the Behavioral Sciences |número=1 |ultimo=Samuelson |primeiro=Franz |paginas=33-47 |titulotrad=Organizando para o reino do comportamento: batalhas acadêmicas e políticas organizacionais na década de 1920 |citeseerx= |doi=10.1002/1520-6696(198501)21:1<33::aid-jhbs2300210104>3.0.co;2-f |pmid=11608364 |volume=21}}</ref><ref>{{citar livro|título=The development of the social sciences in the United States and Canada: the role of philanthropy of contemporary studies in social and policy issues in education|ultimo=Pols|primeiro=Hans|editora=Ablex|ano=1999|local=Greenwich, Conn|páginas=115-141|lingua=en|capitulo=The world as laboratory : strategies of field research developed by mental hygiene psychologists in Toronto, 1920-1950|trad-capitulo=O mundo como laboratório: estratégias de pesquisa de campo desenvolvidas por psicólogos de higiene mental em Toronto, 1920-1950|capítulourl=https://pure.mpg.de/pubman/faces/ViewItemOverviewPage.jsp?itemId=item_2277236|isbn=1-56750-405-1}}</ref> As instituições de caridade Rockefeller financiaram o Comitê Nacional de Higiene Mental, que disseminou o conceito de doença mental e fez lobby para aplicar ideias da psicologia à criação dos filhos.<ref name=":16" /> Por meio do ''Bureau of Social Hygiene'' e posteriormente do financiamento de [[Alfred Kinsey]], as fundações Rockefeller ajudaram a estabelecer pesquisas sobre sexualidade nos EUA.<ref>{{citar periódico |título=The Rockefellers and sex research |data=Maio de 1985 |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=The Journal of Sex Research |publicado=Taylor & Francis, Ltd |número=2 |ultimo=Bullough |primeiro=Vern L. |paginas=113-125 |lingua=en |titulotrad=Os Rockefellers e a pesquisa sexual |doi=10.1080/00224498509551253 |jstor=3812475 |citacao=É difícil superestimar sua importância. Na verdade, no período entre 1914 e 1954, os Rockefellers foram quase o único suporte da pesquisa sexual nos Estados Unidos. As decisões tomadas por seus conselheiros científicos sobre a natureza da pesquisa a ser apoiada e como ela foi conduzida, bem como os tópicos elegíveis para suporte de pesquisa, moldaram todo o campo da pesquisa sexual e, de muitas maneiras, ainda continuam a apoiá-la. |volume=21}}</ref> Sob a influência do ''[[Eugenics Record Office]]'' financiado pela Carnegie e financiado pelo ''Pioneer Fund'' da Draper e de outras instituições, o [[Eugenia nos Estados Unidos|movimento eugênico]] também influenciou a psicologia americana. Nas décadas de 1910 e 1920, a eugenia se tornou um tópico padrão nas aulas de psicologia.<ref name=":27">{{citar livro|url=https://archive.org/details/evenratwaswhiteh0000guth/page/n5/mode/2up|título=Even the rat was white: A Historical View of Psychology|ultimo=Guthrie|primeiro=Robert V.|editora=Allyn and Bacon|ano=1998|edicao=2ª|local=Boston, MA|páginas=|lingua=en|titulotrad=Até o rato era branco: Uma Visão Histórica da Psicologia|capitulo=|trad-capitulo=|isbn=0205392644|citacao=}}</ref>{{Rp|citação=Os cursos de psicologia frequentemente se tornavam veículos para propaganda eugênica. Um graduado do programa de treinamento do Record Office escreveu: 'Espero servir à causa infiltrando a eugenia nas mentes dos professores. Pode lhe interessar saber que cada aluno que faz psicologia aqui elabora sua história familiar e traça sua árvore genealógica.' Harvard, Columbia, Brown, Cornell, Wisconsin e Northwestern estavam entre as principais instituições acadêmicas que ensinavam eugenia em cursos de psicologia.|at=|em=|88–110}} Em contraste com os EUA, no Reino Unido, a psicologia foi recebida com antagonismo pelos estabelecimentos científicos e médicos e, até 1939, havia apenas seis cadeiras de psicologia nas universidades da Inglaterra.<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=oNIcvjpDQeQC&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s|título=Measurement in Psychology: A Critical History of a Methodological Concept|ultimo=Michell|primeiro=Joel|editora=Cambridge University Press|ano=1999|página=143|lingua=en|titulotrad=Medição em Psicologia: Uma História Crítica de um Conceito Metodológico|capitulo=The status of psychophysical measurement|trad-capitulo=O status da medição psicofísica|capítulourl=https://books.google.com.br/books?id=oNIcvjpDQeQC&pg=PA143&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|isbn=9781139425605}}</ref>
==== História da Psicologia no Brasil ====
É relevante afirmar que desde o período Colonial no [[Brasil]], já havia preocupações com o fenômeno psicológico, contudo não podemos afirmar que se tratava propriamente de Psicologia. O homem sendo parte fundante e personagem principal do desenvolvimento das ideias, cria e elabora ideias psicológicas, dentre tantas outras. É possível entender que também no Brasil, a Psicologia vai se desenvolvendo como ideias e posteriormente como ciência.


Durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, as agências militares e de inteligência dos EUA se estabeleceram como os principais financiadores da psicologia por meio das forças armadas e na nova agência de inteligência do [[Escritório de Serviços Estratégicos]]. O psicólogo da Universidade de Michigan, Dorwin Cartwright, relatou que os pesquisadores da universidade começaram a pesquisa de propaganda em larga escala em 1939-1941. Ele observou que "nos últimos meses da guerra, um psicólogo social se tornou o principal responsável por determinar a política de propaganda semana a semana para o governo dos Estados Unidos". Cartwright também escreveu que os psicólogos tinham papéis significativos na gestão da economia doméstica.<ref>{{citar periódico |url=https://psycnet.apa.org/record/1949-01221-001 |título=Social psychology in the United States during the second World War |data=1948 |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=Human Relations |número=3 |ultimo=Cartwright |primeiro=Dorwin |paginas=333–352 |lingua=en |titulotrad=Psicologia social nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial |doi=10.1177/001872674800100305 |pmid=18884607 |volume=1}}</ref> O Exército dos Estados Unidos lançou seu novo [[Teste de Classificação Geral do Exército Americano|Teste de Classificação Geral]] para avaliar a capacidade de milhões de soldados. O Exército também se envolveu em pesquisas psicológicas em larga escala sobre o moral e a saúde mental das tropas.<ref>{{citar livro|url=https://www.researchgate.net/publication/311641244_Occupational_Health_Psychology_Work_Stress_and_Health|título=Occupational Health Psychology: Work, Stress, and Health|ultimo=Schonfeld|primeiro=Irvin S.|ultimo2=Chang|primeiro2=Chu-Hsiang|editora=Springer Publishing Company|ano=2017|local=Nova Iorque, NY|lingua=en|titulotrad=Psicologia da Saúde Ocupacional: Trabalho, Estresse e Saúde|doi=10.1891/9780826199683|isbn=978-0826199676}}</ref> Na década de 1950, a [[Fundação Rockefeller]] e a [[Fundação Ford]] colaboraram com a [[Agência Central de Inteligência]] (CIA) para financiar pesquisas sobre [[guerra psicológica]].<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=hwVWpV6jBzoC&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s|título=Inventing the Psychological: Toward a Cultural History of Emotional Life in America|ultimo=Lutz|primeiro=Catherine|editora=Yale University Press|ano=1997|editor-sobrenome=Pfister|editor-nome=Joel|total-páginas=329|lingua=en|titulotrad=Inventando o Psicológico: Rumo a uma História Cultural da Vida Emocional na América|capitulo=Epistemology of the Bunker: The Brainwashed and Other New Subjects of Permanent War|trad-capitulo=Epistemologia do Bunker: A Lavagem Cerebral e Outros Novos Assuntos de Guerra Permanente|capítulourl=https://books.google.com/books?id=hwVWpV6jBzoC&pg=PA245|isbn=9780300070064|editor-sobrenome2=Schnog|editor-nome2=Nancy}}</ref> Em 1965, a controvérsia pública chamou a atenção para o [[Projeto Camelot]] do Exército, o "[[Projeto Manhattan]]" das [[ciências sociais]], um esforço que recrutou psicólogos e antropólogos para analisar os planos e políticas de países estrangeiros para fins estratégicos.<ref>{{citar periódico |url=https://archive.org/details/carol_cina1981_lmtd/carol_cina1981_lmtd/ |título=Social Science for Whom?: A Structural History of Social Psychology |data=1981 |acessodata=26 de setembro de 2024 |ultimo=Cina |primeiro=Carol |paginas=315–325 |lingua=en |titulotrad=Ciências Sociais para Quem?: Uma História Estrutural da Psicologia Social}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://wellcomecollection.org/works/dfyndejn|título=Psychology as politics: how psychological experts transformed public life in the United States, 1940-1970|ultimo=Herman|primeiro=Ellen|ano=1993|página=288|lingua=en|titulotrad=Psicologia como política: como especialistas em psicologia transformaram a vida pública nos Estados Unidos, 1940-1970|citacao=Se tivesse se concretizado, o CAMELOT teria sido o maior, e certamente o mais generosamente financiado, projeto de pesquisa comportamental da história dos EUA. Com um contrato de US$ 4 a 6 milhões ao longo de um período de 3 anos, foi considerado, e frequentemente chamado, um verdadeiro Projeto Manhattan para as ciências comportamentais, pelo menos por muitos dos intelectuais cujos serviços eram muito requisitados.}}</ref>
A pesquisa de Massimi (1990)<ref>[MASSIMI, M. História da Psicologia brasileira. São Paulo: Ed. Pedagógia Universitária, 1990]</ref> evidencia que os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo em várias culturas e que este objeto de estudo se denomina [[História das ideias psicológicas]]. Numa análise sobre o período colonial brasileiro, esta autora pontua que temas relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas foram produzidos.
É conveniente evidenciar também que durante o século XIX, principalmente no final deste, a psicologia esteve presente em várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os fenômenos psicológicos no interior da Medicina e da Educação. Para Antunes (2004),<ref>[ANTUNES, M.A.M.(1991). O processo de autonomização da Psicologia no Brasil - 1890/1930: uma contribuição aos estudos em História da Psicologia. São Paulo. Tese de doutorado. Puc/SP]</ref> este processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da Psicologia como área específica de saber.


Na Alemanha, após a Primeira Guerra Mundial, a psicologia detinha o poder institucional por meio dos militares, que foi posteriormente expandido junto com o resto dos militares durante a [[Alemanha Nazista|Alemanha nazista]].<ref name=":5" /> Sob a direção do primo de [[Hermann Göring]], [[Matthias Göring]], o [[Instituto Psicanalítico de Berlim]] foi renomeado para Instituto Göring. Os psicanalistas freudianos foram expulsos e perseguidos sob as políticas antijudaicas do [[Partido Nazista]], e todos os psicólogos tiveram que se distanciar de [[Sigmund Freud|Freud]] e [[Alfred Adler|Adler]], fundadores da [[psicanálise]] que também eram judeus.<ref name=":17">{{citar periódico |título=Psychotherapy in the Third Reich |data=Outono de 2012 |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=Jung Journal |publicado=Culture & Psyche |número=4 |ultimo=Cocks |primeiro=Geoffrey |paginas= |lingua=en |titulotrad=Psicoterapia no Terceiro Reich |doi=10.1525/jung.2012.6.4.25 |jstor=10.1525/jung.2012.6.4.25 |volume=26}}</ref>{{Rp|75–77}} O Instituto Göring foi baqstante financiado durante a guerra com o mandato de criar uma "Nova Psicoterapia Alemã". Essa psicoterapia visava alinhar os alemães adequados com os objetivos gerais do Reich. Conforme descrito por um médico, "Apesar da importância da análise, a orientação espiritual e a cooperação ativa do paciente representam a melhor maneira de superar os problemas mentais individuais e subordiná-los às exigências do ''[[Volk]]'' e da ''[[Gemeinschaft e Gesellschaft|Gemeinschaft]]''". Os psicólogos deveriam fornecer ''Seelenführung'' [lit., orientação da alma] e a liderança da mente, para integrar as pessoas na nova visão de uma comunidade alemã.<ref name=":17" />{{Rp|93}} Harald Schultz-Hencke fundiu a psicologia com a teoria nazista da biologia e das origens raciais, criticando a psicanálise como um estudo dos fracos e deformados.<ref name=":17" />{{Rp|citação=Para Schultz-Hencke, neste ensaio de 1934, os objetivos de vida eram determinados pela ideologia, não pela ciência. No caso da psicoterapia, ele definiu a saúde em termos de sangue, força de vontade, proficiência, disciplina (Zucht und Ordnung), comunidade, porte heróico e aptidão física. Schultz-Hencke também aproveitou a oportunidade em 1934 para criticar a psicanálise por fornecer uma tendência infeliz em direção à exculpação do criminoso.|citacao=|86–87}} [[Johannes Heinrich Schultz|Johannes H. Schultz]], um psicólogo alemão reconhecido por desenvolver a técnica de [[treinamento autógeno]], defendeu proeminentemente a esterilização e a eutanásia de homens considerados geneticamente indesejáveis e desenvolveu técnicas para facilitar esse processo.<ref>{{citar periódico |url=https://doctorsonly.co.il/wp-content/uploads/2011/12/2008_4_5.pdf |título=Johannes Heinrich Schultz and National Socialism |data=2008 |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=Israel Journal of Psychiatry |número=4 |ultimo=Brunner |primeiro=Jürgen |ultimo2=Schrempf |primeiro2=Matthias |paginas=257–262 |lingua=en |titulotrad=Johannes Heinrich Schultz e o Nacional-Socialismo |pmid=19439831 |wayb=20140912165633 |citacao=Levar essas pessoas a uma compreensão correta e profunda do dever de todo alemão na Nova Alemanha, como assistência mental preparatória e psicoterapia em geral e, em particular, para pessoas a serem esterilizadas e para pessoas que já foram esterilizadas, é um grande, importante e gratificante dever médico. |ultimo3=Stege |primeiro3=Florian |volume=45}}</ref>
Destaca-se em 1854 como primeira obra sobre a área o livro "[[Investigações de Psicologia|Investigações de Psychologia]]" do médico baiano [[Eduardo Ferreira França]], que foi influenciado pela filosofia de [[Maine de Biran]], e as teses ''Psicofisiologia acerca do Homem'' (1851), de Francisco Tavares da Cunha, e ''Relação da Medicina com as Ciências Filosóficas: Legitimidade da Psicologia'' (1864), por Ernesto Carneiro Ribeiro. A [[psicologia experimental]] foi iniciada no Brasil no final do século XIX, quando em 1897 [[Medeiros e Albuquerque]] criou no [[Pedagogium (Rio de Janeiro)|Pedagogium]] um laboratório de Psicologia Pedagógica, que teve curta duração, e outros posteriormente foram estabelecidos por [[Maurício Campos de Medeiros|Maurício de Medeiros]] e [[Manuel Bomfim]].<ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Centofanti|primeiro=Rogério|data=1982|titulo=Radecki e a Psicologia no Brasil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98931982000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Psicologia: Ciência e Profissão|lingua=pt|volume=3|numero=1|paginas=2–50|doi=10.1590/S1414-98931982000100001|issn=1414-9893|acessodata=}}</ref><ref name=":1">Hutz, Claudio Simon; Gauer, Gustavo; Gomes, William Barbosa. (2012). «[https://books.google.com.br/books?id=I5FoAgAAQBAJ&pg=PA34 Brazil]». In Baker, David B., ed. (13 de janeiro de 2012). ''The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives''. [[Digital object identifier|doi]]:[https://dx.doi.org/10.1093%2Foxfordhb%2F9780195366556.001.0001 10.1093/oxfordhb/9780195366556.001.0001]</ref> Em 1914, [[Ugo Pizzoli]] funda o Laboratório de Psicologia em [[São Paulo]], e em 1929 em [[Belo Horizonte]] é criado o Laboratório de Psicologia destinado a estudos Pedagógicos, dirigido por muitos anos por [[Helena Antipoff]].<ref name=":0" /> Em 1900, foi defendida por [[Henrique Roxo]] a primeira tese de psicologia experimental, "Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados".<ref name=":2">{{Citar periódico|ultimo=Soares|primeiro=Antonio Rodrigues|data=Dezembro de 2010|titulo=A Psicologia no Brasil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932010000500002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Psicologia: Ciência e Profissão|lingua=pt|volume=30|numero=SPE|paginas=8–41|doi=10.1590/S1414-98932010000500002|issn=1414-9893|acessodata=}}</ref> A primeira obra sobre a [[história da psicologia]] no Brasil foi ''A Psicologia Experimental no Brasil'' (1944), de [[Plínio Olinto]].<ref name=":2" />


Após a guerra, novas instituições foram criadas, embora alguns psicólogos, por causa de sua afiliação nazista, tenham sido desacreditados. [[Alexander Mitscherlich (psicólogo)|Alexander Mitscherlich]] fundou uma proeminente revista de psicanálise aplicada chamada ''Psyche''. Com financiamento da Fundação Rockefeller, Mitscherlich estabeleceu a primeira divisão de medicina psicossomática clínica na Universidade de Heidelberg. Em 1970, a psicologia foi integrada aos estudos obrigatórios dos estudantes de medicina.<ref name=":17" />{{Rp|em=|351–375}}
O polonês [[Waclaw Radecki]] é considerado por Rogério Centofanti aquele que mais influenciou o desenvolvimento inicial da psicologia no Brasil, promovendo intensamente a atividade como área separada, publicando diversas obras no Brasil, como "''Resumo do Curso de Psychologia''" (1928), Tratado de Psicologia (1929) e Tratado de Psicoterapia (1926), divulgando suas pesquisas e aplicações em um laboratório de acordo com os estudos psicológicos contemporâneos de sua época e lecionando-a em cursos a profissionais.<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":3">{{Citar periódico|ultimo=León|primeiro=Ramón|data=Janeiro de 2014|titulo=Notas acerca de psicólogos y teorías psicológicas de Europa Oriental en la historia de la psicología de América del Sur|url=http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1729-48272014000100006&lng=es&nrm=iso&tlng=es|jornal=Liberabit|volume=20|numero=1|paginas=55–72|issn=1729-4827|acessodata=}}</ref> Ele veio ao Brasil em 1923 com sua esposa, [[Halina Radecka]], que também contribuiu na teoria e prática, tendo publicado o livro "Psicologia Social" em 1960. e passou a administrar o laboratório do que era a [[Colônia de Psicopatas]] em [[Engenho de Dentro]], no [[Rio de Janeiro]], fundado por [[Gustavo Riedel]], e que se tornou o "Instituto de Psicologia" em 1932. Radecki estabeleceu um programa de formação superior profissional em psicologia que duraria quatro anos, mas o Instituto foi encerrado no mesmo ano durante o [[governo Vargas]] e não pôde desempenhar suas atividades. Radecki mudou-se para o [[Uruguai]] e [[Argentina]], enquanto o setor do Instituto foi continuado por médicos brasileiros que eram seus discípulos.<ref name=":0" /><ref name=":3" />

Após a [[Revolução Russa de 1917|Revolução Russa]], os [[Bolchevique|bolcheviques]] promoveram a psicologia como uma forma de projetar o "Novo Homem" do socialismo. Consequentemente, os departamentos de psicologia da universidade treinaram um grande número de alunos em psicologia. Após a conclusão do treinamento, foram disponibilizadas vagas para esses alunos em escolas, locais de trabalho, instituições culturais e nas forças armadas. O Estado russo enfatizou a [[paidologia]] e o estudo do desenvolvimento infantil. [[Lev Vygotsky]] tornou-se proeminente no campo do desenvolvimento infantil.<ref name=":18" /> Os bolcheviques também promoveram o [[amor livre]] e abraçaram a doutrina da psicanálise como um antídoto para a repressão sexual.<ref name=":19">{{citar livro|url=https://archive.org/details/psychologyinutop0000kozu/page/n5/mode/2up|título=Psychology in Utopia: toward a social history of Soviet psychology|ultimo=Kozulin|primeiro=Alex|editora=MIT Press|ano=1984|local=Cambridge, MA|lingua=en|titulotrad=Psicologia na Utopia: rumo a uma história social da psicologia soviética|isbn=0-262-11087-3|oclc=10122631}}</ref>{{Rp|citação=Contra tal pano de fundo, não é de todo surpreendente que a psicanálise, como uma teoria que se aventurou a abordar o tema proibido, mas atual, das relações sexuais, tenha sido abraçada pela recém-nascida psicologia soviética. A psicanálise também atraiu o interesse da psicologia soviética como uma tendência materialista que havia desafiado as credenciais da psicologia introspectiva clássica. A relutância do establishment pré-revolucionário em propagar a psicanálise também desempenhou um papel positivo nos anos pós-revolucionários; era um campo não comprometido por laços com a ciência do antigo regime.|84–86}}<ref>{{Citar notícia|ultimo=Proctor|primeiro=Hannah|url=https://thenewinquiry.com/reason-displaces-all-love/|titulo=Reason Displaces All Love|data=14 de fevereiro de 2014|acessodata=27 de setembro de 2024|website=The New Inquiry|lingua=en|titulotrad=A Razão Substitui Todo o Amor|arquivourl=https://archive.ph/2JhDn|arquivodata=27 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> Embora a pedologia e os testes de inteligência tenham caído em desuso em 1936, a psicologia manteve sua posição privilegiada como instrumento da União Soviética.<ref name=":18" /> Os [[Grande Expurgo|expurgos stalinistas]] cobraram um alto preço e incutiram um clima de medo na profissão, como em outras partes da sociedade soviética.<ref name=":19" />{{Rp|citação=Os expurgos de Stalin na década de 1930 não pouparam os psicólogos soviéticos. Os principais filósofos marxistas associados anteriormente à psicologia — incluindo Yuri Frankfurt, Nikolai Karev e Ivan Luppol — foram executados em campos de prisioneiros. O mesmo destino aguardava Alexei Gastev e Isaak Shipilrein. Aqueles que sobreviveram viviam em uma atmosfera de total suspeita. ... Pessoas que dominavam seus campos ontem poderiam ser denunciadas hoje como traidoras e inimigas do povo, e amanhã seus nomes poderiam desaparecer de todos os registros públicos. Livros e jornais eram constantemente recolhidos das bibliotecas para livrá-los de nomes e referências 'obsoletos'.|22}} Após a Segunda Guerra Mundial, psicólogos judeus do passado e do presente, incluindo [[Lev Vygotsky]], [[Alexander Luria|A.R. Luria]] e Aron Zalkind, foram denunciados; Ivan Pavlov (postumamente) e o próprio Stalin foram celebrados como heróis da psicologia soviética.<ref name=":19" />{{Rp|25–26, 48–49}} Os acadêmicos soviéticos experimentaram um certo grau de liberalização durante o [[degelo de Kruschev]]. Os tópicos da cibernética, linguística e genética tornaram-se aceitáveis novamente. O novo campo da [[psicologia da engenharia]] surgiu. O campo envolveu o estudo dos aspectos mentais de trabalhos complexos (como piloto e cosmonauta). Os estudos interdisciplinares tornaram-se populares e estudiosos como [[Georgy Shchedrovitsky]] desenvolveram abordagens de teoria dos sistemas para o comportamento humano.<ref name=":19" />{{Rp|citacao=Georgy Schedrovitsky, que atualmente está no Instituto de Psicologia de Moscou, pode ser destacado como o teórico mais proeminente trabalhando no contexto da pesquisa de sistemas. [...] Esta é a segunda tese principal de Schedrovitsky: A atividade não deve ser considerada como um atributo do indivíduo, mas sim como um sistema abrangente que 'captura' indivíduos e os 'força' a se comportar de uma certa maneira. Esta abordagem pode ser rastreada até a afirmação de Wilhelm Humboldt de que não é o homem que tem a linguagem como um atributo, mas sim a linguagem que 'possui' o homem. [...] A abordagem da atividade de Schedrovitsky foi aplicada com sucesso ao design de sistemas homem-máquina e à avaliação de fatores humanos no planejamento urbano.|27–33}}

A psicologia chinesa do século XX originalmente se inspirou na psicologia dos EUA, com traduções de autores americanos como William James, o estabelecimento de departamentos e periódicos universitários de psicologia e o estabelecimento de grupos, incluindo a Associação Chinesa de Testes Psicológicos (1930) e a [[Sociedade Chinesa de Psicologia]] (1937). Os psicólogos chineses foram encorajados a se concentrar na educação e no aprendizado de idiomas. Os psicólogos chineses foram atraídos pela ideia de que a educação permitiria a modernização. John Dewey, que lecionou para o público chinês entre 1919 e 1921, teve uma influência significativa na psicologia na China. O chanceler [[Cai Yuanpei|T'sai Yuan-p'ei]] apresentou-o na [[Universidade de Pequim]] como um pensador maior do que Confúcio. [[Zing-Yang Kuo|Kuo Zing-yang]], que recebeu um PhD na Universidade da Califórnia, Berkeley, tornou-se presidente da Universidade de Zhejiang e popularizou o [[behaviorismo]].<ref name=":20">{{citar livro|url=https://archive.org/details/psychologicalres0000chin/page/n3/mode/2up|título=Psychological research in Communist China, 1949-1966|ultimo=Chin|primeiro=Robert|ultimo2=Chin|primeiro2=Ai-li S.|editora=M.I.T. Press|ano=1969|local=Cambridge, MA|lingua=en|titulotrad=Investigação psicológica na China Comunista, 1949-1966|isbn=978-0-262-03032-8|oclc=192767}}</ref>{{Rp|5-9}} Depois que o [[Partido Comunista da China|Partido Comunista Chinês]] ganhou o controle do país, a União Soviética stalinista tornou-se a principal influência, com o [[marxismo-leninismo]] sendo a principal doutrina social e o condicionamento pavloviano como os meios aprovados de mudança de comportamento. Os psicólogos chineses elaboraram o modelo de Lenin de uma consciência "reflexiva", imaginando uma "consciência ativa" ({{Zh|p=tzu-chueh neng-tung-li}}) capaz de transcender as condições materiais por meio do trabalho árduo e da luta ideológica. Eles desenvolveram um conceito de "reconhecimento" ({{Zh|p=tzu-chueh neng-tung-li}}) que se referia à interface entre as percepções individuais e a visão de mundo socialmente aceita;a falha em corresponder à doutrina do partido era um “reconhecimento incorreto”.<ref name=":20" />{{Rp|citacao=A psicologia soviética na qual Pequim se modelou foi a psicologia marxista-leninista com uma base filosófica no materialismo dialético e um rótulo recém-adicionado, pavlovianismo. Essa nova psicologia soviética se apoiou fortemente na teoria da reflexão de Lenin, que foi descoberta em seus dois volumes publicados postumamente em 1924. No final dos anos 20, um grupo de psicólogos pesquisadores soviéticos liderados por Vygotskii, junto com Luria e Leont'ev, lançou as bases para uma abordagem marxista-leninista ao desenvolvimento psíquico.|9-17}} A educação em psicologia foi centralizada na [[Academia Chinesa de Ciências]], supervisionada pelo [[Conselho de Estado da República Popular da China|Conselho de Estado]]. Em 1951, a academia criou um Escritório de Pesquisa em Psicologia, que em 1956 se tornou o Instituto de Psicologia. Como a maioria dos psicólogos importantes foi educada nos Estados Unidos, a primeira preocupação da academia foi a reeducação desses psicólogos nas doutrinas soviéticas. A psicologia e a pedagogia infantil com o propósito de uma educação nacionalmente coesa continuaram sendo um objetivo central da disciplina.<ref name=":20" />{{Rp|18–24}}

=== Mulheres na psicologia ===

==== 1900 - 1949 ====
As mulheres no início dos anos 1900 começaram a fazer descobertas importantes no mundo da psicologia. Em 1923, [[Anna Freud]],<ref>{{Citar notícia|ultimo=Noor|primeiro=Iqra|url=https://www.simplypsychology.org/anna-freud.html|titulo=Anna Freud: Theory & Contributions To Psychology|data=24 de janeiro de 2024|acessodata=25 de setembro de 2024|website=24 de janeiro de 2024|lingua=en|titulotrad=Anna Freud: Teoria e Contribuições para a Psicologia|arquivourl=https://archive.ph/AuDwi|arquivodata=25 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> filha de [[Sigmund Freud]], baseou-se no trabalho de seu pai usando diferentes [[Mecanismo de defesa|mecanismos de defesa]] (negação, repressão e supressão) para [[Psicanálise|psicanalisar]] crianças. Ela acreditava que, uma vez que uma criança atingisse o [[período de latência]], a [[Psicanálise infantil|análise infantil]] poderia ser usada como um modo de [[terapia]]. Ela afirmou que é importante focar no ambiente da criança, apoiar seu desenvolvimento e prevenir a [[neurose]]. Ela acreditava que uma criança deveria ser reconhecida como uma pessoa com direito próprio e ter cada sessão atendendo às necessidades específicas da criança. Ela as encorajou a desenhar, mover-se livremente e se expressar de qualquer maneira. Isso ajudou a construir uma forte aliança terapêutica com pacientes infantis, o que permite que os psicólogos observem seu comportamento normal. Ela continuou sua pesquisa sobre o impacto das crianças após a separação familiar, crianças com origens socioeconomicamente desfavorecidas e todos os estágios do desenvolvimento infantil, desde a infância até a adolescência.

A [[periodicidade funcional]], a crença de que as mulheres ficam deficientes mentais e físicas durante a [[menstruação]], impactou os [[direitos das mulheres]] porque os empregadores eram menos propensos a contratá-las devido à crença de que seriam incapazes de trabalhar por 1 semana por mês. [[Leta Stetter Hollingworth]] queria provar que essa hipótese e a teoria de [[Edward L. Thorndike]], de que as mulheres têm menos traços psicológicos e físicos do que os homens e eram simplesmente medíocres, estavam incorretas. Hollingworth trabalhou para provar que as diferenças não eram da superioridade genética masculina, mas da cultura. Ela também incluiu o conceito de comprometimento das mulheres durante a menstruação em sua pesquisa. Ela registrou performances de mulheres e homens em tarefas (cognitivas, perceptivas e motoras) por três meses. Nenhuma evidência foi encontrada de diminuição do desempenho devido ao [[ciclo menstrual]] de uma mulher.<ref>{{citar web|url=https://psychclassics.yorku.ca/Hollingworth/Periodicity/|titulo=Leta Stetter Hollingworth (1914)|data=Julho de 2000|acessodata=26 de setembro de 2024|website=Classics in the History of Psychology|lingua=en|arquivourl=https://archive.ph/14IfX|arquivodata=26 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> Ela também desafiou a crença de que a inteligência é herdada e as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens. Ela afirmou que as mulheres não alcançam posições de poder devido às normas sociais e papéis que lhes são atribuídos. Como ela afirma em seu artigo, "''Variability as related to sex differences in achievement: A Critique''",<ref>{{citar periódico |título=Variability as Related to Sex Differences in Achievement: A Critique |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=American Journal of Sociology |número=4 |ultimo=Hollingworth |primeiro=Leta S. |paginas=510-530 |lingua=en |titulotrad=Variabilidade Relacionada às Diferenças de Desempenho Entre os Sexos: Uma Crítica |doi=10.1086/212287 |issn=0002-9602 |jstor=2762962 |volume=19 |doi-access=free |jstor-access=free}}</ref> o maior problema que as mulheres têm é a ordem social que foi construída devido à suposição de que as mulheres têm menos interesses e habilidades do que os homens. Para provar ainda mais seu ponto, ela completou outro experimento com bebês que não foram influenciados pelo ambiente das normas sociais, como o homem adulto tendo mais oportunidades do que as mulheres. Ela não encontrou diferença entre os bebês além do tamanho. Depois que esta pesquisa provou que a hipótese original estava errada, Hollingworth foi capaz de mostrar que não há diferença entre os traços fisiológicos e psicológicos de homens e mulheres, e as mulheres não são prejudicadas durante a [[menstruação]].<ref>{{Citar notícia|ultimo=Weinberger|primeiro=Jessica|url=https://www.talkspace.com/blog/important-women-in-history-psychology-therapy/|titulo=The Incredible Influence of Women in Psychology|data=2 de março de 2020|acessodata=26 de setembro de 2024|website=Talkspace|lingua=en|titulotrad=A incrível influência das mulheres na psicologia|arquivourl=https://archive.ph/WFosF|arquivodata=26 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref>

A primeira metade dos anos 1900 foi repleta de novas teorias e foi um ponto de virada para o reconhecimento das mulheres no campo da psicologia. Além das contribuições feitas por [[Leta Stetter Hollingworth]] e [[Anna Freud]], [[Mary Whiton Calkins]] inventou uma técnica de estudar a memória e desenvolveu a [[autopsicologia]].<ref>{{citar web|url=https://www.apa.org/about/governance/president/bio-mary-whiton-calkins|titulo=Mary Whiton Calkins: 1905 APA President|data=2011|acessodata=26 de setembro de 2024|website=APA|lingua=en|titulotrad=Mary Whiton Calkins: Presidente da APA em 1905|arquivourl=https://archive.ph/jjdDz|arquivodata=26 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> [[Karen Horney]] desenvolveu o conceito de "[[Inveja do útero e da vagina|inveja do útero]]" e necessidades neuróticas.<ref>{{citar web|url=https://www.britannica.com/biography/Karen-Horney|titulo=Karen Horney|acessodata=26 de setembro de 2024|website=[[Encyclopedia Britannica]]|lingua=en|arquivourl=https://archive.ph/2sobK|arquivodata=26 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> A psicanalista [[Melanie Klein]] impactou a [[psicologia do desenvolvimento]] com sua pesquisa de [[ludoterapia]].<ref>{{citar web|url=https://psychoanalysis.org.uk/our-authors-and-theorists/melanie-klein|titulo=Melanie Klein|acessodata=26 de setembro de 2024|website=Institute of Psychoanalysis|lingua=en|arquivourl=https://archive.ph/NdUqe|arquivodata=26 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref> Essas grandes descobertas e contribuições foram feitas durante lutas contra o [[sexismo]], a [[discriminação]] e pouco reconhecimento por seus trabalhos.

==== 1950 - 1999 ====
As mulheres na segunda metade do século 20 continuaram a fazer pesquisas que tiveram impactos em grande escala no campo da psicologia. O trabalho de [[Mary Ainsworth]] centrou-se na [[teoria do apego]]. Com base no colega psicólogo [[John Bowlby]], Ainsworth passou anos fazendo [[trabalho de campo]] para entender o desenvolvimento das relações mãe-bebê. Ao fazer esta pesquisa de campo, Ainsworth desenvolveu o ''Strange Situation Procedur''e, um procedimento de laboratório destinado a estudar o padrão de apego, separando e unindo uma criança com sua mãe várias vezes diferentes em diferentes circunstâncias. Esses estudos de campo também são onde ela desenvolveu sua [[teoria do apego]] e a ordem dos [[Teoria do apego#Padrões de apego|padrões de apego]], que foi um marco para a [[psicologia do desenvolvimento]].<ref>{{citar web|url=http://www.highbeam.com/doc/1G2-3456300011.html|titulo=Ainsworth, Mary D. Salter|data=2005|acessodata=28 de setembro de 2024|website=HighBeam Research|publicado=Psychologists and Their Theories for Students|lingua=en|urlmorta=sim|wayb=20150323101023}}</ref><ref>{{Citar notícia|ultimo=Ravo|primeiro=Nick|url=https://www.nytimes.com/1999/04/07/us/mary-ainsworth-85-theorist-on-mother-infant-attachment.html|titulo=Mary Ainsworth, 85, Theorist On Mother-Infant Attachment|data=7 de abril de 1999|acessodata=28 de setembro de 2024|website=[[The New York Times]]|lingua=en|titulotrad=Mary Ainsworth, 85, teórica sobre o apego mãe-bebê|issn=0362-4331|arquivourl=https://archive.ph/3AUKM|arquivodata=20 de outubro de 2014|urlmorta=não|acessourl=subscrição}}</ref> Por causa de seu trabalho, Ainsworth se tornou uma das psicólogas mais citadas de todos os tempos.<ref>{{citar periódico |título=The 100 Most Eminent Psychologists of the 20th Century |data=Junho de 2002 |acessodata=26 de setembro de 2024 |periódico=Review of General Psychology |publicado=American Psychological Association. |número=2 |ultimo=Haggbloom |primeiro=Steven J. |ultimo2=Warnick |primeiro2=Renee |paginas=139–152 |lingua=en |titulotrad=Os 100 psicólogos mais eminentes do século 20 |doi=10.1037/1089-2680.6.2.139 |issn=1089-2680 |ultimo3=Warnick |primeiro3=Jason E. |ultimo4=Jones |primeiro4=Vinessa K. |ultimo5=Yarbrough |primeiro5=Gary L. |ultimo6=Russell |primeiro6=Tenea M. |ultimo7=Borecky |primeiro7=Chris M. |ultimo8=McGahhey |primeiro8=Reagan |ultimo9=Powell, III |primeiro9=John L. |numero-autores=5 |volume=6}}</ref> [[Mamie Phipps Clark]] foi outra mulher na psicologia que mudou o campo com sua pesquisa. Ela foi uma das primeiras afro-americanas a receber um doutorado em psicologia pela [[Universidade Columbia]], junto com seu marido, [[Kenneth e Mamie Clark|Kenneth Clark]]. Sua tese de mestrado, "O Desenvolvimento da Consciência em Crianças Negras em Idade Pré-Escolar", argumentou que a [[autoestima]] das crianças negras foi impactada negativamente pela discriminação racial. Ela e o marido conduziram pesquisas com base em sua tese ao longo da década de 1940. Esses testes, chamados de [[Kenneth e Mamie Clark#Testes de bonecas|testes de bonecas]], pediam às crianças pequenas que escolhessem entre bonecas idênticas cuja única diferença era a raça, e descobriram que a maioria das crianças preferia as bonecas brancas e atribuía características positivas a elas. Repetidos várias vezes, esses testes ajudaram a determinar os efeitos negativos da [[discriminação racial]] e da [[Segregação racial|segregação]] na [[autoimagem]] e no desenvolvimento das crianças negras. Em 1954, esta pesquisa ajudaria a decidir a decisão histórica do [[caso Brown v. Board of Education]], levando ao fim da segregação legal em todo o país. Clark passou a ser uma figura influente na psicologia, seu trabalho continuando a se concentrar na juventude minoritária.<ref>{{citar web|url=https://www.apa.org/pi/oema/resources/ethnicity-health/psychologists/clark|titulo=Mamie Phipps Clark, PhD, and Kenneth Clark, PhD|data=2012|acessodata=28 de setembro de 2024|website=APA|lingua=en|titulotrad=Mamie Phipps Clark, PhD, e Kenneth Clark, PhD|arquivourl=https://archive.ph/HlSZ6|arquivodata=28 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref>

À medida que o campo da psicologia se desenvolveu ao longo da segunda metade do século 20, as mulheres no campo defenderam que suas vozes fossem ouvidas e suas perspectivas valorizadas. O [[Segunda onda do feminismo|feminismo de segunda onda]] não perdeu a psicologia. A psicóloga e feminista, [[Naomi Weisstein]], que era uma pesquisadora em psicologia e [[neurociência]], em seu artigo, "''Kirche, Kuche, Kinder as Scientific Law: Psychology Constructs the Female''", criticou o campo da psicologia por centralizar os homens e usar demais a biologia para explicar as diferenças de gênero sem levar em conta os fatores sociais.<ref>{{citar periódico |título=Psychology Constructs the Female; or the Fantasy Life of the Male Psychologist (with Some Attention to the Fantasies of his Friends, the Male Biologist and the Male Anthropologist) |data=Junho de 1993 |acessodata=28 de setembro de 2024 |periódico=Feminism & Psychology |número=2 |ultimo=Weisstein |primeiro=Naomi |paginas=194–210 |lingua=en |titulotrad=A psicologia constrói o feminino; ou a vida fantasiosa do psicólogo masculino (com alguma atenção às fantasias de seus amigos, do biólogo masculino e do antropólogo masculino) |doi=10.1177/0959353593032005 |issn=0959-3535 |volume=3}}</ref> Seu trabalho preparou o terreno para mais pesquisas a serem feitas em psicologia social, especialmente na [[construção social de gênero]].<ref>{{citar periódico |título=Naomi Weisstein (1939–2015) |data=2016 |acessodata=28 de setembro de 2024 |periódico=American Psychologist |número=1 |ultimo=Rutherford |primeiro=Alexandra |ultimo2=Ball |primeiro2=Laura C. |pagina=77 |lingua=en |doi=10.1037/a0039886 |issn=1935-990X |pmid=26766770 |volume=71}}</ref> Outras mulheres no campo também continuaram defendendo as mulheres na psicologia, criando a ''[[Association for Women in Psychology]]'' para criticar a forma como o campo tratava as mulheres. [[E. Kitsch Child]], [[Phyllis Chesler]] e [[Dorothy Riddle]] foram alguns dos membros fundadores da organização em 1969.<ref>{{Citar notícia|url=https://www.chicagotribune.com/1993/02/14/e-kitch-childs/|titulo=E. KITCH CHILDS|data=14 de fevereiro de 1993|acessodata=28 de setembro de 2024|website=Chicago Tribune|lingua=en|urlmorta=sim|wayb=20240704160208}}</ref><ref>{{Citar noticia|ultimo=Reinhold|primeiro=Robert|url=https://www.nytimes.com/1970/09/06/archives/women-criticize-psychology-unit-1million-in-reparations-is-demanded.html|titulo=WOMEN CRITICIZE PSYCHOLOGY UNIT|data=6 de setembro de 1970|acessodata=28 de setembro de 2024|website=[[The New York Times]]|lingua=en|titulotrad=MULHERES CRITICAM UNIDADE DE PSICOLOGIA|issn=0362-4331|arquivourl=https://archive.ph/vNjtb|arquivodata=28 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref>

A segunda metade do século 20 diversificou ainda mais o campo da psicologia, com mulheres negras alcançando novos marcos. Em 1962, [[Martha Bernays|Martha Bernal]] se tornou a primeira mulher latina a obter um PhD em psicologia. Em 1969, Marigold Linton, a primeira mulher nativa americana a obter um PhD em psicologia, fundou a ''[[National Indian Education Association]]''. Ela também foi membro fundadora da Society for ''[[Advancement of Chicanos and Native Americans in Science]]''. Em 1971, a ''Network of Indian Psychologists'' foi criada por [[Carolyn Attneave]]. Harriet McAdoo foi nomeada para a ''White House Conference on Families'' em 1979.<ref name=":21">{{citar web|url=https://www.apa.org/pi/women/iampsyched/timeline|titulo=Women in Psychology Timeline|data=2018|acessodata=28 de setembro de 2024|website=APA|lingua=en|titulotrad=Linha do tempo das mulheres na psicologia|arquivourl=https://archive.ph/dqQFA|arquivodata=28 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref>

==== 2000 - Atualmente ====
A Dra. [[Kay Redfield Jamison]], nomeada uma das "Melhores Médicas dos Estados Unidos" pela [[Time (revista)|revista Time]], é palestrante, psicóloga e escritora. Ela é conhecida por suas vastas contribuições modernas para o transtorno bipolar e seus livros ''[[Uma mente inquieta]]''<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=3O82iMI7bqwC|título=Uma mente inquieta|ultimo=Jamison|primeiro=Kay R.|editora=WMF Martins Fontes|outros=Traduzido por Waldéa Barcellos|ano=2009|edicao=2ª|total-páginas=288|isbn=978-8578271817}}</ref> e ''Nothing Was the Same''<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=2i8uUIc99FMC&redir_esc=y|título=Nothing Was the Same|ultimo=Jamison|primeiro=Kay R.|editora=Knopf Doubleday Publishing Group|ano=2009|total-páginas=256|lingua=en|titulotrad=Nada Era Igual|isbn=9780307273130}}</ref> Tendo ela mesma [[transtorno bipolar]], ela escreveu várias memórias sobre sua experiência com [[Ideação suicida|pensamentos suicidas]], comportamentos maníacos, [[Depressão (humor)|depressão]] e outros problemas que surgem por ser [[Transtorno bipolar|bipolar]].<ref name=":22">{{citar web|url=https://blog.zencare.co/famous-women-in-psychology/|titulo=Celebrating Women Leaders in Psychology: Past and Present|acessodata=29 de setembro de 2024|website=Zencare|lingua=en|titulotrad=Celebrando Mulheres Líderes em Psicologia: Passado e Presente|arquivourl=https://archive.ph/OGk1H|arquivodata=29 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref>

A Dra. [[Angela Neal-Barnett]] vê a psicologia através de uma lente negra e dedicou sua carreira a se concentrar no estudo da [[ansiedade]] das mulheres afro-americanas. Ela fundou a organização ''Rise Sally Rise'', que ajuda mulheres negras a lidar com a ansiedade. Ela publicou seu trabalho ''Soothe Your Nerves: The Black Woman's Guide to Understanding and Overcoming Anxiety, Panic and Fear''<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=n79UzrcgedoC&redir_esc=y|título=Soothe Your Nerves: The Black Woman's Guide to Understanding and Overcoming Anxiety, Panic, and Fearz|ultimo=Neal-Barnett|primeiro=Angela|editora=Simon and Schuster|ano=2010|total-páginas=224|lingua=en|titulotrad=Acalme seus nervos: o guia da mulher negra para entender e superar a ansiedade, o pânico e o medo|isbn=9781451603637}}</ref> em 2003.<ref name=":22" />

Em 2002, a Dra. Teresa LaFromboise, ex-presidente da ''Society of Indian Psychologists'' recebeu o Prêmio de Contribuição Distinta de Carreira para Pesquisa da APA da Sociedade para o Estudo Psicológico da Cultura, Etnia e Raça por sua pesquisa sobre [[prevenção do suicídio]]. Ela foi a primeira pessoa a liderar uma intervenção para crianças e adolescentes nativos americanos que utilizou a prevenção do suicídio baseada em evidências. Ela passou sua carreira dedicada a ajudar jovens de minorias raciais e étnicas a lidar com ajustes e pressões culturais.<ref name=":21" />

A Dra. Shari Miles-Cohen, psicóloga e ativista política, aplicou uma lente negra, feminista e de classe a todos os seus estudos psicológicos. Ajudando questões progressistas e feministas, ela foi diretora executiva de muitas ONGs. Em 2007, ela se tornou Diretora Sênior do Escritório de Programas para Mulheres da [[Associação Americana de Psicologia]]. Portanto, ela foi uma das criadoras da "Linha do Tempo das Mulheres na Psicologia" da APA, que apresenta as realizações de mulheres negras na psicologia. Ela é bem conhecida por co-editar ''Eliminating Inequities for Women with Disabilities: An Agenda for Health and Wellness'',<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=M_tajwEACAAJ&redir_esc=y|título=Eliminating Inequities for Women with Disabilities: An Agenda for Health and Wellness|ultimo=Miles-Cohen|primeiro=Shari E.|ultimo2=Signore|primeiro2=Caroline|editora=American Psychological Association|ano=2016|total-páginas=296|lingua=en|titulotrad=Eliminando as desigualdades para mulheres com deficiência: uma agenda para saúde e bem-estar|isbn=9781433822537|ultimoamp=}}</ref> seu artigo publicado no ''Women's Reproductive Health Journal'' sobre a luta de mulheres negras com a gravidez e o pós-parto (publicado em 2018) e co-autora do "''APA Handbook of the Psychology of Women''".<ref>{{citar web|url=https://www.apa.org/pi/women/programs/leadership/shari-miles-cohen|titulo=Shari E. Miles-Cohen, PhD|data=2019|acessodata=28 de setembro de 2024|website=APA|lingua=en|urlmorta=sim|wayb=20191101010914}}</ref>

=== No Brasil ===
É relevante afirmar que desde o período Colonial no [[Brasil]], já havia preocupações com o fenômeno psicológico, contudo não podemos afirmar que se tratava propriamente de psicologia. O homem sendo parte fundante e personagem principal do desenvolvimento das ideias, cria e elabora ideias psicológicas, dentre tantas outras. É possível entender que também no Brasil, a psicologia vai se desenvolvendo como ideias e posteriormente como ciência.

A pesquisa de Massimi<ref>{{citar livro|título=História Da Psicologia Brasileira|subtítulo=Da época colonial até 1934|ultimo=Massimi|primeiro=Marina|editora=‎EPU|ano=1990|total-páginas=82|isbn=978-8512603605}}</ref> evidencia que os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo em várias culturas e que este objeto de estudo se denomina [[História das ideias psicológicas]]. Numa análise sobre o período colonial brasileiro, esta autora pontua que temas relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas foram produzidos. É conveniente evidenciar também que durante o século XIX, principalmente no final deste, a psicologia esteve presente em várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os fenômenos psicológicos no interior da medicina e da educação. Para Antunes,<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/A_psicologia_no_Brasil.html?id=rj_PBAAAQBAJ&redir_esc=y#:~:text=Pensando%20a%20psicologia%20como%20constru%C3%A7%C3%A3o%20hist%C3%B3rica%2C%20a%20autora,do%20trabalho%20de%20algumas%20institui%C3%A7%C3%B5es%20m%C3%A9dicas%20e%20educacionais.|título=A psicologia no Brasil: Leitura histórica sobre sua constituição|ultimo=Antunes|primeiro=Mitsuko A. M.|editora=EDUC – Editora da PUC-SP|ano=2014|total-páginas=134|lingua=en|isbn=9788528304947}}</ref> este processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da psicologia como área específica de saber.

Destaca-se em 1854 como primeira obra sobre a área o livro [[Investigações de Psicologia|''Investigações de Psychologia'']] do médico baiano [[Eduardo Ferreira França]], que foi influenciado pela filosofia de [[Maine de Biran]], e as teses ''Psicofisiologia acerca do Homem'', de Francisco Tavares da Cunha, e ''Relação da Medicina com as Ciências Filosóficas: Legitimidade da Psicologia'', por Ernesto Carneiro Ribeiro. A [[psicologia experimental]] foi iniciada no Brasil no final do século XIX, quando em 1897 [[Medeiros e Albuquerque]] criou no [[Pedagogium (Rio de Janeiro)|Pedagogium]] um laboratório de psicologia pedagógica, que teve curta duração, e outros posteriormente foram estabelecidos por [[Maurício Campos de Medeiros|Maurício de Medeiros]] e [[Manuel Bomfim]].<ref name=":0">{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98931982000100001&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Radecki e a Psicologia no Brasil |data=1982 |acessodata= |jornal=Psicologia: Ciência e Profissão |numero=1 |ultimo=Centofanti |primeiro=Rogério |paginas=2–50 |lingua= |doi=10.1590/S1414-98931982000100001 |issn=1414-9893 |volume=3}}</ref><ref name=":1">{{citar livro|url=|título=The Oxford Handbook of the History of Psychology: Global Perspectives|ultimo=Gomes|primeiro=William B.|ultimo2=Hutz|primeiro2=Claudio S.|ultimo3=Gauer|primeiro3=Gustavo|editora=Oxford University Press|ano=2012|editor-sobrenome=Baker|editor-nome=David B.|páginas=34-50|lingua=en|capitulo=Brazil|trad-capitulo=Brasil|capítulourl=https://academic.oup.com/edited-volume/35476/chapter-abstract/303845876?redirectedFrom=fulltext|doi=10.1093/oxfordhb/9780195366556.013.0003|isbn=9780199710652|capitulourl=}}</ref> Em 1914, [[Ugo Pizzoli]] funda o Laboratório de Psicologia em [[São Paulo]], e em 1929 em [[Belo Horizonte]] é criado o Laboratório de Psicologia destinado a estudos Pedagógicos, dirigido por muitos anos por [[Helena Antipoff]].<ref name=":0" /> Em 1900, foi defendida por [[Henrique Roxo]] a primeira tese de psicologia experimental, ''Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados''.<ref name=":2">{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932010000500002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=A Psicologia no Brasil |data=Dezembro de 2010 |acessodata= |jornal=Psicologia: Ciência e Profissão |numero=SPE |ultimo=Soares |primeiro=Antonio R. |paginas=8–41 |lingua= |doi=10.1590/S1414-98932010000500002 |issn=1414-9893 |volume=30}}</ref> A primeira obra sobre a [[história da psicologia]] no Brasil foi ''A Psicologia Experimental no Brasil'', de [[Plínio Olinto]].<ref name=":2" />

O polonês [[Waclaw Radecki]] é considerado por Rogério Centofanti aquele que mais influenciou o desenvolvimento inicial da psicologia no Brasil, promovendo intensamente a atividade como área separada, publicando diversas obras no Brasil, como ''Resumo do Curso de Psychologia'', ''Tratado de Psicologia'' e ''Tratado de Psicoterapia'', divulgando suas pesquisas e aplicações em um laboratório de acordo com os estudos psicológicos contemporâneos de sua época e lecionando-a em cursos a profissionais.<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":3">{{Citar periódico |url=http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1729-48272014000100006&lng=es&nrm=iso&tlng=es |titulo=Notas acerca de psicólogos y teorías psicológicas de Europa Oriental en la historia de la psicología de América del Sur |data=Janeiro de 2014 |acessodata=23 de setembro de 2024 |jornal=Liberabit |numero=1 |ultimo=León |primeiro=Ramón |paginas=55–72 |lingua=es |issn=1729-4827 |volume=20}}</ref> Ele veio ao Brasil em 1923 com sua esposa, [[Halina Radecka]], que também contribuiu na teoria e prática, tendo publicado o livro ''Psicologia Social'' em 1960. e passou a administrar o laboratório do que era a [[Colônia de Psicopatas]] em [[Engenho de Dentro]], no [[Rio de Janeiro]], fundado por [[Gustavo Riedel]], e que se tornou o "Instituto de Psicologia" em 1932. Radecki estabeleceu um programa de formação superior profissional em psicologia que duraria quatro anos, mas o Instituto foi encerrado no mesmo ano durante o [[governo Vargas]] e não pôde desempenhar suas atividades. Radecki mudou-se para o [[Uruguai]] e [[Argentina]], enquanto o setor do Instituto foi continuado por médicos brasileiros que eram seus discípulos.<ref name=":0" /><ref name=":3" />


Uma portaria de 1946 reconhece o diploma de psicólogo, mas é em 1962 pela Lei nº 4.119 que o curso de formação profissional em psicologia é oficializado no [[MEC]]. Em 20 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nº 5.766 que cria os [[Conselho Federal de Psicologia do Brasil|Conselhos Federal e Regionais de Psicologia]] e regulamenta a profissão de [[psicólogo]], e no mesmo ano foi realizado o I Encontro Nacional das Sociedades de Psicologia.<ref name=":2" />
Uma portaria de 1946 reconhece o diploma de psicólogo, mas é em 1962 pela Lei nº 4.119 que o curso de formação profissional em psicologia é oficializado no [[MEC]]. Em 20 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nº 5.766 que cria os [[Conselho Federal de Psicologia do Brasil|Conselhos Federal e Regionais de Psicologia]] e regulamenta a profissão de [[psicólogo]], e no mesmo ano foi realizado o I Encontro Nacional das Sociedades de Psicologia.<ref name=":2" />


== Organizações disciplinares ==
=== Perspectivas atuais ===
Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para mais informações, ver os artigos principais indicados e ainda [[psicoterapia]].


=== Instituições ===
==== A perspectiva biológica ====
Em 1920, [[Édouard Claparède]] e [[Pierre Bovet]] criaram uma nova organização de psicologia aplicada chamada Congresso Internacional de Psicotécnica Aplicada à Orientação Vocacional, mais tarde chamada de Congresso Internacional de Psicotécnica e depois [[Associação Internacional de Psicologia Aplicada]] (IAAP).<ref name=":14" /> A IAAP é considerada a mais antiga associação internacional de psicologia.<ref name=":23">{{citar livro|url=|título=Handbook of Psychology|ultimo=Austin|primeiro=John R.|ultimo2=Barkunek|primeiro2=Jean M.|editora=John Wiley & Sons|ano=2003|editor-sobrenome=Weiner|editor-nome=Irving B.|edicao=|volume=12|total-páginas=816|titulotrad=Manual de Psicologia|capitulo=Organization Change and Development In Practice and in Theory|trad-capitulo=Mudança e Desenvolvimento Organizacional Na Prática e Na Teoria|capítulourl=|isbn=9781118282007|editor-sobrenome2=Schmitt|editor-nome2=Neal W.|editor-sobrenome3=Highhouse|editor-nome3=Scott|ultimoamp=s}}</ref> Hoje, pelo menos 65 grupos internacionais lidam com aspectos especializados da psicologia.<ref name=":23" /> Em resposta à predominância masculina no campo, as psicólogas nos EUA formaram o ''National Council of Women Psychologists'' em 1941. Esta organização tornou-se o ''International Council of Women Psychologists'' após a Segunda Guerra Mundial e o ''International Council of Psychologists'' em 1959. Várias associações, incluindo a ''[[Association of Black Psychologists]]'' e a ''Asian American Psychological Association'', surgiram para promover a inclusão de grupos raciais não europeus na profissão.<ref name=":23" />
{{Artigo principal|Psicologia biológica}}[[Ficheiro:Psi and Caduceus.svg|direita|190px|thumbnail|O [[Bordão de Esculápio|caduceu de Asclépio]] é apenas uma cobra enrolada em um bastão. O erro cometido acima é bastante comum todavia, já que por ignorância, algumas entidades ligadas a medicina acabam utilizando o símbolo do [[Caduceu]], o bastão do deus Hermes, símbolo visto em áreas voltadas ao comércio e a comunicação. Enquanto símbolo da [[psicologia médica]] é usado juntamente com o emblema da psicologia, a letra grega "psi" = Ψ]]
A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no funcionamento dos [[genes]], do [[cérebro]] e dos sistemas [[sistema nervoso|nervoso]] e [[sistema endócrino|endócrino]]. O comportamento e os processos mentais são assim compreendidos com base nas estruturas corporais e nos processos bioquímicos no corpo humano, de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito próxima das áreas da [[genética]], da [[neurociência]] e da [[neurologia]] e por isso está intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da predisposição genética e do meio ambiente na formação da pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas como pensamento, memória e percepção.<ref name="Zimbardo"/>


A [[União Internacional de Ciências Psicológicas]] (IUPsyS) é a federação mundial de sociedades nacionais de psicologia. A IUPsyS foi fundada em 1951 sob os auspícios da [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura|Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência]] (UNESCO).<ref name=":14" /><ref name=":24">{{citar livro|título=Internationalizing the History of Psychology|ultimo=Taiana|primeiro=Cecilia|editora=NYU Press|ano=2006|editor-sobrenome=Brock|editor-nome=Adrian C.|páginas=183-207|lingua=en|titulotrad=Internacionalizando a História da Psicologia|capitulo=Psychology in the Eurocentric Order of the Social Sciences: Colonial Constitution, Cultural Imperialist Expansion, Postcolonial Critique|trad-capitulo=Psicologia na Ordem Eurocêntrica das Ciências Sociais: Constituição Colonial, Expansão Imperialista Cultural, Crítica Pós-colonial|capítulourl=|isbn=9780814799444|jstor=j.ctt9qg8nj.14}}</ref> Desde então, os departamentos de psicologia proliferaram em todo o mundo, com base principalmente no modelo euro-americano.<ref name=":9" /><ref name=":24" /> Desde 1966, a União publica o ''International Journal of Psychology''.<ref name=":14" /> A IAAP e a IUPsyS concordaram em 1976 em realizar um congresso a cada quatro anos, de forma escalonada.<ref name=":23" />
O campo contemporâneo da [[biopsicologia]] ou neurociência comportamental concentra-se nas causas físicas que sustentam o comportamento. Por exemplo, psicólogos fisiológicos usam modelos animais, geralmente ratos, para estudar os mecanismos neurais, genéticos e celulares que fundamentam comportamentos específicos, como aprendizagem e memória e respostas de medo.<ref>Pinel, John (2010). ''Biopsychology''. New York: Prentice Hall. ISBN <bdi>978-0-205-83256-9</bdi>.</ref> [[Neurociência cognitiva|Neurocientistas cognitivos]] investigam os [[Correlato neural da consciência|correlatos neurais]] de processos psicológicos em humanos usando ferramentas de imagem neural, e neuropsicólogos conduzem avaliações psicológicas para determinar, por exemplo, aspectos específicos e extensão do déficit cognitivo causado por dano cerebral ou doença. O [[modelo biopsicossocial]] é uma perspectiva integrada para a compreensão da consciência, do comportamento e da interação social. Assume que qualquer comportamento ou processo mental afeta e é afetado por fatores biológicos, psicológicos e sociais dinamicamente inter-relacionados.<ref>Richard Frankel; Timothy Quill; Susan McDaniel (2003). ''The Biopsychosocial Approach: Past, Present, Future''. Boydell & Brewer. ISBN <bdi>978-1-58046-102-3</bdi>.</ref>


A IUPsyS reconhece 66 associações nacionais de psicologia e existem pelo menos outras 15.<ref name=":23" /> A [[Associação Americana de Psicologia]] é a maior e mais antiga.<ref name=":23" /> Seu número de membros aumentou de 5.000 em 1945 para 100.000 nos dias atuais.<ref name=":12" /> A APA inclui [[Associação Americana de Psicologia#Divisões|54 divisões]], que desde 1960 têm proliferado constantemente para incluir mais especialidades. Algumas dessas divisões, como a [[Sociedade para o Estudo Psicológico de Questões Sociais]] e a [[Sociedade Americana de Psicologia-Direito]], começaram como grupos autônomos.<ref name=":23" />
A [[psicologia evolucionista]] examina a cognição e os traços de personalidade de uma perspectiva evolutiva. Essa perspectiva sugere que adaptações psicológicas evoluíram para resolver problemas recorrentes em ambientes ancestrais humanos. A psicologia evolucionista oferece explicações complementares para as explicações mais proximais ou de desenvolvimento por outras áreas da psicologia: isto é, ela se concentra principalmente sobre perguntas mais últimas do tipo "por quê?", em vez de aproximar a questões do tipo "como?". Questões "como?" são abordadas mais diretamente pela pesquisa de [[genética comportamental]], que visa compreender como os genes e o ambiente impactam o comportamento.<ref>McGue M, Gottesman II (2015). "Behavior Genetics". ''The Encyclopedia of Clinical Psychology''. pp. 1–11. doi:[[doi:10.1002/9781118625392.wbecp578|10.1002/9781118625392.wbecp578]]. ISBN <bdi>978-1-118-62539-2</bdi>.</ref> Assim, a genética do comportamento costuma enfatizar mais as diferenças individuais, como nas psicopatologias, ao invés das características evolutivas gerais da espécie. Nessa perspectiva, pesquisas de [[herdabilidade]] são conduzidas para indicar o grau de contribuição de fatores inatos e adquiridos à constituição da mente, enfatizando o debate [[Inato ou adquirido|natureza ''versus'' criação]]. O esforço de síntese entre esses diferentes níveis de análise, de interação genética ao ambiente físico e sociocultural, é buscado atualmente na área chamada de [[sociobiologia]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=vjc9DQAAQBAJ&pg=PA323|título=Genética do Comportamento - 5ª Edição|ultimo=Plomin|primeiro=Robert|ultimo2=DeFries|primeiro2=John C.|ultimo3=McClearn|primeiro3=Gerald E.|ultimo4=McGuffin|primeiro4=Peter|data=2016-10-01|editora=Artmed Editora|lingua=pt}}</ref> Novos fatores estão sendo descobertos como pontes de conexão, tal como a [[epigenética do comportamento]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=-ycTDgAAQBAJ&pg=PA151|título=The Cognitive Neurosciences|ultimo=Blaze|primeiro=Jennifer|ultimo2=Roth|primeiro2=Eric D.|ultimo3=Roth|primeiro3=Tania L.|data=2014-10-24|editora=MIT Press|editor-sobrenome=Gazzaniga|editor-nome=Michael S.|local=|página=|páginas=|lingua=en|capitulo=The Contribution of Genetics, Epigenetics, and Early Life Experiences to Behavior|editor-sobrenome2=Mangun|editor-nome2=George R.|editor-sobrenome3=Blakemore|editor-nome3=Sarah-Jayne}}</ref>


A [[Sociedade Interamericana de Psicologia]], fundada em 1951, tem um objetivo de promover a psicologia em todo o Hemisfério Ocidental. Realiza o Congresso Interamericano de Psicologia e tinha 1.000 membros no ano 2000. A Federação Europeia de Associações Profissionais de Psicologia, fundada em 1981, representa 30 associações nacionais com um total de 100.000 membros individuais. Pelo menos 30 outras organizações internacionais representam psicólogos em diferentes regiões.<ref name=":23" />
===== Psicologia médica =====
{{Artigo principal|[[Psicologia médica]]}}
O processo saúde-doença tem uma atenção especial e pode ser compreendido de diferentes formas além do direcionado ao tratamento do [[Transtorno mental|distúrbio mental]] propriamente dito. Inicialmente abordado pela [[psicopatologia]], advinda da distinção progressiva do objeto da [[neurologia]] e [[psiquiatria]], e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da importância dos fatores [[Emoção|emocionais]] no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes na [[Hipócrates|medicina hipocrática]] e na [[homeopatia]], contudo foi somente em meados do século XX que surgiram aplicações da psicologia nas intervenções clínicas atualmente denominadas por [[Psicossomática|medicina psicossomática]], [[psicologia médica]], [[psicologia hospitalar]] e [[psicologia da saúde]].<ref>Gorayeb, Ricardo; Guerrelhas, Fabiana. Sistematização da prática psicológica em ambientes médicos. Rev. bras.ter. comport. cogn. v.5 n.1 São Paulo jun. 2003 [http://pepsic.homolog.bvsalud.org/pdf/rbtcc/v5n1/v5n1a03.pdf Disponível em pdf.]{{Ligação inativa|1=2020-02-25}} Dez. 2010</ref>


Em alguns lugares, os governos regulam legalmente quem pode fornecer serviços psicológicos ou se apresentar como "psicólogo".<ref>Por exemplo, consulte {{citar web|url=https://www.oregonlegislature.gov/bills_laws/lawsstatutes/2013ors675.html|titulo=Oregon State Law, Chapter 675|data=|acessodata=29 de setembro de 2024|website=Statutes & Rules Relating to the Practice of Psychology|lingua=en|titulotrad=Lei Estadual do Oregon, Capítulo 675|arquivourl=https://archive.ph/20150406055541/https://www.oregonlegislature.gov/bills_laws/lawsstatutes/2013ors675.html|arquivodata=6 de abril de 2015|urlmorta=sim|edicao=2013}}</ref> A APA define um psicólogo como alguém com doutorado em psicologia.<ref>{{citar livro|url=|título=Handbook of Psychology|ultimo=Hall|primeiro=Judy E.|ultimo2=Hurley|primeiro2=George|editora=John Wiley & Sons|ano=2003|editor-sobrenome=Weiner|editor-nome=Irving B.|edicao=|volume=12|total-páginas=816|titulotrad=Manual de Psicologia|capitulo=North American Perspectives on Education, Training, Licensing, and Credentialing|trad-capitulo=Perspectivas norte-americanas sobre educação, treinamento, licenciamento e credenciamento|capítulourl=|isbn=9781118282007|editor-sobrenome2=Schmitt|editor-nome2=Neal W.|editor-sobrenome3=Highhouse|editor-nome3=Scott|ultimoamp=s}}</ref>
==== A perspectiva psicodinâmica ====
{{Artigo principal|Psicologia dinâmica}}
Segundo a perspectiva [[psicodinâmica]], o comportamento é movido e motivado por uma série de forças psíquicas internas, e descreve a mente com base em conceitos de energia, tensão, instintos, [[pulsões]] e desejos, como as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro.


=== Barreiras ===
A perspectiva psicodinâmica ficou mais conhecida na forma da [[teoria psicanalítica]], a partir dos trabalhos do médico [[Viena|vienense]] [[Sigmund Freud]] (1856–1939) com pacientes psiquiátricos; mas ele acreditava serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O [[Teoria Psicanalítica|modelo freudiano]] é notoriamente reconhecido por enfatizar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso, Freud dava muita importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da [[personalidade]]. A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela ideia de descobrir os mistérios mais profundos do ser humano.<ref name="Zimbardo"/>
Os primeiros praticantes da psicologia experimental se distinguiram da [[parapsicologia]], que no final do século XIX gozava de popularidade (incluindo o interesse de estudiosos como William James). Algumas pessoas consideravam a parapsicologia parte da "psicologia". Parapsicologia, [[hipnotismo]] e [[psiquismo]] foram os principais tópicos nos primeiros Congressos Internacionais. Mas os estudantes dessas áreas acabaram sendo condenados ao ostracismo e mais ou menos banidos do Congresso em 1900-1905.<ref name=":14" /> A parapsicologia persistiu por um tempo na Universidade Imperial do Japão, com publicações como ''Clairvoyance and Thoughtography'', de Tomokichi Fukurai, mas foi amplamente rejeitada em 1913.<ref name=":15" />


Como disciplina, a psicologia há muito procura se defender das acusações de que é uma [[Ciência dura e suave|ciência "suave"]]. A crítica de 1962 do filósofo da ciência [[Thomas Kuhn]] implicava que a psicologia em geral estava em um estado pré-paradigma, sem acordo sobre o tipo de teoria abrangente encontrada em ciências duras maduras, como química e física.<ref>{{citar livro|url=http://projektintegracija.pravo.hr/_download/repository/Kuhn_Structure_of_Scientific_Revolutions.pdf|título=The Structure of Scientific Revolutions|ultimo=Kuhn|primeiro=Thomas|editora=University of Chicago Press|ano=1962|edicao=1ª|local=Chicago|total-páginas=264|titulotrad=A Estrutura das Revoluções Científicas|isbn=9780226458113|wayb=20141020001221}}</ref> Como algumas áreas da psicologia dependem de métodos de pesquisa, como autorrelatos em pesquisas e questionários, os críticos afirmaram que a psicologia não é uma ciência objetiva. Os céticos sugeriram que a personalidade, o pensamento e a emoção não podem ser medidos diretamente e muitas vezes são inferidos a partir de autorrelatos subjetivos, o que pode ser problemático. Psicólogos experimentais desenvolveram uma variedade de maneiras de medir indiretamente essas entidades fenomenológicas indescritíveis.<ref>{{citar periódico |url= |título=Time to abandon the subjective–objective divide? |data=2002 |acessodata=30 de setembro de 2024 |periódico=Psychiatric Bulletin |publicado=Cambridge University Press |número=3 |ultimo=Beveridge |primeiro=Allan |ano= |lingua=en |titulotrad=É hora de abandonar a divisão entre subjetivo e objetivo? |doi=10.1192/pb.26.3.101 |volume=26 |doi-access=free}}</ref><ref>{{Citar noticia|ultimo=Peterson|primeiro=Christopher|url=https://www.psychologytoday.com/intl/blog/the-good-life/200905/subjective-and-objective-research-in-positive-psychology|titulo=Subjective and Objective Research in Positive Psychology: A biological characteristic is linked to well-being|data=23 de maio de 2009|acessodata=30 de setembro de 2024|website=Psychology Today|lingua=en|titulotrad=Pesquisa Subjetiva e Objetiva em Psicologia Positiva: Uma característica biológica está ligada ao bem-estar|arquivourl=https://archive.ph/4mO2d|arquivodata=30 de setembro de 2024|urlmorta=não}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=n0W2QQuZ7IEC&redir_esc=y|título=Affective Neuroscience: The Foundations of Human and Animal Emotions|ultimo=Panksepp|primeiro=Jaak|editora=Oxford University Press|ano=2004|local=Nova Iorque|página=9|lingua=en|titulotrad=Neurociência Afetiva: Os Fundamentos das Emoções Humanas e Animais|isbn=9780198025672|autorlink=Jaak Panksepp}}</ref>
==== A perspectiva analítica ====
{{Artigo principal|[[Psicologia analítica]]}}
Em reação à perspectiva psicodinâmica, [[Carl Gustav Jung]] começou a desenvolver um sistema teórico que chamou, originalmente, de "[[Psicologia dos Complexos]]", mais tarde chamando-o de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, esta corrente se dedica a entender profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente<!-- Não confundir psicologia analítica, que considera o inconsciente, com as práticas psicanalíticas por Sigmund Freud. Ambas se distanciam muito em suas epistemologias. -->. Nessa teoria, enquanto o [[inconsciente pessoal]] consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o [[inconsciente coletivo]] é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os [[arquétipos]]: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos, considera-se também provável que em nosso psiquismo exista um material psíquico contendo alguma analogia com os instintos.


Ainda existem divisões dentro do campo, com alguns psicólogos mais orientados para as experiências únicas de humanos individuais, que não podem ser entendidas apenas como pontos de dados dentro de uma população maior. Críticos dentro e fora do campo argumentaram que a psicologia convencional se tornou cada vez mais dominada por um "culto ao empirismo", que limita o escopo da pesquisa porque os investigadores se restringem a métodos derivados das ciências físicas.<ref name=":25">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/The_Critique_of_Psychology.html?id=CZTygIN_XaoC&redir_esc=y|título=The Critique of Psychology: From Kant to Postcolonial Theory|ultimo=Teo|primeiro=Thomas|editora=Springer Science & Business Media|ano=2005|edicao=ilustrada, comentada|local=Nova Iorque|total-páginas=240|titulotrad=A Crítica da Psicologia: De Kant à Teoria Pós-colonial|doi=10.1007/b107225|isbn=9780387253558}}</ref>{{Rp|citacao=Metodologismo significa que o método domina o problema, os problemas são escolhidos em subordinação ao método respeitado, e a psicologia tem que adotar, sem questionamentos, os métodos das ciências naturais. [...] De uma perspectiva epistemológica e ontológico-crítica, bem como de uma perspectiva humano-científica, o experimento em psicologia tem valor limitado (por exemplo, apenas para processos psicológicos básicos), dada a natureza do assunto psicológico e a realidade das pessoas e suas capacidades.|36-37}} As críticas feministas argumentaram que as reivindicações de objetividade científica obscurecem os valores e a agenda de pesquisadores (historicamente) principalmente do sexo masculino.<ref name=":16" /> Jean Grimshaw, por exemplo, argumenta que a pesquisa psicológica convencional avançou uma agenda patriarcal por meio de seus esforços para controlar o comportamento.<ref name=":25" />{{Rp|citação=Permeável nas críticas feministas à ciência, com exceção do empirismo feminista, está a rejeição dos pressupostos positivistas, incluindo o pressuposto da neutralidade de valores ou de que a investigação só pode ser objetiva se a subjetividade e as dimensões emocionais forem excluídas, quando na verdade a cultura, a personalidade, e as instituições desempenham papéis significativos (ver Longino, 1990; Longino & Doell, 1983). Para a psicologia, Grimshaw (1986) discutiu os objetivos de modificação do behaviorismo, sugerindo que os princípios behavioristas reforçavam uma posição hierárquica entre controlador e controlado e que o behaviorismo era, em princípio, um programa antidemocrático.|120}}
==== A perspectiva comportamentalista ====
{{Artigo principal|[[Behaviorismo]]}}
A perspectiva comportamentalista procura explicar o comportamento pelo estudo de relações funcionais interdependentes entre eventos ambientais (estímulos) e fisiológicos (respostas). A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo enquanto organismo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições, para as consequências que essa reação lhe traz e para os efeitos que essas consequências produzem. Os adeptos dessa corrente entendem o comportamento como uma relação interativa de transformação mútua entre o organismo e o ambiente que o cerca na qual os padrões de conduta são naturalmente selecionados em função de seu valor adaptativo.<ref>{{citar web|url=https://psicoeduca.com.br/psicologia/historia-da-psicologia/34-skinner-e-o-conceito-de-ciencia-natural|titulo=Skinner e o novo conceito de Ciência Natural|data=17-02-2017|acessodata=12-05-2020|publicado=Psico Educa|ultimo=Mazin|primeiro=Gabriel}}</ref> Trata-se de uma aplicação do modelo [[evolucionismo|evolucionista]] de [[Charles Darwin]] ao estudo do comportamento que reconhece três níveis de seleção — o filogenético (que abrange comportamentos adquiridos hereditariamente pela história de seleção da espécie), o ontogenético (que abrange comportamentos adquiridos pela história vivencial do indivíduo) e o cultural (restrito à espécie humana, abrange os comportamentos controlados por regras, estímulos verbais, transmitidos e acumulados ao longo de gerações por meio da linguagem). A [[Análise do Comportamento]], ciência que verifica tais postulados teóricos, baseia-se sobretudo em experimentos empíricos, controlados e de alto rigor metodológico com animais que levaram ao descobrimento de processos de [[condicionamento]] e formulação de muitas técnicas aplicáveis ao ser humano. Foi uma das mais fortes influências para práticas psicológicas posteriores, a maior no hemisfério norte atualmente. Destaca-se das demais correntes da Psicologia por não se fundamentar em abordagens restritamente teóricas e pela exclusiva rejeição do modelo de pensamento dualista que divide a constituição humana em duas realidades ontologicamente independentes, o corpo físico e a mente [[metafísica]] — ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos tais como emoções, sentimentos e pensamentos/cognições são entendidos como substancialmente materiais e sujeitos às mesmas leis naturais do comportamento, sendo logo, classificados como eventos ou comportamentos encobertos/privados. Tal entendimento não rejeita a existência da subjetividade, como popularmente se imagina, mas destituí a mesma de um funcionamento automatista. As práticas terapêuticas derivadas desse tipo de estudo estão entre as mais eficientes e cientificamente reconhecidas{{Carece de fontes|data=pmbThu, 27 Jan 2022 23:38:44 +000038quinta-feira de 2018}}<!-- {{carece de fontes|reason=Não há um consenso a respeito de tal afirmação|data=abril de 2018}} --> e são, portanto, preferencialmente empregadas no tratamento de transtornos psiquiátricos. O modelo de estudo analítico-comportamental é também vastamente empregado na [[Farmacologia]] moderna e nas [[Neurociências]].


== Principais escolas de pensamento ==
==== A perspectiva humanista ====
{{Artigo principal|[[Psicologia humanista]]}}
Em reação às correntes Comportamentalista e Psicodinâmica, surgiu nos anos 50 do século XX a [[perspectiva existêncial-humanista]], que vê o homem não como um ser controlado por pulsões interiores nem por condições impostas pelo ambiente, mas como um ser ativo e autônomo, que busca, conscientemente, seu próprio crescimento e desenvolvimento, apresentando uma tendência à auto realização. A principal fonte de conhecimento da abordagem psicológica humanista é o estudo biográfico, com a finalidade de descobrir como a pessoa vivencia sua existência e entende sua experiência, por meio de um introspeccionismo. Ao contrário do [[Comportamentalismo]], que valoriza a observação externa, a perspectiva humanista procura um entendimento [[holístico]] do ser humano e está intimamente relacionada à epistemologia [[fenomenologia|fenomenológica]]. Exerceu grande influência sobre a [[psicoterapia]].<ref name="Zimbardo"/>


=== Biológica ===
==== A perspectiva cognitiva ====
{{Artigo principal|[[Psicologia cognitiva]]}}
{{Artigo principal|Neurociência cognitiva}}
[[Ficheiro:Simulated Connectivity Damage of Phineas Gage 4 vanHorn PathwaysDamaged.jpg|miniaturadaimagem|Representações em cores falsas das vias das [[Substância branca#Fibras|fibras cerebrais]] afetadas, de acordo com Van Horn et al.{{Ran|V|p=3}}]]
A "virada cognitiva" foi uma reação teórica às limitações instrumentais do [[comportamentalismo]] que excluía a análise inferencial da investigação psicológica. O foco central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento — atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. Moldar o comportamento do paciente através da reflexão para adequá-lo à realidade pelo questionamento retórico e a reorganização de crenças. A perspectiva cognitivista se dedica assim à compreensão dos processos cognitivos que influenciam o comportamento — a capacidade do indivíduo de imaginar alternativas antes de se tomar uma decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas, de criar imagens mentais do mundo que o cerca — e à influência do comportamento sobre os processos cognitivos — como o modo de pensar se modifica de acordo com o comportamento e suas consequências. Logo, nota-se que apesar de fortemente influenciada pelo Comportamentalismo, posto que técnicas terapêuticas envolvem, na maioria das vezes, a planificação de metas de condicionamento operante, a Psicologia Cognitivista retoma o modelo convencional das demais correntes psicológicas por afirmar a existência de uma dicotomia entre processos mentais e comportamentais, ainda que reconhecendo uma interdependência entre eles.
Os psicólogos geralmente consideram a biologia o substrato do pensamento e do sentimento e, portanto, uma importante área de estudo. A neurociência comportamental, também conhecida como psicobiologia, envolve a aplicação de princípios biológicos ao estudo dos mecanismos fisiológicos e genéticos subjacentes ao comportamento em humanos e outros animais. O campo aliado da [[psicologia comparada]] é o estudo científico do comportamento e dos processos mentais de animais não humanos.<ref>{{citar livro|url=|título=Handbook of Psychology|ultimo=Gallagher|primeiro=Nelson|ultimo2=Randy J.|primeiro2=George|editora=John Wiley & Sons|ano=2003|editor-sobrenome=Weiner|editor-nome=Irving B.|edicao=|volume=|página=xiii|total-páginas=816|titulotrad=Manual de Psicologia|capitulo=Volume Preface|trad-capitulo=Prefácio do volume|capítulourl=|isbn=9781118282007|editor-sobrenome2=Schmitt|editor-nome2=Neal W.|editor-sobrenome3=Highhouse|editor-nome3=Scott|ultimoamp=s}}</ref> Uma questão importante na neurociência comportamental tem sido se e como as funções mentais estão localizadas no cérebro. De [[Phineas Gage]] a [[H.M.]] e [[Clive Wearing]], pessoas individuais com déficits mentais rastreáveis a danos cerebrais físicos inspiraram novas descobertas nessa área.<ref name=":28">{{citar livro|url=|título=Handbook of Psychology|ultimo=Thompson|primeiro=Richard F.|ultimo2=Zola|primeiro2=Stuart M.|editora=John Wiley & Sons|ano=2003|editor-sobrenome=Weiner|editor-nome=Irving B.|edicao=|volume=|página=|total-páginas=816|titulotrad=|capitulo=Biological Psychology|trad-capitulo=Psicobiologia|capítulourl=|isbn=9781118282007|editor-sobrenome2=Schmitt|editor-nome2=Neal W.|editor-sobrenome3=Highhouse|editor-nome3=Scott|ultimoamp=s}}</ref> Pode-se dizer que a neurociência comportamental moderna se originou na década de 1870, quando na França [[Paul Broca]] rastreou a produção da fala até o giro frontal esquerdo, demonstrando também a lateralização hemisférica da função cerebral. Logo depois, [[Carl Wernicke]] identificou uma área relacionada necessária para a compreensão da fala.<ref>{{citar livro|título=The working brain: an introduction to neuropsychology|ultimo=Luria|primeiro=Alexandre|editora=Basic Books|outros=Traduzido por Basil Haigh|ano=1973|editor-link=|local=Nova Iorque|lingua=en|titulotrad=O cérebro em funcionamento: uma introdução à neuropsicologia|isbn=0-465-09208-X|oclc=832187|autorlink=Alexander Luria}}</ref>{{Rp|20–22}}


O campo contemporâneo da [[neurociência comportamental]] se concentra na base física do comportamento. Os neurocientistas comportamentais usam modelos animais, muitas vezes contando com ratos, para estudar os mecanismos neurais, genéticos e celulares subjacentes aos comportamentos envolvidos no aprendizado, memória e respostas ao medo.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/biopsychology0000pine_m3b6|título=Biopsychology|ultimo=Pinel|primeiro=John P.|editora=Prentice Hall|ano=2010|local=Nova Iorque|lingua=en|titulotrad=Psicobiologia|isbn=978-0-205-83256-9}}</ref> [[Neurociência cognitiva|Neurocientistas cognitivos]], usando ferramentas de imagem neural, investigam os correlatos neurais de processos psicológicos em humanos. Os [[Neuropsicologia|neuropsicólogos]] realizam avaliações psicológicas para determinar como o comportamento e a cognição de um indivíduo estão relacionados ao cérebro. O [[modelo biopsicossocial]] é um modelo holístico interdisciplinar que diz respeito às maneiras pelas quais as inter-relações de fatores biológicos, psicológicos e socioambientais afetam a saúde e o comportamento.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/biopsychosociala0000unse_r5z0/page/n5/mode/2up|título=The Biopsychosocial Approach: Past, Present, Future|ultimo=Frankel|primeiro=Richard|ultimo2=Quill|primeiro2=Timothy|ultimo3=McDaniel|primeiro3=Susan|editora=Boydell & Brewer|ano=2003|local=Rochester, NY|total-páginas=330|lingua=en|titulotrad=A abordagem biopsicossocial: passado, presente e futuro|doi=10.1176/appi.ajp.162.7.1398|isbn=978-1-58046-102-3}}</ref>
==== A perspectiva evolucionista ====
{{Artigo principal|Psicologia evolucionista}}
A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela [[teoria da evolução]], explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como a [[antropologia]] e a [[arqueologia]].<ref name="Zimbardo"/>


A [[psicologia evolucionista]] aborda o pensamento e o comportamento de uma perspectiva [[Evolução|evolutiva]] moderna. Essa perspectiva sugere que as adaptações psicológicas evoluíram para resolver problemas recorrentes em ambientes ancestrais humanos. Os psicólogos evolucionistas tentam descobrir como os traços psicológicos humanos são adaptações evoluídas, os resultados da [[seleção natural]] ou [[seleção sexual]] ao longo da evolução humana.<ref>{{citar periódico |título=Behavior Genetics |data=2015 |acessodata=2 de outubro de 2024 |periódico=The Encyclopedia of Clinical Psycholog |ultimo=McGue |primeiro=Matt |ultimo2=Gottesman |primeiro2=Irving I. |paginas=1–11 |lingua=en |titulotrad=Genética do Comportamento |doi=10.1002/9781118625392.wbecp578 |isbn=978-1-118-62539-2}}</ref>
==== A perspectiva cultural ====
{{Artigo principal|Psicologia cultural-histórica}}
Já em 1927 o antropólogo [[Bronislaw Malinowski]] criticava a psicologia — na época a psicanálise de Freud — por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da cultura na formação da personalidade.<ref name="Zimbardo" />


A história dos fundamentos biológicos da psicologia inclui evidências de racismo. A ideia de supremacia branca e, de fato, o próprio conceito moderno de raça surgiu durante o processo de conquista do mundo pelos europeus.<ref name=":27" />{{Rp|3–33}} A classificação quádrupla de humanos de [[Lineu]] classifica os europeus como inteligentes e severos, os americanos como contentes e livres, os asiáticos como ritualísticos e os africanos como preguiçosos e caprichosos. A raça também foi usada para justificar a construção de transtornos mentais socialmente específicos, como [[Drapetomania|''drapetomania'']] e [[Disestesia aethiopica|''disestesia aethiopica'']] — o comportamento de escravizados africanos não cooperativos.<ref name=":27" />{{Rp|113–134}} Após a criação da psicologia experimental, a "psicologia étnica" surgiu como uma subdisciplina, baseada na suposição de que o estudo de raças primitivas forneceria um elo importante entre o comportamento animal e a psicologia de humanos mais evoluídos.<ref name=":27" />{{Rp|34–54}}
==== A perspectiva social ====
{{Artigo principal|Psicologia social}}
A psicologia social é composta por diversas teorias e práticas, sendo que, de forma geral, seu ensino nos cursos de graduação em Psicologia também não apresentam uma congruência de diretrizes. Em discussões mais calorosas a respeito do tema sobressai a busca por uma forma de atuação com compromisso social, o que acaba desencadeando à procura por teorias e metodologias de intervenção social.<ref>{{citar livro|título=Abordagens em Psicologia Social e seu ensino|ultimo=CALEGARE|primeiro=Marcelo Gustavo Aguilar|editora=TransForm. Psicol. (Online)|ano=2010|local=São Paulo|páginas=30-53|acessodata=}}</ref>


=== Behaviorista ===
Seu início se deu nos Estados Unidos no período pós-guerra, já em nosso país o desenvolvimento desta foi condicionado por um conjunto de determinações históricas que condicionaram seus fundamentos e suas características. O contexto histórico no qual surgiu a sistematização dos estudos dos fenômenos psicossociais ([[Primeira Guerra Mundial|I Guerra Mundial]]) impulsionou a necessidade de compreender as crises pelas quais a sociedade estava passando, seus pontos de ruptura e reconstrução, e impacto sobre os indivíduos da mesma.
{{Artigo principal|Behaviorismo|Behaviorismo radical}}
[[Ficheiro:Skinner teaching machine 01.jpg|miniaturadaimagem|A [[Máquina de ensinar de Skinner|máquina de ensinar]] de Skinner uma invenção mecânica para automatizar a tarefa de [[instrução programada]]]]
[[Ficheiro:Little Albert experiment (1920).webm|miniaturadaimagem|O filme do experimento do Pequeno Albert]]
Um princípio da pesquisa comportamental é que uma grande parte do comportamento humano e animal inferior é aprendida. Um princípio associado à pesquisa comportamental é que os mecanismos envolvidos na aprendizagem se aplicam a humanos e animais não humanos. Pesquisadores comportamentais desenvolveram um tratamento conhecido como modificação de comportamento, que é usado para ajudar os indivíduos a substituir comportamentos indesejáveis por comportamentos desejáveis.


Os primeiros pesquisadores comportamentais estudaram pares estímulo-resposta, agora conhecidos como [[condicionamento clássico]]. Eles demonstraram que quando um estímulo biologicamente potente (por exemplo, alimento que provoca salivação) é emparelhado com um estímulo previamente neutro (por exemplo, um sino) ao longo de várias tentativas de aprendizado, o estímulo neutro por si só pode vir a provocar a resposta que o estímulo biologicamente potente provoca. [[Ivan Pavlov]] — mais conhecido por induzir cães a salivar na presença de um estímulo anteriormente ligado à comida - tornou-se uma figura importante na União Soviética e inspirou seguidores a usar seus métodos em humanos.<ref name=":18" /> Nos Estados Unidos, [[Edward L. Thorndike|Edward Lee Thorndike]] iniciou estudos "[[Conexionismo|conexionistas]]" prendendo animais em "caixas de quebra-cabeça" e recompensando-os por escapar. Thorndike escreveu em 1911: "Não pode haver garantia moral para estudar a natureza do homem, a menos que o estudo nos permita controlar seus atos".<ref name=":10" />{{Rp|212–215}} De 1910 a 1913, a [[Associação Americana de Psicologia]] passou por uma mudança radical de opinião, afastando-se do [[Mentalismo (psicologia)|mentalismo]] e em direção ao "behaviorismo". Em 1913, John B. Watson cunhou o termo behaviorismo para essa escola de pensamento.<ref name=":10" />{{Rp|218–227}} O famoso [[experimento do Pequeno Albert]] de Watson em 1920 foi inicialmente pensado para demonstrar que o uso repetido de ruídos altos perturbadores poderia incutir fobias (aversões a outros estímulos) em um bebê humano,<ref name=":26" /><ref>{{citar periódico |url=https://psycnet.apa.org/record/2006-01667-001 |título=Conditioned emotional responses |acessodata=2 de outubro de 2024 |periódico=Journal of Experimental Psychology |número=1 |ultimo=Watson, |primeiro=John B. |ultimo2=Rayner |primeiro2=Rosalie |ano=2002 |anooriginal=1920 |paginas=70–76 |lingua=en |titulotrad=Respostas emocionais condicionadas |doi=10.1037/h0069608 |volume=3 |via=Hock, Forty Studies}}</ref> embora tal conclusão fosse provavelmente um exagero.<ref>{{citar periódico |url=http://htpprints.yorku.ca/archive/00000198/01/BHARRIS.HTM |título=Whatever Happened to Little Albert? |data=Fevereiro de 1979 |acessodata=2 de outubro de 2024 |periódico=American Psychologist |número=2 |ultimo=Harris |primeiro=Ben |paginas=151–160 |lingua=en |titulotrad=O que aconteceu com o Pequeno Albert? |doi=10.1037/0003-066X.34.2.151 |arquivourl=https://archive.today/20120803155410/http://htpprints.yorku.ca/archive/00000198/01/BHARRIS.HTM#selection-15.0-15.35 |arquivodata=3 de agosto de 2012 |urlmorta=sim |volume=34 |via=History & Theory of Psychology Eprint Archive}}</ref> [[Karl Lashley]], um colaborador próximo de Watson, examinou as manifestações biológicas de aprendizagem no cérebro.<ref name=":28" />
A força da pesquisa do viés pragmático e seus procedimentos experimentais chegou a seu ponto mais forte durante a segunda Guerra Mundial. O intuito da psicologia social norte-americana na época era encontrar fórmulas de adequamento individual perante a sociedade. Em toda América Latina, incluindo o Brasil, foi possível notar as influências norte-americanas nos estudos, pesquisa e formação de profissionais da área da psicologia social, porém, apenas na década de 60 foi fundada a Associação Latino-Americana de Psicologia Social (ALAPSO), cujas atividades, inicialmente, tomaram a psicologia social norte-americana como referencial.


[[Clark L. Hull]], [[Edwin Guthrie]] e outros fizeram muito para ajudar o behaviorismo a se tornar um paradigma amplamente utilizado.<ref name=":12" /> Um novo método de condicionamento "instrumental" ou "[[Condicionamento operante|operante]]" acrescentou os conceitos de [[reforço]] e [[punição]] ao modelo de mudança de comportamento. Os [[Behaviorismo radical|behavioristas radicais]] evitavam discutir o funcionamento interno da mente, especialmente a mente inconsciente, que consideravam impossível de avaliar cientificamente.<ref>{{citar periódico |título=Looking for Skinner and finding Freud |data=2007 |acessodata=5 de outubro de 2024 |periódico=American Psychologist |número=6 |ultimo=Overskeid |primeiro=Geir |paginas=590–595 |lingua=en |titulotrad=Procurando Skinner e encontrando Freud |citeseerx=10.1.1.321.6288 |doi=10.1037/0003-066X.62.6.590 |pmid=17874899 |volume=62}}</ref> O condicionamento operante foi descrito pela primeira vez por Miller e Kanorski e popularizado nos EUA por [[B. F. Skinner]], que emergiu como um dos principais intelectuais do movimento behaviorista.<ref>{{citar periódico |título=Sur une forme particulière des reflexes conditionels |data=1928 |acessodata=5 de outubro de 2024 |periódico=Comptes Rendus des Séances de la Société de Biologie et de Ses Filiales |ultimo=Konorski |primeiro=J. |ultimo2=Miller |primeiro2=S. |paginas=1155–1157 |lingua=fr |titulotrad=Sobre uma forma particular de reflexos condicionais |volume=99}}</ref><ref>{{citar livro|título=The Behavior of Organisms: An Experimental Analysis|ultimo=Skinner|primeiro=B. F.|editora=Appleton-Century|ano=1932|total-páginas=457|lingua=en|titulotrad=O Comportamento dos Organismos: Uma Análise Experimental|isbn=9780996453905}}</ref>
A criação da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia social, 1980), ocorreu a partir da mobilização de pesquisadores brasileiros, como um ato de rompimento com a psicologia social norte-americana. Ela abre uma vertente da psicologia social no Brasil, cujas pesquisas se voltam para o debate sobre problemas sociais, econômicos e políticos.<ref>{{citar livro|título=Fundamentos Teórico-Práticos da Psicologia Social: um debate histórico e necessário|ultimo=GONÇALVES|primeiro=Ruth Maria de Paula|ultimo2=YAMAMOTO|primeiro2=Oswaldo Hajime|editora=ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA POLÍTICA|ano=2015|local=|páginas=17-31|acessodata=}}</ref>


[[Noam Chomsky]] publicou uma crítica influente ao behaviorismo radical com base no fato de que os princípios behavioristas não podiam explicar adequadamente o complexo processo mental do uso e da [[aquisição da linguagem]].<ref>{{citar periódico |url=https://chomsky.info/1967____/ |título=A Review of B. F. Skinner’s Verbal Behavior |data=1959 |acessodata=5 de outubro de 2024 |periódico=Readings in the Psychology of Language |publicado=Prentice-Hall |ultimo=Chomsky |primeiro=Noam |editor-sobrenome=Jakobovits |editor-nome=Leon A. |lingua=en |titulotrad=Uma revisão do Verbal Behavior de B. F. Skinner |wayb=20150929070654 |editor-sobrenome2=Miron |editor-nome2=Murray S.}}</ref><ref name=":29">{{citar periódico |url=https://opensiuc.lib.siu.edu/tpr/vol58/iss3/1/ |título=The Long Good-Bye: Why B. F. Skinner's Verbal Behavior is Alive and Well on the 50th Anniversary of its Publication |data=2008 |acessodata=6 de outubro de 2024 |periódico=The Psychological Record |número=3 |ultimo=Schlinger Jr. |primeiro=Henry D. |paginas=329–337 |lingua=en |titulotrad=O longo adeus: por que o Verbal Behavior de B. F. Skinner está vivo e bem no 50º aniversário de sua publicação |doi=10.1007/BF03395622 |urlmorta=sim |wayb=20200117074401 |volume=58}}</ref> A publicação, que foi contundente, fez muito para reduzir o status do behaviorismo dentro da psicologia.<ref name=":10" />{{Rp|282-285}} [[Martin Seligman]] e seus colegas descobriram que podiam condicionar em cães um estado de "[[desamparo aprendido]]", o que não foi previsto pela abordagem behaviorista da psicologia.<ref>{{citar periódico |título=Failure to escape traumatic shock |data=1967 |acessodata=6 de outubro de 2024 |periódico=Journal of Experimental Psychology |número=1 |ultimo=Seligman |primeiro=M. E. |ultimo2=Maier |primeiro2=S. F. |paginas=1–9 |lingua=en |titulotrad=Incapacidade de escapar do choque traumático |citeseerx=10.1.1.611.8411 |doi=10.1037/h0024514 |pmid=6032570 |ultimoamp=s |volume=74}}</ref><ref>{{citar periódico |título=Effects of inescapable shock upon subsequent escape and avoidance responding |data=1967 |acessodata=6 de outubro de 2024 |número=1 |ultimo=Overmier |primeiro=J. B. |ultimo2=Seligman |primeiro2=M. E. |paginas=28–33 |lingua=en |titulotrad=Efeitos do choque inevitável na resposta subsequente de fuga e evitação |doi=10.1037/h0024166 |pmid=6029715 |ultimoamp=s |volume=63}}</ref> [[Edward C. Tolman]] avançou com um modelo híbrido de "comportamento cognitivo", principalmente com sua publicação de 1948 discutindo os mapas cognitivos usados por ratos para adivinhar a localização da comida no final de um labirinto.<ref>{{citar periódico |título=Cognitive maps in rats and men |data=1948 |acessodata=7 de outubro de 2024 |periódico=Psychological Review |número=4 |ultimo=Tolman |primeiro=Edward C. |paginas=189–208 |lingua=en |titulotrad=Mapas cognitivos em ratos e homens |doi=10.1037/h0061626 |pmid=18870876 |volume=55}}</ref> O behaviorismo de Skinner não morreu, em parte porque gerou aplicações práticas bem-sucedidas.<ref name=":29" />
Segundo o cientista [[Gustave Le Bon]], a psicologia social possui uma proposição básica de entendimento, sendo que os indivíduos que compõem um grupo, por mais distintos que sejam no caráter individual, passam a compartilhar ideais e tomam suas atitudes baseadas em uma mente coletiva, puramente distinta de suas crenças e diretrizes individuais.<ref name=":4">{{citar web|url=http://www.portaldapsique.com.br/Artigos/Psicologia_Social.htm|titulo=Psicologia Social.|data=|acessodata=29-09-2019|publicado=Portal da Psique|ultimo=|primeiro=}}</ref>


A [[Associação Internacional de Análise do Comportamento]] foi fundada em 1974 e em 2003 tinha membros de 42 países. O campo ganhou uma posição na América Latina e no Japão.<ref>{{citar livro|título=Internationalizing the History of Psychology|ultimo=Taiana|primeiro=Cecilia|editora=NYU Press|ano=2006|editor-sobrenome=Brock|editor-nome=Adrian C.|páginas=112-132|lingua=en|titulotrad=Internacionalizando a História da Psicologia|capitulo=Behavior Analysis in an International Context|trad-capitulo=Análise do Comportamento em um Contexto Internacional|capítulourl=|isbn=9780814799444|jstor=j.ctt9qg8nj.10}}</ref> [[Análise do comportamento aplicada]] é o termo usado para a aplicação dos princípios do condicionamento operante para mudar o comportamento socialmente significativo (substitui o termo "modificação do comportamento").<ref>{{citar livro|url=https://www.routledge.com/Behavior-Analysis-and-Learning-A-Biobehavioral-Approach-Sixth-Edition/Pierce-Cheney/p/book/9781138898585|título=Behavior Analysis and Learning: A Biobehavioral Approach|ultimo=Pierce|primeiro=W. David|ultimo2=Cheney|primeiro2=Carl D.|editora=[[Routledge]]|ano=2017|edicao=6ª|local=Nova Iorque|páginas=1–622|total-páginas=638|lingua=en|titulotrad=Análise do Comportamento e Aprendizagem|isbn=978-1138898585|anooriginal=1995|urlmorta=sim|wayb=20210603031001}}</ref>
Uma série de experimentos importantes para a Psicologia Social foram os [[Experimentos de conformidade de Asch|experimentos de conformidade de Solomon Asch]], de 1951. Considerado um dos pais da psicologia social, Asch dedicou grande parte de sua carreira ao estudo da influência que os outros podem ter em nosso comportamento, com uma série de pesquisas que visavam provar que os indivíduos tendem a submeter-se a pressão de um grupo.
[[Ficheiro:Asch experiment.png|miniaturadaimagem|As cartas usadas no experimento. A carta da esquerda é a linha de referência e a da direita mostra as três linhas para comparar]]
Os experimentos consistiam em unir um grupo de pessoas em que todos os participantes, exceto um, eram cúmplices do pesquisador. Algumas linhas eram mostradas a eles, e o pesquisador pedia que cada um indicasse duas linhas do mesmo tamanho. Embora a resposta correta fosse muito evidente, os cúmplices selecionavam a linha que era visivelmente menor como se fosse a opção correta, fazendo com o que o sujeito que estava de fato sendo avaliado sentisse uma forte pressão do grupo para responder a mesma opção. Asch constatou que a maioria dos sujeitos experimentais acabou trocando sua resposta, entretanto, quando dados a opção de responder de forma privada, o número de pessoas que escolheram a linha errada diminuiu consideravelmente, permitindo que o pesquisador concluísse que a influência se manifestava pelo fato de os outros participantes verem sua resposta.<ref name=":5">{{citar web|url=https://amenteemaravilhosa.com.br/solomon-asch-psicologia-social/|titulo=Solomon Asch, um pioneiro da psicologia social|data=|acessodata=29-09-2019|publicado=A Mente é Maravilhosa|ultimo=|primeiro=}}</ref>


=== Cognitiva ===
Dessa forma, a ação de concordar com o grupo ocorre pois o indivíduo é convencido, pela unanimidade das respostas, de que eles estão corretos, o que é chamado de “conformidade informacional”. Contudo, o indivíduo também pode sentir-se pressionado a concordar por temer ser repreendido pelo grupo por destoar, chamado de “conformidade normativa”.<ref name=":5" />
{{Artigo principal|Psicologia cognitiva}}
[[Ficheiro:Working memory model.svg|miniaturadaimagem|[[Modelo de memória de trabalho de Baddeley]]]]
[[Ficheiro:Müller-Lyer illusion.svg|miniaturadaimagem|A [[ilusão de Müller-Lyer]]. Os psicólogos fazem inferências sobre os processos mentais a partir de fenômenos compartilhados, como ilusões de ótica.]]
<div style="background:#CCC;border:1px solid #666;float:right;width:24%;padding:4px;margin:0 0 2px 2px; font-size:98%">
'''<span style="color:green">Verde</span> <span style="color:red">Vermelho</span> <span style="color:blue">Azul</span><br /><span style="color:purple">Roxo</span> <span style="color:blue">Azul</span> <span style="color:purple">Roxo</span>'''
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'''<span style="color:red">Azul</span> <span style="color:green">Roxo</span> <span style="color:blue">Vermelho</span><br /><span style="color:blue">Verde</span> <span style="color:red">Roxo</span> <span style="color:purple">Verde</span>'''
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O efeito Stroop é o fato de que nomear a cor do primeiro conjunto de palavras é mais fácil e rápido do que o segundo.
</div>
A psicologia cognitiva envolve o estudo dos [[Cognição|processos mentais]], incluindo [[percepção]], [[atenção]], compreensão e produção da linguagem, [[memória]] e resolução de problemas.<ref>{{citar web|url=https://dictionary.apa.org/cognitive-psychology|titulo=APA Dictionary of Psychology - Cognitive Psychology|acessodata=7 de outubro de 2024|website=APA|lingua=en|titulotrad=Dicionário APA de Psicologia - Psicologia Cognitiva|urlmorta=não}}</ref> Pesquisadores no campo da psicologia cognitiva às vezes são chamados de [[Cognitivista|cognitivistas]]. Eles contam com um modelo de [[Processamento de informação (psicologia)|processamento de informações]] de funcionamento mental. A pesquisa cognitivista é orientada pelo [[Funcionalismo (filosofia da mente)|funcionalismo]] e pela psicologia experimental.


A partir da década de 1950, as técnicas experimentais desenvolvidas por Wundt, James, Ebbinghaus e outros ressurgiram à medida que a psicologia experimental se tornou cada vez mais cognitivista e, eventualmente, constituiu uma parte da [[ciência cognitiva]] interdisciplinar mais ampla.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/mindsnewscience00howa|título=The mind's new science: A history of the cognitive revolution|ultimo=Gardner|primeiro=Howard E.|editora=Basic Books|ano=1985|local=Nova Iorque|total-páginas=452|lingua=en|titulotrad=A nova ciência da mente: A história da revolução cognitiva|isbn=0-465-04635-5}}</ref><ref name=":30">{{citar livro|título=A History of Modern Experimental Psychology: From James and Wundt to Cognitive Science|ultimo=Mandler|primeiro=George|editora=MIT Press|ano=2007|edicao=1ª|local=Cambridge, MA|total-páginas=312|lingua=en|titulotrad=Uma História da Psicologia Experimental Moderna: De James e Wundt à Ciência Cognitiva|doi=10.7551/mitpress/3542.001.0001|isbn=9780262279017}}</ref> Alguns chamaram esse desenvolvimento de [[revolução cognitiva]] porque rejeitou o dogma anti-mentalista do behaviorismo, bem como as restrições da psicanálise.<ref name=":30" />
Assim, a psicologia social representa o estudo científico da psicologia dos indivíduos nas suas relações com outros indivíduos, sendo influenciados ou agindo sobre eles, uma vez que o ser humano pensa e sente de determinada maneira por sua condição de ser social, e o mundo em que vive é, em parte, produto da maneira como pensa.<ref name=":4" />


[[Albert Bandura]] ajudou na transição da psicologia do behaviorismo para a psicologia cognitiva. Bandura e outros [[Aprendizagem social|teóricos da aprendizagem social]] avançaram a ideia de aprendizagem vicária. Em outras palavras, eles avançaram a visão de que uma criança pode aprender observando o ambiente social imediato e não necessariamente por ter sido reforçada por encenar um comportamento, embora não tenham descartado a influência do reforço na aprendizagem de um comportamento.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/aggressionsocial0000band/mode/2up|título=Aggression: A social learning analysis.|ultimo=Bandura|primeiro=Albert|editora=Prentice-Hall|ano=1973|local=Englewood Cliffs, NJ|total-páginas=408|lingua=en|titulotrad=Agressão: Uma análise de aprendizagem social.}}</ref>
== A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade ==
{{Artigo principal|Modelo biopsicossocial}}
A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que o ser humano pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados por três grupos de fatores:
* '''Fatores biológicos''' — como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.;
* '''Fatores psicológicos''' — como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
* '''Fatores socioculturais''' — como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de papéis sociais, etc..<ref>Myers (2008), p.11-12</ref>


Os avanços tecnológicos também renovaram o interesse dos estudos sobre estados mentais e representações mentais. O neurocientista inglês [[Charles Sherrington]] e o psicólogo canadense [[Donald Olding Hebb|Donald O. Hebb]] usaram métodos experimentais para vincular fenômenos psicológicos à estrutura e função do cérebro. A ascensão da ciência da computação, [[cibernética]] e [[inteligência artificial]] sublinhou o valor de comparar o processamento de informações em humanos e máquinas.
Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a psicologia se vê na necessidade de complementar seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante contato com a [[fisiologia]], a [[biologia]], a [[etologia]](ciência dos costumes), a [[neurologia]] e às [[neurociências]] (ligadas aos fatores biológicos) e à [[antropologia]], à [[sociologia]], à [[etnologia]], à [[história]], à [[arqueologia]], à [[filosofia]], à [[metafísica]], à [[linguística]] à [[informática]], à [[teologia]] e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais.


Um tópico popular e representativo nesta área é o [[viés cognitivo]], ou pensamento irracional. Psicólogos (e economistas) classificaram e descreveram um [[Lista de vieses cognitivos|catálogo considerável de preconceitos]] que se repetem com frequência no pensamento humano. A [[heurística de disponibilidade]], por exemplo, é a tendência de superestimar a importância de algo que vem prontamente à mente.<ref>{{citar periódico |título=Availability Heuristic |data=2013 |acessodata=7 de outubro de 2024 |periódico=Encyclopedia of the Mind |publicado=SAGE Publications |ultimo=Pashler |primeiro=Harold |lingua=en |titulotrad=Heurística de disponibilidade |doi=10.4135/9781452257044.n39 |isbn=978-1-4129-5057-2}}</ref>
Um exemplo dessa multidisciplinaridade é a [[epistemologia]] na psicologia. O conceito é originário da filosofia, e se refere ao conhecimento humano. É a área da filosofia que busca entender a origem, estruturação, validação e sustentação do conhecimento e, por isso, acaba sendo um conceito muito utilizado na psicologia. A epistemologia na psicologia procura entender a validação e a qualidade dos conhecimentos adquiridos através do estudo da relação entre sujeito e o objeto de estudo, além da busca do homem sobre o conhecimento do mundo e de si mesmo, tornando-o cada vez mais complexo. Assim, isso torna possível a existência das diversas correntes teóricas da psicologia, como a [[psicanálise]] e o [[behaviorismo]], que dizem coisas variadas sobre seus objetos de estudo: a partir da epistemologia, foi possível validar o conhecimento obtido por essas correntes.


Elementos do behaviorismo e da psicologia cognitiva foram sintetizados para formar a [[terapia cognitivo-comportamental]], uma forma de psicoterapia modificada a partir de técnicas desenvolvidas pelo psicólogo americano [[Albert Ellis]] e pelo psiquiatra americano [[Aaron Beck|Aaron T. Beck]].
Assim, a noção do “eu” passou por grandes transformações, desde conceitos baseados na religião até conceitos elaborados por grandes filósofos como [[René Descartes]], [[Immanuel Kant]] e [[Auguste Comte]]. A corrente [[Positivismo|positivista]], elaborada por Comte, por exemplo, teve grande importância epistemológica para a psicologia e reinou absoluta por vários anos na psicologia. Além disso, essa teoria, baseada em quatro correntes centrais (o [[empirismo]], o [[reducionismo]] cartesiano, o [[Mecanicismo (filosofia)|mecanicismo]] e o [[determinismo]]), foi responsável pela consolidação da psicologia experimental, assim como determinou o status de ciência instrumentalizada e sistematizada à psicologia.


Em um nível mais amplo, a ciência cognitiva é um empreendimento interdisciplinar envolvendo psicólogos cognitivos, neurocientistas cognitivos, linguistas e pesquisadores em inteligência artificial, interação humano-computador e [[neurociência computacional]]. A disciplina de ciência cognitiva abrange a psicologia cognitiva, bem como a filosofia da mente, ciência da computação e neurociência.<ref>{{citar web|ultimo=Thagard|primeiro=Paul|url=https://plato.stanford.edu/archives/win2020/entries/cognitive-science/|titulo=Cognitive Science|acessodata=7 de outubro de 2024|website=The Stanford Encyclopedia of Philosophy|ano=2018|anooriginal=1996|editor-sobrenome=Zalta|editor-nome=Edward N.|lingua=en|titulotrad=Ciência Cognitiva|arquivourl=https://archive.ph/8Zb1u|arquivodata=7 de outubro de 2024|urlmorta=não}}</ref> Simulações de computador às vezes são usadas para modelar fenômenos de interesse.
Além disso, a concepção de ciência surgiu a partir da necessidade de se entender e explicar as coisas que aconteciam. Algumas ideias sobre o mundo eram criadas baseadas no que era observado pelas pessoas ou ideias passadas por gerações eram reproduzidas. Com o passar do tempo, explicações racionais, baseadas em métodos e experimentos foram comprovando e identificando ordens que descreviam leis, nascendo, assim, a ciência, uma nova forma de produzir conhecimento e conclusões.


=== Social ===
No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico; médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, fonoaudiólogos e muitos outros — e muitas vezes as diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de [[Bioética]], formados por diferentes profissionais — psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, entre outros.
{{Artigo principal|Psicologia social}}
A psicologia social se preocupa com a forma como [[Comportamento|comportamentos]], [[Pensamento|pensamentos]], [[Sentimento|sentimentos]] e o ambiente social influenciam as interações humanas.<ref>{{citar periódico |título=The Historical Background of Social Psychology |data=1985 |acessodata=7 de outubro de 2024 |periódico=The Handbook of Social Psychology |publicado=McGraw Hill |ultimo=Allport |primeiro=G. W. |editor-sobrenome=Lindzey |editor-nome=G. |local=Nova Iorque |pagina=5 |lingua=en |titulotrad=Os antecedentes históricos da psicologia social |editor-sobrenome2=Aronson |editor-nome2=E.}}</ref> Os psicólogos sociais estudam tópicos como a influência de outras pessoas no comportamento de um indivíduo (por exemplo, [[conformidade]], [[persuasão]]) e a formação de crenças, [[Atitude|atitudes]] e [[Estereótipo|estereótipos]] sobre outras pessoas. A [[cognição social]] funde elementos da psicologia social e cognitiva com o objetivo de entender como as pessoas processam, lembram ou distorcem informações sociais. O estudo da [[dinâmica de grupo]] envolve pesquisas sobre a natureza da liderança, comunicação organizacional e fenômenos relacionados. Nos últimos anos, os psicólogos sociais se interessaram por medidas [[Teste de associação implícita|implícitas]], modelos de [[mediação]] e a interação de fatores pessoais e sociais na explicação do comportamento. Alguns conceitos que os [[sociólogos]] aplicaram ao estudo dos transtornos psiquiátricos, conceitos como papel social, papel do doente, classe social, eventos da vida, cultura, migração e [[instituição total]], influenciaram os psicólogos sociais.<ref>{{citar periódico |título=Work and mental health in social context |data=2011 |acessodata=7 de outubro de 2024 |publicado=Springer |número=Tausig |ultimo=M. |ultimo2=Fenwick |primeiro2=R. |local=Nova Iorque |lingua=en |titulotrad=Trabalho e saúde mental no contexto social |doi=10.1007/978-1-4614-0625-9 |ultimoamp=s}}</ref>


== Crítica ==
=== Psicanalítica ===
{{Artigo principal|Psicodinâmica|Psicanálise}}
=== O ''status'' científico ===
[[Ficheiro:Hall Freud Jung in front of Clark.jpg|miniaturadaimagem|Parte da frente: Sigmund Freud, G. Stanley Hall, [[Carl Jung]]. Parte de trás: [[Abraham A. Brill]], [[Ernest Jones]], [[Sándor Ferenczi]] na [[Universidade Clark]] em 1909.]]
A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo [[Thomas Kuhn]] afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a [[física]] e a [[química]].
A psicanálise é uma coleção de teorias e técnicas terapêuticas destinadas a analisar a mente inconsciente e seu impacto na vida cotidiana. Essas teorias e técnicas informam os tratamentos para transtornos mentais.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/psychoanalysisev00thom|título=Psychoanalysis: Evolution and Development|ultimo=Thompson|primeiro=Clara|editora=Hermitage House|ano=1951|edicao=3ª|local=Nova Iorque|total-páginas=272|lingua=en|titulotrad=Psicanálise: Evolução e Desenvolvimento|isbn=978-1138531024}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/elementarytextbo00brenrich|título=An Elementary Textbook of Psychoanalysis|ultimo=Brenner|primeiro=Charles|editora=Anchor Books|ano=1974|local=Garden City, NY:|total-páginas=272|lingua=en|titulotrad=Um Livro Didático Elementar de Psicanálise|isbn=978-0385098847}}</ref><ref>{{citar livro|título=Glossary of Psychoanalytic Term and Concepts|ultimo=Moore|primeiro=Burness E.|ultimo2=Fine|primeiro2=Bernard D.|editora=Amer Psychoanalytic Assn|ano=1968|página=78|lingua=en|titulotrad=Glossário de Termos e Conceitos Psicanalíticos|isbn=978-0318131252}}</ref> A psicanálise originou-se na década de 1890, mais proeminentemente com o trabalho de [[Sigmund Freud]]. A teoria psicanalítica de Freud foi amplamente baseada em métodos interpretativos, [[introspecção]] e observação clínica. Tornou-se muito conhecido, em grande parte porque abordava assuntos como [[Sexualidade humana|sexualidade]], [[Recalque (psicanálise)|recalque]] e inconsciente.<ref name=":19" />{{Rp|84-86}} Freud foi pioneiro nos métodos de [[Livre associação (conceito)|livre associação]] e [[A Interpretação dos Sonhos|interpretação de sonhos]].<ref>{{citar livro|título=A Interpretação dos Sonhos|ultimo=Freud|primeiro=Sigmund|editora=Editora Lafonte|ano=2023|edicao=1ª|total-páginas=576|isbn=978-6558703389}}</ref><ref>{{citar livro|título=Freud e o inconsciente|ultimo=Garcia-Roza|primeiro=Luiz A.|editora=Zahar|ano=1987|edicao=1ª|total-páginas=240|isbn=978-8571100039}}</ref>


A teoria psicanalítica não é monolítica. Outros pensadores psicanalíticos conhecidos que divergiram de Freud incluem [[Alfred Adler]], [[Carl Jung]], [[Erik Erikson]], [[Melanie Klein]], [[D. W. Winnicott]], [[Karen Horney]], [[Erich Fromm]], [[John Bowlby]], a filha de Freud, [[Anna Freud]], e [[Harry Stack Sullivan]]. Esses indivíduos garantiram que a psicanálise evoluísse para diversas escolas de pensamento. Entre essas escolas estão a [[psicologia do ego]], as [[Teoria da relação de objetos|relações objetais]] e a psicanálise [[Psicanálise interpessoal|interpessoal]], [[Lacanianismo|lacaniana]] e [[Psicanálise relacional|relacional]].
Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter [[correlação|correlativo]] que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como [[personalidade]], [[pensamento]] e [[emoção]], não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico.


Psicólogos como [[Hans Eysenck]] e filósofos, incluindo [[Karl Popper]], criticaram duramente a psicanálise. Popper argumentou que a psicanálise não era [[Falseabilidade|falsificável]] (nenhuma afirmação feita poderia ser provada errada) e, portanto, inerentemente não uma disciplina científica,<ref>{{Citar livro|url=http://faculty.washington.edu/lynnhank/Popper.doc|título=Conjectures and Refutations|ultimo=Popper|primeiro=Karl|editora=Routledge and Keagan Paul|ano=1963|local=Londres|páginas=33–39|lingua=en|titulotrad=Conjecturas e Refutações|formato=DOC|urlmorta=sim|wayb=20090326181144}} de {{Citar livro|título=Readings in the Philosophy of Science|editora=Mayfield Publishing Company|ano=2000|editor-sobrenome=Schick|editor-nome=Theodore|local=Mountain View, CA|páginas=9–13|titulotrad=Leituras em Filosofia da Ciência}}</ref> enquanto Eysenck avançou a visão de que os princípios psicanalíticos foram contraditos por dados experimentais. No final do século 20, os departamentos de psicologia das [[Ensino superior nos Estados Unidos|universidades americanas]] haviam marginalizado a teoria freudiana, descartando-a como um artefato histórico "desidratado e morto".<ref>{{Citar notícia|ultimo=Cohen|primeiro=Patricia|url=https://www.nytimes.com/2007/11/25/weekinreview/25cohen.html?_r=3&ref=education&oref&oref=slogin|titulo=Freud Is Widely Taught at Universities, Except in the Psychology Department|data=25 de novembro de 2007|acessodata=7 de outubro de 2024|website=[[The New York Times]]|lingua=en|titulotrad=Freud é amplamente ensinado nas universidades, exceto no departamento de psicologia|urlmorta=não|wayb=20240526001934|acessourl=registo}}</ref> Investigadores como [[António Damásio]], [[Oliver Sacks]] e [[Joseph E. LeDoux|Joseph LeDoux]]; e indivíduos no campo emergente da [[neuropsicanálise]] defenderam algumas das idéias de Freud em bases científicas.<ref>Veja:
Erros e abusos de [[testes estatísticos]] foram apontados em trabalhos de psicólogos que não demonstravam ter um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em [[estatística]]. Muitos psicólogos confundem [[significância estatística]] (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. Inclusive a obtenção de resultados estatisticamente significantes e na prática "irrelevantes" é um fenômeno comum em estudos envolvendo grande número de pessoas.<ref>Cohen, J. (1994). [http://ist-socrates.berkeley.edu/~maccoun/PP279_Cohen1.pdf The Earth is round, p.05] {{Wayback|url=http://ist-socrates.berkeley.edu/~maccoun/PP279_Cohen1.pdf |date=20170713081635 }}. ''American Psychologist, 49''.</ref> Em resposta, muitos pesquisadores começaram a mais frequentemente utilizar o "tamanho do efeito" estatístico (''effect size'') como medida da relevância prática.


* Damásio, A. (1994). ''[[O Erro de Descartes|O Erro de Descartes, Emoção, Razão e Cérebro Humano]]''.
Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.<ref>Elliot, Robert. (1998). ''Editor's Introduction: A Guide to the Empirically Supported Treatments Controversy''. ''Psychotherapy Research, 8(2),'' 115.</ref> Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais (''mainstream''), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos. Hoje, há pessoas que defendam que a Psicologia virou algo mais voltado para a opinião pública do que para uma área de pesquisa.<ref>{{citar web|url=http://www.syti.net/Manipulations.html|título=Les stratégies et les techniques des Maitres du Monde pour la manipulation de l'opinion publique et de la société|acessodata=2009-09-16}}</ref>
* Damásio, A. (1996). ''A hipótese do marcador somático e as possíveis funções do córtex pré-frontal''.
* Damásio, A. (1999). ''O sentimento do que acontece: Corpo e emoção na construção da consciência''.
* Damásio, A. (2003). P''rocurando Spinoza: Alegria, tristeza e o cérebro sensível''.
* LeDoux, J.E. (1998). ''O cérebro emocional: Os misteriosos fundamentos da vida emocional'' (ed. Touchstone). Simon & Schuster. {{ISBN|0-684-83659-9}}
* Panksepp, J. (1998). ''Neurociência afetiva: os fundamentos das emoções humanas e animais''. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press.
* Sacks, O. (1984). ''Uma perna para se apoiar''. Nova York: Summit Books/Simon and Schuster.
</ref>


=== Humanístico-existencial ===
=== Terapias "alternativas" não psicológicas ===
{{Artigo principal|Psicologia humanista}}
Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do número de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores<ref name="Beyerstein2001">Beyerstein, B. L. (2001). ''Fringe psychotherapies: The public at risk''. ''The Scientific Re-view of Alternative Medicine'', 5, 70–79</ref> já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos — incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias ''new-age'' de todos os tipos possíveis (ex. ''rebirthing'', ''reparenting'', regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas.".<ref>"''A wide variety of unvalidated and sometimes harmful psychotherapeutic methods, including facilitated communication for infantile autism (…), suggestive techniques for memory recovery (e.g., hypnotic age-regression, guided imagery, body work), energy therapies (e.g., Thought Field Therapy, Emotional Freedom Technique…), and New Age therapies of seemingly endless stripes (e.g., rebirthing, reparenting, past-life regression, Primal Scream therapy, neurolinguistic programming, alien abduction therapy, angel therapy) have either emerged or maintained their popularity in recent decades.''" {{citar web|url=http://www.srmhp.org/0101/raison-detre.html |título=SRMHP: Our Raison d’Être |acessodata=2009-09-16}}</ref> Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.<ref>Neuringer, A.:"Melioration and Self-Experimentation" Journal of the Experimental Analysis of Behavior http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1348111</ref>
[[Ficheiro:Maslow's Hierarchy of Needs.svg|miniaturadaimagem|O psicólogo [[Abraham Maslow]], em 1943, postulou que os humanos têm uma hierarquia de necessidades, e faz sentido atender às necessidades básicas antes que as necessidades de ordem superior possam ser atendidas.<ref>{{citar web|url=http://honolulu.hawaii.edu/intranet/committees/FacDevCom/guidebk/teachtip/maslow.htm|titulo=Maslow's Hierarchy of Needs|acessodata=8 de outubro de 2024|website=Honolulu.hawai|lingua=en|titulotrad=Hierarquia das Necessidades de Maslow|urlmorta=não|wayb=20100211014419}}</ref>]]
A [[psicologia humanista]], que foi influenciada pelo existencialismo e pela fenomenologia,<ref>{{citar livro|título=A History of Psychology|ultimo=Benjafield|primeiro=John G.|editora=Oxford University Press|ano=2010|edicao=3ª|local=Don Mills, ON|página=357|total-páginas=520|lingua=en|titulotrad=Uma História da Psicologia|isbn=978-0-19-543021-9}}</ref> enfatiza o [[Livre-arbítrio|livre arbítrio]] e a [[autorrealização]].<ref name=":31">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/A_Dictionary_of_Psychology.html?id=UDnvBQAAQBAJ&redir_esc=y|título=A Dictionary of Psychology|editora=Oxford University Press|ano=2015|editor-sobrenome=Colman|editor-nome=Andrew M.|edicao=4ª|total-páginas=883|lingua=en|titulotrad=Um Dicionário de Psicologia|isbn=9780199657681}}</ref> Surgiu na década de 1950 como um movimento dentro da psicologia acadêmica, em reação ao behaviorismo e à psicanálise.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/psychologicalsci0000gazz_d8p9|título=Psychological Science|ultimo=Gazzaniga|primeiro=Michael|ultimo2=Heatherton|primeiro2=Tood|ultimo3=Halpern|primeiro3=Diane|editora=W.W. Norton & Company|ano=2010|edicao=3ª|local=Nova Iorque|página=23|lingua=en|titulotrad=Ciência Psicológica|isbn=978-0-393-93421-2}}</ref> A abordagem humanística procura ver a pessoa como um todo, não apenas partes fragmentadas da personalidade ou cognições isoladas.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/ordinaryecstasyd0000rowa|título=Ordinary Ecstasy: The Dialectics of Humanistic Psychology|ultimo=Rowan|primeiro=John|editora=Brunner-Routledge|ano=2009|edicao=3ª|local=Londres, UK|total-páginas=304|lingua=en|titulotrad=Êxtase Comum: A Dialética da Psicologia Humanística|isbn=0-415-23633-9}}</ref> A psicologia humanística também se concentra no crescimento pessoal, na autoidentidade, na morte, na solidão e na liberdade. Ele enfatiza o significado subjetivo, a rejeição do determinismo e a preocupação com o crescimento positivo em vez da patologia. Alguns fundadores da escola de pensamento humanista foram os psicólogos americanos [[Abraham Maslow]], que formulou uma [[Hierarquia de necessidades de Maslow|hierarquia das necessidades humanas]], e [[Carl Rogers]], que criou e desenvolveu a [[terapia centrada na pessoa]].


Mais tarde, a [[psicologia positiva]] abriu temas humanísticos para o estudo científico. A psicologia positiva é o estudo dos fatores que contribuem para a felicidade e o bem-estar humano, concentrando-se mais nas pessoas que atualmente são saudáveis. Em 2010, a Clinical Psychological Review publicou uma edição especial dedicada a intervenções psicológicas positivas, como o [[diário de gratidão]] e a expressão física de gratidão. No entanto, está longe de estar claro que a psicologia positiva seja eficaz para tornar as pessoas mais felizes.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/brightsidedhowre00ehre|título=Bright-sided: How the relentless promotion of positive thinking has undermined America|ultimo=Ehrenreic|primeiro=Barbara|editora=Metropolitan Books|ano=2009|local=Nova Iorque|total-páginas=266|lingua=en|titulotrad=Lado positivo: como a promoção implacável do pensamento positivo prejudicou a América|isbn=9780805087499}}</ref><ref>{{Citar notícia|ultimo=Singal|primeiro=Jesse|url=https://www.chronicle.com/article/positive-psychology-goes-to-war|titulo=Positive Psychology Goes to War: How the Army adopted an untested, evidence-free approach to fighting PTSD.|data=7 de junho de 2021|acessodata=8 de outubro de 2024|website=The Chronicle of Higher Education|lingua=en|titulotrad=A Psicologia Positiva Vai Para a Guerra: Como o Exército adotou uma abordagem não testada e sem evidências para combater o TEPT.|arquivourl=https://archive.ph/zAWPg#selection-1295.9-1299.74|arquivodata=8 de junho de 2021|urlmorta=não}}</ref> As intervenções psicológicas positivas têm sido limitadas em escopo, mas seus efeitos são considerados um pouco melhores do que os efeitos [[placebo]].
== Especializações ==


A Associação Americana de Psicologia Humanística, formada em 1963, declarou: <blockquote>A psicologia humanística é principalmente uma orientação para toda a psicologia, e não para uma área ou escola distinta. Significa respeito pelo valor das pessoas, respeito pelas diferenças de abordagem, mente aberta quanto a métodos aceitáveis e interesse na exploração de novos aspectos do comportamento humano. Como uma "terceira força" na psicologia contemporânea, preocupa-se com tópicos que têm pouco lugar nas teorias e sistemas existentes: por exemplo, amor, criatividade, eu, crescimento, organismo, necessidade básica de gratificação, autorrealização, valores mais elevados, ser, devir, espontaneidade, jogo, humor, afeição, naturalidade, calor, transcendência do ego, objetividade, autonomia, responsabilidade, significado, fair-play, experiência transcendental, experiência de pico, coragem e conceitos relacionados.<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/humanisticviewpo00seve|título=Humanistic Viewpoints in Psychology|ultimo=Sutich|primeiro=Anthony J.|editora=McGraw-Hill|ano=1965|editor-sobrenome=Severin|editor-nome=Frank T.|edicao=mimeografado|local=Nova Ioque|páginas=xv–xvi|lingua=en|titulotrad=Pontos de Vista Humanistas em Psicologia|capitulo=American association for humanistic psychology, Articles of association|trad-capitulo=Associação Americana de Psicologia Humanística, Artigos de Associação|anooriginal=1963}}</ref></blockquote>A psicologia existencial enfatiza a necessidade de entender a orientação total de uma pessoa em relação ao mundo. A psicologia existencial se opõe ao reducionismo, behaviorismo e outros métodos que objetivam o indivíduo.<ref name=":31" /> Nas décadas de 1950 e 1960, influenciado pelos filósofos [[Søren Kierkegaard]] e [[Martin Heidegger]], o psicólogo americano [[Rollo May]], com formação psicanalítica, ajudou a desenvolver a psicologia existencial. A [[Terapia existencial|psicoterapia existencial]], que decorre da psicologia existencial, é uma abordagem terapêutica que se baseia na ideia de que o conflito interno de uma pessoa surge do confronto desse indivíduo com os dados da existência. O psicanalista suíço [[Ludwig Binswanger]] e o psicólogo americano [[George Kelly (psicólogo)|George Kelly]] também podem pertencer à escola existencial.<ref name=":32">{{citar livro|url=https://archive.org/details/introductiontohi00herg/page/n5/mode/2up|título=An introduction to the history of psychology|ultimo=Hergenhahn|primeiro=B. R.|editora=Thomson Wadsworth|ano=1997|local=Belmont, California|total-páginas=664|lingua=en|titulotrad=Uma introdução à história da psicologia|isbn=0534263704}}</ref>{{Rp|528–536}} Os psicólogos existenciais tendem a diferir dos psicólogos mais "humanistas" na visão relativamente neutra da natureza humana e na avaliação relativamente positiva da ansiedade.<ref name=":32" />{{Rp|546–547}} Os psicólogos existenciais enfatizaram os temas humanísticos da morte, livre arbítrio e significado, sugerindo que o significado pode ser moldado por mitos e narrativas; O significado pode ser aprofundado pela aceitação do livre-arbítrio, que é necessário para viver uma vida autêntica, embora muitas vezes com ansiedade em relação à morte.<ref name=":32" />{{Rp|523–532}}
A Resolução CFP 13/07 institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro.<ref>{{citar web|url=http://www.crpsp.org/site/titulo-de-especialista.php|título=Título de especialista}}</ref>


O psiquiatra existencial austríaco e sobrevivente do [[Holocausto]], [[Viktor Frankl]], extraiu evidências do poder terapêutico do significado a partir de reflexões sobre sua própria [[internação]].<ref>{{citar livro|url=https://archive.org/details/manssearchforme000fran|título=Man's search for meaning|ultimo=Frankl|primeiro=Viktor E.|editora=Washington Square Press|ano=1984|local=Nova Iorque|página=[https://archive.org/details/manssearchforme000fran/page/86 86]|total-páginas=228|lingua=en|titulotrad=A busca do homem por significado|isbn=9780671667368}}</ref> Ele criou uma variação da psicoterapia existencial chamada [[logoterapia]], um tipo de análise [[Existencialismo|existencialista]] que se concentra em uma vontade de significado (na vida de alguém), em oposição à doutrina [[Nietzsche|nietzschiana]] de Adler de [[vontade de poder]] ou [[Princípio de prazer|vontade de prazer]] de Freud.<ref>{{citar web|ultimo=Seidner|primeiro=Stanley S.|url=https://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:FrKYAo88ckkJ:www.materdei.ie/media/conferences/a-secular-age-parallel-sessions-timetable.pdf+%22Stan+Seidner%22&hl=en&gl=us|titulo=A Trojan Horse: Logotherapeutic Transcendence and its Secular Implications for Theology|data=10 de junho de 2009|acessodata=8 de outubro de 2024|website=Mater Dei Institute|pagina=2|lingua=en|titulotrad=Um Cavalo de Tróia: Transcendência Logoterapêutica e suas Implicações Seculares para a Teologia|urlmorta=sim}}</ref>
É importante esclarecer que as especialidades regulamentadas são profissionais, isto é, são especialidades no campo do exercício profissional do psicólogo. Claro que há um número maior de especialidades, mas foram regulamentadas algumas que se configuraram como mais definidas e consensuais.


== Críticas ==
Novas especialidades poderão ser regulamentadas, pelo CFP, sempre que sua produção teórica, técnica e institucionalização social assim as justifiquem:


=== O ''status'' científico ===
*Psicologia Escolar/Educacional;
A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo [[Thomas Kuhn]] afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a [[física]] e a [[química]].
*Organizacional e do Trabalho;
*Psicologia de Trânsito;
*Psicologia Jurídica;
*Psicomotricidade;
*Psicologia do Esporte;
*Psicologia Clínica;
*Psicologia Hospitalar;
*Psicopedagogia;
*Psicologia Social;
*Neuropsicologia.


Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter [[Correlação|correlativo]] que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como [[personalidade]], [[pensamento]] e [[emoção]], não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico.
== Ver também ==
{{Correlatos
|commons = Psychology
|wikiquotecat = Psicologia
|wikilivros = Psicologia
|wikcionario = Psicologia
|wikiversidade = Introdução à Psicologia
}}
* [[Adicção|Adicções]]
* [[Arteterapia]]
* [[Criminologia]]
* [[Etologia]]
* [[Experiência de Milgram]]
* [[Hipnose|Hipnose psicológica]]
* [[Intenção]]
* [[Leitura Fria]]
* [[Memética]]
* [[Neuropsicologia]]
* [[Pedagogia]]
* [[Princípio de Premak]]
* [[Psicodiagnóstico]]
* [[Psicodrama]] / [[Musicoterapia]] / [[Arteterapia]]
* [[Psicofarmacologia]]
* [[Psicologia Educacional|Psicologia educacional]]
* [[Psicologia Organizacional|Psicologia organizacional]]
* [[Psicologia cognitiva]]
* [[Psicologia comportamental]]
* [[Psicologia comunitária]]
* [[Psicologia da religião]]
* [[Psicologia da saúde]]
* [[Psicologia do desenvolvimento]]
* [[Psicologia do trabalho]]
* [[Psicologia e direitos humanos]]
* [[Psicologia escolar]]
* [[Psicologia esportiva|Psicologia do desporto]]
* [[Psicologia hospitalar]]
* [[Psicologia jurídica]]
* [[Psicologia médica]]
* [[Psicologia social]]
* [[Psicopedagogia]]
* [[Psicoterapia]]
* [[Psique]]
* [[Psiquiatria]]
* [[Teoria da personalidade]]
* [[Vitimologia]]


Erros e abusos de [[testes estatísticos]] foram apontados em trabalhos de psicólogos que não demonstravam ter um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em [[estatística]]. Muitos psicólogos confundem [[significância estatística]] (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. Inclusive a obtenção de resultados estatisticamente significantes e na prática "irrelevantes" é um fenômeno comum em estudos envolvendo grande número de pessoas.<ref>{{citar periódico |url=http://ist-socrates.berkeley.edu/~maccoun/PP279_Cohen1.pdf |título=The Earth Is Round (p < .05) |data=Dezembro de 1994 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=American Psychologist |ultimo=Cohen |primeiro=Jacob |paginas=997-1003 |lingua=en |titulotrad=A Terra é Redonda (p < .05) |urlmorta=sim |wayb=20170713081635}}</ref> Em resposta, muitos pesquisadores começaram a mais frequentemente utilizar o "tamanho do efeito" estatístico como medida da relevância prática.
{{notas}}

{{Referências|col=2}}
Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.<ref>{{citar periódico |título=Editor's Introduction: A Guide to the Empirically Supported Treatments Controversy |data=25 de novembro de 2010 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=Psychotherapy Research |número=2 |ultimo=Elliott |primeiro=Robert |paginas=115-125 |lingua=en |titulotrad=Introdução do Editor: Um Guia para a Controvérsia sobre Tratamentos Empiricamente Suportados |doi=10.1080/10503309812331332257 |volume=8}}</ref> Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado, muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais, isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos. Hoje, há pessoas que defendam que a Psicologia virou algo mais voltado para a opinião pública do que para uma área de pesquisa.<ref>{{citar web|url=http://www.syti.net/Manipulations.html|título=Les stratégies et les techniques des Maitres du Monde pour la manipulation de l'opinion publique et de la société|acessodata=25 de setembro de 2024|website=SytiNet|lingua=fr|titulotrad=As estratégias e técnicas dos Senhores do Mundo para a manipulação da opinião pública e da sociedade|arquivourl=https://archive.ph/ddoxw|arquivodata=30 de agosto de 2013|urlmorta=não}}</ref>

=== Terapias "alternativas" não psicológicas ===
Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do número de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores<ref name="Beyerstein2001">{{citar periódico |url=https://www.researchgate.net/publication/255524680_Fringe_Psychotherapies_The_Public_at_Risk |título=Fringe psychotherapies: The public at risk. |data=Março de 2001 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=Scientific Review of Alternative Medicine |número=2 |ultimo=Beyerstein |primeiro=Barry L. |paginas=33–55 |lingua=en |titulotrad=Psicoterapias marginais: o público em risco. |volume=5}}</ref> já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos — incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias ''new-age'' de todos os tipos possíveis (ex. ''rebirthing'', ''reparenting'', regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas".<ref>{{citar periódico |url=http://www.srmhp.org/0101/raison-detre.html |título=SRMHP: Our Raison d'Être |data=Verão de 2002 |acessodata=25 de setembro de 2024 |número=1 |ultimo=Lilienfeld |primeiro=Scott O. |lingua=fr |titulotrad=SRMHP: Nosso Propósito |urlmorta=sim |wayb=20041110061217 |citacao=Uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos não validados e, às vezes, prejudiciais, incluindo comunicação facilitada para autismo infantil [...], técnicas sugestivas para recuperação de memória (por exemplo, regressão de idade hipnótica, imagens guiadas, trabalho corporal), terapias energéticas (por exemplo, Terapia de Campo de Pensamento, Técnica de Libertação Emocional...) e terapias da Nova Era de tipos aparentemente infinitos (por exemplo, renascimento, reparentalidade, regressão a vidas passadas, terapia do Grito Primordial, programação neurolinguística, terapia de abdução alienígena, terapia de anjos) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas. |volume=1}}</ref> Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.<ref>{{citar periódico |título=Melioration and self-experimentation |data=Novembro de 1984 |acessodata=25 de setembro de 2024 |periódico=Journal of the Experimental Analysis of Behavior |número=3 |ultimo=Neuringer |primeiro=A. |paginas=397-406 |lingua=en |titulotrad=Melhoria e auto-experimentação |doi=10.1901/jeab.1984.42-397 |pmc=1348111 |pmid=16812398 |volume=42}}</ref>

{{Referências|col=3}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
{{Refbegin|30em}}
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* [https://www.newadvent.org/cathen/12545b.htm Catholic Encyclopedia: Psychology] (1911)
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Revisão das 17h42min de 8 de outubro de 2024

Psicologia é o estudo científico da mente e do comportamento.[1][2] Seu tópico inclui o comportamento de humanos e não humanos, fenômenos conscientes e inconscientes, e processos mentais, como pensamentos, sentimentos e motivos. A psicologia é uma disciplina acadêmica de imenso escopo, cruzando as fronteiras entre as ciências naturais e sociais. Os psicólogos biológicos buscam uma compreensão das propriedades emergentes dos cérebros, ligando a disciplina à neurociência. Como cientistas sociais, os psicólogos visam entender o comportamento de indivíduos e grupos.[3][4]

Um profissional ou pesquisador envolvido na disciplina é chamado de psicólogo. Alguns psicólogos também podem ser classificados como cientistas comportamentais ou cognitivos. Alguns psicólogos tentam entender o papel das funções mentais no comportamento individual e social. Outros exploram os processos fisiológicos e neurobiológicos subjacentes às funções e comportamentos cognitivos.

Os psicólogos estão envolvidos em pesquisas sobre percepção, cognição, atenção, emoção, inteligência, experiências subjetivas, motivação, funcionamento do cérebro e personalidade. Os interesses dos psicólogos se estendem às relações interpessoais, resiliência psicológica, resiliência familiar e outras áreas da psicologia social. Eles também consideram a mente inconsciente.[5] Os psicólogos pesquisadores empregam métodos empíricos para inferir relações causais e correlacionais entre variáveis psicossociais. Alguns, mas não todos, psicólogos clínicos e de aconselhamento confiam na interpretação simbólica.

Embora o conhecimento psicológico seja frequentemente aplicado à avaliação e tratamento de problemas de saúde mental, ele também é direcionado para a compreensão e resolução de problemas em várias esferas da atividade humana. Segundo muitos relatos, a psicologia visa, em última análise, beneficiar a sociedade.[6][7][8] Muitos psicólogos estão envolvidos em algum tipo de papel terapêutico, praticando psicoterapia em ambientes clínicos, de aconselhamento ou escolares. Outros psicólogos realizam pesquisas científicas sobre uma ampla gama de tópicos relacionados a processos mentais e comportamento. Normalmente, o último grupo de psicólogos trabalha em ambientes acadêmicos (por exemplo, universidades, escolas de medicina ou hospitais). Outro grupo de psicólogos é empregado em ambientes industriais e organizacionais.[9] Outros ainda estão envolvidos em trabalhos sobre desenvolvimento humano, envelhecimento, esportes, saúde, ciência forense, educação e mídia.

Etimologia e definições

A palavra psicologia significa literalmente, "estudo da alma" (ψυχή, psyché, "alma" — λογία, logia, "tratado", "estudo").[10] A palavra psicologia foi usada pela primeira vez no Renascimento.[11] Em sua forma em latim psychiologia, foi empregada pela primeira vez pelo humanista e latinista croata Marko Marulić em seu livro Psichiologia de ratione animae humanae (Psychology, on the Nature of the Human Soul) na década de 1510-1520.[11][12] A primeira referência conhecida à palavra psicologia em inglês foi escrito por Steven Blankaart em 1694 no The Physical Dictionary. O dicionário refere-se à "Anatomia, que trata do Corpo, e à Psicologia, que trata da Alma".[13]

Ψ (psi), a primeira letra da palavra grega psique da qual o termo psicologia é derivado, é comumente associada ao campo da psicologia.

Em 1890, William James definiu a psicologia como "a ciência da vida mental, tanto de seus fenômenos quanto de suas condições".[14] Essa definição foi amplamente difundida por décadas. No entanto, esse significado foi contestado, notadamente por behavioristas radicais como John B. Watson, que em 1913 afirmou que a disciplina é uma ciência natural, cujo objetivo teórico "é a previsão e o controle do comportamento".[15] Como James definiu "psicologia", o termo implica mais fortemente a experimentação científica.[15][16] A psicologia do senso comum é a compreensão dos estados mentais e comportamentos das pessoas mantidos por pessoas comuns, em contraste com a compreensão dos profissionais de psicologia.[17]

História

Ver artigo principal: História da psicologia
Para obter um guia cronológico, consulte : Linha do tempo da psicologia

As antigas civilizações do Egito, Grécia, China, Índia e Pérsia se dedicaram ao estudo filosófico da psicologia. No Egito Antigo, o Papiro Ebers mencionou depressão e distúrbios do pensamento.[18] Os historiadores observam que os filósofos gregos, incluindo Tales, Platão e Aristóteles (especialmente em seu tratado De Anima),[19] abordaram o funcionamento da mente.[20] Já no século 4 a.C, o médico grego Hipócrates teorizou que os transtornos mentais tinham causas físicas e não sobrenaturais.[21] Em 387 a.C, Platão sugeriu que o cérebro é onde os processos mentais ocorrem e, em 335 a.C, Aristóteles sugeriu que era o coração.[22]

Na China, a compreensão da psicologia cresceu a partir das obras filosóficas de Lao Zi e Confúcio e, mais tarde, das doutrinas do budismo.[23] A filosofia chinesa enfatizava a purificação da mente para aumentar a virtude e o poder. Um texto antigo conhecido como Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo identifica o cérebro como o nexo de sabedoria e sensação, inclui teorias da personalidade baseadas no equilíbrio yin-yang e analisa o transtorno mental em termos de desequilíbrios fisiológicos e sociais. A bolsa de estudos chinesa que se concentrou no cérebro avançou durante a dinastia Qing com o trabalho de Fang Yizhi (1611-1671), Liu Zhi (1660-1730) e Wang Qingren (1768-1831). Wang Qingren enfatizou a importância do cérebro como centro do sistema nervoso, relacionou o transtorno mental com doenças cerebrais, investigou as causas dos sonhos e da insônia e avançou uma teoria da lateralização hemisférica na função cerebral.[24]

Influenciada pelo hinduísmo, a filosofia indiana explorou distinções nos tipos de consciência. Uma ideia central dos Upanixades, e outros textos védicos que formaram as bases do hinduísmo era a distinção entre o eu mundano transitório de uma pessoa e sua alma eterna e imutável. Doutrinas hindus divergentes e o budismo desafiaram essa hierarquia de eus, mas todos enfatizaram a importância de alcançar uma consciência mais elevada. O Ioga engloba uma gama de técnicas usadas na busca desse objetivo. A teosofia, uma religião estabelecida pela filósofa russo-americana Helena Blavatsky, inspirou-se nessas doutrinas durante seu tempo na Índia britânica.[25][26]

A psicologia era de interesse para os pensadores iluministas na Europa. Na Alemanha, Gottfried Leibniz (1646-1716) aplicou seus princípios de cálculo à mente, argumentando que a atividade mental ocorria em um continuum indivisível. Ele sugeriu que a diferença entre consciência consciente e inconsciente é apenas uma questão de grau. Christian Wolff identificou a psicologia como sua própria ciência, escrevendo Psychologia Empirica em 1732 e Psychologia Rationalis em 1734. Immanuel Kant avançou a ideia da antropologia como disciplina, sendo a psicologia uma subdivisão importante. Kant, no entanto, rejeitou explicitamente a ideia de uma psicologia experimental, escrevendo que "a doutrina empírica da alma também nunca pode se aproximar da química, mesmo como uma arte sistemática de análise ou doutrina experimental, pois nela a variedade da observação interior pode ser separada apenas pela mera divisão no pensamento, e não pode então ser mantida separada e recombinada à vontade (mas menos ainda outro sujeito pensante se permite ser experimentado para se adequar nosso propósito), e mesmo a observação por si só já muda e desloca o estado do objeto observado".

Em 1783, Ferdinand Ueberwasser (1752-1812) designou-se Professor de Psicologia Empírica e Lógica e deu palestras sobre psicologia científica, embora esses avanços tenham sido logo ofuscados pelas guerras napoleônicas.[27] No final da era napoleônica, as autoridades prussianas descontinuaram a Antiga Universidade de Münster.[27] Tendo consultado os filósofos Hegel e Herbart, no entanto, em 1825 o estado prussiano estabeleceu a psicologia como uma disciplina obrigatória em seu sistema educacional em rápida expansão e altamente influente. No entanto, essa disciplina ainda não abraçou a experimentação.[28] Na Inglaterra, a psicologia primitiva envolvia frenologia e a resposta a problemas sociais, incluindo alcoolismo, violência e os asilos "lunáticos" lotados do país.[29]

Início da psicologia experimental

James McKeen Cattell, o primeiro psicólogo dos Estados Unidos
Wilhelm Wundt (sentado), um psicólogo alemão, com colegas em seu laboratório psicológico, o primeiro de seu tipo, c. 1880
Um dos cães usados no experimento do psicólogo russo Ivan Pavlov com uma cânula implantada cirurgicamente para medir a saliva, preservada no Museu Pavlov em Ryazan, Rússia

O filósofo John Stuart Mill acreditava que a mente humana estava aberta à investigação científica, mesmo que a ciência seja de certa forma inexata.[30] Mill propôs uma "química mental" na qual pensamentos elementares poderiam se combinar em ideias de maior complexidade.[30] Gustav Fechner começou a realizar pesquisas psicofísicas em Leipzig na década de 1830. Ele articulou o princípio de que a percepção humana de um estímulo varia logaritmicamente de acordo com sua intensidade.[31]:61 O princípio ficou conhecido como lei de Weber-Fechner. O Elementos de Psicofísica de Fechner de 1860 desafiaram a visão negativa de Kant em relação à realização de pesquisas quantitativas sobre a mente.[28][32] A conquista de Fechner foi mostrar que "os processos mentais não só podiam receber magnitudes numéricas, mas também que estas podiam ser medidas por métodos experimentais".[28] Em Heidelberg, Hermann von Helmholtz conduziu pesquisas paralelas sobre percepção sensorial e treinou o fisiologista Wilhelm Wundt. Wundt, por sua vez, veio para a Universidade de Leipzig, onde estabeleceu o laboratório psicológico que trouxe a psicologia experimental para o mundo. Wundt se concentrou em dividir os processos mentais nos componentes mais básicos, motivado em parte por uma analogia com os recentes avanços da química e sua investigação bem-sucedida dos elementos e da estrutura dos materiais.[33] Paul Flechsig e Emil Kraepelin logo criaram outro laboratório influente em Leipzig, um laboratório relacionado à psicologia, que se concentrava mais na psiquiatria experimental.[28]

James McKeen Cattell, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia e da Universidade Columbia e cofundador da Psychological Review, foi o primeiro professor de psicologia nos Estados Unidos.

O psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, pesquisador da Universidade de Berlim, foi um colaborador do século 19 para o campo. Ele foi pioneiro no estudo experimental da memória e desenvolveu modelos quantitativos de aprendizagem e esquecimento.[34] No início do século 20, Wolfgang Köhler, Max Wertheimer e Kurt Koffka co-fundaram a escola de psicologia da Gestalt de Fritz Perls. A abordagem da psicologia da Gestalt é baseada na ideia de que os indivíduos experimentam as coisas como totalidades unificadas. Em vez de reduzir pensamentos e comportamentos em elementos componentes menores, como no estruturalismo, os gestaltistas sustentavam que toda a experiência é importante e difere da soma de suas partes.

Psicólogos na Alemanha, Dinamarca, Áustria, Inglaterra e Estados Unidos logo seguiram Wundt na criação de laboratórios.[35] G. Stanley Hall, um americano que estudou com Wundt, fundou um laboratório de psicologia que se tornou internacionalmente influente. O laboratório estava localizado na Universidade Johns Hopkins. Hall, por sua vez, treinou Yujiro Motora, que trouxe a psicologia experimental, com ênfase na psicofísica, para a Universidade Imperial de Tóquio.[36] O assistente de Wundt, Hugo Münsterberg, ensinou psicologia em Harvard para estudantes como Narendra Nath Sen Gupta — que, em 1905, fundou um departamento e laboratório de psicologia na Universidade de Calcutá.[25] Os alunos de Wundt, Walter Dill Scott, Lightner Witmer e James McKeen Cattell, trabalharam no desenvolvimento de testes de capacidade mental. Cattell, que também estudou com o eugenista Francis Galton, fundou a Psychological Corporation. Witmer se concentrou no teste mental de crianças; Scott, sobre a seleção de funcionários.[31]:60

Outro aluno de Wundt, o inglês Edward Titchener, criou o programa de psicologia na Universidade Cornell e avançou a psicologia "estruturalista". A ideia por trás do estruturalismo era analisar e classificar diferentes aspectos da mente, principalmente por meio do método de introspecção.[37] William James, John Dewey e Harvey Carr avançaram a ideia de funcionalismo, uma abordagem expansiva da psicologia que sublinhou a ideia darwiniana da utilidade de um comportamento para o indivíduo. Em 1890, James escreveu um livro influente, Os Princípios da Psicologia, que expandiu o estruturalismo. Ele descreveu o "fluxo de consciência". As ideias de James interessaram a muitos estudantes americanos na disciplina emergente.[38][31]:178–182[37] Dewey integrou a psicologia às preocupações da sociedade, principalmente promovendo a educação progressista, inculcando valores morais nas crianças e colocando os imigrantes em pauta.[31]:196–200

Uma cepa diferente de experimentalismo, com maior conexão com a fisiologia, surgiu na América do Sul, sob a liderança de Horacio G. Piñero, da Universidade de Buenos Aires.[39] Na Rússia, também, os pesquisadores colocaram maior ênfase na base biológica da psicologia, começando com o ensaio de Ivan Sechenov de 1873, "Quem deve desenvolver a psicologia e como?" Sechenov avançou a ideia de reflexos cerebrais e promoveu agressivamente uma visão determinista do comportamento humano.[40] O fisiologista russo-soviético Ivan Pavlov descobriu em cães um processo de aprendizagem que mais tarde foi denominado "condicionamento clássico" e aplicou o processo aos seres humanos.[41]

Consolidação e financiamento

Uma das primeiras sociedades de psicologia foi La Société de Psychologie Physiologique na França, que durou de 1885 a 1893. A primeira reunião do Congresso Internacional de Psicologia, patrocinado pela União Internacional de Ciências Psicológicas, ocorreu em Paris, em agosto de 1889, em meio à Feira Mundial que celebrava o centenário da Revolução Francesa. William James foi um dos três americanos entre os 400 participantes. A Associação Americana de Psicologia (APA) foi fundada logo depois, em 1892. O Congresso Internacional continuou a ser realizado em diferentes locais da Europa e com ampla participação internacional. O Sexto Congresso, realizado em Genebra em 1909, incluiu apresentações em russo, chinês e japonês, bem como em esperanto. Após um hiato para a Primeira Guerra Mundial, o Sétimo Congresso se reuniu em Oxford, com uma participação substancialmente maior dos anglo-americanos vitoriosos da guerra. Em 1929, o Congresso aconteceu na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, com a presença de centenas de membros da APA.[35] A Universidade Imperial de Tóquio liderou o caminho para trazer uma nova psicologia para o Oriente. Novas ideias sobre psicologia se difundiram do Japão para a China.[24][36]

A psicologia americana ganhou status com a entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial. Um comitê permanente chefiado por Robert Yerkes administrou testes mentais ("Exército Alfa" e "Exército Beta") a quase 1,8 milhão de soldados.[42] Posteriormente, a família Rockefeller, por meio do Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais, começou a fornecer financiamento para pesquisas comportamentais.[43][44] As instituições de caridade Rockefeller financiaram o Comitê Nacional de Higiene Mental, que disseminou o conceito de doença mental e fez lobby para aplicar ideias da psicologia à criação dos filhos.[42] Por meio do Bureau of Social Hygiene e posteriormente do financiamento de Alfred Kinsey, as fundações Rockefeller ajudaram a estabelecer pesquisas sobre sexualidade nos EUA.[45] Sob a influência do Eugenics Record Office financiado pela Carnegie e financiado pelo Pioneer Fund da Draper e de outras instituições, o movimento eugênico também influenciou a psicologia americana. Nas décadas de 1910 e 1920, a eugenia se tornou um tópico padrão nas aulas de psicologia.[46]:88–110 Em contraste com os EUA, no Reino Unido, a psicologia foi recebida com antagonismo pelos estabelecimentos científicos e médicos e, até 1939, havia apenas seis cadeiras de psicologia nas universidades da Inglaterra.[47]

Durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, as agências militares e de inteligência dos EUA se estabeleceram como os principais financiadores da psicologia por meio das forças armadas e na nova agência de inteligência do Escritório de Serviços Estratégicos. O psicólogo da Universidade de Michigan, Dorwin Cartwright, relatou que os pesquisadores da universidade começaram a pesquisa de propaganda em larga escala em 1939-1941. Ele observou que "nos últimos meses da guerra, um psicólogo social se tornou o principal responsável por determinar a política de propaganda semana a semana para o governo dos Estados Unidos". Cartwright também escreveu que os psicólogos tinham papéis significativos na gestão da economia doméstica.[48] O Exército dos Estados Unidos lançou seu novo Teste de Classificação Geral para avaliar a capacidade de milhões de soldados. O Exército também se envolveu em pesquisas psicológicas em larga escala sobre o moral e a saúde mental das tropas.[49] Na década de 1950, a Fundação Rockefeller e a Fundação Ford colaboraram com a Agência Central de Inteligência (CIA) para financiar pesquisas sobre guerra psicológica.[50] Em 1965, a controvérsia pública chamou a atenção para o Projeto Camelot do Exército, o "Projeto Manhattan" das ciências sociais, um esforço que recrutou psicólogos e antropólogos para analisar os planos e políticas de países estrangeiros para fins estratégicos.[51][52]

Na Alemanha, após a Primeira Guerra Mundial, a psicologia detinha o poder institucional por meio dos militares, que foi posteriormente expandido junto com o resto dos militares durante a Alemanha nazista.[28] Sob a direção do primo de Hermann Göring, Matthias Göring, o Instituto Psicanalítico de Berlim foi renomeado para Instituto Göring. Os psicanalistas freudianos foram expulsos e perseguidos sob as políticas antijudaicas do Partido Nazista, e todos os psicólogos tiveram que se distanciar de Freud e Adler, fundadores da psicanálise que também eram judeus.[53]:75–77 O Instituto Göring foi baqstante financiado durante a guerra com o mandato de criar uma "Nova Psicoterapia Alemã". Essa psicoterapia visava alinhar os alemães adequados com os objetivos gerais do Reich. Conforme descrito por um médico, "Apesar da importância da análise, a orientação espiritual e a cooperação ativa do paciente representam a melhor maneira de superar os problemas mentais individuais e subordiná-los às exigências do Volk e da Gemeinschaft". Os psicólogos deveriam fornecer Seelenführung [lit., orientação da alma] e a liderança da mente, para integrar as pessoas na nova visão de uma comunidade alemã.[53]:93 Harald Schultz-Hencke fundiu a psicologia com a teoria nazista da biologia e das origens raciais, criticando a psicanálise como um estudo dos fracos e deformados.[53]:86–87 Johannes H. Schultz, um psicólogo alemão reconhecido por desenvolver a técnica de treinamento autógeno, defendeu proeminentemente a esterilização e a eutanásia de homens considerados geneticamente indesejáveis e desenvolveu técnicas para facilitar esse processo.[54]

Após a guerra, novas instituições foram criadas, embora alguns psicólogos, por causa de sua afiliação nazista, tenham sido desacreditados. Alexander Mitscherlich fundou uma proeminente revista de psicanálise aplicada chamada Psyche. Com financiamento da Fundação Rockefeller, Mitscherlich estabeleceu a primeira divisão de medicina psicossomática clínica na Universidade de Heidelberg. Em 1970, a psicologia foi integrada aos estudos obrigatórios dos estudantes de medicina.[53]:351–375

Após a Revolução Russa, os bolcheviques promoveram a psicologia como uma forma de projetar o "Novo Homem" do socialismo. Consequentemente, os departamentos de psicologia da universidade treinaram um grande número de alunos em psicologia. Após a conclusão do treinamento, foram disponibilizadas vagas para esses alunos em escolas, locais de trabalho, instituições culturais e nas forças armadas. O Estado russo enfatizou a paidologia e o estudo do desenvolvimento infantil. Lev Vygotsky tornou-se proeminente no campo do desenvolvimento infantil.[40] Os bolcheviques também promoveram o amor livre e abraçaram a doutrina da psicanálise como um antídoto para a repressão sexual.[55]:84–86[56] Embora a pedologia e os testes de inteligência tenham caído em desuso em 1936, a psicologia manteve sua posição privilegiada como instrumento da União Soviética.[40] Os expurgos stalinistas cobraram um alto preço e incutiram um clima de medo na profissão, como em outras partes da sociedade soviética.[55]:22 Após a Segunda Guerra Mundial, psicólogos judeus do passado e do presente, incluindo Lev Vygotsky, A.R. Luria e Aron Zalkind, foram denunciados; Ivan Pavlov (postumamente) e o próprio Stalin foram celebrados como heróis da psicologia soviética.[55]:25–26, 48–49 Os acadêmicos soviéticos experimentaram um certo grau de liberalização durante o degelo de Kruschev. Os tópicos da cibernética, linguística e genética tornaram-se aceitáveis novamente. O novo campo da psicologia da engenharia surgiu. O campo envolveu o estudo dos aspectos mentais de trabalhos complexos (como piloto e cosmonauta). Os estudos interdisciplinares tornaram-se populares e estudiosos como Georgy Shchedrovitsky desenvolveram abordagens de teoria dos sistemas para o comportamento humano.[55]:27–33

A psicologia chinesa do século XX originalmente se inspirou na psicologia dos EUA, com traduções de autores americanos como William James, o estabelecimento de departamentos e periódicos universitários de psicologia e o estabelecimento de grupos, incluindo a Associação Chinesa de Testes Psicológicos (1930) e a Sociedade Chinesa de Psicologia (1937). Os psicólogos chineses foram encorajados a se concentrar na educação e no aprendizado de idiomas. Os psicólogos chineses foram atraídos pela ideia de que a educação permitiria a modernização. John Dewey, que lecionou para o público chinês entre 1919 e 1921, teve uma influência significativa na psicologia na China. O chanceler T'sai Yuan-p'ei apresentou-o na Universidade de Pequim como um pensador maior do que Confúcio. Kuo Zing-yang, que recebeu um PhD na Universidade da Califórnia, Berkeley, tornou-se presidente da Universidade de Zhejiang e popularizou o behaviorismo.[57]:5-9 Depois que o Partido Comunista Chinês ganhou o controle do país, a União Soviética stalinista tornou-se a principal influência, com o marxismo-leninismo sendo a principal doutrina social e o condicionamento pavloviano como os meios aprovados de mudança de comportamento. Os psicólogos chineses elaboraram o modelo de Lenin de uma consciência "reflexiva", imaginando uma "consciência ativa" (pinyin: tzu-chueh neng-tung-li) capaz de transcender as condições materiais por meio do trabalho árduo e da luta ideológica. Eles desenvolveram um conceito de "reconhecimento" (pinyin: tzu-chueh neng-tung-li) que se referia à interface entre as percepções individuais e a visão de mundo socialmente aceita;a falha em corresponder à doutrina do partido era um “reconhecimento incorreto”.[57]:9-17 A educação em psicologia foi centralizada na Academia Chinesa de Ciências, supervisionada pelo Conselho de Estado. Em 1951, a academia criou um Escritório de Pesquisa em Psicologia, que em 1956 se tornou o Instituto de Psicologia. Como a maioria dos psicólogos importantes foi educada nos Estados Unidos, a primeira preocupação da academia foi a reeducação desses psicólogos nas doutrinas soviéticas. A psicologia e a pedagogia infantil com o propósito de uma educação nacionalmente coesa continuaram sendo um objetivo central da disciplina.[57]:18–24

Mulheres na psicologia

1900 - 1949

As mulheres no início dos anos 1900 começaram a fazer descobertas importantes no mundo da psicologia. Em 1923, Anna Freud,[58] filha de Sigmund Freud, baseou-se no trabalho de seu pai usando diferentes mecanismos de defesa (negação, repressão e supressão) para psicanalisar crianças. Ela acreditava que, uma vez que uma criança atingisse o período de latência, a análise infantil poderia ser usada como um modo de terapia. Ela afirmou que é importante focar no ambiente da criança, apoiar seu desenvolvimento e prevenir a neurose. Ela acreditava que uma criança deveria ser reconhecida como uma pessoa com direito próprio e ter cada sessão atendendo às necessidades específicas da criança. Ela as encorajou a desenhar, mover-se livremente e se expressar de qualquer maneira. Isso ajudou a construir uma forte aliança terapêutica com pacientes infantis, o que permite que os psicólogos observem seu comportamento normal. Ela continuou sua pesquisa sobre o impacto das crianças após a separação familiar, crianças com origens socioeconomicamente desfavorecidas e todos os estágios do desenvolvimento infantil, desde a infância até a adolescência.

A periodicidade funcional, a crença de que as mulheres ficam deficientes mentais e físicas durante a menstruação, impactou os direitos das mulheres porque os empregadores eram menos propensos a contratá-las devido à crença de que seriam incapazes de trabalhar por 1 semana por mês. Leta Stetter Hollingworth queria provar que essa hipótese e a teoria de Edward L. Thorndike, de que as mulheres têm menos traços psicológicos e físicos do que os homens e eram simplesmente medíocres, estavam incorretas. Hollingworth trabalhou para provar que as diferenças não eram da superioridade genética masculina, mas da cultura. Ela também incluiu o conceito de comprometimento das mulheres durante a menstruação em sua pesquisa. Ela registrou performances de mulheres e homens em tarefas (cognitivas, perceptivas e motoras) por três meses. Nenhuma evidência foi encontrada de diminuição do desempenho devido ao ciclo menstrual de uma mulher.[59] Ela também desafiou a crença de que a inteligência é herdada e as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens. Ela afirmou que as mulheres não alcançam posições de poder devido às normas sociais e papéis que lhes são atribuídos. Como ela afirma em seu artigo, "Variability as related to sex differences in achievement: A Critique",[60] o maior problema que as mulheres têm é a ordem social que foi construída devido à suposição de que as mulheres têm menos interesses e habilidades do que os homens. Para provar ainda mais seu ponto, ela completou outro experimento com bebês que não foram influenciados pelo ambiente das normas sociais, como o homem adulto tendo mais oportunidades do que as mulheres. Ela não encontrou diferença entre os bebês além do tamanho. Depois que esta pesquisa provou que a hipótese original estava errada, Hollingworth foi capaz de mostrar que não há diferença entre os traços fisiológicos e psicológicos de homens e mulheres, e as mulheres não são prejudicadas durante a menstruação.[61]

A primeira metade dos anos 1900 foi repleta de novas teorias e foi um ponto de virada para o reconhecimento das mulheres no campo da psicologia. Além das contribuições feitas por Leta Stetter Hollingworth e Anna Freud, Mary Whiton Calkins inventou uma técnica de estudar a memória e desenvolveu a autopsicologia.[62] Karen Horney desenvolveu o conceito de "inveja do útero" e necessidades neuróticas.[63] A psicanalista Melanie Klein impactou a psicologia do desenvolvimento com sua pesquisa de ludoterapia.[64] Essas grandes descobertas e contribuições foram feitas durante lutas contra o sexismo, a discriminação e pouco reconhecimento por seus trabalhos.

1950 - 1999

As mulheres na segunda metade do século 20 continuaram a fazer pesquisas que tiveram impactos em grande escala no campo da psicologia. O trabalho de Mary Ainsworth centrou-se na teoria do apego. Com base no colega psicólogo John Bowlby, Ainsworth passou anos fazendo trabalho de campo para entender o desenvolvimento das relações mãe-bebê. Ao fazer esta pesquisa de campo, Ainsworth desenvolveu o Strange Situation Procedure, um procedimento de laboratório destinado a estudar o padrão de apego, separando e unindo uma criança com sua mãe várias vezes diferentes em diferentes circunstâncias. Esses estudos de campo também são onde ela desenvolveu sua teoria do apego e a ordem dos padrões de apego, que foi um marco para a psicologia do desenvolvimento.[65][66] Por causa de seu trabalho, Ainsworth se tornou uma das psicólogas mais citadas de todos os tempos.[67] Mamie Phipps Clark foi outra mulher na psicologia que mudou o campo com sua pesquisa. Ela foi uma das primeiras afro-americanas a receber um doutorado em psicologia pela Universidade Columbia, junto com seu marido, Kenneth Clark. Sua tese de mestrado, "O Desenvolvimento da Consciência em Crianças Negras em Idade Pré-Escolar", argumentou que a autoestima das crianças negras foi impactada negativamente pela discriminação racial. Ela e o marido conduziram pesquisas com base em sua tese ao longo da década de 1940. Esses testes, chamados de testes de bonecas, pediam às crianças pequenas que escolhessem entre bonecas idênticas cuja única diferença era a raça, e descobriram que a maioria das crianças preferia as bonecas brancas e atribuía características positivas a elas. Repetidos várias vezes, esses testes ajudaram a determinar os efeitos negativos da discriminação racial e da segregação na autoimagem e no desenvolvimento das crianças negras. Em 1954, esta pesquisa ajudaria a decidir a decisão histórica do caso Brown v. Board of Education, levando ao fim da segregação legal em todo o país. Clark passou a ser uma figura influente na psicologia, seu trabalho continuando a se concentrar na juventude minoritária.[68]

À medida que o campo da psicologia se desenvolveu ao longo da segunda metade do século 20, as mulheres no campo defenderam que suas vozes fossem ouvidas e suas perspectivas valorizadas. O feminismo de segunda onda não perdeu a psicologia. A psicóloga e feminista, Naomi Weisstein, que era uma pesquisadora em psicologia e neurociência, em seu artigo, "Kirche, Kuche, Kinder as Scientific Law: Psychology Constructs the Female", criticou o campo da psicologia por centralizar os homens e usar demais a biologia para explicar as diferenças de gênero sem levar em conta os fatores sociais.[69] Seu trabalho preparou o terreno para mais pesquisas a serem feitas em psicologia social, especialmente na construção social de gênero.[70] Outras mulheres no campo também continuaram defendendo as mulheres na psicologia, criando a Association for Women in Psychology para criticar a forma como o campo tratava as mulheres. E. Kitsch Child, Phyllis Chesler e Dorothy Riddle foram alguns dos membros fundadores da organização em 1969.[71][72]

A segunda metade do século 20 diversificou ainda mais o campo da psicologia, com mulheres negras alcançando novos marcos. Em 1962, Martha Bernal se tornou a primeira mulher latina a obter um PhD em psicologia. Em 1969, Marigold Linton, a primeira mulher nativa americana a obter um PhD em psicologia, fundou a National Indian Education Association. Ela também foi membro fundadora da Society for Advancement of Chicanos and Native Americans in Science. Em 1971, a Network of Indian Psychologists foi criada por Carolyn Attneave. Harriet McAdoo foi nomeada para a White House Conference on Families em 1979.[73]

2000 - Atualmente

A Dra. Kay Redfield Jamison, nomeada uma das "Melhores Médicas dos Estados Unidos" pela revista Time, é palestrante, psicóloga e escritora. Ela é conhecida por suas vastas contribuições modernas para o transtorno bipolar e seus livros Uma mente inquieta[74] e Nothing Was the Same[75] Tendo ela mesma transtorno bipolar, ela escreveu várias memórias sobre sua experiência com pensamentos suicidas, comportamentos maníacos, depressão e outros problemas que surgem por ser bipolar.[76]

A Dra. Angela Neal-Barnett vê a psicologia através de uma lente negra e dedicou sua carreira a se concentrar no estudo da ansiedade das mulheres afro-americanas. Ela fundou a organização Rise Sally Rise, que ajuda mulheres negras a lidar com a ansiedade. Ela publicou seu trabalho Soothe Your Nerves: The Black Woman's Guide to Understanding and Overcoming Anxiety, Panic and Fear[77] em 2003.[76]

Em 2002, a Dra. Teresa LaFromboise, ex-presidente da Society of Indian Psychologists recebeu o Prêmio de Contribuição Distinta de Carreira para Pesquisa da APA da Sociedade para o Estudo Psicológico da Cultura, Etnia e Raça por sua pesquisa sobre prevenção do suicídio. Ela foi a primeira pessoa a liderar uma intervenção para crianças e adolescentes nativos americanos que utilizou a prevenção do suicídio baseada em evidências. Ela passou sua carreira dedicada a ajudar jovens de minorias raciais e étnicas a lidar com ajustes e pressões culturais.[73]

A Dra. Shari Miles-Cohen, psicóloga e ativista política, aplicou uma lente negra, feminista e de classe a todos os seus estudos psicológicos. Ajudando questões progressistas e feministas, ela foi diretora executiva de muitas ONGs. Em 2007, ela se tornou Diretora Sênior do Escritório de Programas para Mulheres da Associação Americana de Psicologia. Portanto, ela foi uma das criadoras da "Linha do Tempo das Mulheres na Psicologia" da APA, que apresenta as realizações de mulheres negras na psicologia. Ela é bem conhecida por co-editar Eliminating Inequities for Women with Disabilities: An Agenda for Health and Wellness,[78] seu artigo publicado no Women's Reproductive Health Journal sobre a luta de mulheres negras com a gravidez e o pós-parto (publicado em 2018) e co-autora do "APA Handbook of the Psychology of Women".[79]

No Brasil

É relevante afirmar que desde o período Colonial no Brasil, já havia preocupações com o fenômeno psicológico, contudo não podemos afirmar que se tratava propriamente de psicologia. O homem sendo parte fundante e personagem principal do desenvolvimento das ideias, cria e elabora ideias psicológicas, dentre tantas outras. É possível entender que também no Brasil, a psicologia vai se desenvolvendo como ideias e posteriormente como ciência.

A pesquisa de Massimi[80] evidencia que os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo em várias culturas e que este objeto de estudo se denomina História das ideias psicológicas. Numa análise sobre o período colonial brasileiro, esta autora pontua que temas relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas foram produzidos. É conveniente evidenciar também que durante o século XIX, principalmente no final deste, a psicologia esteve presente em várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os fenômenos psicológicos no interior da medicina e da educação. Para Antunes,[81] este processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da psicologia como área específica de saber.

Destaca-se em 1854 como primeira obra sobre a área o livro Investigações de Psychologia do médico baiano Eduardo Ferreira França, que foi influenciado pela filosofia de Maine de Biran, e as teses Psicofisiologia acerca do Homem, de Francisco Tavares da Cunha, e Relação da Medicina com as Ciências Filosóficas: Legitimidade da Psicologia, por Ernesto Carneiro Ribeiro. A psicologia experimental foi iniciada no Brasil no final do século XIX, quando em 1897 Medeiros e Albuquerque criou no Pedagogium um laboratório de psicologia pedagógica, que teve curta duração, e outros posteriormente foram estabelecidos por Maurício de Medeiros e Manuel Bomfim.[82][83] Em 1914, Ugo Pizzoli funda o Laboratório de Psicologia em São Paulo, e em 1929 em Belo Horizonte é criado o Laboratório de Psicologia destinado a estudos Pedagógicos, dirigido por muitos anos por Helena Antipoff.[82] Em 1900, foi defendida por Henrique Roxo a primeira tese de psicologia experimental, Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados.[84] A primeira obra sobre a história da psicologia no Brasil foi A Psicologia Experimental no Brasil, de Plínio Olinto.[84]

O polonês Waclaw Radecki é considerado por Rogério Centofanti aquele que mais influenciou o desenvolvimento inicial da psicologia no Brasil, promovendo intensamente a atividade como área separada, publicando diversas obras no Brasil, como Resumo do Curso de Psychologia, Tratado de Psicologia e Tratado de Psicoterapia, divulgando suas pesquisas e aplicações em um laboratório de acordo com os estudos psicológicos contemporâneos de sua época e lecionando-a em cursos a profissionais.[82][83][85] Ele veio ao Brasil em 1923 com sua esposa, Halina Radecka, que também contribuiu na teoria e prática, tendo publicado o livro Psicologia Social em 1960. e passou a administrar o laboratório do que era a Colônia de Psicopatas em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, fundado por Gustavo Riedel, e que se tornou o "Instituto de Psicologia" em 1932. Radecki estabeleceu um programa de formação superior profissional em psicologia que duraria quatro anos, mas o Instituto foi encerrado no mesmo ano durante o governo Vargas e não pôde desempenhar suas atividades. Radecki mudou-se para o Uruguai e Argentina, enquanto o setor do Instituto foi continuado por médicos brasileiros que eram seus discípulos.[82][85]

Uma portaria de 1946 reconhece o diploma de psicólogo, mas é em 1962 pela Lei nº 4.119 que o curso de formação profissional em psicologia é oficializado no MEC. Em 20 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nº 5.766 que cria os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo, e no mesmo ano foi realizado o I Encontro Nacional das Sociedades de Psicologia.[84]

Organizações disciplinares

Instituições

Em 1920, Édouard Claparède e Pierre Bovet criaram uma nova organização de psicologia aplicada chamada Congresso Internacional de Psicotécnica Aplicada à Orientação Vocacional, mais tarde chamada de Congresso Internacional de Psicotécnica e depois Associação Internacional de Psicologia Aplicada (IAAP).[35] A IAAP é considerada a mais antiga associação internacional de psicologia.[86] Hoje, pelo menos 65 grupos internacionais lidam com aspectos especializados da psicologia.[86] Em resposta à predominância masculina no campo, as psicólogas nos EUA formaram o National Council of Women Psychologists em 1941. Esta organização tornou-se o International Council of Women Psychologists após a Segunda Guerra Mundial e o International Council of Psychologists em 1959. Várias associações, incluindo a Association of Black Psychologists e a Asian American Psychological Association, surgiram para promover a inclusão de grupos raciais não europeus na profissão.[86]

A União Internacional de Ciências Psicológicas (IUPsyS) é a federação mundial de sociedades nacionais de psicologia. A IUPsyS foi fundada em 1951 sob os auspícios da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (UNESCO).[35][87] Desde então, os departamentos de psicologia proliferaram em todo o mundo, com base principalmente no modelo euro-americano.[25][87] Desde 1966, a União publica o International Journal of Psychology.[35] A IAAP e a IUPsyS concordaram em 1976 em realizar um congresso a cada quatro anos, de forma escalonada.[86]

A IUPsyS reconhece 66 associações nacionais de psicologia e existem pelo menos outras 15.[86] A Associação Americana de Psicologia é a maior e mais antiga.[86] Seu número de membros aumentou de 5.000 em 1945 para 100.000 nos dias atuais.[37] A APA inclui 54 divisões, que desde 1960 têm proliferado constantemente para incluir mais especialidades. Algumas dessas divisões, como a Sociedade para o Estudo Psicológico de Questões Sociais e a Sociedade Americana de Psicologia-Direito, começaram como grupos autônomos.[86]

A Sociedade Interamericana de Psicologia, fundada em 1951, tem um objetivo de promover a psicologia em todo o Hemisfério Ocidental. Realiza o Congresso Interamericano de Psicologia e tinha 1.000 membros no ano 2000. A Federação Europeia de Associações Profissionais de Psicologia, fundada em 1981, representa 30 associações nacionais com um total de 100.000 membros individuais. Pelo menos 30 outras organizações internacionais representam psicólogos em diferentes regiões.[86]

Em alguns lugares, os governos regulam legalmente quem pode fornecer serviços psicológicos ou se apresentar como "psicólogo".[88] A APA define um psicólogo como alguém com doutorado em psicologia.[89]

Barreiras

Os primeiros praticantes da psicologia experimental se distinguiram da parapsicologia, que no final do século XIX gozava de popularidade (incluindo o interesse de estudiosos como William James). Algumas pessoas consideravam a parapsicologia parte da "psicologia". Parapsicologia, hipnotismo e psiquismo foram os principais tópicos nos primeiros Congressos Internacionais. Mas os estudantes dessas áreas acabaram sendo condenados ao ostracismo e mais ou menos banidos do Congresso em 1900-1905.[35] A parapsicologia persistiu por um tempo na Universidade Imperial do Japão, com publicações como Clairvoyance and Thoughtography, de Tomokichi Fukurai, mas foi amplamente rejeitada em 1913.[36]

Como disciplina, a psicologia há muito procura se defender das acusações de que é uma ciência "suave". A crítica de 1962 do filósofo da ciência Thomas Kuhn implicava que a psicologia em geral estava em um estado pré-paradigma, sem acordo sobre o tipo de teoria abrangente encontrada em ciências duras maduras, como química e física.[90] Como algumas áreas da psicologia dependem de métodos de pesquisa, como autorrelatos em pesquisas e questionários, os críticos afirmaram que a psicologia não é uma ciência objetiva. Os céticos sugeriram que a personalidade, o pensamento e a emoção não podem ser medidos diretamente e muitas vezes são inferidos a partir de autorrelatos subjetivos, o que pode ser problemático. Psicólogos experimentais desenvolveram uma variedade de maneiras de medir indiretamente essas entidades fenomenológicas indescritíveis.[91][92][93]

Ainda existem divisões dentro do campo, com alguns psicólogos mais orientados para as experiências únicas de humanos individuais, que não podem ser entendidas apenas como pontos de dados dentro de uma população maior. Críticos dentro e fora do campo argumentaram que a psicologia convencional se tornou cada vez mais dominada por um "culto ao empirismo", que limita o escopo da pesquisa porque os investigadores se restringem a métodos derivados das ciências físicas.[94]:36-37 As críticas feministas argumentaram que as reivindicações de objetividade científica obscurecem os valores e a agenda de pesquisadores (historicamente) principalmente do sexo masculino.[42] Jean Grimshaw, por exemplo, argumenta que a pesquisa psicológica convencional avançou uma agenda patriarcal por meio de seus esforços para controlar o comportamento.[94]:120

Principais escolas de pensamento

Biológica

Ver artigo principal: Neurociência cognitiva
Representações em cores falsas das vias das fibras cerebrais afetadas, de acordo com Van Horn et al.[V]:3

Os psicólogos geralmente consideram a biologia o substrato do pensamento e do sentimento e, portanto, uma importante área de estudo. A neurociência comportamental, também conhecida como psicobiologia, envolve a aplicação de princípios biológicos ao estudo dos mecanismos fisiológicos e genéticos subjacentes ao comportamento em humanos e outros animais. O campo aliado da psicologia comparada é o estudo científico do comportamento e dos processos mentais de animais não humanos.[95] Uma questão importante na neurociência comportamental tem sido se e como as funções mentais estão localizadas no cérebro. De Phineas Gage a H.M. e Clive Wearing, pessoas individuais com déficits mentais rastreáveis a danos cerebrais físicos inspiraram novas descobertas nessa área.[96] Pode-se dizer que a neurociência comportamental moderna se originou na década de 1870, quando na França Paul Broca rastreou a produção da fala até o giro frontal esquerdo, demonstrando também a lateralização hemisférica da função cerebral. Logo depois, Carl Wernicke identificou uma área relacionada necessária para a compreensão da fala.[97]:20–22

O campo contemporâneo da neurociência comportamental se concentra na base física do comportamento. Os neurocientistas comportamentais usam modelos animais, muitas vezes contando com ratos, para estudar os mecanismos neurais, genéticos e celulares subjacentes aos comportamentos envolvidos no aprendizado, memória e respostas ao medo.[98] Neurocientistas cognitivos, usando ferramentas de imagem neural, investigam os correlatos neurais de processos psicológicos em humanos. Os neuropsicólogos realizam avaliações psicológicas para determinar como o comportamento e a cognição de um indivíduo estão relacionados ao cérebro. O modelo biopsicossocial é um modelo holístico interdisciplinar que diz respeito às maneiras pelas quais as inter-relações de fatores biológicos, psicológicos e socioambientais afetam a saúde e o comportamento.[99]

A psicologia evolucionista aborda o pensamento e o comportamento de uma perspectiva evolutiva moderna. Essa perspectiva sugere que as adaptações psicológicas evoluíram para resolver problemas recorrentes em ambientes ancestrais humanos. Os psicólogos evolucionistas tentam descobrir como os traços psicológicos humanos são adaptações evoluídas, os resultados da seleção natural ou seleção sexual ao longo da evolução humana.[100]

A história dos fundamentos biológicos da psicologia inclui evidências de racismo. A ideia de supremacia branca e, de fato, o próprio conceito moderno de raça surgiu durante o processo de conquista do mundo pelos europeus.[46]:3–33 A classificação quádrupla de humanos de Lineu classifica os europeus como inteligentes e severos, os americanos como contentes e livres, os asiáticos como ritualísticos e os africanos como preguiçosos e caprichosos. A raça também foi usada para justificar a construção de transtornos mentais socialmente específicos, como drapetomania e disestesia aethiopica — o comportamento de escravizados africanos não cooperativos.[46]:113–134 Após a criação da psicologia experimental, a "psicologia étnica" surgiu como uma subdisciplina, baseada na suposição de que o estudo de raças primitivas forneceria um elo importante entre o comportamento animal e a psicologia de humanos mais evoluídos.[46]:34–54

Behaviorista

Ver artigos principais: Behaviorismo e Behaviorismo radical
A máquina de ensinar de Skinner uma invenção mecânica para automatizar a tarefa de instrução programada
O filme do experimento do Pequeno Albert

Um princípio da pesquisa comportamental é que uma grande parte do comportamento humano e animal inferior é aprendida. Um princípio associado à pesquisa comportamental é que os mecanismos envolvidos na aprendizagem se aplicam a humanos e animais não humanos. Pesquisadores comportamentais desenvolveram um tratamento conhecido como modificação de comportamento, que é usado para ajudar os indivíduos a substituir comportamentos indesejáveis por comportamentos desejáveis.

Os primeiros pesquisadores comportamentais estudaram pares estímulo-resposta, agora conhecidos como condicionamento clássico. Eles demonstraram que quando um estímulo biologicamente potente (por exemplo, alimento que provoca salivação) é emparelhado com um estímulo previamente neutro (por exemplo, um sino) ao longo de várias tentativas de aprendizado, o estímulo neutro por si só pode vir a provocar a resposta que o estímulo biologicamente potente provoca. Ivan Pavlov — mais conhecido por induzir cães a salivar na presença de um estímulo anteriormente ligado à comida - tornou-se uma figura importante na União Soviética e inspirou seguidores a usar seus métodos em humanos.[40] Nos Estados Unidos, Edward Lee Thorndike iniciou estudos "conexionistas" prendendo animais em "caixas de quebra-cabeça" e recompensando-os por escapar. Thorndike escreveu em 1911: "Não pode haver garantia moral para estudar a natureza do homem, a menos que o estudo nos permita controlar seus atos".[31]:212–215 De 1910 a 1913, a Associação Americana de Psicologia passou por uma mudança radical de opinião, afastando-se do mentalismo e em direção ao "behaviorismo". Em 1913, John B. Watson cunhou o termo behaviorismo para essa escola de pensamento.[31]:218–227 O famoso experimento do Pequeno Albert de Watson em 1920 foi inicialmente pensado para demonstrar que o uso repetido de ruídos altos perturbadores poderia incutir fobias (aversões a outros estímulos) em um bebê humano,[101][102] embora tal conclusão fosse provavelmente um exagero.[103] Karl Lashley, um colaborador próximo de Watson, examinou as manifestações biológicas de aprendizagem no cérebro.[96]

Clark L. Hull, Edwin Guthrie e outros fizeram muito para ajudar o behaviorismo a se tornar um paradigma amplamente utilizado.[37] Um novo método de condicionamento "instrumental" ou "operante" acrescentou os conceitos de reforço e punição ao modelo de mudança de comportamento. Os behavioristas radicais evitavam discutir o funcionamento interno da mente, especialmente a mente inconsciente, que consideravam impossível de avaliar cientificamente.[104] O condicionamento operante foi descrito pela primeira vez por Miller e Kanorski e popularizado nos EUA por B. F. Skinner, que emergiu como um dos principais intelectuais do movimento behaviorista.[105][106]

Noam Chomsky publicou uma crítica influente ao behaviorismo radical com base no fato de que os princípios behavioristas não podiam explicar adequadamente o complexo processo mental do uso e da aquisição da linguagem.[107][108] A publicação, que foi contundente, fez muito para reduzir o status do behaviorismo dentro da psicologia.[31]:282-285 Martin Seligman e seus colegas descobriram que podiam condicionar em cães um estado de "desamparo aprendido", o que não foi previsto pela abordagem behaviorista da psicologia.[109][110] Edward C. Tolman avançou com um modelo híbrido de "comportamento cognitivo", principalmente com sua publicação de 1948 discutindo os mapas cognitivos usados por ratos para adivinhar a localização da comida no final de um labirinto.[111] O behaviorismo de Skinner não morreu, em parte porque gerou aplicações práticas bem-sucedidas.[108]

A Associação Internacional de Análise do Comportamento foi fundada em 1974 e em 2003 tinha membros de 42 países. O campo ganhou uma posição na América Latina e no Japão.[112] Análise do comportamento aplicada é o termo usado para a aplicação dos princípios do condicionamento operante para mudar o comportamento socialmente significativo (substitui o termo "modificação do comportamento").[113]

Cognitiva

Ver artigo principal: Psicologia cognitiva
Modelo de memória de trabalho de Baddeley
A ilusão de Müller-Lyer. Os psicólogos fazem inferências sobre os processos mentais a partir de fenômenos compartilhados, como ilusões de ótica.

Verde Vermelho Azul
Roxo Azul Roxo


Azul Roxo Vermelho
Verde Roxo Verde


O efeito Stroop é o fato de que nomear a cor do primeiro conjunto de palavras é mais fácil e rápido do que o segundo.

A psicologia cognitiva envolve o estudo dos processos mentais, incluindo percepção, atenção, compreensão e produção da linguagem, memória e resolução de problemas.[114] Pesquisadores no campo da psicologia cognitiva às vezes são chamados de cognitivistas. Eles contam com um modelo de processamento de informações de funcionamento mental. A pesquisa cognitivista é orientada pelo funcionalismo e pela psicologia experimental.

A partir da década de 1950, as técnicas experimentais desenvolvidas por Wundt, James, Ebbinghaus e outros ressurgiram à medida que a psicologia experimental se tornou cada vez mais cognitivista e, eventualmente, constituiu uma parte da ciência cognitiva interdisciplinar mais ampla.[115][116] Alguns chamaram esse desenvolvimento de revolução cognitiva porque rejeitou o dogma anti-mentalista do behaviorismo, bem como as restrições da psicanálise.[116]

Albert Bandura ajudou na transição da psicologia do behaviorismo para a psicologia cognitiva. Bandura e outros teóricos da aprendizagem social avançaram a ideia de aprendizagem vicária. Em outras palavras, eles avançaram a visão de que uma criança pode aprender observando o ambiente social imediato e não necessariamente por ter sido reforçada por encenar um comportamento, embora não tenham descartado a influência do reforço na aprendizagem de um comportamento.[117]

Os avanços tecnológicos também renovaram o interesse dos estudos sobre estados mentais e representações mentais. O neurocientista inglês Charles Sherrington e o psicólogo canadense Donald O. Hebb usaram métodos experimentais para vincular fenômenos psicológicos à estrutura e função do cérebro. A ascensão da ciência da computação, cibernética e inteligência artificial sublinhou o valor de comparar o processamento de informações em humanos e máquinas.

Um tópico popular e representativo nesta área é o viés cognitivo, ou pensamento irracional. Psicólogos (e economistas) classificaram e descreveram um catálogo considerável de preconceitos que se repetem com frequência no pensamento humano. A heurística de disponibilidade, por exemplo, é a tendência de superestimar a importância de algo que vem prontamente à mente.[118]

Elementos do behaviorismo e da psicologia cognitiva foram sintetizados para formar a terapia cognitivo-comportamental, uma forma de psicoterapia modificada a partir de técnicas desenvolvidas pelo psicólogo americano Albert Ellis e pelo psiquiatra americano Aaron T. Beck.

Em um nível mais amplo, a ciência cognitiva é um empreendimento interdisciplinar envolvendo psicólogos cognitivos, neurocientistas cognitivos, linguistas e pesquisadores em inteligência artificial, interação humano-computador e neurociência computacional. A disciplina de ciência cognitiva abrange a psicologia cognitiva, bem como a filosofia da mente, ciência da computação e neurociência.[119] Simulações de computador às vezes são usadas para modelar fenômenos de interesse.

Social

Ver artigo principal: Psicologia social

A psicologia social se preocupa com a forma como comportamentos, pensamentos, sentimentos e o ambiente social influenciam as interações humanas.[120] Os psicólogos sociais estudam tópicos como a influência de outras pessoas no comportamento de um indivíduo (por exemplo, conformidade, persuasão) e a formação de crenças, atitudes e estereótipos sobre outras pessoas. A cognição social funde elementos da psicologia social e cognitiva com o objetivo de entender como as pessoas processam, lembram ou distorcem informações sociais. O estudo da dinâmica de grupo envolve pesquisas sobre a natureza da liderança, comunicação organizacional e fenômenos relacionados. Nos últimos anos, os psicólogos sociais se interessaram por medidas implícitas, modelos de mediação e a interação de fatores pessoais e sociais na explicação do comportamento. Alguns conceitos que os sociólogos aplicaram ao estudo dos transtornos psiquiátricos, conceitos como papel social, papel do doente, classe social, eventos da vida, cultura, migração e instituição total, influenciaram os psicólogos sociais.[121]

Psicanalítica

Ver artigos principais: Psicodinâmica e Psicanálise
Parte da frente: Sigmund Freud, G. Stanley Hall, Carl Jung. Parte de trás: Abraham A. Brill, Ernest Jones, Sándor Ferenczi na Universidade Clark em 1909.

A psicanálise é uma coleção de teorias e técnicas terapêuticas destinadas a analisar a mente inconsciente e seu impacto na vida cotidiana. Essas teorias e técnicas informam os tratamentos para transtornos mentais.[122][123][124] A psicanálise originou-se na década de 1890, mais proeminentemente com o trabalho de Sigmund Freud. A teoria psicanalítica de Freud foi amplamente baseada em métodos interpretativos, introspecção e observação clínica. Tornou-se muito conhecido, em grande parte porque abordava assuntos como sexualidade, recalque e inconsciente.[55]:84-86 Freud foi pioneiro nos métodos de livre associação e interpretação de sonhos.[125][126]

A teoria psicanalítica não é monolítica. Outros pensadores psicanalíticos conhecidos que divergiram de Freud incluem Alfred Adler, Carl Jung, Erik Erikson, Melanie Klein, D. W. Winnicott, Karen Horney, Erich Fromm, John Bowlby, a filha de Freud, Anna Freud, e Harry Stack Sullivan. Esses indivíduos garantiram que a psicanálise evoluísse para diversas escolas de pensamento. Entre essas escolas estão a psicologia do ego, as relações objetais e a psicanálise interpessoal, lacaniana e relacional.

Psicólogos como Hans Eysenck e filósofos, incluindo Karl Popper, criticaram duramente a psicanálise. Popper argumentou que a psicanálise não era falsificável (nenhuma afirmação feita poderia ser provada errada) e, portanto, inerentemente não uma disciplina científica,[127] enquanto Eysenck avançou a visão de que os princípios psicanalíticos foram contraditos por dados experimentais. No final do século 20, os departamentos de psicologia das universidades americanas haviam marginalizado a teoria freudiana, descartando-a como um artefato histórico "desidratado e morto".[128] Investigadores como António Damásio, Oliver Sacks e Joseph LeDoux; e indivíduos no campo emergente da neuropsicanálise defenderam algumas das idéias de Freud em bases científicas.[129]

Humanístico-existencial

Ver artigo principal: Psicologia humanista
O psicólogo Abraham Maslow, em 1943, postulou que os humanos têm uma hierarquia de necessidades, e faz sentido atender às necessidades básicas antes que as necessidades de ordem superior possam ser atendidas.[130]

A psicologia humanista, que foi influenciada pelo existencialismo e pela fenomenologia,[131] enfatiza o livre arbítrio e a autorrealização.[132] Surgiu na década de 1950 como um movimento dentro da psicologia acadêmica, em reação ao behaviorismo e à psicanálise.[133] A abordagem humanística procura ver a pessoa como um todo, não apenas partes fragmentadas da personalidade ou cognições isoladas.[134] A psicologia humanística também se concentra no crescimento pessoal, na autoidentidade, na morte, na solidão e na liberdade. Ele enfatiza o significado subjetivo, a rejeição do determinismo e a preocupação com o crescimento positivo em vez da patologia. Alguns fundadores da escola de pensamento humanista foram os psicólogos americanos Abraham Maslow, que formulou uma hierarquia das necessidades humanas, e Carl Rogers, que criou e desenvolveu a terapia centrada na pessoa.

Mais tarde, a psicologia positiva abriu temas humanísticos para o estudo científico. A psicologia positiva é o estudo dos fatores que contribuem para a felicidade e o bem-estar humano, concentrando-se mais nas pessoas que atualmente são saudáveis. Em 2010, a Clinical Psychological Review publicou uma edição especial dedicada a intervenções psicológicas positivas, como o diário de gratidão e a expressão física de gratidão. No entanto, está longe de estar claro que a psicologia positiva seja eficaz para tornar as pessoas mais felizes.[135][136] As intervenções psicológicas positivas têm sido limitadas em escopo, mas seus efeitos são considerados um pouco melhores do que os efeitos placebo.

A Associação Americana de Psicologia Humanística, formada em 1963, declarou:

A psicologia humanística é principalmente uma orientação para toda a psicologia, e não para uma área ou escola distinta. Significa respeito pelo valor das pessoas, respeito pelas diferenças de abordagem, mente aberta quanto a métodos aceitáveis e interesse na exploração de novos aspectos do comportamento humano. Como uma "terceira força" na psicologia contemporânea, preocupa-se com tópicos que têm pouco lugar nas teorias e sistemas existentes: por exemplo, amor, criatividade, eu, crescimento, organismo, necessidade básica de gratificação, autorrealização, valores mais elevados, ser, devir, espontaneidade, jogo, humor, afeição, naturalidade, calor, transcendência do ego, objetividade, autonomia, responsabilidade, significado, fair-play, experiência transcendental, experiência de pico, coragem e conceitos relacionados.[137]

A psicologia existencial enfatiza a necessidade de entender a orientação total de uma pessoa em relação ao mundo. A psicologia existencial se opõe ao reducionismo, behaviorismo e outros métodos que objetivam o indivíduo.[132] Nas décadas de 1950 e 1960, influenciado pelos filósofos Søren Kierkegaard e Martin Heidegger, o psicólogo americano Rollo May, com formação psicanalítica, ajudou a desenvolver a psicologia existencial. A psicoterapia existencial, que decorre da psicologia existencial, é uma abordagem terapêutica que se baseia na ideia de que o conflito interno de uma pessoa surge do confronto desse indivíduo com os dados da existência. O psicanalista suíço Ludwig Binswanger e o psicólogo americano George Kelly também podem pertencer à escola existencial.[138]:528–536 Os psicólogos existenciais tendem a diferir dos psicólogos mais "humanistas" na visão relativamente neutra da natureza humana e na avaliação relativamente positiva da ansiedade.[138]:546–547 Os psicólogos existenciais enfatizaram os temas humanísticos da morte, livre arbítrio e significado, sugerindo que o significado pode ser moldado por mitos e narrativas; O significado pode ser aprofundado pela aceitação do livre-arbítrio, que é necessário para viver uma vida autêntica, embora muitas vezes com ansiedade em relação à morte.[138]:523–532

O psiquiatra existencial austríaco e sobrevivente do Holocausto, Viktor Frankl, extraiu evidências do poder terapêutico do significado a partir de reflexões sobre sua própria internação.[139] Ele criou uma variação da psicoterapia existencial chamada logoterapia, um tipo de análise existencialista que se concentra em uma vontade de significado (na vida de alguém), em oposição à doutrina nietzschiana de Adler de vontade de poder ou vontade de prazer de Freud.[140]

Críticas

O status científico

A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a física e a química.

Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter correlativo que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como personalidade, pensamento e emoção, não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico.

Erros e abusos de testes estatísticos foram apontados em trabalhos de psicólogos que não demonstravam ter um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos confundem significância estatística (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. Inclusive a obtenção de resultados estatisticamente significantes e na prática "irrelevantes" é um fenômeno comum em estudos envolvendo grande número de pessoas.[141] Em resposta, muitos pesquisadores começaram a mais frequentemente utilizar o "tamanho do efeito" estatístico como medida da relevância prática.

Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.[142] Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado, muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais, isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos. Hoje, há pessoas que defendam que a Psicologia virou algo mais voltado para a opinião pública do que para uma área de pesquisa.[143]

Terapias "alternativas" não psicológicas

Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do número de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores[144] já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos — incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias new-age de todos os tipos possíveis (ex. rebirthing, reparenting, regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas".[145] Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.[146]

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