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Física: diferenças entre revisões

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'''Física''' (do [[língua grega antiga|grego antigo]]: φύσις ''physis'' "natureza") é a [[ciência]] que estuda a [[natureza]] e seus [[fenômeno natural|fenômenos]] em seus aspectos mais gerais. Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências. Busca a compreensão científica dos comportamentos naturais e gerais do mundo em nosso torno, desde as [[partícula elementar|partículas elementares]] até o [[universo]] como um todo.<ref name="feynman">{{citar livro |Autor=[[Richard Feynman|Feynman, R.P.]], Leighton; R.B.; Sands, M. |Ano=1963 |Título=The Feynman Lectures on Physics |Língua=inglês|Volume=1 |Páginas=I-2 |isbn=0-201-02116-1}}</ref><ref>{{citar livro |Autor=[[James Clerk Maxwell|Maxwell, J.C.]] |Ano=1878 |Título=Matter and Motion |url=http://books.google.com/?id=noRgWP0_UZ8C&printsec=titlepage&dq=matter+and+motion |Páginas=9 |Editora=D. Van Nostrand |isbn=0486668959}}</ref> Com o amparo do [[método científico]] e da [[lógica]], e tendo a [[matemática]] como linguagem natural, esta ciência descreve a natureza através de [[modelo científico|modelos científicos]]. É considerada a ciência fundamental, sinônimo de [[ciências naturais|ciência natural]]: as ciências naturais, como a [[química]] e a [[biologia]], têm raízes na física. Sua presença no cotidiano é muito ampla, sendo praticamente impossível uma completíssima descrição dos [[fenômeno físico|fenômenos físicos]] em nossa volta. A aplicação da física para o benefício humano contribuiu de uma forma inestimável para o desenvolvimento de toda a [[tecnologia]] moderna, desde o [[automóvel]] até os [[computador quântico|computadores quânticos]].<ref name="tecnologia" group="nota"/>
'''Física''' (do [[língua grega antiga|grego antigo]]: φύσις ''physis'' "natureza") é a [[ciência]] que estuda a [[natureza]] e seus [[fenômeno natural|fenômenos]] em seus aspectos gerais. Analisa suas relações e [[Propriedade física|propriedades]], além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências. Busca a compreensão científica dos comportamentos [[natureza|naturais]] e gerais do mundo em nosso entorno, desde as [[partícula elementar|partículas elementares]] até o [[universo]] como um todo.<ref name="feynman">{{citar livro |autor=[[Richard Feynman|Feynman, R.P.]], Leighton; R.B.; Sands, M. |ano=1963 |título=The Feynman Lectures on Physics |língua=inglês|volume=1 |páginas=I-2 |isbn=0-201-02116-1}}</ref><ref>{{citar livro |autor=[[James Clerk Maxwell|Maxwell, J.C.]] |ano=1878 |título=Matter and Motion |url=http://books.google.com/?id=noRgWP0_UZ8C&printsec=titlepage&dq=matter+and+motion |páginas=9 |editora=D. Van Nostrand |isbn=0486668959}}</ref> Com o amparo do [[método científico]] e da [[lógica]], e tendo a [[matemática]] como linguagem natural, esta ciência descreve a natureza por meio de [[modelo científico|modelos científicos]]. É considerada a ciência fundamental, sinônimo de [[ciências naturais|ciência natural]]: as ciências naturais, como a [[química]] e a [[biologia]], têm raízes na física. Sua presença no cotidiano é muito ampla, sendo praticamente impossível uma completíssima descrição dos [[fenômeno físico|fenômenos físicos]] em nossa volta. A aplicação da física para o benefício humano contribuiu de uma forma inestimável para o desenvolvimento de toda a [[tecnologia]] moderna, desde o [[automóvel]] até os [[computador quântico|computadores quânticos]].<ref name="tecnologia" group="nota"/>


Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da [[mecânica (física)|mecânica]], que tem como pilares principais de estudo a [[energia mecânica]] e os momentos [[momento linear|linear]] e [[momento angular|angular]], suas conservações e variações. Desde o fim da [[Idade Média]] havia a necessidade de se entender a mecânica, e os conhecimentos da época, sobretudo [[Aristóteles|aristotélicos]], já não eram mais suficientes. [[Galileu Galilei|Galileu]] centrou seus estudos dos [[projétil|projéteis]], dos [[pêndulo]]s e nos movimentos dos planetas, e [[Isaac Newton]] elaborou mais tarde os princípios fundamentais da [[dinâmica]] ao publicar [[leis de Newton|suas leis]] e a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]] em seu livro ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica|Principia]]'', que se tornou a obra científica mais influente de todos os tempos. A [[termodinâmica]], que estuda as causas e os efeitos de mudanças na [[temperatura]], [[pressão]] e [[volume]] em [[escala macroscópica]], teve sua origem na invenção das [[máquina térmica|máquinas térmicas]] durante o [[século XVIII]]. Seus estudos levaram à generalização do conceito de [[energia]]. A ligação da [[eletricidade]], que estuda [[carga elétrica|cargas elétricas]], com o [[magnetismo]], que é os estudo das propriedades relacionadas aos [[íman|ímã]]s, foi percebida apenas no início do século XIX por [[Hans Christian Ørsted]]. As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por [[James Clerk Maxwell]], e a partir de então estas duas áreas, juntamente com a [[óptica]], passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o [[eletromagnetismo]]. No início do século XX, a incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados, como o [[efeito fotoelétrico]], levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física. [[Albert Einstein]] publicou a teoria da [[relatividade geral]] em 1915, afirmando a constância da [[velocidade da luz]] e suas consequências até então imagináveis. A teoria da relatividade de Einstein leva a um dos princípios de conservação mais importantes da física, a relação entre [[massa]] e [[energia]], expressa pela famosa equação [[equivalência massa-energia|E=mc²]]. A relatividade geral também unifica os conceitos de espaço e tempo: a [[gravidade]] é apenas uma consequência da deformação do [[espaço-tempo]] causado pela presença de massa. [[Max Planck]], ao estudar a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], foi forçado a concluir que a [[energia]] está dividida em "pacotes", conhecidos como [[Quantum (física)|quanta]]. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da [[mecânica quântica]]. O desenvolvimento da [[teoria quântica de campos]] trouxe uma nova visão da mecânica das [[forças fundamentais]]. O surgimento da [[eletrodinâmica quântica|eletro]] e [[cromodinâmica quântica]] e a posterior unificação do eletromagnetismo com a [[força fraca]] a altas energias são a base do [[modelo padrão]], a principal teoria de partículas subatômicas e capaz de descrever a maioria dos fenômenos da escala microscópica que afetam as principais áreas da física.
Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da [[mecânica (física)|mecânica]], que tem como pilares principais de estudo a [[energia mecânica]] e os momentos [[momento linear|linear]] e [[momento angular|angular]], suas conservações e variações. Desde o fim da [[Idade Média]] havia a necessidade de se entender a mecânica, e os conhecimentos da época, sobretudo [[Aristóteles|aristotélicos]], já não eram mais suficientes. [[Galileu Galilei|Galileu]] centrou seus estudos nos [[projétil|projéteis]], [[pêndulo]]s e movimentos dos planetas; [[Isaac Newton]], mais tarde, elaborou os princípios fundamentais da [[dinâmica]] ao publicar [[leis de Newton|suas leis]] e a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]] em seu livro ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica|Principia,]]'' que se tornou a obra científica mais influente de todos os tempos. A [[termodinâmica]], que estuda as causas e os efeitos de mudanças na [[temperatura]], [[pressão]] e [[volume]] em [[escala macroscópica]], teve sua origem na invenção das [[máquina térmica|máquinas térmicas]] durante o [[século XVIII]]. Seus estudos levaram à generalização do conceito de [[energia]]. A ligação da [[eletricidade]], que estuda [[carga elétrica|cargas elétricas]], com o [[magnetismo]], que é o estudo das propriedades relacionadas aos [[íman|ímã]]s, foi percebida apenas no início do século XIX por [[Hans Christian Ørsted]]. As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por [[James Clerk Maxwell]]. A partir de então, estas duas áreas, juntamente com a [[óptica]], passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o [[eletromagnetismo]]. No início do século XX, a incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados, como o [[efeito fotoelétrico]], levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física. [[Albert Einstein]] publicou a teoria da [[relatividade geral]] em 1915, propondo a constância da [[velocidade da luz]] e suas consequências até então inimagináveis. A teoria da relatividade de Einstein leva a um dos princípios de conservação mais importantes da física, a relação entre [[massa]] e [[energia]], geralmente expressa pela famosa equação [[equivalência massa-energia|E=mc²]]. A relatividade geral também unifica os conceitos de espaço e tempo: a [[gravidade]] é apenas uma consequência da deformação do [[espaço-tempo]] causado pela presença de massa. [[Max Planck]], ao estudar a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], foi forçado a concluir que a [[energia]] está dividida em "pacotes", conhecidos como [[Quantum (física)|quanta]]. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da [[mecânica quântica]]. O desenvolvimento da [[teoria quântica de campos]] trouxe uma nova visão da mecânica das [[forças fundamentais]]. O surgimento da [[eletrodinâmica quântica|eletro]] e [[Cromodinâmica quântica|cromodinâmica]] quânticas e a posterior unificação do eletromagnetismo com a [[força fraca]] a altas energias são a base do [[modelo padrão]], a principal teoria de partículas subatômicas, capaz de descrever a maioria dos fenômenos da escala microscópica que afetam as principais áreas da física.


A física é uma ciência significativa e influente e suas evoluções são frequentemente traduzidas no desenvolvimento de novas tecnologias. O avanço nos conhecimentos em [[eletromagnetismo]] permitiu o desenvolvimento de tecnologias que certamente influenciam o cotidiano da sociedade moderna: o domínio da [[energia elétrica]] permitiu o desenvolvimento e construção dos aparelhos elétricos; o domínio sobre as [[radiação eletromagnética|radiações eletromagnéticas]] e o controle refinado das [[corrente elétrica|correntes elétricas]] permitiu o surgimento da [[eletrônica]] e o consequente desenvolvimento das [[telecomunicação|telecomunicações]] globais e da [[informática]], que são indissociáveis da definição de sociedade civilizada contemporânea. O desenvolvimento dos conhecimentos em [[termodinâmica]] permitiu que o [[transporte]] deixasse de ser dependente da força animal ou humana graças ao advento dos [[máquina térmica|motores térmicos]], que também impulsionou toda uma [[Revolução Industrial]]. Nada disso seria possível, entretanto, sem o desenvolvimento da [[mecânica (física)|mecânica]], que tem suas raízes ligadas ao próprio desenvolvimento da física. Porém, como qualquer outra ciência, a física não é estática. Físicos ainda trabalham para conseguir resolver problemas de ordem teórica, como a catástrofe do vácuo,<ref>{{citar web|url=http://ticc.mines.edu/csm/wiki/images/7/72/VacuumCatastrophe.pdf|título=Vacuum Catastrophe: An elementary exposition of the cosmological constant problem|ultimo=Adler, Ronald J.; Casey, Brendan; Jacob, Ovid C.|data=16/11/94|obra=San Francisco State University|lingua=inglês|acessodata=24-07-2011}}</ref> [[gravitação quântica]], [[termodinâmica do buraco negro|termodinâmica de buracos negros]],<ref>{{citar web|url=http://www.cce.ufes.br/pgfis/Disserta%25C3%25A7%25C3%25B5es/D-Glauber%2520Tadaiesky%2520Marques.pdf|título=Termodinâmica de buracos negros extremos|ultimo=Marques, Glauber Tadaiesky|data=2004|obra=Universidade Federal do Espírito Santo|acessodata=24-07-2011}}</ref> dimensões suplementares,<ref>{{citar web|url=http://www.fisica.ufpb.br/port/artigoCRF.htm|título=As dimensões escondidas do Universo|ultimo=Romero Filho, Carlos Augusto|obra=Universidade Federal da Paraíba|acessodata=24-07-2011}}</ref> [[flecha do tempo]], [[inflação cósmica]]<ref>{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/~thaisa/cosmologia/inflacao.htm|título=Inflação cósmica|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=24-07-2011}}</ref> e o [[mecanismo de Higgs]], que prevê a existência do [[bóson de Higgs]], a única partícula ainda não descoberta do modelo padrão que explicaria a massa das partículas subatômicas.<ref>{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/gfpae/sem/2006/GGSilveira_Sem_01.pdf|título=Geração de Massa das Partículas|ultimo=Silveira, G. G. |obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=24-07-2011}}</ref> Ainda existem fenômenos observados empiricamente e experimentalmente que ainda carecem de explicações científicas, como a possível existência da [[matéria escura]],<ref>{{citar web|url=http://ciencia.hsw.uol.com.br/materia-negra.htm|título=Como funciona a matéria escura|ultimo=Freudenrich, Craig |obra=How Stuff Works|acessodata=24/07/2011}}</ref> [[raios cósmicos]] com energias teoricamente muito altas<ref>{{citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~turtelli/rc.html|título=O que são os Raios Cósmicos?|ultimo=Auder, Pierre |data=5/10/98|obra=Universidade de Campinas|acessodata=24/07/2011}}</ref> e até mesmo observações cotidianas como a [[turbulência]]. Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o ''[[Large Hadron Collider]]'', o maior [[acelerador de partículas]] já construído do mundo, situado na [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN).
A física é uma ciência significativa e influente e suas evoluções são frequentemente traduzidas no desenvolvimento de novas tecnologias. O avanço nos conhecimentos em [[eletromagnetismo]] permitiu o desenvolvimento de tecnologias que certamente influenciam o cotidiano da sociedade moderna: o domínio da [[energia elétrica]] permitiu o desenvolvimento e construção dos aparelhos elétricos; o domínio sobre as [[radiação eletromagnética|radiações eletromagnéticas]] e o controle refinado das [[corrente elétrica|correntes elétricas]] permitiu o surgimento da [[eletrônica]] e o consequente desenvolvimento das [[telecomunicação|telecomunicações]] globais e da [[informática]]. O desenvolvimento dos conhecimentos em [[termodinâmica]] permitiu que o [[transporte]] deixasse de ser dependente da força animal ou humana graças ao advento dos [[máquina térmica|motores térmicos]], que também impulsionou toda uma [[Revolução Industrial]]. Nada disso seria possível, entretanto, sem o desenvolvimento da [[mecânica (física)|mecânica]], que tem suas raízes ligadas ao próprio desenvolvimento da física. Porém, como qualquer outra ciência, a física não é estática. [[Físico]]s ainda trabalham para conseguir resolver problemas de ordem teórica, como a "catástrofe do vácuo",<ref>{{citar web|url=http://ticc.mines.edu/csm/wiki/images/7/72/VacuumCatastrophe.pdf|título=Vacuum Catastrophe: An elementary exposition of the cosmological constant problem|ultimo=Adler, Ronald J.; Casey, Brendan; Jacob, Ovid C.|data=16-11-1994|obra=San Francisco State University|lingua=inglês|acessodata=24-07-2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120416051428/http://ticc.mines.edu/csm/wiki/images/7/72/VacuumCatastrophe.pdf|arquivodata=2012-04-16|urlmorta=yes}}</ref> [[gravitação quântica]], [[termodinâmica do buraco negro|termodinâmica de buracos negros]],<ref>{{citar web|url=http://www.cce.ufes.br/pgfis/Disserta%25C3%25A7%25C3%25B5es/D-Glauber%2520Tadaiesky%2520Marques.pdf|título=Termodinâmica de buracos negros extremos|ultimo=Marques, Glauber Tadaiesky|data=2004|obra=Universidade Federal do Espírito Santo|acessodata=24-07-2011}}</ref> dimensões suplementares,<ref>{{citar web|url=http://www.fisica.ufpb.br/port/artigoCRF.htm|título=As dimensões escondidas do Universo|ultimo=Romero Filho, Carlos Augusto|obra=Universidade Federal da Paraíba|acessodata=24-07-2011}}</ref> [[flecha do tempo]], [[inflação cósmica]]<ref>{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/~thaisa/cosmologia/inflacao.htm|título=Inflação cósmica|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=24-07-2011}}</ref> e o [[mecanismo de Higgs]].<ref>{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/gfpae/sem/2006/GGSilveira_Sem_01.pdf|título=Geração de Massa das Partículas|ultimo=Silveira, G. G. |obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=24-07-2011}}</ref> Ainda existem fenômenos observados empiricamente e experimentalmente que ainda carecem de explicações científicas, como a possível existência da [[matéria escura]],<ref>{{citar web|url=http://ciencia.hsw.uol.com.br/materia-negra.htm|título=Como funciona a matéria escura|ultimo=Freudenrich, Craig |obra=How Stuff Works|acessodata=24-07-2011}}</ref> [[raios cósmicos]] com energias teoricamente muito altas<ref>{{citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~turtelli/rc.html|título=O que são os Raios Cósmicos?|ultimo=Auder, Pierre |data=5-10-1998|obra=Universidade de Campinas|acessodata=24-07-2011}}</ref> e até mesmo observações cotidianas como a [[turbulência]]. Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o ''[[Large Hadron Collider]]'', o maior [[acelerador de partículas]] já construído do mundo, situado na [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN).


== História==
== História==
[[Imagem:Aristotle Altemps Inv8575.jpg|thumb|[[Aristóteles]], considerado um dos maiores filósofos naturais da Grécia Antiga]]
{{AP|História da física}}
{{AP|História da física}}
=== Antiguidade pré-clássica ===
=== Antiguidade pré-clássica ===
[[Imagem:Aristotle Altemps Inv8575.jpg|thumb|[[Aristóteles]], considerado um dos maiores filósofos naturais da Grécia Antiga.]]
As pessoas, desde a [[Idade Antiga|Antiguidade]], estavam conscientes da regularidade da [[Natureza]].<ref name="mtt">{{citar web|url=http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-relacao-homem-com-natureza.htm|título=A relação do homem com a natureza|ultimo=Souza|primeiro=Rainer|publicado=Brasil Escola|acessodata=21/07/2010}}</ref> Desde tempos remotos sabia-se que o [[Fases da Lua|ciclo lunar]] era de aproximadamente 28 dias, e que os objetos, na ausência de suporte, caíam.<ref name="txt">{{Citar livro|ultimo=Sônia Elisa Marchi Gonzatti Maria de Fátima O. Saraiva Trieste Freire Ricci|título=Um curso introdutório à astronomia para a formação inicial de professores de ensino fundamental, em nível médio|capitulo=Textos de apoio ao professor de física|editora=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|volume=19|formato=PDF|issn=18072763|acessadoem=23/12/2010}}</ref> Inicialmente, tentaram explicar tais regularidades usando a [[metafísica]] e a [[mitologia]]; tais regularidades eram obras de deuses e deusas, que controlavam o mundo ao seu bel prazer.<ref name="filcon">{{citar web|url=http://www.uftm.edu.br/upload/ensino/ARTIGO_ELIAS_E_ROSALIA.pdf|título=A filosofia do conhecimento da antiguidade grega à era da informação|ultimo=Neves, Elias Ferreira das ; Neves, Rosália Pereira de Melo|formato=PDF|acessodata=23/12/2010}}</ref> Entretanto, a física, conhecida desde a antiguidade até o século XVIII como [[filosofia natural]], iniciou-se como uma tentativa de se obter explicações racionais para os [[fenômeno natural|fenômenos naturais]], evitando-se sobremaneira as infiltrações religiosas ou mágicas.<ref name="hist">{{citar web|url=http://www.fisica.net/historia/historia_da_fisica_resumo.php|título=História da física|acessodata=23/12/2010}}</ref>
As pessoas, desde a [[Idade Antiga|Antiguidade]], estavam conscientes da regularidade da [[Natureza]].<ref name="mtt">{{citar web|url=http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-relacao-homem-com-natureza.htm|título=A relação do homem com a natureza|ultimo=Souza|primeiro=Rainer|publicado=Brasil Escola|acessodata=21-07-2010}}</ref> Desde tempos remotos sabia-se que o [[Fases da Lua|ciclo lunar]] era de aproximadamente 28 dias, e que os objetos, na ausência de suporte, caíam.<ref name="txt">{{Citar livro|ultimo=Sônia Elisa Marchi Gonzatti Maria de Fátima O. Saraiva Trieste Freire Ricci|título=Um curso introdutório à astronomia para a formação inicial de professores de ensino fundamental, em nível médio|capitulo=Textos de apoio ao professor de física|editora=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|volume=19|issn=18072763}}</ref> Inicialmente, tentaram explicar tais regularidades usando a [[metafísica]] e a [[mitologia]]; tais regularidades eram obras de deuses e deusas, que controlavam o mundo ao seu bel prazer.<ref name="filcon">{{citar web|url=http://www.uftm.edu.br/upload/ensino/ARTIGO_ELIAS_E_ROSALIA.pdf|título=A filosofia do conhecimento da antiguidade grega à era da informação|ultimo=Neves, Elias Ferreira das ; Neves, Rosália Pereira de Melo|acessodata=23-12-2010}}</ref> Entretanto, a física, conhecida desde a antiguidade até o século XVIII como [[filosofia natural]], iniciou-se como uma tentativa de se obter explicações racionais para os [[fenômeno natural|fenômenos naturais]], evitando-se sobremaneira as infiltrações religiosas ou mágicas.<ref name="hist">{{citar web|url=http://www.fisica.net/historia/historia_da_fisica_resumo.php|título=História da física|acessodata=23-12-2010}}</ref>


Povos de diferentes partes da [[Terra]] começaram a desenvolver [[ciência]], sempre em torno da filosofia natural, em épocas e com ênfases diferentes.<ref name="hist" /> Os Indianos já refletiam sobre questões físicas desde o terceiro milênio antes de Cristo.<ref name="hist2">{{citar web|url=http://www.experiment-resources.com/ancient-physics.html|título=Ancient Physics - History of Physics|lingua=Inglês|acessodata=23/12/2010}}</ref> Entre o nono e o sexto século a.C. os filósofos indianos já defendiam o [[heliocentrismo]] e o [[atomismo]].<ref name="hist2" /> No quarto século a.C., os chineses já haviam enunciado o que é conhecido hoje como a [[Primeira lei de Newton]].<ref name="trent">{{citar web|url=http://trentu.ca/physics/history_895.html|título=A Brief History and Philosophy of Physics|ultimo=Slavin|primeiro=Alan J.|data=08/1994|publicado=Universidade de Trento|lingua=Inglês|acessodata=23/12/2010}}</ref> No primeiro século a.C. os [[povos maias]] já haviam elaborado a noção de [[zero]], antes mesmo dos europeus.<ref name="zero">{{citar web|url=http://www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao/darice_lascala_padrao.pdf|título=A origem do zero|ultimo=Padrão|primeiro=Darice Lascala|publicado=Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)|formato=PDF|acessodata=23/12/2010}}</ref>
Povos de diferentes partes da [[Terra]] começaram a desenvolver [[ciência]], sempre em torno da filosofia natural, em épocas e com ênfases diferentes.<ref name="hist" /> Os Indianos já refletiam sobre questões físicas desde o terceiro milênio antes de Cristo.<ref name="hist2">{{citar web|url=http://www.experiment-resources.com/ancient-physics.html|título=Ancient Physics - History of Physics|lingua=Inglês|acessodata=23-12-2010}}</ref> Entre o nono e o sexto século a.C. os filósofos indianos já defendiam o [[heliocentrismo]] e o [[atomismo]].<ref name="hist2" /> No quarto século a.C., os chineses já haviam enunciado o que é conhecido hoje como a [[Primeira lei de Newton]].<ref name="trent">{{citar web|url=http://trentu.ca/physics/history_895.html|título=A Brief History and Philosophy of Physics|ultimo=Slavin|primeiro=Alan J.|data=agosto 1994|publicado=Universidade de Trento|lingua=Inglês|acessodata=23-12-2010}}</ref> No primeiro século a.C. os [[povos maias]] já haviam elaborado a noção de [[zero]], antes mesmo dos europeus.<ref name="zero">{{citar web|url=http://www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao/darice_lascala_padrao.pdf|título=A origem do zero|ultimo=Padrão|primeiro=Darice Lascala|publicado=Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)|acessodata=23-12-2010}}</ref>


=== Grécia Antiga ===
=== Grécia Antiga ===
As primeiras tentativas ocidentais de prover uma explicação racional para os fenômenos naturais vieram com os gregos.<ref name="hmhn">{{citar web|url=http://www.uniesp.edu.br/revista/revista6/pdf/17.pdf|título=Homem-Natureza: uma relação conflitante ao longo da história|ultimo=Gonçalves|primeiro=Júlio César|publicado=Revista Multidisciplinar da UNIESP|formato=PDF|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Tales de Mileto]] foi historicamente o primeiro filósofo ocidental a recusar explicações sobrenaturais, religiosas ou mitológicas para os fenômenos naturais, defendendo que todo evento físico tem uma causa natural.<ref name="mileto">{{citar web|url=http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=101&idSubSecao=&idTexto=72|título=Tales de Mileto|ultimo=Martins|primeiro=Luciano Camargo|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Pitágoras]] e seus seguidores acreditavam que o mundo, assim como o sistema numérico inteiro, era dividido em elementos finitos, concebendo, assim, as noções de [[atomismo]].<ref name="hismat">{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/ea/v10n28/v10n28a11.pdf|título=História da matematização da Natureza|ultimo=Vargas|primeiro=Milton|publicado=Scielo|formato=PDF|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Demócrito de Abdera]], [[Leucipo de Mileto]] e [[Epicuro]], entre o quinto e o terceiro séculos a.C., impulsionaram a filosofia do atomismo, onde propuseram que toda matéria seria constituída de pequenos átomos indivisíveis.<ref name="atom">{{citar web|url=http://www.cipedya.com/web/FileDownload.aspx|título=A história do atomismo|ultimo=Rocha|primeiro=Gustavo Rodrigues|publicado=Universidade Federal de Minas Gerais|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Aristarco de Samos]] foi um dos primeiros defensores do [[heliocentrismo]],<ref name="aristarco">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Dimensoes_cosmologicas.pdf|título=As hipóteses de Aristarco|ultimo=Silveira|primeiro=Fernando Lang da|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23/12/2010}}</ref> embora na Grécia Antiga prevalecesse o paradigma [[geocentrismo|geocentrista]]. A [[experiência científica|experiência]], assim como todo trabalho braçal, na Grécia Antiga, eram ignorados, pois as explicações sobre o mundo físico eram baseadas em um pequeno número de princípios filosóficos.<ref name="greciaexp">{{citar web|url=http://www.voy.com/19210/513.html|título=O papel da ciência e da Tecnologia no mundo conteporâneo|ultimo=Mota|primeiro=Ronaldo|data=30/04/2008|publicado=Voy|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Arquimedes]], entretanto, prezava a experiência: os fundamentos da [[estática]] e da [[hidrostática]] têm suas origens em Arquimedes. Os princípios do conceito de [[impulsão|empuxo]] foram primeiramente formulados por ele. Tal conceito ficou conhecido como o princípio de Arquimedes.<ref>{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/museu/fisica.htm|título=Grandes nomes da cultura alexandrina: Física - Arquimedes|ultimo=Pombo|primeiro=Olga|publicado=Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa|acessodata=28/7/2011}}</ref>
As primeiras tentativas ocidentais de prover uma explicação racional para os fenômenos naturais vieram com os gregos.<ref name="hmhn">{{citar web|url=http://www.uniesp.edu.br/revista/revista6/pdf/17.pdf|título=Homem-Natureza: uma relação conflitante ao longo da história|ultimo=Gonçalves|primeiro=Júlio César|publicado=Revista Multidisciplinar da UNIESP|acessodata=23-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130730172627/http://www.uniesp.edu.br/revista/revista6/pdf/17.pdf|arquivodata=2013-07-30|urlmorta=yes}}</ref> [[Tales de Mileto]] foi historicamente o primeiro filósofo ocidental a recusar explicações sobrenaturais, religiosas ou mitológicas para os fenômenos naturais, defendendo que todo evento físico tem uma causa natural.<ref name="mileto">{{citar web|url=http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=101&idSubSecao=&idTexto=72|título=Tales de Mileto|ultimo=Martins|primeiro=Luciano Camargo|acessodata=23-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120201033250/http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=101&idSubSecao=&idTexto=72|arquivodata=2012-02-01|urlmorta=yes}}</ref> [[Pitágoras]] e seus seguidores acreditavam que o mundo, assim como o sistema numérico inteiro, era dividido em elementos finitos, concebendo, assim, as noções de [[atomismo]].<ref name="hismat">{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/ea/v10n28/v10n28a11.pdf|título=História da matematização da Natureza|ultimo=Vargas|primeiro=Milton|publicado=Scielo|acessodata=23-12-2010}}</ref> [[Demócrito de Abdera]], [[Leucipo de Mileto]] e [[Epicuro]], entre o quinto e o terceiro séculos a.C., impulsionaram a filosofia do atomismo, onde propuseram que toda matéria seria constituída de pequenos átomos indivisíveis.<ref name="atom">{{citar web|url=http://www.cipedya.com/web/FileDownload.aspx|título=A história do atomismo|ultimo=Rocha|primeiro=Gustavo Rodrigues|publicado=Universidade Federal de Minas Gerais|acessodata=23-12-2010}}</ref> [[Aristarco de Samos]] foi um dos primeiros defensores do [[heliocentrismo]],<ref name="aristarco">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Dimensoes_cosmologicas.pdf|título=As hipóteses de Aristarco|ultimo=Silveira|primeiro=Fernando Lang da|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23-12-2010}}</ref> embora na Grécia Antiga prevalecesse o paradigma [[geocentrismo|geocentrista]]. A [[experiência científica|experiência]], assim como todo trabalho braçal, na Grécia Antiga, eram ignorados, pois as explicações sobre o mundo físico eram baseadas em um pequeno número de princípios filosóficos.<ref name="greciaexp">{{citar web|url=http://www.voy.com/19210/513.html|título=O papel da ciência e da Tecnologia no mundo contemporâneo|ultimo=Mota|primeiro=Ronaldo|data=30-04-2008|publicado=Voy|acessodata=23-12-2010}}</ref> [[Arquimedes]], entretanto, prezava a experiência: os fundamentos da [[estática]] e da [[hidrostática]] têm suas origens em Arquimedes. Os princípios do conceito de [[impulsão|empuxo]] foram primeiramente formulados por ele. Tal conceito ficou conhecido como o princípio de Arquimedes.<ref>{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/museu/fisica.htm|título=Grandes nomes da cultura alexandrina: Física - Arquimedes|ultimo=Pombo|primeiro=Olga|publicado=Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa|acessodata=28-7-2011}}</ref>


[[Aristóteles]] é considerado um dos principais filósofos naturais da Grécia Antiga. Para ele e seguindo a ideia de [[Empédocles]], o Universo era formado de quatro elementos básicos: o [[ar]], a [[terra]], a [[água]] e o [[fogo]], além de um quinto elemento, o [[éter]], elemento perfeito, que preencheria o restante do Universo para além da órbita da Lua. Para Aristóteles, era inconcebível a noção de [[vácuo]] e [[infinito]]. Cada elemento teria lugar próprio dentro do Universo, sendo que a terra tenderia a permanecer no centro do Universo e o fogo tenderia a fugir dele.<ref name="aristoteles">{{citar web|url=http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm|título=Aristóteles - VIda, Obras, Moral, Psicologia|publicado=mundodosfilosofos.com|acessodata=23/12/2010}}</ref> No seu livro, ''[[física (Aristóteles)|física]]'', Aristóteles diz que a causa do movimento é a força atuante; assim que cessa a força, cessa o movimento. A continuação do movimento após a perda de contato com o causador do movimento seria a "tendência" do ar em preencher o vazio que um [[projétil balístico|projétil]] deixa em seu rastro. Este "preenchimento" resultaria em uma força que impulsionaria o projétil para frente, mas tal efeito não seria perpétuo, findando em algum instante.<ref name="fisari">{{citar web|url=http://www.cibernous.com/autores/aristoteles/teoria/ciencia/fisica.html|título=física Aristotélica|publicado=Cibernous.com|língua=Espanhol|acessodata=23/12/2010}}</ref>
[[Aristóteles]] é considerado um dos principais filósofos naturais da Grécia Antiga. Para ele e seguindo a ideia de [[Empédocles]], o Universo era formado de quatro elementos básicos: o [[ar]], a [[terra]], a [[água]] e o [[fogo]], além de um quinto elemento, o [[éter]], elemento perfeito, que preencheria o restante do Universo para além da órbita da Lua. Para Aristóteles, era inconcebível a noção de [[vácuo]] e [[infinito]]. Cada elemento teria lugar próprio dentro do Universo, sendo que a terra tenderia a permanecer no centro do Universo e o fogo tenderia a fugir dele.<ref name="aristoteles">{{citar web|url=http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm|título=Aristóteles - VIda, Obras, Moral, Psicologia|publicado=mundodosfilosofos.com|acessodata=23-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110807103253/http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm|arquivodata=2011-08-07|urlmorta=yes}}</ref> No seu livro, ''[[física (Aristóteles)|Física]]'', Aristóteles diz que a causa do movimento é a força atuante; assim que cessa a força, cessa o movimento. A continuação do movimento após a perda de contato com o causador do movimento seria a "tendência" do ar em preencher o vazio que um [[projétil balístico|projétil]] deixa em seu rastro. Este "preenchimento" resultaria em uma força que impulsionaria o projétil para frente, mas tal efeito não seria perpétuo, findando em algum instante.<ref name="fisari">{{citar web|url=http://www.cibernous.com/autores/aristoteles/teoria/ciencia/fisica.html|título=física Aristotélica|publicado=Cibernous.com|língua=Espanhol|acessodata=23-12-2010}}</ref>


Para explicar o movimento planetário, [[Eudoxo de Cnido]], no quarto século a.C., elaborou as primeiras observações quantitativas para montar um [[modelo (matemática)|modelo matemático]] dos movimentos planetários. Eudoxo desenvolveu um sistema de [[esfera]]s concêntricas, sendo que cada esfera carrega um planeta.<ref name="eudoxo">{{citar web|url=http://www.seara.ufc.br/folclore/folclore203.htm|título=Heraclides de Pontos, Apolônio de Perga e Tycho-Brahe: Modelo Geo-Heliocêntrico; Aristarco de Samos e Copérnico: Modelo Heliocêntrico. |ultimo=Bassalo|primeiro=José Maria Filardo|publicado=Universidade Federal do Ceará|acessodata=23/12/2010}}</ref> Este sistema foi se sofisticando ao longo dos séculos, com a crença dos gregos em um sistema [[geocentrismo|geocêntrico]].<ref name="eudoxo" /> Todas as anomalias observadas, como a regressão aparente dos planetas e até mesmo a [[precessão dos equinócios|precessão do eixo da Terra]], descoberta por [[Hiparco]], foi explicada através do aumento da complexidade do sistema de esferas geocêntricas.<ref name="ptolomeu">{{citar web|url=http://astro.if.ufrgs.br/telesc/astrometria.htm|título=Astrometria|ultimo=Oliveira Filho|primeiro=Kepler de Souza|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Ptolemeu|Ptolomeu]], no século II a.C. havia elaborado um sistema esférico dos planetas com mais de 80 esferas e [[epiciclo]]s e seu trabalho, resumido em uma coleção de 13 livros que ficaram conhecidos como ''[[Almagesto]]'', foi utilizado amplamente pelos árabes e europeus até a [[alta Idade Média]].<ref name="ptolomeu" />
Para explicar o movimento planetário, [[Eudoxo de Cnido]], no quarto século a.C., elaborou as primeiras observações quantitativas para montar um [[modelo (matemática)|modelo matemático]] dos movimentos planetários. Eudoxo desenvolveu um sistema de [[esfera]]s concêntricas, sendo que cada esfera carrega um planeta.<ref name="eudoxo">{{citar web|url=http://www.seara.ufc.br/folclore/folclore203.htm|título=Heraclides de Pontos, Apolônio de Perga e Tycho-Brahe: Modelo Geo-Heliocêntrico; Aristarco de Samos e Copérnico: Modelo Heliocêntrico. |ultimo=Bassalo|primeiro=José Maria Filardo|publicado=Universidade Federal do Ceará|acessodata=23-12-2010}}</ref> Este sistema foi se sofisticando ao longo dos séculos, com a crença dos gregos em um sistema [[geocentrismo|geocêntrico]].<ref name="eudoxo" /> Todas as anomalias observadas, como a regressão aparente dos planetas e até mesmo a [[precessão dos equinócios|precessão do eixo da Terra]], descoberta por [[Hiparco]], foi explicada através do aumento da complexidade do sistema de esferas geocêntricas.<ref name="ptolomeu">{{citar web|url=http://astro.if.ufrgs.br/telesc/astrometria.htm|título=Astrometria|ultimo=Oliveira Filho|primeiro=Kepler de Souza|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23-12-2010}}</ref> [[Ptolemeu|Ptolomeu]], no século II a.C. havia elaborado um sistema esférico dos planetas com mais de 80 esferas e [[epiciclo]]s e seu trabalho, resumido em uma coleção de 13 livros que ficaram conhecidos como ''[[Almagesto]]'', foi utilizado amplamente pelos árabes e europeus até a [[Alta Idade Média]].<ref name="ptolomeu" />


=== Idade Média e filosofia natural Islâmica ===
=== Idade Média e filosofia natural Islâmica ===
{{Veja|física islâmica medieval}}
{{Veja|física islâmica medieval}}
[[Imagem:Roger Bacon optics01.jpg|thumb|140px|Estudos de [[Roger Bacon]] sobre [[óptica]], no final do século XIV.]]
[[Imagem:Roger Bacon optics01.jpg|thumb|140px|Estudos de [[Roger Bacon]] sobre [[óptica]], no final do século XIV.]]
Com a queda do [[Império Romano]], no século IV d.C., a maior parte da filosofia natural grega, assim como toda a [[educação]] em geral, perde importância.<ref name="manacorda">{{Ref-livro|sobrenome=Manacorda|nome=Mario Alighiero|título=A História da Educação: da antiguidade aos nossos dias|capítulo=4|id= 8524901632}}</ref> Esta época ficou conhecida como a "[[Idade Média|idade das trevas]]" para a evolução do conhecimento natural.<ref name="trevas">{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u14.jhtm|título="Idade das trevas", período medieval que durou dez séculos|publicado=UOL Educação|acessodata=23/12/2010}}</ref> Entretanto, o conhecimento natural dos gregos não foi totalmente perdido, migrou para o [[Médio Oriente|Oriente Médio]] e para o [[Egito]]. Os árabes, que já viviam naquela região, traduziram a literatura grega para o árabe. Assim, os árabes não só adquiriram o conhecimento grego, mas também o refinaram.<ref name="arab">{{citar web|url=http://www.wamy.org.br/1429/html/cultura%2520islamica/A%2520Casa%2520da%2520Ci%25C3%25AAncia%2520em%2520Bagd%25C3%25A1.pdf|título=A casa da ciência em Bagdá|formato=PDF|acessodata=23/12/2010}}</ref> [[Al-Khwarizmi]] é considerado o fundador da [[álgebra]] que hoje conhecemos.<ref name="algeb">{{citar web|url=http://www.somatematica.com.br/algebra.php|título=História da Álgebra|ultimo=Baumgart|primeiro=John K.|acessodata=23/12/2010}}</ref> O [[astrolábio]], presumidamente inventado por Ptolomeu, foi aperfeiçoado pelos [[persas]].<ref name="astr">{{citar web|url=http://www.ccvalg.pt/astronomia/historia/idade_media.htm|título=A astronomia na Idade Média|ultimo=Montes, Miguel; Costa, Alexandre|publicado=Centro ciência Viva do Algarve|acessodata=23/12/2010}}</ref>
Com a queda do [[Império Romano]], no século IV d.C., a maior parte da filosofia natural grega, assim como toda a [[educação]] em geral, perde importância.<ref name="manacorda">{{citar livro|sobrenome=Manacorda|nome=Mario Alighiero|título=A História da Educação: da antiguidade aos nossos dias|capítulo=4|id= 8524901632}}</ref> Esta época ficou conhecida como a "[[Idade Média|idade das trevas]]" para a evolução do conhecimento natural.<ref name="trevas">{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u14.jhtm|título="Idade das trevas", período medieval que durou dez séculos|publicado=UOL Educação|acessodata=23-12-2010}}</ref> Entretanto, o conhecimento natural dos gregos não foi totalmente perdido, migrou para o [[Médio Oriente|Oriente Médio]] e para o [[Egito]]. Os árabes, que já viviam naquela região, traduziram a literatura grega para o árabe. Assim, os árabes não só adquiriram o conhecimento grego, mas também o refinaram.<ref name="arab">{{citar web|url=http://www.wamy.org.br/1429/html/cultura%2520islamica/A%2520Casa%2520da%2520Ci%25C3%25AAncia%2520em%2520Bagd%25C3%25A1.pdf|título=A casa da ciência em Bagdá|acessodata=23-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101116014342/http://www.wamy.org.br/1429/html/cultura%20islamica/A%20Casa%20da%20Ci%C3%AAncia%20em%20Bagd%C3%A1.pdf|arquivodata=2010-11-16|urlmorta=yes}}</ref> [[Al-Khwarizmi]] é considerado o fundador da [[álgebra]] que hoje conhecemos.<ref name="algeb">{{citar web|url=http://www.somatematica.com.br/algebra.php|título=História da Álgebra|ultimo=Baumgart|primeiro=John K.|acessodata=23-12-2010}}</ref> O [[astrolábio]], presumidamente inventado por Ptolomeu, foi aperfeiçoado pelos [[persas]].<ref name="astr">{{citar web|url=http://www.ccvalg.pt/astronomia/historia/idade_media.htm|título=A astronomia na Idade Média|ultimo=Montes, Miguel; Costa, Alexandre|publicado=Centro ciência Viva do Algarve|acessodata=23-12-2010}}</ref>


No século XI, após a reconquista espanhola sobre os árabes, boa parte dos textos gregos que os árabes possuíam começou a ser traduzido para o [[latim]].<ref name="traduc">{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/hyper/enc/cap2p2/encmed.htm|título=O enciclopedismo medieval|publicado=Universidade de Lisboa, Faculdade de Educação|acessodata=23/12/2010}}</ref> Assim, a Europa medieval voltou a apreciar a filosofia natural após longos séculos de escuridão.<ref name="traduc" /> Uma vez traduzidos, todos os documentos foram estudados primeiramente por escolas estabelecidas juntamente a igrejas e catedrais.<ref name="traduc" /> Tais escolas transformaram-se nas primeiras [[universidade medieval|universidades medievais]] posteriormente.<ref name="unimedieval">{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/abelardo/universidademedieval.html|título=A Universidade Medieval|publicado=Universidade de Lisboa, Faculdade de Educação|acessodata=23/12/2010}}</ref> As universidades de [[Universidade de Cambridge|Cambridge]] e [[Universidade de Oxford|Oxford]] foram fundadas no século XIII.<ref name="camoxf">{{citar web|url=http://www.josenorberto.com.br/Universidade%2520em%2520Perspectiva_HELGIO_TRINDADE.pdf|título=Universidade em perspectiva: sociedade, conhecimento e poder|ultimo=Trindade|primeiro=Hélgio|data=09/1998|publicado=Universidade do Rio Grande do Sul|acessodata=23/12/2010}}</ref> Apesar de oferecerem ainda um ensino [[escolástica|escolástico]],<ref name="manacorda"/> tais universidades começaram a dar suporte para os primeiros desenvolvimentos científicos.<ref name="inicie">{{citar web|url=http://eniac.fmrp.usp.br:8080/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1184273465062_559666504_568|título=A autonomia universitária: extensão e limites|ultimo=Durham|primeiro=Eunice R.|acessodata=23/12/2010}}</ref>
No século XI, após a reconquista espanhola sobre os árabes, boa parte dos textos gregos que os árabes possuíam começou a ser traduzido para o [[latim]].<ref name="traduc">{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/hyper/enc/cap2p2/encmed.htm|título=O enciclopedismo medieval|publicado=Universidade de Lisboa, Faculdade de Educação|acessodata=23-12-2010}}</ref> Assim, a Europa medieval voltou a apreciar a filosofia natural após longos séculos de escuridão.<ref name="traduc" /> Uma vez traduzidos, todos os documentos foram estudados primeiramente por escolas estabelecidas juntamente a igrejas e catedrais.<ref name="traduc" /> Tais escolas transformaram-se nas primeiras [[universidade medieval|universidades medievais]] posteriormente.<ref name="unimedieval">{{citar web|url=http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/abelardo/universidademedieval.html|título=A Universidade Medieval|publicado=Universidade de Lisboa, Faculdade de Educação|acessodata=23-12-2010}}</ref> As universidades de [[Universidade de Cambridge|Cambridge]] e [[Universidade de Oxford|Oxford]] foram fundadas no século XIII.<ref name="camoxf">{{citar web|url=http://www.josenorberto.com.br/Universidade%2520em%2520Perspectiva_HELGIO_TRINDADE.pdf|título=Universidade em perspectiva: sociedade, conhecimento e poder|ultimo=Trindade|primeiro=Hélgio|data=setembro 1998|publicado=Universidade do Rio Grande do Sul|acessodata=23-12-2010}}</ref> Apesar de oferecerem ainda um ensino [[escolástica|escolástico]],<ref name="manacorda"/> tais universidades começaram a dar suporte para os primeiros desenvolvimentos científicos.<ref name="inicie">{{citar web|url=http://eniac.fmrp.usp.br:8080/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1184273465062_559666504_568|título=A autonomia universitária: extensão e limites|ultimo=Durham|primeiro=Eunice R.|acessodata=23-12-2010}}</ref>


[[Guilherme de Ockham]] foi um dos mais importantes filósofos naturais da [[Idade Média]]. Rejeitou a explicação aristotélica do movimento e a teoria do ''impetus'', desenvolvida ainda na Grécia Antiga e retomada por [[Jean Buridan]]. Ockham afirmava que um objeto em movimento, após ter perdido contato com o seu lançador, já não é "portador" de qualquer força, segundo a teoria do ''impetus'', pois não se pode mais distinguir o objeto em movimento: o objeto em movimento pode ser o projétil, sob a perspectiva do lançador, ou o próprio lançador, sob o ponto de vista do projétil.<ref name="ockham" /> A "[[Navalha de Occam|Navalha de Ockham]]" diz que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação deste e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria.<ref name="ockham">{{citar web|url=http://www.projetoockham.org/div_ockham.html|título=Guilherme de Ockham|publicado=Projeto Ockham|acessodata=23/12/2010}}</ref>
[[Guilherme de Ockham]] foi um dos mais importantes filósofos naturais da [[Idade Média]]. Rejeitou a explicação aristotélica do movimento e a teoria do ''impetus'', desenvolvida ainda na Grécia Antiga e retomada por [[Jean Buridan]]. Ockham afirmava que um objeto em movimento, após ter perdido contato com o seu lançador, já não é "portador" de qualquer força, segundo a teoria do ''impetus'', pois não se pode mais distinguir o objeto em movimento: o objeto em movimento pode ser o projétil, sob a perspectiva do lançador, ou o próprio lançador, sob o ponto de vista do projétil.<ref name="ockham" /> A "[[Navalha de Occam|Navalha de Ockham]]" diz que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação deste e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria.<ref name="ockham">{{citar web|url=http://www.projetoockham.org/div_ockham.html|título=Guilherme de Ockham|publicado=Projeto Ockham|acessodata=23-12-2010}}</ref>


=== Renascimento, revolução científica e desenvolvimento do método científico ===
=== Renascimento, revolução científica e desenvolvimento do método científico ===
{{AP|Revolução científica}}
{{AP|Revolução científica}}
[[Imagem:Galileo.arp.300pix.jpg|thumb|esquerda|[[Galileu Galilei]]]]
[[Imagem:Galileo.arp.300pix.jpg|thumb|esquerda|[[Galileu Galilei]].]]


O [[renascimento]] foi a época do redescobrimento do conhecimento na Europa.<ref name="renas">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/renascimento-15.php|título=Renascimento|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24/12/2010}}</ref> Vários acontecimentos revolucionaram a forma de pensar da sociedade europeia. Em 1543, [[Nicolau Copérnico]] publica ''[[De revolutionibus orbium coelestium]]'', apresentando um modelo matemático completo de um sistema [[heliocentrismo|heliocêntrico]].<ref name="copernic">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/nicolau-copernico/nicolau-copernico-1.php|título=Nicolau Copérnico|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24/12/2010}}</ref> [[Galileu Galilei]] é considerado o fundador da ciência moderna. Segundo Galileu, o cientista não tem o papel de explicar porque os fenômenos acontecem na Natureza, apenas pode descrevê-los.<ref name="galil">{{citar web|url=http://efisica.if.usp.br/mecanica/curioso/historia/galileu/|título=Galileu e o nascimento da ciência moderna|publicado=Universidade de São Paulo, Centro de Ensino e Pesquisa aplicada|acessodata=24/12/2010}}</ref> Em uma de suas obras, Galileu não afirmou que estava explicando a [[queda livre]], apenas estava descrevendo-o. Galileu também foi o primeiro a conceber o conceito de [[inércia]] na Europa e foi o fundador da física como conhecemos hoje ao empregar a [[matemática]] na descrição de fenômenos naturais, que eram endossados pela [[experimentação]]. A sua contribuição para o desenvolvimento do [[telescópio]] contribuiu para a gradual consolidação do [[heliocentrismo]], com a descoberta dos [[Luas de Galileu|satélites galileanos]].<ref name="galil" />
O [[renascimento]] foi a época do redescobrimento do conhecimento na Europa.<ref name="renas">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/renascimento/renascimento-15.php|título=Renascimento|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24-12-2010}}</ref> Vários acontecimentos revolucionaram a forma de pensar da sociedade europeia. Em 1543, [[Nicolau Copérnico]] publica ''[[De revolutionibus orbium coelestium]]'', apresentando um modelo matemático completo de um sistema [[heliocentrismo|heliocêntrico]].<ref name="copernic">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/nicolau-copernico/nicolau-copernico-1.php|título=Nicolau Copérnico|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24-12-2010}}</ref> [[Galileu Galilei]] é considerado o fundador da ciência moderna. Segundo Galileu, o cientista não tem o papel de explicar porque os fenômenos acontecem na Natureza, apenas pode descrevê-los.<ref name="galil">{{citar web|url=http://efisica.if.usp.br/mecanica/curioso/historia/galileu/|título=Galileu e o nascimento da ciência moderna|publicado=Universidade de São Paulo, Centro de Ensino e Pesquisa aplicada|acessodata=24-12-2010}}</ref> Em uma de suas obras, Galileu não afirmou que estava explicando a [[queda livre]], apenas estava descrevendo-o. Galileu também foi o primeiro a conceber o conceito de [[inércia]] na Europa e foi o fundador da física como conhecemos hoje ao empregar a [[matemática]] na descrição de fenômenos naturais, que eram endossados pela [[experimentação]]. A sua contribuição para o desenvolvimento do [[telescópio]] contribuiu para a gradual consolidação do [[heliocentrismo]], com a descoberta dos [[Luas de Galileu|satélites galileanos]].<ref name="galil" />


Os métodos científicos de Galileu já eram uma derivação da nova forma de filosofia que vinha sendo desenvolvida por [[Francis Bacon (filósofo)|Francis Bacon]] e [[René Descartes]], formulando as bases do [[método científico]], que vinha sendo ensaiado desde a "era dourada" da filosofia natural Islâmica. Segundo Bacon, a ciência é [[experiência científica|experimental]], qualitativa e [[indução|indutiva]]. Rejeita assunções ''[[a priori]]'' e se houver uma quantidade suficiente de [[observação|observações]], estas seriam usadas para se induzir ou generalizar os princípios fundamentais envolvidos.<ref name="metcie">{{citar web|url=http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/metodologia/Apostila/CAP02PG.pdf|título=O método científico|acessodata=24/12/2010}}</ref>
Os métodos científicos de Galileu já eram uma derivação da nova forma de filosofia que vinha sendo desenvolvida por [[Francis Bacon (filósofo)|Francis Bacon]] e [[René Descartes]], formulando as bases do [[método científico]], que vinha sendo ensaiado desde a "era dourada" da filosofia natural Islâmica. Segundo Bacon, a ciência é [[experiência científica|experimental]], qualitativa e [[indução|indutiva]]. Rejeita assunções ''[[a priori]]'' e se houver uma quantidade suficiente de [[observação|observações]], estas seriam usadas para se induzir ou generalizar os princípios fundamentais envolvidos.<ref name="metcie">{{citar web|url=http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/metodologia/Apostila/CAP02PG.pdf|título=O método científico|acessodata=24-12-2010}}</ref>


[[René Descartes]] propôs uma lógica diferente: em vez de se iniciar as observações com fatos "crus", Descartes acreditava que os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura [[razão]] com lógica matemática. Sua abordagem era analítica; os problemas deveriam ser "partidos" e rearranjados logicamente. Os fenômenos podem ser [[reducionismo|reduzidos]] e analisados aos seus componentes fundamentais. Se os componentes fundamentais fossem entendidos, o fenômeno também seria.<ref name="metcie" /> A congruência entre os pensamentos de Bacon e de Descartes, mesmo que entrassem em conflito em certas discussões, dominou as investigações científicas nos três séculos seguintes.<ref name="comunic">{{citar web|url=http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1502-4.pdf|título=A Aplicabilidade do Método Científico e das Hipóteses na ciência da Informação: Uma Contribuição para a Construção Científica do Conhecimento Comunicacional|ultimo=Rosa, Paulo Cezar; Macedo, Roberto Gondo|publicado=Congresso Brasileiro de ciências da Comunicação|acessodata=24/12/2010}}</ref>
[[René Descartes]] propôs uma lógica diferente: em vez de se iniciar as observações com fatos "crus", Descartes acreditava que os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura [[razão]] com lógica matemática. Sua abordagem era analítica; os problemas deveriam ser "partidos" e rearranjados logicamente. Os fenômenos podem ser [[reducionismo|reduzidos]] e analisados aos seus componentes fundamentais. Se os componentes fundamentais fossem entendidos, o fenômeno também seria.<ref name="metcie" /> A congruência entre os pensamentos de Bacon e de Descartes, mesmo que entrassem em conflito em certas discussões, dominou as investigações científicas nos três séculos seguintes.<ref name="comunic">{{citar web|url=http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1502-4.pdf|título=A Aplicabilidade do Método Científico e das Hipóteses na ciência da Informação: Uma Contribuição para a Construção Científica do Conhecimento Comunicacional|ultimo=Rosa, Paulo Cezar; Macedo, Roberto Gondo|publicado=Congresso Brasileiro de ciências da Comunicação|acessodata=24-12-2010}}</ref>


A filosofia cartesiana, ou cartesianismo, rejeita toda e qualquer autoridade na obtenção do conhecimento. Os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura [[razão]] com lógica matemática. Em outras palavras, a busca pela verdade está baseada apenas na razão. Desse paradigma os [[dogma|dogmas religiosos]], os [[preconceito social|preconceitos sociais]], as [[censura|censuras políticas]] e os aspectos fornecidos pelos [[sentido]]s são excluídos. A matemática passou a ser o modelo e a linguagem de todo conhecimento relacionado à ciência. Várias correntes de pensamento surgiram da filosofia cartesiana, como o [[racionalismo]] e o [[empirismo]], e destas surgiriam o [[determinismo]], o [[reducionismo]] e o [[mecanicismo (filosofia)|mecanicismo]].<ref name="cartesiano">{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/filosofia/cartesianismo/|título=Cartesianismo|obra=Infoescola|data=4/9/08|autor=Rebouças, Fernando|acessodata=14/7/11}}</ref>
A filosofia cartesiana, ou cartesianismo, rejeita toda e qualquer autoridade na obtenção do conhecimento. Os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura [[razão]] com lógica matemática. Em outras palavras, a busca pela verdade está baseada apenas na razão. Desse paradigma os [[dogma|dogmas religiosos]], os [[preconceito social|preconceitos sociais]], as [[censura|censuras políticas]] e os aspectos fornecidos pelos [[sentido]]s são excluídos. A matemática passou a ser o modelo e a linguagem de todo conhecimento relacionado à ciência. Várias correntes de pensamento surgiram da filosofia cartesiana, como o [[racionalismo]] e o [[empirismo]], e destas surgiriam o [[determinismo]], o [[reducionismo]] e o [[mecanicismo (filosofia)|mecanicismo]].<ref name="cartesiano">{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/filosofia/cartesianismo/|título=Cartesianismo|obra=Infoescola|data=4/9/08|autor=Rebouças, Fernando|acessodata=14/7/11}}</ref>
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| caption3 = [[James Clerk Maxwell]]
| caption3 = [[James Clerk Maxwell]]
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Após Galileu, [[Isaac Newton]] foi um dos cientistas mais importantes para o desenvolvimento da [[mecânica clássica]].<ref name="newton">{{citar web|url=http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_773.html|título=Biografia de Sir Isaac Newton|acessodata=24/12/2010}}</ref> Suas [[Leis de Newton|três leis]] serviram de base para toda a mecânica até o início do século XX.<ref name="newton2">{{citar web|url=http://www.vestibular1.com.br/revisao/dinamica_newton_principio_fundamental.doc|título=Dinâmica - Leis de Newton|ultimo=Lemes, Maurício Ruv, Sbruzzi, Luiz Fernando|publicado=Vestibular1|formato=DOC|acessodata=24/12/2010}}</ref> Sua mecânica tornou-se modelo para a construção de teorias científicas futuras.<ref name="modelonew">{{citar web|url=http://www.editoraufjf.com.br/revista/index.php/csonline/article/view/356/330|título=Da simplicidade à crescente complexidade dos fenômenos do mundo: a necessidade de um pensamento mais complexo|ultimo=Florentino|primeiro=José A.|publicado=Universidade Federal do Rio de Janeiro, Revista Eletrônica de ciências Sociais|formato=PDF|acessodata=24/12/2010}}</ref> Em seu livro ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', considerado a publicação mais influente de toda a história,<ref name="newt"/> descreveu a universalidade de suas leis<ref name="univ1">{{citar web|url=http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc32_4/04-EA0310.pdf|título=O ensino de ciências e a ética nas escolas: interrfaces possíveis|ultimo=Oliveira|primeiro=José Renato de|data=26/08/10|formato=PDF|acessodata=24/12/2010}}</ref> e concluiu a primeira grande unificação da História da física, já iniciada por Galileu, ao unir Céus e Terra sob as mesmas leis físicas, a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]].<ref name="unificação">{{citar web|url=http://www.astro.iag.usp.br/~aga210/arquivos/textos/2008B/Jenner-Popper-95.pdf|título=A unificiação de Newton da física de Galileu com a astronomia de Kepler à luz da crítica Popperiana à indução|ultimo=Bastos Filho|primeiro=Jenner Barretto|data=10/03/95|publicado=Universidade Federal de Alagoas|acessodata=24/12/2010}}</ref>
Após Galileu, [[Isaac Newton]] foi um dos cientistas mais importantes para o desenvolvimento da [[mecânica clássica]].<ref name="newton">{{citar web|url=http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_773.html|título=Biografia de Sir Isaac Newton|acessodata=24-12-2010}}</ref> Suas [[Leis de Newton|três leis]] serviram de base para toda a mecânica até o início do século XX.<ref name="newton2">{{citar web|url=http://www.vestibular1.com.br/revisao/dinamica_newton_principio_fundamental.doc|título=Dinâmica - Leis de Newton|ultimo=Lemes, Maurício Ruv, Sbruzzi, Luiz Fernando|publicado=Vestibular1|formato=DOC|acessodata=24-12-2010}}</ref> Sua mecânica tornou-se modelo para a construção de teorias científicas futuras.<ref name="modelonew">{{citar web|url=http://www.editoraufjf.com.br/revista/index.php/csonline/article/view/356/330|título=Da simplicidade à crescente complexidade dos fenômenos do mundo: a necessidade de um pensamento mais complexo|ultimo=Florentino|primeiro=José A.|publicado=Universidade Federal do Rio de Janeiro, Revista Eletrônica de ciências Sociais|acessodata=24-12-2010}}</ref> Em seu livro ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', considerado a publicação mais influente de toda a história,<ref name="newt"/> descreveu a universalidade de suas leis<ref name="univ1">{{citar web|url=http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc32_4/04-EA0310.pdf|título=O ensino de ciências e a ética nas escolas: interrfaces possíveis|ultimo=Oliveira|primeiro=José Renato de|data=26/08/10|acessodata=24-12-2010}}</ref> e concluiu a primeira grande unificação da História da física, já iniciada por Galileu, ao unir Céus e Terra sob as mesmas leis físicas, a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]].<ref name="unificação">{{citar web|url=http://www.astro.iag.usp.br/~aga210/arquivos/textos/2008B/Jenner-Popper-95.pdf|título=A unificiação de Newton da física de Galileu com a astronomia de Kepler à luz da crítica Popperiana à indução|ultimo=Bastos Filho|primeiro=Jenner Barretto|data=10-03-1995|publicado=Universidade Federal de Alagoas|acessodata=24-12-2010}}</ref>


A invenção da [[motor a vapor|máquina a vapor]], aprimorada por [[Thomas Newcomen]] e [[James Watt]], levou a um grande interesse científico no estudo do [[calor]].<ref name="newcomen">{{citar web|url=http://cegrupo1.com.sapo.pt/galeria_2.htm|título=Mais... notáveis|acessodata=24/12/2010}}</ref> O francês [[Nicolas Léonard Sadi Carnot|Sadi Carnot]], já no século XIX, formulou as bases para o entendimento de máquinas térmicas.<ref name="carnot">{{citar web|url=http://www.miniweb.com.br/ciencias/artigos/carnot.html|título=Nicolas Leonard Sadi Carnot|publicado=mini Web Educação|acessodata=24/12/2010}}</ref> [[Joseph Black]] começou a quantificar o [[calor]] através da medida da [[capacidade térmica]] das substâncias.<ref name="black">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/joseph-black/joseph-black.php|título=Joseph Black|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24/12/2010}}</ref> [[James Prescott Joule]] estabeleceu uma equivalência numérica entre [[trabalho (física)|trabalho]] e calor e mostrou que o calor produzido por uma [[corrente elétrica]] I em um condutor de [[resistência elétrica|resistência]] R era dado por I²R, conhecido atualmente como [[Lei de Joule]].<ref name="joule">{{citar web|url=http://www.sofisica.com.br/conteudos/Biografias/james_joule.php|título=James Prescott Joule|publicado=Só física|acessodata=24/12/2010}}</ref> Os trabalhos de Joule estabeleceram o princípio da [[lei da conservação da energia|conservação da energia]],<ref name="joule" /> que se tornou a base para a [[primeira lei da termodinâmica]], formulada por [[Rudolf Clausius]] e [[William Thomson]] (Lord Kelvin).<ref name="clausius">{{citar web|url=http://www.leandroengenharia.com.br/materias/fenomenos_transportes/a_primeira_lei_termodinamica.pdf|título=A Primeira Lei da termodinâmica|ultimo=Medina, Márcio Nasser; Nisenbaum, Moisés André|formato=PDF|acessodata=25/12/2010}}</ref> Clausius também formulou o conceito de [[entropia]], que é a base para a [[segunda lei da termodinâmica]].<ref name="clausius2">{{citar web|url=http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/clausius.htm|título=Clausius, Rudolf (1822-1888) |ultimo=Barbarini, Alcenir Tarcisío|publicado=UNICAMP|acessodata=25/12/2010}}</ref> Assim como a mecânica Newtoniana se apoia em três leis fundamentais, as quatro leis da termodinâmica apoiam todo o conhecimento nesta área.
A invenção da [[motor a vapor|máquina a vapor]], aprimorada por [[Thomas Newcomen]] e [[James Watt]], levou a um grande interesse científico no estudo do [[calor]].<ref name="newcomen">{{citar web|url=http://cegrupo1.com.sapo.pt/galeria_2.htm|título=Mais... notáveis|acessodata=24-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111018224541/http://cegrupo1.com.sapo.pt/galeria_2.htm|arquivodata=2011-10-18|urlmorta=yes}}</ref> O francês [[Nicolas Léonard Sadi Carnot|Sadi Carnot]], já no século XIX, formulou as bases para o entendimento de máquinas térmicas.<ref name="carnot">{{citar web|url=http://www.miniweb.com.br/ciencias/artigos/carnot.html|título=Nicolas Leonard Sadi Carnot|publicado=mini Web Educação|acessodata=24-12-2010}}</ref> [[Joseph Black]] começou a quantificar o [[calor]] através da medida da [[capacidade térmica]] das substâncias.<ref name="black">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/joseph-black/joseph-black.php|título=Joseph Black|publicado=Portal São Francisco|acessodata=24-12-2010}}</ref> [[James Prescott Joule]] estabeleceu uma equivalência numérica entre [[trabalho (física)|trabalho]] e calor e mostrou que o calor produzido por uma [[corrente elétrica]] I em um condutor de [[resistência elétrica|resistência]] R era dado por I²R, conhecido atualmente como [[Lei de Joule]].<ref name="joule">{{citar web|url=http://www.sofisica.com.br/conteudos/Biografias/james_joule.php|título=James Prescott Joule|publicado=Só física|acessodata=24-12-2010}}</ref> Os trabalhos de Joule estabeleceram o princípio da [[lei da conservação da energia|conservação da energia]],<ref name="joule" /> que se tornou a base para a [[primeira lei da termodinâmica]], formulada por [[Rudolf Clausius]] e [[William Thomson]] (Lord Kelvin).<ref name="clausius">{{citar web|url=http://www.leandroengenharia.com.br/materias/fenomenos_transportes/a_primeira_lei_termodinamica.pdf|título=A Primeira Lei da termodinâmica|ultimo=Medina, Márcio Nasser; Nisenbaum, Moisés André|acessodata=25-12-2010}}</ref> Clausius também formulou o conceito de [[entropia]], que é a base para a [[segunda lei da termodinâmica]].<ref name="clausius2">{{citar web|url=http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/clausius.htm|título=Clausius, Rudolf (1822-1888) |ultimo=Barbarini, Alcenir Tarcisío|publicado=UNICAMP|acessodata=25-12-2010}}</ref> Assim como a mecânica Newtoniana se apoia em três leis fundamentais, as quatro leis da termodinâmica apoiam todo o conhecimento nesta área.


As forças [[campo magnético|magnética]] e [[força elétrica|elétrica]] já eram conhecidas desde a antiguidade.<ref name="magn">{{citar web|url=http://www.feiradeciencias.com.br/sala13/13_T04_1.asp|título=Interações Magnéticas|ultimo=Netto, Luiz Ferraz|publicado=feiradeciencias.com.br|acessodata=25/12/2010}}</ref> Entretanto, o estudo científico da [[eletricidade]] e do [[magnetismo]] foi iniciado no século XVII por [[William Gilbert]], em seu livro ''[[De Magnete]]''.<ref name="gilbert">{{citar web|url=http://www.iki.rssi.ru/mirrors/stern/earthmag/demagint.htm|título=400 years of "De Magnete"|ultimo=Stern, David P.|data=20/11/2003|lingua=Inglês|acessodata=25/12/2010}}</ref> [[Otto von Guericke]] produziu o primeiro gerador eletrostático.<ref name="eletr">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/crono/crono.htm|título=Pequena Cronologia do eletromagnetismo|publicado=Universidade Federal do RIo Grande do Sul|acessodata=25/12/2010}}</ref> [[Pieter van Musschenbroek]] construiu a primeira [[garrafa de Leiden]], que acumula [[carga elétrica|cargas elétricas]].<ref name="eletr" /> [[Alessandro Volta]] construiu a primeira [[Bateria (química)|pilha voltaica]], que podia fornecer uma [[corrente elétrica]] contínua.<ref name="eletr" />
As forças [[campo magnético|magnética]] e [[força elétrica|elétrica]] já eram conhecidas desde a antiguidade.<ref name="magn">{{citar web|url=http://www.feiradeciencias.com.br/sala13/13_T04_1.asp|título=Interações Magnéticas|ultimo=Netto, Luiz Ferraz|publicado=feiradeciencias.com.br|acessodata=25-12-2010}}</ref> Entretanto, o estudo científico da [[eletricidade]] e do [[magnetismo]] foi iniciado no século XVII por [[William Gilbert]], em seu livro ''[[De Magnete]]''.<ref name="gilbert">{{citar web|url=http://www.iki.rssi.ru/mirrors/stern/earthmag/demagint.htm|título=400 years of "De Magnete"|ultimo=Stern, David P.|data=20-11-2003|lingua=Inglês|acessodata=25-12-2010}}</ref> [[Otto von Guericke]] produziu o primeiro gerador eletrostático.<ref name="eletr">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/crono/crono.htm|título=Pequena Cronologia do eletromagnetismo|publicado=Universidade Federal do RIo Grande do Sul|acessodata=25-12-2010}}</ref> [[Pieter van Musschenbroek]] construiu a primeira [[garrafa de Leiden]], que acumula [[carga elétrica|cargas elétricas]].<ref name="eletr" /> [[Alessandro Volta]] construiu a primeira [[Bateria (química)|pilha voltaica]], que podia fornecer uma [[corrente elétrica]] contínua.<ref name="eletr" />


[[Benjamin Franklin]] foi um dos primeiros a propor que os relâmpagos eram uma forma de eletricidade. Também propôs que as cargas elétricas eram divididas em dois tipos, negativa e positiva, com cargas elétricas idênticas se repelindo e cargas contrárias se atraindo.<ref name="eletr" /> [[Hans Christian Ørsted]] argumentou que a corrente elétrica gera [[magnetismo]] em torno do fio condutor.<ref name="eletr" /> [[André-Marie Ampère]] forneceu os primeiros apoios matemáticos para o magnetismo em função da corrente elétrica.<ref name="eletr" /> [[Michael Faraday]] postulou que o inverso também era válido, sendo que a variação do [[campo magnético]] induz a geração de corrente elétrica. Faraday elaborou um modelo qualitativo de como as forças elétrica e magnética agem.<ref name="eletr" /> Também elaborou os conceitos de campos magnético e [[campo elétrico|elétrico]].<ref name="eletr" /> [[James Clerk Maxwell]] unificou as teorias elétricas e magnéticas de Ampère, Faraday e de [[Carl Friedrich Gauss|Gauss]], resultando no nascimento da [[eletromagnetismo|teoria eletromagnética]], resumindo matematicamente o trabalho experimental de seus antecessores em quatro equações, conhecidas como as [[Equações de Maxwell]].<ref name="maxwell">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/iq/kleber/CursosVirtuais/QQ/apendice-1/apendice-1.html|título=Equações de Maxwell|acessodata=25/12/2010}}</ref> Maxwell propôs a existência de [[radiação eletromagnética|ondas eletromagnéticas]], e sugeriu que a própria luz seria um exemplo de onda eletromagnética.<ref name="maxwell" /> A existência de tais ondas foi comprovada por [[Heinrich Hertz]], em 1888, e a constatação da luz como onda eletromagnética completou outra grande unificação da física, fundindo a eletricidade, o magnetismo e a [[óptica]] dentro da teoria eletromagnética.<ref name="ondaseletr">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ondas-eletromagneticas/ondas-eletromagneticas.php|título=Ondas Eletromagnéticas|publicado=Portal São Francisco|acessodata=25/12/2010}}</ref>
[[Benjamin Franklin]] foi um dos primeiros a propor que os relâmpagos eram uma forma de eletricidade. Também propôs que as cargas elétricas eram divididas em dois tipos, negativa e positiva, com cargas elétricas idênticas se repelindo e cargas contrárias se atraindo.<ref name="eletr" /> [[Hans Christian Ørsted]] argumentou que a corrente elétrica gera [[magnetismo]] em torno do fio condutor.<ref name="eletr" /> [[André-Marie Ampère]] forneceu os primeiros apoios matemáticos para o magnetismo em função da corrente elétrica.<ref name="eletr" /> [[Michael Faraday]] postulou que o inverso também era válido, sendo que a variação do [[campo magnético]] induz a geração de corrente elétrica. Faraday elaborou um modelo qualitativo de como as forças elétrica e magnética agem.<ref name="eletr" /> Também elaborou os conceitos de campos magnético e [[campo elétrico|elétrico]].<ref name="eletr" /> [[James Clerk Maxwell]] unificou as teorias elétricas e magnéticas de Ampère, Faraday e de [[Carl Friedrich Gauss|Gauss]], resultando no nascimento da [[eletromagnetismo|teoria eletromagnética]], resumindo matematicamente o trabalho experimental de seus antecessores em quatro equações, conhecidas como as [[Equações de Maxwell]].<ref name="maxwell">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/iq/kleber/CursosVirtuais/QQ/apendice-1/apendice-1.html|título=Equações de Maxwell|acessodata=25-12-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100212233930/http://vsites.unb.br/iq/kleber/CursosVirtuais/QQ/apendice-1/apendice-1.html|arquivodata=2010-02-12|urlmorta=yes}}</ref> Maxwell propôs a existência de [[radiação eletromagnética|ondas eletromagnéticas]], e sugeriu que a própria luz seria um exemplo de onda eletromagnética.<ref name="maxwell" /> A existência de tais ondas foi comprovada por [[Heinrich Hertz]], em 1888, e a constatação da luz como onda eletromagnética completou outra grande unificação da física, fundindo a eletricidade, o magnetismo e a [[óptica]] dentro da teoria eletromagnética.<ref name="ondaseletr">{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ondas-eletromagneticas/ondas-eletromagneticas.php|título=Ondas Eletromagnéticas|publicado=Portal São Francisco|acessodata=25-12-2010}}</ref>


=== Física moderna ===
=== Física moderna ===
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No final do século XIX, as teorias clássicas da física estavam firmemente estabelecidas. Restavam aos físicos realizar medidas mais precisas para as [[constante física|constante]]s universais e aplicar o conhecimento obtido em tecnologias vindouras.<ref name="secxix">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/22-2/artpdf/a1.pdf|título=Albert Einstein e a física quântica|ultimo=Dionísio|primeiro=Paulo Henrique|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de física|acessodata=25/12/2010}}</ref> Os "fenômenos rebeldes" consistiam um problema, embora fosse "uma questão de tempo" adequá-las às teorias vigentes. Entretanto, tais "fenômenos rebeldes" se tornaram um imenso desafio para física no final do Século XIX e no início do Século XX.<ref name="secxix" />
No final do século XIX, as teorias clássicas da física estavam firmemente estabelecidas. Restavam aos físicos realizar medidas mais precisas para as [[constante física|constante]]s universais e aplicar o conhecimento obtido em tecnologias vindouras.<ref name="secxix">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/22-2/artpdf/a1.pdf|título=Albert Einstein e a física quântica|ultimo=Dionísio|primeiro=Paulo Henrique|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de física|acessodata=25-12-2010}}</ref> Os "fenômenos rebeldes" consistiam um problema, embora fosse "uma questão de tempo" adequá-las às teorias vigentes. Entretanto, tais "fenômenos rebeldes" se tornaram um imenso desafio para física no final do Século XIX e no início do Século XX.<ref name="secxix" />


Entre os "fenômenos rebeldes", destacavam-se a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]],<ref name="secxix" /><ref name="radcorp">{{citar web|url=http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/radiacao-corpo-negro.htm|título=Radiação de Corpo Negro|publicado=Mundo Educação|acessodata=25/12/2010}}</ref> o [[efeito fotoelétrico]]<ref name="secxix" /><ref name="fotoel">{{citar web|url=http://www.fis.ufba.br/~edmar/fis101/roteiros/Fotoeletrico.pdf|título=Efeito Fotoelétrico|ultimo=Gutmann, Friederich; Oliveira, Newton|publicado=Universidade Federal da Bahia|acessodata=25/12/2010}}</ref> e o [[raia espectral|espectro de raias dos elementos]].<ref name="secxix" /><ref name="raia">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/12-3/artpdf/a4.pdf|título=Raias espectrais|ultimo=Bazanini, Gil; Lawall, Ivani T.|acessodata=25/12/2010}}</ref> [[Max Planck]], em 1900, em uma tentativa de dar suporte matemático à radiação de corpo negro, propôs a tese de que havia uma limitação energética na vibração dos [[oscilador harmônico|osciladores]] causadores da radiação; um oscilador não poderia vibrar com qualquer energia, mas apenas com algumas energias "demarcadas", ou seja, discretas, sendo que seus valores seriam múltiplos de [[número natural|números naturais]]. As regiões discretas de energia ficaram conhecidas como ''[[Quantum (física)|quanta]]'' de energia. A energia desses ''quanta'' seria dada pelo produto de um número natural pela [[frequência]] e por uma constante universal, que ficou conhecida como a [[constante de Planck]].<ref name="secxix" />
Entre os "fenômenos rebeldes", destacavam-se a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]],<ref name="secxix" /><ref name="radcorp">{{citar web|url=http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/radiacao-corpo-negro.htm|título=Radiação de Corpo Negro|publicado=Mundo Educação|acessodata=25-12-2010}}</ref> o [[efeito fotoelétrico]]<ref name="secxix" /><ref name="fotoel">{{citar web|url=http://www.fis.ufba.br/~edmar/fis101/roteiros/Fotoeletrico.pdf|título=Efeito Fotoelétrico|ultimo=Gutmann, Friederich; Oliveira, Newton|publicado=Universidade Federal da Bahia|acessodata=25-12-2010}}</ref> e o [[raia espectral|espectro de raias dos elementos]].<ref name="secxix" /><ref name="raia">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/12-3/artpdf/a4.pdf|título=Raias espectrais|ultimo=Bazanini, Gil; Lawall, Ivani T.|acessodata=25-12-2010}}</ref> [[Max Planck]], em 1900, em uma tentativa de dar suporte matemático à radiação de corpo negro, propôs a tese de que havia uma limitação energética na vibração dos [[oscilador harmônico|osciladores]] causadores da radiação; um oscilador não poderia vibrar com qualquer energia, mas apenas com algumas energias "demarcadas", ou seja, discretas, sendo que seus valores seriam múltiplos de [[número natural|números naturais]]. As regiões discretas de energia ficaram conhecidas como ''[[Quantum (física)|quanta]]'' de energia. A energia desses ''quanta'' seria dada pelo produto de um número natural pela [[frequência]] e por uma constante universal, que ficou conhecida como a [[constante de Planck]].<ref name="secxix" />


Em 1905, [[Albert Einstein]] publica cinco artigos no periódico alemão ''[[Annalen der Physik]]'', onde apresenta ao mundo todo o início da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]]. Alcançando o mesmo resultado para a constante de Planck, Einstein explicou também o [[efeito fotoelétrico]] e deu argumentações físicas para a existência dos ''quanta'' de energia. Postulou também que a [[velocidade da luz]] é constante em qualquer [[referencial inercial]].<ref name="annalen">{{citar web|url=http://www.vigillare.com.br/fa/einstencontribuicao.htm|título=A constribuição de Einstein|publicado=vigillare.com.br|acessodata=25/12/2010}}</ref> Dez anos mais tarde, Einstein publicou a sua teoria da [[relatividade geral]], estendendo a relatividade para [[referencial inercial#Referência não-inercial|referenciais não-inerciais]] e para a [[gravidade|gravitação]].<ref name="annalen" />
Em 1905, [[Albert Einstein]] publica cinco artigos no periódico alemão ''[[Annalen der Physik]]'', onde apresenta ao mundo todo o início da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]]. Alcançando o mesmo resultado para a constante de Planck, Einstein explicou também o [[efeito fotoelétrico]] e deu argumentações físicas para a existência dos ''quanta'' de energia. Postulou também que a [[velocidade da luz]] é constante em qualquer [[referencial inercial]].<ref name="annalen">{{citar web|url=http://www.vigillare.com.br/fa/einstencontribuicao.htm|título=A constribuição de Einstein|publicado=vigillare.com.br|acessodata=25-12-2010}}</ref> Dez anos mais tarde, Einstein publicou a sua teoria da [[relatividade geral]], estendendo a relatividade para [[referencial inercial#Referência não-inercial|referenciais não-inerciais]] e para a [[gravidade|gravitação]].<ref name="annalen" />


Em 1924, [[Louis de Broglie]] propõe a [[dualidade onda-corpúsculo|dualidade onda-partícula]] para o [[elétron]],<ref name="broglie">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s05.html|título=Dualidade Onda-Partícula|publicado=Universidade Federal do RIo Grande do Sul|acessodata=25/12/2010}}</ref> e dois anos mais tarde, [[Erwin Schrödinger]] publica a sua [[equação de Schrödinger|equação]], que é a base da mecânica quântica moderna.<ref name="quantic">{{citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/resumo_de_conceitos_da_mecanica_quantica.pdf|título=mecânica quântica|publicado=fisica.net|acessodata=25/12/2010}}</ref> No ano seguinte, [[Werner Heisenberg]] defende que não se pode mensurar a posição e a velocidade de uma partícula subatômica ao mesmo tempo, estabelecendo o [[Princípio da incerteza de Heisenberg|Princípio da Incerteza]].<ref name="quantic" /> No final da década de 40, [[Richard Feynman]] desenvolveu a [[eletrodinâmica quântica]], uma das teorias mais precisas já inventadas pelo homem atualmente. Feynman desenvolveu uma das primeiras [[teoria quântica de campos|teorias quânticas de campo]]<ref name="quantic2">{{Citar jornal|url=http://www.ihu.unisinos.br/uploads/publicacoes/edicoes/1163185909.81pdf.pdf|primeiro=Dionísio, Paulo Henrique|data=2004|título=física quântica: de sua pré-história à discussão sobre o seu conteúdo essencial|jornal=Cadernos IHU Idéias|volume=22|issn=16790316}}</ref> e com a idealização e descoberta dos [[quark]]s, a [[cromodinâmica quântica]] foi elaborada.<ref name="cromo">{{citar web|url=http://tatooine.fortunecity.com/stephenson/51/fisica/qcd.html|título=Cromodinâmica quântica|acessodata=25/12/2010}}</ref> A eletrodinâmica e a cromodinâmica quântica são as bases de um conjunto de teorias quânticas de campo chamada de [[modelo padrão]], que descreve três das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]] da Natureza.<ref name="crelqu">{{citar web|url=http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/cromodinamica-eletrodinamica-quantica.htm|título=Cromodinâmica e Eletrodinâmica quântica|publicado=Mundo Educação|acessodata=25/12/2010}}</ref>
Em 1924, [[Louis de Broglie]] propõe a [[dualidade onda-corpúsculo|dualidade onda-partícula]] para o [[elétron]],<ref name="broglie">{{citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s05.html|título=Dualidade Onda-Partícula|publicado=Universidade Federal do RIo Grande do Sul|acessodata=25-12-2010}}</ref> e dois anos mais tarde, [[Erwin Schrödinger]] publica a sua [[equação de Schrödinger|equação]], que é a base da mecânica quântica moderna.<ref name="quantic">{{citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/resumo_de_conceitos_da_mecanica_quantica.pdf|título=mecânica quântica|publicado=fisica.net|acessodata=25-12-2010}}</ref> No ano seguinte, [[Werner Heisenberg]] defende que não se pode mensurar a posição e a velocidade de uma partícula subatômica ao mesmo tempo, estabelecendo o [[Princípio da incerteza de Heisenberg|Princípio da Incerteza]].<ref name="quantic" /> No final da década de 40, [[Richard Feynman]] desenvolveu a [[eletrodinâmica quântica]], uma das teorias mais precisas já inventadas pelo homem atualmente. Feynman desenvolveu uma das primeiras [[teoria quântica de campos|teorias quânticas de campo]]<ref name="quantic2">{{Citar jornal|url=http://www.ihu.unisinos.br/uploads/publicacoes/edicoes/1163185909.81pdf.pdf|autor=Dionísio, Paulo Henrique|data=2004|título=física quântica: de sua pré-história à discussão sobre o seu conteúdo essencial|jornal=Cadernos IHU Idéias|volume=22|issn=16790316}}</ref> e com a idealização e descoberta dos [[quark]]s, a [[cromodinâmica quântica]] foi elaborada.<ref name="cromo">{{citar web|url=http://tatooine.fortunecity.com/stephenson/51/fisica/qcd.html|título=Cromodinâmica quântica|acessodata=25-12-2010}}</ref> A eletrodinâmica e a cromodinâmica quântica são as bases de um conjunto de teorias quânticas de campo chamada de [[modelo padrão]], que descreve três das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]] da Natureza.<ref name="crelqu">{{citar web|url=http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/cromodinamica-eletrodinamica-quantica.htm|título=Cromodinâmica e Eletrodinâmica quântica|publicado=Mundo Educação|acessodata=25-12-2010}}</ref>


Entretanto, o Modelo Padrão não é capaz de descrever a [[gravidade|gravitação]], alvo de estudos desde o início da ciência moderna, quando Galileu realizou o experimento da [[queda livre]]. A gravitação ainda não tem um suporte teórico-experimental enraizado pela física moderna sobre a sua verdadeira causa.<ref name="modelopadrao">{{citar web|url=http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/14_particulas_fundamentais/texto1.html|título=Modelo Padrão|publicado=Universidade Federal de Santa Catarina|acessodata=25/12/2010}}</ref> A [[relatividade geral]] de Einstein entra em conflito com a mecânica quântica e constitui um dos maiores desafios para os Físicos Teóricos e Experimentais atualmente.<ref name="graquantic">{{citar web|url=http://www.fma.if.usp.br/~rivelles/Seminars/folha.html|título=Gravitação quântica|publicado=Universidade de São Paulo|acessodata=25/12/2010}}</ref>
Entretanto, o Modelo Padrão não é capaz de descrever a [[gravidade|gravitação]], alvo de estudos desde o início da ciência moderna, quando Galileu realizou o experimento da [[queda livre]]. A gravitação ainda não tem um suporte teórico-experimental enraizado pela física moderna sobre a sua verdadeira causa.<ref name="modelopadrao">{{citar web|url=http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/14_particulas_fundamentais/texto1.html|título=Modelo Padrão|publicado=Universidade Federal de Santa Catarina|acessodata=25-12-2010}}</ref> A [[relatividade geral]] de Einstein entra em conflito com a mecânica quântica e constitui um dos maiores desafios para os Físicos Teóricos e Experimentais atualmente.<ref name="graquantic">{{citar web|url=http://www.fma.if.usp.br/~rivelles/Seminars/folha.html|título=Gravitação quântica|publicado=Universidade de São Paulo|acessodata=25-12-2010}}</ref>


==Escopo e objetivos==
==Escopo e objetivos==
[[Imagem:Bouncing ball strobe edit.jpg|thumb|Fotografia estroboscópica de uma bola de basquete. A [[energia mecânica]] da bola ora está sob a forma de [[energia potencial gravitacional]], [[energia cinética]] ou [[energia potencial elástica]]. A cada quique da bola parte da energia é dissipada na forma de [[energia térmica]] e [[energia sonora]]]]
[[Imagem:Bouncing ball strobe edit.jpg|thumb|Fotografia estroboscópica de uma bola de basquete. A [[energia mecânica]] da bola ora está sob a forma de [[energia potencial gravitacional]], [[energia cinética]] ou [[energia potencial elástica]]. A cada quique da bola parte da energia é dissipada na forma de [[energia térmica]] e [[energia sonora]].]]
A física estuda a [[natureza]] e seus [[fenômeno natural|fenômenos]] em seus aspectos mais essenciais e gerais.<ref name="SBF">{{Ref-livro|sobrenome=[[Sociedade Brasileira de Física]] (SBF)|título=física para o Brasil: Pensando o Futuro|publicação=2004|páginas=18-24|capítulo=1.2|id= 9788588325913}}</ref> Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências, mas não a sua totalidade, pois a física não é um objeto pronto e acabado, mas sim uma [[ciência]] que busca obter respostas para os inúmeros [[problemas em aberto da física|problemas]] em aberto.<ref name="Mmoreira">{{Citar jornal|url=http://www.if.ufrgs.br/public/tapf/v20n6_moreira.pdf|título=Breve introdução à física e ao eletromagnetismo|autor=Moreira, Marco Antônio|obra=Universidade Federal do Rio Grande do sul|data=2009|acessodata=2/7/11|departamento = Textos de apoio ao professor de física|issn=1807-2763|volume=20|numero=6|formato=PDF}}</ref> Tem como pilares fundamentais o estudo da [[matéria]], [[energia]], [[espaço físico|espaço]] e [[tempo]], e deriva destes entes fundamentais e de suas propriedades e relações todo o vasto escopo da física.<ref name="PCN+">{{Citar web|url=http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf|título=Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+)|autor=Brasil|data=2002|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref>
A física estuda a [[natureza]] e seus [[fenômeno natural|fenômenos]] em seus aspectos mais essenciais e gerais.<ref name="SBF">{{citar livro|sobrenome=[[Sociedade Brasileira de Física]] (SBF)|título=física para o Brasil: Pensando o Futuro|publicação=2004|páginas=18-24|capítulo=1.2|id= 9788588325913}}</ref> Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências, mas não a sua totalidade, pois a física não é um objeto pronto e acabado, mas sim uma [[ciência]] que busca obter respostas para os inúmeros [[problemas em aberto da física|problemas]] em aberto.<ref name="Mmoreira">{{Citar jornal|url=http://www.if.ufrgs.br/public/tapf/v20n6_moreira.pdf|título=Breve introdução à física e ao eletromagnetismo|autor=Moreira, Marco Antônio|obra=Universidade Federal do Rio Grande do sul|data=2009|acessodata=2/7/11|departamento = Textos de apoio ao professor de física|issn=1807-2763|volume=20|numero=6}}</ref> Tem como pilares fundamentais o estudo da [[matéria]], [[energia]], [[espaço físico|espaço]] e [[tempo]], e deriva destes entes fundamentais e de suas propriedades e relações todo o vasto escopo da física.<ref name="PCN+">{{Citar web|url=http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf|título=Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+)|autor=Brasil|data=2002|acessodata=2/7/11}}</ref>


Nesta busca por respostas e generalizações, a física tem o apoio do [[método científico]], um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido, que deve ser validado, corroborado e verificável experimentalmente.<ref name="mtdcien">{{Citar web|url=http://omnis.if.ufrj.br/~marta/introd-fis/unidade1-03-sobreometodocientifico.pdf|título=O que é método científico?|autor=Barroso, Marta Feijó|obra=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref> Nesse processo há também o apoio da [[lógica]], que permeia o conhecimento produzido e em produção como um conjunto de regras de raciocínio comum a todos e permite que o conhecimento esteja disponível a todos que queiram compreendê-lo e utilizá-lo, validando-o desta forma. O uso da lógica implica o uso de sua linguagem e escrita, a [[matemática]]. As regularidades encontradas no conhecimento e fundamentadas pela lógica devem ser expressadas matematicamente, pois os argumentos que as sustentam devem ser corroborados por outros que também utilizam a mesma lógica para a compreensão do conhecimento.<ref name="popperccef">{{Citar livro |url=http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/download/7713/14577|título=A filosofia de Karl Popper e suas implicações no ensino da ciência|autor=Silveira, Fernando Lang da|obra=Universidade Federal de Santa Catarina|data=1989|acessodata=2/7/11|formato=PDF|departamento=Caderno Catarinense de Ensino de física|volume=6|numero=2|páginas=148-162}}</ref>
Nesta busca por respostas e generalizações, a física tem o apoio do [[método científico]], um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido, que deve ser validado, corroborado e verificável experimentalmente.<ref name="mtdcien">{{Citar web|url=http://omnis.if.ufrj.br/~marta/introd-fis/unidade1-03-sobreometodocientifico.pdf|título=O que é método científico?|autor=Barroso, Marta Feijó|obra=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=2/7/11}}</ref> Nesse processo há também o apoio da [[lógica]], que permeia o conhecimento produzido e em produção como um conjunto de regras de raciocínio comum a todos e permite que o conhecimento esteja disponível a todos que queiram compreendê-lo e utilizá-lo, validando-o desta forma. O uso da lógica implica o uso de sua linguagem e escrita, a [[matemática]]. As regularidades encontradas no conhecimento e fundamentadas pela lógica devem ser expressadas matematicamente, pois os argumentos que as sustentam devem ser corroborados por outros que também utilizam a mesma lógica para a compreensão do conhecimento.<ref name="popperccef">{{Citar livro |url=http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/download/7713/14577|título=A filosofia de Karl Popper e suas implicações no ensino da ciência|autor=Silveira, Fernando Lang da|obra=Universidade Federal de Santa Catarina|data=1989|acessodata=2/7/11|departamento=Caderno Catarinense de Ensino de física|volume=6|numero=2|páginas=148-162}}</ref>


O escopo da física não se restringe às dimensões, pois tudo o que está contido no [[Universo]] é seu objeto de estudo, desde as [[partícula elementar|partículas elementares]] que constroem a matéria até as [[estrela]]s, [[galáxia]]s e o próprio Universo como um todo.<ref name="SBF" /> Porém, está ciência não é exclusiva na abordagem dos fenômenos naturais, pois suas especificidades e complexidades requerem uma maior atenção de estudo. Os fenômenos mais restritos são geralmente estudados por outras [[ciências naturais]], como a [[química]] e a [[biologia]]. A física, porém, é conhecida como a ciência fundamental por buscar a essência primordial da [[natureza]] e muitas vezes torna-se sinônimo da própria ciência natural.<ref name="Hewitt">{{Ref-livro|autor=[[Paul G. Hewitt|Hewitt, Paul G.]]|título=física Conceitual|edição=9ª edição|publicação=2002|páginas=39|id=853630040X}}</ref>
O escopo da física não se restringe às dimensões, pois tudo o que está contido no [[Universo]] é seu objeto de estudo, desde as [[partícula elementar|partículas elementares]] que constroem a matéria até as [[estrela]]s, [[galáxia]]s e o próprio Universo como um todo.<ref name="SBF" /> Porém, está ciência não é exclusiva na abordagem dos fenômenos naturais, pois suas especificidades e complexidades requerem uma maior atenção de estudo. Os fenômenos mais restritos são geralmente estudados por outras [[ciências naturais]], como a [[química]] e a [[biologia]]. A física, porém, é conhecida como a ciência fundamental por buscar a essência primordial da [[natureza]] e muitas vezes torna-se sinônimo da própria ciência natural.<ref name="Hewitt">{{citar livro|autor=[[Paul G. Hewitt|Hewitt, Paul G.]]|título=física Conceitual|edição=9ª |publicação=2002|páginas=39|id=853630040X}}</ref>


[[Imagem:NewtonsPrincipia.jpg|thumb|left|''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', considerado a obra científica mais influentes de toda a história]]
[[Imagem:NewtonsPrincipia.jpg|thumb|left|''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', considerado a obra científica mais influentes de toda a história.]]
Constrói [[modelo científico|modelos científicos]] que descrevem o funcionamento da natureza e permitem compreender e prever com a precisão requerida os comportamentos e fenômenos naturais. Porém, tais modelos não conseguem descrever e explicar a natureza em toda sua complexidade, fato inerente aos limites do conhecimento humano.<ref name="SBF" /> Por ser uma ciência com um escopo tão amplo, costuma-se dividi-la em áreas mais restritas. Tais divisões são históricas e muitas vezes uma área desenvolve-se historicamente de forma independente, como a [[astronomia]].<ref name="Fisnet"/><ref name="astron">{{Citar web|url=http://www.fis.unb.br/plasmas/aula2.pdf|título=Antiguidade pré-clássicaHistória da astronomia|obra=Universidade de Brasília|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref> Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da [[mecânica clássica]], pois desde o advento do [[Renascimento]] havia a necessidade de se entender os fenômenos físicos relacionados aos [[movimento]]s e [[força]]s, e os conhecimentos da época, sobretudo [[Aristóteles|aristotélicos]], já não eram mais suficientes. Este panorama começou a ser superado com os estudos de [[Galileu Galilei]] e finalizado com a publicação científica mais influente de todas as épocas, o ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', de [[Isaac Newton]].<ref name="newt">{{Citar web|url=http://efisica.if.usp.br/mecanica/curioso/historia/|título=História da mecânica|obra=Universidade de São Paulo|acessodata=2/7/11}}</ref> A [[termodinâmica]] teve sua origem na invenção das [[máquina térmica|máquinas térmicas]]<ref name="newcomen"/> e sua consolidação veio com a formulação de [[termodinâmica#Princípios da termodinâmica|seus princípios]] e a generalização do conceito de [[energia]].<ref>{{Citar web|url=http://sme.dcm.fct.unl.pt/u/carmo/fii/hist.pdf|título=História da termodinâmica|obra=Universidade de Lisboa|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref> A ligação da [[eletricidade]] com o [[magnetismo]] foi percebida apenas no início do século XIX por [[Hans Christian Ørsted]].<ref name="eletr" /> As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por [[James Clerk Maxwell]],<ref name="maxwell" /> e a partir de então estas duas áreas, juntamente com a [[óptica]], passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o [[eletromagnetismo]].<ref name="maxwell" /> O início do século XX marca a fronteira entre a física clássica e a [[física moderna]], com as profundas alterações do entendimento científico da época.<ref name="cesar">{{Citar web|url=http://www.mhrpsicologos.com.br/pgartigos5.html|título=Os paradigmas na obra de Jung|autor=Lisboa, Maria Helena Alcântara; Cesar, Mauro Gonçalves|obra|data=5/07|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref> A incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física.<ref name="cesar"/> [[Albert Einstein]] publicou a teoria da [[relatividade geral]] em 1915 afirmando a constância da [[velocidade da luz]] e suas consequências até então imagináveis. [[Max Planck]], ao estudar a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], foi forçado a concluir que a [[energia]] está dividida em "pacotes", conhecidos como [[Quantum (física)|quanta]]. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da [[mecânica quântica]], a física que descreve e explica fenômenos de dimensões subatômicas.<ref name="annalen"/> Mesmo estes campos de atuação são muito amplos e são, por sua vez, subdividios em áreas mais restritas.<ref name="Fisnet">{{citar web|url=http://www.fisica.net/historia/o_que_e_a_fisica.php|título=História e Epistemologia da física: O que é a física?|obra=física.net|acessodata=18/12/2010}}</ref><ref name="Moacyr">{{Ref-livro|sobrenome=Ferreira|nome=Moacyr Costa|título=A física: Seu estudo e desenvolvimento|editor=Edicon|publicação=1997|id=9780000279101}}</ref>
Constrói [[modelo científico|modelos científicos]] que descrevem o funcionamento da natureza e permitem compreender e prever com a precisão requerida os comportamentos e fenômenos naturais. Porém, tais modelos não conseguem descrever e explicar a natureza em toda sua complexidade, fato inerente aos limites do conhecimento humano.<ref name="SBF" /> Por ser uma ciência com um escopo tão amplo, costuma-se dividi-la em áreas mais restritas. Tais divisões são históricas e muitas vezes uma área desenvolve-se historicamente de forma independente, como a [[astronomia]].<ref name="Fisnet"/><ref name="astron">{{Citar web|url=http://www.fis.unb.br/plasmas/aula2.pdf|título=Antiguidade pré-clássicaHistória da astronomia|obra=Universidade de Brasília|acessodata=2/7/11}}</ref> Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da [[mecânica clássica]], pois desde o advento do [[Renascimento]] havia a necessidade de se entender os fenômenos físicos relacionados aos [[movimento]]s e [[força]]s, e os conhecimentos da época, sobretudo [[Aristóteles|aristotélicos]], já não eram mais suficientes. Este panorama começou a ser superado com os estudos de [[Galileu Galilei]] e finalizado com a publicação científica mais influente de todas as épocas, o ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', de [[Isaac Newton]].<ref name="newt">{{Citar web|url=http://efisica.if.usp.br/mecanica/curioso/historia/|título=História da mecânica|obra=Universidade de São Paulo|acessodata=2/7/11}}</ref> A [[termodinâmica]] teve sua origem na invenção das [[máquina térmica|máquinas térmicas]]<ref name="newcomen"/> e sua consolidação veio com a formulação de [[termodinâmica#Princípios da termodinâmica|seus princípios]] e a generalização do conceito de [[energia]].<ref>{{Citar web|url=http://sme.dcm.fct.unl.pt/u/carmo/fii/hist.pdf|título=História da termodinâmica|obra=Universidade de Lisboa|acessodata=2/7/11}}</ref> A ligação da [[eletricidade]] com o [[magnetismo]] foi percebida apenas no início do século XIX por [[Hans Christian Ørsted]].<ref name="eletr" /> As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por [[James Clerk Maxwell]],<ref name="maxwell" /> e a partir de então estas duas áreas, juntamente com a [[óptica]], passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o [[eletromagnetismo]].<ref name="maxwell" /> O início do século XX marca a fronteira entre a física clássica e a [[física moderna]], com as profundas alterações do entendimento científico da época.<ref name="cesar">{{Citar web|url=http://www.mhrpsicologos.com.br/pgartigos5.html|título=Os paradigmas na obra de Jung|autor=Lisboa, Maria Helena Alcântara; Cesar, Mauro Gonçalves|data=junho 2007|acessodata=2/7/11}}</ref> A incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física.<ref name="cesar"/> [[Albert Einstein]] publicou a teoria da [[relatividade geral]] em 1915 afirmando a constância da [[velocidade da luz]] e suas consequências até então imagináveis. [[Max Planck]], ao estudar a [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], foi forçado a concluir que a [[energia]] está dividida em "pacotes", conhecidos como [[Quantum (física)|quanta]]. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da [[mecânica quântica]], a física que descreve e explica fenômenos de dimensões subatômicas.<ref name="annalen"/> Mesmo estes campos de atuação são muito amplos e são, por sua vez, subdividios em áreas mais restritas.<ref name="Fisnet">{{citar web|url=http://www.fisica.net/historia/o_que_e_a_fisica.php|título=História e Epistemologia da física: O que é a física?|obra=física.net|acessodata=18-12-2010}}</ref><ref name="Moacyr">{{citar livro|sobrenome=Ferreira|nome=Moacyr Costa|título=A física: Seu estudo e desenvolvimento|editor=Edicon|publicação=1997|id=9780000279101}}</ref>


[[Imagem:Carbonfilament.jpg|thumb|Lâmpada de filamento de carbono, aquecido pela passagem de corrente elétrica ([[efeito Joule]])]]
[[Imagem:Carbonfilament.jpg|thumb|Lâmpada de filamento de carbono, aquecido pela passagem de corrente elétrica ([[efeito Joule]]).]]
Os fenômenos naturais apresentam quase sempre naturezas mais complexas e implicam, portanto, em investigações mais específicas. Surge, então, a necessidade de outras [[ciências naturais]]. Tais ciências têm necessariamente a física como ponto de partida, mas o estudo completo das complexidades físicas envolvidas nestes fenômenos torna-se inviável se estas forem abordadas apenas pela física.<ref name="Hewitt2">{{Ref-livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|edição=9ª edição|publicação=2002|páginas=16|id=853630040X}}</ref> Por exemplo, a [[química]] se dedica ao estudo da [[matéria]] e suas mudanças,<ref>{{Citar web|url=http://www.colegioweb.com.br/quimica/o-que-e-quimica.html|título=O que é química|obra=ColegioWeb|acessodata=2/7/11}}</ref> enquanto a [[biologia]] estuda os [[organismo|seres vivos]].<ref>{{Citar web|url=http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/jaquelinesilva/biologia001.asp|título=Introdução à biologia|autor=Silva, Jaquelina Cox da|data=15/03/2006|acessodata=2/7/11}}</ref> Para que o estudo de áreas mais específicas fossem aprofundadas, várias ciências mais especializadas se separaram da física com o decorrer dos séculos, para formar campos de estudos autônomos com conhecimentos e metodologias próprios.<ref name="Santos">{{citar web|url=http://xa.yimg.com/kq/groups/25612829/584852279/name/Boaventura%2B-%2Bum%2Bdiscurso%2Bsobre%2Ba%2Bci%25C3%25AAncia.pdf|título=Um discurso sobre as ciências|ultimo=Santos|primeiro=Boaventura de Souza|data=1987|formato=PDF|acessodata=19/12/2010}}</ref> Embora a física esteja particularmente preocupada com os aspectos da natureza que possam ser entendidos fundamentalmente na forma de [[lei (ciência)|leis]] ou princípios elementares,<ref name="SBF" /> o advento destas novas ciências não removeu da física o seu objetivo original: entender e explicar a estrutura da natureza e seus fenômenos mesmo em escala de maior complexidade.<ref name="SBF" /> A [[teoria]] da [[termodinâmica]] e o consequente desenvolvimento da [[física estatística]] é um notório exemplo disto, e conceitos como o de [[temperatura]] são indissociáveis ao estudo de qualquer sistema natural, seja complexo ou não.
Os fenômenos naturais apresentam quase sempre naturezas mais complexas e implicam, portanto, em investigações mais específicas. Surge, então, a necessidade de outras [[ciências naturais]]. Tais ciências têm necessariamente a física como ponto de partida, mas o estudo completo das complexidades físicas envolvidas nestes fenômenos torna-se inviável se estas forem abordadas apenas pela física.<ref name="Hewitt2">{{citar livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|edição=9ª |publicação=2002|páginas=16|id=853630040X}}</ref> Por exemplo, a [[química]] se dedica ao estudo da [[matéria]] e suas mudanças,<ref>{{Citar web|url=http://www.colegioweb.com.br/quimica/o-que-e-quimica.html|título=O que é química|obra=ColegioWeb|acessodata=2/7/11}}</ref> enquanto a [[biologia]] estuda os [[organismo|seres vivos]].<ref>{{Citar web|url=http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/jaquelinesilva/biologia001.asp|título=Introdução à biologia|autor=Silva, Jaquelina Cox da|data=15-03-2006|acessodata=2/7/11}}</ref> Para que o estudo de áreas mais específicas fossem aprofundadas, várias ciências mais especializadas se separaram da física com o decorrer dos séculos, para formar campos de estudos autônomos com conhecimentos e metodologias próprios.<ref name="Santos">{{citar web|url=http://xa.yimg.com/kq/groups/25612829/584852279/name/Boaventura%2B-%2Bum%2Bdiscurso%2Bsobre%2Ba%2Bci%25C3%25AAncia.pdf|título=Um discurso sobre as ciências|ultimo=Santos|primeiro=Boaventura de Souza|data=1987|acessodata=19-12-2010}}</ref> Embora a física esteja particularmente preocupada com os aspectos da natureza que possam ser entendidos fundamentalmente na forma de [[lei (ciência)|leis]] ou princípios elementares,<ref name="SBF" /> o advento destas novas ciências não removeu da física o seu objetivo original: entender e explicar a estrutura da natureza e seus fenômenos mesmo em escala de maior complexidade.<ref name="SBF" /> A [[teoria]] da [[termodinâmica]] e o consequente desenvolvimento da [[física estatística]] é um notório exemplo disto, e conceitos como o de [[temperatura]] são indissociáveis ao estudo de qualquer sistema natural, seja complexo ou não.


Um dos principais escopos da física é o estudo das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]].<ref name="ff">{{Ref-livro|sobrenome=Pessoa Jr.|nome=Osvaldo|título=Fundamentos da física 1 - Simpósio David Bohm|publicação=2000|páginas=27|id=1271}}</ref> Dentro do cotidiano, apenas duas das quatro forças fundamentais são influentes: o [[eletromagnetismo]], que rege praticamente todas as [[força]]s que conhecemos e seus respectivos [[trabalho]]s, e a [[gravidade]], que age como uma simples [[força conservativa]] na superfície terrestre, sendo vertical e apontada para baixo. As forças nucleares [[força forte|forte]] e [[força fraca|fraca]] praticamente não estão presentes em nosso cotidiano, embora sejam fundamentais para a constituição do próprio Universo.<ref name="SBF" /><ref name="mecanl">{{Ref-livro|sobrenome=Lemos|nome=Nivaldo A.|título=mecânica Analítica|publicação=2007|páginas=5|id=8588325241}}</ref> O estudo das quatro forças fundamentais constitui a maior aproximação fundamental para o entendimento da Natureza e de seus fenômenos que a ciência oferece.<ref name="SBF" />
Um dos principais escopos da física é o estudo das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]].<ref name="ff">{{citar livro|sobrenome=Pessoa Jr.|nome=Osvaldo|título=Fundamentos da física 1 - Simpósio David Bohm|publicação=2000|páginas=27|id=1271}}</ref> Dentro do cotidiano, apenas duas das quatro forças fundamentais são influentes: o [[eletromagnetismo]], que rege praticamente todas as [[força]]s que conhecemos e seus respectivos trabalhos, e a [[gravidade]], que age como uma simples [[força conservativa]] na superfície terrestre, sendo vertical e apontada para baixo. As forças nucleares [[força forte|forte]] e [[força fraca|fraca]] praticamente não estão presentes em nosso cotidiano, embora sejam fundamentais para a constituição do próprio Universo.<ref name="SBF" /><ref name="mecanl">{{citar livro|sobrenome=Lemos|nome=Nivaldo A.|título=mecânica Analítica|publicação=2007|páginas=5|id=8588325241}}</ref> O estudo das quatro forças fundamentais constitui a maior aproximação fundamental para o entendimento da Natureza e de seus fenômenos que a ciência oferece.<ref name="SBF" />


[[Imagem:Laser play.jpg|thumb|left|Feixes de [[laser]]]]
[[Imagem:Laser play.jpg|thumb|left|Feixes de [[laser]].]]
As divisões clássicas da física foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum. Estas divisões ainda são atuais e tendem a ser usadas cotidianamente.<ref name="Fisnet"/> O ensino de física a nível secundário geralmente inicia-se com o estudo da [[mecânica clássica]], seguindo para [[termodinâmica]] e para o [[eletromagnetismo]], embora áreas como a [[cosmologia]], a [[óptica]] e a [[física moderna]] também sejam tratadas.<ref name="PCN+"/> Por outro lado, as divisões ou ramos da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.<ref name="evfis">{{Ref-livro|sobrenome=Pires|nome=Antônio S. T.|título=Evolução das Idéias da física|edição=1ª edição|publicação=2008|id= 9788588325968}}</ref> Costuma-se também dividir a física em aplicada e pura. Enquanto a [[física pura]] busca produzir conhecimentos sobre os princípios mais fundamentais da natureza sem a intenção de produzir conhecimentos práticos imediatos,<ref name="dantas">{{Citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/rbof/v67n4/01.pdf|título=A ciência|autor=Dantas, Adalmir Morterá|obra=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=2/7/11|formato=PDF}}</ref> a [[física aplicada]] busca dar resposta a problemas práticos.<ref name="dantas"/> As [[engenharia]]s se aproximam da física aplicada quando buscam resolver problemas de ordem prática, como na [[aeronáutica]], [[computação]], [[automação]], [[mineralogia]], [[eletrônica]], [[fotônica]], [[acústica]], [[biofísica]], [[topografia]], [[ciências da Terra|geociência]]s, [[resistência dos materiais]], [[telecomunicação|telecomunicações]], [[hidráulica]], [[metalurgia]], entre outras. Entretanto, as fronteiras entre física pura e aplicada podem não ser claras.<ref name="dantas"/> Enquanto a biofísica se preocupa em produzir conhecimentos de como o [[olho humano]] reconhece e codifica a [[espectro visível|luz visível]], tentando produzir sensores que possam substituir a [[retina]] para aqueles que não são mais ou nunca foram capazes de enxergar, produz conhecimentos sobre os comportamentos físicos e biológicos de [[nanopartícula]]s sem ainda ter, entretanto, alguma utilidade prática.
As divisões clássicas da física foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum. Estas divisões ainda são atuais e tendem a ser usadas cotidianamente.<ref name="Fisnet"/> O ensino de física a nível secundário geralmente inicia-se com o estudo da [[mecânica clássica]], seguindo para [[termodinâmica]] e para o [[eletromagnetismo]], embora áreas como a [[cosmologia]], a [[óptica]] e a [[física moderna]] também sejam tratadas.<ref name="PCN+"/> Por outro lado, as divisões ou ramos da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.<ref name="evfis">{{citar livro|sobrenome=Pires|nome=Antônio S. T.|título=Evolução das Idéias da física|edição=1ª |publicação=2008|id= 9788588325968}}</ref> Costuma-se também dividir a física em aplicada e pura. Enquanto a [[física pura]] busca produzir conhecimentos sobre os princípios mais fundamentais da natureza sem a intenção de produzir conhecimentos práticos imediatos,<ref name="dantas">{{Citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/rbof/v67n4/01.pdf|título=A ciência|autor=Dantas, Adalmir Morterá|obra=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=2/7/11}}</ref> a [[física aplicada]] busca dar resposta a problemas práticos.<ref name="dantas"/> As [[engenharia]]s se aproximam da física aplicada quando buscam resolver problemas de ordem prática, como na [[aeronáutica]], [[computação]], [[automação]], [[mineralogia]], [[eletrônica]], [[fotônica]], [[acústica]], [[biofísica]], [[topografia]], [[ciências da Terra|geociência]]s, [[resistência dos materiais]], [[telecomunicação|telecomunicações]], [[hidráulica]], [[metalurgia]], entre outras. Entretanto, as fronteiras entre física pura e aplicada podem não ser claras.<ref name="dantas"/> Enquanto a biofísica se preocupa em produzir conhecimentos de como o [[olho humano]] reconhece e codifica a [[espectro visível|luz visível]], tentando produzir sensores que possam substituir a [[retina]] para aqueles que não são mais ou nunca foram capazes de enxergar, produz conhecimentos sobre os comportamentos físicos e biológicos de [[nanopartícula]]s sem ainda ter, entretanto, alguma utilidade prática.


A física se preocupa com o estudo da [[matéria]], [[energia]], [[espaço físico|espaço]] e [[tempo]], buscando sempre uma maior precisão e uma maior profundidade no entendimento dos elementos e princípios fundamentais. Também tem, contudo, o objetivo de construir uma [[teoria de tudo|teoria unificada]] expressada em linguagem matemática precisa e corroborada [[Experiência científica|experimentalmente]] de forma universal, que apresente uma estrutura e um comportamento que permitam que seus [[modelo científico|modelos científicos]] sejam capazes de descrever e prever os fenômenos naturais na maneira mais compreensiva e detalhada possível, sejam estes quais forem.<ref name="SBF" /><ref name="dantas1">{{Citar web|url=http://www.fma.if.usp.br/~rivelles/Seminars/supercordas/ciencia55.htm|título=Em busca de uma teoria final|obra=Universidade de São Paulo|acessodata=2/7/11}}</ref> Em sintonia com este objetivo, a física está caracterizada por uma instrumentação e medições altamente precisas.<ref name="rbef">{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172002000200003|título=Modelagem no Ensino/Aprendizagem de física e os Novos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio|ultimo=Veit, E.A.; Teodoro, V. D.|data=3/1/2002|obra=Revista Brasileira de Ensino de física|publicado=Scielo|acessodata=19/12/2010}}</ref> Outras ciências naturais estão preocupadas em descrever e relatar os fenômenos em seus conceitos peculiares restritos às suas próprias disciplinas, mas a física sempre busca entender o mesmo fenômeno como uma manifestação especial de uma estrutura uniforme e superior da natureza como um todo.<ref name="SBF" />
A física se preocupa com o estudo da [[matéria]], [[energia]], [[espaço físico|espaço]] e [[tempo]], buscando sempre uma maior precisão e uma maior profundidade no entendimento dos elementos e princípios fundamentais. Também tem, contudo, o objetivo de construir uma [[teoria de tudo|teoria unificada]] expressada em linguagem matemática precisa e corroborada [[Experiência científica|experimentalmente]] de forma universal, que apresente uma estrutura e um comportamento que permitam que seus [[modelo científico|modelos científicos]] sejam capazes de descrever e prever os fenômenos naturais na maneira mais compreensiva e detalhada possível, sejam estes quais forem.<ref name="SBF" /><ref name="dantas1">{{Citar web|url=http://www.fma.if.usp.br/~rivelles/Seminars/supercordas/ciencia55.htm|título=Em busca de uma teoria final|obra=Universidade de São Paulo|acessodata=2/7/11|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090504154643/http://fma.if.usp.br/~rivelles/Seminars/supercordas/ciencia55.htm|arquivodata=2009-05-04|urlmorta=yes}}</ref> Em sintonia com este objetivo, a física está caracterizada por uma instrumentação e medições altamente precisas.<ref name="rbef">{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172002000200003|título=Modelagem no Ensino/Aprendizagem de física e os Novos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio|ultimo=Veit, E.A.; Teodoro, V. D.|data=3-1-2002|obra=Revista Brasileira de Ensino de física|publicado=Scielo|acessodata=19-12-2010}}</ref> Outras ciências naturais estão preocupadas em descrever e relatar os fenômenos em seus conceitos peculiares restritos às suas próprias disciplinas, mas a física sempre busca entender o mesmo fenômeno como uma manifestação especial de uma estrutura uniforme e superior da natureza como um todo.<ref name="SBF" />


== Divisões ==
== Divisões ==
[[Imagem:Plastic Protractor Polarized 05375.jpg|thumb|Um [[transferidor]] de plástico observado por uma lente que [[polarização|polariza]] a luz. Através da luz polarizada pode-se perceber as regiões de tensão do plástico, marcadas em roxo, azul e verde. Nestas regiões o plástico está mais propenso a quebrar. O estudo da luz, que é uma [[radiação eletromagnética]], é abordado pela [[óptica]]]]
[[Imagem:Plastic Protractor Polarized 05375.jpg|thumb|Um [[transferidor]] de plástico observado por uma lente que [[Polarização eletromagnética|polariza]] a luz. Através da luz polarizada pode-se perceber as regiões de tensão do plástico, marcadas em roxo, azul e verde. Nestas regiões o plástico está mais propenso a quebrar. O estudo da luz, que é uma [[radiação eletromagnética]], é abordado pela [[óptica]].]]
O escopo muito amplo da física é abordado por vários campos de estudo que podem se diferir muito entre si. Tais divisões têm fundamentações históricas, e muitas áreas surgiram de forma independente.<ref name="Fisnet"/> O próprio início da física clássica, durante a [[revolução científica]] está grandemente associada ao início da [[mecânica clássica]].<ref name="Galil2">{{Citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/tex/edu02220/sem012/po5/texto535.html|título=Galileu Galilei e o nascimento da ciência moderna|autor=Lima, Sandro|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=11/07/2011}}</ref>
O escopo muito amplo da física é abordado por vários campos de estudo que podem se diferir muito entre si. Tais divisões têm fundamentações históricas, e muitas áreas surgiram de forma independente.<ref name="Fisnet"/> O próprio início da física clássica, durante a [[revolução científica]] está grandemente associada ao início da [[mecânica clássica]].<ref name="Galil2">{{Citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/tex/edu02220/sem012/po5/texto535.html|título=Galileu Galilei e o nascimento da ciência moderna|autor=Lima, Sandro|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=11-07-2011}}</ref>


Existem várias formas de dividir esta ciência tão ampla. Considera-se o início da física clássica e independente os estudos de [[Galileu Galilei]].<ref name="Galil2"/> O [[paradigma cartesiano|paradigma de René Descartes]], uma visão mecanicista da [[ciência]] onde o mundo natural é uma maquina sem espiritualidade e, portanto, deve ser dominada pela inteligência humana e ser posta a seu serviço, permeou a produção e desenvolvimento científicos até o início do século XX,<ref>{{Citar web|url=http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ECID-7NRQJ2/1/tese_mara_eliane_f_rodrigues.pdf|título=O paradigma emergente e a abordagem do ensino com pesquisa: uma proposta de resignificação para o ensino de biblioteconomia e ciência da Informação no Brasil|autor=Rodrigues, Maria Eliane Fonseca|obra=Universidade Federal de Minas Gerais|data=2008|acessodata=10/07/2011|formato=PDF}}</ref> quando o entendimento científico foi modificado profundamente pelo advento dos fundamentos da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]], em um mundo onde o [[tempo]] pode se dilatar e as partículas elementares não são mais pontuais e locais e comportam ora como [[onda]], ora como [[partícula subatômica|partícula]].<ref name="relat">{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/teorias-da-relatividade.htm|título=Teoria da relatividade|autor=Silva, Marco Aurélio da|obra=Brasil Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref><ref name="quantik">{{Citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/mecanica_quantica_uma_nova_imagem_do_mundo.pdf|título=mecânica quântica: uma nova visão de mundo|autor=Piza, A. F. R. de Toledo|obra=[[ciência Hoje]]|editora=Fisica.net|acessodata=10/07/2011|formato=PDF}}</ref> Esta época delimita a fronteira entre a física clássica e a [[física moderna]].<ref>{{Citar web|url=http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/dfafm.htm|título=Da física antiga à física moderna|autor=Mesquita Filho, Alberto|obra=Espaço Científico Cultural|data=1984|acessodata=10/07/2011}}</ref>
Existem várias formas de dividir esta ciência tão ampla. Considera-se o início da física clássica e independente os estudos de [[Galileu Galilei]].<ref name="Galil2"/> O paradigma de René Descartes, uma visão mecanicista da [[ciência]] onde o mundo natural é uma máquina sem espiritualidade e, portanto, deve ser dominada pela inteligência humana e ser posta a seu serviço, permeou a produção e desenvolvimento científicos até o início do século XX,<ref>{{Citar web|url=http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ECID-7NRQJ2/1/tese_mara_eliane_f_rodrigues.pdf|título=O paradigma emergente e a abordagem do ensino com pesquisa: uma proposta de resignificação para o ensino de biblioteconomia e ciência da Informação no Brasil|autor=Rodrigues, Maria Eliane Fonseca|obra=Universidade Federal de Minas Gerais|data=2008|acessodata=10-07-2011}}</ref> quando o entendimento científico foi modificado profundamente pelo advento dos fundamentos da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]], em um mundo onde o [[tempo]] pode se dilatar e as partículas elementares não são mais pontuais e locais e comportam ora como [[onda]], ora como [[partícula subatômica|partícula]].<ref name="relat">{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/teorias-da-relatividade.htm|título=Teoria da relatividade|autor=Silva, Marco Aurélio da|obra=Brasil Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref><ref name="quantik">{{Citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/mecanica_quantica_uma_nova_imagem_do_mundo.pdf|título=mecânica quântica: uma nova visão de mundo|autor=Piza, A. F. R. de Toledo|obra=[[ciência Hoje]]|editora=Fisica.net|acessodata=10-07-2011}}</ref> Esta época delimita a fronteira entre a física clássica e a [[física moderna]].<ref>{{Citar web|url=http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/dfafm.htm|título=Da física antiga à física moderna|autor=Mesquita Filho, Alberto|obra=Espaço Científico Cultural|data=1984|acessodata=10-07-2011}}</ref>


As divisões clássicas da física, antes do início do [[século XX]], foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum.<ref name="Fisnet"/> É a forma de divisão mais tradicional, pois considera-se as propriedades dos fenômenos estudados: os [[movimento]]s e [[força]]s são objeto de estudo da mecânica, a curiosidade acerca do [[calor]] e suas propriedades criou um plano de fundo para o surgimento da [[termodinâmica]]. A [[eletricidade]], o [[magnetismo]] e a [[óptica]] surgiram de forma independente, mas foram integradas durante meados do século XIX ao serem consideradas apenas visões diferentes de um mesmo fenômeno muito mais amplo, o [[eletromagnetismo]].
As divisões clássicas da física, antes do início do [[século XX]], foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum.<ref name="Fisnet"/> É a forma de divisão mais tradicional, pois considera-se as propriedades dos fenômenos estudados: os [[movimento]]s e [[força]]s são objeto de estudo da mecânica, a curiosidade acerca do [[calor]] e suas propriedades criou um plano de fundo para o surgimento da [[termodinâmica]]. A [[eletricidade]], o [[magnetismo]] e a [[óptica]] surgiram de forma independente, mas foram integradas durante meados do século XIX ao serem consideradas apenas visões diferentes de um mesmo fenômeno muito mais amplo, o [[eletromagnetismo]].
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As divisões da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.<ref name="Fisnet"/> As implicações até então imagináveis de afirmações aparentemente simples, como a constância das leis da física para qualquer [[referencial]] e a constância da [[velocidade da luz]], são a base da [[teoria da relatividade|relatividade]]. A [[mecânica quântica]] é a física das dimensões subatômicas.
As divisões da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.<ref name="Fisnet"/> As implicações até então imagináveis de afirmações aparentemente simples, como a constância das leis da física para qualquer [[referencial]] e a constância da [[velocidade da luz]], são a base da [[teoria da relatividade|relatividade]]. A [[mecânica quântica]] é a física das dimensões subatômicas.


Ainda existem numerosas divisões interdisciplinares da física. Tem um papel crucial dentro da [[ciência dos materiais]] ao fornecer subsídios para o estudo de relações, estruturas, performance, formas de caracterização e processamento dos materiais. A [[biofísica]] surge quando a [[biologia]] necessita resolver problemas que pertencem ao escopo da física. Da mesma forma a [[física médica]] surge quando a [[medicina]] necessita da física para resolver problemas, especialmente notáveis em [[radiologia]]. Destacam-se ainda a [[metalurgia]], que necessita da física, especialmente da mecânica, na produção de produtos metálicos; a [[geofísica]], que busca o compreensão da estrutura, composição e dinâmica do planeta [[Terra]] sob a ótica da física; a [[físico-química]], quando a [[química]] necessita de conceitos físicos, como o [[movimento]], [[energia]], [[força]], [[tempo]], [[termodinâmica]], [[mecânica quântica]] e [[física estatística]], para a resolução de problemas; a [[física matemática]], quando a física requer a utilização da metodologia da [[matemática]] para a aplicação de problemas físicos; e a [[meteorologia física]], a área da [[meteorologia]] que investiga os fenômenos atmosféricos do ponto de vista da física, descrevendo-os e explicando-os a partir de teorias e da análise de resultados experimentais.<ref>{{Citar web|url=http://halley.adm-serv.ufmg.br/fisica/fisica/Home/O-CURSO/Areas-da-Fisica|título=Áreas da física|obra=Universidade Federal de Minas Gerais|data=27/10/2010|acessodata=12/07/2011}}</ref>
Ainda existem numerosas divisões interdisciplinares da física. Tem um papel crucial dentro da [[ciência dos materiais]] ao fornecer subsídios para o estudo de relações, estruturas, performance, formas de caracterização e processamento dos materiais. A [[biofísica]] surge quando a [[biologia]] necessita resolver problemas que pertencem ao escopo da física. Da mesma forma a [[física médica]] surge quando a [[medicina]] necessita da física para resolver problemas, especialmente notáveis em [[radiologia]]. Destacam-se ainda a [[metalurgia]], que necessita da física, especialmente da mecânica, na produção de produtos metálicos; a [[geofísica]], que busca o compreensão da estrutura, composição e dinâmica do planeta [[Terra]] sob a ótica da física; a [[físico-química]], quando a [[química]] necessita de conceitos físicos, como o [[movimento]], [[energia]], [[força]], [[tempo]], [[termodinâmica]], [[mecânica quântica]] e [[física estatística]], para a resolução de problemas; a [[física matemática]], quando a física requer a utilização da metodologia da [[matemática]] para a aplicação de problemas físicos; e a [[meteorologia física]], a área da [[meteorologia]] que investiga os fenômenos atmosféricos do ponto de vista da física, descrevendo-os e explicando-os a partir de teorias e da análise de resultados experimentais.<ref>{{Citar web|url=http://halley.adm-serv.ufmg.br/fisica/fisica/Home/O-CURSO/Areas-da-Fisica|título=Áreas da física|obra=Universidade Federal de Minas Gerais|data=27-10-2010|acessodata=12-07-2011}}</ref>


=== Física clássica ===
=== Física clássica ===
====Mecânica clássica====
====Mecânica clássica====
{{AP|Mecânica clássica|Mecânica de Lagrange|Mecânica hamiltoniana}}
{{AP|Mecânica clássica|Mecânica de Lagrange|Mecânica hamiltoniana}}
[[Imagem:Torque animation.gif|thumb|Animação mostrando um objeto em rotação intermitente. As flechas representam os vetores [[força]], [[momento linear]], [[posição]], [[momento angular]] e [[torque]]. A mecânica clássica preocupa-se com a descrição do movimento e suas causas]]
[[Imagem:Torque animation.gif|thumb|Animação mostrando um objeto em rotação intermitente. As flechas representam os vetores [[força]], [[momento linear]], [[posição]], [[momento angular]] e [[torque]]. A mecânica clássica preocupa-se com a descrição do movimento e suas causas.]]
A mecânica clássica descreve o movimento de objetos [[Escala macroscópica|macroscópicos]], desde [[projétil balístico|projéteis]] a partes de [[máquina]]s, além de [[corpo celeste|corpos celestes]], como [[nave espacial|espaçonave]]s, [[planeta]]s, [[estrela]]s e [[galáxia]]s. A mecânica clássica em si também é muito ampla e várias especializações são derivadas dela. Referente aos conceitos abordados, pode ser dividida em [[Cinemática]], que estuda os [[movimento]]s sem se preocupar com suas causas, a [[Estática]], que aborda sistemas sob ação de [[força]]s que se equilibram, e a [[Dinâmica]], que estuda o movimento considerando suas causas, em outras palavras, aborda sistemas sob ação de forças que não se equilibram.<ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-classica/|título=mecânica clássica|autor=Kitor, Glauber Luciano|obra=Info Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref>
A mecânica clássica descreve o movimento de objetos [[Escala macroscópica|macroscópicos]], desde [[projétil balístico|projéteis]] a partes de [[máquina]]s, além de [[corpo celeste|corpos celestes]], como [[nave espacial|espaçonave]]s, [[planeta]]s, [[estrela]]s e [[galáxia]]s. A mecânica clássica em si também é muito ampla e várias especializações são derivadas dela. Referente aos conceitos abordados, pode ser dividida em [[Cinemática]], que estuda os [[movimento]]s sem se preocupar com suas causas, a [[Estática]], que aborda sistemas sob ação de [[força]]s que se equilibram, e a [[Dinâmica]], que estuda o movimento considerando suas causas, em outras palavras, aborda sistemas sob ação de forças que não se equilibram.<ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-classica/|título=mecânica clássica|autor=Kitor, Glauber Luciano|obra=Info Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref>


Surgiu durante a [[revolução científica]], juntamente com a consolidação da física como ciência moderna. [[Galileu Galilei]] pode ser considerado o marco inicial da mecânica clássica,<ref name="Galil2"/> mas sua consolidação definitiva veio com a publicação dos ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', de [[Isaac Newton]], considerada a obra científica mais influente de todos os tempos.<ref name="newt"/> Entretanto, em certos sistemas, a mecânica de Newton passa a ser pouco eficiente para ser usado na resolução de problemas. No final do [[século XVIII]] e durante o [[século XIX]] a mecânica foi reformulada por [[Joseph-Louis Lagrange]] e [[William Rowan Hamilton]], para que abarcasse a resolução analítica de um maior número de problemas com um ferramental matemático mais refinado.<ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-lagrangeana/|título=mecânica Lagrangeana|autor=Lima, Julio Cesar Lima|obra=Info Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-hamiltoniana/|título=mecânica Hamiltoniana|autor=Lira, Julio Cesar Lima|obra=Info Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref>
Surgiu durante a [[revolução científica]], juntamente com a consolidação da física como ciência moderna. [[Galileu Galilei]] pode ser considerado o marco inicial da mecânica clássica,<ref name="Galil2"/> mas sua consolidação definitiva veio com a publicação dos ''[[Philosophiae Naturalis Principia Mathematica]]'', de [[Isaac Newton]], considerada a obra científica mais influente de todos os tempos.<ref name="newt"/> Entretanto, em certos sistemas, a mecânica de Newton passa a ser pouco eficiente para ser usado na resolução de problemas. No final do [[século XVIII]] e durante o [[século XIX]] a mecânica foi reformulada por [[Joseph-Louis Lagrange]] e [[William Rowan Hamilton]], para que abarcasse a resolução analítica de um maior número de problemas com um ferramental matemático mais refinado.<ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-lagrangeana/|título=mecânica Lagrangeana|autor=Lima, Julio Cesar Lima|obra=Info Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.infoescola.com/fisica/mecanica-hamiltoniana/|título=mecânica Hamiltoniana|autor=Lira, Julio Cesar Lima|obra=Info Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref>


A mecânica não se limita à análise de partículas discretas, mas estuda também meios contínuos. O [[momento de inércia]] de um disco rígido com centro de rotação coincidente com o seu próprio centro é diferente de uma partícula isolada que orbita um centro de rotação qualquer.<ref name="halliday">{{Citar livro|título=[[Fundamentos da física]]|volume=1 - mecânica|autor=Halliday, David; Resnick, Robert; Walker, Jearl|edição=7ª|editora=LTC}}</ref> A [[mecânica de meios contínuos]] é a mecânica que aborda o estudo dos materiais de massa contínua, em oposição de materiais de partículas discretas ou isoladas. A [[mecânica dos fluidos]] e a [[Dinâmica de corpo rígido]] são exemplos de divisões da mecânica de meios contínuos.<ref>{{Citar web|url=http://www.ndf.poli.usp.br/~gassi/disciplinas/pnv2340/Apostila_PNV2340_NAchcar.pdf|título=mecânica dos meios contínuos|autor=Achcar, Nelson|acessodata=12/07/2011}}</ref>
A mecânica não se limita à análise de partículas discretas, mas estuda também meios contínuos. O [[momento de inércia]] de um disco rígido com centro de rotação coincidente com o seu próprio centro é diferente de uma partícula isolada que orbita um centro de rotação qualquer.<ref name="halliday">{{Citar livro|título=[[Fundamentos da física]]|volume=1 - mecânica|autor=Halliday, David; Resnick, Robert; Walker, Jearl|edição=7ª|editora=LTC}}</ref> A [[mecânica de meios contínuos]] é a mecânica que aborda o estudo dos materiais de massa contínua, em oposição de materiais de partículas discretas ou isoladas. A [[mecânica dos fluidos]] e a [[Dinâmica de corpo rígido]] são exemplos de divisões da mecânica de meios contínuos.<ref>{{Citar web|url=http://www.ndf.poli.usp.br/~gassi/disciplinas/pnv2340/Apostila_PNV2340_NAchcar.pdf|título=mecânica dos meios contínuos|autor=Achcar, Nelson|acessodata=12-07-2011}}</ref>


É considerada a divisão base da física, pois as outras divisões são derivadas dela. Seu escopo continua sendo o estudo dos entes fundamentais da física: [[espaço físico|espaço]], [[tempo]], [[matéria]] e [[energia]]. De suas relações e consequências, surgem outros conceitos, como as [[leis de Newton]], [[posição]], [[dimensão (física)|dimensão]], [[invariância de Galileu]], [[velocidade]], [[aceleração]], [[força]], [[torque]], [[momento linear]], [[momento angular]], [[energia mecânica]], [[trabalho]], [[potência]], [[massa]], [[inércia]], [[momento de inércia]], [[referencial]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física de Berkeley|volume=1 - mecânica|autor=[[Charles Kittel|Kittel, Charles]]; Knight, Walter D.; Ruderman, Malvin A.|data=1970|editora=Blücher}}</ref>
É considerada a divisão base da física, pois as outras divisões são derivadas dela. Seu escopo continua sendo o estudo dos entes fundamentais da física: [[espaço físico|espaço]], [[tempo]], [[matéria]] e [[energia]]. De suas relações e consequências, surgem outros conceitos, como as [[leis de Newton]], [[posição]], [[dimensão (física)|dimensão]], [[invariância de Galileu]], [[velocidade]], [[aceleração]], [[força]], [[torque]], [[momento linear]], [[momento angular]], [[energia mecânica]], [[trabalho (física)|trabalho]], [[potência]], [[massa]], [[inércia]], [[momento de inércia]], [[referencial]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física de Berkeley|volume=1 - mecânica|autor=[[Charles Kittel|Kittel, Charles]]; Knight, Walter D.; Ruderman, Malvin A.|data=1970|editora=Blücher}}</ref>


====Ondulatória====
====Ondulatória====
{{AP|Vibração{{!}}Oscilação|Onda}}
{{AP|Vibração{{!}}Oscilação|Onda}}
[[Imagem:Concentric Laser Diffraction - CILAS.jpeg|thumb|Padrão de franjas observado em um anteparo causada pela [[interferência]] de dois feixes de laser. A interferência da luz, assim como em qualquer outra onda, é um fenômeno estudado pela ondulatória]]
[[Imagem:Concentric Laser Diffraction - CILAS.jpeg|thumb|Padrão de franjas observado em um anteparo causada pela [[difração]] de um feixe de laser. A difração da luz, assim como em qualquer outro [[Fenómeno ondulatório|fenômeno ondulatório]], são estudados pela ondulatória.]]
A ondulatória, na física clássica, estuda as características e as propriedades das [[onda]]s e seus movimentos e relações. A onda consiste-se de perturbações, pulsos ou [[vibração|oscilações]] ocorridas em um determinado meio, que pode ser material ou não. Transporta [[energia cinética]] da fonte para o meio, sendo incapaz de transportar [[matéria]].<ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/ondulatoria.htm|título=Ondulatória|obra=Mundo Educação|acessodata=10/07/2011}}</ref>
A ondulatória, na física clássica, estuda as características e as propriedades das [[onda]]s e seus movimentos e relações. A onda consiste-se de perturbações, pulsos ou [[vibração|oscilações]] ocorridas em um determinado meio, que pode ser material ou não. Transporta [[energia cinética]] da fonte para o meio, sendo incapaz de transportar [[matéria]].<ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/ondulatoria.htm|título=Ondulatória|obra=Mundo Educação|acessodata=10-07-2011}}</ref>


Seu estudo clássico também iniciou-se com Galileu Galilei e Isaac Newton inclui seu estudo em seu ''Principia Mathematica'' ao analisar a [[mecânica dos fluidos]], a mecânica dos corpos que não possuem rigidez ou volume próprios.<ref>{{Citar web|url=http://astro.if.ufrgs.br/bib/newton.htm|título=Sir Isaac Newton|autor=Oliveira Filho, Kepler de Souza|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|data=04/03/06|acessodata=10/07/2011}}</ref> A [[acústica]] é a parte da Ondulatória que estuda especificamente a propagação das [[som|ondas sonoras]] pelo ar.<ref>{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/acustica.htm|título=acústica|autor=Marques, Domiciano|obra=Brasil Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref> A [[luz]] foi considerada um fenômeno ondulatório a partir da [[experiência da dupla fenda]] de [[Thomas Young]].<ref>{{Citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/historia/young.html|título=Experimento da dupla fenda de Young|autor=Santos, C. A. dos|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|data=outubro de 2002|acessodata=10/07/2011}}</ref> Seus conceitos principais são [[onda]]s ([[ondas transversais|transversais]] e [[ondas longitudinais|longitudinais]]) [[comprimento de onda]], [[vibração|oscilação]], [[amplitude]], [[frequência]], [[fase (física)|fase]], [[reflexão (física)|reflexão]], [[refração]], [[difração]], [[interferência]], [[polarização]], [[efeito Doppler]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Berkeley Physics Course|volume=3 - Waves|autor=Crawford Jr, Frank S.|data=1970|editora=Berkeley University Press|lingua=Inglês}}</ref>
Seu estudo clássico também iniciou-se com Galileu Galilei e Isaac Newton inclui seu estudo em seu ''Principia Mathematica'' ao analisar a [[mecânica dos fluidos]], a mecânica dos corpos que não possuem rigidez ou volume próprios.<ref>{{Citar web|url=http://astro.if.ufrgs.br/bib/newton.htm|título=Sir Isaac Newton|autor=Oliveira Filho, Kepler de Souza|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|data=04/03/06|acessodata=10-07-2011}}</ref> A [[acústica]] é a parte da Ondulatória que estuda especificamente a propagação das [[som|ondas sonoras]] pelo ar.<ref>{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/acustica.htm|título=acústica|autor=Marques, Domiciano|obra=Brasil Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref> A [[luz]] foi considerada um fenômeno ondulatório a partir da [[experiência da dupla fenda]] de [[Thomas Young]].<ref>{{Citar web|url=http://www.if.ufrgs.br/historia/young.html|título=Experimento da dupla fenda de Young|autor=Santos, C. A. dos|obra=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|data=outubro de 2002|acessodata=10-07-2011}}</ref> Seus conceitos principais são [[onda]]s ([[ondas transversais|transversais]] e [[ondas longitudinais|longitudinais]]) [[comprimento de onda]], [[vibração|oscilação]], [[amplitude]], [[frequência]], [[fase (física)|fase]], [[reflexão (física)|reflexão]], [[refração]], [[difração]], [[interferência]], [[Polarização eletromagnética|polarização]], [[efeito Doppler]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Berkeley Physics Course|volume=3 - Waves|autor=Crawford Jr, Frank S.|data=1970|editora=Berkeley University Press|lingua=Inglês}}</ref>


====Termodinâmica====
====Termodinâmica====
{{AP|Termologia|Termodinâmica|Teoria cinética|Física estatística}}
{{AP|Termologia|Termodinâmica|Teoria cinética|Física estatística}}
[[File:Convection.gif|thumb|left|Transferência de [[calor]] através da [[convecção]].]]
[[Imagem:Convection.gif|thumb|left|Transferência de [[calor]] através da [[convecção]].]]
Precedendo a termodinâmica pode-se encontrar a [[Termologia]], que é basicamente o estudo do [[calor]], ou seja, o estudo da [[energia térmica]] em trânsito, que se diferencia de [[temperatura]], que é o grau de agitação das [[molécula]]s. Porém, os conceitos mais arraigados desta área encontram-se na termodinâmica, que estuda as relações entre o calor trocado e o [[trabalho]] realizado.<ref>{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/termologia.htm|título=Termologia|autor=Silva, Marco Aurélio da|obra=Brasil Escola|acessodata=10/07/2011}}</ref>
Precedendo a termodinâmica pode-se encontrar a [[Termologia]], que é basicamente o estudo do [[calor]], ou seja, o estudo da [[energia térmica]] em trânsito, que se diferencia de [[temperatura]], que é o grau de agitação das [[molécula]]s. Porém, os conceitos mais arraigados desta área encontram-se na termodinâmica, que estuda as relações entre o calor trocado e o [[trabalho (física)|trabalho]] realizado.<ref>{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/fisica/termologia.htm|título=Termologia|autor=Silva, Marco Aurélio da|obra=Brasil Escola|acessodata=10-07-2011}}</ref>


[[Máquina térmica|Máquinas térmicas]] tinham sido inventadas e aperfeiçoadas ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. No entanto, a atenção científica sobreveio apenas em meados do século XIX com [[Nicolas Léonard Sadi Carnot|Sadi Carnot]]. Seus estudos foram aprimorados ao longo daquele século por [[James Prescott Joule]], [[William Thomson|Lord Kelvin]] e [[Rudolf Clausius]].<ref>{{Citar web|url=http://educacao.uol.com.br/fisica/termodinamica-1-calor-trabalho-e-rendimento.jhtm|título=termodinâmica|autor=Bisquolo, Paulo Augusto|obra=UOL Educação|acessodata=10/07/2011}}</ref> Seus princípios ajudaram no estabelecimento da [[teoria cinética]] e no consequente desenvolvimento da [[física estatística]].<ref>{{Citar web|url=http://www.fisica.ufmg.br/ftermodinamica/eds/ed01_r2.htm|título=termodinâmica , Teoria Cinética e mecânica Estatística|obra=UOL Educação|data=16/05/2000|acessodata=10/07/2011}}</ref> Seus principais conceitos são [[calor]], [[temperatura]], [[pressão]], [[volume]], [[energia térmica]], [[entalpia]], [[entropia]], [[capacidade térmica]], [[calor específico]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Berkeley Physics Course|volume=5 - Statistical Physics|autor=Reif, Frederick|data=1970|editora=Berkeley University Press|lingua=Inglês}}</ref>
[[Máquina térmica|Máquinas térmicas]] tinham sido inventadas e aperfeiçoadas ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. No entanto, a atenção científica sobreveio apenas em meados do século XIX com [[Nicolas Léonard Sadi Carnot|Sadi Carnot]]. Seus estudos foram aprimorados ao longo daquele século por [[James Prescott Joule]], [[William Thomson|Lord Kelvin]] e [[Rudolf Clausius]].<ref>{{Citar web|url=http://educacao.uol.com.br/fisica/termodinamica-1-calor-trabalho-e-rendimento.jhtm|título=termodinâmica|autor=Bisquolo, Paulo Augusto|obra=UOL Educação|acessodata=10-07-2011}}</ref> Seus princípios ajudaram no estabelecimento da [[teoria cinética]] e no consequente desenvolvimento da [[física estatística]].<ref>{{Citar web|url=http://www.fisica.ufmg.br/ftermodinamica/eds/ed01_r2.htm|título=termodinâmica , Teoria Cinética e mecânica Estatística|obra=UOL Educação|data=16-05-2000|acessodata=10-07-2011}}</ref> Seus principais conceitos são [[calor]], [[temperatura]], [[pressão]], [[volume]], [[energia térmica]], [[entalpia]], [[entropia]], [[capacidade térmica]], [[calor específico]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Berkeley Physics Course|volume=5 - Statistical Physics|autor=Reif, Frederick|data=1970|editora=Berkeley University Press|lingua=Inglês}}</ref>


====Eletromagnetismo====
====Eletromagnetismo====
{{AP|eletricidade|magnetismo|óptica|eletromagnetismo}}
{{AP|eletricidade|magnetismo|óptica|eletromagnetismo}}
[[Imagem:Plasma-lamp 2.jpg|thumb|Uma [[lâmpada de plasma]], constituída por um bulbo com gás à pressão baixa. O grande [[potencial elétrico]] aplicado ao eletrodo em seu centro excita o gás em seu torno, que passa ao estado de [[plasma]] e passa a ser eletricidade. Esses conceitos são abordados pelo eletromagnetismo]]
[[Imagem:Plasma-lamp 2.jpg|thumb|Uma [[lâmpada de plasma]], constituída por um bulbo com gás à pressão baixa. O grande [[potencial elétrico]] aplicado ao eletrodo em seu centro excita o gás em seu torno, que passa ao estado de [[plasma]] e passa a ser eletricidade. Esses conceitos são abordados pelo eletromagnetismo]]
O eletromagnetismo é basicamente a unificação da [[eletricidade]], que é o estudo das [[carga elétrica|cargas elétricas]], estáticas ou em movimento, com o [[magnetismo]], que é basicamente o estudo dos [[ímã]]s. A luz é uma [[radiação eletromagnética]], e seu campo de estudo, a [[óptica]], também faz parte do eletromagnetismo.<ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/eletricidade.htm|título=eletricidade|obra=Mundo Educação|acessodata=10/07/2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.suapesquisa.com/pesquisa/magnetismo.htm|título=magnetismo|obra=Mundo Educação|acessodata=10/07/2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/o-que-sao-ondas-eletromagneticas.htm|título=O que são ondas eletromagnéticas|obra=Sua pesquisa.com|acessodata=10/07/2011}}</ref>
O eletromagnetismo é basicamente a unificação da [[eletricidade]], que é o estudo das [[carga elétrica|cargas elétricas]], estáticas ou em movimento, com o [[magnetismo]], que é basicamente o estudo dos [[ímã]]s. A luz é uma [[radiação eletromagnética]], e seu campo de estudo, a [[óptica]], também faz parte do eletromagnetismo.<ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/eletricidade.htm|título=eletricidade|obra=Mundo Educação|acessodata=10-07-2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.suapesquisa.com/pesquisa/magnetismo.htm|título=magnetismo|obra=Mundo Educação|acessodata=10-07-2011}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/o-que-sao-ondas-eletromagneticas.htm|título=O que são ondas eletromagnéticas|obra=Sua pesquisa.com|acessodata=10-07-2011}}</ref>


[[William Gilbert]] foi o pioneiro no estudo do [[magnetismo]] e da [[eletrostática]],<ref name="gilbert"/> parte da eletricidade que aborda o estudo das propriedades físicas das [[carga elétrica|cargas elétricas]] estacionárias, em oposição à [[eletromagnetismo|eletrodinâmica]], que estuda a relação da [[força eletromagnética]] entre cargas e correntes elétricas. [[Otto von Guericke]], [[Benjamin Franklin]] e [[Alessandro Volta]] contribuíram para o desenvolvimento desta área, mas [[Hans Christian Ørsted]] foi o primeiro a perceber, em 1820, a ligação entre o magnetismo e eletricidade, até então áreas independentes e sem conexões. [[Michael Faraday]] descobriu a [[indução eletromagnética]]<ref name="eletr"/> e [[James Clerk Maxwell]] unificou as descrições matemáticas da eletricidade e magnetismo em um grupo de quatro equações, conhecidas como [[Equações de Maxwell]].<ref name="maxwell"/>
[[William Gilbert]] foi o pioneiro no estudo do [[magnetismo]] e da [[eletrostática]],<ref name="gilbert"/> parte da eletricidade que aborda o estudo das propriedades físicas das [[carga elétrica|cargas elétricas]] estacionárias, em oposição à [[eletromagnetismo|eletrodinâmica]], que estuda a relação da [[força eletromagnética]] entre cargas e correntes elétricas. [[Otto von Guericke]], [[Benjamin Franklin]] e [[Alessandro Volta]] contribuíram para o desenvolvimento desta área, mas [[Hans Christian Ørsted]] foi o primeiro a perceber, em 1820, a ligação entre o magnetismo e eletricidade, até então áreas independentes e sem conexões. [[Michael Faraday]] descobriu a [[indução eletromagnética]]<ref name="eletr"/> e [[James Clerk Maxwell]] unificou as descrições matemáticas da eletricidade e magnetismo em um grupo de quatro equações, conhecidas como [[Equações de Maxwell]].<ref name="maxwell"/>
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Seus principais conceitos são [[capacitância]], [[carga elétrica]], [[corrente elétrica]], [[condutividade elétrica]], [[campo elétrico]], [[permissividade|permissividade elétrica]], [[potencial elétrico]], [[resistência elétrica]], [[indução eletromagnética]], [[radiação eletromagnética]], [[campo magnético]], [[fluxo magnético]], [[monopolo magnético]], [[permeabilidade magnética]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física de Berkeley|volume=2 - eletricidade e magnetismo|autor=[[Edward Mills Purcell|Purcell, Edward M.]]|data=1970|editora=Blücher}}</ref>
Seus principais conceitos são [[capacitância]], [[carga elétrica]], [[corrente elétrica]], [[condutividade elétrica]], [[campo elétrico]], [[permissividade|permissividade elétrica]], [[potencial elétrico]], [[resistência elétrica]], [[indução eletromagnética]], [[radiação eletromagnética]], [[campo magnético]], [[fluxo magnético]], [[monopolo magnético]], [[permeabilidade magnética]], entre outros.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física de Berkeley|volume=2 - eletricidade e magnetismo|autor=[[Edward Mills Purcell|Purcell, Edward M.]]|data=1970|editora=Blücher}}</ref>


Embora a maior parte da física clássica esteja englobada na mecânica clássica, Ondulatória, termodinâmica e eletromagnetismo, outras especializações também podem ser consideradas clássicas, pois não utilizam a princípio conceitos modernos, ou seja, conceitos que recorrem à relatividade ou a física quântica, embora não estejam delimitados exclusivamente dentro das concepções clássicas. Destaca-se a [[teoria do caos]] nesta área.<ref>{{Citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~aguiar/top-mec-clas.pdf|título=Tópicos de mecânica clássica|autor=Aguiar, Marcus A. M. de|obra=Universidade Estadual de Campinas|data=11/11/10|acessodata=12/07/2011|formato=PDF}}</ref>
Embora a maior parte da física clássica esteja englobada na mecânica clássica, Ondulatória, termodinâmica e eletromagnetismo, outras especializações também podem ser consideradas clássicas, pois não utilizam a princípio conceitos modernos, ou seja, conceitos que recorrem à relatividade ou a física quântica, embora não estejam delimitados exclusivamente dentro das concepções clássicas. Destaca-se a [[teoria do caos]] nesta área.<ref>{{Citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~aguiar/top-mec-clas.pdf|título=Tópicos de mecânica clássica|autor=Aguiar, Marcus A. M. de|obra=Universidade Estadual de Campinas|data=11/11/10|acessodata=12-07-2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120127081851/http://www.ifi.unicamp.br/~aguiar/top-mec-clas.pdf|arquivodata=2012-01-27|urlmorta=yes}}</ref>


=== Física moderna ===
=== Física moderna ===
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====Mecânica quântica====
====Mecânica quântica====
{{AP|mecânica quântica|Teoria quântica de campos}}
{{AP|mecânica quântica|Teoria quântica de campos}}
[[Imagem:HAtomOrbitals.png|thumb|[[Amplitude de probabilidade]] correspondente às [[função de onda|funções de onda]] de um elétron em um átomo de [[hidrogénio|hidrogênio]]]]
[[Imagem:HAtomOrbitals.png|thumb|[[Amplitude de probabilidade]] correspondente às [[função de onda|funções de onda]] de um elétron em um átomo de [[hidrogénio|hidrogênio]].]]
[[Max Planck]], em 1900, durante seus estudos sobre [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], apresentou uma descrição matemática do fenômeno que coincidia com os resultados experimentais. Esta descrição tentava fugir da descrição clássica, que levava ao que foi conhecido como [[catástrofe do ultravioleta]]. Nesta descrição, Planck argumentou que a distribuição energética era discreta, não contínua, como na descrição clássica. Cinco anos mais tarde, Einstein apresentou argumentações físicas para os resultados de Planck, elucidando também o [[efeito fotoelétrico]]. Planck e Einstein fundamentaram os princípios da [[mecânica quântica]], que é basicamente a física das dimensões subatômicas. Seu desenvolvimento foi impulsionado, entre outros, por [[Niels Bohr]], [[Louis de Broglie]], [[Werner Heisenberg]] e [[Erwin Schrödinger]].<ref name="quantik"/>
[[Max Planck]], em 1900, durante seus estudos sobre [[irradiação térmica|radiação de corpo negro]], apresentou uma descrição matemática do fenômeno que coincidia com os resultados experimentais. Esta descrição tentava fugir da descrição clássica, que levava ao que foi conhecido como [[catástrofe do ultravioleta]]. Nesta descrição, Planck argumentou que a distribuição energética era discreta, não contínua, como na descrição clássica. Cinco anos mais tarde, Einstein apresentou argumentações físicas para os resultados de Planck, elucidando também o [[efeito fotoelétrico]]. Planck e Einstein fundamentaram os princípios da [[mecânica quântica]], que é basicamente a física das dimensões subatômicas. Seu desenvolvimento foi impulsionado, entre outros, por [[Niels Bohr]], [[Louis de Broglie]], [[Werner Heisenberg]] e [[Erwin Schrödinger]].<ref name="quantik"/>


A teoria mais precisa elaborada pela ciência é a [[eletrodinâmica quântica]] de [[Richard Feynman]], onde é utilizado as noções da mecânica quântica para a descrição e explicação de [[campo eletromagnético|campos eletromagnéticos]]. Feynman elaborou uma das primeiras e a mais famosa [[teoria quântica de campos]] e foi sucedido pela elaboração da [[cromodinâmica quântica]], a teoria quântica do campo da [[força forte]], que levou à previsão e a posterior descoberta dos [[quark]]s. Após a fusão das descrições da [[força fraca]] com o eletromagnetismo em altas energias, três das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]] são descritas por teorias quânticas de campos. Entretanto, a [[gravidade]] ainda não é descrita por nenhuma teoria quântica de campos corroborada experimentalmente.<ref>{{Citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442002000200021|título=Introdução à Teoria quântica de Campos: do Oscilador Harmônico ao Campo Escalar Livre|autor=Pereira, Rodrigo Gonçalves; Miranda, Eduardo|obra=Revista Brasileira de Ensino de física|editora=Scielo|data=08/05/02|acessodata=10/07/2011}}</ref>
A teoria mais precisa elaborada pela ciência é a [[eletrodinâmica quântica]] de [[Richard Feynman]], onde é utilizado as noções da mecânica quântica para a descrição e explicação de [[campo eletromagnético|campos eletromagnéticos]]. Feynman elaborou uma das primeiras e a mais famosa [[teoria quântica de campos]] e foi sucedido pela elaboração da [[cromodinâmica quântica]], a teoria quântica do campo da [[força forte]], que levou à previsão e a posterior descoberta dos [[quark]]s. Após a fusão das descrições da [[força fraca]] com o eletromagnetismo em altas energias, três das quatro [[força fundamental|forças fundamentais]] são descritas por teorias quânticas de campos. Entretanto, a [[gravidade]] ainda não é descrita por nenhuma teoria quântica de campos corroborada experimentalmente.<ref>{{Citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442002000200021|título=Introdução à Teoria quântica de Campos: do Oscilador Harmônico ao Campo Escalar Livre|autor=Pereira, Rodrigo Gonçalves; Miranda, Eduardo|obra=Revista Brasileira de Ensino de física|editora=Scielo|data=08/05/02|acessodata=10-07-2011}}</ref>


A física moderna não está limitada apenas à relatividade e à mecânica quântica. Destacam-se também a [[física de partículas|física das partículas elementares]], que estuda as propriedades das [[partícula elementar|partículas elementares]] que constituem a matéria; a [[física nuclear]], que estuda as propriedades dos [[núcleo atómico|núcleos atômicos]]; a [[física atômica|física atômica e molecular]], que estuda as propriedades físicas da associação dos núcleos e [[elétron]]s; a [[física da matéria condensada]], que aborda o entendimento do comportamento da matéria composta por um grande número de átomos; e a [[Dinâmica do plasma|física do plasma]], que estuda as propriedades da matéria que exibe um grau de agitação térmica suficiente para que elétrons e núcleos consigam se manter separados ([[plasma]]).<ref name="divmod">{{Citar web|url=http://www.cepa.if.usp.br/content/divisoes-da-fisica-moderna|título=As divisões da física moderna|autor=Pereira, Rodrigo Gonçalves; Miranda, Eduardo|obra=Centro de Ensino e Pesquisa aplicada, Universidade de São Paulo|data=26/03/09|acessodata=12/07/2011}}</ref> A [[óptica]], que é uma área da física ligada ao eletromagnetismo, também tem pilares na Mecânia quântica, pois a [[espectro visível|luz visível]], uma faixa de toda a [[radiação eletromagnética]], exibe propriedades duais: comporta-se como ora como partícula ora como onda.<ref name="divmod"/> As disciplinas físicas da [[astronomia]], como a [[astrofísica]], utilizam grandemente a mecânica clássica em seus estudos, mas a [[relatividade geral]] encontra a sua maior aplicação nesta cadeira, especialmente na [[cosmologia]].<ref>{{Citar web|url=http://www.das.inpe.br/~alex/Ensino/cursos/relatividade/aula_TRG_CEU.pdf|título=relatividade geral e cosmologia|autor=Wuensche, Carlos Alexandre|obra=Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais|acessodata=12/07/2011}}</ref>
A física moderna não está limitada apenas à relatividade e à mecânica quântica. Destacam-se também a [[física de partículas|física das partículas elementares]], que estuda as propriedades das [[partícula elementar|partículas elementares]] que constituem a matéria; a [[física nuclear]], que estuda as propriedades dos [[núcleo atómico|núcleos atômicos]]; a [[física atômica|física atômica e molecular]], que estuda as propriedades físicas da associação dos núcleos e [[elétron]]s; a [[física da matéria condensada]], que aborda o entendimento do comportamento da matéria composta por um grande número de átomos; e a física do [[plasma]], que estuda as propriedades da matéria cuja temperatura é suficientemente alta para que elétrons e núcleos consigam se manter separados.<ref name="divmod">{{Citar web|url=http://www.cepa.if.usp.br/content/divisoes-da-fisica-moderna|título=As divisões da física moderna|autor=Pereira, Rodrigo Gonçalves; Miranda, Eduardo|obra=Centro de Ensino e Pesquisa aplicada, Universidade de São Paulo|data=26/03/09|acessodata=12-07-2011}}</ref> A [[óptica]], que é uma área da física ligada ao eletromagnetismo, também tem pilares na Mecânica quântica, pois a [[espectro visível|luz visível]], uma faixa de toda a [[radiação eletromagnética]], exibe propriedades duais: comporta-se como ora como partícula ora como onda.<ref name="divmod"/> As disciplinas físicas da [[astronomia]], como a [[astrofísica]], utilizam grandemente a mecânica clássica em seus estudos, mas a [[relatividade geral]] encontra a sua maior aplicação nesta cadeira, especialmente na [[cosmologia]].<ref>{{Citar web|url=http://www.das.inpe.br/~alex/Ensino/cursos/relatividade/aula_TRG_CEU.pdf|título=relatividade geral e cosmologia|autor=Wuensche, Carlos Alexandre|obra=Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais|acessodata=12-07-2011}}</ref>


=== Física pura e física aplicada ===
=== Física pura e física aplicada ===
{{AP|Física aplicada}}
{{AP|Física aplicada}}
[[Imagem:Delta 7925H MESSENGER ignition.jpg|thumb|A [[exploração espacial]] é possível graças à aplicação da física em novas tecnologias]]
[[Imagem:Delta 7925H MESSENGER ignition.jpg|thumb|A [[exploração espacial]] é possível graças à aplicação da física em novas tecnologias.]]
A [[física pura]] está preocupada com a obtenção do conhecimento básico e preciso, sem se preocupar com pesquisas que tenham utilidade prática imediata. Almeja a obtenção de conhecimentos para a resolução de problemas de caráter mais geral, embora não tenha um objetivo bem delineado. Busca atender demandas exigidas pela própria comunidade científica, como a necessidade de se propor novas teorias para problemas que são insolúveis para a teoria vigente.<ref>{{Citar web|url=http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica10.htm|título=Passado, Presente e Futuro da física quântica: Digressões sobre a Importância da ciência Básica|autor=Schulz, Peter A.B.; Knobel, Marcelo|obra=comciencia.com|data=10/05/2001|acessodata=12/07/2011}}</ref> Em 1916, [[Albert Einstein]] propôs o modelo de [[emissão estimulada]], onde a colisão de um [[átomo]] excitado com um fóton de mesma energia provoca a emissão de um fóton idêntico ao primeiro, que se propaga na mesma direção e sincroniza sua onda com a do estimulador, somando sua intensidade e aumentando, dessa forma, a intensidade da luz emitida. Este conceito é a base do funcionamento do [[laser]], que viria a ser inventado apenas em 1960.<ref>{{Citar web|url=http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/historia.html|título=Breve Histórico do Laser|autor=Pécora, Jesus Djalma; Brugnera Jr., Aldo|obra=Universidade de São Paulo|data=1999|acessodata=12/07/2011}}</ref>
A [[física pura]] está preocupada com a obtenção do conhecimento básico e preciso, sem se preocupar com pesquisas que tenham utilidade prática imediata. Almeja a obtenção de conhecimentos para a resolução de problemas de caráter mais geral, embora não tenha um objetivo bem delineado. Busca atender demandas exigidas pela própria comunidade científica, como a necessidade de se propor novas teorias para problemas que são insolúveis para a teoria vigente.<ref>{{Citar web|url=http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica10.htm|título=Passado, Presente e Futuro da física quântica: Digressões sobre a Importância da ciência Básica|autor=Schulz, Peter A.B.; Knobel, Marcelo|obra=comciencia.com|data=10-05-2001|acessodata=12-07-2011}}</ref> Em 1916, [[Albert Einstein]] propôs o modelo de [[emissão estimulada]], onde a colisão de um [[átomo]] excitado com um fóton de mesma energia provoca a emissão de um fóton idêntico ao primeiro, que se propaga na mesma direção e sincroniza sua onda com a do estimulador, somando sua intensidade e aumentando, dessa forma, a intensidade da luz emitida. Este conceito é a base do funcionamento do [[laser]], que viria a ser inventado apenas em 1960.<ref>{{Citar web|url=http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/historia.html|título=Breve Histórico do Laser|autor=Pécora, Jesus Djalma; Brugnera Jr., Aldo|obra=Universidade de São Paulo|data=1999|acessodata=12-07-2011}}</ref>


A [[física aplicada]] é o termo geral para pesquisas em física com objetivo de uso particular. Está associada à [[engenharia]]. Um físico aplicado, que pode ser ou não um [[engenharia|engenheiro]], está projetando algo em particular usando a física ou conduzindo uma pesquisa física com o objetivo de desenvolver novas [[tecnologia]]s ou de resolver problemas.<ref name="fisapl">{{citar web|url=http://portal.ifi.unicamp.br/br/menu-grad-duvidas?start=4|título=Dúvidas - O que é a Física Aplicada?|publicado=Universidade Estadual de Campinas|acessodata=21/07/2011}}</ref>
A [[física aplicada]] é o termo geral para pesquisas em física com objetivo de uso particular. Está associada à [[engenharia]]. Um físico aplicado, que pode ser ou não um [[engenharia|engenheiro]], está projetando algo em particular usando a física ou conduzindo uma pesquisa física com o objetivo de desenvolver novas [[tecnologia]]s ou de resolver problemas.<ref name="fisapl">{{citar web|url=http://portal.ifi.unicamp.br/br/menu-grad-duvidas?start=4|título=Dúvidas - O que é a Física Aplicada?|publicado=Universidade Estadual de Campinas|acessodata=21-07-2011}}</ref>


A abordagem é semelhante à abordagem da [[matemática aplicada]]. Os físicos aplicados também podem estar interessados no uso da física para [[pesquisa científica|pesquisas científicas]] no desenvolvimento tecnológico ou em aplicações práticas, que podem não estar relacionados à própria engenharia. Os cientistas que trabalham em um [[acelerador de partículas]] buscam desenvolver detectores de partículas mais eficazes para permitir um maior progresso da física teórica,<ref name="fisapl" /><ref name="aplres">{{citar web|url=http://www.wisegeek.com/topics/applied-physics-research.htm|título=Applied Physics research|publicado=Wisew Geek|acessodata=26/12/2010}}</ref> mas podem estar trabalhando na miniaturização de [[circuito eletrônico|circuitos eletrônicos]] para que a própria [[tecnologia]] avance.
A abordagem é semelhante à abordagem da [[matemática aplicada]]. Os físicos aplicados também podem estar interessados no uso da física para [[pesquisa científica|pesquisas científicas]] no desenvolvimento tecnológico ou em aplicações práticas, que podem não estar relacionados à própria engenharia. Os cientistas que trabalham em um [[acelerador de partículas]] buscam desenvolver detectores de partículas mais eficazes para permitir um maior progresso da física teórica,<ref name="fisapl" /><ref name="aplres">{{citar web|url=http://www.wisegeek.com/topics/applied-physics-research.htm|título=Applied Physics research|publicado=Wisew Geek|acessodata=26-12-2010}}</ref> mas podem estar trabalhando na miniaturização de [[circuito eletrônico|circuitos eletrônicos]] para que a própria [[tecnologia]] avance.


A física é muito usada na engenharia.<ref name="fisapl" /> A [[estática]], uma subdisciplina da [[mecânica (física)|mecânica]], é muito usada na [[engenharia civil]].<ref name="estát">{{citar web|url=https://estudogeral.sib.uc.pt/jspui/handle/10316/1787|título=Estudo geral: modelos de análise estática e dinâmica de estruturas de betão|publicado=Estudo geral|acessodata=26/12/2010}}</ref> A física também pode ser utilizada na [[interdisciplinaridade]] em outras ciências, inclusive utilizando seus métodos em ciências não-naturais.<ref name="interd">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/proposicao_jairocarlos.pdf|título=Interdisciplinaridade, o que é isso?|ultimo=Carlos, Jairo Gonçalves|acessodata=26/12/2010}}</ref>
A física é muito usada na engenharia.<ref name="fisapl" /> A [[estática]], uma subdisciplina da [[mecânica (física)|mecânica]], é muito usada na [[engenharia civil]].<ref name="estát">{{citar web|url=https://estudogeral.sib.uc.pt/jspui/handle/10316/1787|título=Estudo geral: modelos de análise estática e dinâmica de estruturas de betão|publicado=Estudo geral|acessodata=26-12-2010}}</ref> A física também pode ser utilizada na [[interdisciplinaridade]] em outras ciências, inclusive utilizando seus métodos em ciências não-naturais.<ref name="interd">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/proposicao_jairocarlos.pdf|título=Interdisciplinaridade, o que é isso?|ultimo=Carlos, Jairo Gonçalves|acessodata=26-12-2010}}</ref>


=== Física teórica e física experimental ===
=== Física teórica e física experimental ===
{{AP|[[Física teórica]] e [[Física experimental]]}}
{{AP|[[Física teórica]] e [[Física experimental]]}}
[[Imagem:CERN LHC Tunnel1.jpg|thumb|esquerda|[[Grande Colisor de Hádrons]] (LHC). No interior dos tubos, partículas se movem a velocidades ultrarrelativísticas]]
[[Imagem:CERN LHC Tunnel1.jpg|thumb|esquerda|[[Grande Colisor de Hádrons]] (LHC). No interior dos tubos, partículas se movem a velocidades ultrarrelativísticas.]]
Uma teoria física é um modelo de eventos físicos, uma aproximação construída por humanos para descrever a Natureza.<ref name="duhem">{{citar web|url=http://www.lusosofia.net/textos/duhem_pierre_valor_da_teoria_f_sica.pdf|título=Valor da Teoria física|ultimo=Duhem, Pierre|publicado=lusofonia.net|acessodata=25/12/2010}}</ref> É endossado segundo a concordância de suas predições com as observações [[empirismo|empíricas]].<ref name="teor" /> Uma teoria física também é endossada pela sua habilidade de realizar novas previsões que podem ser verificadas através de novas observações.<ref name="teor">{{Citar jornal|ultimo=Paty|primeiro=Michael|data=Abril-Junho/2010|titulo=Scientiae Studia|issn=16783166|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662010000200007&script=sci_arttext}}</ref> Uma teoria física difere de um [[teorema|teorema matemático]]; ambos são baseados em [[axioma]]s ou [[axioma|postulado]]s, mas aplicabilidade matemática não é baseada com a concordância de resultados experimentais.<ref name="teor2">{{citar web|url=http://ie499.yeralan.org/index.php?option=com_content&view=article&id=214:hypothesis-theory-and-theorem-what-is-the-difference-&catid=50:assignment-3&Itemid=56|título=Hypothesis, Theory, and Theorem: What is the Difference? |ultimo=Camalan, Mahmut |publicado=ie 499|lingua=Inglês|acessodata=25/12/2010}}</ref> Uma teoria física envolve uma ou mais relações entre as várias [[grandeza física|grandezas físicas]].<ref>{{citar web|url=http://www.fafich.ufmg.br/~labfil/~labfil/ciencia_verdade_arquivos/anexo19_TBP.doc|título=Algumas reflexões sobre teorias físicas|ultimo=Duhem, Pierre|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|formato=DOC|acessodata=25/12/2010}}</ref> Em certas ocasiões, a visão provida por sistemas matemáticos puros podem prover pistas de como um sistema físico deve ser modelado.<ref name="matpur">{{Citar jornal|ultimo=Barbosa|primeiro=Jonei Cerqueira|título=Modelagem e Modelos Matemáticos na Educação Científica|jornal=ALEXANDRIA Revista de Educação em ciência e Tecnologia,|editora=Universidade Federal de Feira de Santana|formato=PDF|issn=19825153|url=http://www.ppgect.ufsc.br/alexandriarevista/numero_2_2009/jonei.pdf}}</ref>
Uma teoria física é um modelo de eventos físicos, uma aproximação construída por humanos para descrever a Natureza.<ref name="duhem">{{citar web|url=http://www.lusosofia.net/textos/duhem_pierre_valor_da_teoria_f_sica.pdf|título=Valor da Teoria física|ultimo=Duhem, Pierre|publicado=lusofonia.net|acessodata=25-12-2010}}</ref> É endossado segundo a concordância de suas predições com as observações [[empirismo|empíricas]].<ref name="teor" /> Uma teoria física também é endossada pela sua habilidade de realizar novas previsões que podem ser verificadas através de novas observações.<ref name="teor">{{Citar jornal|ultimo=Paty|primeiro=Michael|data=Abril–Junho 2010|titulo=Scientiae Studia|issn=16783166|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662010000200007&script=sci_arttext}}</ref> Uma teoria física difere de um [[teorema|teorema matemático]]; ambos são baseados em [[axioma]]s ou [[axioma|postulado]]s, mas aplicabilidade matemática não é baseada com a concordância de resultados experimentais.<ref name="teor2">{{citar web|url=http://ie499.yeralan.org/index.php?option=com_content&view=article&id=214:hypothesis-theory-and-theorem-what-is-the-difference-&catid=50:assignment-3&Itemid=56|título=Hypothesis, Theory, and Theorem: What is the Difference? |ultimo=Camalan, Mahmut |publicado=ie 499|lingua=Inglês|acessodata=25-12-2010}}</ref> Uma teoria física envolve uma ou mais relações entre as várias [[grandeza física|grandezas físicas]].<ref>{{citar web|url=http://www.fafich.ufmg.br/~labfil/~labfil/ciencia_verdade_arquivos/anexo19_TBP.doc|título=Algumas reflexões sobre teorias físicas|ultimo=Duhem, Pierre|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|formato=DOC|acessodata=25-12-2010}}</ref> Em certas ocasiões, a visão provida por sistemas matemáticos puros podem prover pistas de como um sistema físico deve ser modelado.<ref name="matpur">{{Citar jornal|ultimo=Barbosa|primeiro=Jonei Cerqueira|título=Modelagem e Modelos Matemáticos na Educação Científica|jornal=ALEXANDRIA Revista de Educação em ciência e Tecnologia,|editora=Universidade Federal de Feira de Santana|issn=19825153|url=http://www.ppgect.ufsc.br/alexandriarevista/numero_2_2009/jonei.pdf}}</ref>


Os avanços teóricos existem quando velhos [[paradigma]]s são postos de lado;<ref name="kuhn2" /> a [[mecânica Newtoniana]] foi suplantada pela [[teoria da relatividade|mecânica relativística]], mas a mecânica Newtoniana é um de seus casos particulares.<ref name="newein">{{citar web|url=http://nautilus.fis.uc.pt/cec/arquivo/Nuno%20Crato/2003/20030118_A_velocidade_da_luz.pdf|título=A velocidade da luz|formato=DOC|acessodata=25/12/2010}}</ref> O conjunto de teorias físicas, dentro de um paradigma, é aceito quando é capaz de realizar previsões corretas, embasados pela experimentação, suplantando outro velho conjunto de teorias físicas que já não é capaz de descrever os novos fenômenos observados.<ref name="kuhn2" /> O [[método científico]] existe para testar as consequências de uma teoria física.<ref name="metcie2">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/23-1/artpdf/a2.pdf|título=Três episódios de descoberta científica: da caricatura empirista a uma outra história|ultimo=Silveira, Fernando Lang da; Peduzzi Luiz O. Q.|acessodata=25/12/2010}}</ref>
Os avanços teóricos existem quando velhos [[paradigma]]s são postos de lado;<ref name="kuhn2" /> a [[mecânica Newtoniana]] foi suplantada pela [[teoria da relatividade|mecânica relativística]], mas a mecânica Newtoniana é um de seus casos particulares.<ref name="newein">{{citar web|url=http://nautilus.fis.uc.pt/cec/arquivo/Nuno%20Crato/2003/20030118_A_velocidade_da_luz.pdf|título=A velocidade da luz|formato=DOC|acessodata=25-12-2010}}</ref> O conjunto de teorias físicas, dentro de um paradigma, é aceito quando é capaz de realizar previsões corretas, embasados pela experimentação, suplantando outro velho conjunto de teorias físicas que já não é capaz de descrever os novos fenômenos observados.<ref name="kuhn2" /> O [[método científico]] existe para testar as consequências de uma teoria física.<ref name="metcie2">{{citar web|url=http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/23-1/artpdf/a2.pdf|título=Três episódios de descoberta científica: da caricatura empirista a uma outra história|ultimo=Silveira, Fernando Lang da; Peduzzi Luiz O. Q.|acessodata=25-12-2010}}</ref>


A [[física experimental]] está preocupada com a aquisição de dados, seus métodos e conceitualizações detalhados, além da realização de [[Experiência científica|experimentos]] laboratoriais, em contraste com os [[experimento mental|experimentos mentais]]. Está preocupada em obter conhecimentos da Natureza,<ref name="fisexp2">{{citar web|url=http://fisica.uems.br/arquivos/labfis2/IntroFisicaExp.pdf|título=Introdução à física experimental|publicado=Universidade Estadual de Maringá|acessodata=25/12/2010}}</ref> em contraste com a [[física teórica]], que está preocupada em entender como a Natureza se comporta.<ref name="fisexp2" /> Apesar da física experimental e a física teórica terem objetivos distintos, a física experimental depende da física teórica. A maioria dos experimentos elaborados pela física experimental têm o propósito de confirmar ou contradizer as conclusões feitas pela física teórica, que, por sua vez, não pode evoluir sem o conhecimento produzido pela física experimental.<ref name="exp3">{{citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~turtelli/apost1.html|título=Laboratório de física geral e Laboratorial|publicado=Unicamp|acessodata=25/12/2010}}</ref> Experimentos podem ser formulados para fornecerem fatos completamente novos sobre sistemas nunca estudados ou modelados, mas mesmo nestes casos não se pode negar que o ponto de partida é diretamente influenciado pelas teorias e conhecimentos até a corrente data já produzidos.
A [[física experimental]] está preocupada com a aquisição de dados, seus métodos e conceitualizações detalhados, além da realização de [[Experiência científica|experimentos]] laboratoriais, em contraste com os [[experimento mental|experimentos mentais]]. Está preocupada em obter conhecimentos da Natureza,<ref name="fisexp2">{{citar web|url=http://fisica.uems.br/arquivos/labfis2/IntroFisicaExp.pdf|título=Introdução à física experimental|publicado=Universidade Estadual de Maringá|acessodata=25-12-2010}}</ref> em contraste com a [[física teórica]], que está preocupada em entender como a Natureza se comporta.<ref name="fisexp2" /> Apesar da física experimental e a física teórica terem objetivos distintos, a física experimental depende da física teórica. A maioria dos experimentos elaborados pela física experimental têm o propósito de confirmar ou contradizer as conclusões feitas pela física teórica, que, por sua vez, não pode evoluir sem o conhecimento produzido pela física experimental.<ref name="exp3">{{citar web|url=http://www.ifi.unicamp.br/~turtelli/apost1.html|título=Laboratório de física geral e Laboratorial|publicado=Unicamp|acessodata=25-12-2010}}</ref> Experimentos podem ser formulados para fornecerem fatos completamente novos sobre sistemas nunca estudados ou modelados, mas mesmo nestes casos não se pode negar que o ponto de partida é diretamente influenciado pelas teorias e conhecimentos até a corrente data já produzidos.


==Filosofia==
==Filosofia==
{{AP|Filosofia da física}}
{{AP|Filosofia da física}}
[[Imagem:Frans Hals - Portret van René Descartes.jpg|thumb|A visão [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] de [[René Descartes]], onde a natureza não passa de "peças de uma máquina" que pode ser compreendida através de sua "desmontagem" influenciou a ciência até o século XX, onde a complexidade a probabilidade começaram a ganhar espaço]]
[[Imagem:Frans Hals - Portret van René Descartes.jpg|thumb|A visão [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] de [[René Descartes]], onde a natureza não passa de "peças de uma máquina" que pode ser compreendida através de sua "desmontagem" influenciou a ciência até o século XX, onde a complexidade a probabilidade começaram a ganhar espaço.]]
Tendo em consideração que a física sempre esteve associada à [[filosofia natural]] desde a [[Idade Antiga|antiguidade]] até o século XVIII, a [[filosofia da física]] pode ser considerada a mais antiga disciplina [[filosofia|filosófica]] da história.<ref name="Hewitt2"/> A reflexão humana sobre o mundo físico precedeu historicamente a [[reflexão (física)|reflexão]] sobre a natureza de nossos próprios [[pensamento]]s e nossas interações sociais com outros [[homo sapiens|seres humanos]].<ref name="sklar">{{Ref-livro|sobrenome=Sklar|nome=Laurence|título=Philosophy of Science|editor=Oxford University Press|publicação=1992|id=0815326998 }}</ref> No entanto, filosofia da física, como disciplina moderna, surge durante o [[Renascimento]] e começa a ser aprofundada durante o [[Iluminismo]], tendo um caráter mais [[epistemologia|epistemológico]] com o avançar dos séculos.<ref name="mora">{{Ref-livro|autor=[[José Ferrater Mora|Mora, José Ferrater]]|título=Dicionário de filosofia (vol. 3 - K - P)|editor=Ariel|páginas=427|id=8434405032}}</ref>
Tendo em consideração que a física sempre esteve associada à [[filosofia natural]] desde a [[Idade Antiga|antiguidade]] até o século XVIII, a [[filosofia da física]] pode ser considerada a mais antiga disciplina [[filosofia|filosófica]] da história.<ref name="Hewitt2"/> A reflexão humana sobre o mundo físico precedeu historicamente a [[reflexão (física)|reflexão]] sobre a natureza de nossos próprios [[pensamento]]s e nossas interações sociais com outros [[homo sapiens|seres humanos]].<ref name="sklar">{{citar livro|sobrenome=Sklar|nome=Laurence|título=Philosophy of Science|editor=Oxford University Press|publicação=1992|id=0815326998 }}</ref> No entanto, filosofia da física, como disciplina moderna, surge durante o [[Renascimento]] e começa a ser aprofundada durante o [[Iluminismo]], tendo um caráter mais [[epistemologia|epistemológico]] com o avançar dos séculos.<ref name="mora">{{citar livro|autor=[[José Ferrater Mora|Mora, José Ferrater]]|título=Dicionário de filosofia (vol. 3 - K - P)|editor=Ariel|páginas=427|id=8434405032}}</ref>


A filosofia natural é debatida desde a antiguidade pré-clássica. As primeiras reflexões vieram sobre discussões de ordem prática acerca da [[mecânica (física)|mecânica]], [[óptica]] e [[astronomia]]. Babilônicos e egípcios eram capazes de prever [[eclipse solar|eclipses solares]] e [[eclipse lunar|lunares]]. Porém, os debates acerca do mundo natural estavam sempre associados a [[geometria]]. Os gregos foram os primeiros a desenvolver uma filosofia natural sem pretensões práticas. [[Tales de Mileto]] é às vezes referido como "pai da ciência", pois recusou-se aceitar explicações sobrenaturais, mitológicas e religiosas para os fenômenos naturais. [[Leucipo de Mileto]] e posteriormente [[Demócrito de Abdera]] desenvolveram o [[atomismo]], onde tudo o que há na natureza é formado por átomos indivisíveis e eternos. Para [[Aristóteles]], as mudanças na natureza podem ser explicadas através de quatro causas: a causa material, aquilo do qual é feita alguma coisa; a causa formal, a coisa em si e o que lhe dá a forma; a causa eficiente, aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge; e a causa final, aquilo para o qual a coisa é feita. Aristóteles foi pioneiro em construir uma teoria altamente coerente e elaborada para a explicação do mundo natural, com base filosófica bem muito bem fundamentada, registrada em seu livro ''[[Física (Aristóteles)|Física]]''. Para ele, os elementos naturais buscavam seu lugar próprio no Universo: a terra buscaria seu centro, onde a Terra está situada, enquanto o fogo tenderia a fugir. Aristóteles também relacionou o movimento como algo provocado por uma força. Embora [[Aristarco de Samos]] tenha defendido o [[heliocentrismo]], o auge da astronomia grega vem com o [[geocentrismo|geocentrista]], [[Ptolemeu|Ptolomeu]] que aperfeiçoou e complexificou a mecânica celeste grega baseada em esferas e [[epiciclo]]s para englobar todos os movimentos dos astros observados, incluindo a [[precessão dos equinócios]].
A filosofia natural é debatida desde a antiguidade pré-clássica. As primeiras reflexões vieram sobre discussões de ordem prática acerca da [[mecânica (física)|mecânica]], [[óptica]] e [[astronomia]]. Babilônicos e egípcios eram capazes de prever [[eclipse solar|eclipses solares]] e [[eclipse lunar|lunares]]. Porém, os debates acerca do mundo natural estavam sempre associados a [[geometria]]. Os gregos foram os primeiros a desenvolver uma filosofia natural sem pretensões práticas. [[Tales de Mileto]] é às vezes referido como "pai da ciência", pois recusou-se aceitar explicações sobrenaturais, mitológicas e religiosas para os fenômenos naturais. [[Leucipo de Mileto]] e posteriormente [[Demócrito de Abdera]] desenvolveram o [[atomismo]], onde tudo o que há na natureza é formado por átomos indivisíveis e eternos. Para [[Aristóteles]], as mudanças na natureza podem ser explicadas através de quatro causas: a causa material, aquilo do qual é feita alguma coisa; a causa formal, a coisa em si e o que lhe dá a forma; a causa eficiente, aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge; e a causa final, aquilo para o qual a coisa é feita. Aristóteles foi pioneiro em construir uma teoria altamente coerente e elaborada para a explicação do mundo natural, com base filosófica bem muito bem fundamentada, registrada em seu livro ''[[Física (Aristóteles)|Física]]''. Para ele, os elementos naturais buscavam seu lugar próprio no Universo: a terra buscaria seu centro, onde a Terra está situada, enquanto o fogo tenderia a fugir. Aristóteles também relacionou o movimento como algo provocado por uma força. Embora [[Aristarco de Samos]] tenha defendido o [[heliocentrismo]], o auge da astronomia grega vem com o [[geocentrismo|geocentrista]], [[Ptolemeu|Ptolomeu]] que aperfeiçoou e complexificou a mecânica celeste grega baseada em esferas e [[epiciclo]]s para englobar todos os movimentos dos astros observados, incluindo a [[precessão dos equinócios]].


Na visão de vários cientistas atuais, as considerações filosóficas sobre a ciência e a física não influenciam diretamente suas atividades ou métodos de trabalho como [[cientista]]s no dia-a-dia,<ref name="filosofia" group="nota"/> mas a filosofia da física envolve uma combinação de assuntos [[conceito|conceituais]], [[Método científico|metodológicos]], [[epistemologia|epistemológicos]] e até mesmo [[Metafísica|metafísicos]].<ref name="sklar" /><ref name="campin">{{Citar jornal|ultimo=Universidade Estadual de Campinas|primeiro= Centro de lógica, Epistemologia e História da ciência,|data=1992|título=Manuscrito|volume=15-16}}</ref> Os filósofos da física colaboram juntamente com os físicos para entenderem os conceitos que empregam em suas pesquisas.<ref name="mora2">{{Ref-livro|sobrenome=Ferrater-Mora|nome=José|título=Dicionário de filosofia (vol. 2 - E - J)|editor=Ariel|páginas=130|id=8434405024}}</ref> Um dos primeiros estudos modernos da filosofia da física foi a reflexão sobre os componentes mais fundamentais do [[Universo]].<ref name="Hewitt2"/> O [[Renascimento]] abalou profundamente as bases filosóficas medievais, fazendo que o ser humano voltasse para si próprio e a busca para uma nova postura diante do mundo precisava de verdades diferentes e de outros modos de reflexão. [[René Descartes]] recusava o pensamento tradicionalista medieval e concebia que o pensador tinha por objetivo construir um sistema filosófico semelhante à [[matemática]].<ref name="descts"/> Surgia o [[paradigma cartesiano]], com um método de investigação do mundo que rejeitava qualquer conhecimento baseado na sensibilidade, apresentando como critério verídico sua argumentação de que todas as coisas que
Na visão de vários cientistas atuais, as considerações filosóficas sobre a ciência e a física não influenciam diretamente suas atividades ou métodos de trabalho como [[cientista]]s no dia-a-dia,<ref name="filosofia" group="nota"/> mas a filosofia da física envolve uma combinação de assuntos [[conceito|conceituais]], [[Método científico|metodológicos]], [[epistemologia|epistemológicos]] e até mesmo [[Metafísica|metafísicos]].<ref name="sklar" /><ref name="campin">{{Citar jornal|ultimo=Universidade Estadual de Campinas|primeiro= Centro de lógica, Epistemologia e História da ciência,|data=1992|título=Manuscrito|volume=15-16}}</ref> Os filósofos da física colaboram juntamente com os físicos para entenderem os conceitos que empregam em suas pesquisas.<ref name="mora2">{{citar livro|sobrenome=Ferrater-Mora|nome=José|título=Dicionário de filosofia (vol. 2 - E - J)|editor=Ariel|páginas=130|id=8434405024}}</ref> Um dos primeiros estudos modernos da filosofia da física foi a reflexão sobre os componentes mais fundamentais do [[Universo]].<ref name="Hewitt2"/> O [[Renascimento]] abalou profundamente as bases filosóficas medievais, fazendo que o ser humano voltasse para si próprio e a busca para uma nova postura diante do mundo precisava de verdades diferentes e de outros modos de reflexão. [[René Descartes]] recusava o pensamento tradicionalista medieval e concebia que o pensador tinha por objetivo construir um sistema filosófico semelhante à [[matemática]].<ref name="descts"/> Surgia o paradigma cartesiano, com um método de investigação do mundo que rejeitava qualquer conhecimento baseado na sensibilidade, apresentando como critério verídico sua argumentação de que todas as coisas que concebemos são verdadeiras e, portanto, não passíveis de serem contestadas.<ref name="descts">{{Citar jornal|url=http://www.facenf.uerj.br/v14n4/v14n4a19.pdf|título=Pensameto complexo: um olhar em busca da solidariedade humana nos sistemas de saúde e educação|autor=Silva, Laura Cristina da; Terra, Marlene Gomes ; Camponogara, Silviamar; Erdmann, Alacoque Lorenzini|data=out–dez 2006|jornal=Revista de Enfermagem da UERJ|editora=Universidade Estadual do Rio de Janeiro|número=4|volume=14|páginas=613-9}}</ref>
concebemos são verdadeiras e, portanto, não passíveis de serem contestadas.<ref name="descts">{{Citar jornal|url=http://www.facenf.uerj.br/v14n4/v14n4a19.pdf|título=Pensameto complexo: um olhar em busca da solidariedade humana nos sistemas de saúde e educação|autor=Silva, Laura Cristina da; Terra, Marlene Gomes ; Camponogara, Silviamar; Erdmann, Alacoque Lorenzini|data=out/dez 2006|jornal=Revista de Enfermagem da UERJ|editora=Universidade Estadual do Rio de Janeiro|número=4|volume=14|páginas=613-9|formato=PDF}}</ref>


Emerge deste pensamento, dessa mentalidade [[Reducionismo|reducionista]] e [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] do Universo levou o ser humano a uma visão fragmentada da verdade, tendo como consequência a quebra da ciência nas várias especialidades, o [[determinismo|determinismo científico]],<ref name="descts"/> onde tudo que existe não passa de partículas e que os movimentos dessas partículas são para sempre determinados quando se mensuram as posições e as velocidades de todas as partículas no momento atual. Em outras palavras, conhecendo-se as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante, poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.<ref name="det">{{Ref-livro|sobrenome=Resende|nome=João Afonso|título=O determinismo científico|editor=Universidade Federal de Minas Gerais|publicação=1973}}</ref> Esta forma de pensar liga-se diretamente ao reducionismo. Segundo essa linha de pensamento, é possível escrever [[lei (ciência)|leis]] básicas que descrevem completamente o comportamento do Universo. Nestes termos, todo o conhecimento pode ser reduzido a essas leis básicas. Por exemplo, tem-se que todos os [[fenômeno químico|fenômenos químicos]] possam ser deduzidos da [[mecânica quântica]] se o número de cálculos envolvidos for viável. O principal objetivo da física seria então encontrar essas leis básicas que regem o Universo. O reducionismo coloca a física na posição de ciência a mais básica de todas pois, a partir dela, seria possível, em princípio, chegar-se ao mesmo conhecimento produzido em todas as outras.<ref name="red">{{citar web|url=http://www.if.ufrj.br/~carlos/documentos/PCNdoB.pdf|título=Física no Ensino Médio|autor=Aguiar, Carlos Eduardo M de; Gama, Eduardo A.; Costa, Sandro Monteiro|obra=Ciências da Natureza e Matemática|formato=PDF|acessodata=21/07/2011}}</ref> Isso não implica o descarte das demais, pois essas tratariam com as suas próprias metodologias os fenômenos naturais mais complexos, consolidando-se em áreas que, por questões práticas, estariam fora do alcance da física.
Emerge deste pensamento, dessa mentalidade [[Reducionismo|reducionista]] e [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] do Universo levou o ser humano a uma visão fragmentada da verdade, tendo como consequência a quebra da ciência nas várias especialidades, o [[determinismo|determinismo científico]],<ref name="descts"/> onde tudo que existe não passa de partículas e que os movimentos dessas partículas são para sempre determinados quando se mensuram as posições e as velocidades de todas as partículas no momento atual. Em outras palavras, conhecendo-se as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante, poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.<ref name="det">{{citar livro|sobrenome=Resende|nome=João Afonso|título=O determinismo científico|editor=Universidade Federal de Minas Gerais|publicação=1973}}</ref> Esta forma de pensar liga-se diretamente ao reducionismo. Segundo essa linha de pensamento, é possível escrever [[lei (ciência)|leis]] básicas que descrevem completamente o comportamento do Universo. Nestes termos, todo o conhecimento pode ser reduzido a essas leis básicas. Por exemplo, tem-se que todos os [[fenômeno químico|fenômenos químicos]] possam ser deduzidos da [[mecânica quântica]] se o número de cálculos envolvidos for viável. O principal objetivo da física seria então encontrar essas leis básicas que regem o Universo. O reducionismo coloca a física na posição de ciência a mais básica de todas pois, a partir dela, seria possível, em princípio, chegar-se ao mesmo conhecimento produzido em todas as outras.<ref name="red">{{citar web|url=http://www.if.ufrj.br/~carlos/documentos/PCNdoB.pdf|título=Física no Ensino Médio|autor=Aguiar, Carlos Eduardo M de; Gama, Eduardo A.; Costa, Sandro Monteiro|obra=Ciências da Natureza e Matemática|acessodata=21-07-2011}}</ref> Isso não implica o descarte das demais, pois essas tratariam com as suas próprias metodologias os fenômenos naturais mais complexos, consolidando-se em áreas que, por questões práticas, estariam fora do alcance da física.


[[Imagem:Kepler-solar-system-1.png|left|thumb|Diagrama do [[Sistema Solar]] [[heliocentrismo|heliocêntrico]] imaginado por [[Johannes Kepler]]. O sistema solar seria inicialmente para Kepler perfeito como os [[sólido platónico|sólidos de Platão]]. Anos mais tarde Kepler concluiu que as órbitas planetárias deveriam ser [[elipse|elípticas]], contrariando o seu próprio pensamento inicial]]
[[Imagem:Kepler-solar-system-1.png|left|thumb|Diagrama do [[Sistema Solar]] [[heliocentrismo|heliocêntrico]] imaginado por [[Johannes Kepler]]. O sistema solar seria inicialmente para Kepler perfeito como os [[sólido platónico|sólidos de Platão]]. Anos mais tarde Kepler concluiu que as órbitas planetárias deveriam ser [[elipse|elípticas]], contrariando o seu próprio pensamento inicial.]]
A crise científica no início do [[século XX]], causada pelos seus próprios progressos, abalou o paradigma reducionista-mecanicista cartesiano. O surgimento da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]] e outras áreas da [[física moderna]] redefiniu conceitos como ordem, [[posição]], [[tempo]], [[espaço físico|espaço]], momento, continuidade e separabilidade, [[referencial]] e localidade.<ref name="descts"/> Os métodos reducionistas já não são compatíveis com novas formas da lógica e a [[complexidade]] surge em primeiro plano. O [[teoria do caos|caos]], a complexidade, a [[probabilidade]] e a [[incerteza]] passaram a integrar uma nova forma da percepção da [[realidade]].<ref name="descts"/>
A crise científica no início do [[século XX]], causada pelos seus próprios progressos, abalou o paradigma reducionista-mecanicista cartesiano. O surgimento da [[teoria da relatividade|relatividade]] e da [[mecânica quântica]] e outras áreas da [[física moderna]] redefiniu conceitos como ordem, [[posição]], [[tempo]], [[espaço físico|espaço]], momento, continuidade e separabilidade, [[referencial]] e localidade.<ref name="descts"/> Os métodos reducionistas já não são compatíveis com novas formas da lógica e a [[complexidade]] surge em primeiro plano. O [[teoria do caos|caos]], a complexidade, a [[probabilidade]] e a [[incerteza]] passaram a integrar uma nova forma da percepção da [[realidade]].<ref name="descts"/>


Com a física em posição de ciência mais fundamental, certas questões [[metafísica]]s, como especulações sobre o [[tempo]], a existência e as origens do Universo, entre outras, deveriam ser enviadas à física para se obter respostas segundo os moldes dessa ciência. Nestes termos, seja qual for a resposta que a física apresente para conceitos como tempo, [[Causalidade|causa]] e [[wikt:pt:ação|ação]], ou mesmo identidade, estas deveriam ser consideradas em princípio corretas.<ref name="tend">{{Ref-livro|sobrenome=Marques, Gil da Costa; Silva, Antônio José Roque da; Dias, Helio; Novaes, Sérgio F.|título=física: Tendências e Perssptivas|páginas=69|id=8588325489}}</ref> Entretanto, se as noções tradicionais metafísicas entrarem em confronto com uma física bem enraizada, então essas noções metafísicas deixariam de ter significado ou dever-se-ia questionar a validade dos conhecimentos sobre o mundo físico providos pela física. Para isso, filósofos da física têm se esforçado para investigar qualquer confronto possível entre a Metafísica e a física.<ref name="sklar" />
Com a física em posição de ciência mais fundamental, certas questões [[metafísica]]s, como especulações sobre o [[tempo]], a existência e as origens do Universo, entre outras, deveriam ser enviadas à física para se obter respostas segundo os moldes dessa ciência. Nestes termos, seja qual for a resposta que a física apresente para conceitos como tempo, [[Causalidade|causa]] e [[wikt:pt:ação|ação]], ou mesmo identidade, estas deveriam ser consideradas em princípio corretas.<ref name="tend">{{citar livro|sobrenome=Marques, Gil da Costa; Silva, Antônio José Roque da; Dias, Helio; Novaes, Sérgio F.|título=física: Tendências e Perssptivas|páginas=69|id=8588325489}}</ref> Entretanto, se as noções tradicionais metafísicas entrarem em confronto com uma física bem enraizada, então essas noções metafísicas deixariam de ter significado ou dever-se-ia questionar a validade dos conhecimentos sobre o mundo físico providos pela física. Para isso, filósofos da física têm se esforçado para investigar qualquer confronto possível entre a Metafísica e a física.<ref name="sklar" />


A física tem sido considerada historicamente o modelo de ciência para todas as outras ciências, naturais ou não, tanto por filósofos quanto por cientistas.<ref name="Hewitt3">{{Ref-livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|edição=9ª edição|publicação=2002|páginas=222|id=853630040X}}</ref> Por exemplo, a [[Sociologia]], ainda nos seus primórdios com [[Auguste Comte]], na primeira metade do século XIX, era chamada de física Social.<ref name="cultbra">{{citar web|url=http://www.culturabrasil.pro.br/oquee.htm|título=O que é Sociologia?|obra=Cultura.pro.br|acessodata=19/12/2010}}</ref><ref name="socio">{{Ref-livro|sobrenome=Martins|nome=Carlos Benedito|título=O Que é Sociologia?|editor=Brasiliense|edição=38ª ed.|publicação=1994|páginas=16|id=8511010572}}</ref> Dentro da construção do [[senso comum]], a física detém os melhores métodos que a ciência pode conceber.<ref name="sklar" /> Mas também é argumentável que a física tem os seus próprios métodos, diferentes daqueles de outras ciências, e particularmente aplicáveis à própria disciplina e incomparáveis a outras. Mesmo dentro da física, os métodos podem variar e serem incomparáveis.<ref>{{Ref-livro|sobrenome=Rocha Filho|nome=João Bernardes|título=física e Psicologia|páginas=25|id=8574306649}}</ref>
A física tem sido considerada historicamente o modelo de ciência para todas as outras ciências, naturais ou não, tanto por filósofos quanto por cientistas.<ref name="Hewitt3">{{citar livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|edição=9ª |publicação=2002|páginas=222|id=853630040X}}</ref> Por exemplo, a [[Sociologia]], ainda nos seus primórdios com [[Auguste Comte]], na primeira metade do século XIX, era chamada de física Social.<ref name="cultbra">{{citar web|url=http://www.culturabrasil.pro.br/oquee.htm|título=O que é Sociologia?|obra=Cultura.pro.br|acessodata=19-12-2010}}</ref><ref name="socio">{{citar livro|sobrenome=Martins|nome=Carlos Benedito|título=O Que é Sociologia?|editor=Brasiliense|edição=38ª |publicação=1994|páginas=16|id=8511010572}}</ref> Dentro da construção do [[senso comum]], a física detém os melhores métodos que a ciência pode conceber.<ref name="sklar" /> Mas também é argumentável que a física tem os seus próprios métodos, diferentes daqueles de outras ciências, e particularmente aplicáveis à própria disciplina e incomparáveis a outras. Mesmo dentro da física, os métodos podem variar e serem incomparáveis.<ref>{{citar livro|sobrenome=Rocha Filho|nome=João Bernardes|título=física e Psicologia|páginas=25|id=8574306649}}</ref>


Esta ciência ocupa uma posição privilegiada dentre as ciências, já que lida com os mais arraigados conceitos cotidianos. O próprio conceito de cotidiano já foi várias vezes abalado com as mudanças de [[paradigma]] da física. Por exemplo, a [[heliocentrismo|revolução copernicana]], trazendo o [[heliocentrismo]] ao primeiro plano, quebrando o paradigma [[geocentrismo|geocentrista]] defendido pela [[Igreja Católica]] na [[Idade Média]], a unificação da física dos Céus e da Terra com a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]] de Newton, a unificação dos conhecimentos de [[eletricidade]] e [[magnetismo]] por [[James Clerk Maxwell|Maxwell]]. As [[viagem no tempo|viagens no tempo]] e os [[buraco negro|buracos negros]] começaram a ganhar espaço dentro do imaginário a partir da [[relatividade geral]] de [[Albert Einstein]].<ref name="sklar" /><ref name="witt">{{Ref-livro|sobrenome=[[Ludwig Wittgenstein|Wittgenstein, Ludwig]]; Rhees, Rush|título=Philosophical remarks|editor=University of Chicago Press|páginas=67|id=0226904318|língua=Inglês}}</ref>
Esta ciência ocupa uma posição privilegiada dentre as ciências, já que lida com os mais arraigados conceitos cotidianos. O próprio conceito de cotidiano já foi várias vezes abalado com as mudanças de [[paradigma]] da física. Por exemplo, a [[heliocentrismo|revolução copernicana]], trazendo o [[heliocentrismo]] ao primeiro plano, quebrando o paradigma [[geocentrismo|geocentrista]] defendido pela [[Igreja Católica]] na [[Idade Média]], a unificação da física dos Céus e da Terra com a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]] de Newton, a unificação dos conhecimentos de [[eletricidade]] e [[magnetismo]] por [[James Clerk Maxwell|Maxwell]]. As [[viagem no tempo|viagens no tempo]] e os [[buraco negro|buracos negros]] começaram a ganhar espaço dentro do imaginário a partir da [[relatividade geral]] de [[Albert Einstein]].<ref name="sklar" /><ref name="witt">{{citar livro|sobrenome=[[Ludwig Wittgenstein|Wittgenstein, Ludwig]]; Rhees, Rush|título=Philosophical remarks|editor=University of Chicago Press|páginas=67|id=0226904318|língua=Inglês}}</ref>


=== Física, lógica e matemática ===
=== Física, lógica e matemática ===
{{AP|Lógica|Matemática}}
{{AP|Lógica|Matemática}}
[[Imagem:Physics Coordinates.svg|thumb|Representação de vetores em [[sistema de coordenadas cartesiano|coordenadas cartesianas]], [[coordenadas cilíndricas|cilíndricas]] e [[sistema esférico de coordenadas|esféricas]]. A física utiliza a linguagem matemática para se expressar]]
[[Imagem:Physics Coordinates.svg|thumb|Representação de vetores em [[sistema de coordenadas cartesiano|coordenadas cartesianas]], [[coordenadas cilíndricas|cilíndricas]] e [[sistema esférico de coordenadas|esféricas]]. A física utiliza a linguagem matemática para se expressar.]]


A física tem o apoio da [[lógica]], pilar central do conhecimento humano para a sua fundamentação, estruturação e expressão. Está ligada ao pensamento humano e distingue interferências e argumentos falsos e verdadeiros. É basicamente um conjunto de regras rígidas para que argumentações e conclusões pudessem ser aceitas como logicamente válidas. O uso da lógica leva a um raciocínio baseado em premissas e conclusões. Tem sido binária, pois aceita duas assunções, falso ou verdadeiro e nega a existência da simultaneidade de conclusões, como por exemplo, conclusões que ao mesmo tempo são parcialmente verdadeiras e parcialmente falsas.<ref>{{Citar web|url=http://afilosofia.no.sapo.pt/pag2Def.htm|título=Evolução e História da lógica|autor=Fontes, Carlos|obra=sapo.pt|acessodata=14/7/11}}</ref> Tal conclusão e suas leis da identidade (X deve ser X), da impossibilidade da [[contradição]] (X nunca é Y), e da exclusão do terceiro elemento (X deve ser X e, portanto, nunca deverá ser Y) abordam todas as possibilidades e são a base do pensamento lógico. Define as leis ideais do pensamento e estabelece as regras do pensamento correto, sendo uma arte de pensar. E como o [[raciocínio]] é a atividade intelectual que leva a todas as outras atividades humanas, define-se a lógica como a ciência do raciocínio correto. Para tanto, a lógica é necessária para tornar o pensamento humano mais eficaz e ajuda-o a justificar suas atividades recorrendo aos princípios que baseiam a sua legitimidade. A lógica é arte, ciência que nos guia ordenadamente, facilmente e sem erros, dentro dos princípios da razão.<ref>{{Citar web|url=http://www.absolutamente.net/fil/trabs/logica/anexos.htm|título=Pensamento e Linguagem|obra=absolutamente.net|acessodata=14/7/11}}</ref>
A física tem o apoio da [[lógica]], pilar central do conhecimento humano para a sua fundamentação, estruturação e expressão. Está ligada ao pensamento humano e distingue interferências e argumentos falsos e verdadeiros. É basicamente um conjunto de regras rígidas para que argumentações e conclusões pudessem ser aceitas como logicamente válidas. O uso da lógica leva a um raciocínio baseado em premissas e conclusões. Tem sido binária, pois aceita duas assunções, falso ou verdadeiro e nega a existência da simultaneidade de conclusões, como por exemplo, conclusões que ao mesmo tempo são parcialmente verdadeiras e parcialmente falsas.<ref>{{Citar web|url=http://afilosofia.no.sapo.pt/pag2Def.htm|título=Evolução e História da lógica|autor=Fontes, Carlos|obra=sapo.pt|acessodata=14/7/11|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120119102023/http://afilosofia.no.sapo.pt/pag2Def.htm|arquivodata=2012-01-19|urlmorta=yes}}</ref> Tal conclusão e suas leis da identidade (X deve ser X), da impossibilidade da [[contradição]] (X nunca é Y), e da exclusão do terceiro elemento (X deve ser X e, portanto, nunca deverá ser Y) abordam todas as possibilidades e são a base do pensamento lógico. Define as leis ideais do pensamento e estabelece as regras do pensamento correto, sendo uma arte de pensar. E como o [[raciocínio]] é a atividade intelectual que leva a todas as outras atividades humanas, define-se a lógica como a ciência do raciocínio correto. Para tanto, a lógica é necessária para tornar o pensamento humano mais eficaz e ajuda-o a justificar suas atividades recorrendo aos princípios que baseiam a sua legitimidade. A lógica é arte, ciência que nos guia ordenadamente, facilmente e sem erros, dentro dos princípios da razão.<ref>{{Citar web|url=http://www.absolutamente.net/fil/trabs/logica/anexos.htm|título=Pensamento e Linguagem|obra=absolutamente.net|acessodata=14/7/11}}</ref>


A [[lógica#lógica matemática|lógica matemática]] oferece ao conhecimento humano a capacidade de esclarecer e de argumentar [[conceito]]s. Em outras palavras, permite adquirir e transmitir certezas com o propósito da validação de certas afirmações partindo-se do reconhecimento da validação de outras argumentações que são geralmente mais simples. Essa capacidade de esclarecer conceitos, apresentar definições e de argumentá-los através da exibição de [[Prova matemática|demonstrações]] são a base do raciocínio matemático e da própria [[matemática]] e que, por sua vez, oferece o suporte lógico para os conceitos físicos.<ref>{{Citar web|url=http://www.ptmat.fc.ul.pt/~armac/Reanimat/PDF/LogicMax.pdf|título=Introdução à lógica matemática|autor=Machado, Armando|obra=Departamento de matemática, Faculdade de ciências, Universidade de Lisboa|data=2002|acessodata=14/7/11|formato=PDF}}</ref>
A [[lógica#lógica matemática|lógica matemática]] oferece ao conhecimento humano a capacidade de esclarecer e de argumentar [[conceito]]s. Em outras palavras, permite adquirir e transmitir certezas com o propósito da validação de certas afirmações partindo-se do reconhecimento da validação de outras argumentações que são geralmente mais simples. Essa capacidade de esclarecer conceitos, apresentar definições e de argumentá-los através da exibição de [[Prova matemática|demonstrações]] são a base do raciocínio matemático e da própria [[matemática]] e que, por sua vez, oferece o suporte lógico para os conceitos físicos.<ref>{{Citar web|url=http://www.ptmat.fc.ul.pt/~armac/Reanimat/PDF/LogicMax.pdf|título=Introdução à lógica matemática|autor=Machado, Armando|obra=Departamento de matemática, Faculdade de ciências, Universidade de Lisboa|data=2002|acessodata=14/7/11}}</ref>
A [[Natureza]] pode ser entendida por meio de ferramentas [[matemática]]s.<ref name="fismat3">{{citar web|url=http://www.educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/fisica-matematica.htm|título=A física e a matemática|ultimo=Silva, Marco Aurélio da|publicado=Brasil Escola|acessodata=25/12/2010}}</ref><ref>{{Citar web|título=A matemática e a Natureza|url= http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm203/intro2.htm|obra=Universidade de Lisboa|acessodata=16/7/11}}</ref> As noções de números e outras estruturas matemáticas não precisam da física para serem justificadas.<ref name="estfismat">{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n6/v3n6a07.pdf|título=A noção de estrutura em matemática e física|ultimo=Abe, Jair Minoro|publicado=Scielo|acessodata=25/12/2010}}</ref> Entretanto, novas afirmações matemáticas podem ser usadas, muito tempo mais tarde, para descrever um fenómeno físico. Os [[número complexo|números complexos]], que são uma das bases da mecânica quântica, já tinham sido pensados no século XVI.<ref name="complx">{{citar web|url=http://www.ime.usp.br/~martha/caem/complexos.pdf|título=História dos Números Complexos|ultimo=Cerri, Cristina; Monteiro, Martha S. |data=09/2001|publicado=Instituto de matemática e Estatística da USP|formato=PDF|acessodata=25/12/2010}}</ref> No entanto, a matemática é mais do que uma ferramenta da física, é a sua própria linguagem.<ref name="fismat3" />
A [[Natureza]] pode ser entendida por meio de ferramentas [[matemática]]s.<ref name="fismat3">{{citar web|url=http://www.educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/fisica-matematica.htm|título=A física e a matemática|ultimo=Silva, Marco Aurélio da|publicado=Brasil Escola|acessodata=25-12-2010}}</ref><ref>{{Citar web|título=A matemática e a Natureza|url= http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm203/intro2.htm|obra=Universidade de Lisboa|acessodata=16/7/11}}</ref> As noções de números e outras estruturas matemáticas não precisam da física para serem justificadas.<ref name="estfismat">{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n6/v3n6a07.pdf|título=A noção de estrutura em matemática e física|ultimo=Abe, Jair Minoro|publicado=Scielo|acessodata=25-12-2010}}</ref> Entretanto, novas afirmações matemáticas podem ser usadas, muito tempo mais tarde, para descrever um fenómeno físico. Os [[número complexo|números complexos]], que são uma das bases da mecânica quântica, já tinham sido pensados no século XVI.<ref name="complx">{{citar web|url=http://www.ime.usp.br/~martha/caem/complexos.pdf|título=História dos Números Complexos|ultimo=Cerri, Cristina; Monteiro, Martha S. |data=setembro 2001|publicado=Instituto de matemática e Estatística da USP|acessodata=25-12-2010}}</ref> No entanto, a matemática é mais do que uma ferramenta da física, é a sua própria linguagem.<ref name="fismat3" />


O próprio desenvolvimento da física está intimamente ligado com o desenvolvimento da matemática,<ref name="desmat">{{citar web|url=http://www.fae.unicamp.br/zetetike/include/getdoc.php|título=O lógico-histórico da álgebra não simbólica e da álgebra simbólica: dois olhares diferentes|ultimo=Moura, Anna Regina Lanner de; Sousa, Maria do Carmo de |publicado=Unicamp|acessodata=25/12/2010}}</ref> sendo a recíproca também certamente verdadeira.<ref name="fismat3" /> Desde que os chamados "[[Calculatores de Merton College]]", no século XIV, começaram a descrever a [[cinemática]] utilizando a matemática,<ref name="calculadores">{{Ref-livro|sobrenome=Kenny|nome=Anthony John Patrick |título=Uma nova história da filosofia ocidental: filosofia medieval|editor=Oxford University Press|páginas=120|id=0198752741}}</ref> passando por [[Johannes Kepler]]<ref name="kepl">{{citar web|url=http://www.zenite.nu/14/0914.php|título=Johannes Kepler|publicado=zenite.nu|acessodata=25/12/2010}}</ref> e por Galileu Galilei,<ref name="fismat3" /> esta "simbiose" ocorre. [[Isaac Newton]] necessitava de um aparato matemático para dar apoio aos seus estudos em física, e em função desta necessidade, foi um dos criadores do [[Cálculo]], disciplina com inegável relevância na matemática e na física, juntamente com [[Gottfried Leibniz]].<ref name="fismat3" />
O próprio desenvolvimento da física está intimamente ligado com o desenvolvimento da matemática,<ref name="desmat">{{citar web|url=http://www.fae.unicamp.br/zetetike/include/getdoc.php|título=O lógico-histórico da álgebra não simbólica e da álgebra simbólica: dois olhares diferentes|ultimo=Moura, Anna Regina Lanner de; Sousa, Maria do Carmo de |publicado=Unicamp|acessodata=25-12-2010}}</ref> sendo a recíproca também certamente verdadeira.<ref name="fismat3" /> Desde que os chamados "[[Calculatores de Merton College]]", no século XIV, começaram a descrever a [[cinemática]] utilizando a matemática,<ref name="calculadores">{{citar livro|sobrenome=Kenny|nome=Anthony John Patrick |título=Uma nova história da filosofia ocidental: filosofia medieval|editor=Oxford University Press|páginas=120|id=0198752741}}</ref> passando por [[Johannes Kepler]]<ref name="kepl">{{citar web|url=http://www.zenite.nu/14/0914.php|título=Johannes Kepler|publicado=zenite.nu|acessodata=25-12-2010}}</ref> e por Galileu Galilei,<ref name="fismat3" /> esta "simbiose" ocorre. [[Isaac Newton]] necessitava de um aparato matemático para dar apoio aos seus estudos em física, e em função desta necessidade, foi um dos criadores do [[Cálculo]], disciplina com inegável relevância na matemática e na física, juntamente com [[Gottfried Leibniz]].<ref name="fismat3" />


=== Método científico e epistemologia===
=== Método científico e epistemologia===
{{AP|Método científico|Epistemologia{{!}}Epistemologia da ciência}}
{{AP|Método científico|Epistemologia{{!}}Epistemologia da ciência}}
[[Imagem:Metodo cientifico.svg|thumb|Esquema representando o método científico]]
[[Imagem:Metodo cientifico.svg|thumb|Esquema representando o método científico.]]
Os cientistas em física usam o [[método científico]], um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido,<ref name="mtdcien"/> para validar uma [[teoria]], usando uma aproximação metodológica para comparar as implicações da teoria com as conclusões obtidas de [[experimentação|experimentos]] e [[observação|observações]] especialmente conduzidas para testar a teoria.<ref group="nota" name="teoria"/> Os experimentos e observações são feitos em princípio com propósito pré-definido, para se coletar e se comparar os dados obtidos por estes com as [[wikt:pt:previsão|previsões]] e [[tese]]s feitos por um físico teórico, assim ajudando na validade ou não de uma teoria.<ref name="Hewitt4">{{Ref-livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|editor=Bookman|edição=9ª ed.|publicação=2002|páginas=9|id= 853630040X }}</ref><ref group="nota" name="experimento"/>
Os cientistas em física usam o [[método científico]], um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido,<ref name="mtdcien"/> para validar uma [[teoria]], usando uma aproximação metodológica para comparar as implicações da teoria com as conclusões obtidas de [[experimentação|experimentos]] e [[observação|observações]] especialmente conduzidas para testar a teoria.<ref group="nota" name="teoria"/> Os experimentos e observações são feitos em princípio com propósito pré-definido, para se coletar e se comparar os dados obtidos por estes com as [[wikt:pt:previsão|previsões]] e [[tese]]s feitos por um físico teórico, assim ajudando na validade ou não de uma teoria.<ref name="Hewitt4">{{citar livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|editor=Bookman|edição=9ª |publicação=2002|páginas=9|id= 853630040X }}</ref><ref group="nota" name="experimento"/>


Para um cientista moderno, o método de trabalho que ele emprega geralmente apresenta-se bem definido e claro.<ref group="nota" name="metodo"/> Nesta visão, o método científico apresenta passos bem delineados e objetivos. A [[observação]] e a [[experimentação]] são o ponto de partida e o mais importante teste para a formulação das leis naturais. A [[abstração]] é o primeiro passo para a compreensão de um fenômeno natural, concentrando-se em seus aspectos mais importantes. Assim que se atinge o estágio durante o desenvolvimento de [[conceito]]s e [[modelo científico|modelos]], pode-se procurar através do processo [[indução|indutivo]], a formulação das leis fenomenológicas obtidas diretamente dos fenômenos que foram observados e apresentá-los de forma sintética possível. Decorre então a formulação de leis de teorias físicas, que deve ser capaz de reduzir numerosos fenômenos naturais em um pequeno número de leis simples, que devem ter a natureza preditiva, ou seja, a partir das leis básicas deve ser possível prever fenômenos novos que possam ser comparados com a experiência. Finalmente, determina-se o domínio de sua validade.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física Básica|autor=[[Herch Moysés Nussenzveig|Nussenzveig, Herch Moysés]]|volume=1 - mecânica|editora=Blücher|data=1988|edição=2ª|páginas=5-10}}</ref>
Para um cientista moderno, o método de trabalho que ele emprega geralmente apresenta-se bem definido e claro.<ref group="nota" name="metodo"/> Nesta visão, o método científico apresenta passos bem delineados e objetivos. A [[observação]] e a [[experimentação]] são o ponto de partida e o mais importante teste para a formulação das leis naturais. A [[abstração]] é o primeiro passo para a compreensão de um fenômeno natural, concentrando-se em seus aspectos mais importantes. Assim que se atinge o estágio durante o desenvolvimento de [[conceito]]s e [[modelo científico|modelos]], pode-se procurar através do [[Método indutivo|processo indutivo]], a formulação das leis fenomenológicas obtidas diretamente dos fenômenos que foram observados e apresentá-los de forma sintética possível. Decorre então a formulação de leis de teorias físicas, que deve ser capaz de reduzir numerosos fenômenos naturais em um pequeno número de leis simples, que devem ter a natureza preditiva, ou seja, a partir das leis básicas deve ser possível prever fenômenos novos que possam ser comparados com a experiência. Finalmente, determina-se o domínio de sua validade.<ref>{{Citar livro|título=Curso de física Básica|autor=[[Herch Moysés Nussenzveig|Nussenzveig, Herch Moysés]]|volume=1 - mecânica|editora=Blücher|data=1988|edição=2ª|páginas=5-10}}</ref>


Entretanto, a natureza do método científico também é motivo para vários debates filosóficos. Vários filósofos apoiam a ideia da inexistência de um único método científico "inscrito em pedra",<ref name="Paiva">{{Ref-livro|sobrenome=Paiva|nome=Rita de Cássia Souza|título=Gaston Bachelard: a imaginação, na ciência, na poética e na sociologia|páginas=68|id=857419512X}}</ref> e até mesmo a sua inexistência.<ref name="Popper4">{{Ref-livro|autor=[[Karl Popper|Popper, Karl]]|título=O realismo e o objetivo da ciência|capítulo=Prefácio: Acerca da inexistência do método científico|id=8513009016}}</ref> Portanto, se opõem a qualquer tentativa de estruturação do método científico, que inclui a enumeração rígida dos passos, visto frequentemente na educação de ciências.<ref name="method">{{citar web|url=http://digitalcommons.liberty.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1010&context=educ_fac_pubs|título=The Scientific Method Is Still Useful?|ultimo=Watson|primeiro=Scott|data=1/11/2004|lingua=Inglês|acessodata=20/12/2010}}</ref> Alguns filósofos, como Karl Popper, negam a existência do método científico elaborado; para Popper existe apenas um método universal, a tentativa e [[erro]],<ref name="Popper4" /> embora para os defensores do método científico moderno a tentativa e erro fazem parte de sua definição.
Entretanto, a natureza do método científico também é motivo para vários debates filosóficos. Vários filósofos apoiam a ideia da inexistência de um único método científico "inscrito em pedra",<ref name="Paiva">{{citar livro|sobrenome=Paiva|nome=Rita de Cássia Souza|título=Gaston Bachelard: a imaginação, na ciência, na poética e na sociologia|páginas=68|id=857419512X}}</ref> e até mesmo a sua inexistência.<ref name="Popper4">{{citar livro|autor=[[Karl Popper|Popper, Karl]]|título=O realismo e o objetivo da ciência|capítulo=Prefácio: Acerca da inexistência do método científico|id=8513009016}}</ref> Portanto, se opõem a qualquer tentativa de estruturação do método científico, que inclui a enumeração rígida dos passos, visto frequentemente na educação de ciências.<ref name="method">{{citar web|url=http://digitalcommons.liberty.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1010&context=educ_fac_pubs|título=The Scientific Method Is Still Useful?|ultimo=Watson|primeiro=Scott|data=1-11-2004|lingua=Inglês|acessodata=20-12-2010}}</ref> Alguns filósofos, como Karl Popper, negam a existência do método científico elaborado; para Popper existe apenas um método universal, a tentativa e [[erro]],<ref name="Popper4" /> embora para os defensores do método científico moderno a tentativa e erro fazem parte de sua definição.


[[Imagem:Karl Popper.jpg|thumb|left|160px|[[Karl Popper]], filósofo e epistemólogo da ciência]]
[[Imagem:Karl Popper.jpg|thumb|left|160px|[[Karl Popper]], filósofo e epistemólogo da ciência.]]
As hipóteses integrantes de uma teoria que são suportadas por dados confiáveis, geralmente de natureza abrangente e que suportam as várias tentativas de [[falseabilidade]], segundo [[Karl Popper]],<ref name="Popper">{{Ref-livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=49|id=853160236X}}</ref> são chamadas de [[lei (ciência)|leis científicas]] ou leis naturais. naturalmente, todas as teorias, inclusive aquelas integradas por leis naturais, bem como estas mesmas, podem ser modificadas ou substituídas por outras mais precisas, quando uma [[anomalia (física)|anomalia]] que falsifica a teoria for encontrada.<ref name="Popper2">{{Ref-livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=37|id=853160236X}}</ref> Entretanto, isto não é absolutamente linear. Uma teoria ou um conjunto de teorias podem ser mantidos mesmo que haja anomalias que os invalidem. Segundo [[Imre Lakatos]], um conjunto de teorias, que é chamado por ele de "[[programa de pesquisa|programas de pesquisa]]", é mantido mesmo com várias anomalias.<ref name="lakatos"/> Para que o programa de pesquisa se mantenha, tais anomalias são "encaixadas" em um "cinturão protetor" de hipóteses e teses, que podem ser modificados conforme o advento das anomalias encontradas pela [[física experimental]], embora o "núcleo central", ou seja, a tese básica do programa de pesquisa, deve ser mantida integralmente.<ref name="lakatos"/> Um programa de pesquisa é superado apenas quando o cinturão protetor já não é capaz de suportar novas anomalias. Para Lakatos, a substituição de programas de pesquisa coincide com revoluções na [[história da ciência]]. Os programas de pesquisa vencedores podem englobar ou não programas de pesquisa superados.<ref name="lakatos"/> A evolução dos "programas de pesquisa" de Lakatos é semelhante à tese de revoluções científicas associadas a mudanças de [[paradigma]], defendida por [[Thomas Kuhn]], como base do desenvolvimento da ciência.<ref name="kuhn2"/> Os [[paradigma]]s científicos, que englobam toda uma linha de teorias científicas, métodos e valores, contém convicções científicas que não podem ser explicadas segundo as teorias existentes sobre [[razão|racionalidade]].<ref name="kuhn">{{Ref-livro|autor=[[Thomas Kuhn|Kuhn, Thomas]]|título=O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos|editor=UNESP|páginas=159}}</ref>
As hipóteses integrantes de uma teoria que são suportadas por dados confiáveis, geralmente de natureza abrangente e que suportam as várias tentativas de [[falseabilidade]], segundo [[Karl Popper]],<ref name="Popper">{{citar livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=49|id=853160236X}}</ref> são chamadas de [[lei (ciência)|leis científicas]] ou leis naturais. Naturalmente, todas as teorias, inclusive aquelas integradas por leis naturais, bem como estas mesmas, podem ser modificadas ou substituídas por outras mais precisas, quando uma [[anomalia (física)|anomalia]] que falsifica a teoria for encontrada.<ref name="Popper2">{{citar livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=37|id=853160236X}}</ref> Entretanto, isto não é absolutamente linear. Uma teoria ou um conjunto de teorias podem ser mantidos mesmo que haja anomalias que os invalidem. Segundo [[Imre Lakatos]], um conjunto de teorias, que é chamado por ele de "[[programa de pesquisa|programas de pesquisa]]", é mantido mesmo com várias anomalias.<ref name="lakatos"/> Para que o programa de pesquisa se mantenha, tais anomalias são "encaixadas" em um "cinturão protetor" de hipóteses e teses, que podem ser modificados conforme o advento das anomalias encontradas pela [[física experimental]], embora o "núcleo central", ou seja, a tese básica do programa de pesquisa, deve ser mantida integralmente.<ref name="lakatos"/> Um programa de pesquisa é superado apenas quando o cinturão protetor já não é capaz de suportar novas anomalias. Para Lakatos, a substituição de programas de pesquisa coincide com revoluções na [[história da ciência]]. Os programas de pesquisa vencedores podem englobar ou não programas de pesquisa superados.<ref name="lakatos"/> A evolução dos "programas de pesquisa" de Lakatos é semelhante à tese de revoluções científicas associadas a mudanças de [[paradigma]], defendida por [[Thomas Kuhn]], como base do desenvolvimento da ciência.<ref name="kuhn2"/> Os [[paradigma]]s científicos, que englobam toda uma linha de teorias científicas, métodos e valores, contém convicções científicas que não podem ser explicadas segundo as teorias existentes sobre [[razão|racionalidade]].<ref name="kuhn">{{citar livro|autor=[[Thomas Kuhn|Kuhn, Thomas]]|título=O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos|editor=UNESP|páginas=159}}</ref>


Para Kuhn, o paradigma estabelece algumas questões sobre o mundo físico. Estas são então investigadas na tentativa de se obter respostas, mas nunca conseguem responder todas as questões que propõe, pois, para Kuhn, a física e a ciência em geral não é um empreendimento para a construção de respostas. Quanto mais respostas sobre determinado fenômeno são obtidas, mais perguntas surgem, embora não seja exatamente um problema inicialmente. Para esse processo de pesquisas Kuhn chamou de [[ciência normal]], ou seja, o período onde determinados paradigmas são aceitos e investigados.<ref name="kuhn2"/> Entretanto, as questões ou anomalias que não podem ser resolvidas com o paradigma estabelecido pode atingir níveis insuportáveis. A partir de então, inicia-se o período conhecido como "crise". Novos paradigmas tentam responder de forma mais eficaz as anomalias que o paradigma vigente não consegue mais responder. O período de crise é marcado pela cisão da comunidade científica entre o paradigma vigente e o paradigma em afloramento. Finalmente o novo paradigma ganha a preferência e substitui o antigo. Este momento Kuhn chama de "revolução científica".<ref name="kuhn2"/>
Para Kuhn, o paradigma estabelece algumas questões sobre o mundo físico. Estas são então investigadas na tentativa de se obter respostas, mas nunca conseguem responder todas as questões que propõe, pois, para Kuhn, a física e a ciência em geral não é um empreendimento para a construção de respostas. Quanto mais respostas sobre determinado fenômeno são obtidas, mais perguntas surgem, embora não seja exatamente um problema inicialmente. Para esse processo de pesquisas Kuhn chamou de [[ciência normal]], ou seja, o período onde determinados paradigmas são aceitos e investigados.<ref name="kuhn2"/> Entretanto, as questões ou anomalias que não podem ser resolvidas com o paradigma estabelecido pode atingir níveis insuportáveis. A partir de então, inicia-se o período conhecido como "crise". Novos paradigmas tentam responder de forma mais eficaz as anomalias que o paradigma vigente não consegue mais responder. O período de crise é marcado pela cisão da comunidade científica entre o paradigma vigente e o paradigma em afloramento. Finalmente o novo paradigma ganha a preferência e substitui o antigo. Este momento Kuhn chama de "revolução científica".<ref name="kuhn2"/>


As [[Leis de Newton]], por exemplo, estão embebidas dentro da [[teoria da relatividade|relatividade]], assim como toda a [[mecânica Newtoniana]],<ref name="Hewitt5">{{Ref-livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|editor=Bookman|edição=9ª ed.|páginas=91|publicação=2002|página=9|id= 853630040X }}</ref> e, mesmo que suas aplicabilidades não sejam mais universais, os três princípios de Newton ainda são chamados de "leis" e a mecânica newtoniana ainda é ensinada nas escolas de ensino médio de todo o mundo.<ref name="Popper3">{{Ref-livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=66|id=853160236X}}</ref>
As [[Leis de Newton]], por exemplo, estão embebidas dentro da [[teoria da relatividade|relatividade]], assim como toda a [[mecânica Newtoniana]],<ref name="Hewitt5">{{citar livro|sobrenome=Hewitt|nome=Paul G.|título=física Conceitual|editor=Bookman|edição=9ª|páginas=91|publicação=2002|página=9|id= 853630040X }}</ref> e, mesmo que suas aplicabilidades não sejam mais universais, os três princípios de Newton ainda são chamados de "leis" e a mecânica newtoniana ainda é ensinada nas escolas de ensino médio de todo o mundo.<ref name="Popper3">{{citar livro|sobrenome=Popper|nome=Karl|título=A lógica da descoberta científica|páginas=66|id=853160236X}}</ref>


=== Tempo e espaço ===
=== Tempo e espaço ===
{{AP|Filosofia do tempo}}
{{AP|Filosofia do tempo}}
[[Imagem:Black Hole Milkyway.jpg|thumb|Concepção artística de um [[buraco negro]], formando a [[lente gravitacional]] ao alterar o [[espaço-tempo]] em seu torno devido a sua imensa força gravitacional]]
[[Imagem:Black Hole Milkyway.jpg|thumb|Concepção artística de um [[buraco negro]], formando a [[lente gravitacional]] ao alterar o [[espaço-tempo]] em seu torno devido a sua imensa força gravitacional.]]
Os filósofos de física discutem os assuntos tradicionais referentes ao espaço e ao tempo com base nas teorias historicamente concebidas, desde [[Aristóteles]] à [[relatividade geral]] de [[Albert Einstein|Einstein]].
Os filósofos de física discutem os assuntos tradicionais referentes ao espaço e ao tempo com base nas teorias historicamente concebidas, desde [[Aristóteles]] à [[relatividade geral]] de [[Albert Einstein|Einstein]].


Segundo [[Isaac Newton]], o espaço é um ente físico separado e independente dos [[objeto]]s que estão contidos no seu interior. Esse ente físico, com realidade física comparável a de uma substância, determina um [[referencial|referencial absoluto]] totalmente inercial. Newton também defende que o [[tempo]] é contínuo e infinito e existe mesmo com a ausência de objetos e eventos. Newton estabeleceu, assim, a filosofia física do Substantivalismo.<ref name="tempoespaço">{{citar web|url=http://philosophyfaculty.ucsd.edu/faculty/wuthrich/talks/2010eUCSDOsherSpacetime1.pdf|título=Space, time, and spacetime, part I: from Newton's Bucket to Einstein's Hole|ultimo=Wüthrich|primeiro=Christian|data=5/10/2010|obra=Faculdade de filosofia, Universidade da Califórnia, San Diego|lingua=Inglês|acessodata=20/12/2010}}</ref> No entanto, [[Gottfried Leibniz]], um dos desenvolvedores do [[Cálculo]] ao lado do próprio Newton, argumentava que o espaço contém propriedades estritamente relacionais. Se não existissem objetos, seria impossível a definição de espaço. De modo semelhante, se não existissem objetos ou eventos, também não se poderia definir o tempo. Leibniz desenvolveu, assim, a filosofia física do Relacionalismo.<ref name="tempoespaço" /> O Relacionalismo ganhou fôlego com o advento da relatividade geral, embora o Substantivalismo ainda tenha seguidores atualmente.<ref name="sklar" />
Segundo [[Isaac Newton]], o espaço é um ente físico separado e independente dos [[objeto]]s que estão contidos no seu interior. Esse ente físico, com realidade física comparável a de uma substância, determina um [[referencial|referencial absoluto]] totalmente inercial. Newton também defende que o [[tempo]] é contínuo e infinito e existe mesmo com a ausência de objetos e eventos. Newton estabeleceu, assim, a filosofia física do Substantivalismo.<ref name="tempoespaço">{{citar web|url=http://philosophyfaculty.ucsd.edu/faculty/wuthrich/talks/2010eUCSDOsherSpacetime1.pdf|título=Space, time, and spacetime, part I: from Newton's Bucket to Einstein's Hole|ultimo=Wüthrich|primeiro=Christian|data=5-10-2010|obra=Faculdade de filosofia, Universidade da Califórnia, San Diego|lingua=Inglês|acessodata=20-12-2010}}</ref> No entanto, [[Gottfried Leibniz]], um dos desenvolvedores do [[Cálculo]] ao lado do próprio Newton, argumentava que o espaço contém propriedades estritamente relacionais. Se não existissem objetos, seria impossível a definição de espaço. De modo semelhante, se não existissem objetos ou eventos, também não se poderia definir o tempo. Leibniz desenvolveu, assim, a filosofia física do Relacionalismo.<ref name="tempoespaço" /> O Relacionalismo ganhou fôlego com o advento da relatividade geral, embora o Substantivalismo ainda tenha seguidores atualmente.<ref name="sklar" />


As discussões sobre a natureza do tempo e sobre [[simultaneidade]] se iniciaram com a diferença de seus significados dentro da [[mecânica clássica]] e da [[relatividade restrita]]. Dentro da teoria de Einstein, a simultaneidade deixa de ser absoluta. Os eventos que são simultâneos dentro de sistema de [[referencial|referência]]s podem não sê-lo em outro.<ref name="simul">{{citar web|url=http://www.dfisica.ubi.pt/~amoreira/lectnotes/relat.pdf|título=Introdução a teoria da relatividade|ultimo=Amoreira|primeiro=José|acessodata=20/12/2010}}</ref> Entretanto, o alemão e filósofo da física [[Adolf Grünbaum]] argumenta que a simultaneidade dentro da relatividade restrita é apenas fruto de uma convenção, pois a [[velocidade da luz]] na relatividade restrita é sempre a mesma, constante quando medida em qualquer [[referencial inercial]], não importando para tal seus estados relativos de [[movimento uniforme|movimento]]; não há referências, portanto, para estabelecer uma velocidade da luz em um referencial absoluto ou específico, que, segundo a teoria de Einstein, não existe: todos os referenciais inerciais são igualmente equivalentes.<ref name="simul" /><ref name="tempo">{{citar web|url=http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v54n2/14812.pdf|título=Tempo: esse velho estranho conhecido|ultimo=Martins, André Ferrer P.; Zanetic, João|acessodata=20/12/2010}}</ref>
As discussões sobre a natureza do tempo e sobre [[simultaneidade]] se iniciaram com a diferença de seus significados dentro da [[mecânica clássica]] e da [[relatividade restrita]]. Dentro da teoria de Einstein, a simultaneidade deixa de ser absoluta. Os eventos que são simultâneos dentro de sistema de [[referencial|referência]]s podem não sê-lo em outro.<ref name="simul">{{citar web|url=http://www.dfisica.ubi.pt/~amoreira/lectnotes/relat.pdf|título=Introdução a teoria da relatividade|ultimo=Amoreira|primeiro=José|acessodata=20-12-2010}}</ref> Entretanto, o alemão e filósofo da física [[Adolf Grünbaum]] argumenta que a simultaneidade dentro da relatividade restrita é apenas fruto de uma convenção, pois a [[velocidade da luz]] na relatividade restrita é sempre a mesma, constante quando medida em qualquer [[referencial inercial]], não importando para tal seus estados relativos de [[movimento uniforme|movimento]]; não há referências, portanto, para estabelecer uma velocidade da luz em um referencial absoluto ou específico, que, segundo a teoria de Einstein, não existe: todos os referenciais inerciais são igualmente equivalentes.<ref name="simul" /><ref name="tempo">{{citar web|url=http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v54n2/14812.pdf|título=Tempo: esse velho estranho conhecido|ultimo=Martins, André Ferrer P.; Zanetic, João|acessodata=20-12-2010}}</ref>


=== Mecânica quântica ===
=== Mecânica quântica ===
[[Imagem:Schrodingers cat.svg|thumb|Representação do "[[gato de Schrödinger]]", [[experimento mental]] que ilustra o entrelaçamento quântico e evidencia questões pertinentes à [[interpretação de Copenhaga|interpretação de Copenhague]]]]
[[Imagem:Schrodingers cat.svg|thumb|Representação do "[[Gato de Schrödinger]]", [[experimento mental]] que ilustra o entrelaçamento quântico e evidencia questões pertinentes à [[interpretação de Copenhaga|interpretação de Copenhague]].]]
A evolução da mecânica quântica trouxe consigo inevitáveis considerações sobre a definição de medida e quais são as implicações de seu processo experimental. Considerações científicas e filosóficas importantes levam não só ao "[[Gato de Schrödinger]]" quanto a um debate em relação à [[problema da medição|impossibilidade de simultaneidade de medidas]] com precisão absoluta para determinadas grandezas na [[mecânica quântica]].<ref>{{Citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/uma_breve_introducao_ao_problema_da_medida.php|título=Uma breve introdução ao problema da medida na mecânica quântica|autor=Chibeni, Silvio Seno|obra=Fisica.net|acessodata=14/07/2011}}</ref> Segundo [[Werner Heisenberg]], em 1925, existe uma [[Princípio da incerteza de Heisenberg|incerteza]] na determinação da posição de uma [[partícula subatômica]]. O produto da incerteza da posição pela incerteza de seu momento nunca será menor do que uma certa [[constante física|constante]] numérica. Não se pode, por exemplo, medir a posição e o momento de um [[elétron]] ao mesmo tempo; ao se medir a sua posição, comprometemos seu momento, e vice-versa. As relações de incerteza, à primeira vista, parecem derivar da impossibilidade inerente à natureza humana em obter tais grandezas físicas. Entretanto, Heisenberg afirmou que a incerteza é uma propriedade intrínseca à partícula; se não há meios de se definir com precisão uma grandeza física, então tal grandeza não está precisamente definida por natureza.<ref name="quant">{{citar web|url=http://www.dsc.ufcg.edu.br/~gmcc/mq/incerteza.html|título=Princípio da incerteza de Heisenberg|obra=Universidade Federal de Campina Grande|acessodata=14/07/2011}}</ref>
A evolução da mecânica quântica trouxe consigo inevitáveis considerações sobre a definição de medida e quais são as implicações de seu processo experimental. Considerações científicas e filosóficas importantes levam não só ao "[[Gato de Schrödinger]]" quanto a um debate em relação à [[problema da medição|impossibilidade de simultaneidade de medidas]] com precisão absoluta para determinadas grandezas na [[mecânica quântica]].<ref>{{Citar web|url=http://www.fisica.net/quantica/uma_breve_introducao_ao_problema_da_medida.php|título=Uma breve introdução ao problema da medida na mecânica quântica|autor=Chibeni, Silvio Seno|obra=Fisica.net|acessodata=14-07-2011}}</ref> Segundo [[Werner Heisenberg]], em 1925, existe uma [[Princípio da incerteza de Heisenberg|incerteza]] na determinação da posição de uma [[partícula subatômica]]. O produto da incerteza da posição pela incerteza de seu momento nunca será menor do que uma certa [[constante física|constante]] numérica. Não se pode, por exemplo, medir a posição e o momento de um [[elétron]] ao mesmo tempo; ao se medir a sua posição, comprometemos seu momento, e vice-versa. As relações de incerteza, à primeira vista, parecem derivar da impossibilidade inerente à natureza humana em obter tais grandezas físicas. Entretanto, Heisenberg afirmou que a incerteza é uma propriedade intrínseca à partícula; se não há meios de se definir com precisão uma grandeza física, então tal grandeza não está precisamente definida por natureza.<ref name="quant">{{citar web|url=http://www.dsc.ufcg.edu.br/~gmcc/mq/incerteza.html|título=Princípio da incerteza de Heisenberg|obra=Universidade Federal de Campina Grande|acessodata=14-07-2011}}</ref>


Isto compromete profundamente o [[paradigma cartesiano]], a mentalidade [[reducionismo|reducionista]] e [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] do Universo, que levou o ser humano a uma visão fragmentada e demasiadamente simplória da verdade. Segundo o [[determinismo|determinismo científico]], tudo que existe não passa de partículas pontuais e seus movimentos são para sempre estritamente determinados quando se mensuram as [[posição|posições]] e as [[velocidade]]s de todas as partículas no momento atual. Não considerando a incerteza, é possível conhecer as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante e poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.<ref name="ufsc">{{citar web|url=http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/fisica.htm|título=física e o Conhecimento Humano|ultimo=Silva|primeiro=Antônio Rogério da|obra=Universidade Federal de Santa Catarina|acessodata=22/12/2010}}</ref> Admitindo-se a incerteza como algo intrínseco às partículas subatômicas, seria impossível saber o passado e o futuro de forma absoluta, quebrando, assim, os pilares de sustentação do reducionismo e do determinismo. A [[complexidade]] e a [[probabilidade]] deixariam de ser vistos como algo inerente à incapacidade do ser humano em estabelecer grandezas físicas estritamente precisas, mas passariam a ser conceitos válidos e incontestáveis dentro da física moderna.<ref>{{Citar web|url=http://www.propesp.uepg.br/publicatio/hum/2006_1/10.pdf|título=O processo de ensino-aprendizagem de línguas|autor=Daher, Cláudia Helena; Pobbe, Liliane Wielewski; Fonseca, Maria Ruth Scalise Taques|obra=Universidade Estadual de Ponta Grossa|data=2006|acessodata=14/07/2011|formato=PDF}}</ref>
Isto compromete profundamente o paradigma cartesiano, a mentalidade [[reducionismo|reducionista]] e [[mecanicismo (filosofia)|mecanicista]] do Universo, que levou o ser humano a uma visão fragmentada e demasiadamente simplória da verdade. Segundo o [[determinismo|determinismo científico]], tudo que existe não passa de partículas pontuais e seus movimentos são para sempre estritamente determinados quando se mensuram as [[posição|posições]] e as [[velocidade]]s de todas as partículas no momento atual. Não considerando a incerteza, é possível conhecer as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante e poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.<ref name="ufsc">{{citar web|url=http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/fisica.htm|título=física e o Conhecimento Humano|ultimo=Silva|primeiro=Antônio Rogério da|obra=Universidade Federal de Santa Catarina|acessodata=22-12-2010}}</ref> Admitindo-se a incerteza como algo intrínseco às partículas subatômicas, seria impossível saber o passado e o futuro de forma absoluta, quebrando, assim, os pilares de sustentação do reducionismo e do determinismo. A [[complexidade]] e a [[probabilidade]] deixariam de ser vistos como algo inerente à incapacidade do ser humano em estabelecer grandezas físicas estritamente precisas, mas passariam a ser conceitos válidos e incontestáveis dentro da física moderna.<ref>{{Citar web|url=http://www.propesp.uepg.br/publicatio/hum/2006_1/10.pdf|título=O processo de ensino-aprendizagem de línguas|autor=Daher, Cláudia Helena; Pobbe, Liliane Wielewski; Fonseca, Maria Ruth Scalise Taques|obra=Universidade Estadual de Ponta Grossa|data=2006|acessodata=14-07-2011}}</ref>


[[Imagem:Bundesarchiv Bild183-R57262, Werner Heisenberg.jpg|thumb|left|160px|[[Werner Heisenberg]] formulou originalmente o [[Princípio da incerteza de Heisenberg|Princípio da Incerteza]]]]
[[Imagem:Bundesarchiv Bild183-R57262, Werner Heisenberg.jpg|thumb|left|160px|[[Werner Heisenberg]] formulou originalmente o [[Princípio da incerteza de Heisenberg|Princípio da Incerteza]].]]
Defensores do paradigma cartesiano afirmam que se o Princípio da Incerteza é válido e, portanto, não há mais possibilidades de se obter com precisão estrita a posição e a velocidade, então não há mais condições de afirmar seu estado físico momentâneo. Sem a possibilidade de conhecer seu estado físico, as experiências físicas são incapazes em mensurar qualquer [[grandeza física]], o que põe em cheque todo o conhecimento físico e a própria física. Segundo esse pensamento, portanto, o conhecimento sobre o mundo físico não passa de um simples blefe, abrindo margem para a validação de [[pseudociência]]s.<ref name="uol">{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/fisica/ult1700u53.jhtm|título=Revolução da incerteza: o fim do determinismo newtoniano|ultimo=Lana|primeiro=Carlos Roberto de|publicado=UOL Educação|acessodata=22/12/2010}}</ref> Porém, esta afirmação, além de radical, é falsa. De fato, o princípio da incerteza impõe restrições às medidas estritamente precisas, mas tal incerteza é observável apenas no mundo subatômico e pode ser desprezada no mundo [[escala macroscópica|macroscópico]].<ref name="quant"/>
Defensores do paradigma cartesiano afirmam que se o Princípio da Incerteza é válido e, portanto, não há mais possibilidades de se obter com precisão estrita a posição e a velocidade, então não há mais condições de afirmar seu estado físico momentâneo. Sem a possibilidade de conhecer seu estado físico, as experiências físicas são incapazes em mensurar qualquer [[grandeza física]], o que põe em xeque todo o conhecimento físico e a própria física. Segundo esse pensamento, portanto, o conhecimento sobre o mundo físico não passa de um simples blefe, abrindo margem para a validação de [[pseudociência]]s.<ref name="uol">{{citar web|url=http://educacao.uol.com.br/fisica/ult1700u53.jhtm|título=Revolução da incerteza: o fim do determinismo newtoniano|ultimo=Lana|primeiro=Carlos Roberto de|publicado=UOL Educação|acessodata=22-12-2010}}</ref> Porém, esta afirmação, além de radical, é falsa. De fato, o princípio da incerteza impõe restrições às medidas estritamente precisas, mas tal incerteza é observável apenas no mundo subatômico e pode ser desprezada no mundo [[escala macroscópica|macroscópico]].<ref name="quant"/>


[[Albert Einstein]] foi um dos defensores do paradigma cartesiano. Embora tenha sido um dos fundadores da [[mecânica quântica]], não aceitava a visão de Heiseberg e a [[interpretação de Copenhaga|interpretação de Copenhague]], afirmando que a teoria quântica estava incompleta: a incerteza na verdade seria a falta de conhecimento sobre [[teoria das variáveis ocultas|variáveis ocultas]].<ref name="epr"/> Segundo Einstein, "Deus não joga dados com o Universo".<ref>{{citar web|url=http://pensador.uol.com.br/frase/MzM1OTA3/|título=Albert Einstein: "Deus não joga dados"|publicado=Pensador.info|acessodata=14 de julho de 2011}}</ref> Juntamente com [[Boris Podolsky]] e [[Nathan Rosen]], publicaram um artigo, que ficou conhecido como [[paradoxo EPR]], onde afirmavam que: 1) se em um sistema que não for perturbado onde pode-se prever com precisão o valor de uma grandeza física, então existe um elemento da realidade física correspondente a esta grandeza física e 2) dois sistemas não podem influenciar-se mutuamente quando estão grandemente distanciados, todas as interações são portanto "locais".<ref name="epr">{{citar web|url=http://www.lx.it.pt/~alcacer/Q_Quantica/Paradoxo_EPR.pdf|título=Paradoxo EPR|acessodata=9 de fevereiro de 2011}}</ref> Porém, em um artigo publicado em 1964, [[John Stewart Bell]] afirmou que as possíveis "variáveis ocultas" de Einstein, Podolsky e Rosen não são compatíveis empiricamente com a mecânica quântica. Se as possíveis variáveis ocultas fossem verdadeiras, existiria uma série de desigualdades, conhecidas como as [[teorema de Bell|desigualdades de Bell]]. Se a mecânica quântica ortodoxa for verdadeira, tais desigualdades não ocorrem. A discussão sobre a existência de variáveis ocultas determinísticas e locais saiu do campo filosófico e foi passado para o campo experimental, mas tais debates ainda não cessaram.<ref name="bell">{{citar web|url=http://teses.ufrj.br/IF_M/DanielSchneiderTasca.pdf|título=Violação da desigualdade de Bell com variáveis espaciais transversais usando transformada de Fourier fracional|ultimo=Tasca, Daniel Schneider|data=07/2006|publicado=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=9 de fevereiro de 2011}}</ref>
[[Albert Einstein]] foi um dos defensores do paradigma cartesiano. Embora tenha sido um dos fundadores da [[mecânica quântica]], não aceitava a visão de Heiseberg e a [[interpretação de Copenhaga|interpretação de Copenhague]], afirmando que a teoria quântica estava incompleta: a incerteza na verdade seria a falta de conhecimento sobre [[teoria das variáveis ocultas|variáveis ocultas]].<ref name="epr"/> Segundo Einstein, "Deus não joga dados com o Universo".<ref>{{citar web|url=http://pensador.uol.com.br/frase/MzM1OTA3/|título=Albert Einstein: "Deus não joga dados"|publicado=Pensador.info|acessodata=14 de julho de 2011}}</ref> Juntamente com [[Boris Podolsky]] e [[Nathan Rosen]], publicaram um artigo, que ficou conhecido como [[paradoxo EPR]], onde afirmavam que: 1) se em um sistema que não for perturbado onde pode-se prever com precisão o valor de uma grandeza física, então existe um elemento da realidade física correspondente a esta grandeza física e 2) dois sistemas não podem influenciar-se mutuamente quando estão grandemente distanciados, todas as interações são portanto "locais".<ref name="epr">{{citar web|url=http://www.lx.it.pt/~alcacer/Q_Quantica/Paradoxo_EPR.pdf|título=Paradoxo EPR|acessodata=9 de fevereiro de 2011}}</ref> Porém, em um artigo publicado em 1964, [[John Stewart Bell]] afirmou que as possíveis "variáveis ocultas" de Einstein, Podolsky e Rosen não são compatíveis empiricamente com a mecânica quântica. Se as possíveis variáveis ocultas fossem verdadeiras, existiria uma série de desigualdades, conhecidas como as [[teorema de Bell|desigualdades de Bell]]. Se a mecânica quântica ortodoxa for verdadeira, tais desigualdades não ocorrem. A discussão sobre a existência de variáveis ocultas determinísticas e locais saiu do campo filosófico e foi passado para o campo experimental, mas tais debates ainda não cessaram.<ref name="bell">{{citar web|url=http://teses.ufrj.br/IF_M/DanielSchneiderTasca.pdf|título=Violação da desigualdade de Bell com variáveis espaciais transversais usando transformada de Fourier fracional|ultimo=Tasca, Daniel Schneider|data=julho 2006|publicado=Universidade Federal do Rio de Janeiro|acessodata=9 de fevereiro de 2011}}</ref>


Deste modo, os filósofos da física encaram questões filosóficas que abordam questões mais gerais, como o paradigma cartesiano e o [[positivismo]]. Filosoficamente e historicamente, a mecânica quântica nega o determinismo estrito e pontual, apoiando-se na interpretação de Copenhague, onde o mensuramento e o determinismo para partículas subatômicas ganham um novo sentido filosófico, não podendo ser generalizados para a física clássica, isto é, para sistemas macroscópicos de partículas, onde a visão mecanicista do mundo ainda vigora e é essencial para a manutenção dos conhecimentos físicos já alcançados.<ref name="paty">{{Citar jornal|ultimo=Paty|primeiro=Michael|título=Matéria e necessidade no conhecimento científico|jornal=Scientiae Studia|editora=Scielo|volume=Out/Dez 2006|issn=16783166|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662006000400004&script=sci_arttext}}</ref> Filósofos mais moderados defendem a continuação das bases da mecânica quântica, mas defendem que as mecânicas clássica e quântica tenham [[ontologia]]s totalmente independentes, isto é, as ontologias das duas mecânicas devem ser incomensuráveis.<ref name="onto">{{citar web|url=http://www.artigonal.com/ciencias-artigos/historia-da-mecanica-quantica-7-a-desconstrucao-da-ontologia-materialista-1821829.html|título=Desconstrução da ontologia materialista|ultimo=SIlva|primeiro=Vinicius Carvalho da Silva|acessodata=22/12/2010}}</ref> Porém, os defensores do paradigma cartesiano e do positivismo sugerem que a própria mecânica quântica encontre uma solução; alguns defendem a superação da [[Equação de Schrödinger]], que é a base fundamental de toda a mecânica quântica moderna, para outra que consiga garantir suas posições filosóficas tanto na mecânica quântica quanto na física clássica, ou seja, a precisão e a certeza nas medidas deveriam ser válidas, seja no mundo microscópico quanto no macroscópico, negando assim a existência do Princípio da Incerteza.<ref name="dalbert">{{Ref-livro|sobrenome=Albert|nome=David Z.|título=Quantum Mechanics and Experience|editor=Havard University Press|capítulo=3|id=0674741137}}</ref>
Deste modo, os filósofos da física encaram questões filosóficas que abordam questões mais gerais, como o paradigma cartesiano e o [[positivismo]]. Filosoficamente e historicamente, a mecânica quântica nega o determinismo estrito e pontual, apoiando-se na interpretação de Copenhague, onde o mensuramento e o determinismo para partículas subatômicas ganham um novo sentido filosófico, não podendo ser generalizados para a física clássica, isto é, para sistemas macroscópicos de partículas, onde a visão mecanicista do mundo ainda vigora e é essencial para a manutenção dos conhecimentos físicos já alcançados.<ref name="paty">{{Citar jornal|ultimo=Paty|primeiro=Michael|título=Matéria e necessidade no conhecimento científico|jornal=Scientiae Studia|editora=Scielo|volume=Out/Dez 2006|issn=16783166|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662006000400004&script=sci_arttext}}</ref> Filósofos mais moderados defendem a continuação das bases da mecânica quântica, mas defendem que as mecânicas clássica e quântica tenham [[ontologia]]s totalmente independentes, isto é, as ontologias das duas mecânicas devem ser incomensuráveis.<ref name="onto">{{citar web|url=http://www.artigonal.com/ciencias-artigos/historia-da-mecanica-quantica-7-a-desconstrucao-da-ontologia-materialista-1821829.html|título=Desconstrução da ontologia materialista|ultimo=SIlva|primeiro=Vinicius Carvalho da Silva|acessodata=22-12-2010}}</ref> Porém, os defensores do paradigma cartesiano e do positivismo sugerem que a própria mecânica quântica encontre uma solução; alguns defendem a superação da [[Equação de Schrödinger]], que é a base fundamental de toda a mecânica quântica moderna, para outra que consiga garantir suas posições filosóficas tanto na mecânica quântica quanto na física clássica, ou seja, a precisão e a certeza nas medidas deveriam ser válidas, seja no mundo microscópico quanto no macroscópico, negando assim a existência do Princípio da Incerteza.<ref name="dalbert">{{citar livro|sobrenome=Albert|nome=David Z.|título=Quantum Mechanics and Experience|editor=Havard University Press|capítulo=3|id=0674741137}}</ref>


===Física estatística===
===Física estatística===
[[Imagem:Wiener process 3d.png|thumb|Gráfico representando o [[movimento browniano]] em três dimensões]]
[[Imagem:Wiener process 3d.png|thumb|Gráfico representando o [[movimento browniano]] em três dimensões.]]


A [[física estatística]] tem por objetivo o estudo dos sistemas constituídos por "incontáveis" partículas, tão numerosas que se torna impraticável a sua descrição através da consideração de cada uma das suas partículas isoladamente. Tais sistemas não são raros e uma simples amostra de gás confinado em uma garrafa seria um exemplo. As ferramentas para solução dessa questão residem nos conceitos de [[probabilidade]] e de [[estatística]].<ref>{{Citar web|url=http://sweet.ua.pt/~alf/apontamentos.pdf|título=Aposntamentos de Física Estatística|publicado=Universidade de Aveiro|autor=Ferreira, António Luís|data=outubro de 1997|acessodata=13/08/2011|formato=PDF}}</ref>
A [[física estatística]] tem por objetivo o estudo dos sistemas constituídos por "incontáveis" partículas, tão numerosas que se torna impraticável a sua descrição através da consideração de cada uma das suas partículas isoladamente. Tais sistemas não são raros e uma simples amostra de gás confinado em uma garrafa seria um exemplo. As ferramentas para solução dessa questão residem nos conceitos de [[probabilidade]] e de [[estatística]].<ref>{{Citar web|url=http://sweet.ua.pt/~alf/apontamentos.pdf|título=Aposntamentos de Física Estatística|publicado=Universidade de Aveiro|autor=Ferreira, António Luís|data=outubro de 1997|acessodata=13-08-2011}}</ref>


Surge, então, um problema filosófico em relação ao questionamento sobre a exata definição de [[probabilidade]]. Alguns filósofos sugerem que a probabilidade seja a medida da "ignorância" sobre um [[número real]].<ref name="ign">{{citar web|url=http://www.din.uem.br/~jmpinhei/SI/07ConhecimentoIncerto.pdf|título=Conhecimento Incerto|ultimo=Ferreira|primeiro=Josiane M. P.|data=Setembro de 2007|publicado=Universidade Esadual de Maringá|formato=PDF|acessodata=22/12/2010}}</ref> Entretanto, esta definição é bastante subjetiva e não explica o sentido de probabilidade usada pela [[física estatística]] ou pela [[mecânica quântica]]. Em termos físicos, a probabilidade ganha um sentido mais concreto. A probabilidade é uma propriedade intrínseca a alguns processos físicos e não depende do "nível de conhecimento" do físico experimental. Um átomo pode decair [[radioatividade|radioativamente]] sob certa probabilidade entre 0 e 1 e isso não depende da quantidade de "ignorância" do observador. Isso é fundamental para a própria existência da física estatística, que é a teoria dos processos físicos probabilísticos.<ref name="fisest">{{Ref-livro|sobrenome=Tomé|nome=Tânia|título=Tendências da física Estatística no Brasil|edição=2003|páginas=171|id=8588325225}}</ref>
Surge, então, um problema filosófico em relação ao questionamento sobre a exata definição de [[probabilidade]]. Alguns filósofos sugerem que a probabilidade seja a medida da "ignorância" sobre um [[número real]].<ref name="ign">{{citar web|url=http://www.din.uem.br/~jmpinhei/SI/07ConhecimentoIncerto.pdf|título=Conhecimento Incerto|ultimo=Ferreira|primeiro=Josiane M. P.|data=Setembro de 2007|publicado=Universidade Esadual de Maringá|acessodata=22-12-2010}}</ref> Entretanto, esta definição é bastante subjetiva e não explica o sentido de probabilidade usada pela [[física estatística]] ou pela [[mecânica quântica]]. Em termos físicos, a probabilidade ganha um sentido mais concreto. A probabilidade é uma propriedade intrínseca a alguns processos físicos e não depende do "nível de conhecimento" do físico experimental. Um átomo pode decair [[radioatividade|radioativamente]] sob certa probabilidade entre 0 e 1 e isso não depende da quantidade de "ignorância" do observador. Isso é fundamental para a própria existência da física estatística, que é a teoria dos processos físicos probabilísticos.<ref name="fisest">{{citar livro|sobrenome=Tomé|nome=Tânia|título=Tendências da física Estatística no Brasil|edição=2003|páginas=171|id=8588325225}}</ref>


Dentro dos processos probabilísticos está arraigada a noção de [[entropia]], conceito fundamental também em [[termodinâmica]]. [[Ludwig Boltzmann]] propôs que a direção da "[[flecha do tempo]]" é determinada pela entropia.<ref name="mora5">{{Ref-livro|sobrenome=Ferrater-Mora|nome=José|título=Dicionário de filosofia (vol. 1 - A - D)|editor=Ariel|páginas=338|id=8434405016}}</ref> Desde então, os filósofos debatem contra e a favor da tese de Boltzmann. Para alguns, a entropia, em termodinâmica, não pode ser generalizada para eventos universais.<ref name="SBF" /> É necessário que haja [[determinismo]] estrito e pontual, inconcebível dentro da mecânica quântica; a direção do tempo determinado pela entropia não passaria de um ponto de vista metafísico.<ref name="entr">{{citar web|url=ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/ZanoniTSS_TESE.pdf|título=Ensino de entropia: um enfoque histórico e epistemológico|ultimo=Santos|primeiro=Zanoni Tadeu Saraiva dos|data=2009|formato=PDF|acessodata=22/12/2010}}</ref> Entretanto, outros afirmam que é absolutamente possível conciliar as duas teorias e que a direção do tempo é realmente determinada pela entropia.<ref name="entr" /> A segunda corrente de ideias está grandemente relacionada ao relacionalismo de Leibniz, onde o tempo existiria apenas se existissem objetos e eventos em constante complexidade, que pode ser traduzida como a própria entropia.<ref name="sklar" />
Dentro dos processos probabilísticos está arraigada a noção de [[entropia]], conceito fundamental também em [[termodinâmica]]. [[Ludwig Boltzmann]] propôs que a direção da "[[flecha do tempo]]" é determinada pela entropia.<ref name="mora5">{{citar livro|sobrenome=Ferrater-Mora|nome=José|título=Dicionário de filosofia (vol. 1 - A - D)|editor=Ariel|páginas=338|id=8434405016}}</ref> Desde então, os filósofos debatem contra e a favor da tese de Boltzmann. Para alguns, a entropia, em termodinâmica, não pode ser generalizada para eventos universais.<ref name="SBF" /> É necessário que haja [[determinismo]] estrito e pontual, inconcebível dentro da mecânica quântica; a direção do tempo determinado pela entropia não passaria de um ponto de vista metafísico.<ref name="entr">{{citar web|url=ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/ZanoniTSS_TESE.pdf|título=Ensino de entropia: um enfoque histórico e epistemológico|ultimo=Santos|primeiro=Zanoni Tadeu Saraiva dos|data=2009|acessodata=22-12-2010}}</ref> Entretanto, outros afirmam que é absolutamente possível conciliar as duas teorias e que a direção do tempo é realmente determinada pela entropia.<ref name="entr" /> A segunda corrente de ideias está grandemente relacionada ao relacionalismo de Leibniz, onde o tempo existiria apenas se existissem objetos e eventos em constante complexidade, que pode ser traduzida como a própria entropia.<ref name="sklar" />


===Física experimental===
===Física experimental===
[[Imagem:Michelson-Morley experiment (en).svg|thumb|esquerda|160px|Diagrama de um [[interferômetro]] como usado na [[Experiência de Michelson-Morley]]]]
[[Imagem:Michelson-Morley experiment (en).svg|thumb|esquerda|160px|Diagrama de um [[interferômetro]] como usado na [[Experiência de Michelson-Morley]].]]


Os filósofos da física tradicionalmente se preocupam com a natureza das [[teoria|teorias científicas]], isto devido em grande parte ao papel central que a [[epistemologia]] da ciência teve na filosofia, principalmente após o início do [[século XX]].<ref name="bra">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/ih/fil/pcabrantes/artigos/EpisNat.PDF|título=naturalizando a epistemologia|ultimo=Abrantes|primeiro=Paulo César Coelho|publicado=Universidade de Brasília|formato=PDF|acessodata=22/12/2010}}</ref> Em vista do advento das teorias modernas na física, foi a partir de então que os filósofos e historiadores de física começaram a ficar mais atentos à [[física experimental]] e têm argumentado que o [[Experiência científica|experimento]] tem seus próprios [[método científico|métodos]] e [[prática]]s, que podem se diferenciar e serem incomensuráveis dentro da diversidade do escopo da [[física experimental]].<ref name="abrapec">{{Citar jornal|ultimo=Azevedo|primeiro=Hernani Luiz|coautores=Francisco Nairon Monteiro Júnior; Thiago Pereira dos Santos; Jairo Gonçalves Carlos; Bruno Nogueira Tancredo|data=8/11/2006|título=O uso do experimento no ensino de física: Tendências a partir do levantamento dos artigos em periódicos da área no Brasil|jornal=Encontro Nacional de Pesquisa em Educação de ciências|local=Florianópolis|formato=PDF|issn=21766940|acessodata=22 de dezembro de 2010}}</ref>
Os filósofos da física tradicionalmente se preocupam com a natureza das [[teoria|teorias científicas]], isto devido em grande parte ao papel central que a [[epistemologia]] da ciência teve na filosofia, principalmente após o início do [[século XX]].<ref name="bra">{{citar web|url=http://vsites.unb.br/ih/fil/pcabrantes/artigos/EpisNat.PDF|título=naturalizando a epistemologia|ultimo=Abrantes|primeiro=Paulo César Coelho|publicado=Universidade de Brasília|acessodata=22-12-2010}}</ref> Em vista do advento das teorias modernas na física, foi a partir de então que os filósofos e historiadores de física começaram a ficar mais atentos à [[física experimental]] e têm argumentado que o [[Experiência científica|experimento]] tem seus próprios [[método científico|métodos]] e [[prática]]s, que podem se diferenciar e serem incomensuráveis dentro da diversidade do escopo da [[física experimental]].<ref name="abrapec">{{Citar jornal|ultimo=Azevedo|primeiro=Hernani Luiz|coautores=Francisco Nairon Monteiro Júnior; Thiago Pereira dos Santos; Jairo Gonçalves Carlos; Bruno Nogueira Tancredo|data=8-11-2006|título=O uso do experimento no ensino de física: Tendências a partir do levantamento dos artigos em periódicos da área no Brasil|jornal=Encontro Nacional de Pesquisa em Educação de ciências|local=Florianópolis|issn=21766940|acessodata=}}</ref>


Para [[Thomas Kuhn]], a [[ciência normal]] é realizada dentro de um determinado paradigma científico praticamente estável, mesmo com a presença de anomalias que contrariam tal paradigma.<ref name="kuhn2">{{citar web|url=http://www.consciencia.org/thomas-kuhn-ciencia|título=O desenvolvimento da ciência em Thomas Kuhn|ultimo=Maia|primeiro=Isabel Mª Magalhães R.L. Santos|acessodata=23/12/2010}}</ref> Analisando-se as revoluções científicas, Kuhn percebeu que estas estão associadas a mudanças de paradigma.<ref name="kuhn2" /> Um paradigma não é banido imediatamente quando a física experimental encontra uma anomalia, mas apenas quando o próprio paradigma já não mais suporta a quantidade de anomalias.<ref name="kuhn2" /> Segundo [[Imre Lakatos]], que usa um conceito semelhante conhecido como [[programa de pesquisa]],<ref name="lakatos">{{citar web|url=http://nutes2.nutes.ufrj.br/coordenacao/textosapoio/tap-si-26.pdf|título=A metodologia dos programas de pesquisa: a Epistemologia de Imre Lakatos|ultimo=Silveira|primeiro=Fernando Lang da|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23/12/2010}}</ref> tais mudanças de ponto de visão não ocorrem abruptamente. Consequentemente, não existem experimentos cruciais na [[História da física]].<ref name="lakatos" /> A concepção de [[Éter]], para Lakatos, não foi abandonada abruptamente com a [[Experiência de Michelson-Morley]], mas sim abandonada lentamente e historicamente.<ref name="lakatos" />
Para [[Thomas Kuhn]], a [[ciência normal]] é realizada dentro de um determinado paradigma científico praticamente estável, mesmo com a presença de anomalias que contrariam tal paradigma.<ref name="kuhn2">{{citar web|url=http://www.consciencia.org/thomas-kuhn-ciencia|título=O desenvolvimento da ciência em Thomas Kuhn|ultimo=Maia|primeiro=Isabel Mª Magalhães R.L. Santos|acessodata=23-12-2010}}</ref> Analisando-se as revoluções científicas, Kuhn percebeu que estas estão associadas a mudanças de paradigma.<ref name="kuhn2" /> Um paradigma não é banido imediatamente quando a física experimental encontra uma anomalia, mas apenas quando o próprio paradigma já não mais suporta a quantidade de anomalias.<ref name="kuhn2" /> Segundo [[Imre Lakatos]], que usa um conceito semelhante conhecido como [[programa de pesquisa]],<ref name="lakatos">{{citar web|url=http://nutes2.nutes.ufrj.br/coordenacao/textosapoio/tap-si-26.pdf|título=A metodologia dos programas de pesquisa: a Epistemologia de Imre Lakatos|ultimo=Silveira|primeiro=Fernando Lang da|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|acessodata=23-12-2010}}</ref> tais mudanças de ponto de visão não ocorrem abruptamente. Consequentemente, não existem experimentos cruciais na [[História da física]].<ref name="lakatos" /> A concepção de [[Éter]], para Lakatos, não foi abandonada abruptamente com a [[Experiência de Michelson-Morley]], mas sim abandonada lentamente e historicamente.<ref name="lakatos" />


==Física e sociedade==
==Física e sociedade==
[[Imagem:CERN-aerial.jpg|thumb|320px|Vista aérea da [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN), aos arredores de [[Genebra]], [[Suíça]].]]
[[Imagem:CERN-aerial.jpg|thumb|320px|Vista aérea da [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN), aos arredores de [[Genebra]], [[Suíça]].]]
A física e as outras [[ciências naturais]] são o motor de propulsão de numerosas instituições científicas de grande importância. Tais instituições, como a [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN) demandam não apenas imensos investimentos,<ref>{{Citar jornal|url=http://www.finep.gov.br/revista_brasileira_inovacao/segunda_edicao/pesquisa_cientifica_interesse_publico.pdf|título=Pesquisa científica e o interesse público|autor=[[Simon Schwartzman|Schwartzman, Simon]]|jornal=Revista Brasileira de Inovação|data=2002|páginas=361-396|acessodata=15/7/11}}</ref> mas também o mais refinado contingente humano que se pode disponibilizar.<ref>{{Citar jornal|url=http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_FMonteiro.PDF|título=O cientista, a imprensa e a comunicação pública da ciência|autor=Monteiro, Maria da Graça Miranda de França|jornal=UNIRevista|data=julho de 2006|páginas=1-12|id=ISSN 1809-4561|acessodata=15/7/11}}</ref> Os [[país desenvolvido|países desenvolvidos]] e [[país em desenvolvimento|em desenvolvimento]] aplicam uma significativa parcela de seu [[produto interno bruto]] (PIB) na investigação científica em geral.<ref name="PIB">{{Citar jornal|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000100005&script=sci_arttext|título=Investimentos em ciência e tecnologia|autor=Kuppermann, Aron|jornal=Estudos Avançados|data=jan/abr 1994|páginas=1-12|id=ISSN 0103-4014|volume=8|número=20|local=São Paulo|acessodata=15/7/11}}</ref> Deste montante, uma parte importante é destinada para a física, suas divisões e e aplicações à [[Engenharia]] e à [[Indústria]].<ref name="PIB"/> Tais países também mantêm um aparelho burocrático para a administração desses investimentos.<ref name="buro">{{Citar jornal|url=http://capim.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/131/112|título=As relações entre ciência, Estado e sociedade: um domínio de visibilidade para as questões da informação|autor=Gómez, Maria Nélida González de |jornal=ciência da Informação|data=2003|páginas=60-76|volume=32|número=1|acessodata=15/7/11}}</ref> Tais aparelhos constituem-se de órgãos executivos e de assessoria especializada na condução e organização dos assuntos relacionados à pesquisa científica [[ciências puras|pura]] e [[ciências aplicadas|aplicada]].<ref name="buro"/> A criação dessa máquina pública foi resultado de uma lentíssima evolução, dependente do amadurecimento de numerosos fatores e demandas que não necessariamente estavam ligados à pesquisa científica, mas sim originados no amplo processo de substituição da cultura durante a [[revolução científica]].<ref name="orgn">{{Citar web|url=http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/organizacaosocialdafisica.php|título=Organização social da física|obra=Estudante de filosofia|acessodata=15/7/11}}</ref>
A física e as outras [[ciências naturais]] são o motor de propulsão de numerosas instituições científicas de grande importância. Tais instituições, como a [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear]] (CERN) demandam não apenas imensos investimentos,<ref>{{Citar jornal|url=http://www.finep.gov.br/revista_brasileira_inovacao/segunda_edicao/pesquisa_cientifica_interesse_publico.pdf|título=Pesquisa científica e o interesse público|autor=[[Simon Schwartzman|Schwartzman, Simon]]|jornal=Revista Brasileira de Inovação|data=2002|páginas=361-396|acessodata=15/7/11}}</ref> mas também o mais refinado contingente humano que se pode disponibilizar.<ref>{{Citar jornal|url=http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_FMonteiro.PDF|título=O cientista, a imprensa e a comunicação pública da ciência|autor=Monteiro, Maria da Graça Miranda de França|jornal=UNIRevista|data=julho de 2006|páginas=1-12|issn= 1809-4561|acessodata=15/7/11}}</ref> Os [[país desenvolvido|países desenvolvidos]] e [[país em desenvolvimento|em desenvolvimento]] aplicam uma significativa parcela de seu [[produto interno bruto]] (PIB) na investigação científica em geral.<ref name="PIB">{{Citar jornal|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000100005&script=sci_arttext|título=Investimentos em ciência e tecnologia|autor=Kuppermann, Aron|jornal=Estudos Avançados|data=jan–abr 1994|páginas=1-12|issn= 0103-4014|volume=8|número=20|local=São Paulo|acessodata=15/7/11}}</ref> Deste montante, uma parte importante é destinada para a física, suas divisões e e aplicações à [[Engenharia]] e à [[Indústria]].<ref name="PIB"/> Tais países também mantêm um aparelho burocrático para a administração desses investimentos.<ref name="buro">{{Citar jornal|url=http://capim.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/131/112|título=As relações entre ciência, Estado e sociedade: um domínio de visibilidade para as questões da informação|autor=Gómez, Maria Nélida González de |jornal=ciência da Informação|data=2003|páginas=60-76|volume=32|número=1|acessodata=15/7/11}}</ref> Tais aparelhos constituem-se de órgãos executivos e de assessoria especializada na condução e organização dos assuntos relacionados à pesquisa científica [[ciências puras|pura]] e [[ciências aplicadas|aplicada]].<ref name="buro"/> A criação dessa máquina pública foi resultado de uma lentíssima evolução, dependente do amadurecimento de numerosos fatores e demandas que não necessariamente estavam ligados à pesquisa científica, mas sim originados no amplo processo de substituição da cultura durante a [[revolução científica]].<ref name="orgn">{{Citar web|url=http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/organizacaosocialdafisica.php|título=Organização social da física|obra=Estudante de filosofia|acessodata=15/7/11}}</ref>


Essa evolução na física ganhou ares de uma revolução autêntica; o [[heliocentrismo|sistema heliocêntrico de Copérnico]] e a introdução do [[Experiência científica|experimento]] como argumento para provar afirmações, tendo [[Galileu Galilei]] como pioneiro, abalaram definitivamente o paradigma aristotélico dominante no pensamento filosófico até a [[Idade Média]].<ref>{{Citar web|url=http://www.aruanda.org/imagens/1o.%20cap%EDtulo.pdf|título=Concepções de natureza da Idade Média|obra=aruanda.org|acessodata=15/7/11}}</ref> A [[astronomia]] tornou-se também uma ciência moderna com a primeira grande unificação da física, quando [[Isaac Newton]] uniu a física dos Céus e da Terra sob a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]]<ref name="unificação"/> e com a considerável evolução na [[navegação]], primeiramente com a utilização do [[astrolábio]]<ref>{{Citar web|url=http://www.suapesquisa.com/grandesnavegacoes/|título=Grandes Navegações|coautores=
Essa evolução na física ganhou ares de uma revolução autêntica; o [[heliocentrismo|sistema heliocêntrico de Copérnico]] e a introdução do [[Experiência científica|experimento]] como argumento para provar afirmações, tendo [[Galileu Galilei]] como pioneiro, abalaram definitivamente o paradigma aristotélico dominante no pensamento filosófico até a [[Idade Média]].<ref>{{Citar web|url=http://www.aruanda.org/imagens/1o.%20cap%EDtulo.pdf|título=Concepções de natureza da Idade Média|obra=aruanda.org|acessodata=15/7/11}}</ref> A [[astronomia]] tornou-se também uma ciência moderna com a primeira grande unificação da física, quando [[Isaac Newton]] uniu a física dos Céus e da Terra sob a [[lei da gravitação universal|gravitação universal]]<ref name="unificação"/> e com a considerável evolução na [[navegação]], primeiramente com a utilização do [[astrolábio]]<ref>{{Citar web|url=https://www.todamateria.com.br/astrolabio/|titulo=Astrolábio: origem e como funciona|acessodata=2023-03-22|website=Toda Matéria|ultimo=Bezerra|primeiro=Juliana}}</ref> e posteriormente com a invenção de [[relógio]]s mais precisos que marcaram um fim nos problemas da navegação, problema que a filosofia natural Medieval não foi capaz de encontrar uma solução.<ref>{{Citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-relogio/historia-do-relogio-20.php|título=História do Relógio|obra=Portal São Francisco|acessodata=15/7/11}}</ref> A destruição do sistema filosófico e religioso herdado da cultura medieval e as conquistas práticas das [[Era dos Descobrimentos|grandes navegações]] libertaram a filosofia natural de sua posição de contemplação e especulação, e pavimentaram o caminho para uma era em que a ciência passou a ser encarada como instrumento de transformação.<ref name="orgn"/>
Navegações portuguesas, pioneirismo português, Vasco da Gama e a chegada às Índias, instrumentos de navegação, bússola, astrolábio, descobrimentos marítimos, viagem de Cristovão Colombo, viagem de Pedro Álvares Cabral, Escola de Sagres e as Caravelas|obra=suapesquisa.com|acessodata=15/7/11}}</ref> e posteriormente com a invenção de [[relógio]]s mais precisos que marcaram um fim nos problemas da navegação, problema que a filosofia natural Medieval não foi capaz de encontrar uma solução.<ref>{{Citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-relogio/historia-do-relogio-20.php|título=História do Relógio|obra=Portal São Francisco|acessodata=15/7/11}}</ref> A destruição do sistema filosófico e religioso herdado da cultura medieval e as conquistas práticas das [[Era dos Descobrimentos|grandes navegações]] libertaram a filosofia natural de sua posição de contemplação e especulação, e pavimentaram o caminho para uma era mais moderna em que passou a ter a ciência moderna como instrumento de transformação.<ref name="orgn"/>


Durante o [[renascença italiana|renascimento italiano]], as primeiras universidades ditas modernas foram criadas. Essas universidades abriram a oportunidades para novas atividades intelectuais.<ref>{{Citar web|url=http://www.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/5057111.pdf|título=Leonardo Florentino: uma vida bem empregada|obra=Livraria Cultura|acessodata=16/7/11}}</ref> Embora o paradigma aristotélico ainda fosse uma herança medieval até meados do século XIX, permitiram a divulgação de obras de grandes pensadores, como Galileu Galilei.<ref>{{Citar web|url=http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/tagore_trajano_de_almeida_silva.pdf|título=Crítica à herança mecanicista de utilização animal: em busca de métodos alternativos|autor=Silva, Tagore Trajano de Almeida|obra=compendi.org|acessodata=16/7/11}}</ref> As primeiras [[sociedade científica|sociedades científicas]] são italianas, como a [[Accademia Nazionale dei Lincei]], fundada em 1603 em [[Roma]], e a [[Accademia del Cimento]], fundada em [[Florença]] em 1651. Em seguida foi fundada na [[Inglaterra]] em 1662 a [[Royal Society]] e a [[Académie des Sciences]], na [[França]] em 1666. No final do século XVIII, havia aproximadamente duzentas sociedades científicas na Europa.<ref>{{Citar jornal|url=http://www.cesumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/iccesumar/article/download/31/298|título=Avaliação da produção científica: oredem e desenvolvimento do processo|autor=Pires Jr., Hugo|jornal=Iniciação Científica|data=mar/jul 2001|acessodata=16/7/11|id=ISSN 1518-1243|volume=3|número=1|formato=PDF}}</ref>
Durante o [[renascença italiana|renascimento italiano]], as primeiras universidades ditas modernas foram criadas. Essas universidades abriram a oportunidades para novas atividades intelectuais.<ref>{{Citar web|url=http://www.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/5057111.pdf|título=Leonardo Florentino: uma vida bem empregada|obra=Livraria Cultura|acessodata=16/7/11}}</ref> Embora o paradigma aristotélico ainda fosse uma herança medieval até meados do século XIX, permitiram a divulgação de obras de grandes pensadores, como Galileu Galilei.<ref>{{Citar web|url=http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/tagore_trajano_de_almeida_silva.pdf|título=Crítica à herança mecanicista de utilização animal: em busca de métodos alternativos|autor=Silva, Tagore Trajano de Almeida|obra=compendi.org|acessodata=16/7/11}}</ref> As primeiras [[sociedade científica|sociedades científicas]] são italianas, como a [[Accademia Nazionale dei Lincei]], fundada em 1603 em [[Roma]], e a [[Accademia del Cimento]], fundada em [[Florença]] em 1651. Em seguida foi fundada na [[Inglaterra]] em 1662 a [[Royal Society]] e a [[Académie des Sciences]], na [[França]] em 1666. No final do século XVIII, havia aproximadamente duzentas sociedades científicas na Europa.<ref>{{Citar jornal|url=http://www.cesumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/iccesumar/article/download/31/298|título=Avaliação da produção científica: oredem e desenvolvimento do processo|autor=Pires Jr., Hugo|jornal=Iniciação Científica|data=mar–jul 2001|acessodata=16/7/11|issn= 1518-1243|volume=3|número=1}}</ref>


[[Imagem:The Royal Society 1952 London.jpg|thumb|left|Membros da Royal Society em 1952]]
[[Imagem:The Royal Society 1952 London.jpg|thumb|left|Membros da Royal Society em 1952.]]
Essas sociedades, ou academias, originaram-se com o intuito de dar à ciência, e sobretudo à física, um novo panorama. Segundo [[Robert Hooke]], em 1663, ao redigir os estatutos da Royal Society, os objetivos da sociedade científica eram o aperfeiçoamento do conhecimento dos componentes da Natureza e de todos os artefatos úteis, produtos e práticas mecânicas, invenções e engenhos por meio da experimentação. Deve-se também observar a não-especulação sobre assuntos referentes a [[divindade]]s, [[metafísica]], [[moral]], [[política]], [[gramática]], [[retórica]] ou [[lógica]].<ref>{{Citar jornal|url=http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ctm/v20n3-4/v20n3-4a07.pdf|título=Quem tramou Robert Hooke|autor=Souza e Brito, Armando A.|jornal=ciência e Tecnologia dos Materiais|data=2008|acessodata=16/7/11|volume=2D|número=3/4|formato=PDF}}</ref> As sociedades científicas tinham por objetivo aprimorar o conhecimento científico, mas eram organizações muito fechadas e excludentes, mantidas por seus membros, que eram pessoas de renda própria e alta posição social. Não havia remuneração ou recompensas financeiras pelo trabalho científico.<ref name="orgn"/> [[John Harrison]], inventor do relógio mais preciso até então, levou praticamente toda a sua vida para reclamar o prêmio oferecido pela Royal Society para tal feito.<ref>{{Citar web|url=http://www.relogioserelogios.com.br/noticias_site.asp?idNoticia=1454|título=John Harrison|obra=Relógios & Relógios|acessodata=21/7/11}}</ref> Essa situação continuou até a segunda metade do [[século XIX]], quando as universidades começaram a incorporar que forma institucional a ciência. Apenas a partir dessa época o cientista pôde utilizar uma sólida estrutura para a sua formação. Antes disso, praticamente todos os cientistas eram [[autodidata]]s.<ref name="orgn"/>
Essas sociedades, ou academias, originaram-se com o intuito de dar à ciência, e sobretudo à física, um novo panorama. Segundo [[Robert Hooke]], em 1663, ao redigir os estatutos da Royal Society, os objetivos da sociedade científica eram o aperfeiçoamento do conhecimento dos componentes da Natureza e de todos os artefatos úteis, produtos e práticas mecânicas, invenções e engenhos por meio da experimentação. Deve-se também observar a não-especulação sobre assuntos referentes a [[divindade]]s, [[metafísica]], [[moral]], [[política]], [[gramática]], [[retórica]] ou [[lógica]].<ref>{{Citar jornal|url=http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ctm/v20n3-4/v20n3-4a07.pdf|título=Quem tramou Robert Hooke|autor=Souza e Brito, Armando A.|jornal=ciência e Tecnologia dos Materiais|data=2008|acessodata=16/7/11|volume=2D|número=3/4}}</ref> As sociedades científicas tinham por objetivo aprimorar o conhecimento científico, mas eram organizações muito fechadas e excludentes, mantidas por seus membros, que eram pessoas de renda própria e alta posição social. Não havia remuneração ou recompensas financeiras pelo trabalho científico.<ref name="orgn"/> [[John Harrison]], inventor do relógio mais preciso até então, levou praticamente toda a sua vida para reclamar o prêmio oferecido pela Royal Society para tal feito.<ref>{{Citar web|url=http://www.relogioserelogios.com.br/noticias_site.asp?idNoticia=1454|título=John Harrison|obra=Relógios & Relógios|acessodata=21/7/11}}</ref> Essa situação continuou até a segunda metade do [[século XIX]], quando as universidades começaram a incorporar que forma institucional a ciência. Apenas a partir dessa época o cientista pôde utilizar uma sólida estrutura para a sua formação. Antes disso, praticamente todos os cientistas eram [[autodidata]]s.<ref name="orgn"/>


O [[Observatório de Paris]], fundada como anexo da Académie Royale des Sciences, e o [[Observatório Real de Greenwich]], fundada em 1675, foram as primeiras instituições dedicadas à áreas relacionadas à física e amparadas pelo poder central das respectivas nações. Suas criações dependeram intensamente do crédito científico obtido na solução de problemas de astronomia necessários ao desenvolvimento da navegação.<ref>{{Citar web|url=http://www.itaimpaulista.com.br/bccc/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=8&Itemid=39|título=Longitude|autor=Sobel, Dava|acessodata=16/7/11|formato=PDF}}</ref> Foram também as primeiras organizações, e as únicas durante muito tempo, a oferecer uma cadeira regular a um especialista de alguma área da física.<ref name="orgn"/> Entretanto, nos séculos XVIII e XIX, houve a ausência grandes desenvolvimentos na organização social da física. Quase todo o desenvolvimento nesta área está confinada ao século XX, especialmente devido às [[Primeira Guerra Mundial|Primeira]] e [[Segunda Guerra Mundial|Segunda]] guerras mundiais, onde era necessário o desenvolvimento de armas sofisticadas que exigiam conhecimentos avançados de física, como na [[Aerodinâmica]], [[física nuclear]], entre outros.<ref>{{Citar web|url=http://www.schwartzman.org.br/simon/scipol/pdf/militar.pdf|título=P & D Militar: situação, avaliação e persperctivas|autor=Cavagnari Filho, geraldo Lesbat|obra=schwartzman.org|data=1993|acessodata=16/7/11|formato=PDF}}</ref>
O [[Observatório de Paris]], fundada como anexo da [[Académie Royale des Sciences]], e o [[Observatório Real de Greenwich]], fundada em 1675, foram as primeiras instituições dedicadas à áreas relacionadas à física e amparadas pelo poder central das respectivas nações. Suas criações dependeram intensamente do crédito científico obtido na solução de problemas de astronomia necessários ao desenvolvimento da navegação.<ref>{{Citar web|url=http://www.itaimpaulista.com.br/bccc/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=8&Itemid=39|título=Longitude|autor=Sobel, Dava|acessodata=16/7/11}}</ref> Foram também as primeiras organizações, e as únicas durante muito tempo, a oferecer uma cadeira regular a um especialista de alguma área da física.<ref name="orgn"/> Entretanto, nos séculos XVIII e XIX, houve a ausência grandes desenvolvimentos na organização social da física. Quase todo o desenvolvimento nesta área está confinado ao século XX, especialmente devido às [[Primeira Guerra Mundial|Primeira]] e [[Segunda Guerra Mundial|Segunda]] guerras mundiais, onde era necessário o desenvolvimento de armas sofisticadas que exigiam conhecimentos avançados de física, como na [[Aerodinâmica]], [[física nuclear]], entre outros.<ref>{{Citar web|url=http://www.schwartzman.org.br/simon/scipol/pdf/militar.pdf|título=P & D Militar: situação, avaliação e persperctivas|autor=Cavagnari Filho, geraldo Lesbat|obra=schwartzman.org|data=1993|acessodata=16/7/11}}</ref>


==Pesquisas físicas atuais==
==Pesquisas físicas atuais==
{{Veja|Problemas em aberto da física}}
{{Veja|Problemas em aberto da física}}
[[Imagem:Meissner effect p1390048.jpg|thumb|[[Efeito Meissner]], um magneto suspenso sobre um [[supercondutividade|supercondutor]]]]
[[Imagem:Meissner effect p1390048.jpg|thumb|[[Efeito Meissner]], um magneto suspenso sobre um [[supercondutividade|supercondutor]].]]


A pesquisa em física está progredindo continuamente em várias frentes. Na [[física da matéria condensada]], um importante problema em aberto é a [[supercondutividade a alta temperatura]].<ref name="super">{{citar web|url=http://www.posif.uerj.br/admin/dissertacoes/arquivos/dissertacao.pdf|título=Dualidade na teoria de Landau-Ginzburg da supercondutividade|ultimo=Teixeira, Bruno Fernando Inchausp |publicado=Universidade do Estado do RIo de Janeiro|acessodata=26/12/2010}}</ref> Na física aplicada, muitos experimentos de matéria condensada estão objetivando a fabricação de aparelhos e computadores [[spintrônica|magnetoeletrônicos]]<ref name="magneeletr">{{citar web|url=http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=magnetismo-intrinseco-silicio-magnetoeletronica&id=010110100831|título=magnetismo intrínseco do silício pode viabilizar magnetoeletrônica|data=31/08/2010|publicado=Inovação Tecnológica|acessodata=26/12/2010}}</ref> e [[computador quântico|quânticos]].<ref name="compqua">{{citar web|url=http://info.abril.com.br/aberto/infonews/022007/15022007-15.shl|título=Entenda a computação quântica|obra=info Abril|acessodata=26/12/2010}}</ref>
A pesquisa em física está progredindo continuamente em várias frentes. Na [[física da matéria condensada]], um importante problema em aberto é a [[supercondutividade a alta temperatura]].<ref name="super">{{citar web|url=http://www.posif.uerj.br/admin/dissertacoes/arquivos/dissertacao.pdf|título=Dualidade na teoria de Landau-Ginzburg da supercondutividade|ultimo=Teixeira, Bruno Fernando Inchausp |publicado=Universidade do Estado do RIo de Janeiro|acessodata=26-12-2010}}</ref> Na física aplicada, muitos experimentos de matéria condensada estão objetivando a fabricação de aparelhos e computadores [[spintrônica|magnetoeletrônicos]]<ref name="magneeletr">{{citar web|url=http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=magnetismo-intrinseco-silicio-magnetoeletronica&id=010110100831|título=magnetismo intrínseco do silício pode viabilizar magnetoeletrônica|data=31-08-2010|publicado=Inovação Tecnológica|acessodata=26-12-2010}}</ref> e [[computador quântico|quânticos]].<ref name="compqua">{{citar web|url=http://info.abril.com.br/aberto/infonews/022007/15022007-15.shl|título=Entenda a computação quântica|obra=info Abril|acessodata=26-12-2010}}</ref>


Na [[física de partículas]], as primeiras evidências experimentais de física além do [[modelo padrão]] começaram a aparecer, como a possibilidade do [[neutrino]] ter [[massa]].<ref name="neutrino">{{citar web|url=http://www.guia.heu.nom.br/massa_dos_neutrinos.htm|título=Massa dos neutrinos|publicado=guia.heu.nom.br|acessodata=26/12/2010}}</ref> Atualmente, os [[acelerador de partículas|aceleradores de partículas]] são capazes de operar em energias da ordem de tera-[[elétron-volt|elétrons-volt]].<ref name="acelr">{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/070410/em-busca-tempo-perdido-p-084.shtml|título=Em busca do tempo perdido|publicado=[[Veja (revista)|veja.com]]|acessodata=26/12/2010|data=27/04/2010}}</ref> Os físicos teóricos e experimentais, no [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear|CERN]] e no [[Fermilab]], tentam encontrar o [[bóson de Higgs]], a única partícula ainda a ser descoberta segundo o Modelo Padrão.<ref name="higgs">{{citar web|url=http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010805070402|título=Partícula de Deus - Boson de Higgs|data=02/04/2007|publicado=Inovação Tecnológica|acessodata=26/12/2010}}</ref> Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o ''[[Large Hadron Collider]]'', o maior [[acelerador de partículas]] já construído do mundo.<ref>{{Citar web|url=http://public.web.cern.ch/public/en/lhc/lhc-en.html|título=The Large Hadron Collider |obra=Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN)|acessodata=24/7/11}}</ref>
Na [[física de partículas]], as primeiras evidências experimentais de física além do [[modelo padrão]] começaram a aparecer, como a possibilidade do [[neutrino]] ter [[massa]].<ref name="neutrino">{{citar web|url=http://www.guia.heu.nom.br/massa_dos_neutrinos.htm|título=Massa dos neutrinos|publicado=guia.heu.nom.br|acessodata=26-12-2010}}</ref> Atualmente, os [[acelerador de partículas|aceleradores de partículas]] são capazes de operar em energias da ordem de tera-[[elétron-volt|elétrons-volt]].<ref name="acelr">{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/070410/em-busca-tempo-perdido-p-084.shtml|título=Em busca do tempo perdido|publicado=[[Veja (revista)|veja.com]]|acessodata=26-12-2010|data=27-04-2010}}</ref> Os físicos teóricos e experimentais, no [[Organização Europeia para a Investigação Nuclear|CERN]] e no [[Fermilab]], tentam encontrar o [[bóson de Higgs]], a única partícula ainda a ser descoberta segundo o Modelo Padrão.<ref name="higgs">{{citar web|url=http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010805070402|título=Partícula de Deus - Boson de Higgs|data=02-04-2007|publicado=Inovação Tecnológica|acessodata=26-12-2010}}</ref> Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o ''[[Large Hadron Collider]]'', o maior [[acelerador de partículas]] já construído do mundo.<ref>{{Citar web|url=http://public.web.cern.ch/public/en/lhc/lhc-en.html|título=The Large Hadron Collider |obra=Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN)|acessodata=24/7/11}}</ref>


A [[gravidade]] representa uma das mais importantes questões abertas na física moderna.<ref name="graquantic"/> As tentativas teóricas de unificar a [[mecânica quântica]] e a [[relatividade geral]] em uma única teoria da [[gravitação quântica]], um programa de pesquisas que perdura por mais de cinquenta anos, ainda não foi resolvido.<ref name="graquantic"/> Existem modelos matemáticos que tentam conciliá-los, como a [[teoria das cordas]] e a [[gravidade quântica em loop]].<ref name="graquantic"/> Muitos fenômenos [[astronomia|astronômicos]] e [[cosmologia|cosmológicos]], a assimetria bariônica, a [[aceleração da expansão do universo|aceleração da expansão do Universo]] e o problema da maior [[velocidade angular]] das galáxias ainda carecem de descrições satisfatórias.<ref name="expans">{{citar web|url=http://www.astro.iag.usp.br/~douglas/cosmologia/arquivos/aulas/cap14.pdf|título=Expansão do Universo e forças elementares: geração da assimetria matéria-antimatéria|publicado=Universidade de São Paulo|acessodata=26/12/2010}}</ref> Embora se tenha feito progresso na mecânica quântica de altas energias e na [[Astrofísica]], muitos fenômenos cotidianos ainda são fracamente entendidos, como a [[turbulência]], [[sistemas complexos]] e o [[teoria do caos|caos]].<ref name="caos">{{Ref-livro|sobrenome=Regev|nome=Oged|título=Chaos and complexity in astrophysics|editor=Cambridge University Press|publicação=12/06/2006|páginas=366|id=0521855349}}</ref>
A [[gravidade]] representa uma das mais importantes questões abertas na física moderna.<ref name="graquantic"/> As tentativas teóricas de unificar a [[mecânica quântica]] e a [[relatividade geral]] em uma única teoria da [[gravitação quântica]], um programa de pesquisas que perdura por mais de cinquenta anos, ainda não foi resolvido.<ref name="graquantic"/> Existem modelos matemáticos que tentam conciliá-los, como a [[teoria das cordas]] e a [[gravidade quântica em loop]].<ref name="graquantic"/> Muitos fenômenos [[astronomia|astronômicos]] e [[cosmologia|cosmológicos]], a assimetria bariônica, a [[aceleração da expansão do universo|aceleração da expansão do Universo]] e o problema da maior [[velocidade angular]] das galáxias ainda carecem de descrições satisfatórias.<ref name="expans">{{citar web|url=http://www.astro.iag.usp.br/~douglas/cosmologia/arquivos/aulas/cap14.pdf|título=Expansão do Universo e forças elementares: geração da assimetria matéria-antimatéria|publicado=Universidade de São Paulo|acessodata=26-12-2010}}</ref> Embora se tenha feito progresso na mecânica quântica de altas energias e na [[Astrofísica]], muitos fenômenos cotidianos ainda são fracamente entendidos, como a [[turbulência]], [[sistemas complexos]] e o [[teoria do caos|caos]].<ref name="caos">{{citar livro|sobrenome=Regev|nome=Oged|título=Chaos and complexity in astrophysics|editor=Cambridge University Press|publicação=12/06/2006|páginas=366|id=0521855349}}</ref>


==Ver também==
== Ver também ==

{{Correlatos
|wikinoticiascat = Física
|wikcionario = Física
}}
{{portal-física}}
*[[Olimpíada Brasileira de Física]]
*[[Unidade de medida|Unidades de medida]]
*[[Cálculo]]
*[[Cálculo]]
*[[Cronologia da descoberta de partículas]]
*[[Cronologia da descoberta de partículas]]
*[[Olimpíada Brasileira de Física]]
*[[Unidade de medida|Unidades de medida]]


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<ref name="metodo">Respectivamente nas palavras de [[Jacob Bronowski]], [[Thomas Hobbes]] e [[Konrad Lorenz]]: "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza"; "ciência é o conhecimento das consequências, e da dependência de um fato em relação a outro."; "A verdade na ciência pode ser mais bem definida como a hipótese de trabalho mais adequada para abrir o caminho até a próxima hipótese. É um bom exercício para um pesquisador livrar-se de uma hipótese favorita todo dia, antes do café da manhã. Isso o manterá jovem."</ref>
<ref name="metodo">Respectivamente nas palavras de [[Jacob Bronowski]], [[Thomas Hobbes]] e [[Konrad Lorenz]]: "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza"; "ciência é o conhecimento das consequências, e da dependência de um fato em relação a outro."; "A verdade na ciência pode ser mais bem definida como a hipótese de trabalho mais adequada para abrir o caminho até a próxima hipótese. É um bom exercício para um pesquisador livrar-se de uma hipótese favorita todo dia, antes do café da manhã. Isso o manterá jovem."</ref>
}}
}}
<small>Referências para as notas:</small><ref name="PCN+"/><ref name="Galil2"/><ref name="interd"/><ref>{{Citar livro| autor=[[Simon Singh|Singh, Simon]]|título=Big Bang|editora=Editora Record |local= Rio de Janeiro / São Paulo |ano= 2006|id= ISBN 85-01-07213-3|páginas=459}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://conceito.de/teoria|título=Conceito de teoria|acessodata=16/7/11}}</ref><ref>{{Citar web|lingua=Inglês|url=http://www2.gi.alaska.edu/ScienceForum/ASF7/741.html|título=Unexpected Scientific Discoveries Are Often The Most Important|autor=Gedney, Larry|data=4/11/1985|obra=Alaska Science Forum|acessodata=16/7/11}}</ref>
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Edição atual tal como às 01h12min de 28 de novembro de 2024

 Nota: Para outros significados, veja Física (desambiguação).

Física (do grego antigo: φύσις physis "natureza") é a ciência que estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos gerais. Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências. Busca a compreensão científica dos comportamentos naturais e gerais do mundo em nosso entorno, desde as partículas elementares até o universo como um todo.[1][2] Com o amparo do método científico e da lógica, e tendo a matemática como linguagem natural, esta ciência descreve a natureza por meio de modelos científicos. É considerada a ciência fundamental, sinônimo de ciência natural: as ciências naturais, como a química e a biologia, têm raízes na física. Sua presença no cotidiano é muito ampla, sendo praticamente impossível uma completíssima descrição dos fenômenos físicos em nossa volta. A aplicação da física para o benefício humano contribuiu de uma forma inestimável para o desenvolvimento de toda a tecnologia moderna, desde o automóvel até os computadores quânticos.[nota 1]

Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da mecânica, que tem como pilares principais de estudo a energia mecânica e os momentos linear e angular, suas conservações e variações. Desde o fim da Idade Média havia a necessidade de se entender a mecânica, e os conhecimentos da época, sobretudo aristotélicos, já não eram mais suficientes. Galileu centrou seus estudos nos projéteis, pêndulos e movimentos dos planetas; Isaac Newton, mais tarde, elaborou os princípios fundamentais da dinâmica ao publicar suas leis e a gravitação universal em seu livro Principia, que se tornou a obra científica mais influente de todos os tempos. A termodinâmica, que estuda as causas e os efeitos de mudanças na temperatura, pressão e volume em escala macroscópica, teve sua origem na invenção das máquinas térmicas durante o século XVIII. Seus estudos levaram à generalização do conceito de energia. A ligação da eletricidade, que estuda cargas elétricas, com o magnetismo, que é o estudo das propriedades relacionadas aos ímãs, foi percebida apenas no início do século XIX por Hans Christian Ørsted. As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por James Clerk Maxwell. A partir de então, estas duas áreas, juntamente com a óptica, passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o eletromagnetismo. No início do século XX, a incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados, como o efeito fotoelétrico, levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física. Albert Einstein publicou a teoria da relatividade geral em 1915, propondo a constância da velocidade da luz e suas consequências até então inimagináveis. A teoria da relatividade de Einstein leva a um dos princípios de conservação mais importantes da física, a relação entre massa e energia, geralmente expressa pela famosa equação E=mc². A relatividade geral também unifica os conceitos de espaço e tempo: a gravidade é apenas uma consequência da deformação do espaço-tempo causado pela presença de massa. Max Planck, ao estudar a radiação de corpo negro, foi forçado a concluir que a energia está dividida em "pacotes", conhecidos como quanta. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da mecânica quântica. O desenvolvimento da teoria quântica de campos trouxe uma nova visão da mecânica das forças fundamentais. O surgimento da eletro e cromodinâmica quânticas e a posterior unificação do eletromagnetismo com a força fraca a altas energias são a base do modelo padrão, a principal teoria de partículas subatômicas, capaz de descrever a maioria dos fenômenos da escala microscópica que afetam as principais áreas da física.

A física é uma ciência significativa e influente e suas evoluções são frequentemente traduzidas no desenvolvimento de novas tecnologias. O avanço nos conhecimentos em eletromagnetismo permitiu o desenvolvimento de tecnologias que certamente influenciam o cotidiano da sociedade moderna: o domínio da energia elétrica permitiu o desenvolvimento e construção dos aparelhos elétricos; o domínio sobre as radiações eletromagnéticas e o controle refinado das correntes elétricas permitiu o surgimento da eletrônica e o consequente desenvolvimento das telecomunicações globais e da informática. O desenvolvimento dos conhecimentos em termodinâmica permitiu que o transporte deixasse de ser dependente da força animal ou humana graças ao advento dos motores térmicos, que também impulsionou toda uma Revolução Industrial. Nada disso seria possível, entretanto, sem o desenvolvimento da mecânica, que tem suas raízes ligadas ao próprio desenvolvimento da física. Porém, como qualquer outra ciência, a física não é estática. Físicos ainda trabalham para conseguir resolver problemas de ordem teórica, como a "catástrofe do vácuo",[3] gravitação quântica, termodinâmica de buracos negros,[4] dimensões suplementares,[5] flecha do tempo, inflação cósmica[6] e o mecanismo de Higgs.[7] Ainda existem fenômenos observados empiricamente e experimentalmente que ainda carecem de explicações científicas, como a possível existência da matéria escura,[8] raios cósmicos com energias teoricamente muito altas[9] e até mesmo observações cotidianas como a turbulência. Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o Large Hadron Collider, o maior acelerador de partículas já construído do mundo, situado na Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN).

História

Ver artigo principal: História da física

Antiguidade pré-clássica

Aristóteles, considerado um dos maiores filósofos naturais da Grécia Antiga.

As pessoas, desde a Antiguidade, estavam conscientes da regularidade da Natureza.[10] Desde tempos remotos sabia-se que o ciclo lunar era de aproximadamente 28 dias, e que os objetos, na ausência de suporte, caíam.[11] Inicialmente, tentaram explicar tais regularidades usando a metafísica e a mitologia; tais regularidades eram obras de deuses e deusas, que controlavam o mundo ao seu bel prazer.[12] Entretanto, a física, conhecida desde a antiguidade até o século XVIII como filosofia natural, iniciou-se como uma tentativa de se obter explicações racionais para os fenômenos naturais, evitando-se sobremaneira as infiltrações religiosas ou mágicas.[13]

Povos de diferentes partes da Terra começaram a desenvolver ciência, sempre em torno da filosofia natural, em épocas e com ênfases diferentes.[13] Os Indianos já refletiam sobre questões físicas desde o terceiro milênio antes de Cristo.[14] Entre o nono e o sexto século a.C. os filósofos indianos já defendiam o heliocentrismo e o atomismo.[14] No quarto século a.C., os chineses já haviam enunciado o que é conhecido hoje como a Primeira lei de Newton.[15] No primeiro século a.C. os povos maias já haviam elaborado a noção de zero, antes mesmo dos europeus.[16]

Grécia Antiga

As primeiras tentativas ocidentais de prover uma explicação racional para os fenômenos naturais vieram com os gregos.[17] Tales de Mileto foi historicamente o primeiro filósofo ocidental a recusar explicações sobrenaturais, religiosas ou mitológicas para os fenômenos naturais, defendendo que todo evento físico tem uma causa natural.[18] Pitágoras e seus seguidores acreditavam que o mundo, assim como o sistema numérico inteiro, era dividido em elementos finitos, concebendo, assim, as noções de atomismo.[19] Demócrito de Abdera, Leucipo de Mileto e Epicuro, entre o quinto e o terceiro séculos a.C., impulsionaram a filosofia do atomismo, onde propuseram que toda matéria seria constituída de pequenos átomos indivisíveis.[20] Aristarco de Samos foi um dos primeiros defensores do heliocentrismo,[21] embora na Grécia Antiga prevalecesse o paradigma geocentrista. A experiência, assim como todo trabalho braçal, na Grécia Antiga, eram ignorados, pois as explicações sobre o mundo físico eram baseadas em um pequeno número de princípios filosóficos.[22] Arquimedes, entretanto, prezava a experiência: os fundamentos da estática e da hidrostática têm suas origens em Arquimedes. Os princípios do conceito de empuxo foram primeiramente formulados por ele. Tal conceito ficou conhecido como o princípio de Arquimedes.[23]

Aristóteles é considerado um dos principais filósofos naturais da Grécia Antiga. Para ele e seguindo a ideia de Empédocles, o Universo era formado de quatro elementos básicos: o ar, a terra, a água e o fogo, além de um quinto elemento, o éter, elemento perfeito, que preencheria o restante do Universo para além da órbita da Lua. Para Aristóteles, era inconcebível a noção de vácuo e infinito. Cada elemento teria lugar próprio dentro do Universo, sendo que a terra tenderia a permanecer no centro do Universo e o fogo tenderia a fugir dele.[24] No seu livro, Física, Aristóteles diz que a causa do movimento é a força atuante; assim que cessa a força, cessa o movimento. A continuação do movimento após a perda de contato com o causador do movimento seria a "tendência" do ar em preencher o vazio que um projétil deixa em seu rastro. Este "preenchimento" resultaria em uma força que impulsionaria o projétil para frente, mas tal efeito não seria perpétuo, findando em algum instante.[25]

Para explicar o movimento planetário, Eudoxo de Cnido, no quarto século a.C., elaborou as primeiras observações quantitativas para montar um modelo matemático dos movimentos planetários. Eudoxo desenvolveu um sistema de esferas concêntricas, sendo que cada esfera carrega um planeta.[26] Este sistema foi se sofisticando ao longo dos séculos, com a crença dos gregos em um sistema geocêntrico.[26] Todas as anomalias observadas, como a regressão aparente dos planetas e até mesmo a precessão do eixo da Terra, descoberta por Hiparco, foi explicada através do aumento da complexidade do sistema de esferas geocêntricas.[27] Ptolomeu, no século II a.C. havia elaborado um sistema esférico dos planetas com mais de 80 esferas e epiciclos e seu trabalho, resumido em uma coleção de 13 livros que ficaram conhecidos como Almagesto, foi utilizado amplamente pelos árabes e europeus até a Alta Idade Média.[27]

Idade Média e filosofia natural Islâmica

Estudos de Roger Bacon sobre óptica, no final do século XIV.

Com a queda do Império Romano, no século IV d.C., a maior parte da filosofia natural grega, assim como toda a educação em geral, perde importância.[28] Esta época ficou conhecida como a "idade das trevas" para a evolução do conhecimento natural.[29] Entretanto, o conhecimento natural dos gregos não foi totalmente perdido, migrou para o Oriente Médio e para o Egito. Os árabes, que já viviam naquela região, traduziram a literatura grega para o árabe. Assim, os árabes não só adquiriram o conhecimento grego, mas também o refinaram.[30] Al-Khwarizmi é considerado o fundador da álgebra que hoje conhecemos.[31] O astrolábio, presumidamente inventado por Ptolomeu, foi aperfeiçoado pelos persas.[32]

No século XI, após a reconquista espanhola sobre os árabes, boa parte dos textos gregos que os árabes possuíam começou a ser traduzido para o latim.[33] Assim, a Europa medieval voltou a apreciar a filosofia natural após longos séculos de escuridão.[33] Uma vez traduzidos, todos os documentos foram estudados primeiramente por escolas estabelecidas juntamente a igrejas e catedrais.[33] Tais escolas transformaram-se nas primeiras universidades medievais posteriormente.[34] As universidades de Cambridge e Oxford foram fundadas no século XIII.[35] Apesar de oferecerem ainda um ensino escolástico,[28] tais universidades começaram a dar suporte para os primeiros desenvolvimentos científicos.[36]

Guilherme de Ockham foi um dos mais importantes filósofos naturais da Idade Média. Rejeitou a explicação aristotélica do movimento e a teoria do impetus, desenvolvida ainda na Grécia Antiga e retomada por Jean Buridan. Ockham afirmava que um objeto em movimento, após ter perdido contato com o seu lançador, já não é "portador" de qualquer força, segundo a teoria do impetus, pois não se pode mais distinguir o objeto em movimento: o objeto em movimento pode ser o projétil, sob a perspectiva do lançador, ou o próprio lançador, sob o ponto de vista do projétil.[37] A "Navalha de Ockham" diz que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação deste e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria.[37]

Renascimento, revolução científica e desenvolvimento do método científico

Ver artigo principal: Revolução científica
Galileu Galilei.

O renascimento foi a época do redescobrimento do conhecimento na Europa.[38] Vários acontecimentos revolucionaram a forma de pensar da sociedade europeia. Em 1543, Nicolau Copérnico publica De revolutionibus orbium coelestium, apresentando um modelo matemático completo de um sistema heliocêntrico.[39] Galileu Galilei é considerado o fundador da ciência moderna. Segundo Galileu, o cientista não tem o papel de explicar porque os fenômenos acontecem na Natureza, apenas pode descrevê-los.[40] Em uma de suas obras, Galileu não afirmou que estava explicando a queda livre, apenas estava descrevendo-o. Galileu também foi o primeiro a conceber o conceito de inércia na Europa e foi o fundador da física como conhecemos hoje ao empregar a matemática na descrição de fenômenos naturais, que eram endossados pela experimentação. A sua contribuição para o desenvolvimento do telescópio contribuiu para a gradual consolidação do heliocentrismo, com a descoberta dos satélites galileanos.[40]

Os métodos científicos de Galileu já eram uma derivação da nova forma de filosofia que vinha sendo desenvolvida por Francis Bacon e René Descartes, formulando as bases do método científico, que vinha sendo ensaiado desde a "era dourada" da filosofia natural Islâmica. Segundo Bacon, a ciência é experimental, qualitativa e indutiva. Rejeita assunções a priori e se houver uma quantidade suficiente de observações, estas seriam usadas para se induzir ou generalizar os princípios fundamentais envolvidos.[41]

René Descartes propôs uma lógica diferente: em vez de se iniciar as observações com fatos "crus", Descartes acreditava que os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura razão com lógica matemática. Sua abordagem era analítica; os problemas deveriam ser "partidos" e rearranjados logicamente. Os fenômenos podem ser reduzidos e analisados aos seus componentes fundamentais. Se os componentes fundamentais fossem entendidos, o fenômeno também seria.[41] A congruência entre os pensamentos de Bacon e de Descartes, mesmo que entrassem em conflito em certas discussões, dominou as investigações científicas nos três séculos seguintes.[42]

A filosofia cartesiana, ou cartesianismo, rejeita toda e qualquer autoridade na obtenção do conhecimento. Os princípios básicos que regem a Natureza podiam ser obtidos por uma combinação da pura razão com lógica matemática. Em outras palavras, a busca pela verdade está baseada apenas na razão. Desse paradigma os dogmas religiosos, os preconceitos sociais, as censuras políticas e os aspectos fornecidos pelos sentidos são excluídos. A matemática passou a ser o modelo e a linguagem de todo conhecimento relacionado à ciência. Várias correntes de pensamento surgiram da filosofia cartesiana, como o racionalismo e o empirismo, e destas surgiriam o determinismo, o reducionismo e o mecanicismo.[43]

Desenvolvimento da mecânica, termodinâmica e eletromagnetismo

Após Galileu, Isaac Newton foi um dos cientistas mais importantes para o desenvolvimento da mecânica clássica.[44] Suas três leis serviram de base para toda a mecânica até o início do século XX.[45] Sua mecânica tornou-se modelo para a construção de teorias científicas futuras.[46] Em seu livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, considerado a publicação mais influente de toda a história,[47] descreveu a universalidade de suas leis[48] e concluiu a primeira grande unificação da História da física, já iniciada por Galileu, ao unir Céus e Terra sob as mesmas leis físicas, a gravitação universal.[49]

A invenção da máquina a vapor, aprimorada por Thomas Newcomen e James Watt, levou a um grande interesse científico no estudo do calor.[50] O francês Sadi Carnot, já no século XIX, formulou as bases para o entendimento de máquinas térmicas.[51] Joseph Black começou a quantificar o calor através da medida da capacidade térmica das substâncias.[52] James Prescott Joule estabeleceu uma equivalência numérica entre trabalho e calor e mostrou que o calor produzido por uma corrente elétrica I em um condutor de resistência R era dado por I²R, conhecido atualmente como Lei de Joule.[53] Os trabalhos de Joule estabeleceram o princípio da conservação da energia,[53] que se tornou a base para a primeira lei da termodinâmica, formulada por Rudolf Clausius e William Thomson (Lord Kelvin).[54] Clausius também formulou o conceito de entropia, que é a base para a segunda lei da termodinâmica.[55] Assim como a mecânica Newtoniana se apoia em três leis fundamentais, as quatro leis da termodinâmica apoiam todo o conhecimento nesta área.

As forças magnética e elétrica já eram conhecidas desde a antiguidade.[56] Entretanto, o estudo científico da eletricidade e do magnetismo foi iniciado no século XVII por William Gilbert, em seu livro De Magnete.[57] Otto von Guericke produziu o primeiro gerador eletrostático.[58] Pieter van Musschenbroek construiu a primeira garrafa de Leiden, que acumula cargas elétricas.[58] Alessandro Volta construiu a primeira pilha voltaica, que podia fornecer uma corrente elétrica contínua.[58]

Benjamin Franklin foi um dos primeiros a propor que os relâmpagos eram uma forma de eletricidade. Também propôs que as cargas elétricas eram divididas em dois tipos, negativa e positiva, com cargas elétricas idênticas se repelindo e cargas contrárias se atraindo.[58] Hans Christian Ørsted argumentou que a corrente elétrica gera magnetismo em torno do fio condutor.[58] André-Marie Ampère forneceu os primeiros apoios matemáticos para o magnetismo em função da corrente elétrica.[58] Michael Faraday postulou que o inverso também era válido, sendo que a variação do campo magnético induz a geração de corrente elétrica. Faraday elaborou um modelo qualitativo de como as forças elétrica e magnética agem.[58] Também elaborou os conceitos de campos magnético e elétrico.[58] James Clerk Maxwell unificou as teorias elétricas e magnéticas de Ampère, Faraday e de Gauss, resultando no nascimento da teoria eletromagnética, resumindo matematicamente o trabalho experimental de seus antecessores em quatro equações, conhecidas como as Equações de Maxwell.[59] Maxwell propôs a existência de ondas eletromagnéticas, e sugeriu que a própria luz seria um exemplo de onda eletromagnética.[59] A existência de tais ondas foi comprovada por Heinrich Hertz, em 1888, e a constatação da luz como onda eletromagnética completou outra grande unificação da física, fundindo a eletricidade, o magnetismo e a óptica dentro da teoria eletromagnética.[60]

Física moderna

No final do século XIX, as teorias clássicas da física estavam firmemente estabelecidas. Restavam aos físicos realizar medidas mais precisas para as constantes universais e aplicar o conhecimento obtido em tecnologias vindouras.[61] Os "fenômenos rebeldes" consistiam um problema, embora fosse "uma questão de tempo" adequá-las às teorias vigentes. Entretanto, tais "fenômenos rebeldes" se tornaram um imenso desafio para física no final do Século XIX e no início do Século XX.[61]

Entre os "fenômenos rebeldes", destacavam-se a radiação de corpo negro,[61][62] o efeito fotoelétrico[61][63] e o espectro de raias dos elementos.[61][64] Max Planck, em 1900, em uma tentativa de dar suporte matemático à radiação de corpo negro, propôs a tese de que havia uma limitação energética na vibração dos osciladores causadores da radiação; um oscilador não poderia vibrar com qualquer energia, mas apenas com algumas energias "demarcadas", ou seja, discretas, sendo que seus valores seriam múltiplos de números naturais. As regiões discretas de energia ficaram conhecidas como quanta de energia. A energia desses quanta seria dada pelo produto de um número natural pela frequência e por uma constante universal, que ficou conhecida como a constante de Planck.[61]

Em 1905, Albert Einstein publica cinco artigos no periódico alemão Annalen der Physik, onde apresenta ao mundo todo o início da relatividade e da mecânica quântica. Alcançando o mesmo resultado para a constante de Planck, Einstein explicou também o efeito fotoelétrico e deu argumentações físicas para a existência dos quanta de energia. Postulou também que a velocidade da luz é constante em qualquer referencial inercial.[65] Dez anos mais tarde, Einstein publicou a sua teoria da relatividade geral, estendendo a relatividade para referenciais não-inerciais e para a gravitação.[65]

Em 1924, Louis de Broglie propõe a dualidade onda-partícula para o elétron,[66] e dois anos mais tarde, Erwin Schrödinger publica a sua equação, que é a base da mecânica quântica moderna.[67] No ano seguinte, Werner Heisenberg defende que não se pode mensurar a posição e a velocidade de uma partícula subatômica ao mesmo tempo, estabelecendo o Princípio da Incerteza.[67] No final da década de 40, Richard Feynman desenvolveu a eletrodinâmica quântica, uma das teorias mais precisas já inventadas pelo homem atualmente. Feynman desenvolveu uma das primeiras teorias quânticas de campo[68] e com a idealização e descoberta dos quarks, a cromodinâmica quântica foi elaborada.[69] A eletrodinâmica e a cromodinâmica quântica são as bases de um conjunto de teorias quânticas de campo chamada de modelo padrão, que descreve três das quatro forças fundamentais da Natureza.[70]

Entretanto, o Modelo Padrão não é capaz de descrever a gravitação, alvo de estudos desde o início da ciência moderna, quando Galileu realizou o experimento da queda livre. A gravitação ainda não tem um suporte teórico-experimental enraizado pela física moderna sobre a sua verdadeira causa.[71] A relatividade geral de Einstein entra em conflito com a mecânica quântica e constitui um dos maiores desafios para os Físicos Teóricos e Experimentais atualmente.[72]

Escopo e objetivos

Fotografia estroboscópica de uma bola de basquete. A energia mecânica da bola ora está sob a forma de energia potencial gravitacional, energia cinética ou energia potencial elástica. A cada quique da bola parte da energia é dissipada na forma de energia térmica e energia sonora.

A física estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos mais essenciais e gerais.[73] Analisa suas relações e propriedades, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências, mas não a sua totalidade, pois a física não é um objeto pronto e acabado, mas sim uma ciência que busca obter respostas para os inúmeros problemas em aberto.[74] Tem como pilares fundamentais o estudo da matéria, energia, espaço e tempo, e deriva destes entes fundamentais e de suas propriedades e relações todo o vasto escopo da física.[75]

Nesta busca por respostas e generalizações, a física tem o apoio do método científico, um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido, que deve ser validado, corroborado e verificável experimentalmente.[76] Nesse processo há também o apoio da lógica, que permeia o conhecimento produzido e em produção como um conjunto de regras de raciocínio comum a todos e permite que o conhecimento esteja disponível a todos que queiram compreendê-lo e utilizá-lo, validando-o desta forma. O uso da lógica implica o uso de sua linguagem e escrita, a matemática. As regularidades encontradas no conhecimento e fundamentadas pela lógica devem ser expressadas matematicamente, pois os argumentos que as sustentam devem ser corroborados por outros que também utilizam a mesma lógica para a compreensão do conhecimento.[77]

O escopo da física não se restringe às dimensões, pois tudo o que está contido no Universo é seu objeto de estudo, desde as partículas elementares que constroem a matéria até as estrelas, galáxias e o próprio Universo como um todo.[73] Porém, está ciência não é exclusiva na abordagem dos fenômenos naturais, pois suas especificidades e complexidades requerem uma maior atenção de estudo. Os fenômenos mais restritos são geralmente estudados por outras ciências naturais, como a química e a biologia. A física, porém, é conhecida como a ciência fundamental por buscar a essência primordial da natureza e muitas vezes torna-se sinônimo da própria ciência natural.[78]

Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, considerado a obra científica mais influentes de toda a história.

Constrói modelos científicos que descrevem o funcionamento da natureza e permitem compreender e prever com a precisão requerida os comportamentos e fenômenos naturais. Porém, tais modelos não conseguem descrever e explicar a natureza em toda sua complexidade, fato inerente aos limites do conhecimento humano.[73] Por ser uma ciência com um escopo tão amplo, costuma-se dividi-la em áreas mais restritas. Tais divisões são históricas e muitas vezes uma área desenvolve-se historicamente de forma independente, como a astronomia.[79][80] Historicamente, a afirmação da física como ciência moderna está intimamente ligada ao desenvolvimento da mecânica clássica, pois desde o advento do Renascimento havia a necessidade de se entender os fenômenos físicos relacionados aos movimentos e forças, e os conhecimentos da época, sobretudo aristotélicos, já não eram mais suficientes. Este panorama começou a ser superado com os estudos de Galileu Galilei e finalizado com a publicação científica mais influente de todas as épocas, o Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, de Isaac Newton.[47] A termodinâmica teve sua origem na invenção das máquinas térmicas[50] e sua consolidação veio com a formulação de seus princípios e a generalização do conceito de energia.[81] A ligação da eletricidade com o magnetismo foi percebida apenas no início do século XIX por Hans Christian Ørsted.[58] As descrições físicas e matemáticas da eletricidade e magnetismo foram unificadas por James Clerk Maxwell,[59] e a partir de então estas duas áreas, juntamente com a óptica, passaram a ser tratadas como visões diferentes do mesmo fenômeno físico, o eletromagnetismo.[59] O início do século XX marca a fronteira entre a física clássica e a física moderna, com as profundas alterações do entendimento científico da época.[82] A incapacidade da descrição e explicação de certos fenômenos observados levantou a necessidade de abrir novos horizontes para a física.[82] Albert Einstein publicou a teoria da relatividade geral em 1915 afirmando a constância da velocidade da luz e suas consequências até então imagináveis. Max Planck, ao estudar a radiação de corpo negro, foi forçado a concluir que a energia está dividida em "pacotes", conhecidos como quanta. Einstein demonstrou fisicamente as ideias de Planck, fixando as primeiras raízes da mecânica quântica, a física que descreve e explica fenômenos de dimensões subatômicas.[65] Mesmo estes campos de atuação são muito amplos e são, por sua vez, subdividios em áreas mais restritas.[79][83]

Lâmpada de filamento de carbono, aquecido pela passagem de corrente elétrica (efeito Joule).

Os fenômenos naturais apresentam quase sempre naturezas mais complexas e implicam, portanto, em investigações mais específicas. Surge, então, a necessidade de outras ciências naturais. Tais ciências têm necessariamente a física como ponto de partida, mas o estudo completo das complexidades físicas envolvidas nestes fenômenos torna-se inviável se estas forem abordadas apenas pela física.[84] Por exemplo, a química se dedica ao estudo da matéria e suas mudanças,[85] enquanto a biologia estuda os seres vivos.[86] Para que o estudo de áreas mais específicas fossem aprofundadas, várias ciências mais especializadas se separaram da física com o decorrer dos séculos, para formar campos de estudos autônomos com conhecimentos e metodologias próprios.[87] Embora a física esteja particularmente preocupada com os aspectos da natureza que possam ser entendidos fundamentalmente na forma de leis ou princípios elementares,[73] o advento destas novas ciências não removeu da física o seu objetivo original: entender e explicar a estrutura da natureza e seus fenômenos mesmo em escala de maior complexidade.[73] A teoria da termodinâmica e o consequente desenvolvimento da física estatística é um notório exemplo disto, e conceitos como o de temperatura são indissociáveis ao estudo de qualquer sistema natural, seja complexo ou não.

Um dos principais escopos da física é o estudo das quatro forças fundamentais.[88] Dentro do cotidiano, apenas duas das quatro forças fundamentais são influentes: o eletromagnetismo, que rege praticamente todas as forças que conhecemos e seus respectivos trabalhos, e a gravidade, que age como uma simples força conservativa na superfície terrestre, sendo vertical e apontada para baixo. As forças nucleares forte e fraca praticamente não estão presentes em nosso cotidiano, embora sejam fundamentais para a constituição do próprio Universo.[73][89] O estudo das quatro forças fundamentais constitui a maior aproximação fundamental para o entendimento da Natureza e de seus fenômenos que a ciência oferece.[73]

Feixes de laser.

As divisões clássicas da física foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum. Estas divisões ainda são atuais e tendem a ser usadas cotidianamente.[79] O ensino de física a nível secundário geralmente inicia-se com o estudo da mecânica clássica, seguindo para termodinâmica e para o eletromagnetismo, embora áreas como a cosmologia, a óptica e a física moderna também sejam tratadas.[75] Por outro lado, as divisões ou ramos da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.[90] Costuma-se também dividir a física em aplicada e pura. Enquanto a física pura busca produzir conhecimentos sobre os princípios mais fundamentais da natureza sem a intenção de produzir conhecimentos práticos imediatos,[91] a física aplicada busca dar resposta a problemas práticos.[91] As engenharias se aproximam da física aplicada quando buscam resolver problemas de ordem prática, como na aeronáutica, computação, automação, mineralogia, eletrônica, fotônica, acústica, biofísica, topografia, geociências, resistência dos materiais, telecomunicações, hidráulica, metalurgia, entre outras. Entretanto, as fronteiras entre física pura e aplicada podem não ser claras.[91] Enquanto a biofísica se preocupa em produzir conhecimentos de como o olho humano reconhece e codifica a luz visível, tentando produzir sensores que possam substituir a retina para aqueles que não são mais ou nunca foram capazes de enxergar, produz conhecimentos sobre os comportamentos físicos e biológicos de nanopartículas sem ainda ter, entretanto, alguma utilidade prática.

A física se preocupa com o estudo da matéria, energia, espaço e tempo, buscando sempre uma maior precisão e uma maior profundidade no entendimento dos elementos e princípios fundamentais. Também tem, contudo, o objetivo de construir uma teoria unificada expressada em linguagem matemática precisa e corroborada experimentalmente de forma universal, que apresente uma estrutura e um comportamento que permitam que seus modelos científicos sejam capazes de descrever e prever os fenômenos naturais na maneira mais compreensiva e detalhada possível, sejam estes quais forem.[73][92] Em sintonia com este objetivo, a física está caracterizada por uma instrumentação e medições altamente precisas.[93] Outras ciências naturais estão preocupadas em descrever e relatar os fenômenos em seus conceitos peculiares restritos às suas próprias disciplinas, mas a física sempre busca entender o mesmo fenômeno como uma manifestação especial de uma estrutura uniforme e superior da natureza como um todo.[73]

Divisões

Um transferidor de plástico observado por uma lente que polariza a luz. Através da luz polarizada pode-se perceber as regiões de tensão do plástico, marcadas em roxo, azul e verde. Nestas regiões o plástico está mais propenso a quebrar. O estudo da luz, que é uma radiação eletromagnética, é abordado pela óptica.

O escopo muito amplo da física é abordado por vários campos de estudo que podem se diferir muito entre si. Tais divisões têm fundamentações históricas, e muitas áreas surgiram de forma independente.[79] O próprio início da física clássica, durante a revolução científica está grandemente associada ao início da mecânica clássica.[94]

Existem várias formas de dividir esta ciência tão ampla. Considera-se o início da física clássica e independente os estudos de Galileu Galilei.[94] O paradigma de René Descartes, uma visão mecanicista da ciência onde o mundo natural é uma máquina sem espiritualidade e, portanto, deve ser dominada pela inteligência humana e ser posta a seu serviço, permeou a produção e desenvolvimento científicos até o início do século XX,[95] quando o entendimento científico foi modificado profundamente pelo advento dos fundamentos da relatividade e da mecânica quântica, em um mundo onde o tempo pode se dilatar e as partículas elementares não são mais pontuais e locais e comportam ora como onda, ora como partícula.[96][97] Esta época delimita a fronteira entre a física clássica e a física moderna.[98]

As divisões clássicas da física, antes do início do século XX, foram baseadas em classes gerais de fenômenos naturais para os quais uma determinada metodologia da física aplica-se de forma comum.[79] É a forma de divisão mais tradicional, pois considera-se as propriedades dos fenômenos estudados: os movimentos e forças são objeto de estudo da mecânica, a curiosidade acerca do calor e suas propriedades criou um plano de fundo para o surgimento da termodinâmica. A eletricidade, o magnetismo e a óptica surgiram de forma independente, mas foram integradas durante meados do século XIX ao serem consideradas apenas visões diferentes de um mesmo fenômeno muito mais amplo, o eletromagnetismo.

As divisões da física moderna são feitas em acordo com os tipos particulares de estruturas da natureza com qual cada ramo está preocupado.[79] As implicações até então imagináveis de afirmações aparentemente simples, como a constância das leis da física para qualquer referencial e a constância da velocidade da luz, são a base da relatividade. A mecânica quântica é a física das dimensões subatômicas.

Ainda existem numerosas divisões interdisciplinares da física. Tem um papel crucial dentro da ciência dos materiais ao fornecer subsídios para o estudo de relações, estruturas, performance, formas de caracterização e processamento dos materiais. A biofísica surge quando a biologia necessita resolver problemas que pertencem ao escopo da física. Da mesma forma a física médica surge quando a medicina necessita da física para resolver problemas, especialmente notáveis em radiologia. Destacam-se ainda a metalurgia, que necessita da física, especialmente da mecânica, na produção de produtos metálicos; a geofísica, que busca o compreensão da estrutura, composição e dinâmica do planeta Terra sob a ótica da física; a físico-química, quando a química necessita de conceitos físicos, como o movimento, energia, força, tempo, termodinâmica, mecânica quântica e física estatística, para a resolução de problemas; a física matemática, quando a física requer a utilização da metodologia da matemática para a aplicação de problemas físicos; e a meteorologia física, a área da meteorologia que investiga os fenômenos atmosféricos do ponto de vista da física, descrevendo-os e explicando-os a partir de teorias e da análise de resultados experimentais.[99]

Física clássica

Mecânica clássica

Animação mostrando um objeto em rotação intermitente. As flechas representam os vetores força, momento linear, posição, momento angular e torque. A mecânica clássica preocupa-se com a descrição do movimento e suas causas.

A mecânica clássica descreve o movimento de objetos macroscópicos, desde projéteis a partes de máquinas, além de corpos celestes, como espaçonaves, planetas, estrelas e galáxias. A mecânica clássica em si também é muito ampla e várias especializações são derivadas dela. Referente aos conceitos abordados, pode ser dividida em Cinemática, que estuda os movimentos sem se preocupar com suas causas, a Estática, que aborda sistemas sob ação de forças que se equilibram, e a Dinâmica, que estuda o movimento considerando suas causas, em outras palavras, aborda sistemas sob ação de forças que não se equilibram.[100]

Surgiu durante a revolução científica, juntamente com a consolidação da física como ciência moderna. Galileu Galilei pode ser considerado o marco inicial da mecânica clássica,[94] mas sua consolidação definitiva veio com a publicação dos Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, de Isaac Newton, considerada a obra científica mais influente de todos os tempos.[47] Entretanto, em certos sistemas, a mecânica de Newton passa a ser pouco eficiente para ser usado na resolução de problemas. No final do século XVIII e durante o século XIX a mecânica foi reformulada por Joseph-Louis Lagrange e William Rowan Hamilton, para que abarcasse a resolução analítica de um maior número de problemas com um ferramental matemático mais refinado.[101][102]

A mecânica não se limita à análise de partículas discretas, mas estuda também meios contínuos. O momento de inércia de um disco rígido com centro de rotação coincidente com o seu próprio centro é diferente de uma partícula isolada que orbita um centro de rotação qualquer.[103] A mecânica de meios contínuos é a mecânica que aborda o estudo dos materiais de massa contínua, em oposição de materiais de partículas discretas ou isoladas. A mecânica dos fluidos e a Dinâmica de corpo rígido são exemplos de divisões da mecânica de meios contínuos.[104]

É considerada a divisão base da física, pois as outras divisões são derivadas dela. Seu escopo continua sendo o estudo dos entes fundamentais da física: espaço, tempo, matéria e energia. De suas relações e consequências, surgem outros conceitos, como as leis de Newton, posição, dimensão, invariância de Galileu, velocidade, aceleração, força, torque, momento linear, momento angular, energia mecânica, trabalho, potência, massa, inércia, momento de inércia, referencial, entre outros.[105]

Ondulatória

Ver artigos principais: Oscilação e Onda
Padrão de franjas observado em um anteparo causada pela difração de um feixe de laser. A difração da luz, assim como em qualquer outro fenômeno ondulatório, são estudados pela ondulatória.

A ondulatória, na física clássica, estuda as características e as propriedades das ondas e seus movimentos e relações. A onda consiste-se de perturbações, pulsos ou oscilações ocorridas em um determinado meio, que pode ser material ou não. Transporta energia cinética da fonte para o meio, sendo incapaz de transportar matéria.[106]

Seu estudo clássico também iniciou-se com Galileu Galilei e Isaac Newton inclui seu estudo em seu Principia Mathematica ao analisar a mecânica dos fluidos, a mecânica dos corpos que não possuem rigidez ou volume próprios.[107] A acústica é a parte da Ondulatória que estuda especificamente a propagação das ondas sonoras pelo ar.[108] A luz foi considerada um fenômeno ondulatório a partir da experiência da dupla fenda de Thomas Young.[109] Seus conceitos principais são ondas (transversais e longitudinais) comprimento de onda, oscilação, amplitude, frequência, fase, reflexão, refração, difração, interferência, polarização, efeito Doppler, entre outros.[110]

Termodinâmica

Transferência de calor através da convecção.

Precedendo a termodinâmica pode-se encontrar a Termologia, que é basicamente o estudo do calor, ou seja, o estudo da energia térmica em trânsito, que se diferencia de temperatura, que é o grau de agitação das moléculas. Porém, os conceitos mais arraigados desta área encontram-se na termodinâmica, que estuda as relações entre o calor trocado e o trabalho realizado.[111]

Máquinas térmicas tinham sido inventadas e aperfeiçoadas ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. No entanto, a atenção científica sobreveio apenas em meados do século XIX com Sadi Carnot. Seus estudos foram aprimorados ao longo daquele século por James Prescott Joule, Lord Kelvin e Rudolf Clausius.[112] Seus princípios ajudaram no estabelecimento da teoria cinética e no consequente desenvolvimento da física estatística.[113] Seus principais conceitos são calor, temperatura, pressão, volume, energia térmica, entalpia, entropia, capacidade térmica, calor específico, entre outros.[114]

Eletromagnetismo

Ver artigos principais: eletricidade, magnetismo, óptica e eletromagnetismo
Uma lâmpada de plasma, constituída por um bulbo com gás à pressão baixa. O grande potencial elétrico aplicado ao eletrodo em seu centro excita o gás em seu torno, que passa ao estado de plasma e passa a ser eletricidade. Esses conceitos são abordados pelo eletromagnetismo

O eletromagnetismo é basicamente a unificação da eletricidade, que é o estudo das cargas elétricas, estáticas ou em movimento, com o magnetismo, que é basicamente o estudo dos ímãs. A luz é uma radiação eletromagnética, e seu campo de estudo, a óptica, também faz parte do eletromagnetismo.[115][116][117]

William Gilbert foi o pioneiro no estudo do magnetismo e da eletrostática,[57] parte da eletricidade que aborda o estudo das propriedades físicas das cargas elétricas estacionárias, em oposição à eletrodinâmica, que estuda a relação da força eletromagnética entre cargas e correntes elétricas. Otto von Guericke, Benjamin Franklin e Alessandro Volta contribuíram para o desenvolvimento desta área, mas Hans Christian Ørsted foi o primeiro a perceber, em 1820, a ligação entre o magnetismo e eletricidade, até então áreas independentes e sem conexões. Michael Faraday descobriu a indução eletromagnética[58] e James Clerk Maxwell unificou as descrições matemáticas da eletricidade e magnetismo em um grupo de quatro equações, conhecidas como Equações de Maxwell.[59]

Seus principais conceitos são capacitância, carga elétrica, corrente elétrica, condutividade elétrica, campo elétrico, permissividade elétrica, potencial elétrico, resistência elétrica, indução eletromagnética, radiação eletromagnética, campo magnético, fluxo magnético, monopolo magnético, permeabilidade magnética, entre outros.[118]

Embora a maior parte da física clássica esteja englobada na mecânica clássica, Ondulatória, termodinâmica e eletromagnetismo, outras especializações também podem ser consideradas clássicas, pois não utilizam a princípio conceitos modernos, ou seja, conceitos que recorrem à relatividade ou a física quântica, embora não estejam delimitados exclusivamente dentro das concepções clássicas. Destaca-se a teoria do caos nesta área.[119]

Física moderna

Ver artigo principal: Física moderna

No final do século XIX, permeava no pensamento científico a satisfação de que todos os fenômenos naturais poderiam ser descritos pela ciência já desenvolvida até então. Restava apenas a conquista de uma maior precisão do valor das constantes universais e da resolução de alguns "pequenos" problemas. Estes se tornaram uma grande dor de cabeça com o passar dos anos, pois continuariam insolúveis.[61] Entre estes fenômenos "problemas" destacam-se a radiação de corpo negro e a catástrofe do ultravioleta, o espectro de raias dos elementos e o efeito fotoelétrico.[62][63][64] As contribuições iniciais de Max Planck e sobretudo Albert Einstein abriram novos campos para a explicação destes fenômenos e abriram margens para descobertas e ponderações até então inimagináveis.[61][65]

Relatividade

Ver artigos principais: Relatividade restrita e Relatividade geral

Em 1905, Albert Einstein publicou os fundamentos da relatividade restrita, afirmando constância da velocidade da luz em qualquer referencial inercial e postulando que as leis da física são as mesmas para qualquer referencial. Isso implica efeitos e consequências que não são previstas pela mecânica clássica, como a dilatação do tempo e a contração do comprimento. Dez anos mais tarde Einstein publica a teoria da relatividade geral, que generaliza, através da equações de campo de Einstein, os efeitos descritos pela relatividade restrita para referenciais não-inerciais. Também engloba a mais completa descrição da gravidade disponível atualmente, sendo esta meramente um efeito da curvatura do espaço-tempo provocada pela presença de grande quantidade de massa.[96]

Mecânica quântica

Amplitude de probabilidade correspondente às funções de onda de um elétron em um átomo de hidrogênio.

Max Planck, em 1900, durante seus estudos sobre radiação de corpo negro, apresentou uma descrição matemática do fenômeno que coincidia com os resultados experimentais. Esta descrição tentava fugir da descrição clássica, que levava ao que foi conhecido como catástrofe do ultravioleta. Nesta descrição, Planck argumentou que a distribuição energética era discreta, não contínua, como na descrição clássica. Cinco anos mais tarde, Einstein apresentou argumentações físicas para os resultados de Planck, elucidando também o efeito fotoelétrico. Planck e Einstein fundamentaram os princípios da mecânica quântica, que é basicamente a física das dimensões subatômicas. Seu desenvolvimento foi impulsionado, entre outros, por Niels Bohr, Louis de Broglie, Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger.[97]

A teoria mais precisa elaborada pela ciência é a eletrodinâmica quântica de Richard Feynman, onde é utilizado as noções da mecânica quântica para a descrição e explicação de campos eletromagnéticos. Feynman elaborou uma das primeiras e a mais famosa teoria quântica de campos e foi sucedido pela elaboração da cromodinâmica quântica, a teoria quântica do campo da força forte, que levou à previsão e a posterior descoberta dos quarks. Após a fusão das descrições da força fraca com o eletromagnetismo em altas energias, três das quatro forças fundamentais são descritas por teorias quânticas de campos. Entretanto, a gravidade ainda não é descrita por nenhuma teoria quântica de campos corroborada experimentalmente.[120]

A física moderna não está limitada apenas à relatividade e à mecânica quântica. Destacam-se também a física das partículas elementares, que estuda as propriedades das partículas elementares que constituem a matéria; a física nuclear, que estuda as propriedades dos núcleos atômicos; a física atômica e molecular, que estuda as propriedades físicas da associação dos núcleos e elétrons; a física da matéria condensada, que aborda o entendimento do comportamento da matéria composta por um grande número de átomos; e a física do plasma, que estuda as propriedades da matéria cuja temperatura é suficientemente alta para que elétrons e núcleos consigam se manter separados.[121] A óptica, que é uma área da física ligada ao eletromagnetismo, também tem pilares na Mecânica quântica, pois a luz visível, uma faixa de toda a radiação eletromagnética, exibe propriedades duais: comporta-se como ora como partícula ora como onda.[121] As disciplinas físicas da astronomia, como a astrofísica, utilizam grandemente a mecânica clássica em seus estudos, mas a relatividade geral encontra a sua maior aplicação nesta cadeira, especialmente na cosmologia.[122]

Física pura e física aplicada

Ver artigo principal: Física aplicada
A exploração espacial é possível graças à aplicação da física em novas tecnologias.

A física pura está preocupada com a obtenção do conhecimento básico e preciso, sem se preocupar com pesquisas que tenham utilidade prática imediata. Almeja a obtenção de conhecimentos para a resolução de problemas de caráter mais geral, embora não tenha um objetivo bem delineado. Busca atender demandas exigidas pela própria comunidade científica, como a necessidade de se propor novas teorias para problemas que são insolúveis para a teoria vigente.[123] Em 1916, Albert Einstein propôs o modelo de emissão estimulada, onde a colisão de um átomo excitado com um fóton de mesma energia provoca a emissão de um fóton idêntico ao primeiro, que se propaga na mesma direção e sincroniza sua onda com a do estimulador, somando sua intensidade e aumentando, dessa forma, a intensidade da luz emitida. Este conceito é a base do funcionamento do laser, que viria a ser inventado apenas em 1960.[124]

A física aplicada é o termo geral para pesquisas em física com objetivo de uso particular. Está associada à engenharia. Um físico aplicado, que pode ser ou não um engenheiro, está projetando algo em particular usando a física ou conduzindo uma pesquisa física com o objetivo de desenvolver novas tecnologias ou de resolver problemas.[125]

A abordagem é semelhante à abordagem da matemática aplicada. Os físicos aplicados também podem estar interessados no uso da física para pesquisas científicas no desenvolvimento tecnológico ou em aplicações práticas, que podem não estar relacionados à própria engenharia. Os cientistas que trabalham em um acelerador de partículas buscam desenvolver detectores de partículas mais eficazes para permitir um maior progresso da física teórica,[125][126] mas podem estar trabalhando na miniaturização de circuitos eletrônicos para que a própria tecnologia avance.

A física é muito usada na engenharia.[125] A estática, uma subdisciplina da mecânica, é muito usada na engenharia civil.[127] A física também pode ser utilizada na interdisciplinaridade em outras ciências, inclusive utilizando seus métodos em ciências não-naturais.[128]

Física teórica e física experimental

Ver artigo principal: Física teórica e Física experimental
Grande Colisor de Hádrons (LHC). No interior dos tubos, partículas se movem a velocidades ultrarrelativísticas.

Uma teoria física é um modelo de eventos físicos, uma aproximação construída por humanos para descrever a Natureza.[129] É endossado segundo a concordância de suas predições com as observações empíricas.[130] Uma teoria física também é endossada pela sua habilidade de realizar novas previsões que podem ser verificadas através de novas observações.[130] Uma teoria física difere de um teorema matemático; ambos são baseados em axiomas ou postulados, mas aplicabilidade matemática não é baseada com a concordância de resultados experimentais.[131] Uma teoria física envolve uma ou mais relações entre as várias grandezas físicas.[132] Em certas ocasiões, a visão provida por sistemas matemáticos puros podem prover pistas de como um sistema físico deve ser modelado.[133]

Os avanços teóricos existem quando velhos paradigmas são postos de lado;[134] a mecânica Newtoniana foi suplantada pela mecânica relativística, mas a mecânica Newtoniana é um de seus casos particulares.[135] O conjunto de teorias físicas, dentro de um paradigma, é aceito quando é capaz de realizar previsões corretas, embasados pela experimentação, suplantando outro velho conjunto de teorias físicas que já não é capaz de descrever os novos fenômenos observados.[134] O método científico existe para testar as consequências de uma teoria física.[136]

A física experimental está preocupada com a aquisição de dados, seus métodos e conceitualizações detalhados, além da realização de experimentos laboratoriais, em contraste com os experimentos mentais. Está preocupada em obter conhecimentos da Natureza,[137] em contraste com a física teórica, que está preocupada em entender como a Natureza se comporta.[137] Apesar da física experimental e a física teórica terem objetivos distintos, a física experimental depende da física teórica. A maioria dos experimentos elaborados pela física experimental têm o propósito de confirmar ou contradizer as conclusões feitas pela física teórica, que, por sua vez, não pode evoluir sem o conhecimento produzido pela física experimental.[138] Experimentos podem ser formulados para fornecerem fatos completamente novos sobre sistemas nunca estudados ou modelados, mas mesmo nestes casos não se pode negar que o ponto de partida é diretamente influenciado pelas teorias e conhecimentos até a corrente data já produzidos.

Filosofia

Ver artigo principal: Filosofia da física
A visão mecanicista de René Descartes, onde a natureza não passa de "peças de uma máquina" que pode ser compreendida através de sua "desmontagem" influenciou a ciência até o século XX, onde a complexidade a probabilidade começaram a ganhar espaço.

Tendo em consideração que a física sempre esteve associada à filosofia natural desde a antiguidade até o século XVIII, a filosofia da física pode ser considerada a mais antiga disciplina filosófica da história.[84] A reflexão humana sobre o mundo físico precedeu historicamente a reflexão sobre a natureza de nossos próprios pensamentos e nossas interações sociais com outros seres humanos.[139] No entanto, filosofia da física, como disciplina moderna, surge durante o Renascimento e começa a ser aprofundada durante o Iluminismo, tendo um caráter mais epistemológico com o avançar dos séculos.[140]

A filosofia natural é debatida desde a antiguidade pré-clássica. As primeiras reflexões vieram sobre discussões de ordem prática acerca da mecânica, óptica e astronomia. Babilônicos e egípcios eram capazes de prever eclipses solares e lunares. Porém, os debates acerca do mundo natural estavam sempre associados a geometria. Os gregos foram os primeiros a desenvolver uma filosofia natural sem pretensões práticas. Tales de Mileto é às vezes referido como "pai da ciência", pois recusou-se aceitar explicações sobrenaturais, mitológicas e religiosas para os fenômenos naturais. Leucipo de Mileto e posteriormente Demócrito de Abdera desenvolveram o atomismo, onde tudo o que há na natureza é formado por átomos indivisíveis e eternos. Para Aristóteles, as mudanças na natureza podem ser explicadas através de quatro causas: a causa material, aquilo do qual é feita alguma coisa; a causa formal, a coisa em si e o que lhe dá a forma; a causa eficiente, aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge; e a causa final, aquilo para o qual a coisa é feita. Aristóteles foi pioneiro em construir uma teoria altamente coerente e elaborada para a explicação do mundo natural, com base filosófica bem muito bem fundamentada, registrada em seu livro Física. Para ele, os elementos naturais buscavam seu lugar próprio no Universo: a terra buscaria seu centro, onde a Terra está situada, enquanto o fogo tenderia a fugir. Aristóteles também relacionou o movimento como algo provocado por uma força. Embora Aristarco de Samos tenha defendido o heliocentrismo, o auge da astronomia grega vem com o geocentrista, Ptolomeu que aperfeiçoou e complexificou a mecânica celeste grega baseada em esferas e epiciclos para englobar todos os movimentos dos astros observados, incluindo a precessão dos equinócios.

Na visão de vários cientistas atuais, as considerações filosóficas sobre a ciência e a física não influenciam diretamente suas atividades ou métodos de trabalho como cientistas no dia-a-dia,[nota 2] mas a filosofia da física envolve uma combinação de assuntos conceituais, metodológicos, epistemológicos e até mesmo metafísicos.[139][141] Os filósofos da física colaboram juntamente com os físicos para entenderem os conceitos que empregam em suas pesquisas.[142] Um dos primeiros estudos modernos da filosofia da física foi a reflexão sobre os componentes mais fundamentais do Universo.[84] O Renascimento abalou profundamente as bases filosóficas medievais, fazendo que o ser humano voltasse para si próprio e a busca para uma nova postura diante do mundo precisava de verdades diferentes e de outros modos de reflexão. René Descartes recusava o pensamento tradicionalista medieval e concebia que o pensador tinha por objetivo construir um sistema filosófico semelhante à matemática.[143] Surgia o paradigma cartesiano, com um método de investigação do mundo que rejeitava qualquer conhecimento baseado na sensibilidade, apresentando como critério verídico sua argumentação de que todas as coisas que concebemos são verdadeiras e, portanto, não passíveis de serem contestadas.[143]

Emerge deste pensamento, dessa mentalidade reducionista e mecanicista do Universo levou o ser humano a uma visão fragmentada da verdade, tendo como consequência a quebra da ciência nas várias especialidades, o determinismo científico,[143] onde tudo que existe não passa de partículas e que os movimentos dessas partículas são para sempre determinados quando se mensuram as posições e as velocidades de todas as partículas no momento atual. Em outras palavras, conhecendo-se as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante, poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.[144] Esta forma de pensar liga-se diretamente ao reducionismo. Segundo essa linha de pensamento, é possível escrever leis básicas que descrevem completamente o comportamento do Universo. Nestes termos, todo o conhecimento pode ser reduzido a essas leis básicas. Por exemplo, tem-se que todos os fenômenos químicos possam ser deduzidos da mecânica quântica se o número de cálculos envolvidos for viável. O principal objetivo da física seria então encontrar essas leis básicas que regem o Universo. O reducionismo coloca a física na posição de ciência a mais básica de todas pois, a partir dela, seria possível, em princípio, chegar-se ao mesmo conhecimento produzido em todas as outras.[145] Isso não implica o descarte das demais, pois essas tratariam com as suas próprias metodologias os fenômenos naturais mais complexos, consolidando-se em áreas que, por questões práticas, estariam fora do alcance da física.

Diagrama do Sistema Solar heliocêntrico imaginado por Johannes Kepler. O sistema solar seria inicialmente para Kepler perfeito como os sólidos de Platão. Anos mais tarde Kepler concluiu que as órbitas planetárias deveriam ser elípticas, contrariando o seu próprio pensamento inicial.

A crise científica no início do século XX, causada pelos seus próprios progressos, abalou o paradigma reducionista-mecanicista cartesiano. O surgimento da relatividade e da mecânica quântica e outras áreas da física moderna redefiniu conceitos como ordem, posição, tempo, espaço, momento, continuidade e separabilidade, referencial e localidade.[143] Os métodos reducionistas já não são compatíveis com novas formas da lógica e a complexidade surge em primeiro plano. O caos, a complexidade, a probabilidade e a incerteza passaram a integrar uma nova forma da percepção da realidade.[143]

Com a física em posição de ciência mais fundamental, certas questões metafísicas, como especulações sobre o tempo, a existência e as origens do Universo, entre outras, deveriam ser enviadas à física para se obter respostas segundo os moldes dessa ciência. Nestes termos, seja qual for a resposta que a física apresente para conceitos como tempo, causa e ação, ou mesmo identidade, estas deveriam ser consideradas em princípio corretas.[146] Entretanto, se as noções tradicionais metafísicas entrarem em confronto com uma física bem enraizada, então essas noções metafísicas deixariam de ter significado ou dever-se-ia questionar a validade dos conhecimentos sobre o mundo físico providos pela física. Para isso, filósofos da física têm se esforçado para investigar qualquer confronto possível entre a Metafísica e a física.[139]

A física tem sido considerada historicamente o modelo de ciência para todas as outras ciências, naturais ou não, tanto por filósofos quanto por cientistas.[147] Por exemplo, a Sociologia, ainda nos seus primórdios com Auguste Comte, na primeira metade do século XIX, era chamada de física Social.[148][149] Dentro da construção do senso comum, a física detém os melhores métodos que a ciência pode conceber.[139] Mas também é argumentável que a física tem os seus próprios métodos, diferentes daqueles de outras ciências, e particularmente aplicáveis à própria disciplina e incomparáveis a outras. Mesmo dentro da física, os métodos podem variar e serem incomparáveis.[150]

Esta ciência ocupa uma posição privilegiada dentre as ciências, já que lida com os mais arraigados conceitos cotidianos. O próprio conceito de cotidiano já foi várias vezes abalado com as mudanças de paradigma da física. Por exemplo, a revolução copernicana, trazendo o heliocentrismo ao primeiro plano, quebrando o paradigma geocentrista defendido pela Igreja Católica na Idade Média, a unificação da física dos Céus e da Terra com a gravitação universal de Newton, a unificação dos conhecimentos de eletricidade e magnetismo por Maxwell. As viagens no tempo e os buracos negros começaram a ganhar espaço dentro do imaginário a partir da relatividade geral de Albert Einstein.[139][151]

Física, lógica e matemática

Ver artigos principais: Lógica e Matemática
Representação de vetores em coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas. A física utiliza a linguagem matemática para se expressar.

A física tem o apoio da lógica, pilar central do conhecimento humano para a sua fundamentação, estruturação e expressão. Está ligada ao pensamento humano e distingue interferências e argumentos falsos e verdadeiros. É basicamente um conjunto de regras rígidas para que argumentações e conclusões pudessem ser aceitas como logicamente válidas. O uso da lógica leva a um raciocínio baseado em premissas e conclusões. Tem sido binária, pois aceita duas assunções, falso ou verdadeiro e nega a existência da simultaneidade de conclusões, como por exemplo, conclusões que ao mesmo tempo são parcialmente verdadeiras e parcialmente falsas.[152] Tal conclusão e suas leis da identidade (X deve ser X), da impossibilidade da contradição (X nunca é Y), e da exclusão do terceiro elemento (X deve ser X e, portanto, nunca deverá ser Y) abordam todas as possibilidades e são a base do pensamento lógico. Define as leis ideais do pensamento e estabelece as regras do pensamento correto, sendo uma arte de pensar. E como o raciocínio é a atividade intelectual que leva a todas as outras atividades humanas, define-se a lógica como a ciência do raciocínio correto. Para tanto, a lógica é necessária para tornar o pensamento humano mais eficaz e ajuda-o a justificar suas atividades recorrendo aos princípios que baseiam a sua legitimidade. A lógica é arte, ciência que nos guia ordenadamente, facilmente e sem erros, dentro dos princípios da razão.[153]

A lógica matemática oferece ao conhecimento humano a capacidade de esclarecer e de argumentar conceitos. Em outras palavras, permite adquirir e transmitir certezas com o propósito da validação de certas afirmações partindo-se do reconhecimento da validação de outras argumentações que são geralmente mais simples. Essa capacidade de esclarecer conceitos, apresentar definições e de argumentá-los através da exibição de demonstrações são a base do raciocínio matemático e da própria matemática e que, por sua vez, oferece o suporte lógico para os conceitos físicos.[154]

A Natureza pode ser entendida por meio de ferramentas matemáticas.[155][156] As noções de números e outras estruturas matemáticas não precisam da física para serem justificadas.[157] Entretanto, novas afirmações matemáticas podem ser usadas, muito tempo mais tarde, para descrever um fenómeno físico. Os números complexos, que são uma das bases da mecânica quântica, já tinham sido pensados no século XVI.[158] No entanto, a matemática é mais do que uma ferramenta da física, é a sua própria linguagem.[155]

O próprio desenvolvimento da física está intimamente ligado com o desenvolvimento da matemática,[159] sendo a recíproca também certamente verdadeira.[155] Desde que os chamados "Calculatores de Merton College", no século XIV, começaram a descrever a cinemática utilizando a matemática,[160] passando por Johannes Kepler[161] e por Galileu Galilei,[155] esta "simbiose" ocorre. Isaac Newton necessitava de um aparato matemático para dar apoio aos seus estudos em física, e em função desta necessidade, foi um dos criadores do Cálculo, disciplina com inegável relevância na matemática e na física, juntamente com Gottfried Leibniz.[155]

Método científico e epistemologia

Esquema representando o método científico.

Os cientistas em física usam o método científico, um conjunto de técnicas e procedimentos com o objetivo de tornar científico o conhecimento produzido,[76] para validar uma teoria, usando uma aproximação metodológica para comparar as implicações da teoria com as conclusões obtidas de experimentos e observações especialmente conduzidas para testar a teoria.[nota 3] Os experimentos e observações são feitos em princípio com propósito pré-definido, para se coletar e se comparar os dados obtidos por estes com as previsões e teses feitos por um físico teórico, assim ajudando na validade ou não de uma teoria.[162][nota 4]

Para um cientista moderno, o método de trabalho que ele emprega geralmente apresenta-se bem definido e claro.[nota 5] Nesta visão, o método científico apresenta passos bem delineados e objetivos. A observação e a experimentação são o ponto de partida e o mais importante teste para a formulação das leis naturais. A abstração é o primeiro passo para a compreensão de um fenômeno natural, concentrando-se em seus aspectos mais importantes. Assim que se atinge o estágio durante o desenvolvimento de conceitos e modelos, pode-se procurar através do processo indutivo, a formulação das leis fenomenológicas obtidas diretamente dos fenômenos que foram observados e apresentá-los de forma sintética possível. Decorre então a formulação de leis de teorias físicas, que deve ser capaz de reduzir numerosos fenômenos naturais em um pequeno número de leis simples, que devem ter a natureza preditiva, ou seja, a partir das leis básicas deve ser possível prever fenômenos novos que possam ser comparados com a experiência. Finalmente, determina-se o domínio de sua validade.[163]

Entretanto, a natureza do método científico também é motivo para vários debates filosóficos. Vários filósofos apoiam a ideia da inexistência de um único método científico "inscrito em pedra",[164] e até mesmo a sua inexistência.[165] Portanto, se opõem a qualquer tentativa de estruturação do método científico, que inclui a enumeração rígida dos passos, visto frequentemente na educação de ciências.[166] Alguns filósofos, como Karl Popper, negam a existência do método científico elaborado; para Popper existe apenas um método universal, a tentativa e erro,[165] embora para os defensores do método científico moderno a tentativa e erro fazem parte de sua definição.

Karl Popper, filósofo e epistemólogo da ciência.

As hipóteses integrantes de uma teoria que são suportadas por dados confiáveis, geralmente de natureza abrangente e que suportam as várias tentativas de falseabilidade, segundo Karl Popper,[167] são chamadas de leis científicas ou leis naturais. Naturalmente, todas as teorias, inclusive aquelas integradas por leis naturais, bem como estas mesmas, podem ser modificadas ou substituídas por outras mais precisas, quando uma anomalia que falsifica a teoria for encontrada.[168] Entretanto, isto não é absolutamente linear. Uma teoria ou um conjunto de teorias podem ser mantidos mesmo que haja anomalias que os invalidem. Segundo Imre Lakatos, um conjunto de teorias, que é chamado por ele de "programas de pesquisa", é mantido mesmo com várias anomalias.[169] Para que o programa de pesquisa se mantenha, tais anomalias são "encaixadas" em um "cinturão protetor" de hipóteses e teses, que podem ser modificados conforme o advento das anomalias encontradas pela física experimental, embora o "núcleo central", ou seja, a tese básica do programa de pesquisa, deve ser mantida integralmente.[169] Um programa de pesquisa é superado apenas quando o cinturão protetor já não é capaz de suportar novas anomalias. Para Lakatos, a substituição de programas de pesquisa coincide com revoluções na história da ciência. Os programas de pesquisa vencedores podem englobar ou não programas de pesquisa superados.[169] A evolução dos "programas de pesquisa" de Lakatos é semelhante à tese de revoluções científicas associadas a mudanças de paradigma, defendida por Thomas Kuhn, como base do desenvolvimento da ciência.[134] Os paradigmas científicos, que englobam toda uma linha de teorias científicas, métodos e valores, contém convicções científicas que não podem ser explicadas segundo as teorias existentes sobre racionalidade.[170]

Para Kuhn, o paradigma estabelece algumas questões sobre o mundo físico. Estas são então investigadas na tentativa de se obter respostas, mas nunca conseguem responder todas as questões que propõe, pois, para Kuhn, a física e a ciência em geral não é um empreendimento para a construção de respostas. Quanto mais respostas sobre determinado fenômeno são obtidas, mais perguntas surgem, embora não seja exatamente um problema inicialmente. Para esse processo de pesquisas Kuhn chamou de ciência normal, ou seja, o período onde determinados paradigmas são aceitos e investigados.[134] Entretanto, as questões ou anomalias que não podem ser resolvidas com o paradigma estabelecido pode atingir níveis insuportáveis. A partir de então, inicia-se o período conhecido como "crise". Novos paradigmas tentam responder de forma mais eficaz as anomalias que o paradigma vigente não consegue mais responder. O período de crise é marcado pela cisão da comunidade científica entre o paradigma vigente e o paradigma em afloramento. Finalmente o novo paradigma ganha a preferência e substitui o antigo. Este momento Kuhn chama de "revolução científica".[134]

As Leis de Newton, por exemplo, estão embebidas dentro da relatividade, assim como toda a mecânica Newtoniana,[171] e, mesmo que suas aplicabilidades não sejam mais universais, os três princípios de Newton ainda são chamados de "leis" e a mecânica newtoniana ainda é ensinada nas escolas de ensino médio de todo o mundo.[172]

Tempo e espaço

Ver artigo principal: Filosofia do tempo
Concepção artística de um buraco negro, formando a lente gravitacional ao alterar o espaço-tempo em seu torno devido a sua imensa força gravitacional.

Os filósofos de física discutem os assuntos tradicionais referentes ao espaço e ao tempo com base nas teorias historicamente concebidas, desde Aristóteles à relatividade geral de Einstein.

Segundo Isaac Newton, o espaço é um ente físico separado e independente dos objetos que estão contidos no seu interior. Esse ente físico, com realidade física comparável a de uma substância, determina um referencial absoluto totalmente inercial. Newton também defende que o tempo é contínuo e infinito e existe mesmo com a ausência de objetos e eventos. Newton estabeleceu, assim, a filosofia física do Substantivalismo.[173] No entanto, Gottfried Leibniz, um dos desenvolvedores do Cálculo ao lado do próprio Newton, argumentava que o espaço contém propriedades estritamente relacionais. Se não existissem objetos, seria impossível a definição de espaço. De modo semelhante, se não existissem objetos ou eventos, também não se poderia definir o tempo. Leibniz desenvolveu, assim, a filosofia física do Relacionalismo.[173] O Relacionalismo ganhou fôlego com o advento da relatividade geral, embora o Substantivalismo ainda tenha seguidores atualmente.[139]

As discussões sobre a natureza do tempo e sobre simultaneidade se iniciaram com a diferença de seus significados dentro da mecânica clássica e da relatividade restrita. Dentro da teoria de Einstein, a simultaneidade deixa de ser absoluta. Os eventos que são simultâneos dentro de sistema de referências podem não sê-lo em outro.[174] Entretanto, o alemão e filósofo da física Adolf Grünbaum argumenta que a simultaneidade dentro da relatividade restrita é apenas fruto de uma convenção, pois a velocidade da luz na relatividade restrita é sempre a mesma, constante quando medida em qualquer referencial inercial, não importando para tal seus estados relativos de movimento; não há referências, portanto, para estabelecer uma velocidade da luz em um referencial absoluto ou específico, que, segundo a teoria de Einstein, não existe: todos os referenciais inerciais são igualmente equivalentes.[174][175]

Mecânica quântica

Representação do "Gato de Schrödinger", experimento mental que ilustra o entrelaçamento quântico e evidencia questões pertinentes à interpretação de Copenhague.

A evolução da mecânica quântica trouxe consigo inevitáveis considerações sobre a definição de medida e quais são as implicações de seu processo experimental. Considerações científicas e filosóficas importantes levam não só ao "Gato de Schrödinger" quanto a um debate em relação à impossibilidade de simultaneidade de medidas com precisão absoluta para determinadas grandezas na mecânica quântica.[176] Segundo Werner Heisenberg, em 1925, existe uma incerteza na determinação da posição de uma partícula subatômica. O produto da incerteza da posição pela incerteza de seu momento nunca será menor do que uma certa constante numérica. Não se pode, por exemplo, medir a posição e o momento de um elétron ao mesmo tempo; ao se medir a sua posição, comprometemos seu momento, e vice-versa. As relações de incerteza, à primeira vista, parecem derivar da impossibilidade inerente à natureza humana em obter tais grandezas físicas. Entretanto, Heisenberg afirmou que a incerteza é uma propriedade intrínseca à partícula; se não há meios de se definir com precisão uma grandeza física, então tal grandeza não está precisamente definida por natureza.[177]

Isto compromete profundamente o paradigma cartesiano, a mentalidade reducionista e mecanicista do Universo, que levou o ser humano a uma visão fragmentada e demasiadamente simplória da verdade. Segundo o determinismo científico, tudo que existe não passa de partículas pontuais e seus movimentos são para sempre estritamente determinados quando se mensuram as posições e as velocidades de todas as partículas no momento atual. Não considerando a incerteza, é possível conhecer as posições de todas as partículas do Universo e as suas respectivas velocidades em um dado instante e poder-se-ia conhecer com exatidão todo o passado e o futuro, fosse qual fosse o instante desejado.[178] Admitindo-se a incerteza como algo intrínseco às partículas subatômicas, seria impossível saber o passado e o futuro de forma absoluta, quebrando, assim, os pilares de sustentação do reducionismo e do determinismo. A complexidade e a probabilidade deixariam de ser vistos como algo inerente à incapacidade do ser humano em estabelecer grandezas físicas estritamente precisas, mas passariam a ser conceitos válidos e incontestáveis dentro da física moderna.[179]

Werner Heisenberg formulou originalmente o Princípio da Incerteza.

Defensores do paradigma cartesiano afirmam que se o Princípio da Incerteza é válido e, portanto, não há mais possibilidades de se obter com precisão estrita a posição e a velocidade, então não há mais condições de afirmar seu estado físico momentâneo. Sem a possibilidade de conhecer seu estado físico, as experiências físicas são incapazes em mensurar qualquer grandeza física, o que põe em xeque todo o conhecimento físico e a própria física. Segundo esse pensamento, portanto, o conhecimento sobre o mundo físico não passa de um simples blefe, abrindo margem para a validação de pseudociências.[180] Porém, esta afirmação, além de radical, é falsa. De fato, o princípio da incerteza impõe restrições às medidas estritamente precisas, mas tal incerteza é observável apenas no mundo subatômico e pode ser desprezada no mundo macroscópico.[177]

Albert Einstein foi um dos defensores do paradigma cartesiano. Embora tenha sido um dos fundadores da mecânica quântica, não aceitava a visão de Heiseberg e a interpretação de Copenhague, afirmando que a teoria quântica estava incompleta: a incerteza na verdade seria a falta de conhecimento sobre variáveis ocultas.[181] Segundo Einstein, "Deus não joga dados com o Universo".[182] Juntamente com Boris Podolsky e Nathan Rosen, publicaram um artigo, que ficou conhecido como paradoxo EPR, onde afirmavam que: 1) se em um sistema que não for perturbado onde pode-se prever com precisão o valor de uma grandeza física, então existe um elemento da realidade física correspondente a esta grandeza física e 2) dois sistemas não podem influenciar-se mutuamente quando estão grandemente distanciados, todas as interações são portanto "locais".[181] Porém, em um artigo publicado em 1964, John Stewart Bell afirmou que as possíveis "variáveis ocultas" de Einstein, Podolsky e Rosen não são compatíveis empiricamente com a mecânica quântica. Se as possíveis variáveis ocultas fossem verdadeiras, existiria uma série de desigualdades, conhecidas como as desigualdades de Bell. Se a mecânica quântica ortodoxa for verdadeira, tais desigualdades não ocorrem. A discussão sobre a existência de variáveis ocultas determinísticas e locais saiu do campo filosófico e foi passado para o campo experimental, mas tais debates ainda não cessaram.[183]

Deste modo, os filósofos da física encaram questões filosóficas que abordam questões mais gerais, como o paradigma cartesiano e o positivismo. Filosoficamente e historicamente, a mecânica quântica nega o determinismo estrito e pontual, apoiando-se na interpretação de Copenhague, onde o mensuramento e o determinismo para partículas subatômicas ganham um novo sentido filosófico, não podendo ser generalizados para a física clássica, isto é, para sistemas macroscópicos de partículas, onde a visão mecanicista do mundo ainda vigora e é essencial para a manutenção dos conhecimentos físicos já alcançados.[184] Filósofos mais moderados defendem a continuação das bases da mecânica quântica, mas defendem que as mecânicas clássica e quântica tenham ontologias totalmente independentes, isto é, as ontologias das duas mecânicas devem ser incomensuráveis.[185] Porém, os defensores do paradigma cartesiano e do positivismo sugerem que a própria mecânica quântica encontre uma solução; alguns defendem a superação da Equação de Schrödinger, que é a base fundamental de toda a mecânica quântica moderna, para outra que consiga garantir suas posições filosóficas tanto na mecânica quântica quanto na física clássica, ou seja, a precisão e a certeza nas medidas deveriam ser válidas, seja no mundo microscópico quanto no macroscópico, negando assim a existência do Princípio da Incerteza.[186]

Física estatística

Gráfico representando o movimento browniano em três dimensões.

A física estatística tem por objetivo o estudo dos sistemas constituídos por "incontáveis" partículas, tão numerosas que se torna impraticável a sua descrição através da consideração de cada uma das suas partículas isoladamente. Tais sistemas não são raros e uma simples amostra de gás confinado em uma garrafa seria um exemplo. As ferramentas para solução dessa questão residem nos conceitos de probabilidade e de estatística.[187]

Surge, então, um problema filosófico em relação ao questionamento sobre a exata definição de probabilidade. Alguns filósofos sugerem que a probabilidade seja a medida da "ignorância" sobre um número real.[188] Entretanto, esta definição é bastante subjetiva e não explica o sentido de probabilidade usada pela física estatística ou pela mecânica quântica. Em termos físicos, a probabilidade ganha um sentido mais concreto. A probabilidade é uma propriedade intrínseca a alguns processos físicos e não depende do "nível de conhecimento" do físico experimental. Um átomo pode decair radioativamente sob certa probabilidade entre 0 e 1 e isso não depende da quantidade de "ignorância" do observador. Isso é fundamental para a própria existência da física estatística, que é a teoria dos processos físicos probabilísticos.[189]

Dentro dos processos probabilísticos está arraigada a noção de entropia, conceito fundamental também em termodinâmica. Ludwig Boltzmann propôs que a direção da "flecha do tempo" é determinada pela entropia.[190] Desde então, os filósofos debatem contra e a favor da tese de Boltzmann. Para alguns, a entropia, em termodinâmica, não pode ser generalizada para eventos universais.[73] É necessário que haja determinismo estrito e pontual, inconcebível dentro da mecânica quântica; a direção do tempo determinado pela entropia não passaria de um ponto de vista metafísico.[191] Entretanto, outros afirmam que é absolutamente possível conciliar as duas teorias e que a direção do tempo é realmente determinada pela entropia.[191] A segunda corrente de ideias está grandemente relacionada ao relacionalismo de Leibniz, onde o tempo existiria apenas se existissem objetos e eventos em constante complexidade, que pode ser traduzida como a própria entropia.[139]

Física experimental

Diagrama de um interferômetro como usado na Experiência de Michelson-Morley.

Os filósofos da física tradicionalmente se preocupam com a natureza das teorias científicas, isto devido em grande parte ao papel central que a epistemologia da ciência teve na filosofia, principalmente após o início do século XX.[192] Em vista do advento das teorias modernas na física, foi a partir de então que os filósofos e historiadores de física começaram a ficar mais atentos à física experimental e têm argumentado que o experimento tem seus próprios métodos e práticas, que podem se diferenciar e serem incomensuráveis dentro da diversidade do escopo da física experimental.[193]

Para Thomas Kuhn, a ciência normal é realizada dentro de um determinado paradigma científico praticamente estável, mesmo com a presença de anomalias que contrariam tal paradigma.[134] Analisando-se as revoluções científicas, Kuhn percebeu que estas estão associadas a mudanças de paradigma.[134] Um paradigma não é banido imediatamente quando a física experimental encontra uma anomalia, mas apenas quando o próprio paradigma já não mais suporta a quantidade de anomalias.[134] Segundo Imre Lakatos, que usa um conceito semelhante conhecido como programa de pesquisa,[169] tais mudanças de ponto de visão não ocorrem abruptamente. Consequentemente, não existem experimentos cruciais na História da física.[169] A concepção de Éter, para Lakatos, não foi abandonada abruptamente com a Experiência de Michelson-Morley, mas sim abandonada lentamente e historicamente.[169]

Física e sociedade

Vista aérea da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), aos arredores de Genebra, Suíça.

A física e as outras ciências naturais são o motor de propulsão de numerosas instituições científicas de grande importância. Tais instituições, como a Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) demandam não apenas imensos investimentos,[194] mas também o mais refinado contingente humano que se pode disponibilizar.[195] Os países desenvolvidos e em desenvolvimento aplicam uma significativa parcela de seu produto interno bruto (PIB) na investigação científica em geral.[196] Deste montante, uma parte importante é destinada para a física, suas divisões e e aplicações à Engenharia e à Indústria.[196] Tais países também mantêm um aparelho burocrático para a administração desses investimentos.[197] Tais aparelhos constituem-se de órgãos executivos e de assessoria especializada na condução e organização dos assuntos relacionados à pesquisa científica pura e aplicada.[197] A criação dessa máquina pública foi resultado de uma lentíssima evolução, dependente do amadurecimento de numerosos fatores e demandas que não necessariamente estavam ligados à pesquisa científica, mas sim originados no amplo processo de substituição da cultura durante a revolução científica.[198]

Essa evolução na física ganhou ares de uma revolução autêntica; o sistema heliocêntrico de Copérnico e a introdução do experimento como argumento para provar afirmações, tendo Galileu Galilei como pioneiro, abalaram definitivamente o paradigma aristotélico dominante no pensamento filosófico até a Idade Média.[199] A astronomia tornou-se também uma ciência moderna com a primeira grande unificação da física, quando Isaac Newton uniu a física dos Céus e da Terra sob a gravitação universal[49] e com a considerável evolução na navegação, primeiramente com a utilização do astrolábio[200] e posteriormente com a invenção de relógios mais precisos que marcaram um fim nos problemas da navegação, problema que a filosofia natural Medieval não foi capaz de encontrar uma solução.[201] A destruição do sistema filosófico e religioso herdado da cultura medieval e as conquistas práticas das grandes navegações libertaram a filosofia natural de sua posição de contemplação e especulação, e pavimentaram o caminho para uma era em que a ciência passou a ser encarada como instrumento de transformação.[198]

Durante o renascimento italiano, as primeiras universidades ditas modernas foram criadas. Essas universidades abriram a oportunidades para novas atividades intelectuais.[202] Embora o paradigma aristotélico ainda fosse uma herança medieval até meados do século XIX, permitiram a divulgação de obras de grandes pensadores, como Galileu Galilei.[203] As primeiras sociedades científicas são italianas, como a Accademia Nazionale dei Lincei, fundada em 1603 em Roma, e a Accademia del Cimento, fundada em Florença em 1651. Em seguida foi fundada na Inglaterra em 1662 a Royal Society e a Académie des Sciences, na França em 1666. No final do século XVIII, havia aproximadamente duzentas sociedades científicas na Europa.[204]

Membros da Royal Society em 1952.

Essas sociedades, ou academias, originaram-se com o intuito de dar à ciência, e sobretudo à física, um novo panorama. Segundo Robert Hooke, em 1663, ao redigir os estatutos da Royal Society, os objetivos da sociedade científica eram o aperfeiçoamento do conhecimento dos componentes da Natureza e de todos os artefatos úteis, produtos e práticas mecânicas, invenções e engenhos por meio da experimentação. Deve-se também observar a não-especulação sobre assuntos referentes a divindades, metafísica, moral, política, gramática, retórica ou lógica.[205] As sociedades científicas tinham por objetivo aprimorar o conhecimento científico, mas eram organizações muito fechadas e excludentes, mantidas por seus membros, que eram pessoas de renda própria e alta posição social. Não havia remuneração ou recompensas financeiras pelo trabalho científico.[198] John Harrison, inventor do relógio mais preciso até então, levou praticamente toda a sua vida para reclamar o prêmio oferecido pela Royal Society para tal feito.[206] Essa situação continuou até a segunda metade do século XIX, quando as universidades começaram a incorporar que forma institucional a ciência. Apenas a partir dessa época o cientista pôde utilizar uma sólida estrutura para a sua formação. Antes disso, praticamente todos os cientistas eram autodidatas.[198]

O Observatório de Paris, fundada como anexo da Académie Royale des Sciences, e o Observatório Real de Greenwich, fundada em 1675, foram as primeiras instituições dedicadas à áreas relacionadas à física e amparadas pelo poder central das respectivas nações. Suas criações dependeram intensamente do crédito científico obtido na solução de problemas de astronomia necessários ao desenvolvimento da navegação.[207] Foram também as primeiras organizações, e as únicas durante muito tempo, a oferecer uma cadeira regular a um especialista de alguma área da física.[198] Entretanto, nos séculos XVIII e XIX, houve a ausência grandes desenvolvimentos na organização social da física. Quase todo o desenvolvimento nesta área está confinado ao século XX, especialmente devido às Primeira e Segunda guerras mundiais, onde era necessário o desenvolvimento de armas sofisticadas que exigiam conhecimentos avançados de física, como na Aerodinâmica, física nuclear, entre outros.[208]

Pesquisas físicas atuais

Efeito Meissner, um magneto suspenso sobre um supercondutor.

A pesquisa em física está progredindo continuamente em várias frentes. Na física da matéria condensada, um importante problema em aberto é a supercondutividade a alta temperatura.[209] Na física aplicada, muitos experimentos de matéria condensada estão objetivando a fabricação de aparelhos e computadores magnetoeletrônicos[210] e quânticos.[211]

Na física de partículas, as primeiras evidências experimentais de física além do modelo padrão começaram a aparecer, como a possibilidade do neutrino ter massa.[212] Atualmente, os aceleradores de partículas são capazes de operar em energias da ordem de tera-elétrons-volt.[213] Os físicos teóricos e experimentais, no CERN e no Fermilab, tentam encontrar o bóson de Higgs, a única partícula ainda a ser descoberta segundo o Modelo Padrão.[214] Para tal, equipamentos sofisticadíssimos foram construídos, como o Large Hadron Collider, o maior acelerador de partículas já construído do mundo.[215]

A gravidade representa uma das mais importantes questões abertas na física moderna.[72] As tentativas teóricas de unificar a mecânica quântica e a relatividade geral em uma única teoria da gravitação quântica, um programa de pesquisas que perdura por mais de cinquenta anos, ainda não foi resolvido.[72] Existem modelos matemáticos que tentam conciliá-los, como a teoria das cordas e a gravidade quântica em loop.[72] Muitos fenômenos astronômicos e cosmológicos, a assimetria bariônica, a aceleração da expansão do Universo e o problema da maior velocidade angular das galáxias ainda carecem de descrições satisfatórias.[216] Embora se tenha feito progresso na mecânica quântica de altas energias e na Astrofísica, muitos fenômenos cotidianos ainda são fracamente entendidos, como a turbulência, sistemas complexos e o caos.[217]

Ver também

Notas

  1. A Física é, de facto, uma ciência de extrema importância para todos os avanços tecnológicos que aconteceram e acontecem no nosso Mundo. Ela está presente em quase todos os mecanismos, simples e complexos, que utilizamos no nosso quotidiano. Porém, não foi somente a Física que "criou" a tecnologia, mas sim esta em conjunto com outras diversas áreas como a Química, a Biologia, as Engenharias, etc.
  2. Segundo Richard Feynman: "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros." ou, nas palavras de Bertrand Russell: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe."
  3. Teoria, em seu sentido científico estrito, refere-se à união indissociável de um corpo de idéias testáveis e falseáveis frente a fatos naturais e do conjunto de todos os fatos conhecidos; na ausência de contradição, costuma-se especificar apenas o subconjunto de fatos mais relevantes à teoria em questão. Contudo, mesmo entre os cientistas, a palavra teoria é muitas vezes usada como referência ao corpo de idéias apenas, ficando o conjunto de fatos subentendido. Não é difícil identificar o sentido adequado a cada situação. Contudo este não deve nunca perder de vista a definição restrita em suas considerações.
  4. Embora grande parte dos resultados e observações experimentais sejam obtidos a partir de experimentos montados com objetivos pré-definidos, este procedimento está longe de ser um procedimento exclusivo de obtenção dos dados, fatos e respostas necessários à construção e evolução das teorias científicas. A invenção e aplicações decorrentes do laser, a unificação das teorias da eletricidade e o magnetismo via experiência de Ørsted, e mesmo a aplicação do viagra como estimulante sexual são exemplos de "surpresas" e implicações inesperadas de resultados experimentais que não podem ser renegados ao considerar-se possíveis implicações filosóficas da "objetividade pré-definida" do procedimento teórico experimental dentro da ciência.
  5. Respectivamente nas palavras de Jacob Bronowski, Thomas Hobbes e Konrad Lorenz: "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza"; "ciência é o conhecimento das consequências, e da dependência de um fato em relação a outro."; "A verdade na ciência pode ser mais bem definida como a hipótese de trabalho mais adequada para abrir o caminho até a próxima hipótese. É um bom exercício para um pesquisador livrar-se de uma hipótese favorita todo dia, antes do café da manhã. Isso o manterá jovem."

Referências para as notas:[75][94][128][218][219][220]

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