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Adenoipófise: diferenças entre revisões

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'''Pars tuberalis –''' forma uma bainha que se extende superiormente a partir da pars distalis, ficando a envolver a haste hipofisária. A sua função não é actualmente pouco conhecida, sendo contudo evidente a exuberância de vasos sanguíneos nesta região.<br />
'''Pars tuberalis –''' forma uma bainha que se extende superiormente a partir da pars distalis, ficando a envolver a haste hipofisária. A sua função não é actualmente pouco conhecida, sendo contudo evidente a exuberância de vasos sanguíneos nesta região.<br />


'''Pars intermedia –''' situa-se entre a pars distalis e a hipófise posterior e, nos humanos, é normalmente muito pequena.
'''Pars intermedia –''' situa-se entre a pars distalis e a hipófise posterior e, nos humanos, é normalmente muito pequena.<br />
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Revisão das 14h56min de 23 de abril de 2013

A adenoipófise — ou adeno-hipófise, ou ainda hipófise anterior (do grego adeno, "glândula"; hypo, "sob"; physis, "crescimento") — compreende o lobo anterior da hipófise e faz parte do sistema endócrino. Ao contrário do lobo posterior, o lobo anterior é genuinamente glandular, fazendo jus à raiz adeno do seu nome.

É uma glândula formada por cordões epiteliais anastomosados e rodeados de uma rede de sinuosidades. Sob a influência do hipotálamo, a adenoipófise produz várias hormonas peptídeas reguladoras de vários processos fisiológicos, entre os quais o stress, o crescimento e a reprodução.

Histologia

A adeno hipósise é dividida em 3 partes: pars distalis, pars intermédia e pars tuberalis.

Pars distalis Representa a maior área da adeno hipófise e apresenta dois grupos celulares: cromófobas (coram pouco e apresentam-se transparentes nas secções de tecido) e as cromófilas (coram intensamente devido aos abundantes grânulos citóplasmásticos que contêm as hormonas produzidas). Dentro deste último grupo pode-se ainda dividir em 2 partes: células acidófilas e células basófilas. As acidófilas são caracterizadas por corar intensamente com a eosina e com laranja G e respondem negativamente ao PAS. Têm uma localização específica: situam-se preferencialmente na periferia da glândula. São geralmente mais pequenas que as basófilas e têm grânulos maiores e mais numerosos. Englobam dois tipos de células: as somatotrofas, que produzem hormona de crescimento (GH); e as mamotrofas, que produzem prolactina. As basófilas coram com hematoxilina e outros corantes básicos e respondem positivamente ao PAS. Localizam-se preferencialmente na região central da glândula. Os granulos que contêm são pequenos e menos numerosos. Englobam três tipos de células: as corticotrofas, que produzem ACTH; gonadotrofas, que produzem LH e FSH; e as tireotrofas que produzem TSH.

Pars Tuburalis É uma extensão da pars distalis que rodeia a haste hipofisária. É similar à pars distalis mas contém maior quantidade de células basófilas, na sua maioria representada por gonadotrofas. A pars tuburalis contém muitos capilares do plexo capilar primário do sistema porta hipofisário.

Pars Intermédia É uma banda ou bordo da adenohipófise entre a pars distalis e a pars nervosa, é rudimentar no ser humano. Contém os quisto de Rathke – cavidades pequenas e irregulares que contêm colóide e são revestidas por epitélio cúbico. Estes quistos são remanescentes da bolsa de Rathke, aquando da formação embriológica da hipófise. Contém cordões de células basófilas, as melanotrofas, que segregam hormona estimulante dos melanócitos (β-MSH).

Anatomia

A hipófise é um glândula do sistema endócrino, de forma ovóide, com dimensão aproximada de 12x8mm e cerca de 500mg de peso, e cuja função é importante para o controlo do crescimento, sistema reprodutor, entre outros. Recoberta por uma camada de dura máter, a hipófise é contínua com o infundíbulo, uma projecção do tuber cinereum do hipotálamo, e encontra-se protegida por uma estrutura óssea, a sela turca. Esta glândula é composta por dois componentes com origem embriológica diferente e função díspar: a adenohipófise e a neurohipófise. Estes dois constituintes são separados no período fetal e pós-natal inicial pela fenda hipofisária, um vestígio da bolsa de Rathke, componente da faringe primitiva que ascendeu no período embrionário até à sua posição intra-craniana. Segundo alguns autores, a hipófise pode ainda ser dividida em três porções: anterior, intermédia e posterior. Contudo, nos humanos a porção intermédia é rudimentar. A adenohipófise, mais anterior e densamente vascularizada, não contém qualquer tecido nervoso, sendo dividida em três porções:

Pars distalis – compreende a maior porção da adenohipófise, sendo aqui que ocorre a maioria da produção hormonal. Ocasionalmente, a pars distalis é incorrectamentre utilizada como sinónimo de hipófise anterior.

Pars tuberalis – forma uma bainha que se extende superiormente a partir da pars distalis, ficando a envolver a haste hipofisária. A sua função não é actualmente pouco conhecida, sendo contudo evidente a exuberância de vasos sanguíneos nesta região.

Pars intermedia – situa-se entre a pars distalis e a hipófise posterior e, nos humanos, é normalmente muito pequena.



IRRIGAÇÃO DA HIPÓFISE – SISTEMA PORTA-HIPOFISÁRIO


O Sistema Porta-Hipofisário é formado pelo sistema de plexos que derivam das duas artérias hipofisárias superiores e da artéria hipofisária inferior (ramos da carótida interna). As artérias hipofisárias superiores ao atingirem a eminência mediana ramificam-se criando uma rede de capilares (plexo portal primário) que drena, através dos vasos descendentes curtos (infundíbulo inferior) ou longos (infundíbulo superior), directamente para os sinusóides vasculares dos cordões celulares (plexo portal secundário) da Adenohipófise. Daí as hormonas então libertadas chegam à circulação sistémica via seio cavernoso. Contudo, é importante salientar que a adenohipófise não tem irrigação arterial directa, o que tem extrema relevância clínica.

Embriologia

Contrariamente à neuroipófise, que se origina da ectoderme neural, a hipófise anterior origina-se de uma invaginação do epitélio da faringe denominada de bolsa de Rathke.

Esta diferença é notória se tivermos em conta que a neuroipófise se limita a servir de estrutura de suporte para as terminações nervosas de neurónios secretores localizados no hipotálamo, ao passo que a adenoipófise produz as suas próprias hormonas localmente, embora também sob o controlo do hipotálamo.

Fisiologia e Bioquímica


A adeno-hipófise como parte integrante do eixo hipotálamo-hipófise é essencial na regulação do sistema endócrino. A sua interação com o hipotálamo permite libertar na corrente sanguínea hormonas hipofisárias que posteriormente vão modular a função dos orgãos endócrinos periféricos, dos orgãos reprodutores, o crecimento somático e o funcionamento da glândula mamária. Nos diversos núcleos que compõem o hipotálamo existem neurónios de corpos celulares pequenos que secretam factores de estimulação ou inibição da adeno-hipófise. Estes neurónios possuem pequenos axónios capazes de transportar os factores hipotalámicos até à eminência mediana do tubér cinéreo. Nesta região do hipotálamo os factores são libertados no plexo capilar primário do sistema porta hipofisário, entrando na corrente sanguínea de carácter venoso que atinge o plexo capilar secundário que drena a pars distalis da adeno-hipófise. Como resposta à chegada dos factores hipotalámicos à hipófise anterior, as diferentes celulas desta região (ex: corticotrofos, lactotrofos) aumentam ou diminuem a produção de hormonas hipofisárias, fazendo variar a quantidade destas hormonas que chega ao seio cavernoso por veias eferentes do plexo capilar secundário.


Principais hormonas secretadas pela adeno-hipófise
As hormonas libertadas pela Adeno-hipófise são importantes para a manutenção da homeostasia corporal. A seguinte tabela evidencia alguns desses efeitos.

Hormona Nomes alternativos Símbolo(s) Células secretoras (tipo de coloração) Tecido alvo Efeitos
Hormona adrenocorticotrópica Corticotropina ACTH Corticotrofos (basófilos) Córtex das glândulas supra-renais Secreção de glucocorticóides
Beta-Endorfinas - - Produzidas na Adeno-hipófise e no Hipotálamo (vertebrados) Receptores de opióides Analgesia e sensação de bem-estar
Hormona folículo-estimulante - FSH Gonadotrofos (basófilos) Ovários (Células da Granulosa), Testículos (Células de Sertoli) Maturação e sobrevivência dos folículos (Mulher); Estimulação da Espermatogénese (Homem)
Hormona luteinizante Lutropina LH Gonadotrofos (basófilos) Ovários (Células da Teca e Granulosa), Testículos (Células de Leydig) Produção de hormonas sexuais; Inicia a ovulação e mantém o funcionamento do corpo lúteo (mulher)
Hormona do crescimento Somatotropina GH, STH Somatotrofos (acidófilos) Fígado, tecido adiposo, tecidos em geral Promove o crescimento; deposição de proteínas nos tecidos; metabolismo de lípidos e carbohidratos; agente anabólico.
Prolactina Lactotropina PRL Lactotrofos, também conhecidos como mamotrofos (acidófilos) Ovários, glândulas mamáriass Inibe secreção de estrogénios/progesterona; Galactogénica, Galactopoiética e Mamotrófica
Hormona estimuladora da tiróide Tirotropina TSH Tirotrofos (basófilos) Glândula tiróide Secreção de T3 e T4

Fatores hipotalâmicos de liberação e inibição

A secreção hormonal a hipófise anterior é regulada por hormônios secretadas pelo hipotálamo.

Os axónios dos seus neurónios neuroendócrinos projectam-se na eminência mediana, na base do cérebro. É neste local que libertam substâncias nos vasos que são transportados para a hipófise anterior através de um sistema porta venoso.


Nome Outros nomes Abreviaturas Localização Função
Hormona libertadora de corticotropina Corticoliberina CRH, CRF Neurónios parvocelulares do núcleo paraventricular estimula a secreção de ACTH com a vasopressina
Dopamina Hormona inibidora de prolactina DA, PIH neurónios neuroendócrinos do núcleo arqueado inibe a secreção de prolactina
Hormona libertadora de gonadotropina Hormona libertadora de hormona Luteinisante, gonadoliberina GnRH, LHRH neurónios neuroendócrinos do núcleo pré-óptico medial e do núcleo arqueado estimula a secreção de LH and FSH
Hormona libertadora da hormona do crescimento Factor libertador da hormona do crescimento, somatoliberina, somatocrinina GHRH, GHRF, GRF neurónios neuroendocrinos do núcleo arqueado estimula a secreção de GH
Somatostatina Hormona inibidora da hormona do crescimento, Factor inibidor da libertação de somatropina SS, GHIH, SRIF neurónios neuroendócrinos do núcleo paraventricular inibe a secreção de GH
Hormona libertadora de tirotropina Factor libertador de tirotropina, Tiroliberina TRH, TRF neurónios neuroendócrinos parvocelulares no núcleo paraventricular e núcleo hipotalâmico anterior estimula a secreção de TSH
Vasopressina Hormona antidiurética ADH neurónios neuroendócrinos parvocelulares no núcleo paraventricular estimula a produção de ACTH juntamente com CRH