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Tiroide

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Tiroide ou tireoide

Tireoide e paratireoide
Detalhes
Vascularização artéria tireóidea superior, artéria tireóidea inferior,
Drenagem venosa veia tireóidea superior, veia tireóidea média, veia tireóidea inferior, thyreoidea ima
Inervação gânglio cervical médio, gânglio cervical inferior
Precursor Bolsa branquial
Identificadores
Latim glandula thyroidea
Gray pág.1269
MeSH Thyroid+Gland
 Nota: Se procura tireoide no sentido de cartilagem, veja cartilagem tireoide.
Glândula tiroide

A tiroide (português europeu) ou tireoide (português brasileiro) AO 1990 (termo derivado da palavra grega "escudo", devido ao seu formato) é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo. Ela é uma estrutura de dois lobos localizada no pescoço (em frente à traquéia) e produz hormônios, principalmente tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que regulam a taxa do metabolismo e afetam o aumento e a taxa funcional de muitos outros sistemas do corpo. O iodo é um componente essencial tanto do T3 quanto do T4. A tireoide também produz o hormônio calcitonina, que possui um papel muito importante na homeostase do cálcio. O hipertireoidismo (tireoide muito ativa) e hipotireoidismo (tireoide pouco ativa) são os problemas mais comuns da glândula tireoide.

[1]

Anatomia

A glândula tiróide é uma importante glândula endócrina, responsável pela podução de tiroxina(T4), triiodotiroxina (T3) e por calcitonina. Está localizada na região anterior do pescoço posteriormente aos músculos esterno-tiroideu e esteino-hioideu, ao nível das vertebras C5 e T1, pesando cerca de 15-30g. É formada por dois lobos laterais unidos na linha médio por um istmo; esta glândula é revestida por uma cápsula fibrosa (emite septos para o seu interior) que se liga à cartilagem cricóide e anéis traqueais superiores por tecido conjuntivo denso, com origem na camada pré-traqueal da fáscia cervical profunda. Cada lobo lateral tem uma base (ao nível do 5º anel traqueal), um ápice e 3 superficies – ântero-lateral, póstero-lateral e medial. Em cerca de 40% dos indivíduos é possivel observar um lobo piramidal que se dirige superiormente a partir do istmo da tiróide, unido ao osso hioide por um espassamento fibroso.

Relações anatómicas

Superfície medial – cartilagem tiroideia e traqueia, esófago, nervos laríngeos recorrentes, músculo constritor da faringe e músculo cricotiroideu. Superfície ântero-lateral – músculos esterno-tiroideu, esterno-hioideu, ventre superior do músculo omo-hioideu, esternocleidomastoideu, fáscia superficial ( com o músculo platisma) e pele. Superfície póstero-lateral – baínha carotídea (artéria carótida comum, nervo vago e veia jugular interna) e tronco simpático Istmo – 2º-4º anéis traqueais.

Irrigação arterial

É irrigada pelas artérias tiroideias superiores e inferiores que se encontram entre a cápsula e o folheto laxo. As artérias tiroideias superiores, geralmente os primeiros ramos da artéria carótida externa, descem para os pólos superiores da glândula, furando a camada pré-traqueal da fáscia cervical profunda, e dividem-se em ramos anterior e posterior, irrigando a parte ântero-superior da tiróide. As artérias tiroideias inferiores, ramos dos troncos tiro-cervicais, emergem das artérias subclávias. Cursam supramedialmente, posteriormente às bainhas carotideas para chegar à parte posterior da tiróide. Dividem-se em vários ramos que furam a camada pré-traqueal, irrigando a parte póstero-inferior, incluindo os pólos inferiores da glândula. As artérias supra-citadas anastomosam-se dentro da tiróide, assegurando a sua irrigação, fornecendo uma potencial circulação colateral entre a artéria subclávia e a artéria carótida externa. A artéria tiroideia ima está presente em cerca de 10% dos indivíduos tendo gerlamente origem no tronco braquiocefálico. Contudo pode também ter origem no arco aórtico, artéria carótida comum direita, artéria subclávia direita ou artéria torácica interna direita. Quando presente, ascende na superfície anterior da traqueia, fornecendo pequenos ramos para a irrigação desta. Continua para o istmo da tiróide, irrigando-o.

Drenagem Venosa

O plexo venoso tiroideu, é formado por três pares de veias tiroideias na superfície anterior da tiróide e anteriormente á traqueia. As veias tiroideias superiores acompanham as artérias e drenam os pólos superiores da tiróide. As veias tiroideias médias não acompanham as artérias, mas têm um percurso paralelo ao das artérias tiroideias inferiores, drenando a parte média dos lobos. Estas 4 veias drenam para as veias jugulares internas. As veias tiroideias inferiores, drenam os pólos inferiores, sendo tributárias das veias braquiocefálicas.

Drenagem linfática

Os vasos linfáticos da tiróide drenam para os gânglios linfáticos pré-laríngeos, que por sua vez drenam para os gânglios linfáticos cervicais superiores. Outros vasos drenam para os gânglios linfáticos pré-traqueais e para-traqueais, que por sua vez drenam para os gânglios linfáticos cervicais profundos inferiores. Alguns vasos podem drenar para os gânglios braquiocefalicos ou para o ducto torácico.

Inervação

Os nervos derivam dos gânglios simpáticos cervicais superior, médio e inferior. Atingem a tiróide através dos plexos cardíaco e periarterial tiroideu superior e inferior, que acompanham as artérias tiroideias. Estas fibras são vasomotoras provocando vasoconstrição. A função secretomotora é regulada por via endócrina.

Histologia

A glândula tiróide é constituída por um grande número de folículos (espécie de cistos microscópicos com cerca de meio milímetro de diâmetro) formados por epitélio simples de células tiroideias foliculares, produtoras de hormonas tiroideias (T3 e T4). Entre os folículos, no interstício, estão células C (claras) ou parafoliculares, produtoras de calcitonina. Existe também tecido conjuntivo intersticial que se vai tornando mais volumoso do interior para a periferia da glândula, até se fundir com a cápsula.


Folículos

Cada folículo consiste numa camada de células foliculares cúbicas que envolvem um lúmen central cheio de colóide. Os folículos, que variam em tamanho, aumentam durante a estimulação glandular.


Células Foliculares

As células foliculares da tiróide derivam da endoderme e evidenciam uma ultra-estrutura típica de secreção hormonal peptídica. A altura celular varia de escamosa (nas glândulas inactivas), a cilíndrica (durante a estimulação).

As células foliculares da tiróide diferem de outras células endócrinas, na medida em que armazenam uma forma intermédia do seu produto de secreção (tireoglobulina) extracelularmente no colóide, em vez de internamente em grânulos secretores citoplasmáticos. A estimulação pela hormona hipofisária estimulante da tiróide (TSH) assinala o aumento da necessidade corporal de energia, aumentando a síntese e a secreção das hormonas tiroideias tiroxina (T4) e triiodotironina (T3).


Células Parafoliculares (Células C)

Encontram-se dispersas entre as células foliculares ou em agregados entre folículos. O seu citoplasma cora pouco com os corantes tradicionais e aparece tipicamente transparente ou branco. A microscopia electrónica revela inúmeros pequenos grânulos secretores. Estas células segregam a hormona peptídica calcitonina em resposta à elevação sérica do cálcio. A calcitonina baixa o cálcio sérico através da estimulação dqa captação de cálcio pelas células e aumento da deposição de cálcio no osso.


Função Anormal

Hipertiroidismo: A produção excessiva da hormona tiroideia (tirotoxicose) causa nervosismo, palpitações, taquicardia, fraqueza muscular, fadiga, perda de peso com manutenção do apetite, transpiração excessiva, intolerância ao calor e labilidade emocional. Os folículos hiperactivos crescem devido ao aumento da altura do epitélio folicular e ao aumento dos depósitos de tiroglobulina. Estas alterações causam um edema da tiróide conhecido como bócio.

Hipotiroidismo: É denominado "cretinismo" na criança e "mixedema" no adulto. Provoca má utilização da glicose. Os seus sintomas incluem letargia, intolerância ao frio, capacidades intelectuais e motoras lentificadas, acumulação de glicosaminoglicanos na derme (com consequente inchaço) e, por vezes, aumento de peso. Uma vez que o iodo é necessário para uma função tiroideia normal, as dietas deficientes em iodo reduzem a produção funcional de tiroxina e, muitas vezes, estão por detrás do cretinismo ou mixedema. Uma vez que a tiroxina não iodada, produzida devido à ausência de iodo, não permite feedback negativo na produção de TSH, o aumento do tamanho folicular e o bócio podem acompanhar este tipo de hipotiroidismo.

Fisiologia

A principal função da glândula tireoide é a produção de hormônios obipiscilianos, T3 (triiodotironina) e T4 (cetratofina). A produção destes hormônios é feita após estimulação das células pelo hormonio da hipófise TSH (thyroid stimulating hormone) no recetor membranar do TSH, existente em cada célula folicular. As células intersticiais, células c, produzem calcitonina, um hormônio que leva à diminuição da concentração de cálcio no sangue (estimulando a formação óssea).

A tireoide é a única glândula endócrina que armazena o seu produto de excreção. As células foliculares sintetizam a partir de aminoácidos e Iodo (este é convertido a partir do íon iodeto presente no sangue que armazenam ativamente até grandes concentrações graças a um transportador membranar específico) a glicoproteína de alto peso molecular tiroglobulina que secretam dentro dos folículos numa solução aquosa viscosa, o coloide. De acordo com as necessidades (e níveis de TSH), as células foliculares captam por endocitose líquido coloide. A tireoglobulina aí presente é digerida nos lisossomas, e transformada em t3 e t4 que são libertadas no exterior do folículo para a corrente sanguínea.

A atividade das células foliculares é dependente dos níveis sanguíneos de TSH (hormônio hipofisário tirotrófico). O TSH determina a taxa de secreção de t3 e t4 e estimula o crescimento e divisão das células foliculares. Esta é secretada na glândula pituitária ou hipófise. A secreção de TSH depende de muitos fatores, um dos quais é o feedback negativo pelos hormônios tireoideianos (grandes quantidades de t3 ou t4 são sentidas pela hipófise a a secreção de TSH é diminuída, e vice-versa).

Os hormônios tiroidianas T3 e T4 (a T3 é mais potente e grande parte da T4 é convertida em T3 nos tecidos periféricos) estimulam o metabolismo celular (são hormonas anabólicas) através de estimulação das mitocôndrias. Efeitos sistêmicos importantes são maior força de contração cardíaca, maior atenção e ansiedade e outros devido maior velocidade do metabolismo dos tecidos. A sua carência traduz-se em défice mental e outros distúrbios.

Regulação na secreção de T3 e T4

Tanto o estresse quanto o frio estimulam a liberação de TSH-RF (RF: Releasing Factor ou Fator de Liberação) pelo hipoltálamo, que estimulam a liberação de TSH pela adeno-hipófise, que por sua vez, estimula a tireoide a liberar T3 e T4 que aumenta a taxa do metabolismo basal.

Embriologia

A glândula tireoide origina-se de um espessamento endodérmica no assoalho da faringe que surge ao 24.º dia do desenvolvimento, conhecido por primórdio tiróideo, entre o 2.º arco faríngeo (tubérculo ímpar) e o 3.º arco faríngeo (eminência hipobranquial). A glândula desce ventralmente mantendo uma ligação com a língua através do ducto tireoglosso. Na sétima semana do desenvolvimento, a glândula atinge sua posição final e esse ducto degenera, restando na língua um resquício proximal, que é o forame cego. Em alguns indivíduos permanece parte do ducto, o qual passa a ser chamado de lobo piramidal.

Doenças

A tireoide pode ser acometida de enfermidades correlacionadas com o meio ambiente. O consumo excessivo de fluoretos, a deficiência de iodo, vitaminas e desnutrição, contribuem para o aparecimento do Hipotiroidismo. Problemas na tireoide podem também causar perda de memória. Se você tem, ou suspeita ter, essa enfermidade comum, evite os fatores de risco e converse com seu médico sobre o tratamento.

História

A tireoide foi identificada enquanto órgão pelo anatomista Thomas Wharton em 1656. A tiroxina (T4) foi isolada no século XIX.

Bibliografia

  • MOORE, Keith L. Fundamentos de anatomia clínica (2a. ed.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 501.
  • JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia básica (10a. ed.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

Predefinição:Link FA

  1. Keith L. Moore - Clinically Oriented Anatomy, 6ª Edition