António Ferro
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António Ferro | |
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Nascimento | 17 de agosto de 1895 Lisboa, Portugal |
Morte | 11 de novembro de 1956 (61 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | português |
Cônjuge | Fernanda de Castro |
Filho(a)(s) | António Quadros, Fernando Manuel de Quadros Ferro. |
Ocupação | Escritor, jornalista, político. |
Cargo | Director do Secretariado de Propaganda Nacional e do Secretariado Nacional de Informação. Editor da revista Orpheu. |
Magnum opus | Novo Mundo, Mundo Novo |
Principais interesses | Modernismo português |
António Joaquim Tavares Ferro OC • GOC • ComSE • GOSE (Lisboa, 17 de Agosto de 1895 — 11 de Novembro de 1956), conhecido por António Ferro, foi um escritor, jornalista e político português.
Biografia
António Ferro nasceu em 17 de Agosto de 1895 num terceiro andar do n.º 237 da Rua da Madalena, em Lisboa,[1] no seio de uma família pequeno-burguesa.
O pai, António Joaquim Ferro, alentejano, era comerciante; a mãe, Maria Helena Tavares Afonso Ferro, algarvia, era doméstica. Um tio do lado materno, Pedro Tavares, oficial do Exército, publicara alguns livros da sua lavra: Estudos Histórico-Militares (1892), e também romances, como Margarida (1900) ou Regenerada (1905)[2].
O prédio de sua casa ardeu integralmente no famoso «Fogo da Madalena», tinha António Ferro então 11 anos de idade. O jovem foi salvo por um bombeiro, tal como a restante família: a mãe, o pai, os irmãos Umbelina e Pedro, uma velha tia e ainda uma avó imobilizada[2]. .
Em 1911, estudante do Liceu Camões, é, embora cinco anos mais novo, colega e amigo de Mário de Sá-Carneiro. O poeta confia-lhe dois dos seus primeiros poemas, Quadras para a Desconhecida e A Um Suicida, ambos dedicados a Tomás Cabreira Júnior, com quem escrevera a peça Amizade e que se suicidara com um tiro, nas escadas do liceu, aos 16 anos de idade[2].
Em 1912, em colaboração com Augusto Cunha, seu futuro cunhado, publica Missal de Trovas, livro constituído por quadras ao gosto popular dedicadas a Augusto Gil e a Fausto Guedes Teixeira, que, numa edição de 1914, seriam acompanhadas de apreciações afectuosas de Fernando Pessoa, João de Barros, Mário de Sá-Carneiro, Afonso Lopes Vieira e Augusto Gil[2].
De 1913 a 1918 frequenta o curso de Direito na Universidade de Lisboa, que acabará por não concluir. Nessa altura, António Ferro, de aparência sossegada, pesada e pachorrenta, já demonstra o fôlego e a energia que o acompanharão toda a vida. Mobilizador de vontades e aglutinador de grupos, é voz activa e estimulante em tudo o que implique acção e organização[2].
Em 1914, com apenas 19 anos, António Ferro surge como editor oficial da Revista Orpheu, para o que foi escolhido pelo seu amigo Mário de Sá Carneiro, precisamente por ser ainda menor[2].
Enveredando pela carreira de jornalista, foi redator-principal do diário O Jornal 1919 (órgão do Partido Republicano Conservador), jornalista de O Século e do Diário de Lisboa, director durante alguns meses da revista Illustração Portugueza e repórter internacional do Diário de Notícias, para o qual entrevistou numerosas celebridades nacionais e estrangeiras.
Teve colaboração, em prosa e em verso, na II série da revista Alma nova [3] (1915-1918), Exílio (1915) e na segunda série de Contemporânea (1922-1924). Em 1921 publicou o manifesto modernista Nós. Em livro, publicou conferências, reportagens, entrevistas, contos, o livro de aforismos e paradoxos Teoria da Indiferença (1920) e o "romance fragmentário" Leviana (1921). Também se encontra colaboração da sua autoria na revista Ilustração [4] iniciada em 1926.
Depois de ter sido simpatizante do Partido Republicano, António Ferro evoluiu para sidonista, republicano conservador (próximo de Filomeno da Câmara).
Interessou-se e aprofundou conhecimentos sobre o fascismo e os regimes autoritários da época, como ficou patente na sua colectânea de entrevistas Viagem à Volta das Ditaduras (1927). Entrevistou Benito Mussolini três vezes, em Roma (na última entrevista, Mussolini ofereceu a Ferro dois retratos seus com dedicatória, um deles destinado a Salazar, que o colocou emoldurado sobre a sua secretária). Também Hitler concedeu uma breve entrevista a Ferro (que não se chegou a concretizar, segundo a sua neta Rita Ferro), bem como o ditador espanhol Primo de Rivera.
Sob o Estado Novo, António Ferro abraçou a carreira política, tendo dirigido o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), sob a tutela da presidência do Conselho de Ministros. Foi ele quem sugeriu a Salazar em 1932 a criação de um organismo que fizesse propaganda aos feitos do regime e foi dele, também, a formulação doutrinária, a partir desse ano, da chamada Política do Espírito, nome que teve em Portugal a política de fomento cultural subordinada aos fins políticos do regime. Depois de em Dezembro de 1932 ter publicado no Diário de Notícias uma série de entrevistas com o Presidente do Conselho de Ministros, reunidas em livro em 1933 (Salazar, o Homem e a Obra), Ferro foi chamado a assumir, como director do SPN, criado em Outubro de 1933, as funções simultâneas de chefe da propaganda e de responsável pela política cultural do Estado Novo. O organismo manteve o nome até final da II Guerra Mundial, quando passou a designar-se Secretariado Nacional de Informação (SNI). Ferro foi o seu director até 1949, quando partiu para a legação portuguesa em Berna.
Desenvolveu grande actividade nas áreas da propaganda interna e externa, edição, radiodifusão, cinema, teatro, bailado, jornalismo, turismo e actividades culturais em geral. Foi comissário-geral das exposições internacionais de Paris (1937) e de Nova Iorque (1939), teve um papel determinante na grande realização do Estado Novo que foi a Exposição do Mundo Português (1940), tendo dirigido a Revista dos Centenários [5], órgão de propaganda da mesma. Foi fundador do Museu de Arte Popular, da Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio (1940) e presidente da Emissora Nacional (1941). No plano do turismo, foi por sua iniciativa que foram criadas as Pousadas a partir de 1941-1942. Foi também fundador, em 1941, da revista de arte e turismo Panorama.
António Ferro foi casado com a poetisa Fernanda de Castro, pai do escritor António Quadros e avô da escritora Rita Ferro.
Obras
- Missal de Trovas" (1912) - de colaboração com Augusto Cunha
- As Grandes Trágicas do Silêncio (1917)
- O Ritmo da Paisagem" (1918)
- Árvore de Natal (1920)
- Teoria da Indiferença (1920)
- Árvore de Natal (1920)
- Leviana (1921)
- Gabriele d'Annunzio e Eu (1922)
- A Idade do Jazz-Band (1923)
- Batalha de Flores (1923)
- A Amadora dos Fenómenos (1925)
- Viagem à Volta das Ditaduras (1927)
- Salazar, o Homem e a Obra (1933)
- Homens e Multidões (1941)
- D. Manuel II, o Desventurado (1954).
- Saudades de Mim (editado postumamente, em 1957)
Homenagens
- A 5 de Outubro de 1930 foi feito Oficial da Ordem Militar de Cristo[6]
- A 23 de Setembro de 1931 foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada[6]
- A 4 de Março de 1941 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada[6]
- A 4 de Novembro de 1941 recebeu a Grande Gruz da Ordem da Coroa da Roménia (Mare Cruce)[7]
- A 29 de Outubro de 1943 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.[6]
Ver também
Referências
- ↑ Assento de baptismo nº 103, de 25/12/1896, Santa Justa, Lisboa.
- ↑ a b c d e f «Biografia». Fundação António Quadros. Consultado em 23 de junho de 2016
- ↑ Rita Correia (19 de julho de 2011). «Ficha histórica:Alma nova: revista ilustrada (II Série) (1915-1918)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de março de 2015
- ↑ Rita Correia (16 de Junho de 2009). «Ficha histórica: Ilustração (1926-)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ Helena Bruto da Costa. «Ficha histórica:Revista dos Centenários (1939-1940)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 29 de Maio de 2015
- ↑ a b c d «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Joaquim Tavares Ferro". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 11 de setembro de 2015
- ↑ http://www.fundacaoantonioquadros.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=233&Itemid=329
Bibliografia
- Ferro, Mafalda; Ferro, Rita (1999). Retrato de uma família: Fernanda de Castro, António Ferro, António Quadros. Lisboa: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-1910-0
- Guedes, Fernando (1997). António Ferro e a sua Política do Espírito. Inclui antologia de textos de António Ferro. Lisboa: Academia Portuguesa da História. ISBN 978-972-624-111-9
- Henriques, Raquel Pereira (1990). António Ferro: estudo e antologia. Lisboa: Publicações Alfa
- Leal, Ernesto Castro (1994). António Ferro; Espaço Político e Imaginário Social: (1918-32). Lisboa: Edições Cosmos. ISBN 978-972-8081-33-2 Verifique
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(ajuda)
Ligações externas
- «Política :A Matriz». por Carlos Fontes. [ligação inativa] Arquivo de 2012-12-09
- Nascidos em 1895
- Mortos em 1956
- Naturais de Lisboa
- Escritores de Portugal
- Jornalistas de Portugal
- Políticos de Portugal
- Oficiais da Ordem Militar de Cristo
- Comendadores da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
- Grandes-Oficiais da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
- Grandes-Oficiais da Ordem Militar de Cristo
- Centenários da Independência de Portugal