WannaCry
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Ransomware WannaCry em ação | |
Escrito em | C++ |
Sistema operacional | Microsoft Windows |
Gênero(s) | Ransomware |
Na informática, o WannaCry, também chamado WCry, WCrypt, WanaCrypt0r 2.0, Wanna Decryptor 2.0.[1][2][3][4][5]é um crypto-ransomware (um malware) que afeta o sistema operativo Microsoft Windows desatualizado. A sua difusão em larga escala iniciou-se em 2017 infectando mais de 230 mil sistemas,[6][7] dentre operadoras de telecomunicações, empresas de transportes, organizações governamentais, bancos e universidades.[8] Com impacto qualificado como «sem precedentes».[8][9]
A ameaça utiliza técnicas de exploração alegadamente desenvolvidas pela Agência de Segurança Nacional[10][11] dos Estados Unidos. Uma correção crítica para a vulnerabilidade (em sistemas operativos com suporte) foi publicada a 14 de março de 2017.[12] Atualizações de segurança para Windows XP e Server 2003, não suportados pela empresa Microsoft, foram também lançadas em resposta a esta ameaça.[13]
Após o início da sua propagação, um investigador[14] permitiu inadvertidamente uma estabilização do número de infeções,[15] ao qual se seguiu pouco depois o surgimento de variantes que contornam a técnica utilizada para a prevenção da infeção.[16][17] Os três endereços bitcoin incorporados no software malicioso foram monitorizados através de um bot.[11] A 14 de maio de 2017, os resgates pagos totalizavam cerca de 33.000 dólares.[18]
Em dezembro de 2017, os Estados Unidos e o Reino Unido afirmaram formalmente que a Coreia do Norte estava por trás do ataque, embora os norte-coreanos tenham negado qualquer envolvimento no ataque.[19]
Infecção
A difusão do WannaCry em larga escala iniciou-se a 12 de maio de 2017 infectando mais de 230 mil sistemas.[6][7] Organizações como a Telefónica[20] e o Serviço Nacional de Saúde britânico[21] foram afetadas, juntamente com outras operadoras de telecomunicações, empresas de transportes, organizações governamentais, bancos e universidades.[8] O Centro de Cibersegurança Europeu (Europol) qualificou o seu impacto como «sem precedentes».[8][9]
A divulgação de exploits pelo grupo The Shadow Brokers a 14 de abril de 2017[22][23] levou ao lançamento de uma correção crítica pela Microsoft em maio de 2017.[12] A técnica de exploração utilizada pelo malware deve-se a uma vulnerabilidade (EternalBlue/MS17-010) referente ao protocolo Server Message Block (SMBv1[24] e SMBv2[25][26]) que permite a execução de código remoto ou, em alternativa, a um backdoor (DOUBLEPULSAR).[27][15]
O ransomware foi detectado pela primeira vez no início de fevereiro de 2017.[28][29] A ameaça propaga-se através de um anexo de correio eletrônico ou através de outros computadores comprometidos na mesma rede graças a um executável, com características de worm,[30][31] que procura replicar-se por servidores Windows que estejam acessíveis através da porta 445.[32][33] Após ganhar acesso a um sistema, procede à sua replicação e execução, tentando depois a ligação a um domínio na Internet.[15] Caso esta ligação seja bem-sucedida, o processo é terminado sem que a sua componente de ransomware seja executada. Em caso contrário, um ficheiro comprimido e protegido por palavra-passe é extraído para o sistema e executado.[15] A ameaça procede depois à extração de um cliente TOR, para a comunicação com os servidores de comando e controlo;[34] e à alteração de privilégios do utilizador de modo a facilitar a criptografia dos dados.
Após a encriptação dos dados, serviços relacionados com a recuperação de dados e restauro do sistema são desativados pelo ransomware. Como acontece com ameaças semelhantes, é exigido o resgate dos dados através do pagamento de $300 em bitcoin num prazo de três dias, e com a ameaça de destruição dos dados caso esta quantia não seja paga.[35] A mensagem foi traduzida para mais de vinte idiomas.[36]
Em 17 de Julho de 2017 aconteceu um ataque cibernético em grande escala, em cidades do Brasil e mundo.
Impacto
Europa
O Centro de Cibersegurança Europeu (Europol), notou o nível «sem precedentes» do acontecimento e a necessidade de uma «investigação internacional complexa que permita identificar os culpados».[37] As repercussões desta ameaça foram sentidas particularmente no Reino Unido, onde o Serviço Nacional de Saúde se viu obrigado a cancelar consultas não-urgentes e a desviar ambulâncias.[38][39] A organização viu-se fortemente afetada graças à presença de numerosos sistemas com Windows XP,[40] cujo suporte havia terminado em abril de 2014.[41]
Foi também noticiada a paragem, no mesmo país, da linha de produção de uma fábrica pertencente à companhia automóvel Nissan e de outra, em França, pertencente à Renault.[42][43]
Em Portugal, as empresas afetadas, entre as quais a Portugal Telecom e a EDP, decidiram ativar os seus planos de segurança, restringindo o acesso ou desligando as suas redes internas.[44][45] Por sua parte, a Polícia Judiciária deu início a investigações ao sucedido.[46]
Organizações afetadas
- Tribunal de Justiça de São Paulo[47]
- Vivo (Telefônica Brasil) (Brasil)[48]
- Hospital Sírio-Libanês (Brasil)[49]
- Universidade Sun Yat-sen (China)[50]
- Instituto Nacional de Salud (Colômbia)[51]
- Renault (França)[52]
- Deutsche Bahn (Alemanha)[53]
- Telenor (Hungria)[54]
- Andhra Pradesh Police (Índia)[55]
- Dharmais Hospital (Indonésia)[50]
- Harapan Kita Hospital (Indonésia)[50]
- Universidade de Milano-Bicocca (Itália)[56]
- Portugal Telecom[57]
- Automobile Dacia (Roménia)[58]
- Ministério dos Negócios Estrangeiro (Romênia)[59]
- MegaFon (Rússia)[60]
- Ministério do Interior (Rússia)[61]
- Ferrovias Russas[62]
- BBVA (Espanha)[63]
- Telefónica (Espanha)[63]
- Sandvik (Suécia)[50]
- Serviço Nacional de Saúde (Reino Unido)[64]
- Nissan UK (Reino Unido)[64]
- FedEx (Estados Unidos)[65]
Interrupção da propagação
No dia 13 de Maio de 2017,[66] um investigador sob o pseudónimo MalwareTech, que havia criado uma ferramenta para monitorar a propagação do ransomware em tempo real, encontrou por acidente um mecanismo de interrupção contido no código da ameaça, que permitia a prevenção da sua propagação através do contato com um domínio.[67] No entanto, este mecanismo é interpretado como um erro por parte dos criminosos, e foi dado como expectável a criação de variantes sem este.[68][69][70]
A identidade de MalwareTech foi revelada posteriormente: o surfista britânico Marcus Hutchins que trabalha na empresa Kryptos Logic.[71]
Referências
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