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Sampaio Corrêa (aeronave)

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Sampaio Corrêa
Avião
Sampaio Corrêa (aeronave)
Sampaio Corrêa II, Rio Potengi (Brasil), 1923
Descrição
Tipo / Missão Raid Nova York - Rio de Janeiro
País de origem  Estados Unidos
Fabricante Curtiss Aeroplane and Motor Company
Quantidade produzida 2
Primeiro voo em 1922 (Sampaio Corrêa I)
1917 (Sampaio Corrêa II)
Tripulação 5 – piloto, copiloto, engenheiro de voo, jornalista, cinegrafista
Especificações
Dimensões
Comprimento 15 m (49,2 ft)
Envergadura 28 m (91,9 ft)
Peso(s)
Peso vazio 8 000 kg (17 600 lb)
Propulsão
Motor(es) dois motores Liberty
Potência (por motor) 400 hp (298 kW)
Notas
Sampaio Corrêa I: afundou no Oceano Atlântico, a leste de Cuba, entre os dias 22 e 23 de agosto de 1922
Sampaio Corrêa II: doado à Aviação Naval Brasileira após a conclusão da viagem (8 de fevereiro de 1923)
Cartão postal, de 1951, do Correio do Brasil alusivo ao feito aéreo

Sampaio Corrêa foram os aviões utilizados no primeiro voo entre as Américas do Norte e do Sul, conhecido como “Raid Nova YorkRio de Janeiro”, realizado entre 4 de setembro de 1922 e 8 de fevereiro de 1923. O Sampaio Corrêa “I” fez o percurso entre Nova York e a América Central, cabendo ao Sampaio Corrêa “II” o restante da viagem até o Rio.

O hidroavião que aterrizou na cidade de São Luís em dezembro de 1922 inspirou um clube de futebol. O Sampaio Corrêa Futebol Clube, que foi fundado em março de 1923.

O nome “Sampaio Corrêa” é uma homenagem ao presidente do Aeroclube do Rio de Janeiro à época, o senador José Matoso de Sampaio Correia, sugerida por Euclides Pinto Martins.[1] O idealizador e tripulante da viagem havia trabalhado com o então engenheiro Sampaio Correia na antiga Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS).[2]

Especificações

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Sampaio Corrêa I [1][3]

Sampaio Corrêa II [1][3]

  • Tipo: hidroavião, biplano.
  • Modelo: Curtiss H-16.[Bibliografia 1]
  • Motor: dois motores Liberty de 400 HP cada.
  • Envergadura, comprimento e peso: “semelhante” “ao outro Curtiss acidentado”.
  • Tempo de serviço: 6 anos (prestados à Marinha dos Estados Unidos).[nota 1]

Euclides Pinto Martins propôs a Walter Hinton, o piloto do primeiro voo transatlântico, realizar a primeira ligação aérea entre a América do Norte e a do Sul em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Proposta aceita, conseguiram o apoio financeiro do banqueiro Andrew Smith Jr. e o patrocínio do jornal New York World, que forneceu a aeronave, construída sob encomenda pela empresa Curtiss Aeroplane and Motor Company.

Rota prevista:[5]

Tripulação definida:[3]

Sampaio Corrêa I [1][3]

A partida de Nova York foi marcada para 16 de agosto de 1922, mas a descoberta de um pequeno dano na asa esquerda exigiu um adiamento. No dia seguinte, 17 de agosto, o Sampaio Corrêa decolou do Rio Hudson aplaudido por milhares de pessoas rumo ao sul. No mesmo dia uma forte tempestade o fez pousar em Nanten. Pela manhã seguiu para Southport (Carolina do Norte), onde chegou no dia 19. No dia 20, Charleston (Carolina do Sul), sem dificuldades. Seguindo viagem, outra tormenta o obrigou a descer em West Palm Beach (Flórida).

Na manhã seguinte saiu da América do Norte em direção a Nassau (Bahamas), onde passou a noite. Claro o dia 22, decolou rumo a Porto Príncipe, no Haiti. Por volta das 8 horas da noite foi surpreendido por uma borrasca que o fez perder altitude e cair no mar a leste de Cuba. A tripulação não se feriu, mas correram o risco de afogamento ou do ataque de tubarões. Conseguiram pedir socorro, sendo resgatados pelo USS Denver, da Marinha dos Estados Unidos. O Sampaio Corrêa não pôde ser salvo, e afundou no Atlântico.

Sampaio Corrêa II [1][3]

Os aventureiros foram levados à Base Naval de Guantánamo, em Cuba. De lá contataram o New York World, que conseguiu com a Marinha outro avião para o prosseguimento da viagem. Seguiram então para a Base Naval de Pensacola, na Flórida, ao encontro do novo Curtiss H-16. Batizada de Sampaio Corrêa II em 4 de setembro de 1922, a aeronave partiu de São Petersburgo em direção ao Haiti, onde chegou no dia 7 de setembro. Em Porto Príncipe foram mais trinta dias esperando as peças de reposição vindas dos E.U.A. para reparar o sistema de refrigeração.

Em 7 de outubro o Sampaio partiu para passar a noite em São Domingos (República Dominicana). No outro dia seguiu para Porto Rico, depois Guadalupe, chegando à Martinica no dia 12. Enfrentando muitas dificuldades com as chuvas, pousou em Port of Spain (Trinidad e Tobago) três dias depois. Lá, mais um mês aguardando peças para novos reparos.

América do Sul [1][3]

Finalmente partiu, em 21 de novembro, para Georgetown (Guiana). Continuou pelas capitais sul-americanas Paramaribo (Suriname), Caiena (Guiana Francesa), até entrar no Brasil e ser forçado por um temporal a pousar na foz do Rio Cunani (Amapá) no primeiro dia de dezembro, passando a noite entre os mosquitos.[Bibliografia 2]

Nova parada, ainda em território amapaense, na Ilha de Maracá.[nota 2] Depois, Belém e Bragança (Pará), onde o mau tempo o fez pousar no Rio Caeté. Mais três dias em terra. Em 14 de dezembro decolou para São Luís (Maranhão), onde ficou por cinco dias. Desceu em Camocim (Ceará), cidade natal do brasileiro, após quatro horas de viagem. Feitas as devidas celebrações, no dia seguinte continuou até Aracati. Depois da noite de repouso rumou para Natal (Rio Grande do Norte), amerissando no Rio Potengi pouco depois do meio-dia.

Nas primeiras luzes de 22 de dezembro partiu de Natal, sempre pelo litoral brasileiro. Percorridos pouco mais de 80 quilômetros um problema no motor esquerdo obrigou o pouso em Baía Formosa, na fronteira com o estado da Paraíba. A pane exigiu novas peças, que tiveram que ser adquiridas em Recife (Pernambuco). Somente no Dia de Natal o Sampaio Corrêa II pôde retomar seu caminho rumo à capital pernambucana.

Porém, um problema ainda mais grave em um dos motores forçou a descida na cidade de Cabedelo (Paraíba). A análise mostrou que o motor estava perdido para sempre, e a viagem não poderia prosseguir com apenas um deles funcionando.[7] O que impediu o fim precoce da travessia foi a intervenção da Aviação Naval Brasileira, que providenciou um novo motor para o Sampaio Corrêa.

Novamente um bimotor, o avião partiu de Cabedelo e no mesmo dia 26 chegou em Recife. A estadia durou até 30 de janeiro, quando rumou para Maceió (Alagoas), e um dia depois, Salvador (Bahia). Em 4 de fevereiro partiu para Porto Seguro, onde foi reabastecido, e na manhã seguinte seguiu para Vitória (Espírito Santo). De lá voou para Cabo Frio (Rio de Janeiro), pousando na tarde do dia 7. Na manhã seguinte, decolou para o último trecho da rota prevista, amerissando na Baía de Guanabara no dia 8 de fevereiro de 1923, concluindo o Raid Nova York – Rio de Janeiro e recebendo as merecidas homenagens.[8]

Foram percorridos 10.532 quilômetros em 175 dias de viagem, com cem horas e meia de voo.[1]

O Sampaio Corrêa II foi doado à Aviação Naval Brasileira.[Bibliografia 3]

  • Burns, Benjamin J. (2012). The Flying Firsts of Walter Hinton: from the 1919 Transatlantic Flight to the Arctic and the Amazon. McFarland, 5 de janeiro de 2012, 256 páginas.

Notas

  1. Após o fim da Primeira Guerra Mundial diversas aeronaves foram alteradas para uso em tempos de paz, como correio aéreo e transportes de civis. Os Curtiss H-16 foram adaptados para receber 5 ou 6 passageiros (contra um máximo de 4, durante a guerra mundial), com os maiores chegando a abrigar de 14 a 16 tripulantes.[4]
  2. Diversas fontes localizam o Rio Cunani e a Ilha de Maracá no Pará porque nos anos 1920 toda essa região pertencia a esse estado brasileiro, só sendo desmembrada em 1943 para a criação do Território Federal do Amapá, posteriormente declarado Estado do Amapá pela Constituição de 1988.

Sobre

  1. A Pathé News (1910-1970) foi uma famosa produtora britânica de documentários.[6]
  1. a b c d e f g Um grande estímulo: o Brasil na rota dos reides internacionais. In História da Aeronáutica Brasileira, Volume 2: de 1921 às vésperas da criação do Ministério da Aeronáutica. Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. Editora Itatiaia, 1990, p. 133-134. Consultado em 20 de outubro de 2022.
  2. Aviador Euclides Pinto Martins trabalhou no IFOCS, hoje DNOCS. Forquilha Ontem Hoje e Sempre. 08 de outubro de 2009. Consultado em 21 de outubro de 2022.
  3. a b c d e f New York to Rio de Janeiro. Early Aviators. s.d. Consultado em 19 de outubro de 2022.
  4. Commercial aviation tries its wings. General Aviation News. 28 de junho de 2010. Consultado em 21 de outubro de 2022.
  5. O Raid New York-Rio no avião "Sampaio Coreia": Etapas. Revista Fon-Fon. 26 de agosto de 1922, Ano XVI, n. 34, p. 31. Consultado em 24 de outubro de 2022.
  6. History of British Pathé. British Pathé. s.d. Consultado em 22 de outubro de 2022.
  7. Raid New York-Rio. A Província. Recife, 26 de janeiro de 1923. Ano LII, n. 21. Consultado em 21 de outubro de 2022.
  8. O Abraço do Futuro. Revista Fon-Fon. 17 de fevereiro de 1923, Ano XVII, n. 7, p. 27-33. Consultado em 25 de outubro de 2022.

Bibliografia

  1. a b Chief of Naval Operations (1981). Hinton: Iron Man, Wooden Boats. In Naval Aviation News. p. 44-47. Consultado em 20 de outubro de 2022.
  2. a b Santos, C. A. P. & Santos, P. J. S. (2019). Pinto Martins: um voo na memória e na história do aviador camocinense. Sobral: SertãoCult, 2019, 98 páginas. Consultado em 14 de outubro de 2022.
  3. Linhares, A. P. (2001). Aviação Naval Brasileira (1916-1941). Rio de Janeiro: SENAI, 2001, 197 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2022.

Ligações externas

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