Iara
Iara, Uiara (do tupi y-îara, "senhora das águas") ou Mãe-d'Água é, segundo o folclore brasileiro e a mitologia tupi-guarani, uma linda sereia que vive no rio Amazonas. Sua pele é parda e ela era uma mulher de origem indígena antes de ter sido transformada em sereia.[1][2]
Lenda
[editar | editar código-fonte]Lendas são histórias contadas de geração para geração verbalmente e, comumente, sofrem variações. A cor de seus olhos e cabelos variam de acordo com cada versão da lenda.
Uma destas versões conta que Iara era a melhor guerreira de sua tribo e, por esse motivo, despertava inveja em seus irmãos. Certo dia, eles se juntam para tentar assassiná-la, mas Iara era mais habilidosa e acaba matando todos eles. Como castigo por matar seus irmãos, o pai de Iara a joga no encontro dos rios Negro e Solimões, porém, ela é resgatada pelos peixes e transformada em sereia por Jaci, a deusa-Lua. A partir de então, ela passa ser a protetora dos rios amazônicos, utilizando seu canto para seduzir pescadores e levá-los para o fundo do rio.[3][4]
Outras versões afirmam que cronistas dos séculos XVI e XVII registraram que, no princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.[5]
Alguns folcloristas acreditam que a lenda da Iara só tenha sido criada após a chegada dos europeus no Brasil, e que a Iara tenha sido inspirada nas histórias das sereias gregas e adaptada aos elementos da cultura indígena durante a época da colonização.[4][6]
Nas mídias contemporâneas
[editar | editar código-fonte]Diversos escritores notáveis da literatura brasileira já escreveram sobre Iara.
O poeta Olavo Bilac compôs o poema A Iara, no qual descreve a sereia.[8][3] José de Alencar incluiu no romance "O Tronco do Ipê" um conto sobre a mãe-d'água.[9][6] Machado de Assis cita Iara no poema "Sabina", presente no livro Americanas.[6]
Uiara também é uma das personagens em Macunaíma, de Mário de Andrade, onde ela aparece seduzindo o herói para o fundo do rio. Na adaptação para os cinemas, de 1969, Uiara é interpretada por Maria Lúcia Dahl.
Em 2021, a Netflix lançou uma série brasileira chamada Cidade Invisível, que conta com Jessica Córes interpretando Iara.[10][6]
Referências
- ↑ «Protetora das águas». TV Brasil. Consultado em 8 de junho de 2016
- ↑ BRANDAO, Toni. A Iara. Studio Nobel, 1998. pp. 16. ISBN 8585445688
- ↑ a b c «Descubra a origem da lenda da Iara, a poderosa Mãe d'Água». HiperCultura. Consultado em 20 de julho de 2023
- ↑ a b «Afinal quem era Iara?». PrePara ENEM. Consultado em 20 de julho de 2023
- ↑ IaraSite Arte e Educação Arquivado em 15 de agosto de 2011, no Wayback Machine.
- ↑ a b c d Ramos Casemiro, Sandra. «A Lenda da Iara no poema "Sabina", de Machado de Assis». GEL. Consultado em 20 de julho de 2023
- ↑ Portal do Planalto (10 de agosto de 2011). «Espelho d'água». Palácio do Planalto. Consultado em 8 de junho de 2016
- ↑ «A Iara - Olavo Bilac». Portal São Francisco. Consultado em 8 de junho de 2016
- ↑ «Iara, Rainha dos Rios». NCE/UFRJ. Consultado em 20 de julho de 2023
- ↑ «Sedução, força e poder: conheça Iara, a lenda retratada em Cidade Invisível». Aventuras na História. Consultado em 20 de julho de 2023