Tag: Jamie Foxx

  • VortCast 106 | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    VortCast 106 | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira | @flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar) e Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal) recebem Marcelo Miranda (@marcelomiranda1) para comentar sobre os erros e acertos do mais novo filme do Amigão da Vizinhança, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.

    Duração: 88 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • 10 Séries Canceladas em 2021

    10 Séries Canceladas em 2021

    Já nos habituamos a todo ano receber notícias a respeito do cancelamento de nossas séries. 2021, apesar de completamente atípico, não poderia ser diferente. É verdade que o atual cenário pandêmico mundial mudou consideravelmente a produção do audiovisual, com diversas delas sofrendo interrupções, mas pouco a pouco as gravações foram retomadas. Entretanto, muitas delas foram encerradas prematuramente — ou até que outra emissora ou serviço de streaming decida continuá-la —, apesar de uma boa recepção de público e crítica, por isso, confira a lista de algumas das que tiveram seu desfecho interrompido neste ano.

    Lovecraft Country

    A adaptação do livro homônimo de Matt Ruff chegou na HBO em 2020, recebeu diversos prêmios e ainda assim teve o anúncio de seu cancelamento neste ano sem grandes explicações e causou bastante surpresa após receber mais de 18 indicações ao Emmy. A showrunner Misha Green vinha trabalhando em um roteiro e o elenco da série ainda com agenda reservada para as gravações de uma nova temporada.

    A série se passava nos Estados Unidos dos anos 1950 e mesclava o horror pulp (e extremamente preconceituoso) de H.P. Lovecraft com o segregacionismo racial do país.

    Punky, A Levada da Breca

    Vocês sabiam que Punky, a série de sucesso dos anos 80 teve um revival em 2021? Nem eu. A continuação da série apostou em produções como Três é Demais, que tiveram continuações recentes com boa parte do elenco original e tiveram um sucesso relativo, no entanto, não foi o caso de Punky que teve seu cancelamento anunciado quatro meses após a exibição da primeira temporada com dez episódios.

    Os Irregulares de Baker Street

    O que aparentava se tornar uma série de sucesso no serviço de streaming da Netflix fracassou amargamente e teve sua produção cancelada na primeira temporada. O grupo de jovens detetives sobrenaturais que trabalhavam para Sherlock Holmes parece não ter feito o sucesso esperado e os custos altos de produção cobraram o preço.

    Meu Pai e Outros Vexames

    Produzida e estrelada por Jamie Foxx, a comédia Meu Pai e Outros Vexames foi inspirada na relação entre Foxx e sua filha. O ator surgiu na comédia, mas a péssima repercussão de público e crítica foi o fator primordial para a Netflix cancelar a sitcom, ainda que os envolvidos aleguem que optaram por não renovar em comum acordo. A primeira temporada contou com oito episódios e, aparentemente, não era apenas a filha que ele estava deixando envergonhada.

    Os Eleitos

    A Disney+ anunciou no primeiro semestre de 2021 que Os Eleitos não retornariam para uma segunda temporada. Com essa decisão, a série se tornou a primeira produção do serviço a ser cancelado.

    Os Eleitos é fruto da parceria da Disney+ com a National Geographic e contou a história da corrida espacial norte-americana. Apesar do cancelamento, outras emissoras e serviços tem apontado o interesse em continuar essa história.

    Cursed: A Lenda do Lago

    A série de fantasia medieval teen, Cursed: A Lenda do Lago, foi cancelada pela Netflix em 2021 após a recepção morna do público em relação ao custo da produção. A releitura da lenda arturiana do ponto de vista de Nimue é baseada na graphic novel de Frank Miller e Tom Wheeler.

    O Legado de Júpiter

    A parceria de Mark Millar e Netflix ainda não rendeu nenhuma produção digna de nota, seja nos quadrinhos ou no serviço de streaming. Na esteira do seriado The Boys, Millar e Netflix acreditavam que a desconstrução dos super-heróis seria uma escolha mais do que acertada, no entanto, a escolha por adaptar apenas pouquíssimas páginas do primeiro arco do quadrinho parece ter cobrado seu preço e o cancelamento foi mais que merecido.

    Ainda assim, tanto o autor quanto o serviço já anunciaram que o mundo de O Legado de Júpiter será abordado em outras produções futuras, como a adaptação da mediana Supercrooks, que ganhará uma série em live action e anime.

    Turner & Hooch

    A série Turner & Hooch estrelada por Josh Peck e servia como um reboot da comédia policial com Tom Hanks, Uma Dupla Quase Perfeita, não conseguiu renovação para uma segunda temporada. Apesar do apelo nostálgico, o serviço de streaming encerrou o seriado com apenas uma primeira temporada de doze episódios. Embora a recepção do público parecesse popular, a série recebeu críticas medíocres da maioria dos veículos especializados.

    Y: O Último Homem

    A adaptação da série em quadrinhos de Brian K. Vaughan e Pia Guerra tinha tudo para ter vida longa na TV, mas assim como O Legado de Júpiter, a produção optou por espremer tudo e mais um pouco de poucas páginas de história e entregar nada ao espectador acreditando que teriam mais tempo para desenvolver a trama. Não rolou. Y: The Last Man não tinha ritmo algum e pouco a pouco a audiência foi diminuindo. Os produtores estão buscando uma nova casa para o seriado, mas até agora sem sucesso.

    Cowboy Bepop

    A adaptação em live action de Cowboy Bebop era bastante aguardada, mas como costuma acontecer em adaptações americanas de produções japoneses, o receio do público era grande. No entanto, assim que a primeira temporada foi disponibilizada na Netflix a recepção foi dividida e ainda que tenha atraído uma parcela considerável de espectadores, o serviço optou por cancela-lo semanas depois da estreia, visto que a audiência não justificava os gastos. Para quem esperava uma continuação para saber o final da série, recomendo que procurem o anime.

  • Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

    Review Homem Aranha Sem Volta Para Casa

    Havia uma grande expectativa em torno da estreia de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, por conta da possibilidade de apresentar finalmente uma versão do multiverso no cinema da Marvel e, claro, pela possibilidade da aparição de Tobey Maguire e Andrew Garfield. Esta terceira parte conduzida por Jon Watts começa no momento final de Homem-Aranha: Longe de Casa, onde o vilão Mysterio revela a identidade do herói.

    O ponto de partida do filme é o caos total, causado pela revelação do vilão, e a opinião pública se divide em relação à culpa do Aranha nesse caso. Pela primeira vez o personagem do UCM parece ter dificuldades tangíveis. Em Homem-Aranha: De Volta ao Lar ele passa a maior parte da história sob a tutela de Tony Stark, como se fosse um trainee de herói, e não o mais popular personagem de histórias em quadrinhos da Marvel Comics.

    Os  roteiros dos filmes da Marvel normalmente não são primorosos, não é raro perceber uma reciclagem de conceitos, com um ou outro vilão clássico representado no cinema em uma aventura genérica e presa a fórmula, tendo como diferencial as cenas pós créditos, que por sua vez, geram a expectativa de que a próxima produção será épica. Sem Volta Para Casa acaba tropeçando em alguns desses problemas, mas se diferencia pelo modo emocional com que é levado. Dessa vez, há vilões realmente perigosos, assassinos sádicos, não versões “água-com-açúcar”.

    O Peter de Tom Holland não tem um código moral bem estabelecido até essa historia, o caráter dele é posto à prova de maneira bem mais explícita, e sem a diluição de ter a responsabilidade dividida com outros heróis, como foi nos filmes anteriores e Guerra Infinita. Pela primeira vez nessa encarnação há peso em suas atitudes. Suas reflexões se dão sem interferência de personagens externos ao seu universo, ele sozinho se dá conta disso. Essas questões emancipatórias e de amadurecimento são bem observadas, mas não se descuida dos momentos de ação típicas de aventuras de super-heróis de quadrinhos.

    A ação do filme é frenética, e Watts resgata boa parte dos melhores momentos do herói na grande tela, inclusive emulando cenas clássicas dos filmes de Marc Webb e Sam Raimi. As lutas são ótimas, sobretudo o embate contra o Dr. Octopus de Alfred Molina. Os efeitos em computação gráfica também tiveram um upgrade, tanto nas lutas quanto no rejuvenescimento do elenco veterano de vilões que, aliás, são tão presentes aqui que faz perguntar se a intenção não era a de referenciar o malfadado filme do Sexteto Sinistro que jamais saiu do papel.

    A produção trabalhou bastante para guardar seus segredos, tanto que na exibição para imprensa havia um pedido do elenco para que não houvesse spoilers de modo algum. Ainda assim, mesmo sem falar dos rumos que o roteiro toma, é possível afirmar que a versão amaldiçoada do herói está bastante presente, assim como o fardo de carregar o mundo de responsabilidades em suas costas. Em vários pontos o desempenho dramático de Holland é exigido, e ele simplesmente não decepciona. Outras figuras como Zendaya e Marisa Tomei também tem grandes aparições e ajudam o protagonista a brilhar, certamente seu papel não seria tão elogiado se ambas não estivessem tão afiadas quanto ele.

    Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é de fato um filme que busca romper com o céu de brigadeiro que ocorria nas aventuras dessa versão do Aranha. Logicamente, ainda existem algumas conveniências e pieguices, algo bastante recorrente em suas histórias em quadrinhos. De qualquer modo, finalmente a essência de quem é Peter Parker é contemplada, e honra o ideal que Steve Ditko e Stan Lee pensaram para o seu personagem mais famoso.

  • Crítica | Power

    Crítica | Power

    Não é segredo nenhum que já há algum tempo que somos soterrados anualmente por produções baseadas em histórias em quadrinhos de super heróis ou então que possuem seres superpoderosos se digladiando. Produção da Netflix, Power é mais um desses filmes com humanos cheios de habilidades extraordinárias. Porém, é a abordagem que faz o filme se destacar entre todos os outros, ainda que seu potencial não seja desenvolvido como deveria ou poderia.

    Na trama do filme, uma droga chamada Power é criada e passa a ser distribuída nas ruas de Nova Orleans. Essa droga confere algum super poder aleatório durante o período de cinco minutos a quem a consome, mas também pode matar o usuário. É nesse contexto que a traficante adolescente Robin se alia à contragosto ao policial Frank e ao misterioso Art, já que descobrem há um plano sinistro em que os usuários da droga são monitorados por uma organização secreta.

    A ideia do roteiro de Mattson Tomlin é ótima, porém falar mais do que isso sobre a premissa constitui um mega spoiler, já que os diretores Ariel Schulman e Henry Joost não o aproveitam e nem o desenvolvem da maneira que poderiam. Tudo é muito breve e até mesmo raso. O primeiro grande problema diz respeito à narrativa. Por ser muito apressado, as relações entre os personagens vão se dando aos trancos e barrancos e a afinidade que surgem entre eles custa a ser crível. Há também uma tentativa de crítica social, mas que acaba ficando pelo caminho.

    Além do mais, o filme vai se desenvolvendo quase que como um videogame, com os heróis indo de um lugar ao outro para cumprir algum objetivo e enfrentando uma ameaça. Entretanto, a falta de arcos narrativos bem definidos faz com que o filme fique episódico e esvaziado de tensão. Sem contar que desperdiçam um vilão divertidíssimo ao colocar uma empresa como a grande vilã do filme. Nada contra a escolha de tecnocratas e capitalistas canalhas como vilões, mas nesse caso a vilania precisava de um rosto, alguém pra centralizar e ser a ameaça suprema.

    Com relação à ação, existem algumas boas cenas. A de abertura, em que Jamie Foxx persegue o rapper Machine Gun Kelly que acabou de se tornar uma tocha humana, é muito boa. Os efeitos especiais do homem incandescente são muito bem feitos. Só que em vários momentos os diretores se perdem em malabarismos de câmera e em excesso de cor, ou seja, uma pirotecnia visual que só confunde o espectador. Ao menos o trio de protagonistas, vivido por Jamie Foxx, Joseph Gordon-Levitt e a jovem Dominique Fishback atua bem e derrama carisma por onde passa. Rodrigo Santoro está especialmente canastrão e divertidíssimo como o traficante Biggie.

    Enfim, Power desperdiça uma boa premissa e decepciona ao entregar um filme em que pouca coisa funciona. Talvez nas mãos de um cineasta mais tarimbado, fosse uma produção mais concisa com um potencial bem melhor explorado.

  • Crítica | Rodman: For Better or Worse

    Crítica | Rodman: For Better or Worse

    Antes do documentário Rodman For Better or Worse começar, o diretor Todd Kapostasy conversa diretamente com o espectador, como é bem comum nos longas da série 30 for 30 da ESPN, onde ele fala sobre a imagem do ex Ala-pivô Dennis Rodman e como ele é uma figura além das paródias a que ele é atribuído, mostrando o quão complexo ele é. A proposta é ousada e rivaliza com a personalidade do astro do Detroit Pistons e Chicago Bulls, que brinca com sua origem e com o formato edificante desse tipo de filme.

    O início do filme mostra atores, um mirim, um adolescente e um adulto, andando de costas, pelos cenários onde o jogador fez sucesso e por onde passaram seus dias mais sombrios também, e a narração do ator Jamie Foxx ajuda a dar um tom ainda mais dramática para essa jornada louca e viajante que seria apresentada.

    Em determinado ponto, o filme volta a fórmula típica desse tipo de filme documentário, resgata a infância onde o jovem Dennis, ainda sem altura, que pulou de 1,75 para mais de dois metros, se vestia de mulher e sentia prazer nisso, a diferença deste  para Fab 5 ou Free Spirits, é que o ritmo é mais frenético, e a narração de Foxx o faz parecer mais fluído e até faz simpatizar pela figura de Rodman, então o simples decorrer de uma conversa sobre a época de faculdade do rapaz em Southeastern Oklahoma parece mais interessante, e o coloca ao lado de O Efeito Carter.

    A parte em se estuda a transição de Oklahoma para Detroit soa até poética, e as comparações de seus primeiros anos como jogador ( onde se jogava de maneira irresponsável na bola e nos adversários) com 2001 de Stanley Kubrick é tão louca em ideia que chega a funcionar, afinal o modo como se entregava em quadra era tão misterioso quanto vários dos plots pensados por Kubrick e Arthur C. Clarke, e se precisava de tanto contexto para entender seus intentos quanto se necessitava para entender como funcionava sua mente ainda jovem, entre outros fatores, por ele agir como uma criança, já que não teve infância.

    Esse filme conversa bem demais com o Os Bad Boys de Zak Levitt, também da iniciativa 30 for 30, que destaca todo o desempenho do primeiro apogeu de Rodman, nos Pistons, e as muitas vitorias deles sobre o Bulls de Michael Jordan. Há um tom muito confessional nesta obra, Rodman e os entrevistados falam muito sobre sua condição emocional conturbada, sobre os problemas com sua filha, sobre as frustrações no Pistons e até sobre o quase suicídio. A brincadeira com as cores de cabelo diferente, primeiro em sua estréia no San Antonio Spurs, após ver o visual de Wesley Snipes em O Demolidor,  e depois em diversas colorações eram só uma das demonstrações de vida desregrada e divertida que levada, até os ídolos da franquia como David Robinson falam bem dele, pois após esses desafogos emocionais ele voltava a jogar em altíssimo nível.

    Todo o episódio sobre Madonna é incrível, tanto na repercussão da época, como o mostrado no filme. Os motivos que fariam dele alguém interessante para a rainha do pop era o fato dele ser incomum, iconoclasta e rebelde. Ela invadiu a concentração do time antes da final de 93/94. A maioria dos amigos encara que ele só se tornou um personagem da cultura pop graças a cantora.

    De certa forma, isso não é mentira, pois foi depois dessa relação que ele falou sobre suas visitas a bares gays, sobre se sentir a vontade em vestir roupas femininas. Toda essa falação acontecia no meio da disseminação primária da Aids. A forma como a vida pessoal e dentro de quadra se equivaliam em questões de fama, a vida de Rodman era sempre muito animada e repleta de emoções fortes, seja nos rompantes de violência e anti jogo, ou quando colocava o jogo no bolso ou quando falava a imprensa, ele parecia sempre buscar atenção, mesmo que fosse de um jeito destrutivo.

    A edição que Kapostasy  emprega aqui faz questão de colocar todos seus amigos – incluindo o ex pivô Robinson – falando em sequencia, “não sou psicólogo, mas…”. As pessoas o julgavam muito, e nem era por maldade, talvez fosse um mecanismo de defesa. Seu futuro era incerto, e curiosamente a chegada dele a Chicago, sobre a batuta de Phil Jackson seria uma outra boa chance a sua carreira, mesmo que Scottie Pippen, o segundo astro do time, fosse contra por conta da rivalidade com ele dos tempos de Detroit, para além até de sua reputação. É curioso notar que foi Michael Jordan que falou a esse respeito, que detalhou até as reclamações de Pippen, e deve ser ainda mais surpreendente para o espectador que não sabe o quão certo deu a combinação dos Bulls com Dennis.

    A Rodmania foi um fenômenos estranhíssimo e muito engraçado, ele era um astro multimídia, até maior que o maior jogador da historia, um superstar que em quadra, passava a bola para o maior de todos os tempos, mas que concentrava ainda mais holofotes que seu referencial técnico.

    O mesmo sujeito que era capaz de malhar pós jogos em Chicago e logo depois tomar uma dúzia de cervejas, praticava excessos, ao ponto de ter livre transito na Coreia do Norte e acesso direto a Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Os excessos e emoções de Rodman são muito bem retratados por Kapostasy, seu espírito livre é muito louvado pelos amigos, pelos parentes e por quem o admira e o admirava. Toda a mística em torno do ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, referente a roles aleatórios serve para exemplificar como foi e é a vida de Rodman dentro e fora das quadras, da maneira ainda mais exemplar, e Rodman For Better or Worse traduz em tela muito bem, em seus pouco mais de 100 minutos.

  • Crítica | Em Ritmo de Fuga

    Crítica | Em Ritmo de Fuga

    Trauma é comumente definido como um dano, físico ou emocional, que ocorre como resultado de algum acontecimento forte na vida do indivíduo. No caso do trauma emocional, a represália pode incluir sequelas sentimentais e até corporais. O novo filme de Edgar Wright usa em sua premissa um protagonista que sofre desse mal, graças a um evento do passado que vitimou seus pais. Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) conta a história de Baby (Ansol Elgort), um garoto solitário, calado, que dirige para criminosos em troca do perdão de uma dívida que tem com Doc, personagem interpretado por Kevin Spacey.

    O rapaz cuja jornada o espectador acompanha possui uma estranha obsessão por música, igualando-o de certa forma ao mesmo ideal visto no personagem de Chris Pratt, em Guardiões das Galáxias também na ligação afetiva e nostálgica com a figura materna. Apesar disso, seu modus operandi lembra demais as referências que Nicolas Winding Refn utilizou em Drive, inclusive no reverenciar aos grandes filmes antigos, tanto de assalto quanto de corrida. A diferença básica entre esse e o filme do dinamarquês é a disposição de cores e a atmosfera alto astral que Wright emprega em seu filme, resultando em um produto repleto de suspense e perseguições, sem descuidar, é claro, de uma diversão desenfreada.

    Além de conduzir cenas de fuga absurdamente bem feitas e eletrizantes – fator esse muito exitoso graças especialmente a edição de som  e  a fotografia de Bill Pope – há também um cuidado em apresentar personagens que, mesmo com pouco tempo de tela, se exacerbam em carisma. Griff (Jon Bernthal), Buddy (Jon Hamm), Darling (Eiza González) e Batts (Jamie Foxx) roubam a cena sempre que interagem com Baby, seja no planejamento das contravenções, como também na ação. Mesmo Elgort supera o estigma de menino vitimado, de A Culpa É Das Estrelas, para apresentar uma nova faceta, de um garoto que mesmo do alto de seu silêncio e jeito abobalhado, consegue atingir seus objetivos, ainda que tenha que perverter seu próprio código ético em alguns momentos.

    Um dos pontos mais positivos no longa é a utilização livre dos clichês. Apesar de conter ali inúmeros arquétipos batidos, como o do negro sábio e indefeso em Joseph (CJ Jones), e da garota bela em perigo vista em Debora (Lily James), há um arco de quedas e recomeços por meio de eventos de ações extremamente inesperadas e entrópicas. A montanha de absurdos que se avolumam em torno de Baby tornam suas escolhas em eventos mais graves ainda, e fazem refletir não só sobre os rumos que o rapaz é obrigado a tomar, como também sobre a inexorabilidade do destino trágico que o cerca, sendo este, mal comparando, uma versão mais jovem de outros tantos protagonistas trágicos, como o Michael Corleone, de O Poderoso Chefão Parte 3, ao menos na questão das intenções de não estar mais presente naquele ambiente hostil.

    O maior indício físico do trauma que ocorre com Baby se manifesta no zumbido em seu ouvido, que é abafada pelas músicas que seus iPods executam. A perspectiva sonora que Wright propõe além de inserir o público no mundo novo ali estabelecido, também gera uma simpatia praticamente automática entre interlocutor e receptor. As idas e vindas desse som podem ser encarados apenas como a perspectiva do personagem sendo utilizada ou não, mas abre-se também a possibilidade de interpretação de que aquela situação incômoda somente ataque o personagem-título quando ele está executando as atividades das quais ele não deseja mais participar, reforçando a ideia de que um menino tão doce não pertence aquele ambiente repleto de adrenalina e maldade, ainda que consiga se sair bem quando é cobrado de si uma atitude mais enérgica. Essa dualidade deixa Em Ritmo de Fuga em um patamar nunca antes visto na carreira e filmografia de Wright, elevando-o a um lugar que antes não se pensava de seu cinema, agradando o nicho que sempre foi o seu, mas indo além desse público.

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  • Crítica | Quero Matar Meu Chefe 2

    Crítica | Quero Matar Meu Chefe 2

    Quero Matar Meu Chefe 2 - Poster BR

    Após os acontecimentos de Quero Matar Meu Chefe, o trio protagonista torna-se famoso ao participar de um programa de entretenimento matinal para falar sobre a sensação de ser seu próprio chefe, invertendo o paradigma do episódio original. A direção de Sean Anders diferencia-se demais da do anterior, Seth Gordon, por ter uma linguagem bem mais popular, a começar pelo fracasso de inserir uma tentativa de empreendedorismo de Nick, Dale e Kurt (Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis respectivamente), transformando os três no centro da patetice da fita.

    O novo algoz do grupo é o magnata Bert Hanson (Christoph Waltz), um alto investidor que tem a chave para o sucesso dos protagonistas, podendo alavancar o produto que eles inventaram para, enfim, tirá-los do fardo de ter de trabalhar com patrões. A recusa inicial de seu filho, o jovial Rex Hanson (Chris Pine) é devido ao investimento considerado de alto risco. Logo, a persona de Bert se mostra tão controversa quanto a de seus antigos patrões, emulando a personalidade imbecil e incluindo um golpe financeiro.

    Após uma reunião sem qualquer apelo à realidade, os personagens decidem se vingar de Hanson, pensando em assassinato – artifício impossível para eles, inaptos – ou um sequestro do filho do milionário. Para prosseguir no plano, eles decidem pedir conselho ao único assassino que conhecem, Dave Harken (Kevin Spacey), o qual está preso e faz questão de humilhá-los, tratando-os como os idiotas, o que realmente são, ao agirem de modo tão infantil na parte 2. O comportamento do grupo era o mesmo de pessoas normais, que agem imbecilmente perante as situações nas quais não estão acostumados, como americanos medianos com o objetivo de assassinar pessoas próximas. O que antes era reação normal torna-se um comportamento padrão, o que é claramente desagradável e demasiado óbvio.

    A edição do filme, com narração e destaques dos defeitos dos personagens, é abandonada, fato utilizado principalmente para diferenciar o trabalho de Anders ao de Gordon. Com isso, um dos pontos mais charmosos do primeiro filme se perde, com o formato voltado para uma comédia de erros pura e simples, uma fórmula que lembra muito a de Se Beber, Não Case! Parte II, obra que explora personagens conhecidos do público em situações ainda mais controversas do que as vistas anteriormente.

    Apesar da tentativa de explorar outra vertente, não há nada de inovador na produção, pelo contrário. Quase todas as situações são repetidas, desde o já comum comportamento de Jason Bateman, que faz de Nick ainda mais parecido com o inseguro protagonista de Arrested Development, Michael Bluth, até os absurdos mostrados em tela. Mesmos as reviravoltas, que visam perverter os arquétipos de vilões e mocinhos, soam bastante forçadas. Sequer a pseudo-mudança de gênero para um filme de assalto, debochando de filmes recentes, como Truque de Mestre, salva o roteiro da mediocridade em que estacionou.

    O último dos plot twists até chega a surpreender, uma vez que os elementos antes mostrados não faziam desta reviravolta algo plenamente previsível. Alguns dos dramas vividos no final de Quero Matar Meu Chefe são reativados, com direito à repetição de papéis de Jamie Foxx como Motherfucker Jones, e Jennifer Aniston como a ninfomaníaca Julia Harris. Apesar deste ser o momento mais engraçado e nonsense do filme, não chega ao ápice de justificar os excessos dos quase 110 minutos de exibição, que, retirada a quantidade exorbitante de excedentes, mal completaria uma hora de exibição.

    Quero Matar Meu Chefe 2 é bastante inferior ao seu antecessor, como já de esperar, mas falha demais ao tentar fugir de um estereótipo para se prender em um ainda mais vexatório e repetitivo, em que até a química dos três interpretes é decrescida apenas para fortalecer o estabelecimento de uma franquia, isentando o produto final de qualquer substância e conteúdo relevante.

  • Crítica | Rio 2

    Crítica | Rio 2

    Rio-2

    Um deslumbre visual em 3D! Isso é o que se pode resumir da nova empreitada do diretor Carlos Saldanha e sua produtora Blue Sky, a continuação das aventuras de Blu, a ararinha azul criada em Minnesota. Com muita música e visual fantástico, Rio 2 prende a atenção do espectador por ser divertido e nada mais. O roteiro, assinado por Saldanha e Don Rhymer, não é uma obra-prima e peca pelo excesso de clichês, mas isso não é um impedimento para a plateia mais jovem da sala  decididamente, o público-alvo que vai comprar os bonequinhos e outras peças de merchandising.

    O filme começa no ano-novo do Rio de Janeiro com uma linda sequência musical, mostrando pessoas vestidas de branco na praia, fazendo oferendas a Iemanjá, tendo o Cristo Redentor ao fundo, além de muitos fogos de artifício. A música, parte em inglês, parte em português, é bastante chamativa, e as coreografias dos pássaros são belíssimas. Essa cena de abertura dá o tom do resto do filme. Para quem não gosta do gênero musical, isso incomoda bastante. Cada momento de drama, ação ou desenvolvimento de roteiro são intercalados por sequências musicais.

    Blu vive em um santuário para pássaros criado por Túlio e Linda no final do primeiro filme e localizado na Floresta da Tijuca. Leva uma vida confortável com sua esposa Jade e seus filhos Tiago, Bia e Carla, adaptando o american way of life ao “jeitinho brasileiro”. Blu não quer nada além da boa vida nos trópicos e das comodidades que a tecnologia moderna pode oferecer. Mas tudo muda quando Jade descobre através do noticiário que existem evidências de que uma família de ararinhas azuis vive na Amazônia. Como acreditavam ser os últimos representantes de sua espécie, essa informação vem como um golpe na vida das aves. Jade fica extremamente animada para conhecer outros membros de sua espécie, esperando talvez encontrar algum familiar perdido. Blu, por sua vez, não quer deixar a comodidade de seu lar para se arriscar numa viagem tão longa e perigosa.

    E então esse conflito se resolve de forma tão rápida que acabamos esquecendo dele. Blu concorda em viajar, mas tem que convencer seus filhos e… Opa, já conseguiu também! A viagem até a Amazônia se resolve com mais um número musical e, de repente, opa de novo! Nossos heróis encontram a família de Jade! Tudo muito rápido, muitas coincidências e, claro, com muita música! Falando em coincidência, adivinha quem avista o grupo de pássaros assim que eles chegam a Manaus? Nigel, vilão do filme anterior, que quer se vingar de Blu por não poder mais voar.

    A partir desse ponto, temos mais e mais clichês saltando da tela: madeireiros explorando a floresta ilegalmente, ecologistas que querem salvar a floresta, a capanga que se apaixona pelo vilão, e Blu entrando numa fria maior ainda com a família (trocadilho intencional). O pai da garota que é um ótimo avô mas não vai com a cara do genro. O amigo de infância bem-sucedido que desperta ciúme no marido. A gangue rival. O concurso de talentos. O conflito resolvido com um tipo de esporte. Rivais percebendo que têm algo em comum. A batalha campal para derrotar os vilões. Piadinhas infames. Está tudo lá, numa salada de clichês envolvida em muito samba e maracatu. Tem até um desfecho shakespeariano para o casal de vilões!

    Ao fim, parece que nos são apresentados personagens demais, tramas demais e resoluções fáceis demais para os conflitos. Mas o deslumbre visual  e por que não dizer, também, musical?  consegue prender nossa atenção sem tornar o filme enfadonho. Pode ser uma propaganda do Brasil para o ano da Copa, uma máquina caça-níquel de produtos relacionados ou uma opção para pais que querem algo leve para seus filhos pequenos assistirem. Mas Rio 2 parece conseguir se firmar como uma franquia de sucesso, e não nos surpreenderia se mais uma sequência for lançada nos próximos anos.

  • Crítica | O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

    Crítica | O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

    O-Espetacular-Homem-Aranha-2

    Imagine uma casa muito bem projetada. Quartos, sala, cozinha, banheiros, todos no lugar certo e com tamanho ideal. Mas na hora da decoração, algo sai errado. Alguns cômodos ficam bonitos e funcionais, outros parecem bregas e de mau gosto. Ou simplesmente horríveis mesmo. Agora substitua “casa” por “filme” e aplique o mesmo raciocínio. O resultado será a definição precisa desta segunda aventura do Homem-Aranha da nova geração. Aguardado com desconfiança devido à controvérsia que marcou seu antecessor, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro consegue a proeza de acertar nos aspectos mais difíceis e falhar infantilmente nos mais fáceis.

    A narrativa é situada logo após os eventos de O Espetacular Homem-Aranha. A personagem está estabelecida como um herói já mais experiente e adorado pela maioria dos nova-iorquinos. Peter Parker já está ganhando uns trocados vendendo fotos para o Clarim Diário (que aparece só através de menções, assim como J. Jonah Jameson) e segue namorando Gwen, ainda que assombrado pelas últimas palavras do capitão Stacy. Outra herança do primeiro capítulo é o misterioso passado do pai do herói, ligado a Oscorp, empresa que se revela cada vez mais como o centro dessa nova franquia. Dão as caras Norman e Harry Osborn, com uma dinâmica bem diferente da esperada  e muito interessante. E, da mesma forma que o Lagarto na aventura anterior, o(s) inimigo(s) da vez também surge(m) da Oscorp.

    O filme consegue combinar várias linhas narrativas e amarrá-las de forma satisfatória. O ritmo é acelerado, mas funcional, praticamente não há sensação de elementos corridos ou mal explorados. Tecnicamente ele também é acima da média, não só os efeitos visuais como também os sonoros chamam a atenção positivamente. As cenas de ação são bem empolgantes, ainda que seja incômodo o exagero em enfatizarem o espetáculo e a louvação ao herói. Duro de engolir as grades de isolamento e plateia quase sempre presente, como se as ações do Homem-Aranha fossem algo planejado, uma parada ou desfile.

    Andrew Garfield é um bom Homem-Aranha e um fraco Peter Parker. Explicando: o herói está mais espirituoso e brincalhão, o verdadeiro Amigão da Vizinhança dos quadrinhos. Mas sem a máscara, ele parece ser indeciso entre ser o hipster descoladão do primeiro filme e o Peter de verdade. Não um nerd CDF babão, mas um cara um tanto atrapalhado, que os outros não levam muito a sério. Isso é importante, pois faz parte da identidade secreta. Garfield parece ter sido informado disso e melhorou em relação ao capítulo anterior. Mas se mostra um ator limitado e limita-se a gaguejar ocasionalmente. Sorte dele que em vários momentos a ótima Emma Stone está em cena para salvá-lo. Há um inegável carisma entre os dois, e o romance vai-e-volta é bastante convincente, típico de jovens/pós-adolescentes, como são os personagens.

    A apreensão maior era, sem dúvida, referente à presença de três vilões na mesma história. A lembrança de Homem-Aranha 3 criou o dogma de que isso não funciona. Mas como Capitão América 2 acabou de mostrar, isso é bobagem. Aqui, Electro, Duende Verde e Rino dão as caras em diferentes momentos, e cada um tem sua função bem definida na trama, sem atropelos. Por outro lado, se na organização do tempo de cada um não há problemas, o desenvolvimento individual tem suas falhas. E a maior delas, ironicamente, está no inimigo que dá o subtítulo ao filme.

    Max Dillon, o Electro, tem a motivação mais fraca, simplória e imbecil já vista em filmes de super-herói. Ele é movido por inveja, birra e desejo de ser notado e fazer amigos. Mas tudo tratado de um jeito lamentável, vergonha alheia. Não há timidez, solidão ou inadequação social que justifiquem a mentalidade de uma criança de 5 anos que ele apresenta. Jamie Foxx está propositalmente caricato, não há mérito nem culpa dele. Por conta disso, é difícil apontá-lo como “vilão principal”, apesar de seu altíssimo nível de poder (lembrando muito a versão Ultimate, na qual ele peita até o Thor). Electro é, ao longo do filme, vítima, ferramenta e ameça, mas lhe falta personalidade pra ser um verdadeiro antagonista. Esse papel acaba pertencendo a Harry Osborn.

    A amizade de Peter e Harry é introduzida de forma retroativa, o que não prejudica em nada. Dane DeHaan mais uma vez provou ser um grande ator, vivendo seu papel com tanta intensidade que chega a ofuscar o protagonista. Harry tem suas motivações bem desenvolvidas, e sua “queda para o lado negro” é orgânica e convincente. Até os 40 minutos do segundo tempo, pelo menos. O roteiro se apressa e força a barra na hora em que Harry assume sua segunda identidade. Não há grandes justificativas para ele usar aquele traje e equipamentos, a impressão foi que alguém se lembrou que isso era OBRIGATÓRIO e não se incomodou em embasar.

    Aliás, faltou também uma explicação sobre por que a Oscorp possui diferentes projetos de armamentos. Nos quadrinhos do Universo Ultimate a empresa está inserida numa corrida armamentista, mas no filme isso não é mencionado explicitamente. Nessa linha, o Rino, em sua curtíssima participação, serve apenas como prelúdio para os futuros planos do estúdio. E para mostrar que o universo do Homem-Aranha é isso, novas ameaças surgem a todo instante, reforçando a importância e a necessidade do herói. O senso de responsabilidade de Peter Parker é testado e redimido neste filme, após ter sido incrivelmente mal apresentado no primeiro. Pena que, para isso, uma tragédia fosse necessária.

    Pra quem conhece um mínimo dos quadrinhos, era um evento esperado. Mas para o público infantil, aquele que Garfield declarou ser o foco da produção, deve ter sido um baque e tanto, uma violenta quebra no tom leve e bem humorado da produção. Essa vontade de atingir todas as faixas etárias naturalmente é algo nocivo ao filme, mas há que se louvar a coragem dos realizadores. Um dos momentos mais marcantes e pesados da vida do herói, fundamental na sua formação de caráter, ganhou uma ótima representação. Resta saber se, nos próximos filmes, existirá coerência em adotar um clima menos infantil. O Espetacular Homem-Aranha 2 ainda não foi o grande filme que o herói merece, mas mostrou potencial e disposição em explorar seu universo. Não custa ter boa vontade e torcer pra evolução continuar.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Django Livre

    Crítica | Django Livre

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    Não é todo dia que vemos um filme de Quentin Tarantino no cinema. Nas duas últimas décadas, o estadunidense de 50 anos lançou apenas 8 filmes, e mandou bem em todos!

    O número de títulos assinados por Quentin é tão impressionante quanto seu aproveitamento: O filme mais fraco (minha opinião: Jackie Brown) não pode ser chamado de ruim, o casting de seus filmes sempre é incrivelmente estrelado e Hollywood sempre vê seus futuros projetos com bons olhos. Foi assim desde Cães de Aluguel, seu primeiro filme e que teve atores muito famosos se acotovelando para ocupar os poucos papéis disponíveis. Diretor novato, Tarantino conseguiu o que ninguém acreditava ser possível para um estreante: Ter o projeto aceito por um dos maiores nomes da época em Hollywood, o renomado Harvey Keitel. Além de Keitel, o primeiro filme de Quentin Tarantino, contava também com Steve Buscemi, Michael Madsen, Tim Roth e ele próprio, dentre outros.

    Assim como seus filmes, Tarantino possui várias marcas registradas que transbordam nas películas e fazem dele um diretor autoral com o nome gravado à ferro na história do cinema. Exímio diretor de câmera, abusa dos chamados long shots com cenas de até 10 minutos sem cortes. Seus roteiros, geralmente originais, trazem personagens de personalidade forte e a grande maioria das tramas tem uma dualidade muito evidente: Os personagens nunca são completamente vilões ou mocinhos. O grande trunfo dos filmes “tarantinescos” sempre foram os personagens e seus diálogos, muitas vezes surreais, sobre assuntos cotidianos.

    Os filmes dirigidos e roteirizados por Quentin tem, também, uma veia sanguinolenta e extremamente violenta que sempre se apresenta por grandes tiroteios, linguagem obscena e violência explicitada com litros e mais litros de sangue que transformam os cenários em retratos de chacinas fantasiosas, totalmente inverossímeis e exageradas. Todo filme dele é aguardado do anúncio à estreia com expectativas muito elevadas por parte da comunidade cinéfila, e Django Livre não foi exceção.

    O filme conta a história de Django (D-J-A-N-G-O, o “D” é mudo…), um escravo que é resgatado por um caçador de recompensas enquanto era transportado de sua fazenda de origem para um outro local. O caçador de recompensas, um alemão abolicionista conhecido como Doutor King Schultz, propõe a Django que o ajude a capturar (e matar) os três donos da fazenda em que ele trabalhava e em troca oferece sua liberdade e algum dinheiro para recomeçar sua vida. A principio relutante em aceitar a proposta, o escravo parte com o caçador em uma viagem em busca dos alvos.

    Depois de achar e matar os três irmãos e mais crédulo do discurso anti-escravagista do nobre Doutor Schultz, Django recebe a ajuda do caçador para reaver sua esposa, vendida para um fazendeiro de identidade até então desconhecida. Enquanto viajam lado-a-lado caçando procurados por todo o sul dos Estados Unidos, os dois se tornam amigos em busca do objetivo maior de Django: reunir-se novamente com sua esposa Broomhilda.

    O filme, vendido para mim como um thriller de ação e vingança se mostrou outra coisa durante a primeira uma hora. Esperei ver litros de sangue, tiroteios frenéticos e muitos personagens se interligando ao maior estilo Quentin Tarantino mesmo, mas essa primeira parte do filme não tem nada disso. Decepcionado? Nem um pouco!

    Esta primeira (e maior) parte do filme foca inteiramente na interação de Django (Jamie Foxx) e Schultz (Christoph Waltz). Tem diálogos impressionantemente bem feitos, ótimos momentos de humor e ação na medida certa para desenvolver os dois personagens. Durante esta primeira metade, Django e Schultz caçam dezenas de procurados enquanto o escravo aprende a técnica necessária para colocar seu plano em movimento. Quando finalmente descobrem o paradeiro de Broomhilda (Kerry Washington), as rédeas do filme passam para as mãos do protagonista-título da trama. Até este ponto de virada, Waltz leva o filme com a mesma maestria e atuação  que deu vida a Hans Landa (vivido por Waltz em Bastardos Inglórios, também de Tarantino). Impressionou-me bastante a forma como ele trabalha magistralmente bem junto de Quentin Tarantino, e o filme é levado por ele com uma atuação de gala que lhe rendeu, merecidamente, a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Seu personagem alterna extremamente bem momentos de serenidade e bondade com sequências de implacável violência e inteligência na caça aos bandidos procurados.

    E por falar em atuações de gala, Samuel L. Jackson está tão solto e frenético em “Django Livre” quanto estava em Pulp Fiction (pra mim, o melhor filme de sua carreira). Aqui, ele vive o afetado Stephen, um escravo que trabalha há muito tempo para o personagem de Leonardo Dicaprio administrando sua fazenda e cuidando da casa. O inglês pronunciado com um incômodo sotaque texano e sua falta de educação nos diálogos rendem boas risadas nos últimos 40 minutos de filme. Sua atuação tira parte do brilho do personagem de Leonardo Dicaprio, que vive Calvin Candie, um dono de terras que negocia escravos negros para as lutas de “mandingos” e é o atual dono da esposa de Django. Interpreta bem, nos poucos momentos em que o roteiro o deixa em evidência, mas não faz nada extraordinário.

    Jaimie Foxx me surpreendeu bastante com sua atuação. Na verdade, era o único que eu não sabia o que esperar mas manda bem demais durante todo o filme. Django é um personagem complexo e ele pareceu entender bem qual era seu propósito no roteiro, sendo modesto quando necessário, violento e forte quando o roteiro assim o pede e, como já falei, tomando as rédeas do filme depois que o personagem de Waltz vai embora.

    E é só depois que o nobre Dr. Schultz se ausenta que o filme toma ares mais tarantinescos de verdade. Passa, apartir dalí, a se tornar um filme sobre vingança, com ritmo acelerado e, como não poderia faltar, baldes e mais baldes de sangue derramado na tela. A velocidade da câmera, as viradas no plot e a aparição modesta de Quentin na tela mudam completamente a pegada do filme e compõe, agora sim, o thriller frenético de ação e vingança que haviam me vendido. Não sei precisar qual das duas partes eu gosto mais, mas este é certamente um adendo favorável ao meu resumo da obra: Comprei um ingresso de cinema e acabei vendo dois excelentes filmes!

    A trilha sonora é simplesmente uma das mais fantásticas que eu já ouvi e ajuda demais a ditar o andamento das cenas. Misturando estilos, Tarantino traz para o filme uma série de artistas diferentes que vão desde as trilhas compostas por Ennio Morricone até uma música montada num remix incrivelmente bem feito que une as vozes de, acreditem, James Brown e Tupac Shakur!

    Que outro autor/diretor você conhece com moral suficiente para emplacar um Western ao som de Hip Hop?! E o melhor da trilha é que ela está disponível, gratuitamente, para ser ouvida neste link. Nele você encontra todas as trilhas empregadas e algumas citações tiradas do próprio filme. Abaixo, a música póstuma produzida pelo Rei do Soul e o Mestre do Rap:

    Com orçamento estimado em 100 milhões de dólares e faturamento de quase 350 milhões, “Django Livre” tornou-se o maior e mais bem sucedido filme da ainda curta (mas muito bem sucedida) filmografia de Quentin Tarantino. O filme chegou ao Brasil em 18 de janeiro, mas ainda está em exibição em algumas poucas salas do país. Tarantino, que já anunciou que não pretende ir muito além de 10 filmes em sua carreira, conseguiu um resultado excelente e acima do meu esperado ainda que tivesse grande expectativa para o filme. Como já é de praxe, fez dezenas de referências durante os 160 minutos de filme. Referências facilmente captadas, como o nome do personagem e trilha de abertura (retirada do filme “Django”, de Sergio Corbucci), diversas metáforas ao homem branco e à relação do negro com a liberdade e até uma crítica bem humorada à Ku Kux Klan. Um filme bastante fácil de compreender, divertidíssimo e nada cansativo, que merece ser visto por todos os fãs de cinema, menos o Spike Lee.