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  • Crítica | Stonewall: Onde o Orgulho Começou

    Crítica | Stonewall: Onde o Orgulho Começou

    A invasão policial ao bar Stonewall suscitou um importante levante que culminaria no importante “28 de Junho de 1969”, um marco histórico do movimento LGBT, data que hoje marca o Dia Mundial do Orgulho Gay. É através desse momento tão simbólico que o diretor Roland Emmerich nos guiará, recriando um momento tão significativo de uma luta tão aguerrida ao longo dos Séculos.

    Na trama acompanhamos o desenrolar dos fatos pelos olhos de “Danny” (Jeremy Irvine), um jovem incompreendido, que se vê expulso de casa pelo pai por conta de sua orientação sexual. Danny encontrará em Nova York jovens de históricos parecidos, cada qual marcado por alguma espécie de intolerância. Embora as intenções do diretor sejam as melhores possíveis e o filme possuir um plot interessante e importante, o roteiro é mal desenvolvido e acaba se perdendo ao longo de sua jornada.

    Emmerich não acerta na cadência, não conecta certos pontos e acaba se equivocando em diversas soluções narrativas. Tomadas às devidas proporções, quando uma obra tem como fonte um fato real e não se trata de um documentário, é compreensível e aceitável à existência de alguns elementos fictícios por trás do relato proposto, no entanto, essa é uma escolha narrativa perigosa já que geralmente busca por uma constante romantização dos fatos, pode por consequência distorcer elementos históricos reais. Em certa instância, Emmerich acaba focando-se demais em Danny e com isso deixando como pano de fundo o que deveria ser o verdadeiro cerne da questão, ou seja, o levante iniciado em 28 de Julho em Greenwich Village.

    Se o roteiro assinado por Jon Robin Baitz apresenta-se em diversos instantes com problemas estruturais e escolhas equivocadas, o mesmo não pode ser dito a respeito da fotografia de Markus Förderer que consegue ser bem competente, equilibrando-se em tons suaves (principalmente em alguns flashbacks) e sendo soturno quando necessário. Atores renomados como Ron Perlman e Jonathan Rhys Meyers estão bem em seus papéis, acontece que seus personagens carecem de profundidade e de serem melhores explorados, algo ocasionado como já mencionado acima, pelo nítido fato do excesso dado há Danny, uma escolha narrativa que acaba por sufocar determinado núcleo da obra.

    Emmerich tem um histórico de militância e engajamento em diversos setores sociais, entre eles nos movimentos LGBT, sendo difícil saber se o resultado final de Stonewall se deu em decorrência do afastamento necessário do diretor ou outros problemas. No entanto, ainda que o longa-metragem deslize em diversos momentos, certamente é um projeto em que o diretor colocou muito de si, e ao final ainda consegue transmitir uma tocante e significativa mensagem aos seus espectadores.

    Texto de autoria de Tiago Lopes.

    https://www.youtube.com/watch?v=F_UBiJdUBiA

  • Crítica | Missão: Impossível 3

    Crítica | Missão: Impossível 3

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    Podemos dizer que, das franquias de filmes de espionagem em evidência, Missão: Impossível consegue ser mais distinta que suas rivais, quais sejam, a franquia de James Bond ou a de Jason Bourne. Enquanto os filmes do agente 007 e de Bourne seguem à risca um determinado padrão, o agente Ethan Hunt sempre se vê no meio de uma crise inesperada, não se preocupando tanto com as locações ou com as propagandas de produtos. Podemos dizer que é uma franquia que se arrisca mais e que, por tal motivo, o risco de fracasso é maior. Felizmente, o saldo da terceira obra tem sido positivo.

    Missão: Impossível 3 é bem diferente de seus antecessores por diversos motivos. Se o primeiro, de Brian de Palma, chega a ser um thriller psicológico inteligente com boas cenas de ação rodadas na Europa, o segundo de John Woo peca pelo excesso de cenas “impossíveis” que beiram o ridículo, dando muito mais atenção à ação do que à trama. A terceira aventura do agente Ethan Hunt (novamente vivido por Tom Cruise) é muito mais modesta que as anteriores. Porém, busca emular o primeiro filme e o resultado não é excelente, mas muito promissor, o que garantiu, pelo menos, mais dois filmes para a franquia: Missão Impossível: O Protocolo Fantasma e Missão Impossível: Nação Secreta.

    Por conta do “fracasso” do segundo filme (uma vez que parte do sucesso obtido foi por causa de uma MTV em evidência, do retorno triunfante do Metallica e da música Take A Look Around, do Limp Bizkit na trilha sonora), a franquia ficou estacionada por seis anos, tendo o seu retorno de forma tímida, e o melhor, humilde. Foi assim que o promissor diretor J. J. Abrams, que até então era conhecido apenas na televisão, entrou para o projeto e junto com seus parceiros Alex Kurtzman e Roberto Orci escreveu o roteiro do longa.

    Em que pese parte da história envolver a vida pessoal de Hunt, Abrams entregou um filme redondo, fazendo com que o agente, que estava aposentado, voltasse à ativa para resgatar uma de suas pupilas sequestrada por Owen Davian (Philip Seymour Hoffman), obrigando o agente a montar uma nova equipe. Assim, vemos o terceiro retorno do agente Luther (novamente vivido por Ving Rhames) e caras novas como, Declan (Jonathan Rhys Meyers), Zhen (Maggie Q) e o simpático Benji (Simon Pegg), carismático o bastante para conseguir sua presença nos dois filmes seguintes.

    O que incomoda, mas não atrapalha a experiência, é que a fita não é nem um pouco original. Como dito, o filme é humilde e se espelha (até demais) em outros conhecidos e bons filmes de espionagem. Podemos dizer que sua maior influência foi, sem dúvida, o ótimo Ronin, principalmente pelas reviravoltas na trama e o “famoso” Pé de Coelho, um artefato que é mencionado o tempo todo, mas em nenhum momento sabemos do que se trata, e nem o que é.

    Tom Cruise como sempre é um show à parte, e Philip Seymour Hoffman está ótimo no papel de antagonista. Seu Owen Davian é daqueles vilões extremamente inteligentes e frios, mas que chegam a perder o senso em momentos de ódio. E o time de coadjuvantes conquistou destaque. Rhames, Rhys Meyers, Q e Pegg trabalharam muito bem juntos. Um elenco com bastante química, sem dúvida.

    Missão: Impossível 3, pode não ser um filme perfeito, mas foi totalmente responsável por tirar a franquia da lama.

    Ah, e o que falar daquela sensacional cena de perseguição de helicópteros em meio aos (hoje tradicionais) flares de J.J. Abrams?

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.