Em comemoração aos 216 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, o Centro de Operação de Paz de Caráter Naval (COpPazNav) oferece, pela primeira vez, o Curso de Cobertura Jornalística em Área de Combate. O treinamento, que começou nesta segunda-feira (11), conta com a participação de cerca de 40 profissionais de imprensa de diversos estados do Brasil. O evento, com carga horária de 45 horas, ocorre nas dependências do Complexo Naval da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
No primeiro dia, os jornalistas receberam orientações administrativas e conheceram melhor o COpPazNav, unidade certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil para ministrar cursos voltados a missões de paz. Destaque para a aula inaugural proferida pelo Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga.
“Esse curso é de grande importância, tanto para os jornalistas quanto para as Forças Armadas, por ajudar na compreensão mútua entre os militares e a imprensa. Ambos são profissionais que estão buscando fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Por isso, quanto mais um entender o papel do outro, melhor será o resultado”, afirmou o Almirante Carlos Chagas.
Na sequência, os jornalistas assistiram a uma apresentação do Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), Contra-Almirante Alexandre Taumaturgo Pavoni. Entre diversos temas, ele abordou a importância da Amazônia Azul ― patrimônio brasileiro no mar ― para esta e para as futuras gerações, os milhares de empregos gerados, imensuráveis riquezas, prosperidade e desenvolvimento para o País.
“Os jornalistas desempenham um papel fundamental, como elo entre o que a Marinha faz e a sociedade. O Brasil é inviável sem o mar, onde, infelizmente, há ameaças. Precisamos defendê-lo! Quando a imprensa divulga isso, ela contribui para um País melhor, mais seguro e mais justo para todos os brasileiros!”, aspasde[Almirante Pavoni]
Nos próximos dias, os profissionais de imprensa terão uma rotina bastante intensa. Além de assistir aos briefings de segurança e às demonstrações, eles terão que praticar o que aprenderam nas aulas sobre cobertura jornalística em área de combate. Durante o curso, que priorizará as atividades práticas, haverá módulos sobre:
- Primeiros socorros;
- Técnicas de negociação;
- Armamento, munições e seus efeitos;
- Ameaça Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR);
- Medidas básicas de proteção individual;
- Progressão em áreas com explosivos improvisados;
- Progressão em área urbana;
- Prática de rapel;
- Montagem de acampamento;
- Pista de acuidade visual;
- Análise de risco;
- Segurança pessoal e conduta em situações de detenção e cativeiro; e
- Missão simulada.
No último dia do curso, os jornalistas terão de apresentar trabalhos em grupos, a fim de garantir os seus diplomas. Todos precisarão demonstrar os conhecimentos adquiridos ao longo de uma semana de atividades intensas.
Aprendizado para cobrir os conflitos urbanos no Rio
Para o repórter fotográfico Eduardo Anizelli, da Folha de São Paulo, será uma experiência única para adquirir conhecimentos que os profissionais de imprensa carecem no dia a dia. “Estou na expectativa para participar do curso. Trabalhando no Rio de Janeiro, a gente precisa desses aprendizados. Queira ou não, a gente vive uma espécie de guerra urbana aqui. Como acompanhamos muitas operações policiais, acho que o curso será de grande valia. A imprensa precisa de um curso como esse que a Marinha está oferecendo”, afirmou o fotógrafo, que lembrou o aumento dos conflitos armados no mundo e expressou a preocupação em aprender a se portar nessas coberturas.
De acordo com a repórter Anabel Reis, da Record TV, o curso é uma oportunidade de aproximar os jornalistas da Marinha do Brasil, ou seja, gerar reportagens sobre assuntos que ultrapassam a temática abordada durante essa semana. “Além de unir conhecimento teórico e prático, o curso também oferece a possibilidade de troca de conhecimento com colegas jornalistas de diferentes estados e realidades do nosso País, que tem dimensão continental”, destacou a jornalista, que cobre diariamente os conflitos urbanos no Rio e foi palestrante do curso Entrenamiento de Corresponsal de Guerra, organizado pela Sociedad Española de Medicina de Urgencias y Emergencias (SEMES), na Colômbia, em 2023.
Por outro lado, o gaúcho Rodrigo Lopes, jornalista da RBS TV, do jornal Zero Hora e da Rádio Gaúcha, acredita que o Curso de Cobertura Jornalística em Área de Combate será importante para adquirir conhecimentos que serão usados, não apenas em situação de guerra, mas também no dia a dia de cobertura de manifestações, de como lidar com as forças de segurança e até obter uma atualização da guerra moderna, com aspectos geopolíticos.
“Apesar de eu ter experiência real de confronto, por já ter ido para o Líbano e para Israel, esse exercício para nós é uma oportunidade de aprimorar os conhecimentos. A questão de segurança nem sempre é um tema relevante dentro das redações, porém, estou feliz de estar aqui e cheio de vontade de trocar experiências”, garantiu o jornalista, que mora em Porto Alegre (RS), e já viajou com a MB para a Antártica e para cobrir a Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
Já Alexandro de Oliveira, que mora em Manaus (AM) e é repórter cinematográfico da Rede Amazônica (afiliada da TV Globo no AM, AC, AP, RO e RR), destacou que o curso será interessante para melhorar a cobertura jornalística das diversas operações militares que acontecem na Região Norte do Brasil. “Minha expectativa é a melhor possível, porque a gente vive em operação, tanto em área indígena, quanto em garimpo. Esse curso é imprescindível e deve nos trazer um aprendizado muito grande. Espero poder passar esse conhecimento para os meus colegas da Região Norte”, afirmou.
O Curso de Cobertura Jornalística em Área de Combate é gratuito. Além das aulas, a MB oferece hospedagem para os jornalistas que vierem de fora do Rio de Janeiro, refeições e translado para o hotel onde os profissionais de imprensa estão hospedados.
Conheça o COpPazNav
O Centro de Operações de Paz de Caráter Naval (COpPazNav) foi criado em 2008, inicialmente com o nome de Escola de Operações de Paz do Corpo de Fuzileiros Navais. A fim de suprir uma lacuna voltada para o preparo individual e coletivo de militares para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), o COpPazNav permitiu que a MB passasse a contar com um órgão capaz de preparar seu pessoal, bem como registrar e disseminar os conhecimentos e experiências adquiridos por meio da participação nas operações de paz.
Com o início da participação brasileira na FTM-UNIFIL, em 2011, a MB, ciente das peculiaridades das missões de paz de caráter naval e vislumbrando o incremento de missões dessa natureza, reformulou as tarefas da Escola e sua própria nomenclatura, rebatizando-a como Escola de Operações de Paz de Caráter Naval (EsOpPazNav). Assim, permitiu que atendesse às necessidades e à própria vocação da Força, além de se tornar um centro de referência de treinamento para as operações militares em proveito da segurança marítima, no entorno estratégico brasileiro. Em 2019, com o seu crescimento e importância, passou à denominação de CopPazNav.
COpPazNav é referência no treinamento para as missões de paz da ONU - Imagem: Marinha do Brasil
Nesse sentido, o COpPazNav possui papel de grande relevância, como centro depositário e disseminador de conhecimentos e experiências adquiridas no âmbito das operações de paz e humanitárias, contribuindo com o Setor Operativo da MB. Além disso, é o vetor de organização e execução de eventos, de alcance nacional e internacional, da MB no âmbito das operações de paz e humanitárias, contribuindo para o pensamento e a formulação de doutrina relacionada.
“Nos anos de 2020 e 2021, respectivamente, o COpPazNav recebeu da ONU a certificação do Curso de Operações de Paz de Caráter Naval e do Curso Internacional de Operações de Paz Ribeirinhas. Isso consolida a vocação do COpPazNav como centro de referência no treinamento para as missões de paz das Nações Unidas, especialmente em ambiente marítimo e ribeirinho, sendo único Centro no mundo a obter a certificação nas duas áreas propostas”, destacou o Comandante do COpPazNav, Capitão de Fragata (Fuzileiro Naval) Tarick Taets.
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