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O Bairro #3
O Senhor Brecht
O senhor Brecht é um contador de histórias, histórias por vezes políticas e com um certo humor negro. Tem sucesso e isso é um problema.
«O desempregado com filhos:
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão que te resta.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a cabeça.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.»
«O genial Tavares, que inventou o Bairro onde vivem os mais estranhos e ao mesmo tempo os mais simples senhores que um Criador poderia imaginar, é um se- nhor que gosta de sumo de ananás e que leva inscrito na cabeça tudo o que já escreveu e tudo o que ainda escreverá. Há anos que suspeito que ele também vive no Bairro.» [Enrique Vila-Matas]
«Se não escrevesse livros, Gonçalo M. Tavares, estrela das letras portuguesas, podia ter sido urbanista: para ele a literatura é espaço, lugar onde habitar. Aberto e comum. A escrita é como uma casa com os seus alicerces, paredes e janelas que dão para o mundo. Por isso imaginou O Bairro, a sua biblioteca ideal concebida como uma cidade ideal que povoa pouco a pouco de “senhores”, os artistas preferidos do seu panteão, a quem consagra desde 2002 pequenos livros impossíveis de classificar.» [Livres Hebdo]
«Magnífico e hilariante.» [Le Magazine Littéraire]
«A sua escrita reúne, como poucas, uma imaginação transbordante, uma prosa elegante, eficaz, e uma tremenda originalidade.» [Sergio Pitol]
«É travesso, absurdo, borgeano. Parece Beckett cantado por Charles Trenet.» [Le Nouvel Observateur]
«Universos lúdicos, engenhosos e humorados.»[Bernardo Carvalho]
«O desempregado com filhos:
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão que te resta.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a cabeça.Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.»
«O genial Tavares, que inventou o Bairro onde vivem os mais estranhos e ao mesmo tempo os mais simples senhores que um Criador poderia imaginar, é um se- nhor que gosta de sumo de ananás e que leva inscrito na cabeça tudo o que já escreveu e tudo o que ainda escreverá. Há anos que suspeito que ele também vive no Bairro.» [Enrique Vila-Matas]
«Se não escrevesse livros, Gonçalo M. Tavares, estrela das letras portuguesas, podia ter sido urbanista: para ele a literatura é espaço, lugar onde habitar. Aberto e comum. A escrita é como uma casa com os seus alicerces, paredes e janelas que dão para o mundo. Por isso imaginou O Bairro, a sua biblioteca ideal concebida como uma cidade ideal que povoa pouco a pouco de “senhores”, os artistas preferidos do seu panteão, a quem consagra desde 2002 pequenos livros impossíveis de classificar.» [Livres Hebdo]
«Magnífico e hilariante.» [Le Magazine Littéraire]
«A sua escrita reúne, como poucas, uma imaginação transbordante, uma prosa elegante, eficaz, e uma tremenda originalidade.» [Sergio Pitol]
«É travesso, absurdo, borgeano. Parece Beckett cantado por Charles Trenet.» [Le Nouvel Observateur]
«Universos lúdicos, engenhosos e humorados.»[Bernardo Carvalho]
72 pages, Hardcover
First published October 1, 2004
About the author
Gonçalo M. Tavares
108 books924 followersGonçalo M. Tavares was born in Luanda in 1970 and teaches Theory of Science in Lisbon.
Tavares has surprised his readers with the variety of books he has published since 2001. His work is being published in over 30 countries and it has been awarded an impressive amount of national and international literary prizes in a very short time. In 2005 he won the José Saramago Prize for young writers under 35. Jerusalém was also awarded the Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2007 and the LER/Millenium Prize. His novel Aprender a rezar na Era de Técnica has received the prestigious Prize of the Best Foreign Book 2010 in France. This award has so far been given to authors like Salmon Rushdie, Elias Canetti, Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez and Colm Tóibín. Aprender a rezar na Era da Técnica was also shortlisted for the renowned French literary awards Femina Étranger Prize and Médicis Prize and won the Special Price of the Jury of the Grand Prix Littéraire du Web Cultura 2010. In 2011, Tavares received the renowned Grande Prêmio da Associação Portuguesa de Escritores, as well as the prestigious Prémio Literário Fernando Namora 2011. The author was also nominated for the renowned Dutch Europese Literatuurprijs 2013 and was on the Longlist of the Best Translated Book Award Fiction 2013.
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, etc.
Estão em curso cerca de 160 traduções distribuídas por trinta e dois países. Jerusalém foi o romance mais escolhido pelos críticos do Público para «Livro da Década».
Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais, o Prémio José Saramago (2005) e o Prémio LER/Millennium BCP (2004), com o romance Jerusalém (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores «Camilo Castelo Branco» (2007) com Água, Cão, Cavalo, Cabeça (Caminho). Recebeu, ainda, diversos prémios internacionais.
Tavares has surprised his readers with the variety of books he has published since 2001. His work is being published in over 30 countries and it has been awarded an impressive amount of national and international literary prizes in a very short time. In 2005 he won the José Saramago Prize for young writers under 35. Jerusalém was also awarded the Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2007 and the LER/Millenium Prize. His novel Aprender a rezar na Era de Técnica has received the prestigious Prize of the Best Foreign Book 2010 in France. This award has so far been given to authors like Salmon Rushdie, Elias Canetti, Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez and Colm Tóibín. Aprender a rezar na Era da Técnica was also shortlisted for the renowned French literary awards Femina Étranger Prize and Médicis Prize and won the Special Price of the Jury of the Grand Prix Littéraire du Web Cultura 2010. In 2011, Tavares received the renowned Grande Prêmio da Associação Portuguesa de Escritores, as well as the prestigious Prémio Literário Fernando Namora 2011. The author was also nominated for the renowned Dutch Europese Literatuurprijs 2013 and was on the Longlist of the Best Translated Book Award Fiction 2013.
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, etc.
Estão em curso cerca de 160 traduções distribuídas por trinta e dois países. Jerusalém foi o romance mais escolhido pelos críticos do Público para «Livro da Década».
Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais, o Prémio José Saramago (2005) e o Prémio LER/Millennium BCP (2004), com o romance Jerusalém (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores «Camilo Castelo Branco» (2007) com Água, Cão, Cavalo, Cabeça (Caminho). Recebeu, ainda, diversos prémios internacionais.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 47 reviews
October 23, 2022
Gonçalo M. Tavares é genial a criar parábolas sobre o modo como o ser humano ambiciona e alcança o sucesso. É sarcástico, sim, mas incrivelmente certeiro. Não vejo aqui moralismos. Constato, antes, uma capacidade rara de criar, em poucas palavras, alegorias que representam parcelas de todos nós. Recomendo.
November 26, 2018
Micro-histórias de conteúdo absurdo, sarcástico, alegórico e "útil". Li-as de seguida e depois reli-as.
Gostei dos desenhos; é sempre o mesmo, mas transforma-se, "move-se", cresce...
Algumas das mais pequenas:
Diamantes
Em vez de uvas os cachos do reino deixavam cair sobre a terra diamantes.
— Diamantes, diamantes, diamantes! Há anos que é só isto — queixava-se o produtor.
Liberdade de escolha
Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.
A importância dos filósofos
O filósofo dizia que só os homens faziam o importante, enquanto os animais só dispunham de acções insignificantes.
Foi então que chegou o tigre e devorou o filósofo, comprovando com os dentes a teoria anteriormente apresentada.
O perigo da cultura
Uma galinha pensava tanto e era tão culta que ganhou uma obstrução interior, deixando de pôr ovos. Mataram-na no dia seguinte.
Gostei dos desenhos; é sempre o mesmo, mas transforma-se, "move-se", cresce...
Algumas das mais pequenas:
Diamantes
Em vez de uvas os cachos do reino deixavam cair sobre a terra diamantes.
— Diamantes, diamantes, diamantes! Há anos que é só isto — queixava-se o produtor.
Liberdade de escolha
Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.
A importância dos filósofos
O filósofo dizia que só os homens faziam o importante, enquanto os animais só dispunham de acções insignificantes.
Foi então que chegou o tigre e devorou o filósofo, comprovando com os dentes a teoria anteriormente apresentada.
O perigo da cultura
Uma galinha pensava tanto e era tão culta que ganhou uma obstrução interior, deixando de pôr ovos. Mataram-na no dia seguinte.
November 27, 2018
Livro fininho mas adorável. ...Li em poucos minutos mas que livro delicioso! Que grande contador de histórias é esse Sr Brecht!!!
April 18, 2021
O livro "O Senhor Brecht" de Gonçalo M. Tavares é uma obra narrada por Brecht que conta 35 pequenas histórias que exploram questões sociais, políticas e existenciais. Com um escrita complexa e irónica, Gonçalo Tavares explora questões importantes em tom paródico e de forma sintética, de modo a que o leitor consiga absorver a mensagem e pense sobre ela. Trata-se de uma obra de rápida leitura mas com muito conteúdo subjetivo a interpretação.
April 3, 2021
Manguel, claro está, não poderia estar mais certo: "Imaginar é existir". A essa sede de viver, o bicho homem responde com rios de histórias, entre meandros de consciência. Narrativas que têm de ser partilhadas, não fosse ele um animal de relações, que concebe o outro. Dessa partilha, fundam-se novas ilhas que florescem e criam mundos diversos, em realidades paralelas, em que tempo e espaço não existem como os concebemos.
Na senda da primeira leitura de Gonçalo M. Tavares, fiquei um pouco hesitante. De uma obra tão vasta, com uma escrita peculiar, qual seleccionar? Deitando a toalha ao chão, rendi-me às evidências: qualquer literato fica maravilhado com a concepção de um bairro, pejado de afamados escritores e, como tal, decidi que seria por esta "ilha" (com um mapa singular) que descobriria este autor. Próximo passo: bater à porta de qual senhor? Li o nome de todos eles, com os seus epítomes, e - quiçá pelos tempos vividos - aquele que mais me fascinou foi o Senhor Brecht.
De mão erguida, pronto para anunciar a minha chegada, notei que a porta já estava aberta. Comecei a ouvir alguém a contar pequenas histórias, quais parábolas ou aforismos, contra uma prepotência viciante, um querer sem limites, um conforto pelo garantido. Se o tom humorístico permite entender o embevecimento das pessoas que se acercavam, a violência clara e gratuita (imagem de marca!?) torna tudo num quase paradoxo, abrilhantado por moralismos dúbios.
De repente, entre o silêncio, vejo-me rodeado de uma multidão que fascinada escutava alguém. Meio constrangidos, sem saber o como nem o porquê, começamos a sair deste apartamento vazio, deixando um homem prolífico. Por algumas ideias que ficam a ruminar na mente, tomo coragem e, chegado a casa - já longe deste "Bairro" -, começo a tentar entender quem foi este homem. E, se poderia atentar em vários pontos, seria hipócrita se não mencionasse o facto de Brecht ter frequentado o curso de medicina (que praga!?). Comprado o passe para este mundo, qual o próximo senhor a visitar?
Na senda da primeira leitura de Gonçalo M. Tavares, fiquei um pouco hesitante. De uma obra tão vasta, com uma escrita peculiar, qual seleccionar? Deitando a toalha ao chão, rendi-me às evidências: qualquer literato fica maravilhado com a concepção de um bairro, pejado de afamados escritores e, como tal, decidi que seria por esta "ilha" (com um mapa singular) que descobriria este autor. Próximo passo: bater à porta de qual senhor? Li o nome de todos eles, com os seus epítomes, e - quiçá pelos tempos vividos - aquele que mais me fascinou foi o Senhor Brecht.
De mão erguida, pronto para anunciar a minha chegada, notei que a porta já estava aberta. Comecei a ouvir alguém a contar pequenas histórias, quais parábolas ou aforismos, contra uma prepotência viciante, um querer sem limites, um conforto pelo garantido. Se o tom humorístico permite entender o embevecimento das pessoas que se acercavam, a violência clara e gratuita (imagem de marca!?) torna tudo num quase paradoxo, abrilhantado por moralismos dúbios.
De repente, entre o silêncio, vejo-me rodeado de uma multidão que fascinada escutava alguém. Meio constrangidos, sem saber o como nem o porquê, começamos a sair deste apartamento vazio, deixando um homem prolífico. Por algumas ideias que ficam a ruminar na mente, tomo coragem e, chegado a casa - já longe deste "Bairro" -, começo a tentar entender quem foi este homem. E, se poderia atentar em vários pontos, seria hipócrita se não mencionasse o facto de Brecht ter frequentado o curso de medicina (que praga!?). Comprado o passe para este mundo, qual o próximo senhor a visitar?
March 24, 2021
"Hesitação
O homem no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar: subo ou desço?
Até que certo dia a escada caiu."
Este foi o primeiro livro que li do Gonçalo M. Tavares, um dos autores contemporâneos portugueses mais conhecidos.
Tive sempre a ideia que a escrita deste autor seria complicada, algo de complexa e que seria necessário estar no mood certo e, por isso, decidi começar por este livro, que é curtinho, que tem menos de 100 páginas e faz parte da série 'O Bairro'
É verdade que só com estas 70 páginas deu logo para perceber o que será o estilo do autor: algumas coisas muito poéticas, outras completamente sem sentido e "meio malucas"
Contudo, parece-me um pouco injusto estar a avaliar este livro, que é mesmo muito curto, sem conhecer mais nada do autor... gostei muito de alguns excertos e, sem dúvida, vou querer ler mais livros do Gonçalo M. Tavares
O homem no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar: subo ou desço?
Até que certo dia a escada caiu."
Este foi o primeiro livro que li do Gonçalo M. Tavares, um dos autores contemporâneos portugueses mais conhecidos.
Tive sempre a ideia que a escrita deste autor seria complicada, algo de complexa e que seria necessário estar no mood certo e, por isso, decidi começar por este livro, que é curtinho, que tem menos de 100 páginas e faz parte da série 'O Bairro'
É verdade que só com estas 70 páginas deu logo para perceber o que será o estilo do autor: algumas coisas muito poéticas, outras completamente sem sentido e "meio malucas"
Contudo, parece-me um pouco injusto estar a avaliar este livro, que é mesmo muito curto, sem conhecer mais nada do autor... gostei muito de alguns excertos e, sem dúvida, vou querer ler mais livros do Gonçalo M. Tavares
May 31, 2016
O presidente
Um pintor que não tinha jeito para as cores, mas pegava bem no pincel, foi escolhido para maestro da banda.
A Escolha foi feita pelo presidente da cidade, que era praticamente surdo, mas apreciava os gestos minuciosos do pintor. Foi sua primeira e única decisão.
O presidente tinha sido eleito porque era muito indeciso e pelo menos assim não incomodaria ninguém. A população, no entanto, quando ouviu o primeiro concerto da banda, revoltou-se.
Voltem a dar uma tela ao maestro!, alguém gritou.
O presidente, satisfeito, depois de sua primeira decisão ao fim de quatro anos, e julgando que a população estava a gritar bis, decidiu-se candidatar-se a um segundo mandato.
A população, apesar da música, elegeu-o de novo.
Um pintor que não tinha jeito para as cores, mas pegava bem no pincel, foi escolhido para maestro da banda.
A Escolha foi feita pelo presidente da cidade, que era praticamente surdo, mas apreciava os gestos minuciosos do pintor. Foi sua primeira e única decisão.
O presidente tinha sido eleito porque era muito indeciso e pelo menos assim não incomodaria ninguém. A população, no entanto, quando ouviu o primeiro concerto da banda, revoltou-se.
Voltem a dar uma tela ao maestro!, alguém gritou.
O presidente, satisfeito, depois de sua primeira decisão ao fim de quatro anos, e julgando que a população estava a gritar bis, decidiu-se candidatar-se a um segundo mandato.
A população, apesar da música, elegeu-o de novo.
June 9, 2015
Simplesmente brilhante. Por muito estúpido que possa parecer a um leigo, é absolutamente brilhante. É Literatura.
Espero que Gonçalo M. Tavares seja um dia um autor de estudo obrigatório pelos alunos portugueses, porque até agora poucos dos que estudei me fascinaram tanto como ele.
Espero que Gonçalo M. Tavares seja um dia um autor de estudo obrigatório pelos alunos portugueses, porque até agora poucos dos que estudei me fascinaram tanto como ele.
March 16, 2021
Divertido, lacónico e repleto de significados, este Senhor Brecht e o Sucesso foi uma leitura maravilhosa. Nunca tinha lido nada de Gonçalo M. Tavares e peguei neste livro sem saber que se tratava de uma colectânea de microcontos, um livro pequenino com menos de 100 páginas. Mas o seu conteúdo é um verdadeiro tesouro da literatura. A sua escrita é direta e bem humorada, mas conseguimos encontrar nas suas histórias com travo a humor negro significados que estão tão próximos do nosso dia-a-dia.
É muito uma crítica social, disfarçada de situações incomuns e delirantes que nos fazem rir ao mesmo tempo que concluímos que aquilo está tão acertado. O nosso quotidiano, afinal, está repleto de situações que não são assim tão diferentes destes acontecimentos mórbidos, repletos de animais cortados aos pedaços e de povos que exigem que lhes sejam implantados dedos. Estes microcontos fizeram-me lembrar os de João Ventura, embora tenha apreciado mais esta linha uniforme de Gonçalo M. Tavares.
A Colecção O Bairro apresenta um bairro fictício de uma cidade fantástica, com vizinhos inspirados nas obras das mais geniais mentes criativas da humanidade; escritores como T.S. Eliot, Paul Valéry, Italo Calvino, Bertold Brecht, entre outros. De maneira espirituosa, Tavares nos apresenta a esses moradores, um livro por vez e nos leva em uma viagem pelo universo intelectual de escritores memoráveis. O Senhor Brecht é uma destas incursões.
O cómico, o trágico e o absurdo. Microficções sobre o absurdo e lógica contadas por um certo senhor Brecht, residente do fantástico bairro criado pelo autor. A sala vai enchendo aos poucos, o que lhe trará no final um novo problema: o público tapa a porta de saída e o senhor Brecht fica assim encurralado com o seu próprio sucesso.
Publicado originalmente em 2004, O Senhor Brecht e o Sucesso é considerada uma das melhores obras da colecção O Bairro de Gonçalo M. Tavares. Segundo o autor, só começou a perceber o ritmo e as finalidades da colecção à medida que os ia escrevendo, ao fim de alguns volumes. É um livro que pretendo manter por perto durante algum tempo, porque me fez refletir durante vários momentos sobre situações da nossa sociedade.
Tavares é um autor que pretendo conhecer melhor, até porque achei este pequeno livro genial. Há um sem-fim de interpretações a fazer com estes contos pequenos e até talvez simples, e nem em todos eles cheguei a uma conclusão rápida. Talvez numa segunda leitura encontre outros significados mais profundos. É um livro repleto de mutilações físicas, que nos fala muito de como as ambiguidades sociais nos mutilam como indivíduos.
https://noticiasdezallar.wordpress.com
É muito uma crítica social, disfarçada de situações incomuns e delirantes que nos fazem rir ao mesmo tempo que concluímos que aquilo está tão acertado. O nosso quotidiano, afinal, está repleto de situações que não são assim tão diferentes destes acontecimentos mórbidos, repletos de animais cortados aos pedaços e de povos que exigem que lhes sejam implantados dedos. Estes microcontos fizeram-me lembrar os de João Ventura, embora tenha apreciado mais esta linha uniforme de Gonçalo M. Tavares.
A Colecção O Bairro apresenta um bairro fictício de uma cidade fantástica, com vizinhos inspirados nas obras das mais geniais mentes criativas da humanidade; escritores como T.S. Eliot, Paul Valéry, Italo Calvino, Bertold Brecht, entre outros. De maneira espirituosa, Tavares nos apresenta a esses moradores, um livro por vez e nos leva em uma viagem pelo universo intelectual de escritores memoráveis. O Senhor Brecht é uma destas incursões.
O cómico, o trágico e o absurdo. Microficções sobre o absurdo e lógica contadas por um certo senhor Brecht, residente do fantástico bairro criado pelo autor. A sala vai enchendo aos poucos, o que lhe trará no final um novo problema: o público tapa a porta de saída e o senhor Brecht fica assim encurralado com o seu próprio sucesso.
Publicado originalmente em 2004, O Senhor Brecht e o Sucesso é considerada uma das melhores obras da colecção O Bairro de Gonçalo M. Tavares. Segundo o autor, só começou a perceber o ritmo e as finalidades da colecção à medida que os ia escrevendo, ao fim de alguns volumes. É um livro que pretendo manter por perto durante algum tempo, porque me fez refletir durante vários momentos sobre situações da nossa sociedade.
Tavares é um autor que pretendo conhecer melhor, até porque achei este pequeno livro genial. Há um sem-fim de interpretações a fazer com estes contos pequenos e até talvez simples, e nem em todos eles cheguei a uma conclusão rápida. Talvez numa segunda leitura encontre outros significados mais profundos. É um livro repleto de mutilações físicas, que nos fala muito de como as ambiguidades sociais nos mutilam como indivíduos.
https://noticiasdezallar.wordpress.com
July 27, 2019
Muito bom. Daqueles livros que não se esquecem, por obrigarem a refletir. Soube a pouco, por isso fui comprar outros títulos do autor.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Read
July 9, 2023Acho que se não tivesse ouvido o contexto desta obra numa aula do mestrado nunca teria pegado neste livro, mas, pelo menos, é uma leitura rápida, meio inusitada, com algum humor em muitos casos.
October 2, 2019
Além do teatro do absurdo, Bertolt Brecht contava causos bem absurdos :-)
Primeira vez que leio Gonçalo M. Tavares e ja ganhou meu respeito.
Primeira vez que leio Gonçalo M. Tavares e ja ganhou meu respeito.
Projetos
O BOSQUE desenvolvia-se lentamente, como era hábito desde há séculos, quando chegou um homem e apresentou um projeto. Durante três dias deitaram árvores abaixo. Ao 4º dia repousaram do esforço. Passado um ano veio outro homem, olhou para o que agora era uma planície, e disse:
- Faltam aqui árvores. Nos três dias seguintes plantaram árvores.
Ao 4º dia repousaram do esforço. Ao fim de doze anos o bosque estava outra vez composto. Chegou, então, outro homem.
Liberdade de escolha
ERA UMA livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.
October 8, 2021
"A beleza
NUMA CERTA cidade o arco-íris um dia apareceu e nunca mais se foi embora. Durante um ano permaneceu no mesmo sítio do céu. Tornou-se aborrecido. Um dia, finalmente, o arco-íris desapareceu e o céu ficou cinzento escuro por completo. As crianças dessa cidade excitadas, apontavam para o céu cinzento e gritavam uns para os outros: olha, que bonito!"
"O que se atinge com facilidade deixa de ter valor."
"Hesitação
O HOMEM no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar: subo ou desço? Até que certo dia a escada caiu."
NUMA CERTA cidade o arco-íris um dia apareceu e nunca mais se foi embora. Durante um ano permaneceu no mesmo sítio do céu. Tornou-se aborrecido. Um dia, finalmente, o arco-íris desapareceu e o céu ficou cinzento escuro por completo. As crianças dessa cidade excitadas, apontavam para o céu cinzento e gritavam uns para os outros: olha, que bonito!"
"O que se atinge com facilidade deixa de ter valor."
"Hesitação
O HOMEM no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar: subo ou desço? Até que certo dia a escada caiu."
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March 27, 2018
4,5 stars
September 3, 2019
«O homem no meio da escada hesitava há vários dias entre subir e descer. Os anos passavam e o homem continuava a hesitar: subo ou desço?
Até que certo dia a escada caiu.»
Até que certo dia a escada caiu.»
February 3, 2021
Obrigatório! Que retrato incrível da sociedade!
October 7, 2023
chegou hoje de uma encomenda que tinha feito na wook. li-o de uma assentada. tenho a certeza que irei reler. fiquei muito curiosa para conhecer mais escritos de gonçalo m tavares.
March 26, 2012
Creo que estas greguerías del señor Brecht no me resultan suficientes; leeré algo más de este autor.
November 17, 2012
Brecht, el contador de historias
May 31, 2013
No está nada mal, pero qué escueto es...
September 3, 2021
“Aunque la sala estaba prácticamente vacía, el señor Brecht empezó a contar sus relatos”.
“TORTÍCOLIS
Un día, la mujer del rey, a la que le gustaba pasearse por el reino para ver cómo iba todo, se vio aquejada de una tortícolis que le impedía volver la cabeza. Como el cuello de la reina no mejoraba, el rey ordenó que todo el país empezara a funcionar en trayectorias circulares ante el balcón del palacio”.
“TORTÍCOLIS
Un día, la mujer del rey, a la que le gustaba pasearse por el reino para ver cómo iba todo, se vio aquejada de una tortícolis que le impedía volver la cabeza. Como el cuello de la reina no mejoraba, el rey ordenó que todo el país empezara a funcionar en trayectorias circulares ante el balcón del palacio”.
February 22, 2018
Um dos livros d'O Bairro de Gonçalo Tavares, reúne pequenas histórias sobre poder e sucesso. Entre o miniconto e a fábula, as histórias misturam o fantástico do nosso dia a dia com exageros de ganância e concessões absurdas. Excelente leitura!
September 5, 2023
Pequenas histórias, repletas de humor e de pensamento. Uma vez mais, a técnica e a profundidade da escrita quase parecem superficiais mas obrigam, ou conduzem, a tanto pensamento. É incrível, este autor.
June 29, 2024
Irrelevante, é o que ouso dizer. Tem algumas micro-narrativas que, quando tocam o absurdo, são interessantes, num mundo ficcional. Para o mundo real, este livro é completamente irrelevante. Claro, os livros podem sobreviver num mundo improvável e frio, mas não creio que seja o caso.
September 20, 2018
Li numa sentada. Um livro delicioso se pequenas historias sem pé nem cabeça, com muito humor.
March 22, 2019
As absurdas histórias do Sr. Brecht não andam muito longe da realidade que conhecemos.
July 25, 2021
Eu não sei como ele pensa as coisas que ele pensa. Mas adoro.
January 3, 2023
Entretenido
August 31, 2023
No me gustó mucho el humor porque no me hacía especial gracia.
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