7/10
Os gatos não têm vertigens, de facto.
1 December 2020
Um rapaz desamparado e uma viúva à procura de um rumo, depois da morte do seu marido, encontram-se por acaso do destino, dando asas a uma história realmente comovente. Este longa tem uma banda sonora, boa, planos sequências ainda melhores (que por sinal não são muito comuns nos filmes pt) com especial destaque a um dos planos iniciais que de forma discreta traça de certa forma o encontro dos dois personagens antes de estes se aperceberem. Uma das coisas que me incomodaram foi o antagonista, na figura de Daniel ( Vivido por Ricardo Carriço, que por sinal está bem no papel apesar de ser mais arroz), sogro de Rosa vivida por Maria Guerra que está excelente no papel. Daniel é representado como se fosse apenas uma arrogante, frio, como fosse retirado de um cartoon, sem nenhuma motivação ou razão de ser. A Fernanda Serrano no papel de Luísa (filha de Rosa) é o clássico pãozinho sem sal. E de mencionar alguns diálogos que a realidade parece não ter servido de inspiração, mas isso são ossos do ofício do cinema em português. Onde o filme ganha pontos, é na relação da personagem do Jô com o seu pai. Alberto é um pai ausente, virado para a bebida. Contudo o filme faz um bom trabalho a humaniza-lo deixando portanto a dúvida do que terá acontecido para se ter tornado assim. O arco de Jô é cativante e João Jesus está bem no papel, apesar de parecer por vezes um pouco caricato. Por último, o final poético que contrapôs de certa forma o final com o início do filme dando a entender que faltava algo na vida de Rosa para que então pudesse seguir em frente.

Nota: ⭐⭐⭐⭐ (7.5/10)
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