A Aventura Do Livro Roger Chartier
A Aventura Do Livro Roger Chartier
A Aventura Do Livro Roger Chartier
do leitor aonavegador
Im p re n sa O ficial
IS B N 9 7 8 - 8 5 - 7 0 6 0 - 1 8 1 - 0 ( Im p re n sa O f ic ial)
IS B N 9 7 8 - 8 5 - 7 1 3 9 - 2 2 3 - 6 ( U N ESP )
CDD 002
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A so ciació n de Ed ito riales Univ ersitarias A sso c iaç ão Brasile ira d e
de A merica Latina y ei Caribe Ed ito ras U niv ersitárias
SUMÁRIO
Prólogo
A AVENTURA DO LIVRO
Prólogo
Arevoluçãodasrevoluções?
A AVENTURA DO LIVRO 7
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Prólogo
A AVENTURA DO LIVRO
Prólogo
10 A AVENTURA DO LIVRO
m o O riente, p erm anece m ais fam iliar uma lig ação
fo rte entre texto e im agem , grav ad o s so bre o m es
m o sup o rte. Esta técnica, além d o v ínculo m antid o
co m o texto m anuscrito , ap resentav a no táv eis v an
tagens: ela p erm itia um a esp écie d e ed ição co nfo r
m e a d em and a, já que as tábuas, d e um a resistên
cia d urad o ura, p o d iam ser co nserv ad as p o r m uito
tem p o , enq uanto as co m p o siçõ es tip o g ráficas d e
v iam ser d esfeitas a fim d e utilizar o s caracteres
p ara co m p o r o utras p ág inas. N ão se d ev e p o rtanto
julgar as técnicas não o cid entais a partir d e no ssa
sup o sta sup erio rid ad e técnica.
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Prólogo
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O a u to r entrepunição eproteção
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oe m in ia tu ra s
não p restav a muita atenção . A queles que assum i
- c"esença
r :a s m a g e n s, ram sua herança cultural, em no m e d o co ntro le
r : e . 3 c ã o , c o m os
D 9
M ichel Fou cau lt é con tu do, a seu ver, aqu ele qu e talv ez m elhor
refletiu sobre a em erg ên cia, n a história, da fu n ç ão do autor.
Co isa que não era ev id ente p o rque, da Id ad e M é
dia à ép o ca m o d erna, freq üentem ente se d efiniu a
o bra p elo co ntrário da o riginalid ad e. Seja p o rque
era inspirad a p o r D eus: o escrito r não era senão o
escriba d e uma Palavra que v inha d e o utro lugar.
Seja p o rque era inscrita num a trad ição , e não tinha
v alo r a não ser o d e d esenv o lv er, co m entar, glo sar
aquilo que já estav a ali. A ntes d o s sécu lo s XVII e
XVIII, há um m o m ento o riginal d urante o qual, em
to rno d e figuras co m o Christine d e Pisan, na Fran
ça, D ante, Petrarca, Bo ccácio , na Itália, alguns au
to res co ntem p o râneo s v iram -se d o tad o s d e atribu
to s q u e até então eram reserv ad o s ao s au to res
clássico s d a trad ição antiga o u ao s Pad res da Ig re
ja. Seus retrato s ap areciam nas miniaturas, no inte
rio r d o s m anuscrito s. Eles são co m freq ü ência re
p resentad o s no ato d e escrev er suas p ró p rias o bras
e não mais no d e ditar o u d e co p iar so b o d itad o
A AVENTURA DO LIVRO 31
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S obre u m a p á g in a
d ivino . Eles são “escrito res” no sentid o que a p ala
m a g n ific a m e n te o r n a m e n ta d a
das Grandes heures du duc de
vra vai to m ar em francês, no co rrer d o s últim o s
Berry, o te x to é p re c e d id o p o r sécu lo s da Id ad e M éd ia: eles co m p õ em um a o bra,
u m a im a g e m ilu m in a d a d o papa
e as im ag ens o s rep resentam , d e m o d o um p o u co
G re g ó rio , o G ra n d e , u m dos
d o u to re s da Igreja latina. ing ênuo , no ato d e escrev er a o bra que o leito r tem
In s p ira d o p e lo Espírito S a n to
nas m ão s. É nesse m o m ento tam bém que são reu
(vid e a p o m b a ) e pela Escritura,
ele é o d e tè n to r e a g a ra n tia de nid as em um m esm o m anuscrito várias o bras de
u m a a u to r id a d e q u e sua palavra certo s auto res, relacio nad as a um m esm o tem a. O
tra n s m ite , p o r in te rm é d io d o
que significav a ro m p er co m um a trad ição seg und o
escriba q u e re d ig e , sob seu
d ita d o , para to d a a c ris ta n d a d e . a qual o livro m anuscrito é um a ju nção , uma m is
Gregório, o Grande, p a p a (5 9 0 -
tura d e texto s de o rigem , natureza e datas d iferen
6 0 4 ), m in ia tu ra e xtra íd a de
Grandes heures du duc de Berry, tes, e o nd e, d e fo rm a algum a, o s texto s incluíd o s
França, sé cu lo XV, Paris, são id entificad o s p elo no m e p ró p rio d e seu autor.
B ib lio te ca N a cio n a l.
Para que exista auto r são necessário s critério s, n o
çõ es, co nceito s particulares. O inglês ev id encia bem
esta no ção e d istingue o writer, aq uele que escre
v eu algum a co isa, e o author, aq uele cu jo no m e
p ró p rio dá id entid ad e e auto rid ad e ao texto . O que
se p o d e enco ntrar no francês antigo quand o , em
um D iction n aíre co m o o d e Furetière, em 1690,
d isting ue-se entre o s “é c r iv ain f e o s “au t e u r f. O
escrito r ( écriv ain ) é aq u ele que escrev eu um texto
que p erm anece manuscrito, sem circulação , enquanto
o auto r (au teu r) é tam bém qualificad o co m o aq u e
le que p ublico u o bras im p ressas.
É Fo ucault quem sug ere que, num a d eterm inad a
so cied ad e, certo s g ênero s, p ara circular e serem
receb id o s, têm necessid ad e d e uma id entificação
fund am ental d ad a p elo no m e d e seu autor, enq u an
to o utro s não . Se co nsid erarm o s um texto d e d irei
to o u um a p ublicid ad e no m und o co ntem p o râneo ,
32 A AVENTURA DO LIVRO
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alg uém o s escrev eu, mas eles não têm auto res; ne
nhum no m e p ró p rio lhes é asso ciad o .
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S iIIÉIÉÍ^
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DO LIVRO
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A AVENTURA DO LIVRO 59
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Q uem diz B eau m arc hais diz Sociedade dos A utores. 0 direito
de au tor con tem porân eo é apen as o resu ltado dos com bates dos
au tores org an iz ados em g ru pos de p ressão e associações?
Não . D urante m uito tem p o , o m o d elo d o p atro cí
nio p erm aneceu muito fo rte. A garantia da existên
cia m aterial d o auto r d ep end ia fund am entalm ente
da o b tenção d e g ratificaçõ es, d e p ro teçõ es que lhe
eram d ad as p elo so b erano , m as tam b ém p elo s m i
nistro s, p elas elites, p elo s aristo cratas. N ão se d ev e
subestim ar tam p o u co a resistência em id entificar
as co m p o siçõ es literárias co m o m ercad o rias. Esses
d o is elem ento s co ntribuíram p ara que o s auto res
não p ro m o v essem um a luta extrem am ente v irulen-
ta co ntra o s liv reiro s-ed ito res q u e co m p rav am seus
m anuscrito s para sem p re. Q uand o se o bserv a, em
d o cu m ento s raro s, o s co ntrato s, d o s sécu lo s XVI e
XVII, entre auto res e liv reiro s, as so m as env o lv id as
p arecem bastante p eq u enas. Em co ntrap artid a, é
sem p re p rev isto no s co ntrato s q u e o auto r rec eb e
rá exem p lares d e seu livro um a v ez p ublicad o , al
g uns suntuo sam ente encad ernad o s, co m o s quais
p o d erá p resentear p ro teto res, já d efinid o s o u em
v ias d e sê-lo . D urante m uito tem p o , a Rep ública
d as letras, esta co m unid ad e na qual o s auto res se
asso ciam , tro cam co rresp o nd ência, m anuscrito s e
info rm açõ es, não está habituad a à id éia d e o b ter
um a rem uneração d ireta em tro ca d o escrito .
É no sécu lo XVIII q u e as co isas m ud am , m as não
necessariam ente p o r iniciativ a d o s auto res. São o s
A AVENTURA DO LIVRO 61
0 te x to entre autor eeditor
Página p re c e d e n te . liv reiro s-ed ito res que. para d efend er seus p riv ilé
N o c e n tro de ste q u a d ro de 1 8 7 3 ,
q u e m o s tra balcões de Nova
gios, seja no sistema co rpo rativo i , se)a no sis
O rleãs o n d e se n e g o c ia a lg o d ã o , tema estatal francês, inventam a idéia do auto r-pro -
Degas c o lo c o u o jo rn a l, g ra n d e
p rietário . O liv reiro -ed ito r tem interesse nisso , po is,
m a n c h a branca e m h a rm o n ia
c o m a cam isa d o escrevente e as SC O auto r SC to rna p ro p rietário . O l Í Y f C Í r O tam bém
a m o s tra s de a lg o d ã o . Na
se to rna, uma v ez que o m anuscrito lhe fo ra ced i
s e g u n d a m e ta d e d o século XIX,
o d iá rio se t o r n o u o in s tru m e n to do! É este cam inho to rtuo so que lev a à inv ençào
o b r ig a tó r io para q u e m quisesse d o d ireito d o autor. D id ero t o co m p reend eu, uma
c o n h e c e r as n o v id a d e s d o
m u n d o , o flu x o das coisas, das
v ez que, na sua Lettre em favo r d o s liv reiro s-ed ito
m u d a n ç a s e dos p ro d u to s . res de Paris, em lugar de ap arecer, co m o de hábito ,
E dgar Degas, Portraits dans un
co m o arauto das liberd ad es e ao m esm o tem p o
b ureau (Nouveile-Orléans) o u
Bureau de coton à Ia Nouveile- co m o ho m em ho stil ao s m o no p ó lio s e privilégio s,
Orléans, 1 8 7 3 . Pau, M u s e u de ele se faz o d efenso r d o s p riv ilégio s das livrarias.
Belas-Artes.
Ele co m p reend eu que p o d ia inco rp o rar nessa es
tratégia d e d efesa d o s livreiro s - não o bstante fo s
sem b em m ald o so s co m ele - a afirm ação , alta-
m ente reiv ind icad a, da p ro p ried ad e d o auto r so bre
sua o bra. A ssim, ele utiliza a argum entação d o s li
v reiro s-ed ito res para d ela fazer o p ró p rio fund a
m ento da reiv ind icação do auto r-p ro p rietário .
R ou sseau e n ão V oltaire.
Vo ltaire recusa a d ep end ência d o v ínculo d e clien
tela co m relação a p atro no s privad o s, p articulares,
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DO LIVRO
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A AVENTURA DO LIVRO 73
r
A o sol p o e n te , no c a m p o , u m
ler. N ovas atitudes são inventadas, outras
le ito r s o litá rio . In te n s a m e n te se ex tinguem . D o rolo an tig o ao códex
v o lta d o para o livro de d e v o ç ã o
q u e se g u ra e m sua m ã o d ire ita . medieval, do livro impresso ao texto eletrô
nico, v árias rupturas m aiores div idem a
Na era ro m â n tic a , a le itu ra ao ar
livre e sta b e le ce u m a e stre ita
c o rre s p o n d ê n c ia e n tre a longa história das m an eiras de ler. Elas
h a rm o n ia da N a tu re z a e a fo rç a
da Palavra divina, a m e d ia çã o colocam em jo g o a relação entre o corpo e
o livro, os possív eis usos da escrita e as c a
religiosa e a presença no universo.
Carl S p itz w e g , Le lec teur de
bréviaire, le soir, cerca de 1845- tegorias in telectu ais qu e assegu ram su a
1850.
Paris, M u s e u d o Louvre. com preen são.
A AVENTURA DO LIVRO 77
0 le ito r entre limitações e liberdade
DO LIVRO
0 le ito r entre limitações e liberdade
: 3ginas se g u in tes.
Co m o cinem a e a fo to g rafia, em co ntrap artid a, o s
- esq u erd a. leito res são surp reend id o s p ela o bjetiv a. O que p er
jm o d is ta n c ia m e n to p ró p rio da
;e :o n s titu iç ã o h istó rica , u m le ito r m ite v er p ráticas d e leitura m ais d eso rd enad as, m e
século XVIII, nas tin ta s de um
: '~ t o r d o século XIX, Ernest no s co ntro lad as. A p intura o u a grav ura im o bili
/e is s o n ie r. 0 le ito r a ris to c rá tic o ,
z am o s le ito re s n u m a atitu d e q u e re m e te às
, e stid o de b ra n co ,
:e s c u id a d a m e n te a p o ia d o na co nv ençõ es e có d ig o s atribuíd o s à leitura legítim a.
c o rd a da m esa, lê u m livro de
: e q u e n o fo r m a to . N ão se p o d e d aí inferir que to d o s o s leito res les-
Ernest M e isso n ie r, Le liseur bíanc,
‘ 357. Paris, M u s e u d'O rsay.
sem fo rço sam ente sentad o s no interio r d e um g a
b inete o u d e um salão . Eles p o d iam ter p ráticas d e
- direita.
século antes, n u m a posição leitura m ais livres que não eram co nsid erad as co m o
~ e n o s d e s c o n tra íd a , o u t r o le ito r
~ : o r e instalou-se c o m o d a m e n te leg itim am ente rep resentáv eis. O s leito res d o s livro s
: ; b as fo lh a g e n s para ler u m
p o rno g ráfico s o u eró tico s liam talvez co m uma única
~ a n u s c r ito in -fóiio.
- e itu ra é, a in d a a q u i, le itu ra de m ão , seg und o a exp ressão d e Ro usseau. Um a q u es
r5".udo e de saber, m as a b a n d o n o u
: re tiro d o g a b in e te para d e s fru ta r tão im p o rtante p ara o trabalho histó rico é m ed ir a
:s a tra tiv o s d o ja r d im à inglesa.
_" j i s C arrogis, d ito C a rm o n te lle .
p o ssív el d istância entre, d e um lad o , aquilo que é
. 'onsieur de Longueil, p rim e ira
lícito rep resentar e, d e o utro , o s g esto s efetiv o s, as
"-e ta d e d o século XVIIJ (Gruyer, t. II,
28).C hantilly, M u s e u de C ondé. p ráticas reais. Freq ü entem ente, o s histo riad o res d e-
A AVENTURA DO LIVRO 79
0 le ito r entre limitações e liberdade
O
82 A AVENTURA DO LIVRO
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O
84 A AVENTURA DO LIVRO
0 le ito r entre limitações eliberdade
A AVENTURA DO LIVRO 85
0 l ei t or entre limitações e liberdade
P ara v oltar à qu estão qu e atrav essa toda esta nossa con v ersa..a
tran sform ação da leitu ra p elo suporte qu e a m aterializ a, v ocê
dev e c o n c o rdar qu e está prov av elm en te am eaç ada a lectio
d ivina, tal com o a p ratic am as v elhas m u lheres de R em brandt.
m u n idas de ócu los dian te de seus in-fólio.
D esd e a ép o ca d e Rem brand t, co lo cav a-se a q u es
tão se a Bíblia p o d ia ser p ublicad a em p eq u eno
fo rm ato . A sacraliz ação d o texto , d izia-se, não p o
d ia resistir à ind ig nid ad e d o p eq u eno fo rm ato . Ela
d e fato resistiu à p assag em d o ro lo ao có d ex, ao
ab and o no d o in-fó lio e, sem d úvid a, resistirá à p as
sag em p ara o texto eletrô nico .
88 A AVENTURA DO LIVRO
0 leitor entre limitações eliberdade
D
Sobre o c h a m a d o e x e m p la r de
q u e isto não é m ais v erd ad eiro . O leito r não é mais
B o rd e a u x d o s Essais, M o n t a ig n e
c o lo c o u , de p r ó p r io p u n h o , as
co nstrang id o a intervir na m argem , no sentid o lite
c o rre çõ e s e as e m e n d a s q u e ral o u no sentid o figurad o . Ele p o d e intervir no
desejava ve r inseridas na
co ração , no centro . Q ue resta então da d efinição
re e d iç ã o de sua o b ra . Este
e x e m p la r c o rrig id o da q u in ta d o sag rad o , que sup unha um a auto rid ad e im p o n
e d içã o , a de A b e l L'A ngelier, d o uma atitud e feita d e rev erência, d e o b ed iência
p u b lic a d a e m 1 5 8 8 , tr a n s fo r m o u -
o u d e m ed itação , q u and o o sup o rte m aterial c o n
se assim e m u m a nova cópia d o
te x to d e s tin a d a ao im pressor. Ele fund e a d istinção entre o auto r e o leito r, entre a
p e rm ite e n te n d e r, mais de p e rto , auto rid ad e e a ap ro p riação ? Eu não sei se um a re
o d iá lo g o crítico d o a u to r c o m
sua p ró p ria criação.
flexão teo ló g ica se d esenv o lv eu no m und o d o tex
Paris, B ib lio te ca N a cio n a l. to eletrô nico , m as ela seria abso lu tam ente ap aixo -
nante, ao lad o d e um a reflexão filo só fica o u d e
um a reflexão juríd ica.
A AVENTURA DO LIVRO 91
0 le ito r entre limitações e liberdade
A AVENTURA DO LIVRO 93
0 le it o r entre limitações eliberdade
O
A AVENTURA DO LIVRO 95
A leitura en tre a fa lt a e o excesso
A AVENTURA DO LIVRO 99
A leitura en tre a fa lt a e o excesso
DO LIVRO
A leitura en tre a fa lt a e o excesso
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Dois séculos mais ta rd e , na Paris sem p re) um co leg a que, no p ró p rio m eio , p o d ia
o c u p a d a (a f o to g r a f ia d a ta de
p restar ao s o utro s esse serv iço d a escrita. Isto não
1 9 4 3 ), a m e d ia ç ã o da escrita
fe m in iz o u -s e e m e ca n izo u -se . Na q uer d izer q u e as so cied ad es atuais sejam necessa
m á q u in a de escrever, a q u e la q u e riam ente m eno s alfabetizad as que as d o fim d o
escreve para os o u tro s dedica-se
sem d ú v id a ao p r e e n c h im e n to
sécu lo XIX, m as sim p lesm ente q u e a interio rização
dos p a p é is e fo r m u lá r io s o ficia is d as exig ências d o Estad o buro crático lev a a d ele
re q u e rid o s pela a d m in is tra ç ã o .
gar a um esp ecialista aquilo d e que não no s senti
M a d a m e L e g ra n d , escrevente
p ú b lica . Paris, 1 9 4 3 . m o s cap az es nó s m esm o s.
1 08 A AVENTURA DO LIVRO
A leitura en tre a fa lt a e o excesso
DO LIVRO
A p a r tir dos anos 1 8 3 0 , cates - o que não q uer d izer necessariam ente no
a p ro d u ç ã o d o livro e n tr o u em
cam p o . “Sem q ualid ad e”, estas o bras eram co nd e
u m a nova era. A im p re ssã o ,
a fa b ric a ç ã o d o papel, a nad as ao d esd ém d o s letrad o s e ao d esap arecim en-
- *■
1 18 A AVENTURA DO LIVRO
A biblioteca en tre r eu n ir e dispersar
A AVENTURA DO LIVRO 1 19
A biblioteca en tre r eu n ir e dispersar
No suave c o n f o r to de u m in te rio r
Os reg ulam ento s reco nhecem esta no v a no rm a e a
b u rg u ê s , a leitora e n la n g u e s c id a
p re fe riu os ro m a n c e s em im p õ em àq ueles que não teriam aind a interio rizad o
b ro c h u ra (u m está a b e r to no a p rática silencio sa da leitura. Po d e-se então sup o r
chão, c o m o se a le itu ra tivesse
sido in te r r o m p id a e o o u t r o é
que antes, nas scriptoria m o násticas o u nas b ib lio
s e g u ro pela sua m ã o e s q u e rd a ) tecas das p rim eiras univ ersid ad es, o uv ia-se um ru
em vez d a q u e le s e n c a d e rn a d o s
mor, p ro d uzid o p o r essas leituras murmurad as, que
da e s ta n te , b e m a rru m a d o s mas
sem d ú v id a p o u c o lidos. o s latino s cham av am d e rum inatio. O silêncio é
G e o rg e s C ro e g a e rt (n a scid o em
uma co nquista reco lo cad a em questão ho je. O p ro
1 8 4 8 ), Heures de loisirs, início d o
século XIX. C o le çã o p a rtic u la r. blem a se p õ e to d as as v ez es que uma p rática cu l
tural ganha aqueles que não tenham sid o fo rmad o s,
p o r trad ição familiar o u so cial, a recebê-la nas co n
d içõ es que ela exig e. O cinem a é bem sinto m ático
d essa v isão . Há ho je, nas salas d e cinem a, muito s
esp ectad o res que reagem co m o se estiv essem diante
d e sua telev isão . Eles falam, co m unicam -se, co m en
tam, co m o se a sala fo sse um lugar em que o silên
cio não se im p usesse. Enquanto p ara o utro s esp ec
tad o res, habituad o s a um a o utra m aneira d e ser, o
silêncio é um a co nd ição necessária d o p razer cine
m ato g ráfico .
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1 2 6 A AVENTURA DO LIVRO
A biblioteca en tre r eu n ir e dispersar
DO LIVRO
0 n u m é ric o como sonho de universal
No sé cu lo XVIII, n u m e ro s a s são
as e d içõ e s fin a n c ia d a s p o r 4 s, t f
SV-gj
l ^ *j-Fi M ‘V» ^ '*V"í ^
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DU D ÍCTIO N N A IRE
se rã o dezessete) e seiscentas
p ra n c h a s (em o n z e v o lu m e s ).
A p e s a r das d ific u ld a d e s e das RAt S ÒNKÉ
censuras, e m suas seis d ife re n te s í) ES S C I E N C E S , D ES A RT S
è
e d ições, a o b ra , p u b lic a d a d e n tr o
e fo ra d o reino, será u m best- ET DES MÉTIERS.
seller, c o m p e r to de 2 5 m il *Oü P^.RACE quç nons annonçons *
e x e m p la re s . C o le tâ n e a das o b ra s ■ j$ %| «’<?/?/>/«$ un fíuvrags àfaire. Le Manuf-
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1 3 8 A AVENTURA DO LIVRO
0 n u m é ric o como sonho de universal
A AVENTURA DO LIVRO 1 3 9
0 n u m é ric o como sonho de universal
Página p re c e d e n te .
instrum ento s da eletrô nica, tal em p resa d e “livros
Vanitas vanitatum. C o m o o re ló g io
q u e e sca n d e o cu rso d o te m p o , à la c art é ’ p ro p o nha “reed itar” para v o cê, em um
c o m o os in s tru m e n to s de m úsica
c o m as n o ta s e fê m e ra s , c o m o os exem p lar único , aq uele livro que v o cê p ro cura d e
sím b o lo s da g ló ria vã, o livro
p r o fa n o te m seu lu g a r nas
sesp erad am ente há ano s. D isp o r d e um texto p o r
c o m p o s iç õ e s q u e q u e re m e n s in a r esse cam inho não d isp ensará a aquisição , quand o
a fra g ilid a d e das coisas deste
m u n d o . D ia n te da irre m e d iá v e l ap arecer a o p o rtunid ad e, d e um exem p lar d e sua
d e s tru iç ã o , o ú n ic o a m p a r o ve m
dos dois livros de Deus: a N atureza, antiga ed ição . No tem p o d as telas, o m und o da
q u e é sua criação, e a Bíblia, o n d e
c o leç ão tem aind a b elo s dias d iante d e si.
está inscrita sua Palavra.
E d w a e rt Collier, Vanité, 16 6 4,
Leiden, Stedelijk M u s e u m De
Lakenm al.
1 5 2 A AVENTURA DO LIVRO
0 numérico comosonho de universal