Cade - JV Cargil
Cade - JV Cargil
PARECER Nº 18/2023/CGAA1/SGA1/SG/CADE
Ato de Concentração nº 08700.001255/2023-17
Requerentes: Sartco Ltda., Amaggi Exportação e Importação Ltda., Bunge Alimentos S.A., Cargill Agrícola S.A. e Louis Dreyfus
Company Brasil S.A.
Advogados: Sérgio Varella Bruna, Natalia Salzedas Pinheiro da Silveira, Marina Lissa, Oda Horita e Bruno Hugi
VERSÃO PÚBLICA
SUMÁRIO
1. REQUERENTES
1.1 Sartco Ltda. (“Sartco”)
1.2. Amaggi Exportação e Importação Ltda. (“Amaggi”)
1.3. Bunge Alimentos S.A. (“Bunge”)
1.4. Cargill Agrícola S.A. (“Cargill”) e Louis Dreyfus Company Brasil S.A.
1.5. Louis Dreyfus Company Brasil S.A. (“LDC”)
2. ASPECTOS FORMAIS DA OPERAÇÃO
3. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO
4. PREÂMBULO
5. MERCADOS RELEVANTES
5.1. Considerações iniciais
5.2. Transporte rodoviário de cargas (“TRC”)
5.2.1. Dimensão produto
5.2.2. Dimensão geográfica
5.3. Intermediação de frete rodoviário por meio de software
5.3.1. Dimensão produto
5.3.2. Dimensão geográfica
5.4. Pagamento eletrônico de frete (“PEF”)
5.4.1. Dimensão produto
5.4.2. Dimensão geográfica
5.5. Conclusões quanto às definições dos mercados relevantes
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6. INTEGRAÇÕES VERTICAIS
6.1. Considerações iniciais
6.6. Integração vertical no transporte rodoviário de cargas
6.6.1. Demanda por transporte rodoviário de carga (TRC)
6.6.2. Possibilidade de fechamento de mercado
6.5.1. Conclusão
6.6. Integração vertical na intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software
6.6.1. Demanda por intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software
6.6.2. Possibilidade de fechamento de mercado
6.7. Integração vertical no pagamento eletrônico de frete nacional
6.7.1. Demanda por pagamento eletrônico de frete
6.7.2. Possibilidade de fechamento de mercado
7. GARANTIAS CONTRATUAIS RELACIONADAS AO MODELO DE GOVERNANÇA APRESENTADAS PELAS REQUERENTES
8. CONCLUSÃO
1. REQUERENTES
1.1. Sartco Ltda. (“Sartco”)
1. A Sartco é uma empresa do Grupo Archer Daniels Midland (“Grupo ADM”), que atua principalmente na originação de
grãos, processamento e esmagamento de soja (e produtos decorrentes dessas atividades), cultivo de palma, produção e
comercialização de óleos vegetais, biodiesel, ingredientes especiais (via Wild Flavors e Specialty Ingredients) e para nutrição animal,
além de logística.
2. A empresa teve faturamento bruto no ano fiscal de 2021 no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM], e, no
mundo de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM].
3. Já o Grupo ADM teve faturamento bruto no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM], e, no mundo de
[ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM].
1.2. Amaggi Exportação e Importação Ltda. (“Amaggi”)
4. A Amaggi é uma empresa que atua na produção, armazenamento, processamento, transporte e comercialização de
grãos de soja e produtos derivados.
5. Ela é parte do grupo Amaggi (“Grupo Amaggi”), um grupo brasileiro que atua mundialmente nos segmentos de
produção, cultivo, processamento e comercialização de commodities agrícolas, bem como em atividades de logística, operação
portuária, geração e venda de energia elétrica.
6. O faturamento bruto da Amaggi, no ano de 2021, no Brasil, foi de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À AMAGGI] e, no
mundo [ACESSO RESTRITO AO CADE E À AMAGGI].
7. Já o Grupo Amaggi teve faturamento bruto no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À AMAGGI], e, no mundo de
[ACESSO RESTRITO AO CADE E À AMAGGI].
1.3. Bunge Alimentos S.A. (“Bunge”)
8. A Bunge é uma empresa que atua nos setores de agronegócio e de alimentos, principalmente na originação de grãos,
no processamento e na comercialização de commodities agrícolas, na comercialização e industrialização de cereais a granel ou
embalados, de sementes oleaginosas, produtos alimentícios e serviços portuários, operando, assim, desde a originação do grão até a
produção de alimentos ao consumidor final.
9. A empresa teve faturamento bruto no ano fiscal de 2021 no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À BUNGE], e, no
[1]
mundo de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM].
10. Já o Grupo Bunge teve faturamento bruto no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À BUNGE], e, no mundo de [2]
[ACESSO RESTRITO AO CADE E À BUNGE].
1.4. Cargill Agrícola S.A. (“Cargill”) e Louis Dreyfus Company Brasil S.A.
11. A Cargill é uma empresa do grupo Cargill (“Grupo Cargill”), que oferece uma ampla gama de produtos e serviços
alimentícios e agrícolas, como exportação de soja e milho, esmagamento de soja para produção de óleo e farelo para alimentação
animal, e o fornecimento de insumos para a fabricação de alimentos e bebidas.
12. A empresa teve faturamento bruto no ano fiscal de 2021 no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À CARGILL], e, no
mundo de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À CARGILL].
13. Já o Grupo Cargill teve faturamento bruto no Brasil, de [ACESSO RESTRITO AO CADE E À CARGILL], e, no mundo de
[ACESSO RESTRITO AO CADE E À CARGILL].
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Operação
foi Sim.
conhecida?
Sim, conforme Despacho
Taxa processual
Ordinatório SECONT (SEI
foi recolhida?
1191426).
Data da
16 de fevereiro de 2023
notificação
O Edital nº 220/2023
(SEI 1234339), que deu
Data de
publicidade à operação em
publicação do
análise, foi publicado no
edital
DOU do dia 17 de maio de
2023 (SEI 1234735).
3. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO
18. A Operação consiste na criação de uma joint venture para, primordialmente, suprir uma parcela dos serviços de
transporte rodoviário de cargas necessários às atividades de originação de produtos agrícolas (“JV”) (“Operação”) das Requerentes,
conforme detalhado na Carta de Intenções (“Term Sheet”), datada de 27 de janeiro de 2023 (SEI 1191325 e SEI 1191326).
19. De acordo com as Requerentes, elas continuarão operando suas estruturas logísticas de modo independente, sem
qualquer obrigação de exclusividade em relação à JV, podendo contratar serviços de transporte rodoviário de cargas de qualquer
outra empresa além da JV.
20. As empresas também esclarecem que, embora controlem suas próprias Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas
(“ETCs”), essas se limitam ao atendimento das necessidades próprias de cada uma delas - finalidades cativas. Ou seja, elas não atuam
na oferta de serviços de transporte rodoviário de carga ao mercado de modo que a presente Operação não levará a qualquer
aumento de concentração horizontal.
21. Por outro lado, as atividades da JV se integrarão verticalmente com as das Requerentes, no que tange ao mercado de
originação de produtos agrícolas, da mesma forma como já ocorre atualmente com as ETCs cativas por essas operadas, que
continuarão funcionando.
22. Segundo narrado pelas Requerentes, a Operação ocorrerá em duas etapas:
a) As operações da JV começarão com [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES], para testar a viabilidade
das operações da JV.
b) Caso o modelo de negócios da JV seja validado, ao cabo de 5 anos, a intenção é que a JV seja proprietária de
[ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES].
23. Assim sendo, a JV atenderá apenas uma pequena fração das suas demandas por transporte rodoviário de carga,
conforme será detalhado adiante, continuando aquelas a se utilizar de ETCs e Transportadores Autônomos de Cargas (“TACs”) para
suprir a necessidade remanescente.
24. De acordo com as Requerentes, o número inicial de [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] corresponde
a [ACESSO RESTRITO AO CADE] das necessidades atuais de transporte rodoviário de carga delas (considerando a demanda de 2022),
e, os [ACESSO RESTRITO AO CADE]da demanda atual somada das Partes (dados de 2022).
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25. Além disso, destacam que a Carta de Intenções de criação da JV prevê uma série de medidas de compliance antitruste
que serão implementadas uma vez que a Operação seja aprovada, sendo as principais:
a) As Requerentes, sejam como sócias ou como membros do Conselho de Administração da JV, não serão
responsáveis pela condução de atividades do dia a dia da empresa e não terão acesso a informações
concorrencialmente sensíveis umas das outras Partes e/ou de qualquer outro cliente da JV que seja concorrente
delas;
b) As Requerentes que comparecerem às Assembleias Gerais de Acionistas e os Diretores que comparecerem às
reuniões do Conselho de Administração deverão discutir os tópicos constantes de pauta previamente divulgada. Um
advogado antitruste ou profissional de compliance deverá estar presente nas reuniões, para garantir o cumprimento
da legislação antitruste e das políticas internas da JV, bem como para assegurar que todas as discussões sejam
devidamente registradas em ata;
c) Os relatórios operacionais a serem apresentados às Requerentes sobre suas próprias atividades serão limitados a
suas informações em específico e não incluirão informações das outras participantes;
d) A JV adotará políticas de acesso restrito a informações comerciais pelas Requerentes e pelos membros do
Conselho de Administração, por meio da implementação de sistemas de tecnologia da informação (“TI”) adequados,
com códigos e diferentes níveis de acesso, rastreabilidade de acesso e preservação da confidencialidade das
informações concorrencialmente; e
e) A JV adotará políticas de compliance antitruste adequados e treinamentos periódicos.
26. O valor da Operação é de aproximadamente [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES], no primeiro ano, tendo
como base o valor médio de [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] por caminhão e uma frota de cerca de [ACESSO
RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] nesse mesmo período, bem como a infraestrutura de apoio. Ao cabo de 5 anos, o plano é
levar a frota até [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES], o que elevaria o investimento total para aproximadamente
[ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES], a valores correntes[4].
27. A figura abaixo contém o organograma com a estrutura societária da JV após a Operação:
Figura 1. Estrutura Simplificada da Operação
Fonte: Requerentes (SEI 1191315)
28. A Operação, apontam as Requerentes, representa uma oportunidade de atenuar ineficiências logísticas que elas têm
enfrentado na originação de produtos agrícolas, sobretudo durante os picos de safra, que acabam por gerar atrasos no transporte dos
gêneros agrícolas destinados à exportação, levando a custos e ineficiências, em especial, relacionados às despesas decorrentes do
atraso no carregamento dos navios por meio dos quais os produtos são exportados.
29. Por fim, indicam pretender que a JV forneça às suas acionistas um certo número de caminhões com seus respectivos
motoristas, que serão gerenciados por cada uma de das empresas, de maneira independente e sem interferência das demais.
[ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES].
4. PREÂMBULO
30. Antes de se passar à análise da presente Operação é importante salientar que essa guarda um grande grau de
semelhança com a análise empreendida no âmbito do AC nº 08700.003130/2021, que ficou conhecido como AC Carguero, incluindo
alguns dos Requerentes. Desse modo, visando atender ao princípio da economia processual, e uma vez que não houve grandes
transformações regulamentares, jurisprudenciais e fáticas desde de a prolação daquela decisão[5], em 23 de fevereiro de 2022, muito
do apurado e discutido naqueles autos será aproveitado no presente caso.
31. Naquela ocasião, por meio do Contrato de Investimento (Investment Agreement), LDC e Amaggi (“Investidores
Originais”), juntamente com Cargill, Sartco e Dalablog Participações Ltda. (“Dalablog”)[6] (“Novos Investidores”), notificaram sua
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pretensão de se associar na Carguero Inovação Logística e Serviços S.A. (“Carguero”)[7] [8], empresa atuante no mercado de
intermediação de frete rodoviário de cargas via plataforma digital, e na Green Net Administradora de Cartão Ltda. (“Green Net”)[9]
[10], empresa que oferta serviços de pagamento eletrônico de frete e pedágios (“Empresas-Alvo”).
32. O Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[11], entendeu pela aprovação do AC Carguero sem restrições, face à ausência
de preocupações concorrenciais.
33. No mesmo sentido, o Voto do Relator Conselheiro Sérgio Costa Ravagnani[12], cuja ementa se transcreve a seguir:
“ATO DE CONCENTRAÇÃO. ORDINÁRIO. ASSOCIAÇÃO ENTRE CONCORRENTES POR MEIO DE INVESTIMENTO E
PARTICIPAÇÃO CONJUNTA NAS SOCIEDADES CARGUERO E GREEN NET. AQUISIÇÃO DE CONTROLE. OPERAÇÃO REALIZADA
NO BRASIL. MERCADO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS. MERCADO DE INTERMEDIAÇÃO DE FRETE RODOVIÁRIO
DE CARGAS. MERCADO DE PAGAMENTO ELETRÔNICO DE FRETE. MERCADO GEOGRÁFICO NACIONAL. ABRANGÊNCIA
NACIONAL. INTEGRAÇÃO VERTICAL. RECURSO DE TERCEIRO INTERESSADO. CONHECIMENTO. APROVAÇÃO SEM
RESTRIÇÕES.
1. Ausência de capacidade e incentivos para fechamento de mercado é capaz de afastar preocupações concorrenciais em
mercados verticalmente integrados.
2. A existência e viabilidade de compradores alternativos para o insumo no mesmo mercado geográfico, a mobilidade da
estrutura de oferta e baixo custo de desvio de fornecimento mitigam o exercício do poder de compra.
3. Garantias quanto à gestão independente de empresa sujeita a controle comum entre concorrentes, existência de
mecanismos de controle, monitoramento e tratamento do fluxo de informações sensíveis no âmbito de órgãos decisório e
acionistas, podem mitigar preocupações concorrenciais relacionadas ao exercício de poder coordenado e
compartilhamento de informações concorrencialmente sensíveis entre concorrentes.”
34. Feita essa observação inicial sobre a utilização, em vários momentos, do apurado e decidido no AC Carguero, passa-se à
análise dos mercados relevantes envolvidos na criação da JV em questão.
5. MERCADOS RELEVANTES
5.1. Considerações iniciais
35. O Guia de Análise de Atos de Concentração Horizontal do Cade (“Guia H”)[13] dispõe da seguinte forma sobre a
definição do Mercado Relevante (MR):
“A delimitação do MR é o processo de identificação do conjunto de agentes econômicos (consumidores e produtores) que
efetivamente reagem e limitam as decisões referentes a estratégias de preços, quantidades, qualidade (entre outras) da
empresa resultante da operação.”.
36. A importância da delimitação do Mercado Relevante na análise antitruste relaciona-se, portanto, à necessidade de
delimitar o espaço concorrencial potencialmente afetado pela operação, mas o Cade pode defini-lo na forma de cenários ou sem força
vinculativa a casos futuros (“mercado relevante em aberto”), em especial quando houver baixa concentração em todos os cenários
possíveis, considerando diferentes delimitações geográficas e / ou de produtos.
37. Isso se dá porque “a delimitação de mercado é uma ferramenta útil, entretanto, não é um fim em si mesmo. A
identificação dos possíveis efeitos competitivos envolve avaliar condicionantes que, por vezes, estão fora do mercado relevante pré-
definido. Assim, a delimitação do MR não vincula o Cade, seja porque é um mero instrumento de análise, seja porque o mercado é
dinâmico”[14].
38. Feitas essas considerações, passemos ao caso em tela.
39. Conforme descrito no Formulário de Notificação[15], todas as Requerentes possuem atividades no segmento de
originação de commodities agrícolas no Brasil. A título informativo, commodities agrícolas são essencialmente cultivos de base,
produzidos em fazendas e plantações. A cadeia de fornecimento de commodities agrícolas abrange vários estágios intermediários
entre a produção e o consumo, incluindo originação, armazenagem, processamento, transporte, comércio e distribuição.
40. Segundo precedentes do Cade[16] , o mercado de originação de grãos compreende o processo de compra,
armazenagem e transporte de commodities por parte de tradings, cooperativas, corretoras e armazenadores, que atuam em contato
direto com os produtores desses bens.
41. Sobre o tema, o Parecer nº 278/2022/CGAA5/SGA1/SG[17] [18], na nota de rodapé número 3, subdivide o processo em
três etapas – aquisição, armazenagem e distribuição/comercialização, da seguinte forma:
“Mais especificamente, a originação consiste em uma compra e venda de commodities agrícolas, cujos preços são regidos
pela bolsa de valores de Chicago, nos Estados Unidos da América. Em geral, o processo se subdivide em três etapas: (i)
aquisição, (ii) armazenagem e (iii) distribuição/comercialização. A aquisição de grãos pode ocorrer de diversas formas, por
exportação, importação, diretamente no mercado spot ou via aquisição antecipada da produção via contrato, por
exemplo. A armazenagem, etapa intermediária entre a colheita e destino dos grãos, se dá em função de diversos
aspectos, como questões logísticas e para que o originador possa proceder à padronização dos grãos (limpeza, seleção e
secagem, por exemplo). A etapa final do processo de originação consiste na distribuição e venda do produto para
indústrias processadoras de grãos ou outro destinatário final, nacional ou internacional. A escolha pelo modal de
transporte, pelo qual o produto será enviado ao seu destino final, é determinada por diversos fatores, como a distância
entre os grãos armazenados e o comprador e custos.” (grifo nosso)
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42. Feito esse esclarecimento sobre o que se entende por originação de commodities agrícolas, que, segundo as
Requerentes seria o núcleo de seus negócios, saliente-se que essas empresas alegam que, embora demandem contratação de frete
rodoviário para transporte de suas cargas, e, até mesmo atuem na prestação desse serviço de forma cativa, a criação da JV não
ocasionará sobreposição horizontal, posto que:
a) As empresas envolvidas não prestam serviços para terceiros no mercado de transporte rodoviário de cargas;
b) [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM];
c) O Grupo ADM, a Bunge e a LDC [ACESSO RESTRITO AO CADE]; e
d) [ACESSO RESTRITO AO CADE E À BUNGE]
43. Por outro lado, as Requerentes indicaram que a Operação poderá ocasionar algumas integrações verticais, envolvendo
os seguintes mercados:,
a) Transporte rodoviário de cargas (atividade da JV no mercado de transporte rodoviário de cargas e a atividade das
Requerentes como embarcadoras de cargas agrícolas);
b) Intermediação de frete rodoviário por meio de software, atividade realizada pela Carguero e pela Vector; e
c) Pagamento eletrônico de frete, efetuado pela Green Net, subsidiária da Carguero.
44. Identificadas as relações, passa-se à definição dos mercados relevantes afetados pela presente Operação.
5.2. Transporte rodoviário de cargas (“TRC”)
5.2.1. Dimensão produto
45. As Requerentes definem o transporte rodoviário remunerado de cargas como sendo uma atividade econômica em
sentido estrito, regida pela Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007[19], que, além de fixar os parâmetros para seu exercício, atribuiu à
Agência Nacional de Transportes Terrestres (“ANTT”) a competência para a regulação e supervisão do setor. Segundo aquelas, o art. 2º
da citada Lei estabelece que a atividade é exercida pelos particulares por direito próprio e sujeita-se ao regime de livre competição,
muito embora os que a queiram explorar de forma comercial devam obter um registro específico junto à ANTT - o Registro Nacional
de Transportadores Rodoviários de Cargas (“RNTR-C ou RNTRC”):
“Art. 2o A atividade econômica de que trata o art. 1o desta Lei é de natureza comercial, exercida por pessoa física ou
jurídica em regime de livre concorrência, e depende de prévia inscrição do interessado em sua exploração no Registro
Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTR-C da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, nas
seguintes categorias:
I - Transportador Autônomo de Cargas - TAC, pessoa física que tenha no transporte rodoviário de cargas a sua atividade
profissional;
II - Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC, pessoa jurídica constituída por qualquer forma prevista em lei que
tenha no transporte rodoviário de cargas a sua atividade principal.
III - Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas (CTC), sociedade cooperativa na forma da lei, constituída por pessoas
físicas e/ou jurídicas, que exerce atividade de transporte rodoviário de cargas; (Incluído pela Lei nº 14.206, de 2021)”
46. As empresas apontam que Resolução ANTT nº 4.799 de 27 de julho de 2015 trouxe duas categorias de transportadores
rodoviários de cargas, o Transportador Rodoviário de Carga Própria (“TCP”) e o Transportador Rodoviário Remunerado de Cargas
(“TRRC”), sendo que apenas o último está sujeito ao registro obrigatório no RNTR-C. De acordo com elas, essa Resolução ainda
determina que os TRRCs podem ser subdivididos em outras três categorias:
a) TAC;
b) ETC; e
c) Equiparados ao TAC (“Equiparados”): ETC que possua até três (3) veículos registrados na ANTT e em Cooperativas
de Transporte de Cargas (“CTC”)
47. Também foi aduzido pelas Requerentes que os precedentes do Cade[20] definem o mercado de produto como
transporte rodoviário de cargas, sem segmentação quanto ao tipo, e que se trata de mercado altamente pulverizado e competitivo.
48. Em consulta ao Manual de Procedimentos de Fiscalização do Transporte Rodoviário de Cargas da ANTT[21], foi
encontrado o seguinte conceito de TRC:
“A atividade econômica, de natureza comercial, do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado em vias públicas, no
território nacional, por conta de terceiros e mediante remuneração, exercida por pessoa física ou jurídica em regime de
livre concorrência, depende de prévia inscrição, no RNTRC, do interessado em sua exploração.”
49. Conforme detalhado pelas Requerentes, cabe à ANTT regulamentar a inscrição dos interessados na exploração do TRCC
no RNTR-C. Entretanto, a título informativo, Resolução ANTT nº 4.799/2015 citada por aqueles foi substituída pela Resolução ANTT nº
5.982, de 23 de junho de 2022[22], sem alterar as categorias de TRRC, pois essas já constavam da Lei nº 11.442/2007.
50. Quanto à importância desse tipo de transporte no país, a Secretaria Nacional de Trânsito esclarece que cerca de 75% de
todas as mercadorias que são movimentadas pelo território brasileiro utilizam o modal rodoviário, havendo mais de 3,5 milhões de
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Fonte: ANTT[24]
52. Conforme lembrado pelas Requerentes como regra esta autarquia define o mercado de TRC, na dimensão produto
como transporte rodoviário de cargas, sem segmentação quanto ao tipo de carga. Nesse sentido, cite-se o AC Carguero, em nota de
rodapé nº 31:
“No AC 08700.009559/2015‐12 (Fedex Corporation e TNT Express N.V., Parecer 2/2016/CGAA1/SGA1/SG – SEI 0161582), o
Cade considerou o mercado relevante como sendo o transporte rodoviário de cargas, dimensão geográfica nacional,
independentemente do tipo e peso da carga: ‘Diferentemente do mercado de serviços de entrega expressa, no qual os
concorrentes usualmente transportam mercadorias até certo limite de peso, diversos prestadores de serviços de
transporte rodoviário trabalham com cargas de diferentes dimensões, que vão desde pequenos pacotes até grandes
cargas. Não obstante, mesmo quando envolve carga de menor peso, o serviço desses agentes difere substancialmente
daquele prestado pelas empresas especializadas em entrega expressa, principalmente (mas não apenas) em relação ao
tempo de entrega. Assim, o serviço das transportadoras de carga pode, em tese, ser uma opção viável para aqueles
clientes menos sensíveis a tempo e mais sensíveis a preço, ainda que estes transportem cargas de menor peso; no
entanto, não concorrem diretamente com os serviços de entrega expressa, usualmente contratado por clientes mais
sensíveis a tempo e menos sensíveis a preço.’. Também no AC 08700.004030/2012‐51 (Fedex e Rapidão Cometa), a proxy
utilizada foi o faturamento das empresas envolvidas na operação em relação ao total de cargas realizadas por terceiros,
sem segmentação por tipo de carga. Outros precedentes: AC 08700.001020/2021‐55 (JSL e Transportadora Rodomeu), SEI
0881787: ‘(...) o mercado de transporte rodoviário de cargas compreende o transporte de todos os tipos de cargas pelo
modal rodoviário, e a dimensão geográfica adotada para esse mercado é a nacional’; AC 08700.002437/2021‐35 (SMR,
Germânia e Superpão), SEI 0947736: ‘No caso do mercado de transporte rodoviário de cargas, o CADE vem entendendo
uniformemente que a dimensão produto é segregada por tipo de transporte, porém sem discriminação por tipo de carga’;
AC 08700.006428/2020‐32 (Direcional, Prime Express e Prime Time); AC 08700.003526/2020‐18 (BBM Logística e
Translag).”
53. O próprio AC Carguero seguiu a definição produto usualmente adotada nos precedentes do Cade, não segmentando o
mercado de transporte de cargas:
“Em linha com esses precedentes, portanto, a SG adotará, para a perspectiva de demanda de transporte rodoviário de
cargas, sob a dimensão produto, o transporte rodoviário de cargas, sem quaisquer segmentações. Ponderações a respeito
de tipos específicos de carga serão feitas por ocasião da análise da integração vertical, cotejando-se diferentes cenários
para este mercado.”
54. Visando, entretanto, apurar se havia, no caso em tela, necessidade de maior segmentação do mercado, esta
Superintendência-Geral (“SG”) questionou as Requerentes sobre o tipo de produto agrícola para o qual demandavam transporte
rodoviário e que tipo de veículos/carrocerias comportavam esse transporte.
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55. Em resposta[25], foi esclarecido que os grupos econômicos das empresas envolvidas na criação da JV demandam o
transporte rodoviário dos seguintes produtos agrícolas:
a) Grupo ADM: soja, milho, algodão, farelo, trigo, casca de soja, algodão (pluma), glicerina, óleo vegetal, biodiesel,
borra, fertilizantes, defensivos;
b) Grupo Amaggi: soja, milho, farelo de soja, casca de soja, sorgo e algodão (pluma);
c) Grupo Bunge: soja, milho, farelo de soja, trigo, farinha de trigo, farelo de trigo, casca de soja e farelo de algodão;
d) Grupo Cargill: soja, milho, algodão, farelo de soja, açúcar, casca de soja, glicerina, borra, trigo, lenha, goma,
graxaria, cinza, cacau, amido e açúcar; e
e) Grupo LDC: soja, milho, algodão (pluma e caroço), café, arroz, laranja, limão, sucos de frutas, açúcar, fertilizantes
e defensivos.
56. Os veículos utilizados para o transporte rodoviário de carga são os seguintes:
a) Truck: possui três (3) eixos com capacidade máxima de transporte de quatorze (14) toneladas;
b) Carreta simples: possui dois (2) eixos que acoplam um semirreboque para transitar com diversas cargas. A
capacidade de transporte da carreta cavalo simples depende do semirreboque utilizado;
c) Carreta trucada/LS: tem três (3) eixos traseiros e sua capacidade máxima também depende do semirreboque;
d) Bitrem: é caracterizado pela combinação de dois semirreboques acoplados, contando com sete (7) eixos com
capacidade máxima de cinquenta e sete (57) toneladas; e
e) Rodotrem: composto por dois (2) semirreboques, equipados com nove (9) eixos e com capacidade máxima de
carga de setenta e quatro (74) toneladas.
57. As Requerentes ainda escreveram que os principais tipos de carroceria utilizados para o transporte de produtos
agrícolas são:
a) Graneleira: grãos em geral, fertilizantes, açúcar, óleo envasado, algodão, farelo, proteína vegetal, ração animal,
cimento, minério de ferro, materiais de construção, materiais siderúrgicos, celulose, areia;
b) Basculante: grãos em geral, fertilizantes, açúcar, calcário, brita, cimento, minério de ferro, materiais de
construção, materiais siderúrgicos, celulose, areia, transporta ração, farelo, proteína vegetal;
c) Baú/Sider: farelo ensacado, óleo envasado, algodão, proteína vegetal, ração animal, açúcar, cimento ensacado,
materiais de construção, celulose, areia ensacada, fertilizante ensacado;
d) Tanque (Transporte Vegetal): óleo vegetal granel;
e) Tanque refrigerado: suco de laranja; e
f) Tanques (Transporte Combustíveis): biodiesel, glicerina, metanol e etanol.
58. Registraram as interessadas que todos os veículos mencionados são graneleiros e podem ser utilizados para o
transporte de grãos e cereais, bem como de outras cargas secas a granel, como produtos agrícolas diversos, fertilizantes, materiais de
construção, minerais, sal, cimento e minério de ferro. Além disso, arguiram que o transporte de variados tipos de mercadorias nos
mesmos equipamentos é prática comum pelos transportadores, que carregam qualquer produto que possa ser adequadamente
acomodado na carroceria dos veículos, buscando, assim, maximizar o uso do caminhão, aumentando o número de viagens e,
consequentemente, a sua renda. O mesmo se aplicaria em relação aos tanques, pois esses equipamentos possuem flexibilidade e
podem transportar uma grande variedade de líquidos.
59. Esta Superintendência solicitou às transportadoras concorrentes que informassem quais os tipos de cargas
transportadas, para apurar se é necessária a segmentação adicional. O que se constatou, no geral, é que as empresas transportam
diferentes tipos de carga, conforme detalhado a seguir:
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhMd… 8/52
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Transporte [ACESSO RESTRITO AO
Transvidal Ltda. CADE]
Grãos, fertilizantes,
Lontano minérios de ferro, açúcar,
Transportes Ltda. combustível,
industrializados.
HU Transporte
Todos os tipos de cargas.
Rodoviário Ltda.
Rodomaior
Somente cargas granel
Transportes Ltda.
Trabalhamos
especificamente com o
transporte de produtos
Fribon agrícolas, derivados e
Transportes Ltda. insumos agrícolas, (milho,
sorgo, pluma e caroço de
algodão, soja, fertilizantes,
calcário dentre outros.)
Rodolider
Transportes e
Sim para todos os tipos.
Agenciamento de
Cargas Ltda.
Transvale Transporte de insumos e
Transporte commodities.
AJS S TUR [ACESSO RESTRITO AO
Turismo Ltda. CADE]
Transoeste Cargas especificas, como
Logística Ltda. cargas secas e a granel.
Mafro [ACESSO RESTRITO AO
Transportes Ltda. CADE]
Rodobelo
Transportes Todo tipo de carga.
Rodoviários Ltda.
Transval
Transportadora Todos os tipos de cargas
Valmir Ltda.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhMd… 9/52
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Rodomaior Sim, podemos transportar
Transportes Ltda. pelo tipo de carroceria.
Sim. É preciso observar e
prestar atenção nas
Fribon medidas das carrocerias e
Transportes Ltda. o material a qual elas são
revestidas, mas a princípio
não há restrição.
Rodolider
Sim, a carroceria do
Transportes e
graneleiro comporta todos
Agenciamento de
esses tipos de produtos.
Cargas Ltda.
Sim, desde que não haja
contaminação cruzada, ou
Transvale seja, que resíduo do
Transporte produto da carga anterior
venha a contaminar a
próxima.
AJS S TUR [ACESSO RESTRITO AO
Turismo Ltda. CADE]
Sim. O produto se
ajustando na carroceria
graneleira. Tampas
madeira, cimento
Transoeste
ensacado, materiais
Logística Ltda.
siderúrgicos, fertilizantes,
calcário (mais ideal é
caçamba), açúcar e
algodão.
Os veículos pesados,
destinados ao transporte
de grãos e cereais (milho,
soja, etc.), também estão
Mafro aptos ao transporte de
Transportes Ltda. outros tipos de produto,
inclusive produtos agrícolas
em geral, produtos da
indústria e materiais de
construção.
Sim, como se trata de
transporte de grãos não
beneficiados, é possível o
Rodobelo
transporte de outros
Transportes
produtos em carga de
Rodoviários Ltda.
retorno. Para isso, basta
apenas a limpeza e/ou
higienização da carroceria.
Sim. Caçambas carregam
Transval qualquer tipo de grão e
Transportadora graneleiros carregam
Valmir Ltda. fardos e produtos
acabados.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 11/52
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Fonte: CNT[29]
65. Portanto, conclui-se que a dimensão geográfica a ser adotada para o mercado de transporte rodoviário de carga é a
nacional.
5.3. Intermediação de frete rodoviário por meio de software
5.3.1. Dimensão produto
66. As Requerentes informam que a intermediação de frete rodoviário por meio de software ocorre através da utilização de
plataformas digitais que conectam duas ou mais categorias diferentes de usuários, facilitando trocas benéficas entre os agentes
envolvidos.
67. Citam, sobre esse mercado, a discussão ocorrida durante a análise do AC Carguero, no qual, devido às baixas
participações de mercado da Carguero, a SG-Cade entendeu que a definição poderia ser deixada em aberto. Destacam os seguintes
pontos que teriam sido identificados pela Superintendência naquela ocasião:
a) Embora existam distintos modelos de negócios entre as plataformas digitais para intermediação de frete
rodoviário, sob o ponto de vista do transportador/caminhoneiro, não parece haver diferenças suficientemente
relevantes entre eles, posto que o objetivo ao os acessar é sempre idêntico: ter acesso às ofertas de transporte de
carga na localidade de mais próxima de onde se encontra o veículo;
b) Não há segmentação por tipo de carga entre plataformas de intermediação de frete. Ou seja, a maioria das
empresas que ofertam o serviço de intermediação de frete rodoviário por meio de software o faz sem levar em
conta qual o tipo de carga a ser transportado; e
c) O Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[30] sinalizou que, em consonância com algumas respostas do teste de
mercado realizado, transportadoras e empresas de logística poderiam ser consideradas concorrentes das
plataformas digitais, enquanto outros consultados teriam respondido que a relação seria, na verdade, de
complementariedade.
68. Com base na argumentação supra, as Requerentes entendem que a definição do mercado relevante, no que tange à
intermediação de frete rodoviário por meio de software, também no presente AC, pode ser deixada em aberto, posto que as
participações de mercado da Carguero e da Vector são baixas.
69. Preliminarmente, é importante recordar que, no caso da AC Carguero, as então Requerentes apontaram, em resposta
aos Ofícios nº 6201/2021 e n° 6203/2021[31] que contratação do transporte rodoviário de cargas pode ser dividida em duas etapas
distintas
a) 1ª etapa: o embarcador, dono de carga, faz contato com uma ou mais transportadoras (ETCs), e negocia as
características do serviço de transporte desejado (preço a ser pago à ETC, prazos de entrega, condições da viagem
etc.). O contato do embarcador com o transportador pode ocorrer de diferentes maneiras, dentre elas: contato
direto do embarcador com transportadoras já conhecidas (via telefone, e-mail ou outras plataformas de mensagens
online), em agências/estabelecimentos físicos, ou via softwares de gerenciamento de transporte (plataformas
digitais); e
b) 2ª etapa: as transportadoras (ETCs) ofertam as viagens necessárias para atender contratos já fechados com os
embarcadores para motoristas (TAC e Equiparados) e/ou frotistas (ETCs que operam mais de um caminhão). A forma
de se encontrar os motoristas/frotistas que farão o transporte da carga também pode ocorrer de forma tradicional
ou mediante intermediação de tecnologia.
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70. Com o intuito informativo, transladar-se-á a citada manifestação proferida no Anexo ao Parecer SG 14/2021:
“Deste modo, a definição precisa de mercado relevante poderá ser deixada em aberto, e a SG/Cade, de forma
conservadora, considerará, na dimensão produto, o mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software,
em consonância com os precedentes já citados.”
71. Recorde-se que, até aquele momento, o mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software só havia
sido alvo de manifestação pelo Cade em rito sumário[32], e sempre entendido como um mercado único.
72. Quando da análise do AC nº 08700.003130/2021-51 (AC Carguero), por se tratar de processo sob o rito ordinário, esta
autarquia teve a oportunidade de se debruçar mais demoradamente sobre o tema, incluindo uma fase instrutória, durante a qual o
mercado foi consultado.
73. Naquela ocasião, ainda que grande parte das empresas ouvidas concordassem com a delimitação até então adotada
(mercado único), houve ponderações de que o mercado poderia ser considerado de forma mais abrangente, posto que os diversos
ofertantes de transporte rodoviário de cargas – seja por canais virtuais ou por meio tradicional – interagem e exercem pressão
competitiva entre si.
74. Em outro ponto, sobre se as plataformas digitais poderiam tanto concorrer, como serem complementares à forma de
agenciamento de cargas tradicional, tanto concorrentes no mercado de plataforma digitais, quanto clientes (embarcadores),
manifestaram, majoritariamente, que sim.
75. Também se apurou que a maioria dos embarcadores ouvidos não possuía frota própria de transporte de cargas, e, os
poucos que a tem, utilizavam-nas para atender a uma pequena fração da demanda da empresa, de forma que, quando precisam
contratar frete rodoviário buscavam tanto da via tradicional, como de plataforma digital.
76. Finalmente, sobre a possível segmentação por tipo de carga, em linha com precedentes sobre o mercado TRC,
entendeu-se pela não compartimentalização.
77. Feitas essas observações, cabe lembrar que, com o avanço do acesso e qualidade da Internet, houve,
consequentemente, um exponencial crescimento da utilização das plataformas digitais, com a redução do antigo modelo no qual
havia o contato direto entre as partes. Assim sendo, o mercado único se transformou em mercado de dois lados ou em mercados
(plataformas) multilaterais.
78. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no documento “Rethinking Antitrust Tools for
Multi-Sided Platforms” (“Repensando os Instrumentos Antitruste para Plataformas Multilaterais”) de 2018[33], define os mercados
(plataformas) de múltiplos lados como aqueles nos quais uma empresa atua como uma plataforma, vendendo diferentes produtos
para diferentes grupos de consumidores, existindo interdependência entre a demanda de um grupo de clientes e a demanda do outro
grupo. Há a imprescindibilidade de geração de valor na atração entre os lados, viabilizando, por consequência, a interação entre os
diferentes grupos.
79. Nesse sentido, são modelos de negócio adotados por empresas para fornecer diferentes serviços a diferentes
consumidores interdependentes. Trata-se, portanto, de empresas cuja atuação consiste em facilitar a interação entre os grupos, por
meio da redução de fricções que encarecem e dificultam transações[34]. Embora todos os mercados de múltiplos lados se
caracterizem pela presença de vários grupos de clientes entre os quais ocorre interação, o tipo, o objetivo e o papel da plataforma
podem diferir. Essa tem sido a orientação adotada, no momento, pelo Cade, como é possível observar em seus precedentes[35].
80. Facilitar correspondência (matching) nas transações entre embarcadores e caminhoneiros é precisamente o objetivo
das plataformas Carguero[36] e Vector[37]. Valendo-se de recursos digitais, essas Plataformas conectam, em um único local,
embarcadores e transportadores para negociação de transporte de commodities agrícolas.
81. Quando se discute plataformas multilaterais, sejam físicas ou digitais, elemento essencial é a presença de uma massa
crítica de usuários em seus diversos lados. Tomando como exemplo a Carguero e a Vector, empresas/pessoas físicas que desejam
transportar produtos agrícolas não vão dedicar tempo a essas plataformas online caso elas não disponham de um número relevante
de embarcadores, e vice-versa.
82. Quanto à necessidade, ou não, de se definir o mercado relevante, a primeira pergunta a ser feita é quantos mercados
devem ser definidos, já que, a princípio, em mercados de múltiplos lados, pode-se optar pela definição de um único mercado
relevante ou pela definição de dois ou mais mercados inter-relacionados. Cada abordagem possui benefícios e desvantagens. A
separação de mercados é mais simples, sendo útil para aferir a dominância da plataforma em um lado do mercado. Porém, tal
abordagem é falha quando diferentes grupos estão inseparavelmente conectados pela interação da plataforma, correndo o risco de
não considerar os impactos dos efeitos indiretos de rede.
83. Por outro lado, a definição de um único mercado é condizente com a noção de que plataformas podem ser entendidas
como provedoras de serviços de intermediação, servindo grupos de usuários vinculados essencialmente ao mesmo serviço.
84. De acordo com Rasek e Wismer[38]:
“A definição de um mercado único parece razoável para serviços que visam, principalmente, permitir uma transação
direta (observável) entre diferentes grupos, como por exemplo, no caso de uma plataforma de negociação que reúna
vendedores e compradores. Essa abordagem mostra interessante se (i) o serviço de uma empresa envolve
necessariamente todos os grupos; e (ii) o conjunto de substitutos, e sua respectiva relevância na perspectiva de cada
grupo de clientes, não difere significativamente entre esses grupos. Caso contrário, especialmente se os produtos ou
serviços considerados substitutos (e, portanto, em condições de competição) diferem substancialmente entre grupos,
definir diferentes mercados para cada um dos grupos de clientes, parece ser mais adequado; nesses casos, os mercados
resultantes geralmente diferem no âmbito do produto e / ou no âmbito geográfico. Essas constelações são mais prováveis
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de existir em casos com plataformas não transacionais ou provedoras de audiência / publicidade. No entanto, a definição
de mercado e a escolha entre as duas abordagens deve ser feita caso a caso.”[39] (livre tradução)
85. Pode se determinar, portanto, que, em mercados não transacionais, há a oferta de produtos distintos para cada lado,
como, por exemplo, a disponibilização de conteúdos para um grupo de usuários e de locais de publicidade para anunciantes. Por esse
motivo, sugere-se a definição de dois mercados relevantes distintos, porém inter-relacionados.
86. Em contrapartida, em plataformas transacionais, o produto ofertado é a possibilidade de transacionar através da
plataforma. Há, porém, a oferta de dois produtos distintos para cada lado da transação, pois a possibilidade de transacionar precisa
ser oferecida a ambos os lados. No entanto, nenhum desses produtos é suficiente sem o outro. O usuário só pode consumir seu
produto se o usuário correspondente do outro lado também consumir o seu. No caso da Carguero e da Vector, por exemplo, isso se dá
da seguinte forma, na demanda por transporte rodoviário de commodities agrícolas o embarcador não oferta seu produto a menos
que o TRC esteja disposto a transportá-lo, e vice-versa.
87. Costumeiramente[40], o Cade tem apontado, majoritariamente, para a segmentação da dimensão produto do mercado
relevante de acordo com a finalidade do serviço prestado pela plataforma. Em casos pretéritos, a autarquia já definiu o mercado
relevante da seguinte forma:
88. Embora em muitos casos de mercados de múltiplos lados a definição de mercado relevante não seja necessária, no
caso em tela, em termos conservadores, entende-se que essa seja conveniente. Entretanto, sem segmentação por tipo de carga, pelos
mesmos motivos elencados quando da discussão do mercado TRC.
89. Assim sendo, define-se, sob a ótica do produto, o mercado como de intermediação de frete rodoviário por meio de
software, para fins da análise do potencial reforço vertical da presente Operação.
5.3.2. Dimensão geográfica
90. As Requerentes pugnam pela adoção do mercado geográfico nacional, como no AC Carguero.
91. Além do AC Carguero, em casos semelhantes[41], o Cade se posicionou no mesmo sentido postulado pelas
Requerentes, fixando como nacional a dimensão geográfica das plataformas digitais, uma vez que não há, via de regra, barreiras
geográficas para as transações virtuais.
92. Desse modo, não havendo razões para adoção de entendimento diverso, define-se, a dimensão geográfica do mercado
de intermediação de frete rodoviário por meio de software como nacional.
5.4. Pagamento eletrônico de frete (“PEF”)
5.4.1. Dimensão produto
93. Conforme relatado pelas Requerentes, com a inclusão do art. 5º-A[42] à Lei nº 11.442, de 05 de janeiro de 2007, a partir
de 2011 passou a ser obrigatório que o pagamento de frete a TACs e Equiparados se desse por meio de crédito em conta de depósito
mantida por instituição bancária ou outras modalidades autorizadas pela ANTT.
94. As empresas também citam a Resolução ANTT nº 5.862, de 17 de dezembro de 2019, que define, em seu art. 2º, inc.
VIII, a Instituição de Pagamento Eletrônico de Frete (“IPEF”) da seguinte forma: “instituição de pagamento, do tipo emissor de moeda
eletrônica ou emissor de instrumento de pagamento pós-pago, legalmente estabelecida nos termos da Lei nº 12.865, de 09 de
outubro de 2013 e demais normas do Banco Central do Brasil, e habilitada na Agência Nacional de Transportes Terrestres, nos termos
desta Resolução;”.
95. As Requerentes trazem ainda aos autos informações sobre os precedentes mais recentes do Cade, com destaque para o
AC Carguero, oportunidade em que se concluiu que, de modo geral, os agentes de mercado prestam serviços a todos os segmentos,
indistintamente. Além disso, naquela ocasião, por considerar a não existência de sobreposição horizontal decorrente da Operação,
bem como que a participação de mercado da Green Net era baixa, entendeu-se que a definição de mercado poderia ser deixada em
aberto.
96. Assim sendo, as empresas conclamam que, na hipótese ora em análise seria oportuno adotar a mesma posição uma
vez que, tal como no AC Carguero, a Operação não resultará em sobreposição horizontal no mercado de pagamento eletrônico de
frete e a participação de mercado da Green Net continua sendo baixa.
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97. É fato, como já esclarecido anteriormente, que o AC Carguero, no que tange ao pagamento eletrônico de frete, aborda
situação praticamente idêntica à da presente Operação.
98. Naquele processo foi detalhado que a Resolução ANTT nº 5.862/2019 permitiu a remuneração de TACs e Equiparados
por meio de pagamento de frete eletrônico, bem como previu a criação de IPEFs como agentes responsáveis pela viabilização do
pagamento eletrônico do frete, nos termos do art. 2º, supracitado.
99. Transcreve-se, a seguir, o art. 14, da citada Resolução, que traz disposição sobre o pagamento de frete por meio
eletrônico:
“Art. 14 Os meios de pagamento eletrônico de frete consistirão em recursos tecnológicos por meio dos quais será possível
efetuar créditos para pagamento dos fretes aos contratados e deverão possuir tecnologia que permita a:
I - utilização para operações de saque e débito;
II - individualização do contratado ou subcontratado, quando existir, pelo número do CPF ou CNPJ; e
III - utilização de senha ou outro meio que impeça o seu uso não autorizado.
§ 1º Todos os valores creditados nos meios de pagamento eletrônico de frete serão de livre utilização e movimentação e
não poderão sofrer qualquer vinculação, exceto o referente ao Vale-Pedágio obrigatório.
§2º É vedado o crédito de valores nos meios de pagamento eletrônico de frete decorrente da prestação de serviço de
transporte rodoviário de cargas sem o respectivo CIOT.”
100. Assim sendo, quando da contratação de frete, TACs e equiparados somente podem ser pagos através de depósito em
conta ou pagamento eletrônico de frete. Já para as ETCs que possuem frota própria ou quatro ou mais veículos automotores de carga
registrados, a legislação não estabelece forma obrigatória de pagamento de frete, sendo livre a modalidade de pagamento a ser
acordada com seus motoristas. Entretanto, se a ETC contratar TACs, terá de pagar através de depósito em conta ou IPEF”.
101. No AC Carguero, as Requerentes esclareceram serem as IPEF atuantes no mercado como empresas de gestão de
pagamento de fretes, através de depósito em conta ou por meio eletrônico, com o uso de cartões:
“No caso de cartões emitidos pela Green Net, por exemplo, os motoristas podem utilizá-lo tanto para saques (retirada do
dinheiro depositado no cartão em qualquer caixa eletrônico em território nacional) quanto para uso direto na rede
credenciada da Green Net (pagamento eletrônico, como, por exemplo, em postos de gasolina credenciados).”
102. As Requerentes, ainda naquele processo, prestaram informações, nos termos dos precedentes do Cade[43][44],
considerando 3 (três) cenários distintos para o pagamento de frete:
a) Segmento Amplo: valor total dos fretes rodoviários efetuados pelas três categorias de agentes de transporte
rodoviário de cargas por conta de terceiros, mediante remuneração (ETCs, TACs e Equiparados) e englobando todos
os meios de pagamento de frete;
b) Segmento Regulado: considera os pagamentos efetuados por meio de pagamento eletrônico de cartão e os
pagamentos por depósito em conta para TACs e Equiparados; e
c) Segmento Regulado Penetrado: cenário mais conservador, abrange somente os valores de transportes efetuados
por TACs e Equiparados que tenham sido pagos por meio de pagamento eletrônico.
103. Visando definir o mercado, a SG, no AC 08700.003130/2021-51, consultou empresas que concordaram com a definição
preliminar de mercado citada pela Superintendência nos ofícios instrutórios, abrangendo as modalidades de pagamento depósito em
conta e pagamento eletrônico para TACs, ETCs e Equiparados (Segmento Amplo).
104. Ainda no teste de mercado realizado naqueles autos constatou-se que todas as IPEFs que responderam à consulta, bem
como a Green Net, estão aptas a realizar pagamentos via depósito em conta ou solução eletrônica de pagamento (cartão), e atendem
às três categorias de transportadores (TACs, ETCs e Equiparados).
105. Assim sendo, no caso do AC Carguero, esta SG chegou à seguinte conclusão:
“Deste modo, tendo em vista que os agentes de mercado, de modo geral, prestam serviços indistintamente a todos os
segmentos, e considerando que não há sobreposição horizontal decorrente da Operação e que, no bojo da análise
vertical, é baixa a participação de mercado da Green Net, a definição precisa de mercado relevante pode ser deixada em
aberto.”
106. Conforme esclarecido preliminarmente, no caso em tela se optou, por econômica e celeridade processual, pela não
realização de teste de mercado quanto ao pagamento eletrônico de frete, mas, ao invés disso, utilizar-se do apurado no AC Carguero.
107. Isso posto, e considerando-se que não ocorreu significativa alteração fática ou regulatória desde aquela decisão,
entende-se, também nesta análise, por deixar em aberto a definição de mercado relevante quanto ao pagamento eletrônico de frete.
5.4.2. Dimensão geográfica
108. As Requerentes mencionaram os precedentes do Cade que define como nacional o âmbito geográfico do mercado de
pagamento eletrônico de fretes, uma vez que a oferta desse serviço abrange todo o território nacional.
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109. Considerando-se, pois, os precedentes desta autarquia[45], e por entender não haver limitação geográfica para a
prestação do serviço, analisar-se-á este mercado sob a dimensão geográfica nacional.
5.5. Conclusões quanto às definições dos mercados relevantes
110. Pelo exposto, e para fins de análise da presente Operação, serão considerados os seguintes mercados relevantes:
a) Transporte rodoviário de cargas nacional;
b) Intermediação de frete rodoviário por meio de softwares nacional; e
c) Pagamento eletrônico de frete nacional.
6. INTEGRAÇÕES VERTICAIS
6.1. Considerações iniciais
111. Conforme declarado pelas Requerentes, não há sobreposições horizontais na presente Operação, posto que essas não
prestam serviços para terceiros no mercado de transporte rodoviário de cargas[46] [47] [48].
112. Por outro lado, aduzem que a Operação poderá resultar na potencial integração vertical entre as atividades dos Grupos
ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e LDC com as atividades que a JV pretende exercer.
113. Segundo as empresas, no mercado a montante, a atividade da JV no mercado de transporte rodoviário de cargas e a
atividade delas, como embarcadoras de cargas agrícolas, implicará em integração vertical. Essa integração, em grande medida, já seria
pré-existente, tendo em vista que as Requerentes já operam suas próprias ETCs, embora, na maior parte dos casos (com exceção da
Amaggi), com frotas próprias muito pequenas.
114. Aquelas alegam que a demanda do mercado de transporte rodoviário de cargas é muito mais ampla do que o universo
de cargas agrícolas, de modo que elas respondem por uma parcela muito pequena da demanda de TRC, em razão do que a Operação
não suscita preocupações concorrenciais.
115. Quanto aos mercados a jusante as Requerentes argumentam que a Operação envolverá integração vertical pré-
existente entre as atividades de transporte rodoviário de cargas, a ser desenvolvida pela JV, e as atividades dos seus grupos
econômicos de:
a) Intermediação de frete rodoviário por meio de softwares, realizado pela Carguero e pela Vector; e
b) Pagamento eletrônico de frete, efetuado pela Green Net, subsidiária da Carguero.Também nesses casos, as
participações de mercado não seriam suficientes para gerar preocupações concorrenciais. Além disso, a JV não teria
o intuito de concentrar, menos ainda de absorver as atividades de logística dos grupos econômicos das Requerentes,
que continuariam sendo operadas de forma independente.
116. Também nesses casos, as participações de mercado não seriam suficientes para gerar preocupações concorrenciais.
Além disso, a JV não teria o intuito de concentrar, menos ainda de absorver as atividades de logística dos grupos econômicos das
Requerentes, que continuariam sendo operadas de forma independente.
117. Entretanto, antes de iniciar a análise das integrações verticais neste caso, cabe lembrar que tanto a doutrina, quanto a
jurisprudência têm entendido que atos de concentração podem gerar incentivos para condutas anticompetitivas como, por exemplo,
o fechamento de mercado ou o aumento de custos de rivais, mas também podem ser positivos para concorrência, gerando, por
exemplo, eficiências (criação de sinergias, reduções de custos, entre outros).
118. Para o ex-Conselheiro do Cade, Carlos Ragazzo[49], as integrações verticais suscitam preocupações concorrenciais em
duas hipóteses:
“i. possibilidade de fechamento do mercado à montante/upstream: quando a empresa à jusante detém poder de
mercado, esse agente tem incentivos para adquirir insumos apenas da empresa verticalizada, acarretando prejuízos aos
demais agentes do mercado à montante; e
ii. possibilidade de fechamento do mercado à jusante/downstream: quando a empresa à montante possui poder de
mercado, esse agente tem incentivos para direcionar sua produção para a empresa verticalizada, ou ainda, praticar
condutas tendentes ao fechamento de mercado, tal como a discriminação de preços”.
119. Compete, pois, à autoridade antitruste ponderar esses possíveis efeitos, sopesando os riscos para a concorrência e as
possíveis eficiências.
120. Ao tratar de eventuais restrições à concorrência em casos de concentrações não horizontais, como no caso em tela, a
Comissão Europeia, em suas “Orientações para a apreciação das concentrações não horizontais nos termos do Regulamento do
Conselho relativo ao controle das concentrações de empresas”[50], aponta que aquelas podem ocorrer de duas formas, (i) efeitos não
coordenados; e (ii) efeitos coordenados:
“18. Podem produzir-se efeitos não coordenados principalmente quando as concentrações não horizontais dão origem a
um encerramento do mercado. Na presente comunicação, a expressão ‘encerramento do mercado’ será utilizada para
designar as situações em que a concentração restringe ou impede o acesso dos concorrentes actuais ou potenciais às
fontes de abastecimento ou aos mercados, reduzindo assim a capacidade e/ou incentivo destas empresas para
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concorrerem. Na sequência deste encerramento do mercado, as empresas objecto da concentração — e, possivelmente,
também alguns concorrentes —podem aumentar de forma rentável o preço cobrado aos consumidores. Trata-se de
situações que dão origem a uma restrição significativa da concorrência efectiva, sendo, por conseguinte, seguidamente
designadas por «encerramento anticoncorrencial do mercado.
19. Surgem efeitos coordenados quando a concentração altera a natureza da concorrência, de forma que as empresas que
anteriormente não coordenavam o seu comportamento passam a ser muito mais susceptíveis de o coordenar, para
aumentar os preços ou prejudicar de outra forma a concorrência efectiva. Uma concentração poderá também tornar a
coordenação mais fácil, mais estável ou mais efectiva para as empresas que já coordenassem o seu comportamento antes
da concentração.”
121. Assim, para avaliar se a Operação pode resultar em um fechamento de mercado, a Comissão analisa se a empresa
fusionada possui a capacidade e o incentivo para adotar a conduta anticompetitiva. Além disso, também avalia as eficiências
decorrentes da operação, reconhecendo que algumas dessas podem ser específicas de fusões verticais.
122. Os precedentes do Cade, em análises sobre integrações verticais entre empresas e seus efeitos sobre a concorrência
nos mercados, tem entendimento semelhante.
123. No caso em tela, com base nessas ponderações, somadas às definições de mercado relevante, analisar-se-á as
integrações verticais nos seguintes mercados:
a) Transporte rodoviário de cargas;
b) Intermediação de frete rodoviário por meio de softwares; e
c) Pagamento eletrônico de frete.
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Rodomaior
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Transportes Ltda.
Fribon Transportes
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Ltda.
Rodolider
Transportes e
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Agenciamento de
Cargas Ltda. [52][53]
AG Brasil Logistica e
Transporte de [ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Cargas
AJS S TUR Turismo
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Ltda.
Transoeste Logística
[ACESSO RESTRITO] [10%-20%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Ltda.
Mafro Transportes
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Ltda.
Rodobelo
Transportes [ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Rodoviários Ltda.
Transval
Transportadora [ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Valmir Ltda.
Transvale
[ACESSO RESTRITO] [0%-10%] [ACESSO RESTRITO] [0%-10%]
Transporte
TOTAL [ACESSO RESTRITO] 100,00 [ACESSO RESTRITO] 100,00
131. Os números apurados, relativos à frota própria das empresas oficiadas, colocam a JV com expectativa de market share
atual de [20-30%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], ou seja, inferior à barreira legal de 30%, mas com a possibilidade de em cinco anos
alcançar uma participação de mercado de [40-50%][ACESSO RESTRITO AO CADE].
132. Entretanto, visualiza-se que esse nível de concentração certamente está superestimado, pois, quando as mesmas
empresas respondem sobre o número de caminhões contratados de terceiros, a situação é bem diferente:
Tabela 2 – Número de caminhões (contratados de terceiros)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Número de caminhões
Transportadora
Atual Em cinco anos
G10 Transportes [ACESSO RESTRITO][54] [ACESSO RESTRITO]
Transporte
Transvidal Ltda. [ACESSO RESTRITO][55] [ACESSO RESTRITO]
Lontano
Transportes Ltda. [ACESSO RESTRITO][56] [ACESSO RESTRITO]
HU Transporte
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Rodoviário Ltda.
Rodomaior
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Transportes Ltda.
Fribon Transportes
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Ltda.
AG Brasil Logistica e
Transporte de [ACESSO RESTRITO][57] [ACESSO RESTRITO]
Cargas
AJS S TUR Turismo
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Ltda.
Transoeste Logística
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Ltda.
Mafro Transportes
Ltda. [ACESSO RESTRITO][58] [ACESSO RESTRITO]
Rodobelo
Transportes [ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Rodoviários Ltda.
Transval
Transportadora [ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Valmir Ltda.
Transvale
[ACESSO RESTRITO] [ACESSO RESTRITO]
Transporte
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133. Nesse caso, é difícil se ter um número claro, pois as informações variam entre mensal e anual, sendo que algumas das
empresas não declararam qual o período considerado. Porém se, a título explanatório, considerar-se o universo das empresas
oficiadas como representativo de boa parte da frota ativa, atualmente, e se comparar com a expectativa do número de caminhões
que a JV pretende adquirir – [ACESSO RESTRITO AO CADE] -, tem-se, um valor muito inferior a 30% - [0-10%] [59] [ACESSO RESTRITO
AO CADE] e [0-10%] [60] [ACESSO RESTRITO AO CADE] respectivamente.
134. A verdade é que a informação precisa sobre o quanto os caminhões a serem adquiridos pela JV representam do total
do mercado é uma informação muito complexa de se apurar, pois muitas das ETCs contratam TACs e Equiparados para a prestação de
serviço ou invés de terem frota própria.
135. Há ainda, conforme dados da ANTT supramencionados, um total de 1.277.940 transportadores cadastrados, e uma
frota cadastrada de 2.775.789 veículos no RNTRC. Em se considerando a frota cadastrada, o número de caminhões que a JV tem a
intenção de comprar - [ACESSO RESTRITO AO CADE] - é muito pequeno - [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE] e [0-10%] [ACESSO
RESTRITO AO CADE] respectivamente – mesmo sem considerar um provável crescimento da frota em cinco anos.
136. Apesar disso, como se mostrará no item a seguir, face à importância das Requerentes no transporte de cargas, é
conveniente um maior aprofundamento sobre a possibilidade de fechamento do mercado.
6.6.1.2. Requerentes
137. As Requerentes também aduzem que, sob um viés de integração vertical, é possível analisar, a montante, a demanda
de frete por parte delas em termos de valor. Citam, como argumentação, precedentes recentes do Cade, incluindo o AC Carguero. Elas
apontam que se têm utilizado a estimativa total da atividade de transporte rodoviário de carga no Brasil da Associação Nacional do
Transporte de Cargas e Logística, que estimou o faturamento anual do setor no ano de 2019 em R$328 bilhões[61].
138. Com base em tais dados, a participação das Requerentes na demanda de transporte rodoviário seria de, no máximo,
[ACESSO RESTRITO AO CADE] e [ACESSO RESTRITO AO CADE]:
Figura 4. Demanda de TRC pelas Requerentes em 2021
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
Figura 5. Demanda de TRC pelas Requerentes em 2022
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
139. As Requerentes também relatam não haver dados públicos sobre o volume de carga transportada na modalidade
rodoviária, como já seria de conhecimento do Cade.
140. Finalmente, as empresas citam o AC Carguero, estendendo-se na explanação sobre o caso, que, como já esclarecido
anteriormente, assemelha-se a este, em muitos aspectos.
141. Naquela ocasião foram considerados os seguintes cenários:
a) Cenário 1: Granel Sólido Agrícola (“GSA”), especificamente soja e milho, com base no Anuário Estatístico da
Transportes do Observatório Nacional de Transporte e Logística–ONTL (“Anuário Estatístico ONTL”), produzido pelo
Ministério da Infraestrutura em parceria com a Empresa de Planejamento e Logística (“EPL”);
b) Cenário 2: Produtos Agrícolas. Também se considerou os dados apresentados no Anuário Estatístico ONTL de
produção agrícola;
c) Cenário 3: Produtos Agrícolas + Cimento. Foi considerado o volume de produção agrícola do Cenário 2, mais o
consumo aparente de cimento apresentado no Anuário Estatístico ONTL, cuja fonte é o Sindicato Nacional da
Indústria do Cimento (“SNIC”); e
d) Cenário 4: Produtos Agrícolas + Cimento + Açúcar + Fertilizante + Calcário. Considerou-se os volumes do Cenário 3
e se incluiu os volumes de produção de açúcar da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (“Única”), fertilizantes da
Associação Nacional para Difusão de Adubos (“ANDA”) e calcário da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário
(“ABRACAL”).
142. Durante a instrução as empresas oficiadas foram questionadas sobre a possibilidade de movimentação de outros
produtos nos mesmos veículos utilizados para o transporte de produtos agrícolas, após higienização adequada, tendo, em sua
maioria, respondido afirmativamente a essa indagação[62]. Diante das respostas obtidas, segundo os Requerentes, a SG entendeu
existirem indícios de que o mercado de transporte de cargas no Brasil seria maior do que os cenários que foram analisados, inclusive
no Cenário 4.
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143. Mesmo que se tenha adotado na presente Operação a orientação costumeira do Cade que, para o TRC, não segmenta o
mercado por tipo de carga, esta SG entendeu por bem consultar as empresas apontadas como principais concorrentes pelas
Requerentes, solicitando a elas que informassem o montante de carga agrícola[63] transportada pelo modal rodoviário nos últimos
cinco (5) anos – 2018 a 2022.
144. Trata-se de um cenário extremamente conservador, conforme se pode observar na tabela a seguir:
Tabela 3 - Estrutura de demanda de TRC (em toneladas) no Brasil
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
145. Embora esse cenário sirva para indicar a importância das Requerentes no mercado de transporte de cargas agrícolas,
tem-se ciência que ele não corresponde à realidade, pois, mesmo em se considerando apenas o transporte de carga agrícola, o que já
seria uma opção conservadora, os números apurados em nossa pesquisa estão superestimados.
146. De acordo com o Companhia Nacional de Abastecimento (“Conab”), a expectativa para a safra 2022/23, no 10º
levantamento, datado de 13 de julho de 2023, é de uma produção de grãos de 317,6 milhões de toneladas:
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Fonte: Conab[65]
147. Se compararmos esse número (abrange a produção de algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão,
girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale) com o montante de transporte rodoviário de carga agrícola demandado pelas
Requerentes em 2022 – [ACESSO RESTRITO AO CADE] –, ter-se-ia que o TRC das empresas corresponde a cerca de [30 –
40%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], do total.
148. Desse modo, a demanda de transporte rodoviário de cargas das Requerentes, consideradas conjuntamente,
ultrapassaria marginalmente o patamar de 30% em relação à demanda total de transporte de grãos (milho e soja), limite a partir do
qual se recomenda uma análise mais aprofundada dos efeitos da integração vertical decorrentes da Operação.
149. Observe-se que, se considerarmos a produção de grãos no ano de 2021/22 (271,2 milhões de toneladas[66]), conforme
levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (“Conab”), a porcentagem seria um pouco mais alta, [40 – 50%] [ACESSO
RESTRITO AO CADE]
150. Entretanto, as Requerentes, mesmo voltando a salientar a inexistência de dados públicos sobre o tamanho de
mercado, apresentaram dados relativos ao Cenário 4 (produção agrícola, volume de consumo aparente de cimento, produção de
açúcar, fertilizantes e calcário), conforme o adotado no AC Carguero, a fim de demonstrar que a Operação não justifica a existência
de quaisquer preocupações concorrenciais.
151. Assim sendo, foram considerados pelas Requerentes a produção agrícola e os volumes de consumo aparente de
cimento, produção de açúcar, de fertilizantes e de calcário em 2021, conforme figuras a seguir:
Figura 7. Produção agrícola (2010 a 2021)
Fonte: Requerentes (SEI 1191315)
Figura 8. Consumo aparente de cimento (2010 a 2021)
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Fonte: Requerentes (SEI 1191315)
Figura 9. Volumes de produção de açúcar, fertilizantes e calcário (2021)
Fonte: Requerentes (SEI 1191315)
152. As Requerentes também trazem o volume demandado de TRC para o Cenário 4. Na elaboração desse cálculo elas
consideraram todas as suas cargas, incluindo cimento, açúcar, fertilizantes e calcário. Também adicionaram ao cálculo produtos como
açúcar, fertilizantes ou calcário. Para conhecimento, conservadoramente, produtos como óleos, gorduras, metanol, glicerina, resíduos,
biomassa, subprodutos de soja, lecitina, borra e produtos acabados (e.g., farinhas, margarinas, maioneses, molhos, arroz, azeite):
Figura 10. demandado de transporte rodoviário de cargas - Cenário 4 (2021)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
Figura 11. demandado de transporte rodoviário de cargas - Cenário 4 (2022)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
153. Concluem, assim, que a sua participação conjunta na demanda seria de [20-30%] [ACESSO RESTRITO AO CADE] em
2021 e [20-30%] [ACESSO RESTRITO AO CADE] em 2022, estando, portanto, aquém do parâmetro de 30% estabelecido pela
regulamentação. Segundo elas, a SG-Cade, no AC Carguero, reconheceu que esse cenário estaria subdimensionado e com volumes
superestimados para as empresas, uma vez que foram considerados volumes de produtos das Requerentes em um âmbito mais
amplo.
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154. A título informativo, reproduzimos a Tabela 3, constante da versão pública do Anexo ao Parecer nº
14/2021/CGAA3/SGA1/SG do AC Carguero, que traz o resumo de participação conjunta das Requerentes na demanda por transporte
rodoviário de cargas tanto no cenário mais conservador (GSA – Cenário 1)[67] quanto nos cenários alternativos aventados naquele
caso[68], em termos de volume e de valor de fretes transacionados:
Figura 12. Demanda por transporte rodoviário de carga agrícola (Tabela 3 do AC Carguero)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Anexo ao Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[69]
155. De fato, mesmo esse cenário, mais condizente com a realidade do setor de transportes de cargas rodoviárias, foi
considerado superestimado para a porcentagem de carga transportada pelas Requerentes e pelo Parecer nº
14/2021/CGAA3/SGA1/SG:
“Além disso, há indícios que indicam que a demanda por transporte rodoviário de cargas no Brasil é muito maior do que
os cenários desenhados acima.”[70]
156. Embora se possa considerar o Cenário ainda como sendo conservador, são esses os números que mais se aproximam à
realidade fática do mercado. E, mesmo nesse cenário, tem-se que a demanda das Requerentes não alcança os 30%, o que, a princípio,
afastaria preocupações de integração vertical.
157. Some-se a isso indícios que apontam para uma demanda ainda maior por transporte rodoviário de cargas no Brasil.
158. Conforme se detalhará no item a seguir, a Nota Informativa (Ministério da Fazenda/Economia) sobre o Mercado de
Antecipação de Recebíveis de Frete, de maio de 2021, fundamentadora da Medida Provisória nº 1.051, de 18 de maio de 2021[71],
afirma ser de R$ 120 bilhões o montante pago em fretes rodoviários a transportadores autônomos de carga ao longo de um ano.
159. Considerando-se essa proxy, como foi feito no caso do AC Carguero, como o mercado total de TRC, mesmo sem a
atualização desse valor para 2022, a demanda total das Requerentes por transporte rodoviário – [ACESSO RESTRITO AO CADE] –
representaria, respectivamente, [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE] e [ACESSO RESTRITO AO CADE] do mercado total.
160. Saliente-se, como se observará no item a seguir, que R$ 120 bilhões corresponde aos fretes pagos a TACs, não
incluindo, portanto, empresas de transporte e logística que podem optar por outra modalidade de remuneração.
161. Mesmo com esses dados, considerando-se que (i) a demanda de TRC das Requerentes, no recorte mais restrito -
demanda total de transporte de grãos (milho e soja) - é um superior a 30%; (ii) as preocupações levantadas por empresas oficiadas; e
(iii) a alta demanda por transporte rodoviário de cargas das Requerentes, após a Operação, pode ser direcionada totalmente, ou na
maior parte, à JV, entende-se oportuna uma análise mais detalhada sobre a possibilidade de fechamento desse mercado.
6.6.2. Possibilidade de fechamento de mercado
6.6.2.1. Considerações iniciais
162. Antes de se entrar especificamente na discussão de pontos que podem levar ao fechamento do mercado de transporte
rodoviário de carga, e que foram alvo de preocupação tanto de transportadoras, como de embarcadoras de produtos agrícolas, traz-
se a esta análise um retrato do setor constante da “Pesquisa CNT Perfil Empresarial – Transporte Rodoviário de Cargas”, que o
descreve enfatizando as seguinte características: (i) intermodalidade para a atuação em cadeias logísticas de transporte; (ii)
flexibilidade em relação à infraestrutura; (iii) competitividade; (iv) desregulamentação; (v) crescimento do mercado nos últimos anos;
e (vi) ausência de barreiras à entrada:
“Conforme já referido, o transporte rodoviário tem uma elevada participação na matriz de transporte de cargas do país
(64,7%). A sua operação, porém, não ocorre de forma isolada em relação aos demais modais. No âmbito da
intermodalidade, pode atuar em cadeias logísticas, particularmente como elemento alimentador de cargas, em direção a
modais mais pesados e com maior capacidade – tais como o ferroviário e o aquaviário –, e como etapa final das redes de
transporte, realizando a última milha com destino ao consumidor das mercadorias transportadas.
Em comparação com essas modalidades, o transporte rodoviário caracteriza-se pela maior flexibilidade em relação à
infraestrutura, pela realização do transporte porta a porta e pela grande diversidade na oferta de tipos de veículos e nos
tipos de carga movimentados.
O seu mercado é competitivo e, comparativamente com outros modais, desregulamentado, ainda que existam trâmites
burocráticos quanto a cadastros, registros, licenças e autorizações. Caracteriza-se, assim, pela relativa facilidade de acesso
e pelo grande número de empresas e motoristas que nele atuam.
Atualmente, operam no mercado cerca de 266 mil empresas de transporte de cargas (ETCs), mais de 847 mil
transportadores autônomos de cargas (TACs) e 519 cooperativas de transporte rodoviário de cargas (CTC). Juntos,
totalizam uma frota de 2,5 milhões de veículos de transporte de cargas (veículos automotores e implementos
rodoviários). Essa frota é cerca de 70% superior à registrada há 15 anos, o que mostra o crescimento da atividade.
Note-se que o mercado aberto – no qual o investimento inicial para os entrantes de pequeno porte não é elevado – e a
relação livre entre oferta e demanda, em um contexto de múltiplos embarcadores e transportadoras, apresentam
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desafios para que, no setor, os valores cobrados nos fretes permitam a viabilidade dos negócios das empresas de
transporte.”[72]
163. Cuida-se de uma importante introdução ao setor feita pela CNT com base em pesquisa com empresários do TRC[73] .
164. De fato, a competitividade no transporte rodoviário de cargas é característica patente, o que resta claro não só por
números constantes da discussão da demanda no mercado de TRC, mas também pelas respostas das empresas transportadoras
oficiadas, que, como se mostrará a seguir, concordam com esse diagnóstico:
Quadro 5 – Competitividade no mercado de transporte rodoviário de carga
Fonte: CNT[74]
166. A CNT, na já citada pesquisa sobre o TRC, menciona que as empresas com mais de vinte anos possuem experiência em
contextos adversos, “que incluem diversas crises econômicas, a exemplo da atual, causada pela pandemia de Covid-19 (a partir de
2020), a de 2014 (com recessão em 2015 e 2016) e a de 2007 a 2008”[75] .
167. Além da grande concorrência no setor e do pequeno número de empresas que deixam de operar, outro fator a ser
levado em conta, é que se trata de mercado aberto.
168. Segundo as Requerentes, o TRC se caracteriza pela ausência de barreiras legais ou regulamentares significativa,
bastando o acesso a veículo de carga e obtenção do RNTRC e da CNH para começar a prestar o serviço.
169. No mesmo diapasão as respostas das empresas oficiadas:
Quadro 6 – Barreiras à entrada
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Empresa Resposta
G10
Não existem barreiras.
Transportes
Transporte
Transvidal [ACESSO RESTRITO AO CADE]
Ltda.
Considerando o aumento
gradativo de empresas e
Lontano
concorrentes no mercado,
Transportes
acreditamos não haver
Ltda.
barreiras que inviabilizem
eventuais intenções.
As barreiras já começam pelo
sistema tributário que é bem
difícil de administrar (cada
Estado tem suas variáveis). As
estradas também são
malcuidadas, levando à perda
HU Transporte do investimento em
Rodoviário equipamentos. Há falta de
Ltda. estrutura de apoio para os
motoristas. Muitos
concorrentes reduzem muito
seus preços de fretes. Se a
empresa não tiver vazão em
outra contra partida, não se
mantem.
Hoje a dificuldade é que
Rodomaior muitas empresas pedem um
Transportes número de frota para fazer os
Ltda. volumes e momento de
pressão dos fretes
Fribon
Transportes Não há
Ltda.
Não existem barreiras, porém,
a falta de conhecimento por
Rodolider
determinadas pessoas em
Transportes e
relação ao mercado gera o
Agenciamento
fechamento de algumas
de Cargas Ltda.
dessas novas empresas
criadas.
Transvale Fluxo de caixa e estrutura
Transporte operacional.
AJS S TUR
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Turismo Ltda.
Transoeste
Não há barreiras.
Logística Ltda.
Mafro “A receptividade de novas
Transportes empresas de transporte
Ltda. rodoviário de cargas depende
de cada momento de
mercado, que hoje é muito
dinâmico e de difícil leitura.
Porém, em breve análise, o
que observamos é uma
retração do setor, pois a
consolidação das empresas de
transporte depende de uma
expertise e de recursos
financeiros que não se
encontram facilmente
disponíveis, além de
operações, como a que serve
à presente análise e a que se
destina esse questionário,
onde o mercado verifica a
sinalização do surgimento de
conglomerados de empresas
que devem absorver uma
fatia significativa do setor de
transporte rodoviário de
cargas, fazendo com que a
oferta se torne maior que a
demanda, impulsionando
uma derrubada de preços
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que, possivelmente,
inviabilizariam a permanência
das empresas já existentes e a
entrada de novos players.”
Rodobelo
Transportes
Não
Rodoviários
Ltda.
Empresa Resposta
Transporte [ACESSO RESTRITO AO
Transvidal Ltda. CADE]
É preocupante a
possiblidade de eventuais
embarcadores (clientes) se
tornarem concorrentes, pois
Lontano é evidente que eventuais
Transportes preferências de
Ltda. carregamento e
descarregamento poderão
gerar privilégios que
afetarão os demais
concorrentes.
HU Transporte [ACESSO RESTRITO AO
Rodoviário Ltda. CADE]
Rodomaior
[ACESSO RESTRITO AO
Transportes
CADE]
Ltda.
Acreditam que as
Requerentes continuarão
sendo atendidos por
transportadoras parceiras e
transportadores
Fribon
autônomos, considerando
Transportes
que todas já trabalham com
Ltda.
subcontratação para
transporte de parte de seus
volumes. Poderá ocorrer
uma redução do valor do
frete.
O impacto poderá ser
relevante, pois poderá
retirar volumes de cargas
Rodolider
das pequenas e médias
Transportes e
transportadoras, em razão
Agenciamento
do alto poder que as
de Cargas Ltda.
Requerentes têm, face ao
volume de cargas por elas
comercializadas no Brasil.
AJS S TUR [ACESSO RESTRITO AO
Turismo Ltda. CADE]
O impacto será negativo,
pois haverá menor oferta de
Transoeste
cargas, bem como, o
Logística Ltda.
achatamento (estagnação
ou redução) das tarifas.
É latente o entendimento de
que a criação da joint
Mafro venture, nos moldes
Transportes apresentados, trará um
Ltda. impacto negativo ao setor
de transportes rodoviários
de carga.
A entrada da joint venture
será para regular o mercado
Rodobelo
de frete principalmente nos
Transportes
segmentos que as
Rodoviários
Requerentes atuam,
Ltda.
ocasionando a redução do
valor do frete.
Haverá junção de duas
transportadoras, uma
Transval entrando com aporte
Transportadora financeiro e a outra entra
Valmir Ltda. com o serviço na capitação
de motoristas e frotistas.
Isso já ocorre.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 30/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
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19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
Transporte
Transvidal [ACESSO RESTRITO AO CADE]
Ltda.
Considerando que a gestão de
carga e descarga sempre é
feita pelo embarcador
(cliente), para a empresa
parece natural que questões
de preferência tanto nas
cotas, quanto nos
agendamentos, poderão
Lontano ocorrer. Inclusive, no que diz
Transportes respeito ao poder de
Ltda. precificação em troca de
eventuais vantagens, o que
pode acarretar insegurança e
desmotivação para novos
investimentos. Até porque,
grande parte do volume
negociado de grãos estará sob
a responsabilidade desses
players.
HU Transporte
Rodoviário [ACESSO RESTRITO AO CADE]
Ltda.
Rodomaior
Transportes [ACESSO RESTRITO AO CADE]
Ltda.
Fribon Todas as empresas já
Transportes trabalham com
Ltda. terceirização/subcontratação.
A resposta ao
questionamento está
Rodolider respondida na pergunta 30.
Transportes e Ou seja, poderá ter impacto
Agenciamento pelo alto volume de cargas
de Cargas Ltda. que irão deter no mercado de
transporte rodoviário de
cargas.
AJS S TUR
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Turismo Ltda.
“Com a criação da joint
venture, é notório que haverá
uma dominação de mercado,
tendo em vista que as 5
(cinco) empresas envolvidas
na Operação são as maiores
do agronegócio Brasil,
dominando 90% do mercado
de originação de grãos e
produção de alimentos
industrializados. E em razão
disso é visível que haverá
manipulação, tendo em vista
que as empresas da Operação
compartilharão informações
(preço e quantidade
carregada) entre si,
Transoeste
influenciando na precificação
Logística Ltda.
das tarifas de frete.
Outrossim, além de dominar
o setor de produção de
produtos agrícolas, é
necessário mencionar que as
empresas da Operação
também 100% do mercado na
prestação de serviço de
transporte rodoviário de
carga (terceirização), logo, se
as empresas produzem e
procedem com o transporte
de toda a carga, consolidará a
dominação do mercado,
impactando nas
operações/prestações das
demais transportadoras.”
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 32/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
“Em rasa análise poderíamos
prever, além dos aspectos já
destacados na questão
anterior, a retirada de
pequenas e médias
transportadoras do mercado
Mafro
e a concentração de uma
Transportes
importante parte do volume
Ltda.
de produtos agrícolas em um
conjunto que empresas,
podendo chegar a quase 70 %
do volume de produção do
mercado brasileiro de
produtos agrícolas.”
Monopólio da operação pois,
Rodobelo as empresas que compõem a
Transportes joint venture já possuem uma
Rodoviários grande participação do
Ltda. mercado de transportes no
Brasil.
São grandes os impactos.
Uma vez que as Requerentes
comercializam o produto e
possuem o produto em suas
Transval
mãos, com isso se elas
Transportadora
passarem a contratar
Valmir Ltda.
terceiros para transporte,
diminui a oferta de frete para
as transportadoras que
subcontratam.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 33/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
f) Quinto ano: o número de caminhões disponíveis poderá chegar a [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS
REQUERENTES] caminhões para cada acionista.
191. Feito esse esclarecimento, as Requerentes, na petição em resposta ao questionário anexo ao Ofício n°
5467/2023/CGAA1/SG/CADE[82] partindo da estimativa de que cada caminhão pode transportar [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS
REQUERENTES] toneladas de carga por mês[83], apontam que cada empresa investidora poderá transportar pela JV cerca [ACESSO
RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] toneladas no primeiro ano de operação[84], e [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS
REQUERENTES] toneladas ao final de cinco anos.
192. Isso equivaleria, ainda conforme as Requerentes, no primeiro ano, a apenas [ACESSO RESTRITO AO CADE] das
necessidades atuais de transporte rodoviário de carga delas (considerando a demanda de 2022), e, em uma estimativa extremamente
conservadora, a [ACESSO RESTRITO AO CADE]da demanda atual em cinco anos, desconsiderando qualquer aumento de demanda no
período.
193. Apurar o volume transportado por cada caminhão é tarefa hercúlea, especialmente por que a JV ainda não está em
operação. Isso se dá porque, mesmo em se tendo conhecimento do volume transportado por um veículo hábil para o transporte de
carga agrícola, a quantidade de viagens mensais desses veículos pode variar, de acordo com a o tempo de entrega - o período, na
cadeia de transporte, que abrange as etapas de carga, deslocamento e descarga[85].
194. Assim sendo, adota-se o montante apresentado pelas Requerentes, de forma a se observar que haveria uma pequena
redução da carga total por elas transportadas através da contratação de terceiros.
195. Para além disso, em se considerando que se cada uma das cinco investidoras, no primeiro, poderá transportar pela JV
[ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] toneladas no primeiro ano, e [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES]
toneladas ao final de cinco anos, ou, conjuntamente, [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] toneladas respectivamente,
esses montantes, quando se toma como proxy somente a estimativa de produção de grãos de 2021/22 (271,2 milhões de
toneladas[86] ), equivaleria a apenas cerca de [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] do total no primeiro ano,
podendo chegar, numa hipótese conservadora, sem qualquer atualização quanto a produção de grãos, a [0-10%] [ACESSO RESTRITO
AO CADE E ÀS REQUERENTES] em cinco anos.
196. Some-se a isso o fato de que, conforme esclarecido anteriormente, um veículo não transporta apenas carga agrícola,
podendo também transportar outros tipos de carga.
197. Consultadas as Requerentes sobre os tipos de veículos comportam o transporte produtos agrícolas e quais tipos de
[87]
carrocerias , conforme já mencionado no item referente ao mercado relevante de TRC, e nesse ponto melhor detalhado, essas
informaram que o transporte de produtos agrícolas pode ser dividido em duas principais categorias, transporte de carga a granel
sólida e transporte de carga a granel líquida.
198. O transporte de carga a granel sólida pode ser feito por veículos graneleiros. Os graneleiros podem ser utilizados para o
transporte de grãos e cereais, bem como de outras cargas secas a granel, tais como produtos agrícolas diversos, fertilizantes, materiais
de construção, minerais, sal, cimento e minério de ferro:
a) Veículo Truck: possui 3 eixos com capacidade máxima de transporte de 14 toneladas;
b) Carreta simples: possui dois eixos que acoplam um semirreboque para transitar com diversas cargas. A
capacidade de transporte da depende do semirreboque utilizado;
c) Carreta trucada/LS: tem três eixos traseiros e sua capacidade máxima depende do semirreboque utilizado[88];
d) Bitrem: é caracterizado pela combinação de dois semirreboques acoplados, contando com 7 eixos com
capacidade máxima de 57 toneladas; e
e) Rodotrem: composto por dois semirreboques, equipados com 9 eixos e com capacidade máxima de carga de 74
toneladas.
Figura 14. Truck
Fonte: Requerentes[89]
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Figura 15. Cavalo mecânico simples e trucado
Fonte: Requerentes[90]
Figura 16. Bitrem e Rodotrem
Fonte: Requerentes[91]
199. Os principais tipos de carroceria utilizados, ainda segundo as Requerentes, são:
a) Graneleira: grãos em geral, fertilizantes, açúcar, óleo envasado, algodão, farelo, proteína vegetal, ração animal,
cimento, minério de ferro, materiais de construção, materiais siderúrgicos, celulose, areia;
b) Basculantes: grãos em geral, fertilizantes, açúcar, calcário, brita, cimento, minério de ferro, materiais de
construção, materiais siderúrgicos, celulose, areia, transporta ração, farelo, proteína vegetal;
c) Baús/Siders: farelo ensacado, óleo envasado, algodão, proteína vegetal, ração animal, açúcar, cimento ensacado,
materiais de construção, celulose, areia ensacada, fertilizante ensacado;
d) Tanques (Transporte Vegetal): óleo vegetal granel;
e) Tanque refrigerado: suco de laranja; e
f) Tanques (Transporte Combustíveis): biodiesel, glicerina, metanol e etanol.
200. Trata-se, como se pode observar, de veículos que transportam outros produtos, além de carga agrícola. As
transportadoras oficiadas concordam com isso, como se constata no quadro 2.
201. Em assim o sendo, a porcentagem do total de carga que se deixará de transportar com a criação da JV é ainda inferior
àquele apurado quando se considera apenas os grãos. Em se tomando por base o valor apurado no AC Carguero em 2020, sem
atualização, 433.069.838 toneladas[92] – o detalhamento desse valor se encontra na figura 12 -, o percentual a menos de carga a ser
transportado após a Operação corresponderia a cerca de [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] do total no
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primeiro ano, podendo chegar, numa hipótese conservadora, sem qualquer atualização quanto a produção de grãos, a [0-
10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES] em cinco anos.
202. Entretanto, o transporte rodoviário de carga como um todo é um setor que tende a crescer no Brasil, com o
crescimento não só do agronegócio, como também de toda a economia.
203. No agronegócio há um crescimento constante dos números. A figura 7 é um bom indicativo do crescimento da
produção agrícola no período de 2010 a 2021. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (“Mapa”):
“A estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023, com base nas informações de safras de junho, é de
R$ 1,148 trilhão, valor 2,6% superior ao do ano passado. As lavouras lideraram o crescimento, com aumento do VBP de
4,9%, impulsionado pelo recorde da safra de grãos e pelos ganhos de produtividade.”[93]
204. No mesmo sentido aponta o “Boletim de Safra de Grãos” da Conab de julho de 2023:
“A estimativa atual, para a produção de grãos, após a pesquisa de campo, realizada na última semana de maio, aponta
para uma produção de 315,8 milhões de toneladas, crescimento de 15,8% ou 43,2 milhões de toneladas sobre a safra
anterior.”[94]
205. Em igual caminho de crescimento está toda a economia brasileira
206. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (“IBGE”), no primeiro trimestre deste ano (2023), o produto
interno bruto (“PIB”) cresceu 1,9%, na comparação com os últimos três meses do ano passado[95].
207. Os citados números são um indicativo que os percentuais apurados de diminuição do transporte de carga com a criação
da JV estão superestimados, podendo ser ainda menores do que já o são.
208. Conclui-se, pois, que ainda que exista uma perda de mercado com a criação da JV, o que sempre é problemático, essa
diminuição da demanda, mesmo em um cenário conservador, será muito pequena, podendo ser compensada pelo crescimento
econômico brasileiro, em especial do setor agrícola.
209. Quanto ao agravamento dessa perda em períodos de entressafra, uma certa sazonalidade no setor já é existente. De
acordo com a Pesquisa CNT, além da influência da safra de grãos, a demanda também por outros fatores, tais como os períodos de
maior consumo de produtos não essenciais, na proximidade de datas comemorativas.
210. Face a essas observações, passa-se ao segundo tópico de preocupação das transportadoras oficiadas, a possível
redução do valor do frete com a criação da JV.
211. No que concerne ao eventual exercício de poder de mercado que as Requerentes passarão a ter na fixação do valor do
frete, afastasse a preocupação de plano, pois, aquelas desde logo deixam claro que apenas buscam atenuar os problemas logísticos
que têm enfrentado no transporte rodoviário de suas cargas, o que se confirma pelo disposto na Cláusula 5.2, da Carta de Intenções, a
seguir transcrita:
[96][ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES]
212. Para além, a JV [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES], conforme se detalhará no item relativo à
intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software.
213. Em que pese as considerações feitas sobre a possível diminuição do valor do frete com a Operação, conforme
detalhado, há uma grande concorrência no setor, o que em grande parte é determinante para a fixação do valor do frete, que poderá
atuar como diferencial para a contratação de uma ou outra prestadora do serviço de transporte de cargas.
214. Além disso, como já se esclareceu, a potencial diminuição da contratação de TRC pelas Requerentes é muito pequena
em relação ao mercado geral de operação das transportadoras, não sendo suficiente para o afetar de forma impactante.
215. Recorde-se, também, que as Requerentes já são atores fortes no mercado, e que a JV não operará como contratadora
de serviços de TRC, o que tende a não movimentar a precificação do frete.
216. Ao tratar do assunto, as Requerentes informaram que diversos fatores podem influenciar os preços dos fretes, dentre
os quais:
a) Distância percorrida;
b) Custos operacionais;
c) Possibilidade de carga de retorno para a zona de origem, que pode diminuir os custos da viagem;
d) Tempo necessário para carga e descarga;
e) Sazonalidade da demanda por transporte;
f) Perdas e avarias, tais como acidentes de trânsito, roubos de carga;
g) Condição das vias utilizadas, que é determinante para os custos de manutenção dos veículos, pode causar
lentidão e consequente atraso na entrega, além de maior risco de acidentes;
h) Pedágios e fiscalização;
i) Prazos de entrega; e
j) Aspectos geográficos.
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217. Aponte-se que, para a formação do valor do frete é comum que as empresas transportadoras se utilizem de
ferramentas de precificação, que vão desde planilhas de custo até softwares. Isso porque o valor cobrado pelo frete é uma das
maiores fontes de lucro da empresa. Assim sendo, o preço por ele cobrado deve refletir, pelo menos, os custos operacionais da
empresa, que decorrem em grande parte, de combustível, mão-de-obra e manutenção do veículo, sobrecarregados por problemas de
infraestrutura logística, como se vê nas figuras e seguir:
Figura 17. Custo operacional das transportadoras
Fonte: CNT[97]
Figura 18. Fatores que sobrecarregam os custos das transportadoras
Fonte: CNT[98]
218. Na formação do valor do frete, portanto, incluem-se esses custos, e seu aumento está ligados a produtos ou insumos
essenciais para o serviço, como, em especial, o aumento do preço do diesel.
219. Por esses fatores, não se vê que haverá diminuição do valor do frete com a Operação.
220. A título informativo recorde-se que há várias páginas na Internet nas quais se pode apurar qual o valor está sendo
cobrado, incluindo aquelas direcionadas para a carga agrícola, como a da Conab[99].
221. No tocante à terceira das preocupações das transportadoras oficiadas - preferências de carregamento e
descarregamento -, cita-se o trecho extraído do Anexo ao Parecer SG 14/2021 que vai diretamente de encontro a essa alegação:
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“No que concerne à eventual exercício de poder de mercado em virtude de sobreposição de ativos logísticos no destino
da carga (terminais de transbordo e portuário), entende-se que não há nexo de causalidade com a Operarão, pois: (i) a
atual titularidade dos ativos não será alterada em decorrência da Operação; (ii) e a utilização das rotas de exportação
comumente utilizadas pelas Requerentes não é impeditiva para que os demais comercializadores de grãos contratem seus
fretes rodoviários e utilizem a mesma rota.”[100]
222. Sobre esse tema ainda se discorrerá um pouco mais no item a seguir;
223. Finalmente, quanto ao aumento da dificuldade para contratação de mão-de-obra qualificada, melhor esclarecendo,
motoristas habilitados, que também serão almejados pela JV, realmente, essa carência se verifica.
224. De acordo com a Pesquisa CNT, “[H]á dificuldades na contratação de mão de obra, em decorrência da falta de
experiência (46,1%), de treinamento direcionado ao setor (31,5%) e de qualificação (30,8%). Há carência, em particular, de motoristas
(em 65,1% das empresas) – e, não obstante o saldo positivo de contratações no setor nos últimos dois anos, as empresas (44,6%)
ainda têm vagas disponíveis.”[101]
225. Entretanto, embora seja exigida certa capacitação para se tornar caminhoneiro profissional - como, por exemplo,
habilitação na categoria “E” e pelo menos 21 anos de idade para o transporte de cargas de maiores dimensão e peso, como carretas e
caminhões com reboques e semirreboques articulados, realização de treinamentos e certificações rotineiras -, não se trata de
demandas que exijam um longo tempo para se cumprir.
226. Em verdade, como esclarecido acima, não se verifica nenhuma real preocupação concorrencial que possa resultar no
fechamento de mercado para transportadoras rodoviárias de carga com a Operação.
227. De fato, até mesmo se pode apontar uma externalidade positiva, qual seja, a diminuição da idade da frota, com a
entrada de novos veículos.
6.5.0.1. Fechamento de mercado de TRC para outros embarcadores
228. Foram consultadas no teste de mercado empresas embarcadoras de commodities agrícolas. Embora uma parte dessas
não vislumbre nenhum tipo de impacto resultante da Operação, muitas delas aventam preocupações, em especial quando se aponta
a possibilidade de terceirização por parte da joint venture.
229. Assim sendo, relativamente à integração vertical entre a demanda por TRC e a criação da JV as preocupações
concorrenciais levantadas pelas embarcadoras são em linha com as externadas pelas transportadoras, como fechamento de mercado
para TACs e pequenas ETCs e dificuldades operacionais, com prioridade no carregamento e descarregamento para a joint venture.
230. Mas, ao contrário das transportadoras, acreditam que o preço do frete possa aumentar e que haverá maior dificuldade
para contratar TRC.
Quadro 11 – Impacto da criação da joint venture no mercado de transporte rodoviário de carga
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venture.
Olam [ACESSO RESTRITO AO CADE]
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19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
248. No que à hipótese de fechamento do mercado de TRC para outras empresas atuantes no setor que não a JV a ser
criada, constatou-se que:
a) Embora significativa, a demanda das Requerentes é insuficiente – inferior a 30% até no cenário mais conservador
- para ensejar fechamento de mercado;
b) As demais comercializadoras de grãos respondem por parte expressiva da demanda por carga agrícola;
c) As empresas transportadoras de carga atuam com o transporte de todos os tipos de cargas, e não apenas carga
agrícola;
d) A formação do valor do frete não terá alteração, pois ele depende de outros componentes, que não tão somente
uma eventual ínfima redução da demanda;
e) Não se vislumbra nexo de causalidade entre a Operação e eventual exercício de poder de mercado em virtude de
sobreposição de ativos logísticos no destino da carga (terminais de transbordo e portuário); e
f) A formação de mão-de-obra, em especial motorista, não requer longo tempo ou grande capacitação.
249. Quanto ao fechamento do mercado de TRC para outros embarcadores, para além do que já se mencionou no tocante
aos transportadores, acresça-se que, face à grande competitividade do setor, ao grande número de prestadores do serviço e da
entrada de mais veículos de transporte de carga com a criação da JV, não se antevê que a Operação ocasione uma diminuição de
oferta de transporte de carga.
250. Some-se a isso o comprometimento das Requerentes de não utilizar a JV como uma forma de contratação de
transporte rodoviário de cargas junto a terceiros, nos termos descritos no Protocolo de Governança Antitruste. Eventual
descumprimento dessas premissas pelas Requerentes poderá ensejar a revisitação da matéria por esta SG em sede de análise de
conduta.
251. Por fim, cabe mencionar que a Operação poderá até gerar alguma externalidade positiva, decorrente da diminuição da
idade da frota em circulação nas rodovias brasileiras.
6.6. Integração vertical na intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software
252. Conforme esclarecido no item relativo ao mercado relevante, a definição, para o mercado de integração vertical na
intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software, na dimensão produto, é a de integração vertical na intermediação
de frete rodoviário de carga por meio de software, sem segmentação quanto ao tipo de carga. A dimensão geográfica é a nacional.
253. Passa-se, então, a testar a hipótese de que a JV a ser criada se utilize exclusivamente da Carguero e da Vector para a
intermediação de frete rodoviário por meio de softwares.
254. Preliminarmente, cabe esclarecer que a JV não contratará serviços de terceiros, não funcionando “como um ‘pool’ para
contratação de transporte rodoviário de carga, no interesse de suas acionistas junto a terceiro”, o que, de plano, afasta a possibilidade
de fechamento desse mercado.
255. A esse respeito, tem-se a seguinte declaração das Requerentes:
256. Além disso, de acordo com o Protocolo de Governança Antitruste, conforme já esclarecido preliminarmente, as
Requerentes [106] . [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS REQUERENTES]
257. Sem prejuízo, a título argumentativo se fará uma rápida explanação sobre o tópico.
6.6.1. Demanda por intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software
258. As Requerentes inicialmente informaram que, como já seria de conhecimento do Cade, não há dados públicos sobre o
tamanho do mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software, de modo que esta autarquia já teria se utilizado de
diferentes proxies para o estimar, como estudos de consultoria[107] ou notícias da imprensa[108].
259. Voltam, então, a citar o paradigmático AC Carguero, ocasião em que a SG-Cade oficiou ao mercado e obteve dados
diretamente dos agentes. Foram solicitadas, naquele caso, informações sobre (i) faturamento bruto; (ii) valor transacionado em
fretes; e (iii) volume transacionado em toneladas.
260. Feitas as consultas, a SG-Cade entendeu que o faturamento bruto não seria a proxy mais adequada para aferir
participação de mercado dos concorrentes, posto que cada plataforma tem um modelo próprio de negócio. Desse modo, o
dimensionamento do mercado com base no faturamento bruto das empresas poderia apresentar distorções.
261. Aqui se faz um adendo à argumentação das Requerentes, pois se consideram interessante mencionar que, como se
pode observar no anexo ao Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG do AC Carguero, a SG entendeu conveniente a elaboração estrutura
de oferta segundo este critério, apurando, desse modo, uma participação de mercado da Carguero entre 20-30%:
Figura 20. Mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software (Tabela 4 do AC Carguero)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
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Fonte: Anexo ao Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[109]
262. Retornando às alegações das Requerentes, a SG-Cade entendeu que dados de volumes e/ou valores transacionados (ou
cujas ofertas tenham transacionado nas plataformas digitais) seriam uma medida mais adequada para uma análise do mercado.
263. Acrescenta-se, nesse ponto, o trecho da decisão mencionado pelas empresas, que consta do já citado parecer, bem
como a tabela nele mencionada:
“186. Assim, em razão de eventuais distorções nos faturamentos (diferentes modelagens de negócios), o uso de dados de
volumes e/ou valores de frete transacionados (ou cujas ofertas tenham transitado nas plataformas digitais) parece ser
uma medida mais adequada para a elaboração da estrutura de oferta deste mercado.
187. Tendo isto em vista, a SG utilizará, para o dimensionamento total deste mercado, uma proxy bastante conservadora,
atribuindo-se como mercado total o somatório do volume (Ton) e valores (R$) de fretes transacionados pelas empresas
consultadas no teste de mercado (dados reportados neste AC e inferências indiretas), conforme tabela abaixo:”
Figura 21. Mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software (Tabela 5 do AC Carguero)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Anexo ao Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[110]
264. No AC Carguero a SG-Cade entendeu que, as participações de mercado contidas na estrutura de oferta da figura supra
estão superestimadas, mas, mesmo em um recorte mais restritivo do mercado, a participação da Carguero é inferior a 10%.
265. Isso posto, as Requerentes apontam que, mesmo sem dados públicos, é patente o aumento expressivo, no período de
2020 a 2023, do valor transacionado e volume de frete rodoviário intermediado por software.
266. A existência desse crescimento do mercado pode ser aduzida, por exemplo, das informações divulgadas pela Fretebras,
empresa dominante, conforme foi apurado no AC Carguero. Os dados dessa empresa, conforme apurado pela Requerentes na 8ª
edição do relatório Fretebras sobre o transporte rodoviário de cargas[111], dão conta de que ela intermediou R$20 bilhões em fretes
distribuídos no primeiro semestre de 2020, R$35,5 bilhões no primeiro semestre de 2021 e R$49 bilhões no primeiro semestre de
2022.
267. Como o mencionado relatório não estava mais disponível no endereço indicado, foi encontrado um vídeo feito pela
Fretebras [112] que traz a informação, do qual foi retirada a figura a seguir, que dá conta de um aumento de 38% nos fretes no primeiro
semestre de 2002 quando comparado ao mesmo período em 2021:
Fonte: Fretebras
268. As Requerentes então esclarecem que, partindo dos dados públicos sobre o frete transacionado, construiu as
estimativas apresentadas nesta Operação, o que demandou um esforço de equalização de informações, pois os modelos de negócios
dos agentes de mercado variam entre si. O frete transacionado corresponde ao que o mercado se refere como Gross Transaction
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Value (“GTV”), análogo ao chamado Gross Merchandise Value, geralmente utilizado por empresas de marketplace, tais como a
Amazon e a Magazine Luiza.
269. Também foi declarado, pelas Requerentes, que há também diferenciação na própria maneira de gerar receita, mais um
fator a dificultar a apuração de dados para esse mercado.
270. Finalmente, elas salientaram que há players relevantes sobre os quais não informações públicas, razão pelos quais eles
não foram considerados para as estimativas de total de mercado.
271. Feitos esses comentários, as Requerentes apresentaram as tabelas a seguir, através da qual buscam demonstrar suas
melhores estimativas para o mercado de intermediação de frete rodoviário por meio de software para os anos de 2021 e 2022:
Figura 23. Valor transacionado em frete rodoviário em 2021
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
Figura 24. Valor transacionado em frete rodoviário em 2022
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Requerentes (SEI 1191314)
272. Levando em conta os números por elas apurados, as Requerentes alegam que a participação combinada da Carguero e
da Vector é bastante inferior a 30% - [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], de modo a não haver de risco de fechamento de
mercado.
273. Ainda assim, basta fazer um cálculo simplista dos números existentes nos autos para se chegar à conclusão de que a
participação de mercado da Carguero somada à da Vector é muito pequena.
274. Melhor esclarecendo, mesmo se, para fins de um exercício mental simplificado, forem considerados apenas os números
da Fretebras para o primeiro semestre de 2022 (49 bilhões), a participação combinada da Carguero e da Vector fica longe dos 30% -
[10-20%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], afastando o risco de fechamento do mercado.
6.6.2. Possibilidade de fechamento de mercado
275. Inicialmente, aponte-se que a situação descrita no item anterior no que tange à participação combinada da Carguero e
da Vector até mesmo dispensaria o aprofundamento da análise concorrencial por se tratar de Operação de menor potencial ofensivo
à concorrência, elegível ao rito sumário, nos termos do art. 6º e do art. 8º, inc. IV, ambos da Resolução Cade nº 33, de 14 de abril de
2022:
“Art. 6º O Procedimento Sumário será aplicado pelo Cade aos casos que, em virtude da simplicidade das operações,
tenham menor potencial ofensivo à concorrência.
(...)
Art. 8º São hipóteses enquadráveis no Procedimento Sumário, as seguintes operações:
(...)
(...)
IV – Baixa participação de mercado com integração vertical: nas situações em que nenhuma das requerentes ou seu grupo
econômico comprovadamente controlar parcela superior a 30% de quaisquer dos mercados relevantes verticalmente
integrados;”
276. Sem prejuízo, saliente-se que a pequena participação conjunta da Carguero e da Vector no mercado de intermediação
de frete rodoviário de carga por meio de software indica que, mesmo que a JV intermediasse toda a sua contratação frete rodoviário
por meio daquelas plataformas, ainda assim não haveria risco de fechamento do mercado.
277. Mas, mais importante que isso é a informação fornecida pelas Requerentes, já mencionada anteriormente, de que a
joint venture criada pela Operação não contratará terceiros para prestação de serviço de TRC. Por conseguinte, não fará uso da
Carguero e nem da Vector.
278. Assim sendo, não se vislumbrando risco à concorrência no mercado nacional de intermediação de frete rodoviário por
meio de softwares.
6.7. Integração vertical no pagamento eletrônico de frete nacional
279. Nesse tópico se avaliará a possibilidade de que, após a Operação, a joint venture recém-criada passe a utilizar apenas a
Green Net para o pagamento eletrônico de frete nacional, e que essa situação cause o fechamento do mercado para outras
operadoras.
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280. Em direção oposta, também se apurará se com outras transportadoras, sem poder se utilizar da Green Net, fiquem sem
opção, sinalizando um fechamento do mercado para elas.
289. Voltando à questão principal, na ANTT[115] é possível encontrar, no momento, além da Green Net, outras trinta e duas
(32) IPEFs - no total, trinta e três (33) IPEFs habilitadas, ou seja, um número muito maior do que aquele apresentado pelas
Requerentes, e também superior ao apurado quando do Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG (AC Carguero), quando havia vinte e
nove (29) IPEFs habilitadas.
290. Portanto, acredita-se que o market share da Green Net possa ser até mesmo inferior ao constante das tabelas
anteriores. Nesse aspectos, reporte-se aos AC nº 08700.000756/2016‐49[116] e AC 08700.006760/2017‐00[117], citados no parecer da
AC Carguero. Nesses atos de concentração aparecem outras IPEFs com participação de mercado que não foram consideradas pelas
Requerentes, com destaque para o Bradesco (20-35%, no primeiro e 10-20% no segundo):
Figura 27. Mercado nacional de meios de pagamento eletrônico de frete (Tabela 2 do AC 08700.006760/2017‐00)
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Fonte: AC 08700.006760/2017‐00[118]
291. Voltando ao que ficou bem esclarecido no item V.4 deste documento e no AC Carguero, as modalidades de depósito em
conta e pagamento eletrônico de frete são obrigatórias para TACs e Equiparados, sendo que o PEF aos TACs e Equiparados deve,
necessariamente, ser intermediado por uma IPEF.
292. Já ETCs que contratam TACs, embora possam pagar por depósito em conta, conforme se apurou no AC Carguero,
também se servem de IPEFs para o PEF:
“Na prática, segundo indicou o teste de mercado, as IPEF atendem não apenas aos TACs e Equiparados para fins de
pagamento eletrônico de frete (PEF), mas também intermedeiam o depósito em conta bancária escolhida pelo TAC (caso
seja a modalidade escolhida por ele) e realizam pagamento de fretes eletrônicos destinados às ETCs.”[119]
293. Traslada-se, abaixo, a tabela feita naquela ocasião (2020), traz a estrutura de oferta considerando a premissa do
mercado total em R$ 120 bilhões de fretes pagos[120] e transacionados por meios das IPEF aos TACs e Equiparados:
Figura 28. Mercado de PEF em 2020 (Tabela 8 do AC Carguero)
[ACESSO RESTRITO AO CADE]
Fonte: Anexo ao Parecer nº 14/2021/CGAA3/SGA1/SG[121]
294. Levando em conta os pontos supra levantados, entende-se que, mesmo com os números superestimados apresentados
pelas Requerentes, a participação de mercado da Green Net é inferior a 30%, o que afasta, de plano, o perigo de fechamento de
mercado por essa.
6.7.2. Possibilidade de fechamento de mercado
295. Da mesma forma que para o mercado de intermediação de frete rodoviário de carga por meio de software, também no
mercado de pagamento eletrônico de frete nacional a participação da Green Net, como apurado acima, por si só já torna dispensável
o aprofundamento da análise concorrencial (Res. nº 33/2022, art. 6º e art. 8º, inc. IV).
296. De qualquer modo, verifica-se que a Green Net tem uma pequena participação no mercado, restando para as
transportadoras outras opções para o pagamento eletrônico de frete, mesmo que aquela passasse a atender apenas a JV.
297. Por outro lado, a baixa participação da JV no mercado de TRC, conforme detalhado em item anterior, também faz com
que ainda não haja risco de fechamento do mercado para outras operadoras de pagamento eletrônico de frete.
7. GARANTIAS CONTRATUAIS RELACIONADAS AO MODELO DE GOVERNANÇA APRESENTADAS PELAS REQUERENTES
298. Uma vez afastado o risco de fechamento de mercado resultante das integrações verticais, resta ainda necessário
analisar um eventual aumento dos riscos concorrenciais relacionados ao compartilhamento de informações concorrencialmente
sensíveis entre as Requerentes, uma vez que as Investidoras, negociadoras de commodities agrícolas, com a Operação, constituirão
uma joint venture para o transporte rodoviário desses produtos.
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313. Por outro lado, mesmo em cenários mais restritivos analisados, mesmo que todo o volume de carga das Requerentes
fosse transportado pela JV esse alcançaria, quando da criação da empresa [20-30%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], ou seja, inferior à
barreira legal de 30%, mas com a possibilidade de em cinco anos alcançar uma participação de mercado de [40-50%] [ACESSO
RESTRITO AO CADE].
314. Quando se pensa no tamanho da frota da JV os números são menores. Em se considerando a frota cadastrada, o
número de caminhões que a JV tem a intenção de comprar - [ACESSO RESTRITO AO CADE] – correspondem, respectivamente, a [0-
10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE] e [0-10%] [ACESSO RESTRITO AO CADE], mesmo sem considerar um provável crescimento da
frota em cinco anos.
315. Não é factível, portanto, a hipótese de fechamento de mercado nem em relação a outras transportadoras de carga,
nem em relação aos embarcadores concorrentes das Empresas Agrícolas na demanda por transporte de grãos.
316. No primeiro caso (fechamento para transportadoras), (i) a demanda de TRC das Requerentes se mostra insuficiente
para ensejar fechamento; e (ii) as empresas de TRC atuam com o transporte de todos os tipos de cargas, e não apenas carga agrícola.
317. O mesmo se aplica para o segundo caso (fechamento para as embarcadoras concorrentes): (i) há muitos
transportadores atuando no setor de TRC; e (ii) a criação da JV aumentará a oferta.
318. No que concerne a eventual exercício de poder de mercado em virtude de sobreposição de ativos logísticos no destino
da carga (terminais de transbordo e portuário), entende-se que não há nexo de causalidade com a Operarão, pois: (i) a atual
titularidade dos ativos não será alterada em decorrência da Operação; e (ii) e a utilização das rotas de exportação comumente
utilizadas pelas Requerentes não é impeditiva para que os demais comercializadores de grãos utilizem a mesma rota.
319. Quanto à formação do valor do frete, essa não será alteração, pois ele depende de outros componentes, que não estão
ligados à Operação, como distância percorrida; custos operacionais; possibilidade de carga de retorno para a zona de origem, tempo
necessário para carga e descarga; sazonalidade da demanda por transporte; perdas e avarias; condição das vias utilizadas; pedágios e
fiscalização; prazos de entrega; e aspectos geográficos.
320. Finalmente, a maior demanda de mão-de-obra, em especial motorista, não é um fator competitivo extremamente
preocupante, já que ela não requer longo tempo ou grande capacitação para a formação.
321. Quanto à segunda integração vertical – demanda de frete rodoviário de carga pela JV com a intermediação de frete
rodoviário por meio de software, concluiu-se que, mesmo a participação combinada da Carguero e da Vector, só chega a [10-20%]
[ACESSO RESTRITO AO CADE], afastando o risco de fechamento do mercado.
322. A reforçar esse cenário, tem-se a informação fornecida pelas Requerentes de que a joint venture criada pela Operação
não contratará terceiros para prestação de serviço de TRC. Por conseguinte, não fará uso da Carguero e nem da Vector.
323. Finalmente, a terceira integração vertical - demanda de pagamento eletrônico de frete pela JV com o pagamento
eletrônico de frete -, também não apresenta risco à concorrência, face à pequena participação do mercado tanto da Green Net, [0-
10%], como da futura JV.
324. No que diz respeito à possível coordenação das Requerentes nos seus mercados de atuação e ao risco de acesso e
compartilhamento de informações e dados concorrencialmente sensíveis dos usuários da JV, a empresas apresentaram ao Cade os
instrumentos nos quais estão previstas as salvaguardas que regem as relações entre elas, a JV e eventuais usuários dessa. Esta SG
entende que são medidas capazes de mitigar os riscos de coordenação e troca de informações sensíveis entre as Requerentes.
325. Por todo o exposto, conclui-se pela aprovação sem restrições da presente Operação.
326. Não obstante, destaca-se que a aprovação do presente Ato de Concentração não impede ou prejudica eventual
investigação futura, em sede de controle repressivo de condutas anticompetitivas, em desfavor das Requerentes, caso venham a
surgir indícios de infração à ordem econômica por elas praticado.
ANEXO 1. QUADRO COM O NÚMERO SEI DOS OFÍCIOS ÀS TRANSPORTADORAS E DAS SUAS RESPOSTAS
OFÍCIOS TRANSPORTADORAS
Resp.
Empresa Nº do Ofício Resp. Pública
Privada
OFÍCIO Nº
G10 5356/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI
SEI 1258060
Transportes (SEI 1240812; SEI 1252062 e SEI 1258061
1252067)
Transporte OFÍCIO Nº
SEI
Transvidal 5364/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1254315
1254017
Ltda. (SEI 1240910)
Lontano OFÍCIO Nº
SEI
Transportes 5367/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1251182
1251188
Ltda. (SEI 1240940)
HU Transporte OFÍCIO Nº
SEI
Rodoviário 5371/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1258268
1258269
Ltda. (SEI 1240948 e SEI 1252078)
Rodomaior OFÍCIO Nº
SEI
Transportes 5373/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1247335
1247336
Ltda. (SEI 1240952)
Fribon OFÍCIO Nº SEI 1247387 SEI
Transportes 5374/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE 1247388
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Ltda. (SEI 1240953)
Rodolider
Transportes e
Agenciamento OFÍCIO Nº
de Cargas Ltda. 5375/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
SEI 1248362 SEI
(nome fantasia (SEI 1240955) e OFÍCIO Nº
1248365
da Granlider 5463/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
Transportes e (SEI 1242450)
Agenciamentos
de Carga Ltda.)
OFÍCIO Nº
Transvale SEI
5451/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1256790
Transporte 1256791
(SEI 1242427 e SEI 1252099)
AG Brasil
OFÍCIO Nº
Logistica e SEI
5453/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE N/A
Transporte de 1253803
(SEI 1242430)
Cargas
OFÍCIO Nº
AJS S TUR SEI
5454/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1245636
Turismo Ltda. 1245637
(SEI 1242432)
OFÍCIO Nº
Transoeste SEI
5456/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1248240
Logística Ltda. 1248242
(SEI 1242437)
Mafro OFÍCIO Nº
SEI
Transportes 5459/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1257699
1257701
Ltda. (SEI 1242442)
Rodobelo
OFÍCIO Nº
Transportes SEI
5460/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1246638
Rodoviários 1246639
(SEI 1242443)
Ltda.
SEI 1256653
Rodoroma OFÍCIO Nº
(empresa está
Transporte e 5461/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE N/A
sem
Logística Ltda.
(SEI 1242445 e SEI 1252585)
movimentação)
Transval OFÍCIO Nº
SEI
Transportadora 6242/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE SEI 1257041
1257044
Valmir Ltda. (SEI 1252568)
ANEXO 2. QUADRO COM O NÚMERO SEI DOS OFÍCIOS ÀS EMBARCADORAS E DAS SUAS RESPOSTAS
OFÍCIOS EMBARCADORAS
Resp. Resp.
Empresas Nº do Ofício
Pública Privada
OFÍCIO Nº
SEI SEI
COFCO 5880/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1253366 1253375
(SEI 1246733)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
Viterra 5882/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1253306 1253308
(SEI 1246778)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
NovaAgri 5883/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1256889 1256890
(SEI 1246781)
OFÍCIO Nº
Lar SEI
5887/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE N/A
Cooperativa 1253483
(SEI 1246809)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
Raizen 5887/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1258053 1258054
(SEI 1246813)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
Cutrale 5890/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1254396 1254399
(SEI 1246815)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
BRF 5895/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1253331 1253334
(SEI 1246843)
OFÍCIO Nº
SEI
Sodrugestvo 5897/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE N/A
1253639
(SEI 1246846)
OFÍCIO Nº
SEI SEI
Olam 5898/2023/DIAP/CGP/DAP/CADE
1257682 1257683
(SEI 1246847)
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 48/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
____________________________
[1] Valor correspondente a [ACESSO RESTRITO AO CADE À BUNGE]. Data de cotação utilizada: 31.12.2021. Taxa: 1 Dólar dos Estados Unidos/USD (220) = 5,5799
Real/BRL (790), 1 Real/BRL (790) = 0,1792147 Dólar dos Estados Unidos/USD (220).
[2] Valor correspondente a [ACESSO RESTRITO AO CADE À BUNGE]. Data de cotação utilizada: 31.12.2021. Taxa: 1 Dólar dos Estados Unidos/USD (220) = 5,5799
Real/BRL (790), 1 Real/BRL (790) = 0,1792147 Dólar dos Estados Unidos/USD (220).
[3] Valor correspondente a [ACESSO RESTRITO AO CADE À BUNGE]. Data de cotação utilizada: 31.12.2021. Taxa: 1 Dólar dos Estados Unidos/USD (220) = 5,5799
Real/BRL (790), 1 Real/BRL (790) = 0,1792147 Dólar dos Estados Unidos/USD (220).
[4] SEI 1265196
[5] SEI 1029559
[6] Empresa brasileira, parte do Grupo Dalablog. É detentora da Green Net.
[7] Joint venture formada entre LDC e Amaggi.
[8] https://www.carguero.com.br/. Acessado em 14/07/2023.
[9] Empresa detida pela Dalablog e autorizada pelo Banco Central do Brasil para funcionar como Instituição de Pagamento Eletrônico de Frete (“IPEF”).
[10] https://tipbank.com.br/. Acessado em 14/07/2023.
[11] SEI 0996443
[12] SEI 1028533
[13] Disponível em: https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-do-cade/guia-para-analise-de-atos-de-concentracao-horizontal.pdf .
Acessado em 04/07/2023.
[14] Guia H
[15] SEI 1191314 e SEI 1191315
[16] Vide Ato de Concentração nº 08700.005456/2016-56 (Requerentes: BSBios e Cotrijal); Ato de Concentração nº 08012.009513/2009-03 (Requerentes: Louis
Dreyfous Commodities Brasil S/A e Amaggi Exportação e Importação Ltda.); e Ato de Concentração nº 08700.002373/2022-53 (Requerentes: Viterra e Gavilon).
[17] Ato de Concentração nº 08700.002373/2022-53 (Requerentes: Viterra e Gavilon).
[18] SEI 1081870
[19] Dispõe sobre o transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante remuneração e revoga a Lei no 6.813, de 10 de julho de 1980.
[20] Ato de Concentração n° 08700.000265/2022-46 (Superfrio Armazéns Gerais S.A. e TAC Logística Ltda.); Ato de Concentração n° 08700.001941/2021-18 (OESA
Comércio e Representações S.A., HOK Transportes Ltda., Flecha Foods Ltda., e Frios Transportadora Ltda.); Ato de Concentração n° 08700.001104/2021-99
(Superfrio Armazéns Gerais S.A. e Log Frio Logística Ltda.); Ato de Concentração nº 08700.001020/2021‐55 (JSL e Transportadora Rodomeu); Ato de Concentração
n° 08700.006428/2020-32 (Direcional Transporte e Logística S.A., Prime Express Logística e Transporte Ltda., Prime Time Logística e Transporte Eireli); Ato de
Concentração n° 08700.003526/2020-18 (BBM Logística S.A e Translag Transporte e Logística Ltda.); Ato de Concentração n° 08700.005359/2019-14 (BBM
Logística S.A. e Transportes Translovato Ltda.); Ato de Concentração n° 08700.000442/2018-16 (São Leopoldo Empreendimentos e Locação de Bens Ltda. e
Deicmar Armazenagem e Distribuição Ltda.); e Ato de Concentração nº 08700.009559/2015‐12 (Fedex Corporation e TNT Express N.V.); Ato de Concentração nº
08700.004030/2012‐51 (Fedex e Rapidão Cometa); e outros.
[21] https://antt-
hml.antt.gov.br/documents/359209/0/Manual+de+Fiscaliza%C3%A7%C3%A3o+do+Transporte+Rodovi%C3%A1rio+Nacional+de+Cargas.pdf/8dfea07d-e98c-6795-
7321-b883eb47b8ea?t=1592236528833. Acessado em 10/07/2023.
[22] https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-5.982-de-23-de-junho-de-2022-410035120. Acessado em 10/07/2023.
[23] https://www.gov.br/transportes/pt-br/assuntos/transporte-terrestre/transporte-rodoviario-de-cargas. Acessado em 10/07/2023.
[24] https://app.powerbi.com/view?
r=eyJrIjoiOTczNzdmYzktNzU3NS00NGJkLTk0ZjktNDY2MDV%20kZjQzZmU3IiwidCI6Ijg3YmJlOWRlLWE4OTItNGNkZS1hNDY2LTg4Zjk4MmZiYzQ5MCJ9. Acessado em
10/07/2023.
[25] SEI 1251191 e SEI 1251195
[26] ACs 08700.009559/2015‐12 (Fedex Corporation e TNT Express N.V.), 08700.004030/2012‐51 (Fedex e Rapidão Cometa), 08700.002437/2021‐35 (SMR,
Germânia e Superpão), 08700.006428/2020‐32 (Direcional, Prime Express e Prime Time), AC 08700.003526/2020‐18 (BBM Logística e Translag),
08012.010612/2011‐44 (JSL S.A. e Rodoviário Schio S.A.), 08012.007493/2011‐42 (AAL Intermodal e Ouro Verde), 08012.000207/2009‐01 (Júlio Simões e Yolanda
Logística), AC08012.003814/2009‐15 (TNT Mercúrio e Expresso Araçatuba).
[27] Em linha com esses precedentes, portanto, a SG adotará, para a perspectiva de demanda de transporte rodoviário de cargas, sob a dimensão produto, o
transporte rodoviário de cargas, sem quaisquer segmentações. Ponderações a respeito de tipos específicos de carga serão feitas por ocasião da análise da
integração vertical, cotejandose diferentes cenários para este mercado.” (SEI 0996593)
[28] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
[29] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
[30] SEI 0996443
[31] SEI 0953283
[32] AC 08700.004523/2021‐82 (Mercado Livre/Kangu), AC 08700.000611/2019‐91 (Estrela/Truckpad), AC 08700.005537/2018‐18 (LDC/Amaggi), AC
08700.002227/2021‐47 (Locaweb/Organisys) e AC 08700.003064/2021‐10 (Edenred/Buzau/Freto e Outros).
[33] https://www.oecd.org/daf/competition/Rethinking-antitrust-tools-for-multi-sided-platforms-2018.pdf. Acessado em 11/07/2023.
[34] São exemplos de fricções as assimetrias informacionais, os custos de se transacionar com um agente desconhecido, as dificuldades para localizar o bem ou
serviço que se deseja ou alcançar o público-alvo do que se oferta.
[35] Ato de Concentração nº 08700.001796/2020-94 (Requerentes: OLX Brasil e Grupo ZAP); Ato de Concentração nº 08700.004426/2020-17 (Requerentes: Bus
Serviços e J3 Participações); e o Processo Administrativo nº 08012.010483/2011-94 (Representantes: E-Commerce Media Group Informação e Tecnologia Ltda. e
Representados: Google Inc. e Google Brasil Internet Ltda).
[36] https://www.carguero.com.br/#como-funciona. Acessado em 11/07/2023.
[37] https://www.vector-unitech.com/. Acessado em 11/07/2023.
[38] RASEK, Arno; WISMER, Sebastian. “Market definition in multi-sided markets”, 2017. Disponível em
https://one.oecd.org/document/DAF/COMP/WD(2017)33/FINAL/en/pdf. Consultado em 13 jul 2022.
[39] Texto original: “Defining one single market seems reasonable for services which mainly aim at enabling a direct (observable) transaction between different
groups, e.g. in the case of a trading platform that brings together sellers and buyers. In particular, this approach seems feasible if (i) a firm’s service necessarily
involves all groups and (ii) the set of substitutes and their respective relevance from the perspective of each customer group does not differ significantly across
groups. Otherwise, in particular if the products or services considered as substitutes (and, hence, competition conditions) differ substantially across groups,
defining a separate market for each distinct customer group seems more appropriate; in these cases, the resulting markets usually differ in product and/or
geographic scope. These constellations are more likely to exist in cases with nontransaction or audience providing/advertising platforms. However, market
definition and the choice between the two approaches need to be done on a case-by-case basis.”
[40] Ato de Concentração nº 08700.001796/2020-94 (Bom Negócio/ZAP Viva Real); Ato de Concentração nº 08700.000712/2019-61 (Madrid/Madero); Ato de
Concentração nº 08700.007262/2017-76 (Naspers, Rocket e Delivery Hero); Ato de Concentração nº 08700.001574/2019-38 (Bayer /Bravium); e Ato de
Concentração nº 08700.001962/2019-19 (Multiplan/ Delivery Center).
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 49/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
[41] Vide Ato de Concentração nº 08700.001574/2019-38 (Requerentes: Bayer e Bravium); Ato de Concentração nº 08700.001796/2020-94 (Requerentes: OLX
Brasil e Grupo ZAP); Ato de Concentração nº 08700.007262/2017-76 (Requerentes: Naspers, Rocket e Delivery Hero); e Ato de Concentração nº
08700.001962/2019-19 (Requerentes: Multiplan e Delivery Center).
[42] “Art. 5º-A. O pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao TAC será efetuado em conta de depósito ou em conta de pagamento pré-paga
mantida em instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, de livre escolha do TAC prestador do serviço, e informado no Documento Eletrônico de
Transporte (DT-e). (Redação dada pela Lei nº 14.206, de 2021) § 1º A conta de depósito à vista, de poupança ou pré-paga deverá ser de titularidade do TAC,
cônjuge, companheira ou parente em linha reta ou colateral até o segundo grau, indicada expressamente pelo TAC, vedada a imposição por parte do contratante,
e identificada no DT-e. (Redação dada pela Lei nº 14.206, de 2021) § 2o O contratante e o subcontratante dos serviços de transporte rodoviário de cargas, assim
como o cossignatário e o proprietário da carga, são solidariamente responsáveis pela obrigação prevista no caput deste artigo, resguardado o direito de regresso
destes contra os primeiros. (Incluído pelo Lei nº 12.249, de 2010) § 3o Para os fins deste artigo, equiparam-se ao TAC a Empresa de Transporte Rodoviário de
Cargas - ETC que possuir, em sua frota, até 3 (três) veículos registrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC e as Cooperativas
de Transporte de Cargas. (Incluído pelo Lei nº 12.249, de 2010) § 4o As Cooperativas de Transporte de Cargas deverão efetuar o pagamento aos seus
cooperados na forma do caput deste artigo. (Incluído pelo Lei nº 12.249, de 2010) § 5º O extrato da conta de depósito ou da conta de pagamento pré-paga de
que trata o caput deste artigo, com as movimentações relacionadas aos pagamentos das obrigações estabelecidas em DT-e, servirá como forma de comprovação
de rendimentos do TAC. (Redação dada pela Lei nº 14.206, de 2021) § 6o É vedado o pagamento do frete por qualquer outro meio ou forma diverso do previsto
no caput deste artigo ou em seu regulamento. (Incluído pelo Lei nº 12.249, de 2010) § 7º As custas com a geração e a emissão de DT-e, as tarifas bancárias e as
demais custas decorrentes da operação de pagamento do frete contratado correrão à conta do responsável pelo pagamento, sem ônus ao TAC. (Redação dada
pela Lei nº 14.206, de 2021) § 8º As informações para o pagamento a que se refere o caput deste artigo e o valor da transação deverão ser identificados no DT-e
emitido. (Incluído pela Lei nº 14.206, de 2021) § 9º Constituirá prova de pagamento total ou parcial do serviço identificado no DT-e o extrato do pagamento pela
instituição pagadora em favor do legítimo credor na forma prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.206, de 2021) § 10. O TAC poderá ceder,
inclusive fiduciariamente, endossar ou empenhar títulos ou instrumentos representativos dos direitos creditórios constituídos ou a constituir referentes ao
pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas, observado que: (Incluído pela Lei nº 14.206, de 2021) I - o pagamento do frete será feito em favor do
cessionário, do endossatário ou do credor pignoratício, desde que o devedor seja devidamente notificado da cessão do crédito, vedado o pagamento diretamente
ao TAC; e (Incluído pela Lei nº 14.206, de 2021) II - o disposto nos §§ 1º, 4º, 6º e 7º do caput deste artigo não será aplicado. (Incluído pela Lei nº 14.206, de
2021)”
[43] AC 08700.003664/2017‐00 (Louis Dreyfus Company Brasil S.A., Amaggi Exportação e Importação Ltda. e Green Net Administradora de Cartão Ltda.); AC
08700.000089/2013‐51 (Business Investiments S.A. e Ticket Serviços e Participações Ltda.); AC 08700.006760/2017‐00 (Vector Tecnologia e Serviços Ltda. e Siga
Fácil S.A.); e AC 08700.002073/2018‐98 (Ticket Soluções HDFGT S.A. e Repom S.A.); 08700.000756/2016‐49 (Ticket Serviços S.A, Repom S.A e Empresa Brasileira
de Tecnologia e Administração de Convênios Haag S.A. ‐ Embratec).
[44] A SG observou que até então a maioria dos precedentes foi analisada pelo rito sumário, uma vez que as participações de mercado envolvidas não ensejavam
preocupações concorrenciais. Não obstante, em alguns destes ACs sumários, ponderou‐se a possibilidade de existência dos três cenários distintos, tal qual trazido
pelas Requerentes: Segmento Amplo, Segmento Regulado e Segmento Penetrado. Já no AC 08700.000756/2016‐49, analisado sob o rito ordinário, o mercado
relevante produto analisado foi o de pagamento eletrônico de frete, sem segmentação entre diferentes cenários, pois foi considerado que não havia “potencial
lesivo ao mercado brasileiro de pagamento eletrônico de frete, sobretudo pela baixa variação de participação de mercado resultante da operação” (Parecer nº
7/2016/CGAA1/SGA1/SG, SEI 0195418).
[45] AC 08700.003664/2017‐00 (Louis Dreyfus Company Brasil S.A., Amaggi Exportação e Importação Ltda. e Green Net Administradora de Cartão Ltda.); AC
08700.000089/2013‐51 (Business Investiments S.A. e Ticket Serviços e Participações Ltda.); AC 08700.006760/2017‐00 (Vector Tecnologia e Serviços Ltda. e Siga
Fácil S.A.); AC 08700.002073/2018‐98 (Ticket Soluções HDFGT S.A. e Repom S.A.); e AC 08700.000756/2016‐49 (Ticket Serviços S.A, Repom S.A e Empresa
Brasileira de Tecnologia e Administração de Convênios Haag S.A. ‐ Embratec).
[46] [ACESSO RESTRITO AO CADE E À ADM]
[47] [ACESSO RESTRITO AO CADE]
[48] [ACESSO RESTRITO AO CADE E À BUNGE]
[49] Ato de Concentração nº 08012.005212/2009-01 (Requerentes: Sapitel Industrial S.A e Duratex S.A.).
[50] https://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:265:0006:0025:pt:PDF. Acessado em 16/07/2023.
[51] Expectativa após a criação
[52] Nome fantasia da Granlider Transportes e Agenciamentos de Carga Ltda.
[53] Repetiu-se o mesmo dado para daqui a cinco (5) anos.
[54] Últimos doze meses.
[55] Por mês
[56] Por mês
[57] Cadastrados
[58] Viagens por mês
[59] Base total de 300 mil a 400 mil veículos [ACESSO RESTRITO AO CADE]
[60] Base total de 400 mil a 500 mil veículos [ACESSO RESTRITO AO CADE]
[61] Conforme as Requerentes informam, os dados estariam disponíveis em http://www.guiadotrc.com.br/noticias/noticiaID.asp?
id=36526#:~:text=O%20faturamento%20anual%20da%20atividade,R%24%20328%20bilh%C3%B5es%20em%202019.
[62] Observe-se que neste AC também se fez esse questionamento, com resposta semelhante, conforme se pode observar no Quadro 2.
[63] Optou-se por não limitar o entendimento das empresas sobre os que elas consideram como sendo produto agrícola, de modo que se acredita que os dados
colhidos se assemelhem ao Cenário 2 descrito no corpo desta nota técnica.
[64] [ACESSO RESTRITO AO CADE]. Assim sendo, por não termos conhecimento dos números, eles não constam da tabela, o que justifica a diferença de carga
transportada dessa empresa nos anos seguintes.
[65] Apresentação da Conab sobre “Acompanhamento da safra brasileira de grãos – Safra 2022/23 10º Levantamento”. https://www.conab.gov.br/info-
agro/safras/graos. Acessado em 19/07/2023.
[66] “Acompanhamento da Safra Brasileira – Grãos – Safra 2021/22 – 12º Levantamento”. https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos. Acessado em
19/07/2023.
[67] Cenário 1: produção de Granel Sólido Agrícola (“GSA”) em 2020 (milho e soja) (Anuário ONTL 2010‐2020, p. 15).
[68] Cenário 2: consta produção agrícola, em 2020, na ordem de 256,9 milhões de toneladas (Anuário ONTL 2010‐2020, p. 27: capacidade estática dos armazéns
versus produção agrícola); Cenário 3: demanda de transporte de cargas agrícolas + cimento; e Cenário 4: demanda de transporte de cargas agrícolas + cimento +
açúcar, fertilizantes e calcário.
[69] SEI 0996593
[70] SEI 0996593
[71] Convertida na Lei nº 14.206, de 27 de setembro de 2021.
[72] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
[73] Conforme informa a CNT: “Os dados foram coletados no período de 8 de setembro a 8 de outubro de 2021. Ao final, foram validadas 464 entrevistas. A
margem de erro dos dados obtidos é de 4,5 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.”
[74] “Pesquisa CNT Perfil Empresarial – Transporte Rodoviário de Cargas”
[75] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 50/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
[76] SEI 1191315
[77] Números atualizados na Figura 2.
[78] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
[79] “...cabe destacar a importância da movimentação de cargas por meio rodoviário para diversos setores produtivos, incluindo granéis e minérios, base da
economia brasileira. Isso faz com que o TRC seja responsável por mais de 64,7% da matriz de cargas do país.”. https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em
22/07/2023.
[80] SEI 1253306
[81] Cláusula 5.1 da Carta de Intenções (SEI 1191326)
[82] SEI 1191326
[83] As Requerentes informam se tratar da média de capacidade de cada caminhão, considerando suas estimativas. A capacidade real varia conforme o veículo e
conforme a distância dos percursos percorridos – quanto maior a rota, menor a capacidade média mensal para o transporte rodoviário de cargas.
[84] As Requerentes informam que esse número parte da premissa conservadora de que a JV, ao iniciar suas operações, já terá [ACESSO RESTRITO AO CADE E ÀS
REQUERENTES] caminhões, o que é extremamente improvável, considerando as condições de oferta de caminhões pelas montadoras.
[85] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 22/07/2023.
[86] https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos. Acessado em 19/07/2023.
[87] SEI 1242501
[88] A carreta trucada tem capacidade de 48,5 toneladas, independentemente do semirreboque.
[89] SEI 1251195
[90] SEI 1251195
[91] SEI 1251195
[92] SEI 0996593
[93] https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/valor-da-producao-agropecuaria-de-2023-e-estimado-em-r-1-148-trilhao. Acessado em 23/07/2023.
[94] https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos. Acessado em 23/07/2023.
[95] https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-06/economia-brasileira-cresce-19-no-primeiro-trimestre-deste-ano. Acessado em 23/07/2023.
[96] SEI 1191326
[97] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 24/07/2023.
[98] ttps://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 24/07/2023.
[99] https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/frete.html. Acessada em 23/07/2023.
[100] SEI 0996443
[101] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessada em 23/07/2023.
[102] SEI 1260700
[103] SEI1266081
[104] https://www.cnt.org.br/pesquisas. Acessado em 24/07/2023.
[105] “Demurrage é uma palavra oriunda do francês que significa estadia. No comércio exterior, esse termo é relacionado ao transporte marítimo e utilizado como
sinônimo de sobrestadia, podendo se referir tanto a transporte em contêiner quanto a afretamento de navios.”. https://interseas.com.br/o-que-e-demurrage-e-
como-evitar-o-pagamento-desta-taxa/. Acessado em 25/07/2023.
[106] SEI 1266081
[107] Ato de Concentração nº 08700.003064/2021‐10 (Edenred Brasil Participações S.A., Buzau Inversiones AA S.A., Quartzo I Fundo de Investimento em
Participações – Multiestratégia e Quartzo Growth I Fundo de Investimento em Participações – Multiestratégia).
[108] Ato de Concentração nº 08700.003130/2021-51 (Louis Dreyfus Company Brasil S.A., Amaggi Exportação e Importação Ltda., Dalablog Participações Ltda.,
Cargill Agrícola S.A., SARTCO Ltda., Carguero Inovação Logística e Serviços S.A. e Green Net Administradora de Cartão Ltda.) e Ato de Concentração nº
08700.005537/2018‐18 (Louis Dreyfus Company Brasil S.A. e Amaggi Exportação e Importação Ltda.).
[109] SEI 0996593
[110] SEI 0996593
[111] https://landing.fretebras.com.br/relatorio-fretebras-6-edicao
[112] https://landing.fretebras.com.br/materiais-ricos?
_gl=1*1ysm6p5*_ga*MTQ3NDEzMzIxMS4xNjg5ODc5NTA0*_ga_3L6MW8K5LV*MTY4OTg3OTY0Mi4xLjAuMTY4OTg3OTY0Mi4wLjAuMA..#ebooks. Acessado em
20/07/2023.
[113] https://www.gov.br/fazenda/pt-br/centrais-de-conteudos/publicacoes/conjuntura-economica/estudos-economicos/2021/ni-20210502-2300-mercado-de-
antecipacao-de-recebiveis-de-frete.pdf. Acessado em 20/07/2023.
[114] As Requerentes informam que para 2022, por não haver dados públicos que permitam a atualização do total de mercado, nem sobre os valores em frete
transacionados pelos outros players, elas apenas trouxeram o valor real transacionado pela Green Net, considerando o total de mercado de R$ 120 bilhões.
[115] https://antt-hml.antt.gov.br/instituicoes-de-pagamento-eletronico-de-frete. Acessado em 21/07/2023.
[116] Ticket Serviços S.A, Repom S.A e Empresa Brasileira de Tecnologia e Administração de Convênios Haag S.A. ‐ Embratec
[117] Vector Tecnologia e Serviços Ltda. e Siga Fácil S.A
[118] SEI 0410334
[119] SEI 0996593
[120] Trata-se do montante constante da Nota Informativa do Ministério da Economia já mencionada.
[121] SEI 0996593
[122] SEI 1251195
[123] SEI 1242501
[124] SEI 1266081
[125] Ato de Concentração nº 08700.003130/2021 (AC Carguero - Requerentes: LDC, Amaggi, Cargill, Sartco e Dalablog). Ato de Concentração nº
08700.009905/2022-83 (Requerentes: SustainIt, Cargill, LDC e ADM).
[126] SEI 1251141
Documento assinado eletronicamente por Alexandre Barreto de Souza, Superintendente-Geral, em 11/08/2023, às 18:46,
conforme horário oficial de Brasília e Resolução Cade nº 11, de 02 de dezembro de 2014.
Documento assinado eletronicamente por Danielle Kineipp de Souza, Coordenadora-Geral substituta, em 14/08/2023, às 10:30,
conforme horário oficial de Brasília e Resolução Cade nº 11, de 02 de dezembro de 2014.
https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?11fcbFkN81DNKUdhz4iilnqI5_uKxXOK06JWeBzhM… 51/52
19/08/2023, 01:35 SEI/CADE - 1270766 - Parecer
Documento assinado eletronicamente por Diogo Thomson de Andrade, Superintendente-Adjunto, em 14/08/2023, às 16:04,
conforme horário oficial de Brasília e Resolução Cade nº 11, de 02 de dezembro de 2014.
Documento assinado eletronicamente por Regina Maria Corrêa Carmesini, Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental, em 15/08/2023, às 10:44, conforme horário oficial de Brasília e Resolução Cade nº 11, de 02 de dezembro de 2014.
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