Refero - Rifaximina 550mg
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Refero - Rifaximina 550mg
11-04-2021
INFARMED
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO
1. NOME DO MEDICAMENTO
Refero 550 mg comprimidos revestidos por película
3. FORMA FARMACÊUTICA
Comprimido revestido por película.
Comprimidos revestidos por película ovais, biconvexos, cor-de-rosa, de
10 mm x 19 mm, com a gravação «RX» num dos lados.
4. INFORMAÇÕES CLÍNICAS
4.1 Indicações terapêuticas
Refero é indicado para a redução da recorrência de episódios de encefalopatia
hepática franca em doentes com idade ≥ a 18 anos (ver secção 5.1).
População pediátrica
A segurança e eficácia de Refero em doentes pediátricos (com menos de 18 anos)
não foram estabelecidas.
Idosos
APROVADO EM
11-04-2021
INFARMED
Não é necessário ajuste posológico, pois os dados de segurança e eficácia de Refero
não revelaram diferenças entre os doentes idosos e os mais jovens.
Compromisso hepático
Não é necessário ajuste posológico em doentes com insuficiência hepática (ver
secção 4.4).
Compromisso renal
Embora não seja de esperar que exista necessidade de alterar a posologia, há que
ter cautela em doentes com compromisso da função renal (ver secção 5.2).
Modo de administração
Via oral, com um copo de água.
4.3 Contraindicações
- Hipersensibilidade à substância ativa, a derivados da rifamicina ou a qualquer dos
excipientes mencionados na secção 6.1.
- Casos de obstrução intestinal.
4.4 Advertências e precauções especiais de utilização
Foram reportados casos de ocorrência de diarreia associada a Clostridium difficile
(DACD) com a utilização de praticamente todos os agentes antibacterianos, incluindo
a rifaximina. Não é possível excluir uma potencial associação entre o tratamento com
rifaximina e DACD e colite pseudomembranosa (CP).
Devido à inexistência de dados e ao potencial de destruição grave da flora intestinal,
com consequências desconhecidas, não é recomendada a administração
concomitante de rifaximina e outras rifamicinas.
Os doentes devem ser informados de que a rifaximina, à semelhança de todos os
derivados da rifamicina, pode provocar uma coloração avermelhada na urina, não
obstante a absorção do fármaco ser negligenciável (menos de 1%).
Compromisso hepático: utilizar com cautela em doentes com compromisso hepático
grave (classe C de Child-Pugh) e em doentes com pontuação > 25 segundo o MELD
(Modelo para Doença Hepática Terminal), ver secção 5.2.
Deve ser tida precaução aquando da utilização concomitante de rifaximina e
inibidores da P-glicoproteína, tais como a ciclosporina (ver secção 4.5).
5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
Refero contém rifaximina (4-desoxi-4’metilpirido (1’,2’-1,2) imidazo (5,4-c)
rifamicina SV), sob a forma α polimórfica.
5.1 Propriedades farmacodinâmicas
Grupo farmacoterapêutico: 1.1.11 Medicamentos anti-infeciosos. Antibacterianos.
Outros antibacterianos, código ATC: A07AA11.
Mecanismo de ação
A rifaximina é um fármaco antibacteriano da classe das rifamicinas que se liga
irreversivelmente à subunidade beta da enzima bacteriana ARN polimerase
dependente de ADN e que, consequentemente, inibe a síntese de ARN bacteriano.
A rifaximina tem um largo espectro antimicrobiano contra a maioria das estirpes
bacterianas, tanto Gram-positivas como Gram-negativas, aeróbias e anaeróbias,
incluindo espécies produtoras de amónia. A rifaximina pode inibir a divisão de
bactérias desaminadoras de ureia, reduzindo assim a produção de amónia e de
outros compostos que se crê serem importantes na patogénese da encefalopatia
hepática.
Mecanismo de resistência
O desenvolvimento de resistência da rifaximina deve-se principalmente a uma
alteração cromossómica monofásica e reversível no gene rpoB que codifica a ARN
polimerase bacteriana.
Ensaios clínicos que investigaram alterações na suscetibilidade da flora intestinal de
doentes com diarreia do viajante não detetaram o aparecimento de microrganismos
fármaco-resistentes Gram-positivos (ex.: enterococci) e Gram-negativos (E. coli)
durante o tratamento de 3 dias com rifaximina.
O desenvolvimento de resistência entre a flora bacteriana intestinal normal foi
investigado com doses elevadas e repetidas de rifaximina em voluntários saudáveis e
em indivíduos com Doença Inflamatória do Intestino. Desenvolveram-se resistências
à rifaximina, mas as estirpes foram instáveis e não colonizaram o trato
gastrointestinal nem substituíram as estirpes sensíveis à rifaximina. Quando o
tratamento foi interrompido as estirpes resistentes desapareceram rapidamente.
Os dados experimentais e clínicos sugerem que o tratamento com rifaximina em
doentes com Mycobacterium tuberculosis ou Neisseria meningitidis não promovem a
seleção de estirpes resistentes à rifampicina.
Suscetibilidade
A rifaximina é um antibacteriano não-absorvível. Os ensaios de suscetibilidade in
vitro não podem ser utilizados com confiança para estabelecer fiavelmente a
suscetibilidade ou a resistência bacteriana à rifaximina. Atualmente não existem
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dados suficientes para apoiar a definição de um valor de concentração crítica nos
testes de suscetibilidade.
A rifaximina foi avaliada in vitro em diversos agentes patogénicos, incluindo em
bactérias produtoras de amónia como Escherichia coli spp, Clostridium spp,
Enterobacteriaceae, Bacteroides spp. Devido a muito baixa absorção no trato
gastrointestinal, a rifaximina não é clinicamente eficaz contra agentes patogénicos
invasivos, mesmo que estas bactérias sejam suscetíveis in vitro.
Eficácia clínica
A eficácia e a segurança de rifaximina 550 mg duas vezes ao dia em doentes adultos
em remissão de EH foram avaliadas no RFHE3001, um estudo essencial de Fase 3
controlado por placebo, com dupla ocultação, aleatorizado e com a duração de seis
meses.
Foram aleatorizados 299 doentes para o tratamento com rifaximina 550 mg duas
vezes ao dia (n=140) ou placebo (n=159) durante 6 meses. No estudo essencial,
91% dos participantes de ambos os grupos foram tratados concomitantemente com
lactulose. Não foram incluídos quaisquer doentes com pontuação MELD >25.
O critério principal de avaliação foi o tempo até ao primeiro episódio de recaída de
EH franca e os doentes foram retirados após um episódio de recaída de EH franca.
Trinta e um de 140 participantes (22%) do grupo da rifaximina e 73 de 159 (46%)
participantes do grupo placebo sofreram um episódio de recaída de EH franca
durante um período de 6 meses. A rifaximina reduziu o risco de recaída de EH em
58% (p<0,0001) e o risco de hospitalizações relacionadas com EH em 50%
(p<0,013), comparado com placebo.
A segurança e a tolerabilidade de maior duração de rifaximina 550 mg duas vezes ao
dia, administrado durante pelo menos 24 meses, foi avaliada em 322 participantes
em remissão de EH no estudo RFHE3002. Cento e cinquenta e dois participantes
transitaram do estudo RFHE3001 (70 do grupo da rifaximina e 82 do grupo placebo)
e 170 participantes foram novos. Oitenta e oito por cento dos doentes foram
concomitantemente tratados com lactulose.
O tratamento com rifaximina durante períodos até 24 meses (estudo de extensão
aberta RFHE3002) não resultou em perdas de efeito relativamente à proteção de
episódios de recaída de EH franca e a redução da carga de hospitalização. A análise
do tempo até ao primeiro episódio de recaída de EH franca demonstrou a
manutenção de longa duração da remissão em ambos os grupos de doentes, tanto
novos como os que continuavam o tratamento com rifaximina.
Numa revisão sistemática e meta-análise de quatro ensaios clínicos aleatorizados e
três ensaios observacionais envolvendo 1822 doentes, verificou-se uma diminuição
estatisticamente significativa da mortalidade em doentes com EH tratados com
terapêutica concomitante de rifaximina e lactulose em comparação com os que foi
administrada lactulose isoladamente (diferença de risco (RD) -0,11, IC 95% -0,19 a
-0,03, p = 0,009). Análises de sensibilidade adicionais confirmaram estes resultados.
Notavelmente, uma análise agregada de dois ensaios aleatorizados - incluindo 320
doentes tratados até 10 dias e seguidos durante a fase de hospitalização –
demonstrou uma redução estatisticamente significativa da mortalidade (RD -0,22, IC
95% -0,33 a
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-0,12, p <0,0001).
5.2 Propriedades farmacocinéticas
Absorção
Estudos farmacocinéticos em ratos, cães e seres humanos demonstraram que, após
a administração oral, a rifaximina na forma α polimórfica é mal absorvida (menos de
1%). Após a administração repetida de doses terapêuticas de rifaximina em
voluntários saudáveis e doentes com mucosa intestinal danificada (doença
inflamatória crónica), os níveis plasmáticos são negligenciáveis (menos de
10 ng/ml). Em doentes com EH, a administração de rifaximina 550 mg duas vezes ao
dia revelou uma exposição média à rifaximina aproximadamente 12 vezes superior
do que à observada em voluntários saudáveis após o mesmo regime posológico.
Observou-se um aumento da absorção da rifaximina nos 30 minutos após a ingestão
de um pequeno-almoço rico em gorduras, mas sem relevância clínica.
Distribuição
A rifaximina liga-se moderadamente às proteínas plasmáticas humanas. In vivo,
após a administração de rifaximina 550 mg, a taxa média de ligação às proteínas foi
de 67,5% em participantes saudáveis e de 62% em doentes com compromisso
hepático.
Biotransformação
A análise de extratos fecais demonstrou que a rifaximina é encontrada na forma de
molécula intacta, implicando que não é degradada nem metabolizada durante a sua
passagem pelo trato gastrointestinal.
Num estudo que utilizou rifaximina radiomarcada, a recuperação urinária de
rifaximina foi de 0,025% da dose administrada, tendo <0,01% da dose sido
recuperada na forma de 25-desacetilrifaximina, o único metabolito da rifaximina
identificado em seres humanos.
Eliminação
Um estudo com rifaximina radiomarcada sugeriu que a 14C-rifaximina é quase
exclusiva e completamente excretada nas fezes (96,9 % da dose administrada). A
recuperação urinária de 14C-rifaximina não excede 0,4% da dose administrada.
Linearidade/não-linearidade
A taxa e a extensão da exposição sistémica dos seres humanos à rifaximina
aparentaram ser caracterizadas por uma cinética não-linear (dependente da dose),
que está de acordo com a possibilidade de absorção limitada pela taxa de dissolução
da rifaximina.
Populações especiais
Compromisso renal
Não existem dados disponíveis sobre a utilização de rifaximina em doentes com
insuficiência renal.
Compromisso hepático
Os dados clínicos disponíveis sobre doentes com compromisso hepático mostraram
que a exposição sistémica é superior à observada em participantes saudáveis. A
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exposição sistémica à rifaximina foi cerca de 10, 13 e 20 vezes mais elevada em
doentes com compromisso hepático ligeiro (classe A de Child-Pugh), moderado
(classe B de Child-Pugh) e grave (classe C de Child-Pugh), respetivamente, em
comparação com os voluntários saudáveis. O aumento da exposição sistémica à
rifaximina em indivíduos com compromisso hepático deve ser interpretado à luz da
ação gastrointestinal local da rifaximina e da sua baixa biodisponibilidade sistémica,
assim como dos dados de segurança disponíveis para a rifaximina em indivíduos com
cirrose.
Por conseguinte, não pode ser feita qualquer recomendação quanto a ajustes
posológicos, dado que a rifaximina atua a nível local.
População pediátrica
A farmacocinética da rifaximina não foi estudada em doentes pediátricos de qualquer
idade. A população estudada tanto na redução da recorrência de encefalopatia
hepática (EH) como no tratamento agudo de EH incluiu doentes com idade ≥ 18
anos.
6. INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS
6.1 Lista dos excipientes
Núcleo do comprimido:
Glicolato de amido sódico (tipo A)
Distearato de glicerilo
Sílica coloidal anidra
Talco
Celulose microcristalina
Película de revestimento (opadry oy-s-34907):
Hipromelose
Dióxido de titânio (E171)
Edetato de sódio
Propilenoglicol
Óxido de ferro vermelho (E172)
6.2 Incompatibilidades
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Não aplicável.