Churrasco é coisa simples: boa carne, fogo adequado, sal grosso. Pode ser peixe, frango, boi ou porco. Em vez de pensar em vinhos, vou falar de uvas. Para mim, a melhor uva com churrasco é a cabernet sauvignon, mesmo que lugares churrasqueiros tenham outras escolhas —como Argentina (uva malbec), Uruguai (tannat) e o sul do Brasil (merlot).
Para porco, principalmente lombo, eu escolheria um vinho branco como os rieslings. Carne de porco branca tem um toque leve de doçura, e o vinho também, o que faz dar certo.
No caso do frango, aposto na produção italiana feita com a uva sangiovese. É uma combinação perfeita, que sempre repito, com a pele crocante da ave em contato com a acidez salivante do vinho.
Peixes vão bem com brancos mais ácidos —sauvignon blancs ou chardonnays sem madeira. Aí, chego ao meu par favorito: maminha sangrenta com cabernet sauvignon. Prefiro comer no prato, com farofa (aliás, farofa é fundamental, exceção feita aos peixes).
Aqui, a lista de favoritos, vinhos que bebo e posso declarar ter sempre uma garrafa de cada em casa, para emergências. Claro que há os grandes Bordeaux caríssimos, mas os cabernets listados não passam vergonha.
O Mas la Plana (da Devinum importadora) é um monumento criado por Miguel Torres para mostrar que a região catalã do Penedés, na Espanha, conhecida por seus espumantes, era capaz de gerar um grande tinto.
No ano passado, passei uma noite no casarão situado na produção do Vinã Tarapacá Etiqueta Negra (à venda na Épice), e o que o enólogo Sebastián Ruiz está fazendo é admirável. Valeria um artigo sobre como uma vinícola centenária consegue renovar práticas no vinhedo, agora orgânico, para melhorar o que já era ótimo.
Na minha predileção, depois do Etiqueta Negra vem o Gran Reserva Cabernet Sauvignon. Já que falei dos cabernets da Tarapacá, lembrei do Viña Tarapacá Reserva Especial Sauvignon Blanc (Épice), ótimo branco (um churrasco de peixe de rio vai cobiçá-lo).
Outro classicão, a Quinta da Bacalhôa (Portus Importadora) continua firme nos seus deliciosos vinhos de uvas francesas —mesmo com as uvas autóctones portuguesas em alta. Para facilitar o consenso, o Montes Twins (Mistral) me ajuda com um cabernet e malbec, em proporções iguais.
Há crescente entusiasmo por vinhos modernos feitos no Uruguai. Sou tradicionalista, acho que muitos vinhos uruguaios atuais podiam ser feitos em qualquer lugar. Prefiro um uruguaio “roots”, o RPF Tannat Pisano (Mistral), com sua verdade, seus taninos e sua delícia junto de carne gordurosa.
Chianti Piccini (Vinci Vinhos), este é o amigo dos frangos, com toda a graça e bebibilidade da sangiovese. La Part du Colibri Côt (Delacroix), agora peguei você: trata-se de um malbec com seu nome na origem do vale do Loire, uva côt (em Cahors, sua outra região francesa, chama-se malbec), cheio de vivacidade, vai bem com carnes vermelhas e frango.
Tem também o Chablis Gautheron (Delacroix). Sim, um Chablis geladinho com churrasco de lombo é bom, parece exibicionismo, mas é um Chablis de bom preço e não há nada de esnobismo na escolha.
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