Estudo publicado em 2018 analisou a curiosa saga do animal
Você sabia que existe um animal que é capaz de sobreviver até 18 minutos sem oxigênio e que é praticamente imune ao câncer? O sortudo, o rato-toupeira-pelado, ainda seria, de acordo com cientistas, resistente a alguns tipos de dor, o que torna esse pequeno mamífero um serzinho extremamente intrigante.
E, como se não bastassem todas essas vantagens, um estudo realizado por uma bióloga da empresa de biotecnologia Calico, ainda surpreendeu a todos em 2018 ao apresentar a tese de que o não muito bem-apessoado roedor também nunca envelhece.
A especialista percebeu, por meio de análises da vida de milhares de ratos-toupeira-pelados, que, por mais que os anos passassem, o risco desses mamíferos morrerem não aumentava.
“A baixa mortalidade é impressionante”, declarou à revista Science o biogerontologista da Universidade do Sul da Califórnia, Caleb Finch, que não participou do estudo divulgado em 2018. “Com o avanço da idade, a taxa de mortalidade continua menor que em qualquer outro mamífero já documentado”.
Um rato de laboratório, por exemplo, vive no máximo quatro anos, o que nos levaria a crer que a espécie estudada deveria chegar a até seis anos. No entanto, segundo a fonte, esses animais podem chegar aos 30 anos de idade, sendo que as fêmeas permanecem férteis até o fim de sua vida.
A pesquisa tem como autora a bióloga Rochelle Buffenstein, quem atua na Calico, empresa de biotecnologia ligada ao Google. Segundo a profissional, o estudo foi iniciado há mais de 30 anos, sendo que, durante todo esse tempo, foram anotadas todas as informações pertinentes sobre os animais de seu laboratório, tais como data de seu nascimento, de sua morte, além de como morreram.
No fim, a pesquisadora chegou à conclusão de que os ratos-toupeira-pelados parecem burlar a lei de Gompertz, a qual descreve o envelhecimento dos mamíferos.
A regra teoricamente valeria para todos os animais pertencentes à classe. Hoje, porém, tudo indica que os ratos-toupeira-pelados seriam uma exceção.
De acordo com Buffenstein aos seis meses de idade, quando os roedores da espécie atingem a maturidade sexual, a chance diária deles virem a óbito é de pouco mais que 1 em 10 mil. Esse número, segundo a bióloga, se mantém praticamente igual até o fim da vida, chegando, até mesmo, a cair um pouco.
“Para mim é o dado mais interessante que encontrei na vida”, declarou a autora da pesquisa. “Isso vai contra tudo que nós sabemos sobre a biologia dos mamíferos”.
Segundo a revista, o rato-toupeira-pelado mais velho do seu laboratório da pesquisadora, à época da publicação do estudo, já havia completado 35 anos.
Apesar de ser necessário ter cautela e promover mais estudos sobre tema, principalmente com um maior número de animais, a descoberta de Buffenstein impressionou o mundo acadêmico.
“Se você olhar para qualquer roedor, o estudo de 100 animais é tudo que precisamos para demonstrar a lei de Gompertz”, declarou a pesquisadora. "Aqui nós temos as informações de mais de três mil, e não a observamos."